Você está na página 1de 1

Profano...

(Guacira Maciel)

Peguei de volta as minhas alvoradas e a paz de antes de ti retornei de corao vazio das auroras boreais do teu olhar recolhi as minhas frgeis asas de cristal destroadas pelos raios dos crculos de ao da tua ris insensvel e perversamente fita no nada arranquei da minha intimidade as marcas impuras das tuas garras profanas e dos teus dentes obscenos que dilaceravam minha alma escondidos sob a seda dos meus lenis j no sugaro a polpa doce os teus lbios mentirosos em rictus de morte rasguei todos os versos a duas e a quatro mos tambm soltei ao sabor das tempestades as amarras dos barcos entremeados da solenidade dos musgos naquele cais imaginrio que se roavam sensuais ao sabor das vagas de brisas imprecisas rasguei as rendas tecidas pelo sol sob a sombra do teu clio libertei a mariposa do crculo de luz que limitava o vo e prendi os meus cabelos esvoaantes sob o efeito de um vento de lugar nenhum que escorriam confiantes por entre os dedos da tua mo sob o teto do gazebo imaginrio sinto-me afinal vazia de ti e livre e pura e plena e pronta outra vez porque percebo mais horizontes para a minha sede do que dores na minha alma.

Você também pode gostar