QUE CURAM
Enciclopédia das Plantas Medicinais
AO LEITOR
J
I
gnoradas n u m a s épocas da Após uma época de bilhantes
história, e até desprezadas progressos científicos, em que a
noutras, as plantas medici- terapêutica —ciência da cura—,
nais têm esperado vários milé- d e p o s i t o u t o d a s as suas espe-
nios, calada e pacientemente, que ranças exclusivamente em sofis-
nós, os seres humanos, dirijamos ticados laboratórios e em dispo-
para elas a nossa atenção, a fim sitivos de alta tecnologia, volta a
de conhecê-las, estudá-las, aplicá- r e s s u r g i r o interesse pelos re-
las —e porque não?—amá-las. médios simples que a Natureza
oferece: n ã o só as plantas, mas
também a água (hidroterapia), o
sol (helioterapia) ou as terras
m e d i c i n a i s (geoterapia), entre
outros.
3. F o r m a s de p r e p a r a ç ã o e e m p r e g o 54 » j**}
• A ai te de prepai ar tisanas ^* * « ^ ^ ^ ^ ^
• Vantagens e inconvenientes dos extractos '^^
• Técnica de aplicação das lomenlações ^ V\
Formas de preparación y ernpleo, cap. 3
• O uso seguro das plantas medicinais &_/jj
4. Princípios activos 76 nl m
.. * r • • . Precauções e toxicidade
V
• A lotossintese 5
• Procedimentos para a obtenção das
essências
Princípios activos, cap. 4 • A aromaterapia
6. Da planta ao m e d i c a m e n t o 110
l
Plantas para o aparelho genital
20. Plantas para o intestino
21. Plantas para o ânus e o recto
22. Plantas para o aparelho urinário
23. Plantas para o aparelho genital masculino.
24. Plantas para o aparelho genital feminino ..
25. Plantas para o metabolismo
476
538
548
602
614
644
masculino, cap. 23
26. Plantas para o aparelho locomotor 654
27. Plantas para a pele 680
28. Plantas para as infecções 736
29. Plantas para outras doenças 774
* Glossário 778
Unidades de medida 782
Procedência das ilustrações 783
Bibliografia 784
; índices alfabéticos 786
Plantas para a pele, cap. 27 índice geral alfabético 794
7
índice de doenças
Abcesso dentário, ver Fleimão dentário 188 Antocianinas, plantas com 128
Abcessos 689 Ânus, eczema 539
Acidez do estômago 418 Ânus. fissura 539
Ácido úrico, excesso de, ver Gota 647 Apetite, excesso de, ver Bulimia 648
Acne 687 Apetite, falta de 347
Açúcar no sangue, excesso, ver Diabetes 648 Ardor de garganta, ver Garganta, irritação 201
Afecções do coração 213 Ardor dos olhos (legenda de foto) 130
Afonia 203 Areias na urina, ver Litíase urinária 550
Afrodisíacas, plantas 602 Arritmia 214
Aftas 187 Arrotos, ver Gases no estômago 421
Alcalinizantes, plantas 645 Arteriosclerose 228
Alcoolismo 776 Articulação, entorce, ver Entorse 657
Alergias 777 Artrite úrica 659
Alimentar, infecção tóxica, ver Salmonelose 740 Artritismo, ver Atrite úrica 659
Alopecia, ver Cavície 688 Artrose 659
Alternativas ao café 177 Ascite, ver Barriga de Água 380
Alternativas ao chá 177 Asma 283
Amcbíasc 740 Astenia 140
Amigdalite e faringite 201 Atonia intestinal 485
Analgésicas, plantas, ver Dor e nevralgia 142
Anemia 263 Balsâmicas, plantas 289
Angina de peito 214 Barriga de água 380
Anginas, ver Amigaclalite e faringite 201 Beleza da pele 686
Angor pectoris, ver Angina de peito 214 Béquicas, plantas, ver Garganta, irritação 201
Anorexia, ver Apetite, falta de 347 Bexiga, infecção, ver Cistite 554
Ansiedade 141 Blefarite 129
Ansiolíticas, plantas, ver Nervosismo e ansiedade . . . . 141 Boca, aftas, ver Aftas 187
Antidiarreicas, plantas 480 Boca, inflamação, ver Eslomatite, plantas 189
Antiescorbúlicas, plantas 645 Boca, mau hálito 187
Anliespasmódicas, plantas 147 Boca, mau sabor 187
Anliespasmódicas uterinas, plantas 621 Bolhas nos pés, ver Pés, transtornos 660
Anti-inflamalórias urinárias, plantas 549 Broncodilatadoras, plantas 288
Antilactagogas, plantas 615 Bronquite 282
Anti-reumálicas, plantas 655 Brucelose 740
Antitússicas, plantas 288 Bulimia 648
Esclerose em placas,
ver Doenças orgânicas do sistema nervoso 144
Escorbuto, plantas contra o 645
Esfbladelas dos pés, ver Pés, transtornos 660
Esgotamento e astenia 140
Espasmo intestinal, ver Cólica intestinal 483
Esterilidade feminina 616
Esterilidade masculina 603
Estômago, acidez 418
Estômago descaído 420
Estômago, dor • 420
Estômago, falia de sucos 418
Estômago, gases 421
Estômago, hemorragia 421
Estômago, nei*vos 421
Estômago, úlcera 423
Estomatite, plantas 189
Estrias da pele 688 Garganta, irritação 201
Estudantes, ver Rendimento intelectual insuficiente .. 143 Gargarejos, plantas para 204
Excesso de apetite, ver Bulimia 648 Gases intestinais 478
Excitação sexual excessiva 604 Gases no estômago 421
Expectoração, sangue na, ver Hemoptise 284 Gastrentcrite 481
Expectorantes, plantas 286 Gastrite 422
Gastrite crónica 423
F a l t a de apetite 347 Gengivas, transtornos,
Falta de irrigação sanguínea 228 ver Piorreia, gengivite e parodontose 188
Falta de sucos gástricos 418 Gengivite 188
Faringite 201 Gesíação, ver Gravidez 616
Febre, ver Doenças febiis 738 Gota 647
Febre de Malta, ver Brucelose 740 Gravidez 616
Febre tifóide 741 Gretas da pele 683
Febris, doenças 738 Gretas do lábio 187
Feridas e úlceras 682 Gretas do mamilo 616
Fermentações intestinais 479 Gripe 742
Fígado, intoxicação 380
Fígado, mau funcionamento 379 Jtlálito fétido, ver Mau hálito 347
Fissura anal 539 Halitose, ver Mau hálito 347
Flebite 249 Hematoma 263
Fleimão dentário 188 Hematúria 552
Flora intestinal, alterações. Hemicrania, ver Enxaqueca 143
ver Disbactcriose intestinal 479 Hemoptise 284
Fluidificanles do sangue, plantas 263 Hemorragia 264
Fluxo vaginal, ver Leucorreia 620 Hemorragia gástrica 421
Frieiras 229 Hemorragia nasal, ver Nariz, hemorragia 203
Frio, frieiras 229 Hemorróidas 540
Fungos da pele, ver Micose da pele 689 Hemostáticas, plantas 262
Furúnculos e abcessos 689 Hepatite 379
Herpes 690
Cjralactagogas, plantas 615 Hidropisia 552
Garganta, ardor, ver Garganta, irritação 201 Hiperexcitação sexual, ver Excitação sexual excessiva . 604
Garganta, infecção, ver Amigdalite e faringite 201 Hipermenorreia, ver Regras excessivas 618
10
índice de doenças (continuação)
oahnonelose 740
Sangue na expectoração, ver Hemoptise 284
Sangue na urina, ver Hematúria 552 Tonificantes, plantas, ver Esgotamento e astenia 140
Sarna 690 Torcedura, ver Entorse 657
Secura da pele 687 Tosse 285
Sedativas, plantas 145 Tosse convulsa 74\
Sedativas para as crianças, plantas 146 Trombose 264
Seio, infecção, ver Maslile 616 Tuberculose 743
Serpentes, mordedura, ver Mordedura de répteis 776
Sexual, excitação excessiva, cera do estômago 423
ver Excitação sexual excessiva 604 Úlcera varicosa 250
Sida 742 Úlceras da pele 682
Sífiles 740 Unhas frágeis 688
Sinusite 202 Uretrite 555
Sistema nervoso, doenças orgânicas 144 Úrica, artrite, ver Artrite úrica 659
Sono, falta de, ver Insónia 142 Úrico, ácido, excesso de, ver Gota 647
Sopoiiferas, plantas, ver Insónia 142 Urina, cálculos, ver Litíase urinária 550
Stress 141 Urina, infecção, ver infecção urinária 554
Substitutos do café 177 Urina, sangue na, ver Hematúria 552
Substitutos do chá 177 Urinária, incontinência 555
Sucos gástricos, falta de 418 Urinária, infecção 554
Sudação excessiva 687 Urinária, litíase 550
Sudação excessiva dos pés, ver Pés, transtornos 660 Urinários, cálculos, ver Litíase urinária 550
Sudoríficas, plantas 737
Vaginite, ver Leucorreia 620
Varizes 249
1 abagismo 776 Vasoconstritoras, plantas 229
Taquicardia 213 Vasodilatadoras, plantas 229
Tensão alta, ver Hipertensão arterial 227 Veias, inflamação, ver Flebite 249
Tensão baixa, ver Hipotensão arterial 227 Vermes intestinais, ver Parasitas intestinais 486
Tensão nervosa, ver Stress 141 Verrugas 683
Terçol 130 Vesícula biliar, transtornos 380
Tifóide, febre 741 Visão, diminuição 130
Tinha 690 Vitamina C, plantas contra a sua carência,
Tiróide, hiperfunção. ver Hipertiroidismo 648 ver Plantas contra o escorbuto 645
Tiróide, hipofunção, ver Hipotiroidismo 648 Vómitos 420
índice de plantas
Abacateiro (Persea americana), 719
Abelmosco
(Hibiscus abelmoschus), 362
Abeto-branco (Abies alba), 290
Abeto-do-canadá,
cm Abeto-branco, 291
Abóbora (Cucurbita pepo), 605
Abrótano, em Absinto, 429
Abrótano-fêmea (Santolina
cha ma ecypa rissi is), 470
Abrunheiro-bravo
(Prunus spinosa), 372
Absinto (Ariemisia absinthium), 428
Acácia-bastarda
(Robitiia pseudoacacia), 469
Açafrão (Crocus sativus), 448
Açafrão-bastardo = Cólquico, 666
Açafrão-da-índia = Cúrcuma, 450
Açafroa (Carthamus tinctorins), 751
Acónito (Aconitum napeUus), 148 Algodoeiro Argentina (Potentilla anserina), 371
Acoro-cheiroso = (Gossypium herbaceum), 710 Aristolóquia
Cálamo-aromático, 424 Alho (Allium sativum), 230 (Aristolochia clematitis), 699
Açucena (Lilium candidum), 716 Alho-de-urso, em Alho, 233 Arnica (Arnica montaria), 662
Adónis-da-itália Aliaria (Alliaria officinalis), 560 Arruda (Ruía graveolens), 637
(Adónis venudis), 215 Aljôfar (Lithospermum officbiale), 579 Artemísia (Artemísia vulgaris), 624
Agave = Piteira, 558 Almeirão = Chicória, 440 Artemísia-mexicana,
Agrião (Nasturtium officinalis), 270 Aloés (Aloé vera), 694
em Sanlónico, 431
Agrimónia Alquemila = Pé-de-leão, 622
Árvore-da-goma-arábica,
(Agiimonia eupatoria), 205 Alquequenje (Physalis alkekengi), 585
Agripalma (teouorus cardíaca), 224 Alteia (Althaea officinalis), 190 em Acácia-bastarda, 469
Aipo (Apium graveolens), 562 Amieiro (Alnus glutinosa), 487 Árvore-das-gotas-de-neve,
Álamo-negro = Choupo-negro, 760 Amieiro-negro em Freixo, 669
Alcachofra (Cynara scolymus), 387 Asaro (Asarum europaeum), 432
(Rliamnus frangida), 526
Alcaçus (Glycyrrhiza glabra), 308 Amieiro-rubro, em Amieiro, 488 Asclépia (Asclepias tuberosa), 298
Alcaravia (Camm can>i), 355 Amor-de-hortelão, Aspérula-odorífera
Alecrim (Rosmarinns officinalis), 674 em Erva-coalheira, 361 (Aspenda odorata), 351
Aleluia, em Azedas, 275 Amor-perfeito-bravo Assa-fétida (Ferida assafoetida), 359
Alface-brava-maior (Viola tricolor), 735 Aveia (Avena saliva), 150
(Lactuca virosa), 160 Ananás (Ananás sativus), 425 Aveleira (Coiylus avellana), 253
Alfalfa = Luzerna, 269 Anémona-hepática Avenca
Alfarrobeira (Ceratonia siliqua), 497 (Anemone hepática), 383 (Adiantum capillus-veneris), 292
Alfarrobeira-das-antilhas, Ancto = Endro, 349 Azedas (Rumex acetosa), 275
em Alfarrobeira, 497 Angélica (Angélica archangelica), 426 Azevinho (Ilex aquifolium), 672
Alfairobcira-negra, Anis-estrelado (Illicium verum), 455 Azinheira, em Carvalho, 210
em Alfarrobeira, 497 Anis-verde (Pimpinela anisum), 465
Alfazema Anona (Anno)ia mnricata), 489 B a d i a n a = Anis-estrelado, 455
(Lavandula anguslifolia), 161 Ansarinha - Argentina, 371 Balsamita, em Tanaceto, 537
Alfazema-brava, em Alfazema, 162 Antenária (Antennaria dioica), 297 Bardana (Arctium lappa), 697
Alforva (Trigonella Aquileia = Milefólio, 691 Barosma (Barosma betulina), 567
foennm-graecitm), ATA Arando (Vaccinium myrtillus), 260 Barrele-de-padre = Evónimo, 707
Alga-perlada (Cliondrns crispus), 301 Arando-vermelho, em Arando, 261 Basílico = Manjericão-grande, 368
Alga-vcsiculosa = Bodelha, 650 Arenária (Spergularia rubra), 596 Baunilha (Vanilla planifolia), 376
Em letra negrita figuram os nomes das plantas principais,
que servem de título nas páginas de descrição.
Baunilha-dos-jardins,
em Tomassol, 713
Bccabunga, em Verónica, 475
Bela-sombra, em Fitolaca, 722
Beladona (Atropa belladonna), 352
Beldroega (Portulaca oleracea), 518
Bérberis (Berberis vulgatis), 384
Betónica (Stachys officinalis), 730
Belónica-dos-pânlanos,
em Estaque, 641
Bétula (Beiula alba), 568
Bico-de-cegonha
(Erodium cicutariutn), 631
Bico-dc-ccgonha-moscada,
em Bico-de-cegonha, 631
Bico-de-grou =
Erva-de-são-roberto, 137
Bisnaga (Aimni visnaga), 561
Bistorta (Pofygonum bistortum), 198 Canela-da-china, em Caneleira, 443 Castanheiro-da-índia
Bodclha (Facas vesicalasas), 650 Caneleira (Aescalas hippocastanum), 251
Bola-de-neve = Noveleiro, 642 (Cinnamomum zeylanicum), 442 Cavalinha (Equisetum arvense), 704
Boldo (Peumus boklus). 390 Canforeira Ceanoto = Chá-de-nova-jersey. 191
Bolsa-de-pastor (Cinnamomum camphora), 217 Cebola (Allium cepa), 294
(Capsdla bursa-pastoris), 628 C â n h a m o (Camiabis saliva), 152 Cebola-albairã, em Cebola, 296
Bonina (Bellis perenais), 744 Capilária = Avenca, 292 Celidónia (Chelidoniion majas), 701
Bons-dias (Calysiegia sepium), 491 Capsela = Bolsa-de-pastor, 628 Cenoura (Daucus carola), 133
Borragem (Borago officinalis), 746 Capucha, em Fisale, 721 Centáurea-áspera,
Bonagem-bastarda = Buglossa, 696 Cardo-corredor em Fel-da-terra, 437
Borragem-brava, em Borragem, 747
(Eryngium campestre), 573 Cerejeira (Prunus aviam), 586
Briónia (Bryonia àioica), 490
Cardo-de-santa-maria Cerejeira-da-virgínia
Briónia-branca, em Briónia, 490
(Silybum marianum), 395 (Primas serotina), 330
Buglossa (Anchasa azurea), 696
Cardo-leilciro = Cardo Cersefi-bastardo
Buglossa-oficinal, em Buglossa, 696
Buxo (Buxus sempervirens), 748 de-santa-maria, 395 (Tmgopogon pratensis), 243
Cardo-marítimo, Chá (Tliea sinensis), 185
em Cardo-corredor, 574 Chá-apalache, em Azevinho, 673
Cacaueiro (Theobroma cacao), 597
Cardo-morto = Tasneirinha, 640 Chá-de-java = Ortossifão, 653
Cacto-grandifloro
Cardo-penteador Chá-de-nova-jersey
(Cerens grandi floras), 216
(Dipsacus salivas), 572 (Ceanothus americanas), 191
Cafeeiro (Cofjea arábica), 178
Cardo-santo (Cnicas benedictas), 444 Chagas (Tropaeolam majas), 772
Cainito (Chrysophyllutn caimito), 302
Cardo-santo-mexicano, Chicória (Cichorium iulybas), 440
Calaguala (Palypodiam calaguala), 724
em Cardo-santo, 445 Choupo-branco,
Cálamo-aromático Carlina (Cadina acatais), 749 em Choupo-negro, 761
(Acorns calamus), 424 Carlina-ornamental, em Carlina, 750 C h o u p o - n e g r o (Papaias nigra), 760
Calêndula • Maravilha, 626 Carriço, em Grama-francesa, 559 Choupo-tremedor, ^
Calumba (Cacadas pahnatus), 446
Cártamo = Açafroa, 751 em Choupo-negro, 761
Camomila
Carvalhinha Cicuta (Conium muculalam), 155
(Matricaría chamomitta), 364
(Teacriam chaniaediys), 473 Cicuta-menor, em Cicuta, 155
Camomila-romana = Macela, 350
Carvalho (Quercus robur), 208 Cidra, em Limoeiro, 267
Cana (Arando dottax), 566
Cana-amarga, em Cana, 566 Caivalho-branco, em Carvalho, 210 Cinco-em-rama
Cana-de-açúcar Cáscara-sagrada (Potentilla reptans), 520
(Saccharun officinarum), 332 (Rhamnus purshiana), 528 Cinco-em-rama americana,
Canafístula (Cássia fistula), 494 Castanheiro (Castanea saúva), 495 em Cinco-em-rama, 520
índice de plantas (continuação)
A
obra que, em boa hora, a uso das plantas como importante
Publicadora Atlântico, em agente curativo e preventivo.
colaboração com a Edito-
rial Safeliz, de Madrid, acaba de edi- É sabido que muitos dos medica-
tar, marca uma viragem na forma mentos usados pela Medicina oficial
como o público em geral e a comu- têm a sua origem nas plantas ou são
nidade médica em particular po- inspirados nelas. No entanto a for-
dem, de aqui em diante, encarar o ma empírica, muitas vezes sem base
científica e tocando mesmo as raias
do charlatanismo, com que estas,
muitas vezes, são usadas tem causa-
do uma marcada oposição entre as
tradicionais crenças populares e o
rigor científico da Medicina. Por
isso esta notável obra vem, oportu-
namente, reafirmai- o valor da cura
pelas plantas, ancestralmente con-
hecido, mas agora assente em bases
científicas e expurgado de toda a es-
peculação e crendice popular.
T
em-se produzido nas últi- visíveis e importantes. Harold
mas décadas um desen- Burn, catedrático de farmacolo-
volvimento tão especta- gia da Universidade de Oxford,
cular da indústria farmacêutica, afirma: «Toda a substância elabo-
assim como da produção de me- rada num laboratório, e portanto
dicamentos sintéticos, que se e s t r a n h a aos organismos vivos,
torna razoável perguntar se um tem de ser aceita com a máxima
livro sobre plantas medicinais precaução por médicos e doentes,
pode ter ainda algum valor prá- e não deve considerar-se inofen-
tico. Acaso não existem já medi- siva sem provas válidas.»
camentos específicos para cada
doença?
E m b o r a seja certo que os con-
trolos a que tem de ser submeti-
Os medicamentos de síntese d o q u a l q u e r m e d i c a m e n t o são
química proporcionados pela
agora m a i s rigorosos do q u e
moderna indústria farmacêutica
nunca antes foram, e que os fár-
têm provado a sua eficácia em
m a c o s a c t u a i s são, em geral,
caso de processos agudos e de
b a s t a n t e seguros, os efeitos se-
afecções graves, devido em parte
ao carácter imediato dos seus cundários continuam a aparecer.
efeitos. Ora bem, nenhum produ- O n ú m e r o de doentes alérgicos
to químico é isento de efeitos se- aos antibióticos e a outros medi-
cundários mais ou menos impre- camentos aumenta continua-
m e n t e ; os f e n ó m e n o s de into-
lerância digestiva aos medica-
mentos, especialmente aos anti-
inflamatórios, são motivo de nu-
m e r o s a s c o n s u l t a s médicas;
cada vez há mais pessoas "pre-
sas" a d e t e r m i n a d o s sedativos,
t r a n q u i l i z a n t e s e o u t r o s psico-
fármacos. Calcula-se q u e u m a
em cada dez consultas médicas
tem a ver com efeitos indesejá-
veis de algum medicamento.
