Você está na página 1de 1

CAPÍTULO V

DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE
PESSOAS

_____________________________

Exercer a prostituição não é crime. O Direito entendeu de não incriminá-la. Não


pode a prostituta, por isso, ser perseguida pelas autoridades, enquanto não praticar
qualquer fato típico. Suas atividades são lícitas. Pode, por isso, usar seu corpo como bem
entender desde que, ao fazê-lo, não infrinja alguma norma penal incriminadora.

A prostituição, entretanto, não é uma virtude. Não é um bem em si, de modo a que
o Direito a incentivasse ou, pelo menos, a ignorasse. Não. A pessoa levada à prostituição
experimenta enorme desconforto não só no momento em que cumpre a obrigação
assumida de realizar os prazeres sexuais de estranhos, mas também nos momentos de
solidão, quando se encontra consigo mesma.

A prostituta é, na verdade, mais uma vítima de uma sociedade injusta e por isso
que, além da proteção do Direito, deve merecer o respeito e a compreensão das outras
pessoas. Especialmente as autoridades encarregadas da repressão penal devem ver, na
prostituta, um ser humano cuja sorte lhe reservou uma vida tão dura, e não uma
delinqüente potencial.

A intervenção do Direito Penal se faz, por essa razão, com a finalidade de coibir o
favorecimento da prostituição, bem assim sua exploração. Não visa o Direito impor
comportamentos moralmente considerados mas, acima de tudo, quer proteger a
individualidade da pessoa, a fim de que ela possa exercer com plena liberdade sua
sexualidade, atributo fundamental do ser humano.

Você também pode gostar