Você está na página 1de 1

08 de Maro de 2011

[Coluna de Pesca. Nmero: 136]

Ttulo: Las Malvinas son nuestras Gustavo De Marchi, bilogo (gustavo@lojadepesca.com.br) A estrada empoeirada, contrastava com a paisagem verde dos campos abandonados. De quando em quando uma tapera surgia para distrair o horizonte montono, revelando o passado de casas belas desaparecidas. O pensamento corria pelo campo como um guri soltando pandorga. Quem abandonaria uma casa entre os lamos, com lareira em campo to frtil? Dobramos em uma estrada vicinal, estvamos quase sem combustvel e naquele norte da Argentina as cidades pareciam fantasmas, no haviam postos e localizamos um atalho no mapa, que nos levaria direto aos dourados com o pouco combustvel que tnhamos. Na margem da estrada uma placa: Las Malvinas son nuestras! E um mapa desenhado a mo mostrrando onde ficavam as Malvinas. E lembrei daquela guerra estpida que me impressionara na infncia. As imagens televisionadas mostravam o terror de uma guerra perto de casa, como os adultos comentavam. O ano era 1982. Naquele ano lembro do uniform branco do colgio. Do carro verde lamo que o pai comprara zero e achava to estranho o nome da cor que s pode ser explicado olhando as alamedas argentinas. O radio era um Bosch e se falava muito na guerra. Os pcara, bombas sendo lanadas com a mo, os gorkas, argentinos e ingleses disputando uma turfeira. Muito sangue. Passamos por uma cidade digna de figurar em um filme de faroeste. O posto no possua combustvel. Agonia. Seguir sempre. E conseguimos chegar com as ltimas gotas at Goya para pescar nos Esteros del Iber onde nosso amigo e guia Mocchi nos recepcionaria com um galo de combustvel. Montado o acampamento, marcamos pescar no dia seguinte cedo, porm marcamos isto entre umas quatro ou cinco garrafas de vinhos fantsticos. Claro que nosso guia nos acompanhou pela incurso pelas rolhas como se fossem canais obstrudos dos esteros. E conversa vai. Conversa vem. Falamos da placa das Malvinas que vimos na estrada. E ele nos contou que representavam a ideologia de um orgulho patritico. E ele havia lutado l. Na poca, ainda muito jovem, era Mariner e para l fora, como muitos e muitos jovens do norte da Argentina, que pouco conheciam do frio glacial. A cada uma das crianas deram um casaco de flanela e mandaram agentar a invaso inglesa. Uma guerra combatida por crianas que foram disimadas por fome, por frio e por interresses polticos escusos. A guerra das crianas. E lebrei das belas casas nos campos, taperas abandonadas em meio aos lamos. As crianas no voltaram para dar continuidade nos belos campos do norte. E esta foi uma conversa que perdurou a pescaria toda, por vrios dias. O Iotti deixou uma excelente dica de leitura, Nios de La revolucion

Você também pode gostar