• J -Vir* ^W^VJ
I,
.
PLANTAS
QUE CURAM
Enciclopédia das P l a n t a s Medicinais
*
PRIMEIRA PARTE O
rENERALIDADEO
4>v
* -
«Os prados e as colinas são as
melhores farmácias.»
PARACELSO
Médico e naturalista
do século XVI
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O MUNDO VEGETAL
S
UE SURPRESA! Este pedacinho sa uniforme e contínua, como acontece
de cortiça é formado por milha- com uma pedra ou um mineral, mas pela
res de minúsculos alvéolos, uni- união de muitas pequenas unidades inde-
dos uns aos outros. Parece um pendentes.
favo fabricado pelas abelhas...!-, -Vou chamar células -disse Hooke- a es-
exclama Robert Hooke, célebre tes pequenos alvéolos que formam a cor-
físico inglês do século XVII, surpreendido tiça. Porque, em latim, cellula significa pe-
por aquilo que contempla através do mi-
quena cavidade.
croscópio.
O seu espírito científico fá-lo assombrar-
-se diante do que a outros passaria desper-
cebido. Hooke acaba de descobrir que a A célula: unidade de vida
matéria viva não é formada por uma mas-
Estudando os vegetais com o microscó-
pio, os cientistas notaram que não era só a
casca do sobreiro que era constituída por
células. Todos os seres vivos, quer sejam ve-
getais quer animais, são formados por uma
A célula vegetal ou por muitas células agrupadas.
Cada célula é uma unidade de vida. É a
porção mais pequena de um ser vivo que
tem vida própria; ou seja, que nasce, se ali-
menta, cresce, se reproduz e morre.
O tamanho das células oscila geralmente
Núcleo entre 5 e 50 míerones (milésimas de milí-
metro). Isto quer dizer que, num milíme-
tro, caberiam de 20 a 200 células, segundo
o seu tamanho.
Algumas células são predestinadas a viver
apenas durante alguns minutos, renovan-
do-se continuamente, enquanto outras vi-
vem tanto tempo como o ser vivo de que
fazem parte.
Constituição celular
Cada célula é formada por:
Vacúolo
• O núcleo, que contém a informação ge-
nética que recebeu da sua antecessora,
em que se encontram impressas todas as
Membrana de celulose Cloroplastos
suas características sob a forma de cro-
mossomas e genes, as quais, por sua vez,
transmitirá às suas descendentes.
z>
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D l C l N A i S
1 * Parte: G e n e r a l i d a d e s
I
Observando ao
microscópio a cortiça,
proveniente da casca do
sobreiro, Robert Hooke
descobriu, no século XVII,
que a matéria viva é
formada por pequenas
unidades chamadas
• O citoplasma, de consistência viscosa se- células.
melhante à clara de ovo, o n d e se produ-
zem todos os processos bioquímicos.
• A membrana riloplásmica, q u e r o d e i a
completamente a célula e filtra selectiva-
mente as substâncias q u e elevem p e n e -
trar no seu interior.
Características d a c é l u l a v e g e t a l
As células q u e c o n s t i t u e m os vegetais
apresentam duas características funda-
mentais, que as células animais n ã o pos-
suem:
As células vegetais
diferenciam-se das
/. A membrana de celulose animais por se
encontrarem rodeadas
Trata-se de uma espessa m e m b r a n a celu- de uma espessa
lar, situada por fora da m e m b r a n a cito- membrana de celulose
plásmica e formada por celulose. É c o m o que as envolve, e por
um estojo poroso (pie a isola e protege, e conterem cloroplastos
que persiste quando a célula m o r r e , lians- cheios de clorofila.
Assim, a celulose
lormando-se no seu sarcófago. As células (também chamada fibra
animais não têm esta espessa m e m b r a n a vegetal) e a clorofila
celulósica, pelo que, q u a n d o m o r r e m , se são as substâncias mais
decompõem completamente, não deixan- representativas do reino
do rasto. vegetal.
2. Osplastas
Esta é outra peculiaridade das células ve-
getais. Os plastas são uns c o r p ú s c u l o s si-
23
Cap. 1: O MUNDO VEGETAL
Á esquerda:
As colossais sequóias dos
bosques da Califórnia
contam-se entre as árvores
mais aftas do planeta.
À direita:
A ilha de Tenerife, nas
Canárias, alberga vários
exemplares de dragoeiros
como este, árvores
rnilenárias que chegam a
ter 5000 anos de idade.
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
Variedade d e t a m a n h o
O tamanho dos vegetais p o d e oscilar des-
de algumas milésimas de milímetro, c o m o
os micróbios, até mais de 80 melros, c o m o
as colossais sequóias da Califórnia, ou mes-
mo lf)0 melros, c o m o os eucaliptos gigan-
tes da Austrália, c o n s i d e r a d o s as árvores
mais altas do m u n d o . Mas liá a i n d a um ve-
getal que os ultrapassa em t a m a n h o : o sar-
gaço gigante, uma alga marinha q u e p o d e
atingir 300 metros de c o m p r i m e n t o .
Variedade d e v o l u m e
Quanto ao volume, a m a i o r árvore do
mundo, e também uma das mais longevas
(calcula-se q u e l e n h a e n t r e -1000 a 5000
anos), é possivelmente o cipreste de Moc- O famoso cipreste de Moctezuma". t a m b é m conhecido
como "árvore de Tule", encontra-se no belo estado mexica-
tezuma, que existe no cemitério de Santa no de Oaxaca. Segundo a informação que é dada ao visi-
Maria de Tule, no estado mexicano de Oa- tante, mede 41,8 metros de altura e o seu gigantesco tron-
xaca. Debaixo da sua imensa copa de 132 co atinge 14 metros de diâmetro. Calcula-se que tenha um
metros d e d i â m e t r o , única n o m u n d o , volume de 816,8 metros cúbicos, e um peso de 636,1 tone-
acampou o conquistador espanhol 1 lernán ladas, o que o torna a árvore mais volumosa do m u n d o (em-
bora não seja a mais alta) e, possivelmente, a criatura viva
Cortês com todas as suas tropas, no a n o de de maior peso e volume que existe sobre o planeta Terra |as
1519. baleias maiores não ultrapassam as 150 toneladas de peso}.
Botanicamente, trata-se de um ahuehuete ou sabino (Taxo-
Variedade de habitat dium m u c r o n a t u m ) , da família das Taxodiáceas.
2b
c o n h e c e n e n h u m a o u t r a árvore q u e tenha
ultrapassado esta idade.
Variedade de estrutura:
de uma a milhões de células
• Os vegetais mais simples, ou protófitos,
são formados por uma única célula de di-
m e n s ã o microscópica. È por e x e m p l o o
caso da alga espirulina, q u e se evidencia
pelas suas extraordinárias propriedades
medicinais. Q u a n d o a ingerimos, engo-
limos milhões de indivíduos, todos eles
formados por células idênticas. Como é
lógico, nestes seres vivos não faz sentido
identificar q u a l q u e r parte diferenciada.
• Os talófitos são vegetais cujo c o r p o ou
Toda a terra é um imenso
lalo é formado geralmente por uma mas-
jardim ou, peio menos, esse sa de múltiplas células p o u c o diferencia-
foi o desejo do Criador. Mas umas em regiões polares como os musgos das, ou seja, m u i t o semelhantes e n t r e si.
além de servirem de ou líquenes, outras em regiões tropicais. Não possuem verdadeiros tecidos e
adorno, as flores e as c o m o o guaiaco ou o abacateiro. órgãos; n ã o têm raízes n e m caules, nem
plantas, muitas das quais folhas nem ílores. K o t aso das algas, dos
possuem propriedades
fungos e dos líquenes. Usam-se os talos
medicinais, contribuem Variedade de duração
grandemente para o bem- da alga-perlada. da laminaria, do líquen-
-estar e para a saúde. A vida dos vegetais tem uma duração -da-islándia. do sargac<»-\ esiculoso ou bo-
m u i t o variável: a l g u m a s bactérias vivem delha, também chamado fuco.
apenas d u r a n t e uns minutos; a grama e ou-
tras ervas p o d e m ler u m a existência limi- • As corinófítas são os vegetais superiores,
tada a alguns dias. em caso de seca. Toda- vulgarmente c h a m a d o s plantas. São for-
via o abeto chega até aos (SOO anos, e o cas- m a d a s por m i l h õ e s de células, e n t r e as
tanheiro e a oliveira p o d e m passar do mi- quais há s e t e n t a ou o i t e n t a tipos dife-
lénio. rentes. Cada um destes tipos de células é
especializado em realizar d e t e r m i n a d a s
No cemitério de Yorkshire, na Inglaterra, funções, f o r m a n d o assim os diferentes
existe um teixo que se calcula ter cerca de órgãos ou partes da planta: a raiz, o cau-
3000 anos. I lá sequóias na Califórnia, e ba- le, as folhas, as Ílores, etc.
obás em Africa, que têm mais de 1000 anos
de existência. Estas veneráveis árvores con-
tinuam vivas, impassíveis, depois de terem Variedade de forma
visto surgir e desaparecer grandes impé-
rios, civilizações e outras criações humanas. A forma dos vegetais também apresenta
e n o r m e s contrastes: desde a delicadeza de
Porém o recorde da longevidade é os- u m a violeta até à agressividade de um cac-
tentado por um dragoeiro do vale da Oro- to, desde a simplicidade do tomilho até á
tava, na ilha e s p a n h o l a de Tenerife, q u e sofisticação de u m a orquídea. E q u e dizer
em l«S(')H loi a r r a n c a d o por um furacão. No da sua cor, dos diversos tons de verde das
seu tronco foi possível contar mais de 5000 folhas, todos eles parecidos, mas n e n h u m
anéis (que equivalem a 5000 anos)! Não se e x a c t a m e n t e igual; ou da g r a n d e diversi-
2b
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1* P a r t e : G e n e r a d a d e s
I
Unidade de o r i g e m
Tubórcufo
Raiz
W
'4T
28
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
o
I Parte: G e n e r a l i d a d e s
Raiz
A raiz é o órgão encarregado de extrair
do solo os sais minerais e a á g u a . e de
bombeá-los para as folhas, com o fim de ali-
mentar toda a planta. Km geral, todas as
plantas produzem e armazenam na sua raiz.
amido, inulina e outros glícidos (a q u e ge-
ralmente se dá o n o m e de hidratos de car-
bono) como por e x e m p l o a alcachofra, a
bardana, a rarlina, o cersefi-bastardo, a chi-
cória, o dente-de-leão, a equinácea, a jala-
|),i c ,i ratânía. A bardana (Arctium lappa
L.') é uma das plantas cuja
No e n t a n t o , na raiz de o u t r a s p l a n t a s assim c o m o o u t r o s princípios activos. F.m
raiz é mais rica em
também se p r o d u z e m alcalóides ( p o r m u i t o s casos é p r e f e r i d o à raiz. p r o p r i a - princípios activos: contém
exemplo: ipecacuanha, rauvólfia). glicósi- m e n t e dita (historia, c á l a i n o - a r o m á t i c o . substâncias antibióticas,
dos (por exemplo: acónito, cinoglossa, cúrcuma, polipódio, ruibarbo). diuréticas e
hipogficemiantes (que
equinácea, saxífraga) ou vitaminas ( p o r fazem descer o nível de
exemplo: a c e n o u r a ) . glicose no sangue).
Bolbo
Nalguns casos, apenas se aproveita a cas-
ca da raiz, por se acumularem nela os prin- Chamasse b o l b o a um e n g r o s s a m e n t o
cípios activos, c o m o no caso da bérberis, s u b t e r r â n e o d o caule, formado por n u m e -
do buxo, do chá-dc-nova-jcrsey ou da goia- rosas c a m a d a s sobrepostas. No b o l b o en-
beira. contram-se essências enxofradas (alho, ce-
b o l a ) , substâncias a r o m á t i c a s ( a ç u c e n a ) ,
ou alcalóides (o c ó l q u i c o ou a ç a l í ã o -
Rizoma -bastardo).
O rizoma é um caule s u b t e r r â n e o , q u e
tem aparência de raiz, p o r é m na realidade
Tubérculo
não cresce para baixo mas sim horizontal-
mente. Também acumula glícidos (hidra- Um t u b é r c u l o é um caule s u b t e r r â n e o
tos de carbono) e substâncias de reserva. especializado em a r m a z e n a r substâncias de
C a p . 1 : O MUNDO V E G E T A L
"TTT T*TO
sw&
Gema
Cada gema é o esboço de um futuro
ramo. Contém resinas e essências. Km fito-
terapia usam-se, por exemplo, as gemas de
abeto-branco, hétula, choupo-negro e pi-
nheiro.
Folhas
Podemos dizer que as folhas são o labo-
ratório químico por excelência da planta.
Nelas se realiza a fotossíntese, isto é, o con-
junto de reacções químicas mediante as
quais a planta produz substâncias comple-
xas a partir das substâncias inorgânicas da
terra e do ar. As células das folhas contêm
clorofila, qtie capta a energia da luz solar e
a transforma em energia química.
As folhas produzem a maior parte dos
Além de beleza e aroma princípios activos das plantas, especial-
agradável, as flores
oferecem numerosos
mente os alcalóides, essências, glicósidos e
reserva. Assim, por exemplo, o do satirião- taninos. Por isso são a parte mais usada das
princípios activos de acção -macho, uma orquídea de cujo tubérculo
medicinal: óleos essenciais, plantas medicinais. Algumas das folhas
alcalóides, pigmentos,
se extrai uma farinha medicinal. mais úteis em fitoterapia são as de: aloés,
glicósidos e outros. aveleira, boldo, damiana, dedaleira, uva-
Córtex -ursina, hamamélia, loureiro, nogueira,
oliveira, silva, videira e visco-branco
O córtex ou casca é a camada que cobre
o caule e a raiz. Nela se acumulam abun-
dantes princípios activos (amieiro, amiei- Flores
ro-negro, caneleira, carvalho, cáscara-
-sagrada, condurango, quina, tília, etc.) As llores são o órgão reprodutor da plan-
ta. Contêm numerosos princípios activos:
óleos essenciais (acácia-basiarda, açucena,
Caule chagas, tanaceto, tília), alcalóides (buglos-
sa, papoila, passiflora), pigmentos (lidal-
O caule serve de comunicação entre a
guinhos, roseira), glicósidos (cacto, laran-
raiz e o resto da planta, e nalguns casos
jeira, lúpulo, maravilha, sabugueiro), e
contém princípios activos (alcachofra,
muitos outros.
cana-de-açúcar, cavalinha, costo-espigado,
éfedra, espargo). O caule pode ser herbá- • Estigmas: De algumas flores, como as do
ceo (no caso das plantas chamadas herbá- açafrão OU do milho, usam-se apenas os
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 * Parte: G e n e r a d a d e s
Os frutos fornecem
sobretudo vitaminas, sais
minerais, açúcares e ácidos
orgânicos. Alguns, como os
da tramazeira (Sorbus
aucuparia' L.J, chamados
sorvas, contêm ainda
pectina, fibra vegetal
solúvel de acção laxante, e
taninos de acção
adstringente. O resultado
desta combinação de
princípios activos é um
efeito regulador e
normalizador do trânsito
intestinal.
31
Cap. 1: O MUNDO VEGETAL
32
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
I
Classificação dos
São os vegetais mais sim-
ples e pequenos que exis-
tem (microscópicos). São
PROTOFITOS unicelulares, isto é, são for-
mados por uma só célula e
procariotas, em que o nú-
cleo não se encontra defi-
nido. No entanto, apesar
CRIPTOGAMICAS
I vegetais
da sua simplicidade, têm uma grande im-
portância biológica, pois sem eles seria impos-
sível a vida na Terra.
Os protófitos incluem as bactérias, que não têm
clorofila, e as cianófitas ou algas azuis, que a Os seres vivos, em lugar dos dois
têm. reinos tradicionais, vegetal e ani-
A espirulina (Spirula máxima, pág. 276) é um
mal, classificam-se actualmente em
exemplo deprotófito (alga azul) com aplicação
cinco reinos:
medicinal.
• MONERAS: incluem os protófitos e
os procariotas.
• PROTOCTISTAS: algas unicelulares e
protozoários.
• FUNGOS: leveduras, mofos, fungos
ALGAS superiores (cogumelos).
• METAFITAS: vegetais pluricelulares
com tecidos definidos (cormo).
A FUNGOS
• METAZOÁRIOS: animais pluricelula-
res.
LÍQUENES
4
nerogâmicas ou plantas com flores.
35
Tipos
Quanto à sua forma
Sagitada
A sua forma
Lanceolada lembra a de
Cordiforme Com a forma de uma flecha
A sua forma lembra a de um uma lança [por (por exemplo
coração (por exemplo a norça- exemplo a a corriola,
-preta. pág. 679]. bistorta, Pág. 491).
pág. 198).
Bilobada
É fendida em dois lóbulos
(por exemplo o ginkgo. Palmada
pág. 234). É uma folha
composta, em que
as suas divisões ou
foliolos se dispõem
como os dedos de
Ovóide uma mão (por
Elíptica Tem a forma de exemplo o
Tem a forma de uma uma oval (por castanheiro-da-índia,
elipse (por exemplo a [ exemplo a pág. 251).
beladona. pág. 352). escrofulária,
pág. 543).
Curvinérvea
As nervuras
descrevem
uma curva ao
Radial
longo da
As nervuras saem como raios a
folha (por
partir de um centro comum (por
exemplo a
exemplo o malmequer-dos-
tanchagem,
-brejos, pág. 665).
pág. 325).
'V
3b
S/,.
de folhas
Quanto ao contorno do bordo
Denteada Lobulada
Inteira
O bordo tem O bordo tem recortes que
O bordo è liso pequenos recortes formam lóbulos (por
(por exemplo o jpor exemplo a exemplo o carvalho.
loureiro. urtiga, pág. 278). pág. 208)
pág. 457).
V '
Fendida
Partida
Os recortes do bordo
Os recortes do bordo
aproximam-se da nervura
atingem a nervura
central (por exemplo o
central, por exemplo a
ca rd o-de-sa nta-ma ria,
chicória, pág. 440).
pág. 395).
Peciolada Alternas
As folhas estão São folhas pecioladas que nascem
unidas ao caule por uma a uma. ao longo do caule.
meio de um peciolo
ou pé).
Sésseis
São folhas que
não têm peciolo
(pé). Quando
formam um
Opostas prolongamento ao
longo do caule
São folhas pecioladas que
chamam-se
nascem duas a duas. uma
em frente da outra. decorrentes.
37
S/,
Limbo
É a parte plana da folha. A sua
face voltada para cima chama-
sse página superior ou ventral,
Pecio/o e a voltada para baixo, página
Pequeno pé que inferior ou dorsal.
une a folha ao
caule.
Página
superiqr
Vértice ^»
Nervuras
São o prolongamento do pecfolo. È
por elas que corre a seiva.
Página
inferior
Cutícula ou epiderme
Revestimento que cobre as folhas
para evitar que sequem.
Secção de uma
folha vista ao
microscópio
Parènquima
É formado por
ÉÉM
células muito ricas ,
em clorofila, o que 1
dá a cor verde â
folha
^.
3
Nervuras
São na realidade
vasos condutores
de seiva.
Estornas
Pequenos orifícios situados na página inferior da folha, através dos quais esta
elimina vapor de água e oxigénio, e absorve anidrido carbónico. Os estornas
sáo rodeados por uns lábios que actuam como válvulas, abrindo-se e
fechando-sc para regular assim a passagem da água e dos gases segundo as
necessidades da planta.
''S
38
S/,
Tipos de raízes
A raiz absorve minerais e água do solo por meio de uns finos peJinhos
absorventes na extremidade das suas ramificações Além disso, fixa o vegetal
ao terreno.
.
Raiz
secundária
Napiforme
Tem uma
forma cónica,
e armazena
substâncias
de reserva
(por exemplo
Pêlos a cenoura,
absorventes pág. 133).
Zona de crescimento
Lenhosa
As suas ramificações
Fasciculada são duras e grossas
Formada por raízes (por exemplo o
secundárias da mesma carvalho, pág. 208).
grossura, que nascem
juntas na base do caule
(por exemplo a cçbofa. /
pág. 294). /
Bolbo
Na realidade, o bolbo
náo é uma raiz, mas
uma gema
subterrânea formada
por folhas carnudas
sobrepostas (por
exemplo a cebola,
pág. 294).
Raízes adventícias
São as que nascem directamente de um caule aéreo, ou então de um
caule subterrâneo, chamado rizoma (por exemplo a verónica, pág. 475)
,#—
//,-
Tipos de caules
O caule liga a raiz e as folhas. Contém vasos condutores pelos quais circula a
seiva.
Lenhoso
A celulose que cobre as
células dos caules
lenhosos (troncos) Subterrâneo ou rizoma
encontra-se impregnada É um caule que se desenvolve e estende por debaixo do solo.
de lenhina. Esta Embora pareça uma raiz. na realidade não o é [por exemplo o
substância confere á ásaro, pág. 432).
celulose a dureza e
consistência próprias da
madeira.
Herbáceo
É um caule frágil, pois
a celulose que cobre as
Gordo ou suas células não está
suculento lenhificada. Renova-se
É grosso, cada ano (por exemplo
esponjoso e a chicória, pág. 440)
sem folhas.
Trepador Armazena uma
Não tem a grande
consistência quantidade de
suficiente água no seu
para se interior. Próprio
manter do cacto [pág.
erguido por 216) e de
si mesmo, outras plantas
pelo que típicas das
precisa de se regiões
apoiar desérticas.
noutras
plantas por
meio de
gavinhas
(por exemplo
a norça-
-preta.
pág 679).
Cana
Rastejante ou estolhoso É um caule herbáceo,
Cresce horizontalmente, apoiando-se no solo (por cilíndrico e oco, com
exemplo o morangueiro. pág. 575). nós bem marcados.
40
• At,.
Tipos de inflorescências
As inflorescências são grupos de flores que têm um
pedúnculo comum. (
Em espiga \
Formada por grupos
de flores que nascem
directamente do caule Em capitulo
fpor exemplo a Os capítulos florais
gatunha, pág. 581). são grupos de
pequenas flores
unidas por um
mesmo pedúnculo.
Os capítulos dão a
impressão equivoca
de serem uma única
flor, quando na
realidade são muitas
(por exemplo a
arnica, pág. 662).
Em corimbo
Formada por flores
cujos pedúnculos
nascem de diversos
Em amentilho pontos, mas que
É uma espiga que pende, atingem a mesma
formada por flores muito altura {por exemplo o
pequenas (por exemplo a milefólio. pág. 691).
aveleira, pág. 253).
Em umbela
composta
Formada por
Em umbela várias umbelas
Formada por flores cujo pedúnculo simples |por
sai de um ponto c o m u m exemplo o anis,
fpor exemplo, a primavera, pág. 328). pág. 465J.
W
41
Anatomia
Estames
A flor é o órgão de
reprodução das plantas
fanerogãmicas, isto é, que
têm flores. As fanerogãmicas
dividem-se em dois grupos:
plantas gimnospérmicas
(com sementes nuas, ou seja. Pétafas
não envoltas num fruto,
como por exemplo o pinheiro
e outras coníferas), e plantas
angiospérmicas (em que as
sementes estão envoltas num
fruto mais ou menos
carnudo). As flores das
angiospérmicas são as
maiores e mais vistosas
Sépalas
Tipos de flores
Labiada
As pétalas da
corola
formam dois
lábios, um
superior e
outro inferior.
Rosácea
É a flor típica da
família das
Campanulada Rosáceas, cujas
A sua corola (conjunto pétalas estão
das pétalas) tem a forma dispostas em
de um sino. forma radial.
"W
42
r ys,.
de uma flor
Pistilo, carpelo ou
f ineceu
o aparelho feminino da
flor. Consiste em estigma
(orifício pegajoso por
onde entra o póienj,
estilete (tubo por onde o
pólen desce) e ovário com
um ou vários óvulos
(células germinais).
Estigma
Estames ou
androceu
Estilete
São o aparelho
masculino da
flor Cada estame
consiste num
filete e numa
antera, onde se
formam os gráos
de pólen.
Grão de pólen
A fecundação das flores
Para que se dé a fecundação e se forme a
semente e o fruto depois da flor, é preciso
que um gráo de pólen caia sobre o estigma
da flor. Se o pólen e a flor forem da mesma
espécie, o pólen emite um prolongamento
que desce pelo estilete até chegar ao ovário.
Ali os cromossomas masculinos do pólen
Centro unem-se com os femininos do óvulo, e forma-
| Núcleo germinativo -se a semente e o fruto.
vegetativo
4 Contém os cromossomas As plantas com flores reproduzem-se
com a informação sexualmente. Isto significa que existem duas
genética da planta. partes, a masculina e a feminina. Ambas
devem unir-se para dar lugar a uma nova
planta.
Cobertura exterior
43
COLHEITA E CONSERVAÇÃO
A
S FARMÁCIAS, as ervanárias e al- riqueza de princípios activos das plantas,
guns estabelecimentos especializa- assim como a.s técnicas da sua colheita e
dos em produtos naturais, dispõem conservação.
de uma grande variedade de plan-
tas medicinais em diversas apresentações.
Quando adquirimos estas plantas devemos
poder contai com a garantia dos profissio- Concentração
nais que as comercializam e, portanto, é de
supor que estejam bem identificadas e cor-
dos princípios activos
rectamente conservadas.
Não obstante, talvez o leitor deseje apro- Nem todas a.s plantas da mesma espécie
veitar uma saída ao campo para colher as produzem sempre igual quantidade e con-
suas próprias plantas. Além de desfrutar o centração de princípios activos. Ksles po-
ar puro, a paisagem e o exercício, levará dem variar muito de uma planta para ou-
consigo paia casa algumas plantas que po- tra, dependendo de diversos factores bio-
dem ser autênticos medicamentos para a lógicos ou ambientais. Convém conhecer
sua saúde. Ora bem, neste caso deverá ter estes factores, para evitar surpresas quanto
em conta alguns factores que influem na à intensidade das propriedades medicinais
4£
SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
l " Parle: G e n e r a l i d a d e s
Segundo a idade
Os sucos das plantas jovens são aquosos
e contêm poucos princípios activos em dis-
solução. A medida que crescem, a u m e n t a
a sua produção e concentração, para voltar
a diminuir com o envelhecimento, ato ao
ponte de deixarem e n t ã o de servir p a r a
aplicações medicinais. É pois c o n v e n i e n t e :
colher as plantas q u a n d o n ã o sejam n e m :ypi±^- i^
muito jovens nem velhas.
No entanto, o m o m e n t o ó p t i m o para
tolhê-las varia de umas plantas para outras,
em virtude da respectiva d u r a ç ã o da vida.
Assim, por e x e m p l o , nas p l a n t a s a n u a i s O clima e o terreno influem
(que só vivem um a n o ) , costuma coincidir muito na riqueza de
com o começo da floração, na Primavera. segurelha, orégão, salva, tomilho) p r o d u - princípios activos de uma
Para as plantas que vivem vários anos, po- zem mais princípios activos em climas e ter- planta.
rem, é preciso esperar p a c i e n t e m e n t e q u e renos secos e exposlos ao sol. Mal se nota
cheguem ã sua maturidade. Por e x e m p l o , o c h e i r o do t o m i l h o q u e cresça em sítios
a genciana leva 10 anos para começar a dai" h ú m i d o s . O m e s m o a c o n t e c e c o m as Uin-
flores e produzir uma raiz rica em substân- belííéras ( p o r exemplo: angélica, anis, co-
cias medicinais; a canforeira só c o m e ç a a m i n h o ) , q u e p e r d e m o seu aroma nos ter-
produzir cânfora depOio dos 30 a n o s de renos h ú m i d o s .
idade; e o castanheiro n ã o c o m e ç a a d a r
fruto antes dos 25 anos, e a n t e s dos 100 E interessante verificar c o m o cada espé-
não atinge a maturidade. cie vegetal p a r e c e ter e s c o l h i d o um am-
b i e n t e p a r a desenvolver m e l h o r o s seus
lixistem alguns princípios activos q u e só princípios activos. As plantas q u e se criam
se produzem nas plantas maduras ou com- nas m o n t a n h a s p o d e m tornar-se inactivas
pletamente desenvolvidas. É o caso dos al- q u a n d o crescem nas terras baixas costeiras
calóides, que praticamente não se encon- ( c o m o a c o n t e c e com a valeríana ou a clc-
tram nas plantas jovens. Por exemplo, a al- daleira), o vice-versa.
face tenra quase não tem substâncias acti-
vas; no entanto, q u a n d o espiga e floresce, Má p l a n t a s tropicais q u e , q u a n d o se
produz alcalóides de efeitos sedativos e transplantam para sítios t e m p e r a d o s , dei-
hipnóticos. O mesmo acontece com o acó- xam de produzir substâncias medicinais. É
nito, (pie e n q u a n t o jovem é inofensivo, o q u e a c o n t e c e c o m a á r v o r e da q u i n a ,
mas quando amadurece c o n t é m alcalóides com o guaiaco e com diversas espécies pró-
muito tóxicos q u e p o d e m p r o v o c a r a prias de climas q u e n t e s .
morte. A q u a l i d a d e do t e r r e n o t a m b é m influi
no r e n d i m e n t o das plantas: umas precisam
de solos calcários e outras de solos a r e n o -
Segundo o clima e o t e r r e n o
sos ou siliciosos. É curioso c o m o as plantas
As plantas produtoras de essências, c o m o p r o d u t o r a s de alcalóides r e n d e m mais em
as da família das I.abiadas (por e x e m p l o : solos ácidos, pois desta forma são forçadas
Cap. 2: COLHEITA E CONSERVAÇÃO
Colheita
Acaba de amanhecer, e o azul límpido do
céu anuncia que irá estar um dia bom. O
Se encontrar uma planta no
leitor prepara a sua mochila. Não se es- campo, e não souber de
queceu de munir-se de um livro com boas que espécie se trata, não
ilustrações que lhe permitam identificai-as fne toquei Primeiro
plantas. Sai bem de manhã, quando o ar identifique a planta, depois
ainda está fresco, disposto a colher as suas Rábano colha-a sem destruir nem
devastar.
espécies preferidas. Quando chega ao lu-
gar escolhido, o Sol já fez notar a sua pre- Plantas que devem
sença, e o orvalho acaba de evapoiav-se. usar-se frescas
Este é justamente o momento! Aproveite
essas primeiras horas da manhã de um dia
seco c de sol, para proceder á colheita. Em algumas plantas acontece que,
logo após terem sido colhidas, se de-
sencadeiam reacções químicas estati-
Técnica da colheita zadas por enzimas, que nalguns ca-
Toda a gente é capaz de colher plantas. sos desactivam os seus princípios ac-
tivos, e noutros os transformam em
Mas, quando estas se vão usar para fins me- substâncias tóxicas, como acontece,
dicinais, terão de ser tomadas algumas pre- por exemplo, com os agriões. Por
cauções especiais, como as que a seguir se isso tém de usar-se sempre frescas.
descrevem: São as seguintes:
47
C a p . 2: C O L H E I T A E C O N S E R V A Ç Ã O
m
ter excrementos de animais! evitar o calor e os sacos de plástico.
Folhas
3. Procurar que as plantas estejam
enxutas As lolhas colhem-se no começo da flo-
ração, mas antes que as flores se tenham
As plantas colhidas em dias húmidos ou desenvolvido, por ser esta a altura em que
chuvosos criam facilmente bolor, e são por- contêm uma maior quantidade de sucos.
tanto mais difíceis de conservar. Há por- Não se devem cortar todas, porque assim a
tanto que colhê-las quando se encontrem planta morreria. Deiíam-se fora as folhas
bem enxutas. manchadas (pode ser sinal de uma in-
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 " Parle: G e n e r a l i d a d e s
49
C a p . 2: C O L H E I T A E C O N S E R V A Ç Ã O
V
•
Amorperleito
50
SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
2. E n v a s i l h a m e n t o
Depois de secos, os p r o d u t o s vegetais co-
lhidos têm de ser envasilhados de maneira
que não sofram d e t c , ; oração pela acção do
ar, do sol, da humidade, do calor, ou de ou-
tros factores exteriores. Convém rotular os
recipientes em que se
armazenam as plantas, e
Conselhos práticos para o
guardá-los n u m lugar
envasilhamento escuro, fresco e seco, para
se conservarem bem os
• E preferível envasilhar os p r o d u t o s ve- seus princípios activos.
getais sem os triturar, pois assim ofere- 3. Armazenamento
cem uma m e n o r superfície sobre a qual
Os recipientes q u e c o n t ê m os p r o d u t o s
possam actuar as bactérias, os fungos c
das plantas devem conservar-se n u m lugar
as enzimas q u e os a l t e r a m ou fazem
escuro, fresco e seco. A luz, o calor e a hu-
rançar. É preferível triturá-los imediata-
m i d a d e são as principais causas de dete-
mente antes da sua utilização.
rioração.
• Utilizar recipientes de vidro, cerâmica, F, necessário verificar periodicamente o
lata, tecido ou cartão. Deve-se evitar o estado das plantas armazenadas, para de-
plástico. Não é preciso q u e a t a m p a seja tectar a t e m p o insectos, fungos, moios ou
hermética. putrefacçòes q u e possam alterar o seu va-
lor medicinal.
• É necessário rotular os recipientes com
o nome da planta c convém t a m b é m in- C o m o regra geral, as plantas medicinais
dicar o lugar da colheita e a data do en- n ã o se devem conservar d u r a n t e mais de
vasilhamento dois anos.
Guardiães ou destruidores?
Plantas ameaçadas de extinção
As plantas são imprescindíveis para a manutenção da vida Nós que, como seres humanos, deveríamos ser os guar-
neste planeta. Todos os animais e os seres humanos de- diães deste legado de diversidade biológica que nos foi con-
pendem das plantas verdes para a obtenção de alimento, fiado pelo Criador, transformamo-nos às vezes em seus des-
pois elas são os únicos seres vivos capazes de aproveitar a truidores. Segundo a União Internacional para a Conser-
energia solar para produzir hidratos de carbono, proteínas, vação da Natureza, 20% das 390 000 espécies que existem
gorduras, vitaminas e outras substâncias orgânicas. no mundo (cerca de 78 000) correm o risco de desaparecer.
A Smithsonian Institution, dos Estados Unidos, calcula que,
Acresce que as plantas contribuem de modo decisivo para das 20 000 espécies diferentes de plantas fanerogâmicas
o equilíbrio ecológico e o mantimento do meio ambiente: existentes no território continental daquele país, 10%, isto é,
evitam a erosão do solo, enriquecem a atmosfera com oxi- umas 2000, estão ameaçadas ou em perigo de extinção, ou
génio, armazenam água e fertilizam o solo. já desapareceram.
Além de tudo isto, os vegetais são também uma fonte muito Quais são as causas de semelhante extermínio de espécies
importante de substâncias medicinais. vegetais? Segundo o Livro Vermelho de espécies vegetais
ameaçadas, publicado pelo Ministério da Agricultura espa-
Cada uma das mais de 390 000 espécies vegetais que po- nhol, algumas dessas causas são as seguintes:
voam o planeta Terra constitui uma forma diferente de vida,
com genes próprios e únicos. Quando uma espécie desa- • fogos florestais;
parece ou se extingue, dá-se uma perda irreparável no pa- • desenvolvimento turístico dos litorais e das zonas monta-
trimónio biológico da humanidade. nhosas;
'''/
52
//,
O m u n d o vegetal poderia
existir sem os animais e sem os
seres humanos, ao que
corresponde o facto de terem
sido criados primeiro, tal como
refere o relato bíblico. No
entanto, os animais e os seres
humanos náo poderiam
sobreviver muitos dias sem as
plantas. Respeitá-las e protege-
ras faz parte do nosso dever
como habitantes do planeta
Terra.
FORMAS DE PREPARAÇÃO
E EMPREGO
SUMÁRIO DO CAPÍTULO '• ^ XISTEM diversas formas de prepa-
Ij i ar as plantas medicinais com vista
• • à sua utilização. Com todas elas se
JL^ pretende:
Banhos 65
Banhos de vapor com plantas 70 • Tornar mais fácil e exequível a adminis-
Bochechos 72 tração da planta.
Cataplasmas 68 • Aumentar a concentração de alguns dos
Clisteres 72 princípios activos da planta que, pelas
Colírios 72 suas propriedades físico-químicas parti-
Compressas 68 culares, se tornam mais facilmente solú-
Decocção 57 veis utilizando um determinado método
Extractos 63 de preparação. Por exemplo, mediante
Fomentações 70 a destilação por vapor conseguem-se ex-
Fricções 70 trair, e portanto concentrar, os óleos es-
As tinturas constituem uma Gargarejos 71 senciais.
forma clássica de Injvsâo 56
preparação das plantas • Favorecer a conservação da planta ou
medicinais.
Irrigações vaginais 73
dos seus preparados. Por exemplo, as
Lavagens oculares 72
decocções conservam-se durante mais
Linimentos 61
tempo do que os sumos frescos c inclu-
Loções 70
Maceração 57
sive do que as infusões, devido a que du-
Oculares, lavagens 72
rante a decocção o líquido fica pratica-
Pós 60 mente esterilizado.
Sumos 60 Para cada planta medicinal existem cer-
Tinturas 63 tas formas ideais de preparação e de em-
Tisanas 54 prego. E conveniente conhecê-las e saber
Unguentos 64 aplicá-las adequadamente, com o fim de
Vaginais, irrigações 73 aproveitar melhor as propriedades das
Xaropes 61 plantas ou da suas partes.
Tisanas
54
y/y.
O 1. Colocação da parte
da planta a usar num
Nr ^ ^ recipiente adequado.
As plantas podem
estar soltas no
k^
recipiente, ou então
colocadas dentro de
um coador para
v infusões ou n u m
saquinho. O habitual
é pôr primeiro as
plantas e
seguidamente deitar-
L
fazer o inverso.
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55
C a p . 3: FORMAS DE PREPARAÇÃO E EMPREGO
\ Existem no comércio
numerosos prepara-
dos de plantas já prontos para
ser usados em infusões. As par- Técnica de preparação
tes da planta são fornecidas
dentro de um saquinho que ser- As infusões preparam-se seguindo os pas-
ve de filtro, já trituradas e con- sos abaixo indicados:
venientemente dosificadas. O I. Colocação: Colocar as parles a usar (fo-
modo de emprego é muito sim- lhas, flores, etc.) num recipiente de por-
ples: celana, barro cozido, vidro ou matéria
1. Colocar o saquinho numa semelhante, que resista bem á acção sú-
chávena ou copo. bita do calor. As parles das plantas a uti-
2. Deitar a água a ferver. lizar podem estar soltas dentro do reci-
3. Deixar repousar durante uns piente, ou então juntas num coador
5 minutos, tapando o recipiente para infusões, que se coloca dentro do
com um pires ou outro tipo de tampa. recipiente.
l
2. Escaldão: Verter a água acabada de fer-
ver sobre as plantas, na proporção ade-
quada.
As tisanas usam-se sobretudo paia tomar 3. Extracção: Tapar o recipiente e esperar
pela boca (via oral). Todavia lambem se durante um certo tempo para dar lugar
podem utilizar em compressas, colírios, a que se produza a extracção e disso-
loções, etc, como mais adiante se indica na lução dos princípios activos. Normal-
secção "Formas de emprego" (pág. 64). mente, bastam 5 ou 10 minutos. Quan-
to mais espessas ou duras forem as par-
As tisanas são o resultado da acção da tes das plainas utilizadas, tanto mais
água sobre os produtos vegetais. Conforme tempo será necessário para a sua ex-
se aplique essa água, são três os procedi- tracção.
mentos pelos quais se pode obter uma ti-
sana: infusão, decocção e maceração. Nos 4. Filtração: Coaras plantas, passando o lí-
três casos, deve-se começar por: quido por um coador. Caso se lenham
colocado previamente as plantas num
1. Pesar ou medir a quantidade adequada coador para infusões, dentro do reci-
de produto vegetal a utilizar. piente, basta levantá-lo e deixar escorrer
2. Esmiuçar e triturar bem as partes da o líquido.
planta a utilizar. Tal como se indica no
capítulo anterior "Colheita e conser- Conservação das infusões
vação" (ver pág. 51), as plantas devem-
-se guardar tão inteiras quanto possível, Km geral, as infusões podem conservar-
e esmiuçar no momento em que vão ser -se durante cerca de doze horas. Preparam-
utilizadas. Desta forma, conservam me- -se logo de manhã e vão-se tomando ao
lhor as suas propriedades. longo do dia. Se o ambiente íov muito
quente, O mais aconselhável é guardá-las
Infusão no frigorífico. Podem ser aquecidas nova-
mente, mas sem chegar a ferver. Não se de-
A infusão é o procedimento ideal para
veriam tomar infusões que lenham sido
obter tisanas das partes delicadas das plan-
preparadas com mais de 21 horas de ante-
tas: folhas, flores, sumidades e caules ten-
cedência.
ros. Com a infusão cxirai-se uma grande
quantidade de substâncias activas, com
muito pouca alteração da sua estrutura Decocção
química e, portanto, conservando-se o má- A decocção utiliza-se paia preparar tisa-
ximo das propriedades. nas â base de partes duras das plantas (ia-
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
1* P a r t e : G e n e r a d a d e s V..
É iceração em azeite
h/
C a p . 3: FORMAS DE P R E P A R A Ç Ã O E EMPREGO
As crianças devem admín istrar-.se unica- grande valor nutritivo. Caso não se dis-
mente plantas isentas de qualquer tipo de ponha de mel, pode-se usar em substi-
efeitos tóxicos. tuição açúcar escuro, melaço (mel de
cana) ou xarope de bordo, que também
são ricos em minerais e vitaminas, e supe-
Quando e c o m o adoçar as tisanas?
riores em propriedades ao açúcar branco.
O preferível é tomar as tisanas no seu es- Umas gotas de sumo ou um pouco de
tado natural, sem as adoçar. Contudo, nal- casca de limão podem também melhorar o
guns casos pode ser conveniente adoçá-las: sabor de algumas tisanas.
• Quando se trate de plantas de gosto Porque não fazer tudo o que seja possí-
muito desagradável. vel para converter a nossa medicina num
• Quando sejam tisanas para as crianças, prazer?
excepto no caso de se pretender um
eleito vermífugo (expulsão de parasitas Tisanas d e u m a o u d e várias
intestinais). Neste caso concreto não é plantas?
conveniente administrar açúcar ou mel,
A mistura de vários tipos de plantas
pois estes produtos favorecem o desen-
numa mesma tisana pode ter efeitos posi-
volvimento dos vermes.
tivos se essas plantas se combinarem ade-
• Quando se administrem a doentes con- quadamente, tendo em conta a sua com-
valescentes ou debilitados. posição e as suas propriedades.
Não convém adoçar as tisanas que, pelo Todas as plantas que se recomendam
seu efeito aperitivo, se ingerem antes das para cada doença nas tabelas da segunda
refeições, já que os açúcares podem dimi- parte desta obra (por exemplo págs. 129-
nuir a sensação de fome. Também deverão 130, 140-144, etc.) podem ser combinadas
abster-se de adoçá-las os diabéticos, que em entre si.
caso de necessidade podem usar edulco- A mistura de várias plantas tem a vanta-
rantes químicos. gem de que os possíveis efeitos indesejáveis
Quando se decida adoçar uma tisana, o de cada uma delas (mau sabor, intolerân-
mel é o produto ideal E proveniente das flo- cia digestiva), ficam atenuados. Mas nem
res e contém sais minerais e vitaminas de sempre é necessário misturar as plantas.
W.J& . , w
60
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 * Parte: G e n e r a l i d a d Y
Pós
Para a obtenção de pó com fins medici-
nais, as partes da planta a utilizar deixam-
-se secar d u r a n t e mais t e m p o do q u e o ha-
bitual, e depois trituram-se reduzindo-as a
pó. Pode-se o b t e r pó m e d i c i n a l de u m a
plaina a partir das sua.s folhas (por exem-
plo, da dedaleira ou do sene-da-índia), das
sumidades floridas (absinto, l ú p u l o ) , da
casca (cascara-sagrada, salguei r o - b r a n c o ) ,
dos frutos (coentro), e s o b r e t u d o das raí-
zes (ginseng, harpagófito, jalapa, polígala-
•da-virgínia, violeta, e t c , c t c ) .
0 pó oferece as seguintes vantagens:
1. Aprovcitam-sc ao máximo os princípios
activos da planta, especialmente q u a n d o
se trate de partes duras c o m o as raízes.
2. Permitem um d o s e a m e n t o mais exacto,
como se exige, por e x e m p l o , no caso de
plantas p o t e n c i a l m e n t e tóxicas ( d e d a -
leira, rauvólfia) q u e se e m p r e g a m em
doses muito p e q u e n a s ( d e a l g u n s gra-
mas, ou m e s m o de miligramas).
Os xaropes preparam-se
adicionando mel ou açúcar
Formas de administração do pó (de preferência não
O pó medicinal pode-se administrar das plantas, facilitando p o r t a n t o a sua in- refinado) a uma infusão ou
gestão. Tornam-se de grande utilidade decocção mais concentrada
seguintes formas: do que o normal, ou
para administrar às crianças pequenas.
• Em infusão ( p o r e x e m p l o : c a n e l e i r a , também a um sumo de
S e m p r e q u e seja possível, os x a r o p e s de- frutos. Geralmente os
ginseng, lúpulo, sene-da-índia), verten- xaropes preparam-se a
do-se-lhe água q u e n t e p o r cima. vem preparar-sc c o m mel, pois desta ma-
50%, isto é. acrescentando
neira se acrescentam as suas p r o p r i e d a d e s o mesmo peso de açúcar
• Aspirando-o pelo nariz c o m o estei titua-
peitorais e tonificantes às próprias da plan- ou de mel que de infusão
tório (ásaro, betónica) ou c o m o hemos-
ta. Na falta de mel, pode-se usar açúcar es- ou de frutos.
tático contra as hemorragias nasais (fo-
curo. Para a preparação, a mistura deve ser
lhas da videira). Aquecer a mistura facilita a
aquecida em lume b r a n d o . Facilita-se assim dissolução dos açúcares.
• Misturado com mel, c o n s t i t u i n d o u m a a dissolução dos açúcares.
Na página 295 explica-se a
pasta (abrótauo-lêinea, absinto, coen-
A maior parte dos xaropes utiliza-se em preparação do xarope de
tro). cebola, contra a tosse.
caso de afecções respiratórias ( p o r exem-
• Misturado com azeite p a i a aplicação ex- plo: p a p o i l a , c e b o l a , i p e c a c u a n h a , sabu-
terna emoliente (sementes de u r u c u ) . gueiro, violeta). Os q u e se- p r e p a r a m com
frutos têm p r o p r i e d a d e s tonificantes, res-
Xaropes frescantes e vitamínicas ( p o r e x e m p l o os
de bérberis, framboesa, groselha ou silva).
Os xaropes consistem em soluções con-
centradas de açúcares com s u m o s ou ou- Os diabéticos devem abster-se de ingerir
tras partes da planta. T ê m a vantagem de xaropes, devido ao seu forte c o n t e ú d o de
disfarçar o sabor desagradável de muitas açúcar.
61
y/,.
Vantagens e inconvenientes
dos extractos
Os extractos constituem uma forma artificial de preparar as plantas medicinais, com
as suas vantagens e inconvenientes que convém conhecer.
Vantagens: Inconvenientes:
Maior concentração: Com o extracto consegue-se Maior risco de toxicidade: Desde o momento em que
uma maior concentração de certos princípios activos se altera o equilíbrio natural dos componentes de uma
da planta, precisamente os que são solúveis no dis- planta, extraindo ou purificando alguns dos seus prin-
solvente empregado para a extracção. Isto faz que o cípios activos, aumenta o risco de se produzirem efei-
extracto tenha, em geral, uma acção mais potente tos tóxicos. Portanto, as doses de extractos devem ser
que a da planta inteira. cuidadosamente respeitadas. Existem duas razões
Maior disponibilidade: O extracto pode estar dispo- para isso:
nível em qualquer época do ano e em qualquer mo-
1. Maior concentração de determinados componen-
mento do dia, sendo o seu uso tão fácil como tomar
umas gotas. Pelo contrário, preparar um sumo fresco tes (os princípios activos).
ou uma infusão de plantas não está sempre ao nosso 2. A falta de outros componentes que acompanham
alcance. os princípios activos da planta no seu estado natu-
ral, cuja função é precisamente a de compensar ou
diminuir os possíveis efeitos tóxicos dos princípios
activos.
Isto explica, por exemplo, o facto de que as essências
(extractos muito concentrados) tenham de ser usadas
com grande precaução, especialmente quando são in-
geridas, pois podem produzir facilmente intoxicações
(ver pág. 97).
Maior possibilidade de degradação dos princípios
activos: Se o extracto não tiver sido obtido num labo-
ratório especializado e pelos métodos correctos, corre-
-se o risco de destruir certos princípios activos da plan-
ta sensíveis ao calor ou aos dissolventes utilizados.
Presença de dissolventes: O dissolvente que mais
se emprega é o álcool etílico. Os restos dele que po-
dem ficar no extracto representam um inconveniente
para as crianças e para determinadas pessoas a quem
o álcool se torna especialmente nocivo, mesmo em do-
ses pequenas.
''//•
62
A SAÚDE PELAS F L A U T A S M E D I C I N A I S
1 •" Porte: G e n e r a l i d a d e - . V
Linimentos
Os linimentos são u m a mistura
(emulsão) de extractos de plainas medici-
nais com a/.eite e / o u álcool, de fraca con-
sistência, que se aplicam s o b r e a pele
acompanhados de u m a massagem suave.
ÂSsubstâncias activas peneiram nos tecidos
profundos. Os linimentos usam-se sobre-
luclo nas afecções reumáticas e musculares.
Extractos
Os extractos obtêm-se pela acção de um
dissolvente sobre as p a n e s activas da plan-
ta. No fim pode eliminar-se o dissolvente,
ficando unicamente os princípios activos
da planta. Como dissolventes utilizam-se o
álcool etílico, o propilenglicol, o éter, a gli-
cerina, diversos óleos e a água.
Tipos de extractos
O líquido extractivo resultante p o d e con-
centrar-se em diferentes graus, com o q u e
se obtêm diferentes tipos de extractos:
u m a c o r r e n t e de ar a alta t e m p e r a t u r a .
• Extractos líquidos: têm a consistência de Deste m o d o se c o n s e g u e q u e o dissol-
um líquido ligeiramente espesso. vente se evapore de forma rápida e de-
• Extractos fluidos: têm a consistência do sapareça por c o m p l e t o .
mel fresco. São os mais utilizados, devi-
do à sua facilidade de uso e à sua boa
Tinturas
conservação. Nos e x t r a c t o s fluidos, o
peso do produto obtido é o m e s m o q u e As tinturas são soluções alcoólicas com
o da planta seca utilizada para a sua ob- q u e se consegue u m a concentração muito
tenção. alta de certos princípios activos da planta,
• Extractos moles: têm consistência pas- precisamente os q u e são solúveis em álcool.
tosa, s e m e l h a n t e à do mel. ( ' o n t e m Preparam-se d e i x a n d o m a c e r a r a planta,
como máximo 2 0 % de água. bem seca e triturada, em álcool, à tempera-
tura ambiente, d u r a n t e dois ou três dias, ou
• Extractos secos: p o d e m ser reduzidos a até 15 dias c o m o no caso da arnica.
pó. Contém c o m o m á x i m o 5% de água.
A sua vantagem é a g r a n d e c o n c e n - I lá dois motivos pelos quais as tinturas se
Os usos externos são a
tração de princípios activos q u e a p r e - devem usar com grande precaução: forma mais segura de
sentam (I g de extracto seco equivale a aplicar as tinturas.
1. A sua elevada concentração de determi-
5 g d a planta). Ingeridas por via oral,
nados princípios activos. Por isso, não s<- devem ser empregadas com
• Ncbulizados: V. u m a das técnicas mais deve ultrapassar a dose prescrita, q u e muita precaução, dado o
modernas para a o b t e n ç ã o de extractos. n o r m a l m e n t e é de 15 a 25 gotas (de 3 a seu conteúdo alcoólico.
Consisto em atomizar ou vaporizar a so- 7 para as crianças pequenas) dissolvidas
lução extractiva e submetê-la e n t ã o a em água, três vezes ao dia.
G3
Cap. 3: FORMAS DE PREPARAÇÃO E EMPREGO
Formas de emprego
64
k SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 ° Parte: G e n e r a l i d a d e s y
Alecrim
bb
C a p . 3: FORMAS DE P R E P A R A Ç Ã O E E M P R E G O
f/
Os banhos de assento com plantas medicinais são muito recomendáveis para as afecções do ânus e do recto, dos
órgãos urinários inferiores (bexiga e uretra), assim como dos órgãos genitais. Tomam-se tépidos ou frios, excep-
to quando baia espasmos abdominais ou fissura anal, casos em que devem tomar-se quentes.
Reduz-lhes o tamanho
Decocção com 50 g de gálbulos (frutos)
Cipreste 255 Hemorróidas e alivia a dor que
por litro de água produzem
66
A SAÚDE P E U S PLANTAS MEDICINAIS
a
I Parte: G e n e r a l i d a d e s
Os banhos às mãos
(manilúvios) dão resultados
muito bons contra as
A duração de um b a n h o de assento deve Banhos às mãos (manilúvios) frieiras.
ser curta (inferior a 3 minutos) caso se faça
com água fria, e n q u a n t o p o d e c h e g a r aos Ou manilúvios, ou banhos às mãos, apli-
10 minutos se a água for m o r n a ou q u e n t e . cam-se c o m êxito p a r a m e l h o r a r a circu-
Normalmente tomam-se u m o u dois p o r lação s a n g u í n e a nas e x t r e m i d a d e s s u p e -
dia, ou mesmo três. E conveniente renovar riores. Devem tomar-se tépidos ou p o u c o
todas as vezes a água. q u e n t e s . Para fazer d e s a p a r e c e r o eritema
p é r n i o (frieiras) e as mãos frias e arroxea-
Banhos aos pés (pedilúvios) das devidos a espasmos das artérias, reco-
m e n d a m - s e os manilúvios de g i n k g o (ver
Os pedilúvios, ou b a n h o s aos pés, quan- pág.234).
do se t o m a m q u e n t e s , t o r n a m - s e m u i t o
úteis para aliviai - as d o r e s de cabeça, (es-
pecialmente se se juntar à água farinha de Cataplasmas
mostarda), e para m e l h o r a r a circulação
nas pemas (com Tolhas de videira ou de ur- A.s cataplasmas p o d e m preparar-se de di-
tiga-branca, por e x e m p l o ) . Fa/.em-se nor- versas maneiras:
malmente a c r e s c e n t a n d o aos 3 ou 5 litros • Com farinha de sementes (linho, mos-
necessários para o pedilúvio, um litro da tarda, alforva): Amassa-se a farinha com
mesma infusão ou d e c o c ç ã o q u e se reco- água até formar u m a pasta uniforme e
menda tomar pela boca. fluida. Seguidamente aquece-se num re-
67
Cap. 3: fORMAS DE PREPARAÇÃO E EMPREGO
/
As cataplasmas de plantas
medicinais exercem um
grande efeito anti-
-inflamatório sobre a pele e
os tecidos profundos.
68
jh
Fomentaçoes
Técnica de aplicação
1 ^m 4 ^n
a(A ^ ^
r"),^ S, ^5
> ^
1. Preparar um ou dois litros de uma infusão ou decocçao 4.Cobrir estes dois panos com um cobertor de lã, para
da planta adequada. Normalmente convém que seja um conservar o calor. Está provado que a lã é o material que
pouco mais concentrada do que o habitual (de 50 a 100 melhor conserva o calor, mesmo quando está húmida ou
g por litro de água). Também se podem acrescentar, a um molhada. (Foto ©)
ou dois litros de água quente, 5 a 10 gotas de essência
da planta. 5. Passados 3 minutos, quando o pano húmido já começa
2.Quando o líquido descrito estiver bem quente, submer- a arrefecer, volta-se a empapar no líquido quente.
ge-se nele um pano ou toalha de algodão. (Foto O)
6. A aplicação das fomentaçoes deve durar de 15 a 20 mi-
3. Escorrer o pano e aplicá-lo sobre a zona a tratar, prote- nutos. Terminar com uma fricção de água fria sobre a
gendo a pele com outro pano seco. (Foto ©) zona tratada.
-'//•
C a p . 3: FORMAS DE PREPARAÇÃO E EMPREGO
Loções e fricções
As loções e as fricções fazem-se com uma
infusão, decocção, maceração ou sumo,
2. Aplicá-lo sobre a zona de pele afectada, que se estende com uma ligeira massagem
durante um tempo que depende de cada sobre a pele. As fricções aplicam-se da mes-
planta (de 5 a 10 minutos geralmente). ma maneira, geralmente com óleos essen-
ciais (ver pág. 96), e com uma massagem
3. Se a ga/.e ou flanela se secar, voltar a im-
mais enérgica.
pregná-la. É melhor renovar as com-
pressas frequentemente e aplicá-las vá- Podem-se aplicar com a mão ou com um
rias vezes ao dia, em vez de manter a pano suave impregnado no líquido.
mesma durante muito tempo.
Algumas plantas podem tingir a pele Indicações das loções e fricções
quando se aplicam em compressas, espe- As loções têm as seguintes aplicações:
cialmente as que contém taninos (amieiro,
carvalho, nogueira). Uma fricção com • Afecções da pele em geral (por exem-
sumo de limão pode ajudar a restabelecer plo com amor-perfeito, arandos, equi-
a cor normal da pele. nácea, folhas de oliveira, maravilhas, sa-
namunda, saponária, tomilho, tussila-
Indicações das compressas gem ou urtiga).
As compressas usam-se como cicatrizan- • Prurido, ou seja, comichão na pele (bor-
tes e anti-séplicas em feridas e úlceras da ragem, erva-moura, verónica).
pele (agrimónia, alcaçuz, amieiro, avelei-
ra, carvalho, cavalinha, cebola, chagas, cou- • Beleza: eliminação da celulite, embele-
Os banhos de vapor com ve, hera, maravilha, nogueira), para a be- zamento da pele ou emagrecimento
foJhas de tília limpam, leza da pele (hamamélia, morangueiro, ro- (equinácea, gilbarbeira, morangueiro,
suavizam e embelezam a
pele do rosto. seira, tília), para os olhos (camomila, fi- roseira).
dalguinhos), ou como analgésicas e cal-
mantes (lúpulo, visco-branco). • Reumatismo (alfazema, loureiro).
• Afugentar os mosquitos (absinto).
Fomentações
B a n h o s d e vapor c o m plantas
As fomentações aplicam-se como as
compressas, mas com 0 líquido à tempe- Os banhos de vapor com plantas apli-
ratura máxima que a pele possa suportar. cam-se sobre a cabeça, o tórax ou até sobre
Colocam-se mais dois panos, além daque- o corpo todo.
70
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
71
Cap. 3: FORMAS DE PREPARAÇÃO E EMPREGO
Colírios
Os colírios são líquidos utilizados para
tratar as afecções dos olhos ou das pálpe-
bras.
Devem ser pouco concentrados, não
irritantes, e aplicados a uma temperatura
morna. Recomenda-se fa/.ê-los com in-
fusões preparadas com água previamente
fervida, ou com decocções, para conseguir
uma maior esterilidade. São muito utiliza-
dos os colírios de agripalma, camomila,
eufrásia, lidalguinhos ou folhas de videi-
ra.
Lavagens o c u l a r e s
Ás lavagens oculares (aos olhos) fazem-
-se empapando uma compressa na de-
cocção de uma planta, e deixando escor-
rer suavemente o líquido do lado da fon-
te para o do nariz (de fora para dentro).
A semelhança do que acontece com os
colírios, é preferível fazer as lavagens ocu-
lares com infusões para as quais se tenha
fervido previamente a água, ou com de-
cocções, para que o líquido que entra em
contacto com o olho esteja estéril. Omco
minutos de fervura é suficiente para con-
seguir uma esterilidade adequada
72
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
~'S/
74
Ah*
Casos
práticos 1. Procurar a causa dos transtornos
João é um homem robusto de 55 anos, que nunca ti-
nha sofrido de transtornos importantes. Desde há mais
de um ano perdeu o apetite; e certos alimentos, como
por exemplo a carne, provocam-lhe repulsa e até mes-
mo náuseas.
Automedica-se com umas plantas que lhe recomen-
daram uns vizinhos da aldeia, muito eficazes -segun-
do garantem- para abrir o apetite. Nos primeiros me-
ses conseguiu alguns resultados, mas ultimamente,
embora não sinta dores, o apetite não melhora, ema-
O uso adequado das pjantas medicinais, j u n t a m e n t e greceu, e finalmente decide-se a ir ao médico.
com outros hábitos de vida sá, pode impedir que as Um exame endoscópico ao estômago mostra que a
debilidades do nosso organismo evoluam até se trans-
causa da sua inapetência (fastio) é um cancro no estô-
formar em doenças declaradas.
mago. O tumor já se encontra demasiado adiantado
para se poder prognosticar um bom resultado cirúrgico
Este é um caso típico de cancro do estômago. Se João
tivesse procurado a causa do seu sintoma no princi-
pio, logo que este apareceu, o prognóstico da sua
doença teria sido muito mais favorável.
75
PRINCÍPIOS ACTIVOS
UMÁRIO DO CAPÍTULO
0 laboratório vegetal
Ácidos orgânicos 92 As plantas são uns laboratórios bioquí-
Açúcares 78 micos extraordinários. A partir de substân-
Alcalóides 84 cias tão simples como a água (I I.-O) da ter-
Amido 78 ra e 0 anidrido carbónico do ar (CO2), são
Antibióticos 87 capazes de produzir amido (hidrato de car-
Cálcio 83 bono ou glfcido), devolvendo além disso
Celulose 79 oxigénio (()-•) ao ar.
Essências 90 Esta reacção química, conhecida como
Fécula, ver Amido 78 Fotossíntese, é processada graças à clorofi-
Ferro 83 la contida nas lollias das plantas, que (ap-
Flavtnióidcs, ver Glkósidos Jlavonóides 88 ta a energia do Sol e a transforma cm ener-
Fósforo 83 gia química.
Glícidos 78
Glkósidos 85 Fará sermos mais exactos, esla reacção
Gorduras 80 química indica-nos que, com seis molécu-
Hidratos de carbono 78 las de água e outras tantas de anidrido car-
Inulina 80 bónico, se produz uma de glicose e seis de
lodo 84
oxigénio (ver quadro da página contígua).
Lípidos 80 Numa segunda fase, as moléculas de gli-
Magnésio 83 cose polimeri/.am-se (unem-se entre si)
Minerais 83 para formar amido e celulose, que são as
As plantas são capazes de Mucilagens 79 substâncias mais abundantes do reino ve-
produzir uma ampla getal. Ambas têm a mesma fórmula quími-
Óleos 80
variedade de princípios ca, e diferem unicamente pela forma como
activos, a partir de Óleos essenciais, ver Essências 90
substâncias tão simples Oligoelementos 84 estão unidas as moléculas de glicose que as
como o vapor de água e o Pectina 79 constituem.
anidrido carbónico do ar, e Potássio 84 A partir da glicose e do amido produzi-
do azoto e outros Proteínas 81
elementos minerais.
dos nas lollias, combinando-os com os sais
Resinas 90 minerais que absorvem pela raiz, as plan-
Rutina, ver Glkósidos Jlavonóides . , . 88 tas sintetizam lípidos (gorduras), essências,
Saponinas ver Glkósidos saponínkos . 88 glicósidos, taninos, vitaminas e outros prin-
Silício 84 cípios activos. As proteínas e os alcalóides
Taninos 93 produ/em-se na raiz, a partir dos nitratos
Vitaminas 81 do solo, de onde são transportados para o
resto da planta por meio dos vasos condu-
tores do caule e das suas ramificações.
Dista forma as plantas sintetizam uma
grande variedade de substâncias químicas.
Até agora já se identificaram cerca de
12 000 diferentes, e, com toda a certeza,
ainda restam muitas por descobrir e anali-
76
Fotossíntese
A base química da vida na Terr
'''/
n
Cap. 4: PRINCÍPIOS ACTIVOS
Amido
Os hidratos de carbono, conhecidos tam-
bém como glícidos, são substâncias com- O amido é o glícido (hidrato de carbo-
postas de hidrogénio, oxigénio e carbono. no) mais representativo dos que são pro-
São muito abundantes nos vegetais, que os duzidos pelas plantas, A sua molécula é um
produzem por meio da fotossíntese. polímero, formada pela união em cadeia
de numerosas moléculas de glicose. As suas
Para uma melhor compreensão descre-
propriedades são:
vemos separadamente os tipos de glícidos
ou hidratos de carbono mais importantes • Energética: As enzimas digestivas rom-
que se acham presentes nas plantas: açú- pem as moléculas de amido, libertando
cares, amido, celulose, mucilagens, pecti- a glicose, que é o combustível (energia)
na e inulina. mais importante para as nossas células.
• Emoliente: Tem acção suavi/anic e anti-
Açúcares -inflamatória sobre a pele e as mucosas.
()s açúcares são glícidos (hidratos de car- A maior parte das plantas produz amido
bono) simples, solúveis cm água e de sabor como substância de reserva nas raízes e nas
doce. Os mais comuns são a glicose c a fru- sementes. As mais ricas em amido, dentre
70
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S
1" P a r t e : G e n e r .1 I 1 cl B O e s
Celulose
A celulose 0 u m a fibra vegetal insolúvel.
É o hidrato de c a r b o n o mais a b u n d a n t e
nos vegetais. Kmbora o nosso o r g a n i s m o
não seja capa/ de assimilá-lo (o dos rumi-
nantes sim), d e s e m p e n h a uma i m p o r t a n t e
função mecânica no intestino: a de facili-
tar o avanço das fezes e evitar a prisão de
ventre.
Mucilagens
As mucilagens são derivados dos glícidos
cie consistência gelatinosa, q u e têm a pro-
priedade de reler água (efeito hidrófilo),
pelo que incham e a u m e n t a m de volume.
As mucilagens têm as seguintes acções:
• Lubrificam e protegem a c a m a d a m u -
cosa de t o d o o t u b o digestivo, q u e re-
O amor-perfeito-bravo
veste o seu interior desde a boca até ao (Viola tricolor L.) contém
ânus. Actuam l o c a l m e n t e , sem ser ab- mucilagens e saponinas,
sorvidas para o s a n g u e . Protegem tanto de q u e se administrem tanto nas colites que lhe conferem
da irritação m e c â n i c a p r o d u z i d a p e l o (efeito anti-inflamatório) c o m o na pri- propriedades suavizantes,
são de ventre. anti-inflamatórias e
movimento do bolo alimentar, ou das fe-
cicatrizantes. As loções e
zes, como da irritação química produzi- • Emolientes e anti-inflamatórias, aplica- lavagens com a sua infusão
da pelos sucos digestivos (especialmen- combatem eficazmente a
das sobre a pele.
te os ácidos) e pelas fermentações intes- secura, as estrias e as rugas
tinais. A isso se deve o seu efeito emo- • Antilússicas: Sobre o a p a r e l h o respira- da pele, pelo que é muito
tório, suavizam as mucosas irritadas em apreciado como cosmético.
liente (suavizante), anti-infiamatoiio e
ligeiramente laxante. Tornam-se úteis caso de laringite ou traquefte, acalman-
em todas as afecções inflamatórias do do a tosse.
aparelho digestivo: esofagite, gastrite, úl-
Os vegetais com maior c o n t e ú d o em mu-
cera gastroduodenal, gasti enterite, coli-
cilagens são: allóiva. alga-peilada, alteia,
te, proctite ( i n f l a m a ç ã o d o recto), fissu-
amor-perfeito-bravo, b o r r a g e m , couve-, li-
ras anais e hemorróidas.
n h o , líquen-da-islândia, malva, polipódio,
• Obesidade: Se se t o m a r e m mucilagens salguei ri n h a . sul irião-n incho ( o r q u í d e a ) ,
com água, fazem a u m e n t a r o volume do t a n c h a g e m , tussilagem e zaragatou.
bolo alimentar no estômago, produzin-
do sensação de s a c i e d a d e . Daí q u e se
Pectina
usem para combater a obesidade-. No in-
testino, a u m e n t a m o volume- das fezes, A pectina é um glícido (hidrato de- car-
com o que facilitam o seu trânsito e ex- b o n o ) epie n ã o é absorvido no intestino
pulsão em caso de prisão de- ventre- cró- mas actua localmente c o m o lubrificante e
nica. Isto explica o a p a r e n t e p a r a d o x o suavizante paia a passagem das fezes, â se-
79
Cap. 4: ICIPIOS ACTIVOS
Inulina Óleos
A inulina é um glícido formado por ca- Os óleos são substâncias gordas líquidas
deias de moléculas de frutose, em vez de â temperatura ambiente, que se extraem
glicose como o amido. C.hama-se assim por por pressão a frio e decantação (também
ter sido descoberta na raiz da énula (Inala por meio de dissolventes e outros proces-
helenium L.). Encontra-se sobretudo nas ra- sos industriais), dos frutos e das sementes
ízes como material de reserva (alcachofra, das plantas.
bardana, carlina, chicória, consolda-maior,
São compostos por esteies da glicerina
denlc-de-lcão. énula, equinácea e petasi-
com ácidos gordos mono ou polinsatura-
te).
dos e, ao contrário das gorduras animais,
A inulina transfoi ina-se em frutose (açú- apresentam a propriedade de reduz-ir o co-
car da fruta) durante a digestão. Este açú- lesterol no sangue.
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 •' Parte: G e n e r a l i d a d e s
Proteínas
A luzerna (Medicago sativa
Todas as plantas produzem e contêm L.J é muito rica em
proteínas em maior ou menor proporção. proteínas de grande valor
São substâncias complexas, cujas molécu- te (também rico em lípidos ou gorduras), biológico, além de conter
vitaminas, minerais e
las são formadas por cadeias de aminoáci- as alfarrobas, a alforva, a aveia, as avelãs, a enzimas.
dos. Contêm hidrogénio, oxigénio, carbo- bodelha (alga), o cacau, as castanhas, o
no e nitrogénio (a/.olo). milho.
Algumas proteínas são de grande valor
biológico, devido ao seu conteúdo em ami-
noácidos essenciais, islo é, aqueles que o
organismo humano não pode produzir. Es- Vitaminas
tas proteínas de grande valor biológico, im-
prescindíveis na dieta {los seres humanos,
encontram-sc não só nos alimentos ani- As vitaminas são substâncias de natureza
mais mas também em muitos dos vegetais. química muito variada que têm em comum
Assim, por exemplo, a alga espirulina, o o seguinte:
gergelim, a luzerna e as nozes, são espe-
• Actuam como biocatalizadores de nu-
cialmente ricos em proteínas de grande va-
merosas reacções químicas, pelo que se
lor nutritivo.
tornam imprescindíveis para a vida. Um
Outras plantas, tratadas nesta obra, de biocatalizador é um catalizador orgâni-
elevado conteúdo proieínico são: o abaca- co, li um catalizador, em química, é
81
Cap 4: PRINCÍPIOS ACTIVOS
Vitamina Bi2
A vitamina B12 é produzida por certas
bactérias, seres vivos que fazem parle do
reino vegetal. Os mamíferos superiores, es-
pecialmente os herbívoros, obtêm a vita-
mina B12 das plantas que ingerem, que ha-
bitualmente se acham contaminadas por
bactérias produtoras de Biv. Os animais ar-
mazenam esta vitamina nos seus tecidos,
especialmente no ligado. O leite e os ovos
também contêm vitamina B12. Portanto, a
fonte primária da vitamina B12 são deter-
minadas bactérias que a produzem, e que,
apesar de serem microscópicas, também
são vegetais.
Os seres humanos não têm a mesma ca-
Cada tipo de vitamina
exerce uma função
pacidade que têm os animais, de absorver
preventiva e benéfica sobre todo o produto que, sem chegar a fazer a vitamina Br.» que se encontra nas bacté-
o nosso organismo. Os parle dos produtos finais da reacção, rias que contaminara os vegetais; ou então,
frutos das plantas torna possível que esta se produza, ou a possivelmente, os vegetais que ingerimos,
constituem uma boa fonte acelera. por estarem mais limpos, não contêm tan-
de vitaminas. A goiaba tas bactérias como aqueles que os animais
(Psidium guajaba' L.J é • Não podem ser produzidas pelo nosso
muito rica em vitaminas A, organismo, pelo que têm de ser ingeri- ingerem. O facto é que os humanos que se-
B e sobretudo C, o que das com regularidade. guem uma dieta estritamente vegetariana
explica o seu efeito podem sofrer deficiências de vitamina B12,
tonificante sobre o Os vegetais são a fonte mais importanle- se bem que isto aconteça com menor fre-
organismo. de vitaminas para o nosso organismo, ex- quência do que seria de esperar. A alimen-
cepto da D, que é sintetizada na nossa pele tação vegetariana complementada com
por acção dos raios solares. ovos e leite proporciona as pessoas saudá-
veis uma quantidade suficiente de Bw.
Damos seguidamente uma relação das
principais vitaminas e das plantas analisa- A alga espirulina (ver pág. 27(3) é uma
das nesta obra que são ricas em cada uma das fontes mais ricas de vitamina Bi2 que se
dessas vitaminas: conhecem; mas não porque a dita alga a
produza; antes porque habitualmente está
Provitamina A (caroteno) contaminada por umas bactérias muito ri-
cas na dita vitamina.
Contêm provitamina A numa percenta-
gem elevada: agriões, cacau, cenouras, ce-
rejas, framboesas, sementes de girassol, Vitamina C
goiabas, luzerna, maçãs, papaias. Beldroegas, cocleária, couve, framboe-
sas, goiabas, laranjas, limões, rosa-caniua,
Vitaminas do grupo B sorvas, são boas fontes naturais de vitami-
na c.
Abacate, aipo, aveia, cacau, cerejas, den-
te-de-leão, espirulina, gergelim, ginseng,
sementes de girassol, morangos, moi ugem, Vitamina E
nozes, são plantas ricas em vitaminas do Agriões, espirulina, girassol, milho, ger-
complexo B. gelim, são plantas ricas em vitamina K.
82
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S _
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
Vitamina P
Espargos, gilbarbeira, laranjas, lu/.erna,
c a/guinas outras plainas q u e se analisam
nesta obra, são boas fontes cie vitamina P.
A vitamina P t a m b é m se c h a m a rutina (ver
pág.88).
Minerais
Cálcio
O cálcio é indispensável para a formação
dos ossos. Intervém nas funções do coração
e do sistema n e r v o s o . Encontra-se espe-
cialmente nas s e g u i n t e s plantas: aljôfar,
aveia, borragem, cebolas, gergelim, goia-
bas, luzerna, maçãs, nozes, pulmonária, ur-
liga-maior.
83
/ Cap. 4: PRINCÍPIOS ACTIVOS
V
Iodo
O iodo é imprescindível para o desen-
volvimento do sistema nervoso e para o
funcionamento da glândula tiróide. En-
contra-se no agrião, na alga-perlada, na b<>-
delha e na laminaria.
Oligoelementos
Os oligoelementos são minerais (enxo-
A cavalinha ('Equisetum
arvense' L.j é uma das
fre, cobre, /.inço, manganésio, etc), que se
plantas mais ricas em encontram nas plantas, e também no nos-
oligoelementos minerais, so organismo, em pequeníssimas quanti-
especialmente em silício. A dades (oligo = pouco em grego). Contudo,
isto se deve o seu efeito cumprem importantes funções metabóli-
regenerador sobre os cas. Geralmente actuam como biocataliza-
tecidos. O seu uso, t a n t o
por via interna como
dores de determinadas reacções químicas
externa, aumenta a pureza nos seres vivos.
da pele e fortalece as unhas Todas as plantas contêm quantidades
e o cabelo.
mais ou menos importantes destes ele-
mentos, que retiram do solo. As plantas sil-
vestres, que crescem em terrenos não cul-
tivados, costumam ser mais ricas em oligo-
elementos do que as cultivadas. Os terre-
nos de cultura intensiva empobrecem com
o tempo em tais elementos, especialmente
quando se usam adubos minerais inorgâ-
nicos, que contem apenas determinados
minerais e não toda a gama de oligoele-
mentos.
Alcalóides
las, cenouras, cerejas, grama, limões, or-
lossilão, parielária, uvas. Os alcalóides são substâncias azotadas
muito complexas, de reacção alcalina, e
Silício que mesmo em pequenas doses produzem
O silício contribui para a elasticidade e grandes efeitos sobre todo o organismo.
beleza da pele, assim como para a força do São substâncias muito activas, que po-
cabelo e das unhas. Torna-se muito reco- dem resolver doenças graves, mas que tam-
mendável na artrose e na osteoporose. En- bém podem intoxicar se não se usarem
contra-se sobretudo na cavalinha, e tam- correctamente. É o caso da colquicina do
bém no aljôfar, na borragem, no cardo- cólquico ou açafrão-bastardo (pág. 666),
M
A SAUCE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
Pervincd
85
Cap. 4: PRINCÍPIOS ACTIVOS
*/
Cebola j z a k
8G
A SAÚOE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 • Parte: G e n e r a l i d a d e s
Antibióticos nas PK
plantas
• •
"
Os antibióticos são substâncias químicas produzidas por seres vivos, ge-
ralmente vegetais, que são capazes de destruir ou de deter o crescimento
Este processo tem lugar no intestino gros- de outros seres vivos como bactérias, vírus e outros microrganismo. Luís
so, pelo que a sua acção laxante ou purga- Pasteur, o grande biólogo francês do século XIX, já previu que «a vida pode
tiva se manifesta a partir de seis horas após destruirá vida», embora naquela época não se tivessem ainda descoberto
terem sido ingeridos. os antibióticos.
Têm as seguintes acções: A maior parte dos antibióticos que se usam em terapêutica procedem de
vegetais inferiores, como as bactérias ou os fungos. Não obstante, as plan-
• Laxante ou p u r g a n t e ( c o n f o r m e a tas superiores também produzem antibióticos, ainda que em quantidades
dose). Efeito seguro e p o t e n t e . Actuam muito pequenas. Estes têm uma estrutura química mais complexa que a dos
estimulando OS movimentos pcrisláhicos produzidos pelos vegetais inferiores, e nalguns casos é pouco conhecida.
do intestino grosso e d i m i n u i n d o a ab- Tudo isto dificulta o seu isolamento, a sua dosagem e utilização clínica. Tal-
sorção de água. C o m o resultado, as te- vez por isso, os antibióticos produzidos pelas plantas superiores são pou-
zes passam mais r a p i d a m e n t e e são me- co conhecidos e utilizados. A investigação química e farmacêutica está a
nos secas. desenvolver-se neste campo, e são de esperar interessantes progressos
num futuro próximo.
• Digestiva, colcrética e colagoga.
Km geral desaconselha-se o seu uso pelas
grávidas, d u r a n t e a m e n s t r u a ç ã o , em caso
de cólicas, ou q u a n d o se sofra de h e m o r -
Glicósidos cianogenéticos
róidas (ver pág. 99).
As plantas mais ricas em glicósidos an-
A genina dos glicósidos cianogenéticos é
traquinónicos são: aloés, amieiro-negro, ca-
o ácido cianídrico, substância m u i t o tóxi-
nafísiula. cáscara-sagrada, espinheiro-cer-
ca, q u e p o d e libertar-se m e d i a n t e a masti-
val, granza, ruibarbo e sene-da-índia.
gação, c o m o a c o n t e c e c o m a s a m ê n d o a s
amargas, as s e m e n t e s das ameixas e de ou- _ s ,..._,
. T , - • i r» - ° glicósidos contidos na
Glicósidos cardiotónicos trás plantas da cfamília botânica das Rosa- d e d a f e i r a r D igitalis
ceas. Em doses altas p o d e provocar intOXl- purpúrea' L.l exercem um
A genina dos glicósidos cardiotónicos é cações. notável efeito sobre o
formada por um núcleo ciclopentano-per- coração, aumentando a
hidiofenanti e n o , q u i m i c a m e n t e s e m e - força das suas contracções.
lhante aos sais biliares, ao colesterol, às
hormonas sexuais e a outras substâncias de
grande actividade biológica. O a ç ú c a r
constituinte é a glicose, a galactose ou di-
versas pen toses.
A sua acção consiste em a u m e n t a r a
força contráctil do coração, e em regular o
seu ritmo. As suas substâncias são m u i t o
potentes, com r e s u l t a d o s e s p e c t a c u l a r e s
em muitas afecções do coração. Dcvcm-sc
dosear e administrar com prudência, e sem-
pre sob vigilância médica.
A planta mais usada pelos seus glicósidos
cardiotónicos é a dedaleira, insubstituível
no tratamento de muitos d o e n t e s . O u t r a s
são: adónis-da-itália, asclépia, cacto-gran-
difloro, ceboia-albarra, gracíola e lírio-dos-
-vales.
87
C a p . 4 : P R I N C Í P I O S ACTIVOS
V
Glicósidos flavonóides
88
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
1
89
//,
Procedimentos para
a obtenção das essências
• Destilação: Faz-se por meio de um dispositivo cha- floral também se encontram presentes pequenas quan-
mado alambique. Aquece-se a água que existe no fundo tidades de óleos essenciais em suspensão. As águas
do alambique até à ebulição. Os princípios voláteis das florais usam-se principalmente em perfumaria, embo-
plantas colocadas sobre a água são arrastados pelo va- ra na actualidade se comecem já a investigar as suas
por. Estes vapores, que contêm os óleos essenciais da aplicações medicinais.
planta, passam a um círculo refrigerante, onde arrefe-
cem e se condensam, formando o líquido destilado. Uma • Pressão: Este método consiste na aplicação de
vez terminado o processo, deixando-se repousar o líqui- pressão sobre as partes activas da planta, até se extrair
do destilado, ficam separadas por decantação duas a essência. Emprega-se especialmente para obter as
fracções deste mesmo líquido: essências contidas na casca dos citrinos (laranja, limão
e mandarina).
-o óleo essencial (essência), que fica por cima flu-
tuando, por ser de menor densidade e insolúvel na • Extracção com dissolventes: Consiste na dissolução
água, e dos princípios aromáticos das plantas num dissolvente
-a água floral (hidrossol), formada pelo vapor de água volátil, que posteriormente se evapora deixando um re-
condensado juntamente com as substâncias hidrosso- síduo seco muito aromático chamado essência abso-
lúveis da planta que foram arrastadas por ele. Na água luta.
Vapor arrastando a
essência
Saída da água
refrigerante
Saída da
água floral
(hidrossol)
'ss
91
Cap. 4: PRINCÍPIOS ACTIVOS
r/
Ácidos orgânicos
Á c i d o s cítrico, m á l i c o e tartárico
Qs ácidos cítrico, málico c tartárico são
muito abundantes nos frutos e nas bagas,
embora a sua concentração vá diminuindo
á medida que amadurecem. Aumentam a
produção de saliva e limpam a cavidade bu-
cal, produzindo sensação de frescura (efei-
to refrescante) e diminuindo o número de
bactérias causadoras das cáries e das in-
fecções da boca.
Aumentam também a produção de sucos
gástricos, pelo que têm efeito aperitivo.
Além disso, são ligeiramente laxantes e
diuréticos.
Os sumos de fruta são
muito ricos em ácidos
orgânicos, além de Á c i d o salicílico
conterem açúcares, sais
minerais e vitaminas. uma essência: o resíduo viscoso que fica, é O ácido salicílico é um ácido de tipo fe-
a resina. A. composição química das resinas nólico que tem três acções principais: anti-
c uma mistura muito complexa de: glíci- -inflamatória, analgésica (acalma a dor) e
dos, ácidos orgânicos, essências terpénicas, antipirética (faz baixar a febre). Usa-se
álcoois, ésteres, etc. com notável êxito em diversas afecções reu-
São muitas as plantas que produzem re- máticas.
sina, mas só algumas delas se usam para
fins medicinais. As propriedades das resi- O ácido salicílico encontra-se em estado
nas são muito variadas: natural em valias plantas (ver tabela tia pá-
gina seguinte). A partir dele obtem-se um
• Purgantes, como a resina de podoíllo, derivado, o ácido acetilsalicílico (a popu-
que lambem se usa externamente con- lar aspirina), que. a indústria farmacêutica
tra as verrugas. conseguiu produzir por processos de sín-
• Anti-sépticas urinárias, como, por exem- tese química sem necessitar do ácido sali-
plo, a da copaíba. cílico natural.
• Antiespasmóclicas, como a da assa-fétida. A aspirina tem as mesmas propriedades
• Rubefacientes e anti-reumáticas: a do que o ácido salicílico natural, mas mais in-
pinheiro (a sua resina chama-se colofó- tensas, pelo que podem produzir com mais
nia), a do abeto e a do guaiaco. facilidade efeitos secundários indesejáveis.
92
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S
1"* P a r t e : G e n e r a l i d a d e s V.,
93
Aromate
O emprego terapêutico dos óleos essenciais (essências
'''/
'.)•!
//s<
1. Difusão atmosférica
É a forma mais importante de aproveitar as propriedades
curativas dos óleos essenciais. Estes podem passar para
o ar mediante vários procedimentos:
• Por simples evaporação, colocando umas gotas sobre
as costas da mão ou em cima de uma fonte de calor
como, por exemplo, um radiador, e aspirando o aroma.
Também se pode impregnar um lenço de assoar, ou mes-
mo a almofada da cama, com umas gotas de essência.
• Por meio de um difusor eléctrico: pequeno aparelho
que, mediante um mecanismo vibratório, produz uma va-
porização do óleo essencial contido no seu interior. Tem
a vantagem de funcionar a frio, pelo que a essência se
vaporiza sem sofrer os efeitos indesejáveis do calor. Dez
ou quinze minutos de funcionamento do difusor eléctrico
são suficientes para encher o ar de um compartimento
com micropartículas de essência vaporizada.
Antes de passar aos pulmões, os óleos essenciais estimu-
lam primeiramente o sentido do olfacto, de onde exercem
a sua influência sobre todo o sistema nervoso.
Provou-se que depois de se ter respirado durante alguns
minutos num ambiente carregado de óleos essenciais, es-
tes já se encontram no sangue e, pouco tempo depois, po-
dem detectar-se também na urina. Embora as quantidades
de essência absorvidas pelo organismo sejam muito pe-
quenas, tomam-se suficientes para exercer notáveis efei-
tos fisiológicos e terapêuticos
Em geral, recomenda-se aspirar a essência uma hora de
manhã e outra à tarde.
O simples facto de aspirar o aroma de uma fJor
(continua na página seguinte) afecta o equilíbrio hormonal, o sistema nervoso,
o aparelho respiratório e, inclusive, o nosso esta-
do de espirito.
Os óleos essenciais
obtêm-se principalmente
por meio de alambiques
destiladores como este
que se vê na fotografia,
pertencente ao Museu
dos Aromas e do
Perfume (La Chevèche
de Graveson-en-
Provence, França).
A produção de uma boa
essência exige certa dose
de arte e de paciência.
De cem quilos de foJhas
de eucalipto, por
exemplo, obtêm-se uns
dois litros de óleo
essencial.
Aromaterapia 121
I ie o seu próprio ambiente
com as essências
'''S
96
y*.
Além de proporcionar uma
agradável sensação de
bem-estar, a inalação de
essências (aromaterapia)
pode exercer notáveis
acções medicinais:
restabelecimento do sono
em caso de insónia,
equilíbrio do sistema
nervoso quando haja
esgotamento ou depressão,
aumento da capacidade
respiratória e normalização
da tensão arterial, entre
outras.
3. Banhos com
essências
Os óleos essenciais menciona-
dos nos tratamentos anteriores
também podem juntar-se à
água do banho (ver pág. 65).
Usam-se de 3 a 10 gotas por
banheira.
As essências também se adi-
cionam à água dos banhos de
vapor {ver pág. 71). Neste caso
bastam 2-3 gotas.
97
PRECAUÇÕES E
TOXICIDADE DAS PLANTAS
~w ^ mbora a maior parce das plantas
SUMÁRIO DO CAPÍTULO m J medicinais se possa usar sem
J È * qualquer risco, existem alguns ca-
-JL J sos muito concretos, em que cer-
tas plainas podem produzir eleitos indese-
Bócio hipotiróide 100 jáveis. Falando em termos farmacológicos,
Cardiovasculares, afecções 99 poderíamos dizer rpie algumas plantas
Colite 99 apresentam conli a-indi< ações; ou seja, que
Coração, doenças 100 não se recomenda o seu uso em determi-
Debilidade 100 nadas situações.
Digestivas, afecções 98
Estômago 98 Contudo, assinale-se que, ao contrário
Fígado, afecções do 99 do que acontece com alguns fármacos, as
Gastrite 98 contra-indicações do uso das plantas não
Gravidez 102 são absolutas e formais, mas apenas relati-
Hemorróidas 99 vas. O facto de não serem tomadas cm con-
O café é uma das plantas sideração não produz, geralmente, trans-
tóxicas mais usadas no Hiperteiisào arterial 99
m u n d o . Contém cafeína, Infância 102 tornos graves. Passamos a citar algumas si-
um alcalóide que gera Intestinal, oclusão 99 tuações ou doenças em que convém evitar
dependência. Lactação 102 o uso de certas plantas, ou pelo menos u.sá-
No seu estado natural, tal Menstruação 101 -las com precaução.
como os mostra a Nefrite 100
fotografia, os grãos de café Nervosismo 100
náo se tornam tão tóxicos
Oclusão intestinal 99
como torrados. Durante o
processo da torrefacção, Próstata, adenoma da 100 Precauções nas
produzem-se substâncias
irritantes para o aparelho
Urinárias, afecções
Urogenitais, afecções
100
100
afecções digestivas
digestivo, as vias urinárias e
o pâncreas.
Gastrite
Em caso de gastrite, é necessário evitai as
plantas que causem irritação sobre o esió-
mago, por terem sabor forte ou picante, es-
pecialmente: cravinho, felo-macho, gengi-
bre, mostarda-negra, pimentão picante e
pimenta.
Ulcera g a s t r o d u o d e n a l
E necessário evitar, especialmente na fase
aguda da doença ulcerosa gastroduodenal,
as plantas que provocam aumento da se-
creção de sucos gástricos (as especiarias
em geral, as plantas amargas e as aperiti-
vas). 1'". bem sabido que o ácido clorídrico
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 * Porte: G e II e r o I i d o O
Colite
Sempre que haja inflamação do intesti-
no grosso (cólon), manifestada por gases,
fermentações e diarreias (entre outros sin-
tomas), são contia-indicados:
• Os purgantes em geral, e especialmente
a jalapa, o rícino, <» ruibarbo e o sene-da-
As sementes do rícino sào
-índia. muito venenosas, pois a
• O café, pela acção irritante da sua essên- ingestão de três delas pode
cia. provocar a morte a uma
criança. No entanto, o óleo
tite, cirrose e hepaiopatias (doenças do li- que se obtém das mesmas
gado) em geral, devido à acção dos seus al- sementes é um purgante
Oclusão intestinal calóides. seguro e eficiente.
Km caso de oclusão intestinal são for-
malmente conira-indicados todos os pur-
gantes, tanto os elaborados ã base de plan-
tas medicinais como os de síntese quími-
ca. Precauções nas afecções
cardiovasculares
Hemorróidas
Quando se sofre de hemorróidas não se
devem ingerir os purgantes com glicósidos
antraquinónicos, que provocam congestão
de sangue na pelve, e portanto fazem au- Hipertensão arterial
mentaras hemorróidas. Especialmente alo-
és, cáscara-sagrada, amieiro-negro e rui- A bolsa-de-paslor, o caie. <» inale, a pi-
barbo. Os picantes como a pimenta ou a m e n t a e o chã. p o d e m a u m e n t a r a tensão
mostarda também são contra-indicados, jã arterial. As avelãs também têm um ligeiro
que irritam a mucosa anal, à saída com as eleito hipertensor. O alcaçuz retém líqui-
fezes. dos nos tecidos, se for tomado durante
muito t e m p o de forma continuada, e tam-
b é m p o d e a u m e n t a r a pressão arterial.
Afecções do fígado I .ogo, lodos os que sofram de hipertensão
A tasneirinha, usada como emenagogo, devem abster-.se de consumir estas plantas
mrna-se < onti.i-indic ada em «aso de hepa- ou os seus derivados.
9'J
C a p . 5: P A E C A U C Ó E S E T O X I C I D A D E DAS P L A N T A S
V.
Debilidade
Precauções em afecções Nos casos de debilidade são contra-indi-
cadas a casca da romãzeira e o rizoma do
urogenitais feto-macho.
Nervosismo
N e frite
As plantas ricas em essências (especial-
As bagas do zimbro e OS caules do espar- mente eucalipto e salva) produzem irrita-
go são contra-indicados no caso de infla- bilidade nervosa quando se ultrapasse a
mação dos rins (nefrite, glomerulonefrite, dose terapêutica. Daí que se desaconselhe
pielonefrite), porque o seu efeito diurético o seu uso por pessoas nervosas ou irritáveis.
100
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I
V
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
s/,.
Plantas abortivas
Atenção: Nenhuma das plantas que cita-
mos como possuidoras de efeito abortivo
são adequadas para provocar um aborto.
Existe um velho aforismo atribuído a Hi-
pócrates, que adverte: "Não existem abor-
tivos, o que há são tóxicos para a mãe e
para o feto."
Para provocar um aborto com qualquer
destas plantas é necessária uma dose tão
elevada que, com toda a certeza, produzi-
rá uma intoxicação da mãe, com graves
efeitos indesejáveis: cólicas intestinais,
vómitos, excitação nervosa, convulsões,
etc. Tem havido casos de mulheres grávi-
das que morreram quando tentavam pro-
vocar em si mesmas um aborto com plan-
tas.
Quando indicamos "risco de aborto" na ta-
bela das plantas (pág. 100), não queremos
dizer que se trate de uma planta abortiva
em termos absolutos, mas que aumenta o
risco de sofrer um aborto em mulheres já
predispostas a ele por alguma razão, seja
ou não conhecida.
W
'V
Menstruação
As doses elevadas de alho, cru ou em ex-
A.s plantas que contêm glicósidos antra- tractos, podem aumentar notavelmente as
quinóniros, de acção purgativa, produzem hemorragias menstruais, pela sua acção
unia congestão do sangue nos órgãos pél- fluídificante do sangue (ver pág. 230).
101
C a p . 5: PRECAUÇÕES E TOXICIDADE DAS PLANTAS
Precauções relacionadas
com a infância
Lactação
Ilá certas plantas q u e as mulheres que
a m a m e n t a m d e v e m evitar, ciado que <»s
seus princípios activos:
As crianças, assim como as • Passam para o leite e p o d e m prejudicar
grávidas, devem ser muito
prudentes no uso de o b e b é : absinto, buxo. café, mate, casca-
qualquer planta ou va-sagv«\d<\, amieivo-negro e, em geral,
medicamento. Iodas as plantas perigosas cm doses ele-
Gravidez vadas, ou seja q u e são potencialmente
tóxicas (ver pág. 104).
D u r a n t e :i gestação são contra-indiçadas • Passam para o leite e. ainda que não se-
cm geral iodas as plantas medicinais tóxi- jam tóxicos, lhe c o m u n i c a m um sabor
cas (ver pág. 103), pelo risco de provoca- amargo: artemísia, genciana c. em geral,
rem malformações no feto ou um a b o r t o . iodas as plantas amargas.
• Diminuem a p r o d u ç ã o de leite: amieiro,
cana c o m u m , salva e p e n u n c a .
Mas. além das plainas c l a r a m e n t e tóxi-
cas, na gravidez convém evitar as q u e figu-
ram na tabela da página 100. As q u e apa- Infância
recem nesta tabela são plantas cie uso ha- Em geral é preciso ter muita prudência
bitual, q u e não apresentam efeitos tóxicos. q u a n d o se administram plantas medicinais
No e n t a n t o , nas m u l h e r e s grávidas p o d e m às c r i a n ç a s . K necessário evitar todas as
ter eleitos indesejáveis. plantas tóxicas (ver pág. 103) e, por pre-
(fonliiiua na búgfnã 106)
A importância da dose
Nas plantas tóxicas (como por exemplo a dedaleira), a dose tóxica é muito próxima da dose terapêutica, pelo que a margem de
manobra se toma muito estreita. Uma dose dupla da recomendada como terapêutica pode produzir efeitos tóxicos, e uma tripia pode
ser mesmo mortal.
No entanto, nas plantas não tóxicas {como por exemplo o tomilho), podem-se tomar doses dez vezes maiores do que as reco-
mendadas sem que se produzam sintomas importantes: e a dose mortal não existe, ou seja, que por muita quantidade que se tome des-
tas plantas, não há risco de se provocarem efeitos irreparáveis.
102
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 " F^.irle: G e n e r a l i d a d e s
Deúaleira
I
Plantas tóxicas de aplicação medicinal
As plantas que a seguir se registam são de uso restrito a determinadas doenças, e de preferência sob vigilância médica. O
uso indevido destas plantas pode produzir intoxicações graves; no entanto, a sua utilização correcta pode resolver graves trans-
tornos e até salvar a vida de um doente.
Planta Pág. Parte utilizada Princípio activo Aplicação medicinal Efeitos tóxicos em uso interno
Acónito 148 Raiz Alcalóide: aconitina Anestésico, dores insuportáveis Paralisia nervosa
Arnica 662 Flores, raiz Óleo essencial Vulnerária (só em uso externo) Vómitos, vertigens, convulsões
Coca 180 Folhas Alcalóide: cocaína Estimulante, mal da montanha Anestésico local
157 Alcalóides:
Estramónio Folhas Asma, cólicas (uso interno e externo) Alucinações, transtornos mentais
hiosciamina. atropina
Evónimo 707 Frutos Glicósido: evonimina Cardiotónico. Contra a sarna (uso externo) Diarreias, transtornos cardíacos
e™„„ „ . . Cicatrizante, analgésica (as folhas, em uso Folhas: reacções alérgicas. Bagas:
Hera 712 Bagas, folhas muito tóxicas
baponinas externQ)
Viburno 199 Folhas, bagas Glicósido Desinflama a boca (só em bochechos) Vómitos, diarreia
103
C a p . 5: PRECAUÇÕES E I O X I C I 0 A O E DAS PLANTAS
Hortelã- ^M
P
-pimenta J^
O uso das plantas que a seguir se registam não apresenta riscos especiais, desde que se respeitem as doses indicadas
na página correspondente.
104
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 •' Parte: G e n e r a l i d a d e s
105
C a p . 5: PRECAUÇÕES E T O X I C I D A D E DAS P L A N T A S
106
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 ' P.irle: G e n e r a l i d a d e s
Plantas perigosas u n i c a m e n t e em
doses elevadas
A maior parte das
Há outro grupo de plantas cujo uso em intoxicações por p/antas
doses alias pode produzir efeitos secundá- produz-se em crianças de
rios indesejados. São plantas potencial- tenra idade que, por
de- intoxicações, cujos resultados podem ocasião de uma saída ao
mente tóxicas; mas desde que se respeitem chegar a ser lalais. K muito importante sa- campo, chupam ou
as doses indicadas, e se u n h a m em conta ber como prevenir os envenenamentos por mordiscam frutos, flores ou
as precauções assinaladas, podem-se usai plainas, e o modo de actuar cm caso de se folhas venenosas, sem que
sem perigo. lerem produzido. os pais se dêem conta
disso.
107
3 C a p . 5: P R E C A U Ç Õ E S E T O X I C I D A D E DAS P L A N T A S
Quando se colhem certas plantas, deve-se ter cuidado para não confundi-las
com outras parecidas, mas tóxicas. Estas são algumas das plantas que se po-
dem confundir por parecença com outras, causando intoxicações acidentais. • estimulando a garganta com os dedos,
com uma colher, ou com uma pluma
embebida em Óleo ou azeite, ou então
Planta Pág. Parte usada Confunde-se com Pág. • dando a beber uma colher de xarope de
Castanheiro 495 Sementes Castanheiro-da-india 251; ipecacuanha.
Rabanete e Rábano 393 Raiz Acónito 148
Sabugueiro 767 Bagas Beladona 352 O vómito não deve ser provocado mis se-
Sabugueiro 767 Bagas Ébulo 590 guintes casos:
Salsa 583 Folhas Cicuta 155 • quando já se tenham passado mais de
Verbasco 343 Folhas Dedaleira 221 três ou quatro horas depois da ingestão,
• quando o doente já esteja a vomitar de
forma eficiente,
4. Não plantar espécies tóxicas em jardins • quando esteja entorpecido ou incons-
ou em lugares ao alcance das crianças. ciente (poderia sufocar-se).
/. Guardar uma certa quantidade como O carvão vegetal não deveria faltar em
nenhuma caixa de medicamentos. Km ca» i
amostra de urgência pode-se dar a mastigar ao in-
Dcvcm-se tomar amostras da planta ou toxicado qualquer pedaço de carvão de
das plantas de que se possa suspeitar terem madeira de uma árvore não tóxica, ou até
sido a causa da intoxicação, paia que sejam mesmo um pedaço de pão queimado.
identificadas por especialistas. O carvão vegetal tem uma extraordinária
capacidade de- absorver (isto é. de reter na
2. Provocar o vómito sua superfície) substâncias químicas que
Normalmente, muitas plantas tóxicas já depois se eliminam com as fezes, que ad-
provocam vómitos. Mas se estes não surgi- quirem a cor negra. Também se adminis-
rem ou não forem suficientes para expul- tra, com excelentes resultados, em caso de
sai o conteúdo do estômago, terão de ser diarreia ou de fermentação intestinal, para
provocados: absorver as toxinas.
108
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E O I C I H A I S
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
Troncos de eucalipto
prontos para serem
queimados com o fim de
obter carvão vegetai.
Este náo deveria faltar
em nenhuma caixa de
medicamentos, por ser
um antídoto e
antidiarreico muito eficaz.
O carvão vegetal não substitui <> vómito Existem antídotos específicos para al-
nem a lavagem ao estômago. Na realidade, guns tóxicos, que costumam ser também
para se obter melhor resultado, recomen- outros tóxicos de acção contraria. Por
da-se esvaziar primeiro o estômago por exemplo, o antídoto da cicuta é a estrieni-
meio de um destes dois métodos, e depois na. O seu uso correcto é muito difícil, e
administrar o carvão vegetal. Quanto me- está reservado a médicos e farmacêuticos.
nos for a quantidade de planta venenosa
que fique no estômago, tanto mais eficien-
te será O antídoto aplicado. 6. Como agir nos casos mais graves
109
DA PLANTA
AO MEDICAMENTO
Matéria Médica de Dioscórides, ou sim-
Das plantas aos medicamentos plesmente "o Dioscórides", foi o livro de
texto básico para todos os médicos oci-
de síntese química dentais durante mais de 1700 anos. Se-
gundo Foni Quer, a sua difusão só foi ul-
trapassada pela da Bíblia. Servia como re-
No século I d . C , o médico e botânico
ceituário ou vade-mécuin, no qual se con-
grego Dioscórides escreveu uma obra que sultavam as plantas e remédios úteis paia
abrangia iodos os remédios que a nature- cada doença. Li/.cram-se diversas traduções
Actualmente, segundo o za oferece, com particular insistência nas para o latim e o italiano, que tiveram am-
"Boletim da Organização plantas medicinais (descrevem-se cerca de
Mundial de Saúde" |vol 65,
pla divulgação em toda a Europa. A tra-
600). Os seus discípulos loiam-na am- dução mais importante para o castelhano
pág. 1 59). mais de 2 5 % dos
medicamentos, nos pliando depois, ate atingir seis volumes. foi a (pie fez o Di. And rés de Laguna, no
laboratórios de farmácia de Esta extraordinária obra, conhecida como século XVI. Km Portugal, e também no sé-
todo o mundo, procedem culo XVI, o principal comentador das
directamente das plantas. obras de Dioscórides foi o Dr. Amato Lusi-
tano.
Com o progresso da química e o surgi-
mento da farmacologia, a partir do século
XVIII, os médicos foram substituindo a
pouco e pouco as suas receitas ã base de
plantas, baseadas no "Dioscórides". por
prescrições ã base de produtos químicos
extraídos das plantas.
• Lm 1803, um jovem farmacêutico
alemão. Seriúrner, isolou um alcalóide
a partir do ópio da dormideira, a que
chamou morfina, recordando o nome
de Morléu. deus grego do sono.
• Lm 1817, isolou-se o princípio activo da
ipecacuanha, a emetina.
• O químico alemão Hoffmann obteve a
aspirina a partir da casca do salgueiro,
em meados do século XIX.
• Lm 1920 os farmacêuticos franceses IV-
lletier e ('aventou isolaram a quinina a
partir da árvore da quina.
Descobertos e isolados os princípios ac-
tivos ílas plantas, pensou-se que com eles
se podiam substituir as velhas receitas ã
110
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
I
Diferenças entre plantas e medicamentos
111
C a p . 6: O U U N D O V E G E T A L
Retorno ao natural
112
A SAÚDE PELAS FLAUTAS UEO<C'»Al S
1"' P a r t e : G e n e r a l i d a d e
Primeiro a palavra;
depois a planta;
em último caso a faca!"
Aforismo médico grego
Muitos medicamentos
actuam como autênticas
facas químicas, cujo uso
poderia evitar-se usando a
palavra (psicoterapia) ou as
plantas medicinais
(fitoterapia).
113
//,.
"S
114
S/s
'''S
115
O cacau, estimulante,
diurético e cicatrizante
(pág. 597).
As plantas medicinais
O aloés, um
excelente cicatrizante
de feridas (pág.
694).
O milho,
alimentício e
diurético
(pág. 599).
As chagas,
uma
planta
antibiótica
Uma das pirâmides maias de Palenque (Chiapas, México). As grandes culturas autóc-
tones do continente americano, como a maia e a asteca no México, ou a inca no Peru,
atingiram um grande desenvolvimento no conhecimento e aplicações das plantas me-
dicinais. O m u n d o inteiro beneficiou das plantas medicinais americanas, como o ca-
cau, o aloés, o milho e as chagas, além das alimentícias, como o tomate ou a batata.
«Rogo a Vossa Majestade que não deixe passar mais médi- uma notável vantagem relativamente aos seus colegas es-
cos para a Nova Espanha (México), pois com os curandei- panhóis.
ros Índios já há suficientes.»
A medicina em geral, e o uso das plantas medicinais em par-
Assim escrevia Hernán Cortês ao imperador Carlos I de Es-
ticular, encontravam-se muito desenvolvidos nas culturas as-
panha e V da Alemanha, em 1522. depois de ter sido trata-
teca, maia e inca, assim como entre os índios povoadores
do com êxito pelos médicos astecas a uma ferida na cabeça,
da América do Norte.
que os médicos espanhóis não tinham sido capazes de cu-
rar. No México, capital da região do Anahuac, havia grandes jar-
Evidentemente, os médicos nativos sabiam como tirar bom dins botânicos em volta dos palácios do imperador, onde se
proveito da rica flora medicinal mexicana, o que lhes dava aclimatavam as plantas de todo o império.
m
''S
116
y/s-
O hidraste, eficaz
contra os catarros
(pág. 207).
A hamamélia, tonifica as
Vista do Canyon Bryce fUtah, Estados Unidos) cuja espectacularidade se assemelha à
veias e embeleza a pele
do Grand Canyon do Co/orado. Os índios norte-americanos conheciam e respeitavam
(pág. 257).
os recursos que a natureza oferece, especialmente as plantas medicinais. A moderna
investigação cientifica pôde comprovar a eficiência de muitas das plantas usadas pe-
los índios, tais como a equinãcea, o hidraste e a hamamélia.
Refere o doutor José M.- Reverte Coma, professor de Histó- na, a ratânia, a quássia, as chagas e muitas outras plantas
ria da Medicina da Universidade Complutense de Madrid, de grande interesse medicinal.
que no México antigo existiam diversos profissionais de
saúde: Durante os séculos XVII e XVIII, partiram da Europa diver-
sas expedições botânicas para estudar a flora medicinal
• os tlama-tepati-ticitl, médicos generalistas que curavam americana, das quais talvez a mais importante tenha sido a
com plantas, banhos, dieta, laxantes ou purgantes; dirigida por Jorge Celestino Mutis em 1760. A chegada des-
• os texoxo-tlacicitl, que se dedicavam à cirurgia; tas novas plantas medicinais produziu toda uma revolução
• os papiani-panamacani, que apenas tratavam com "er- enriquecedora na terapêutica em uso no Velho Mundo. A qui-
vas". na foi para a medicina o mesmo que a pólvora tinha sido para
a arte da guerra.
Os exploradores espanhóis ficaram surpreendidos pela gran-
de variedade de novas plantas medicinais -e também ali- Na actualidade continuam-se a investigar as propriedades
mentares- que encontraram no Novo Mundo. curativas de muitas plantas do Novo Mundo, com base nos
Devemos ao doutor Diego Alvarez Chanca, médico espan- usos tradicionais que lhes dão os índios nativos. A selva
hol que acompanhou Colombo na sua primeira viagem à amazónica é um imenso armazém farmacêutico para a hu-
América, a primeira descrição da batata, do cacau, do milho, manidade, e muitos dos seus recursos continuam ainda por
da mandioca, da copaíba, do guaiaco e do pau-brasil. Ou- explorar. Este é mais um motivo, além dos ecológicos e meio-
tros descobriram a salsaparrilha, o aloés, o podofilo, a qui- ambientais, para se zelar pela sua conservação.
117
Como se descobriram as
N o g u e i r a (pág. 505)
O interior dos seus frutos
mostra uma grande
semelhança com a superfície
do cérebro. As nozes contém
abundante fósforo, elemento
importante na bioquímica
cerebral e do sistema
nervoso.
Os antigos acreditaram ser possível intuir as propriedades sem o mínimo rigor científico. No entanto, é curioso ob-
das plantas a partir das suas características. Esta ideia servar como algumas das suas proposições se puderam
transformou-se já no tempo de Hipócrates (século V a.C.) comprovar cientificamente. Por exemplo:
na chamada "teoria dos sinais". O próprio Dioscórides foi • as nozes são boas para o cérebro, pois contêm abun-
um dos seus fervorosos defensores. Também Paracelso, dante fósforo e ácidos gordos insaturados;
ilustre médico e naturalista suíço do século XVI, dizia as-
sim: «Todo o vegetal está assinalado pela natureza; e é • a aristolóquia contém efectivamente um alcalóide de
bom para aquilo que nos é indicado peio seu sinal.» acção ocitócica, que contrai o útero;
• a arenária é diurética e ajuda a expulsão de cálculos.
A teoria dos sinais • o meimendro tem acção analgésica;
À semelhança de muitos dos seus contemporâneos, o mé- • e as folhas de laranjeira são sedativas e benéficas para
dico espanhol do século XVI Andrés de Laguna, tradutor os doentes cardíacos.
da Matéria Médica de Dioscórides, acreditava que a tare-
fa do homem consistia em descobrir os sinais que o Cria- É claro que também há muitos casos em que a teoria dos
dor tinha deixado nas plantas, como forma de decifrar as sinais falha, por mais atraente e sugestiva que possa pa-
recer. Por exemplo:
suas virtudes. Outros eminentes botânicos e médicos tam-
bém aceitaram esta teoria dos sinais durante mais de dois • as sementes da rosa-canina não servem para tratar os
mil anos. Actualmente parece-nos uma anedota histórica cálculos urinários, apesar da sua semelhança com eles;
'//
118
S/,
• as folhas do trevo-dos-prados não curam as cataratas, anterior à boda, às noivas que pretendiam aparentar uma
apesar da sua mancha branca que lembra o halo duma virgindade perdida.
catarata ocular.
Não teria sido nada difícil pôr em evidência o exagero de O uso racional e científico das plantas, baseado na experi-
Dioscórides; mas a ciência da antiguidade preferia lucubrar mentação química e farmacológica, é realmente a única
a experimentar. E assim, durante muitos séculos, os médi- maneira segura de utilizar correctamente as plantas medi-
cos recomendavam um banho em água de consolda no dia cinais.
119
Como se descobriram as propriedades das plantas (2)
M e i m e n d r o - n e g r o (pág. 1 59)
Desde tempos muito antigos tem sido usado
para açaimar as dores de dentes, com base
em que os seus frutos lembram uma peça
dentária, em que o cálice seriam as raizes
dentárias. Hoje sáo bem conhecidas as suas
propriedades analgésicas e narcóticas.
Pulmonária
(pág. 331J
As folhas da
pulmonária
lembram a forma
de um pulmão. Os
antigos usaram-na.
de forma empírica,
para tratar as
afecções respiratórias.
Hoje sabemos que a
pulmonária contém
mucilagens e alantoina
de acção emoliente
suavizante) sobre as mucosas
respiratórias, e além disso
saponinas, que actuam como
expectorantes.
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1 mM
índice dos capítulos
7. Plantas para os olhos 128
8. Plantas para o sistema nervoso 138
9. Plantas excitantes 176
10. Plantas para a boca 186
1 1 . Plantas para a garganta, nariz e ouvidos . . 200
12. Plantas para o coração 212
13. Plantas para as artérias 226
14. Plantas para as veias 248
15. Plantas para o sangue 262
16. Plantas para o aparelho respiratório 280
17. Plantas para o aparelho digestivo 346
18. Plantas para o figado e a vesícula b i l i a r . . . 378
Volume 2
19. Plantas para o estômago 416
20. Plantas para o intestino 476
2 1 . Plantas para o ânus e o recto 538
22. Plantas para o aparelho urinário 548
23.Plantas para o aparelho genital masculino. 602
24. Plantas para o aparelho genital feminino . . 614
25. Plantas para o metabolismo 644
26. Plantas para o aparelho locomotor 654
27. Plantas para a pele 680
28. Plantas para as infecções 736
29. Plantas para outras doenças 774
PLANTAS
QUE CURAM
Enciclopédia das Plantas Medicinais
DESCRIÇÃU
SEGUNDA PARTE y ^ v
k..
Significado dos ícones de partes botânicas
usados nesta obra
Nesta enciclopédia usa-se um bom número de ícones, símbolos e tabelas para descrever
plantas, órgãos do corpo e doenças. Nestas quatro páginas fazemos a apresentação de
todos eles. de modo a que o leitor se familiarize com os mesmos e possa
interpretá-los facilmente.
Ramos
Sumidades (parte
Folhas superior da planta)
. > suculentas
J U L U I C M I O J
Pedúnculos (pés)
Madeira, carvão
Sementes
Tubérculos
Rizoma (caules
subterrâneos)
Bolbos
ê AOk> ^
124
Significado dos ícones de indicações médicas
usados nesta obra
Doenças do
Doenças dos olhos
sistema nervoso
Acção excitante
Doenças da boca e
dos dentes
Doenças
Doenças do da garganta,
aparelho nariz e ouvidos
respiratório
Doenças
Esgotamento e do coração
astenia (acção
tonificante)
Doenças
das artérias
Doenças do fígado
e da vesícula biliar
D Doenças
4T do sangue
Doenças do
metabolismo
Doenças do
aparelho digestivo
no seu conjunto
Doenças do
aparelho urinário
(rins e bexiga) Doenças
do estômago
Doenças
infecciosas (acção Doenças
antibiótica) do intestino
Doenças do
aparelho genital Doenças do
masculino aparelho locomotor
125
Explicação das páginas descritivas das plantas
ícone da Uso livre: A planta nào tem efeitos ícone da Titulo do capitulo
secundários nem contra-indicacões. parte botânica
forma de
uso da
planta:
Qj utilizada
[ver pág. 124)
Uso com precauções: Trata-se de uma ícone da indicação médica
planta potencialmente tóxica [ver pág. mais notável da planta
107). Pode-se usar sem riscos, desde que (ver pág. 125)
se tenham em conta as precauções
indicadas.
Número de
referência:
N o m e comum
A cada uma das
da planta diferentes formas de
preparação e
emprego se atribui
um número de
referência.
Subtítulo No texto principal
alude-se ás formas
Indica as características
de preparação e
mais notáveis da planta.
emprego com este
mesmo número.
Texto principal
Desenho
N ú m e r o de referência
••- i - « » . i c . j • da planta
da forma de preparação •
«• i mprego : .>3u.-
.".••>. M / M * .
126
Quadro de informação Quadro de espécies botânicas
Nele se dão informações relacionadas
destacadas, relacionadas com a Nele se descrevem outras espécies similares,
planta que se está a descrever. relativamente á planta principal, quanto a
morfologia e propriedades medicinais.
E m l r m V A H M i ? i p * c « i • I HM
t tiffl Mrp OT J . T V ' Ifantft? -0 Jf « c m A t * * * p n 1 ò « t P l r t «o QMMra
r I j h j i ^ x x i leda* eOtt i « v i i r a gual-
\ •' M
rntflie M U < « J a < « « o o t e n r o , c
toOM o l w c c c n ao canwiname um
• Aguâ-de-sHs&ms: [> :*# ,r?i <«• I mai» «picca4o^ òa
i D i m M i n h o ( V a c U m / a Ui por ai
i - i , - : . . ; • ' . •'" - ; • ;-> >: •'..'.
u u i h y r » oUaieoi ,>gnjpadj» m#n
•V C V t w Je <Jc • ar ' Í I H A - W J f*** M p M i e i « mu-io M-m*-!har.v e ai
ranuirteU) tenrwui 4c wcçao qua
RIM piopíi»djKh>» irtMflcInali v*o
. J r>oM* 0 M M WV9* dra/i>Aar l*mMtfn * «stftecMJo pe
M m n m i i . A*c-noi C w H * o u * )
. . , n o r a '* '•• mtnahQt
;.. f • i r.i •: -• i • i.v.f .1,1 . .; r
cos f**-*i I T \ 1 I I A » Pooe-té<Hj*cont como f 4 j ItvrMtn t o c i A d v n
* J U J . M > » v • K W gur *s^r o m i u i -
- < :> T.i • : . . • • i a . j ^ i L M t i i t ^ i i l llMc*K - L i
».!nJUi«»c*-iL v.u fcMM I' M»
p cV M<rT*0JdM ftandas SrtMi ftjfn .. :; • . • ! • 1 . . • • . . - . -
Planta
Nome comum das plantas
Explicação das tabelas de doenças
mais adequadas para a
doença. Cada uma das
plantas enumeradas se
pode tomar ou aplicar Pág. (Página)
Página do livro na qual se Acção
sozinha, ou então em
encontra a planta Acção mais notável da
combinação com
recomendada. As plantas planta, em relação com a
quaisquer outras das
estão ordenadas de acordo doença cujo tratamento se
plantas recomendadas está a descrever.
para essa doença. com o seu número de
página, por ordem crescente.
Doença A. A Uso
Referem-se algumas Doença pi*n. PH- Acçio Uio A forma de preparação e
doenças ou transtornos emprego de cada planta,
próprios do órgão ou
QutRAÍlIE
C;---.-< V
ímmtm para a doença que se
sistema descrito em cada descreve
1 ã*tto* <* *** ** r cc
" " > ' •• * '***
capitulo '. ' .' ." • .
I-»•• * arawrtu • > M < M M
Quando não se especifica a
Por razões óbvias de l M Ç n Pí UM n teria V*i 001 forma de emprego, entende-
espaço, a lista de doenças •••
• • • . . . . ,
Cn«t*t\\t\tt™ Jdrcoecaoâacava ser ingerida por via oral.
mais representativas de • •
127
PLANTAS PARA OS OLHOS
UMÁRIO DO CAPÍTULO
Plantas com antocianinas
DOENÇAS E APLICAÇÕES
Antocianinas, plantas com 128
Ardor nos olhos (legenda de foto) .130 0 arando é a planta com maior con-
centração de antocianinas, e a que
Blefarite 129 mais efeito exerce sobre a vista, mas
Cansaço ocular (legenda dê foto) .130 há também outras que se podemusar
Conjuntivite e blefarite 129 como alternativa.
Córnea, in fia mação, ver (hera tile 1 311
Olhos, ardor í legenda de foto) . . .130
Olhos, irritação (legenda de foto) . / 30 Planta Página
Pálpebras, infla mação, Arando 260
ver Conjuntiviteeblefarite ...130 Fidalguinhos 131
Perda de visão. Malva 511
ver Visão, diminuição 130
Monarda 634
Plantas com antocianinas 128
Qjieratite 130 Roseira 635
Terçol 130 Salgueirinha 510
Visão, diminuição 130 Videira 544
Violeta 344
PLANTAS
Cenoura 133
Erva-de-são-roberto 137
Eufrásia 136 A vitamina A é necessária p a i a o bom
f u n c i o n a m e n t o das células da retina, sen-
Fidalguhdws 131
síveis aos estímulos luminosos.
As antocianinas são substâncias de natu-
A
S PLANTAS medicinais contri- reza giicosídica q u e c o m u n i c a m a sua tí-
b u e m p o r m e i o d e dois meca- pica cor azul a algumas Hores e frutos. São
nismos p a r a o b o m funciona- anii-sépticas, auti-inílamatói ias e, antes de
m e n t o do sentido da vista: Apli- t u d o , e x e r c e m unia acção p r o t e c t o r a so-
cadas localmente sobre os olhos, possuem bre- os vasos capilares em geral, e sobre os
uma acção anti-séptica e anti-inflamatória, cia retina em particular. Melhoram a irri-
muito útil para a higiene ocular, e em caso gação s a n g u í n e a na retina. Além disso, as
de conjuntivite e de outras afecções infec- a n t o c i a n i n a s favorecem a p r o d u ç ã o de
ciosas ou inflamatórias do pólo a n t e r i o r pigmentos sensíveis à luz nas células da re-
dos olhos. tina.
Ingeridas por via oral. há plantas medi- Por t u d o isto, em uso i n t e r n o , as plantas
cinais q u e fornecem vitamina A e antocia- q u e c o n t ê m vitamina A e a n t o c i a n i n a s
ninas, substâncias q u e m e l h o r a m a acui- m e l h o r a m a acuidade visual e a visão noc-
d a d e visual. turna.
128
A SAÚDE PELAS F L A M A S MEDICINAIS
CONJUNTIVITE E BLEFARITE
Compressas sobre os olhos, banhos
A conjuntiva é uma delicada membrana oculares e gotas sobre os olhos
que reveste a parte anterior do globo FÍDALGUINHOS 131 Desinflamam o pólo anterior dos olhos
(colírio) com água de fídalguinhos
ocular, incluindo a parte interna das pál- (decoccão de flores de fídalguinhos)
pebras. Normalmente é transparente,
mas quando se irrita ou inflama (coiv
juntivite) adquire uma cor vermelha de Fortalece e hidrata as mucosas
sangue.
CENOURA 133 oculares
Come-se crua ou em sumo
Na maior parte dos casos, a conjuntivi-
te é produzida por microrganismos (ví- Lavagens oculares e colírio com a sua
rus ou bactérias), e agrava-se pela ex-
EUFRÁSIA 136 Anti-séptica e anti-inflamatória
infusão
posição ao fumo, pó, água contamina-
da ou luz excessiva. 0 forcar a vista
também pode produzir irritação ou con- ERVA-DE-SÃO-
137 Adstringente (seca a mucosa Lavagens oculares
gestão da conjuntiva. -ROBERTO conjuntival) com a sua decoccão
0 tratamento fitoterápico baseia-se em
aplicações locais de plantas anti-infia- Lavagens oculares
CHÁ 185 Adstringente
matórias, emolientes e anti-sèpti- com a sua decoccão
cas. Em geral, recomendam-se todas Lavagens oculares e colírio
as plantas emolientes (ver cap. 27). SANAMUNDA 194 Desinflama e desinfecta
com a sua infusão
Nos casos crónicos ou persistentes, a
conjuntivite pode estar relacionada com Anti-inílamatório. Muito útil em Compressas e banhos oculares
CARVALHO 208 conjuntivite por irritação ou alergia com a decoccão da casca
uma deficiência de vitamina A, ou com
um estado tóxico por mau funciona-
mento do fígado ou dos rins. Acalma e suaviza os olhos.
A blefarite é a inflamação das pálpe- HAMAMÉLIA 257 Alivia o ardor causado pelo pó, Lavagens oculares com a infusão
bras. Aplicam-se localmente as mes- fumo ou cansaço ocular de folhas e/ou casca
mas plantas que em caso de conjuntivi-
te. Convém prestar atenção às carên- 258 Emoliente (suavizante)
ME LI LOTO Lavagens oculares com a sua infusão
cias nutritivas, especialmente de vita-
mina A, e de oligoelementos como o
ferro. TANCHAGEM 325 Suavizante e anti-inflamatória Lavagens oculares
com a sua decoccão
CAMOMILA 364 Cicatrizante, emoliente e anti-séptica Lavagens oculares com a sua infusão
Lavagens oculares
ROSA-CANINA 762 Anti-inflamatória e anti-séptica
com a água de rosas
129
C a p . 7: P L A N T A S PARA OS O L H O S
QUERATITE
É a inflamação da córnea, que é um dis- « 133 ^ T o ^ f Z ^ Z T C«ruaoue m 5 u m o
co transparente de aproximadamente
um milímetro de espessura, que cobre
a porção anterior do globo ocular. A
sua gravidade decorre do facto de que Eu™*» 136 A*sép.,caea„«,arr,a.óna S S f S . w f * ' " ^
a córnea inflamada pode ficar opaca e
dificultar a visão. Além do tratamento
especializado, recomendam-se estas
plantas e, em geral, todas as citadas VIDHRA 544 Antiinflamatòriae cicatrizante !£?*!!££*"*"""**"
para a conjuntivite. dos sarmentos
TERÇOL
F.DALGU.NHOS 131 Anti-inílamatórios & « S L ^ ! ? r S ^ C t í , a
Pequeno furúnculo que se forma no bor- de fidalguinhos (decocção de flores)
do da pálpebra. Com o tratamento pre-
tende-se que amadureça e que se abra.
Também se podem aplicar as outras CARVALHO 208 Anti-inflamatório Compressas com a decocção
plantas recomendadas para a conjunti- ca casca
vite, se possivel em compressas sobre
as pálpebras. VIDE.RA 544 Ant,inflamatória e cicatrizante ^ g ™ ^ * * C ° m * Se ' Vâ
dos sarmentos
VISÃO, DIMINUIÇÃO
As plantas que protegem os capilares C E NO U P, 133 5 g K S Í S * S L l l Conae-se crua ou em sumo
da retina, como o arando, ou que for-
necem a vitamina A necessária para as
células sensíveis à luz, podem melhorar
a acuidade visual. ARANDO 260 Melhora a irrigação sanguínea da retina Sumo fresco ou decocção de frutos
Eufrásia
130
Centáurea cyanus L
ai
Preparação e emprego
Fidalguinhos
USO INTERNO
USO EXTERNO
Água de f i d a l g u i n h o s : Para
131
As flores dos fidal- isso em muitos sítios de Espanha se-
guinhos contêm an- da a esta planta o nome de 'ojeras'
tocianinas de acçáo
anti-séptica e anti-
(olheiras). As pessoas que lavam os
-inflamatória. Em ti- olhos com água de fidalguinhos têm
sana, por via oral. um olhar limpo e brilhante, que res-
melhoram a circula- plandece como as suas florezinhas
ção sanguínea nos azuis nos loiros trigais.
capilares da retina,
além de terem um São estas as indicações mais impor-
efeito aperitivo e tantes da água de fidalguinhos:
eupéptico.
• Conjimlivitc (inflamação da mem-
brana mucosa que cobre a parte an-
terior dos olhos) I00.O): Os banhos
oculares com água de fidalguinhos, e
também os colírios, ajudam a elimi-
nar as secreções (remelas), c fazem
desaparecer a congestão ocular.
• Blefarites (inflamações das pálpe-
bras), e terçóis (pequenos furúnculos
que se formam no bordo da pálpebra)
lô.ôl. Mesles casos vecomnula-se apli-
car a água de fidalguinhos em forma
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS A ÁGUA DE FIDALGUINHOS, obtida de compressas ou de banho ocular.
FLORES contêm antocianinas e polii- por decocção das suas flores, usa-se Antigamente pensava-se que os fi-
nos de acção anti-séptica e auti-infla- sobretudo pelo seu notável efeito antí- dalguinhos eram capazes de aclarai e
-matória; princípios amargos, que ac- -inflamatório, aplicada sobre o pólo conservar a vista, ainda que unica-
luani como aperitivos e eupépticos anterior dos olhos. mente àqueles que tinham olhos
(faciliiam a digestão); e flavonóidcs azuis. Por isso, cm francês, se chama
com um suave efeito diurético. As lavagens e banhos oculares com a esta planta "cassc-luncites" (quebra-
água de fidalguinhos aliviam eficaz- -óculos). Hoje sabemos que se traia
As flores tomam-seem infusão, an- mente o ardor e a irritação dos olhos. de uma lenda, mas. seja como for. re-
tes das refeições IO). K preferível não Também devolvem um aspecto fresco cordemos que os fidalguinhos são
adoçar. e limpo às pálpebras carregadas. Por "landes amisios dos olhos.
As compressas com
água de fidalguinhos,
sobre os olhos, redu-
zem o aspecto carre-
g a d o das pálpebras
e dáo um olhar lím-
p i d o e brilhante a
quem as aplica.
132
Daucus carota L
& L. P. .
Preparação e emprego
Cenoura
USO INTERNO
Essencial p a r a a vista e O Crua: A cenoura, em rode-
para a pele las ou cortada em tiras, deve-
ria ser c o m p o n e n t e indispen-
sável do prato de salada que
todas as pessoas saudáveis
devem comer todos os dias.
Em caso de estômago delica-
A
CENOURA pertence à mes- do, a cenoura crua pode co-
ma família botânica que a ci- mer-se bem ralada.
cuta (pág. 155), (Ir que a ce-
© Sumo: Toma-se acabado de
noura-brava se distingue por ler uma
fazer, só ou misturado com su-
mancha de cor púrpura no centro das
mo de limão e/ou de maçã, na
umbelas florais. A cenoura-brava tem
quantidade de meio a um copo
unia raiz lenhosa que a torna inade- por dia. Para notar os seus efei-
quada para a alimentação, mas que, tos benéficos, deve-se tomar
aplicada nu cataplasma, tem as mes- durante longos períodos de
mas propriedades medicinais da enl- tempo (no mínimo um mès).
uvada.
É importante notar que a pro-
vitamina A não se destrói du-
rante a cozedura, mas que se
degrada pela acção da luz.
© Infusão de sementes: 20-30
g por litro de água. Ingerem-se
3 ou 4 chávenas diariamente.
Uso EXTERNO:
O C a t a p l a s m a s de cenoura
cozida e esmagada, como sua-
vizante da pele.
133
A cenoura é um alimento-remédio ideal para as crianças: estimula o seu crescimento, aumenta as defesas, evita as diar-
reias, desenvolve uma boa visão e dá beleza à pele e ao cabelo. Além disso, contribui para a formação de uma denta-
dura forte e bem desenvolvida, especialmente se for mastigada crua.
No Papiro de Ebers, escrito pelo O CAROTENO, ou provitamina A. é rior do olho, blefarite (inflamação das
ano 1500 a.C. no Egipto, já se reco- o princípio activo mais valioso da ce- pálpebras) e queratíte (inflamação tia
mendava a cenoura como cosmético, noura. No fígado transforma-se em vi- córnea), entre outros.
aplicada cm rodelas sobre o rosio. tamina A ou retinol. Com <> consumo abundante de ce-
I loje sabemos que o seu efeito bené- noura obtêm-se excelentes resultados.
fico sobre a pele se deve especial- A VITAMINA A desempenha fun-
ções essenciais na fisiologia humana: permitindo melhorar notavelmente a
mente à provitamina A que contém. capacidade visual nos casos cm que a
K por isso que se diz que a vitamina A / nos mecanismos da visão na retina; sua perda seja devida a uma carência
é a "vitamina da beleza". / no bom estado da pele e das muco- de vitamina A.
sas; e •Alterações da pele: secura, rugas,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A RAIZ / na produção de sangue e de anti- atrofia, acne. A cenoura contribui, de
contém abundante pectina, substân- corpos (de lesas). forma muito acentuada, paia a saúde
cia glicídica de acção absorvente e an- Pelo seu abundante conteúdo em e a beleza da pele. tanto se for aplica-
(idiarreica; sais minerais diversos, es- provitamina A. a cenoura torna-se de da externamente IOI como tomada
pecialmente di- potássio e fósforo, as- grande utilidade quando se u n h a por via oral IO.0I. Dá-lhe uma pureza
sim como oligoelementos, que a tor- produzido uma carência desta impor- e suavidade que dificilmente se pode
nam remineralizante e diurética; óleo tante vitamina, quer por insuficiente conseguir com outros cosméticos.
essencial, que lhe confere o seu pe- fornecimento ao organismo ou má as- Existem casos rebeldes clc- acne que
culiar aroma e os seus eleitos vermí- similação, quer por aumento das ne- têm melhorado depois de um longo
fugos; e vitaminas do grupo li. um cessidades. tratamento à base de cenoura.
pouco da C. c, sobretudo, caioteno
(4500 pg por cada 100 g.) A cenoura ()s sintomas ou sinais de falta de vi- Também fortalece as unhas e o ca-
é uni dos vegetais mais ricos cm pro- tamina A, que a cenoura contribui belo, ao qual dá mais brilho.
vitamina A, apenas excedida pela lu- para superar, são os seguintes: • Alterações das mucosas: A vitamina
zerna (5300 ug por 100 g). Outras • Transtornos da visão IO.01: perda A também intervém na estabilidade
fontes importantes de caroteno são os da acuidade visual, bemeralopia (di- das mucosas, membranas que reves-
espinafres, a couve, os alperces, os to- ficuldade paia ver durante a noite ou tem o interior dos canais e cavidades
mates e os pimentos. com pouca In/), secura do pólo ante- orgânicas. Por isso se- toma liiil na
134
o Hipervitaminose A
tiróide), dismenorreia, depressão
nervosa, <• outros transtornos IO.61.
Outras aplicações da CENOURA são as
seguintes:
Os alimentos de origem animal, como o fígado dos mamíferos ou dos peixes,
contêm abundante retinol (vitamina A animal). O refinol pode chegar a ter efei- • Diarreia e colite: Especialmente nas
tos tóxicos se for ingerido em doses elevadas, ao contrário do caroteno (provi- crianças, devida à acção da pectina.
tamina A vegetal), que não tem nenhum risco de toxicidade, pois o organismo Adminisira-se ralada ou fervida IO,61.
só transforma em vitamina A (retinol) o caroteno de que necessita.
0 nosso organismo é incapaz de produzir a vitamina A se não se lhe fornecer o • Parasitas intestinais: O óleo essen-
seu precursor, o caroteno. cial que a cenoura contém é especial-
Necessidades diárias de vitamina A:
mente activo contra os oxiúros
10.61. Ibina-se crua e ralada: de meio
• 400 pg para as crianças, a um quilo, durante 21 horas, como
• 750 pg para os adultos, único alimento. Também dá bom re-
' 1200 pg para as mulheres grávidas ou que amamentam. sultado comer durante uma semana,
1 pg (micrograma) de vitamina A = 3,33 U.l. (unidades internacionais) todas as manhãs, duas cenouras em
jejum.
• Crescimento: A cenoura é um
autêntico alimento-remédio fiara as
crianças I0.6I.O seu sumo pode ad-
minislrar-se desde os dois meses de
prevenção da lilíase urinária c biliar, função cia mucosa gástrica, normali- idade, ou mesmo antes: aumenta as
pois está provado que uma mucosa sã zando a produção de sucos (útil nas defesas, evita as diarreias, protege
impede a formação de cálculos no in- gastrites) c colabora na cicatrização contra os parasitas, estimula o cresci-
leríor dos (anais urinários ou biliares. das úlceras. A cenoura acalma as do- mento, favorece a erupção dentária c
res do estômago e o excesso de aci- fortalece a dentadura se, na idade
A vitamina A tem também valor como dez. pré-escolar, as crianças, além de a to-
preventivo de catarros nasais, sinn- marem líquida, também a mastiga-
sats, faríngeos e bronquiais, pois. • Transtornos metabólicos e endócri- rem. K mui lo útil em caso de celia-
além de fortalecer as mucosas, au- nos: anemia, atraso do crescimento, quia (má assimilação por intolerância
menta as defesas. Também melhora a hipertiroidismo (regula a função da ao glúten).
135
Euphrasia
officinalis L /K^N
Eufrásia
Ideal para lavagens
oculares
O Preparação e emprego
136
Geranium
robertianum L O) t . IÉ P
Preparação e emprego
Erva-de-são
-roberto U S O INTERNO
O Decocção de 20 g de planta
por litro de água, de que se to-
Limpa os olhos e mam 3 ou 4 chávenas por dia.
desinflama a boca © Essência: A dose habitual é
de 2-4 gotas, três vezes ao dia.
Uso EXTERNO:
© L a v a g e n s oculares e bo-
chechos bucais, com uma de-
cocção de 40 g de planta por li-
tro de água.
O C o m p r e s s a s , com esta
mesma decocção (40 g por li-
tro).
137
PLANTAS PARA
O SISTEMA NERVOSO
Bi IARIO DO CAPÍTULO
DOENÇAS E APLICAÇÕES Sedativas, plantas,
Ansiedade /•// ver Nervosismo e ansiedade 145
A nsioliticas, plantas, Sistema nervoso,
ver Nervosismo e ansiedade Ill doenças orgânicas do Ill
Antiespasmâdicas, plantas 147 Sono, falta ile, ver Insónia 112
Astenia 140 Soporiferas, plantas, ver Insónia . . . . 142
Cabeça, dor de 143 Stress /-//
Cefaieia, ver Dor de cabeça 113 Tensão nervosa, ver Stress /•//
Crianças. Plantas sedativas 146 Tonificantes, plantas,
Depressão nervosa 140 ver Esgotamento e astenia IH)
Doenças orgânicas
do sistema nervoso 144 PLANTAS
Doenças psicossomáticas 142 Atónito 148
Dor de cabeça 143 Alfaccbrava-maior 160
Dor e nevralgia 142 Alfazema 161
Enxaqueca 143 Alfazema-brava 162
Epilepsia 144 Aveia 150
Esgotamento e astenia 140 Cânhamo 152
Estudantes, ver Rendimento Cicuta 155
intelectual insuficiente 143 Cicuta-meuoi 155
Hemicrania, ver Enxaipteca 143 Dormideira 164
Insónia 142 Dormideira-brava 166
Inteirei uai, rendimento insuficiente .143 Erva-cidreira 163
Memória, perda da 144 Estramónio 157
Narcóticas, plantas 146 Elor-da-paixâo = Passijlora 167
Nervosismo e ansiedade 141 Laranjeira 153
Neurastenia, Lúpulo 158
ver Nervosismo e ansiedade 141 Maracujá = Passijlora 161
Nevralgia 142 Maracujá-roxo 168
Parkinson, ver Doenças Martírio = Passijlora 161
orgânicas dõ sistema nervoso 144 Meimendro-negro 159
Peida da memória 144 Melissa = Erva-cidreira 163
Plantas antiespasmâdicas 147 Papoita-branca = Dormideira 164
Plantas sedativas 145 Passijlora 167
Plantas sedativas para as crianças . . 146 Rosmaninho 162
Psicossomáticas, doenças 112 Tília 169
Rendimento intelectual insuficiente . . 143 Valeriana 172
Sedativas para as crianças, plantas . . 146 Verbena 174
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
2-' P a r t e : D e r. c r i ç £ o
I
A
S PLANTAS medicinais exercem como o rendimento e a produtividade. O
notáveis acções, tanto sobre o sis- sistema nervoso, como "director" das
tema nervoso central, sede das funções do organismo, é encarregado cie
funções mentais, como sobre o manter a tonicidade vital (pie nos permite
sistema vegetativo autónomo, que regula e desenvolver as actividades diárias. Elevar
coordena as ("unções dos diversos órgãos essa tonicidade constitui uma das necessi-
do corpo. dades mais peremptórias de muitas pes-
Ao contrário da maioria dos psicoíarma- soas que se queixam de esgotamento ner-
cos (medicamentos que actuam sobre as voso, astenia ou stress. 1". para isso, recorre-
funções mentais), as plantas exercem os -sc' frequentemente a substâncias estimu-
seus efeitos tonificantes c sedativos sobre o lantes ou excitantes que, embora consi-
sistema nervoso de modo fisiológico, suave gam produzir um eleito momentâneo.
e seguro, acabam por provocar um maior esgota-
mento depois de passado o eleito.
Alem disso, é muito raio que se produ/a
dependência de tipo psíquica ou físico Para o tratamento do esgotamento e da
com o uso das plainas medicinais que re- astenia, convém administrar dois tipos de
comendamos, ao contrário do que aconte- plantas medicinais:
ce com os estimulantes, sedativos, soporí- • Plantas nutritivas, que fornecem os nu-
Feros, e outros medicamentos de síntese trientes básicos mas que costumam es-
química. cassear na dieta, e de que as células ner-
)L certo que os medicamentos químicos vosas necessitam para o seu bom funcio-
exercem uma acção muito mais potente namento: vitaminas e oligoelemenios.
que a das plantas medicinais, mas também • Plantas tonificantes, que fornecem um
com maiores efeitos secundários e riscos estímulo fisiológico, não irritante, sobre
em geral. Perante um caso de excitação as funções do sistema nervoso e do resto
nervosa aguda, por exemplo, um psicofár- do organismo.
maco de- acção sedativa ou ansiolíiica (que
elimina a ansiedade) pode produzir um As plantas ou substâncias que somente
eleito rápido e mesmo espectacular, mas conseguem excitar ou estimular o sistema
que muito provavelmente se- fará acom- nervoso (como o café ou o chá), mas sem
panhar de eleitos indesejáveis nas horas se- nutrir nem favorecer as funções digestivas,
guintes, tais como falta de coordenação não conseguem a reparação biológica dos
motora e sonolência. sistemas ou órgãos afectados pelo esgota-
mento. Na realidade, o que conseguem os
Pelo contrário, as plantas actuam sobre excitantes ou estimulantes é uma sensação
o organismo regulando c equilibrando os subjectiva de vitalidade, mas sem a corres-
processos vitais, mais que anulando ou pondente recuperação orgânica. Isto leva
opondo-se a determinados sintomas. Por a um maior esgotamento, até chegar ao
isso exercem uma verdadeira acção equili- fracasso ou deterioração do organismo.
bradora das complexas funções nervosas e manifestado pelo infarto do miocárdio, a
mentais, assim tomo um eleito preventivo úlcera gastroduodenal, a depressão imu-
de transtornos e desequilíbrios. nitária (baixa das defesas) e, possivelmen-
te, aié mesmo o cancro.
O esgotamento e a astenia Além do uso das plantas que nesta obra
O esgotamento e a astenia (cansaço ex- se recomendam, o tratamento do esgota-
cessivo) constituem dois dos sintomas mais mento físico ou nervoso requer imperati-
frequentes na sociedade ocidental, forte- vamente uma mudança no estilo de vida
mente condicionada nor conceitos tais causador do esgotamento.
139
C a p . 8: P L A N T A S PARA O S I S T E M A H E 8 V O S I
V
ESGOTAMENTO E ASTENIA AVEIA 150 Tonificante, nutritiva Flocos com leite ou caldo
Entendemos por esgotamento um es- Cru, em extractos ou em pasta
ALHO 230 Activa o metabolismo
tado de debilidade do organismo, em de alho com azeite
consequência de um esforço excessivo
que não seja acompanhado da neces- AGRIÃO 270 Abre o apetite e activa o metabolismo Cru ou em sumo
sária recuperação dos órgãos ou siste- ESPIRULINA 276 Nutre, tonifica e revitaliza Preparados farmacêuticos
mas afectados.
Fornece enzimas e oligoelementos
O esgotamento fisico costuma ser CEBOLA 294 Crua, em sumo, cozida ou assada
que activam o metabolismo
precedido por um grande esforço mus-
cular ou uma doença grave. O esgota- Remineralizante e vitamínica
mento nervoso pode aparecer a se- MORUGEM 334 Crua, cozinhada ou em decocção
Estimulante natural
guir a um período de grande actividade
intelectual continua, ou de tensão ner- SERPÃO 338 Tonificante e revitalizante Banhos quentes com a sua decocção
vosa prolongada. HORTELÃ-
366 Tonificante Infusão, essência
0 esgotamento fisico e o nervoso estão -PIMENTA
relacionados entre si, pois um pode MANJERICÂO-
aparecer como consequência do outro, 368 Tonificante, faz subir a tensão Infusão, essência
-GRANDE
e vice versa.
A astenia é um estado de falta ou de SEGURELHA 374 Tonifica o sistema nervoso Infusão, essência
perda de forças que aparece esponta- TRAMAZEIRA 535 Fornece vitamina C e ácidos orgânicos Frutos (sorvas) maduros
neamente, sem relação directa com um
esforço prévio. AIPO 562 Tonificante e remineralizante Cru, sumo fresco
DEPRESSÃO NERVOSA AVEIA 150 Tonificante, nutritiva Flocos com leite ou caldo
Estado psíquico de abatimento e pro- ERVA-CIDREIRA 163 Equilibrante do sistema nervoso Infusão, extractos
funda tristeza, com ou sem causa evi-
dente, acompanhado de perda do ape- VALERIANA 172 Sedante suave, diminui a ansiedade Infusão, maceração ou pó de raiz
tite, insónia e tendência para a SERPÃO 338 Tonificante e revitalizante Banhos quentes com a sua decocção
inactividade.
Recomendam-se as plantas Tonificante e equilibradora Infusão, decocção
ANGÉLICA 426 do sistema nervoso
com acção tonificante e
equilibradora sobre o siste- Tonificante geral Sumo fresco
ma nervoso, assim como
AIPO 562
as que fornecem substân- GINSENG 608 Antidepressivo e ansiolítico Preparados farmacêuticos
cias nutritivas como a vi-
tamina B ou a lecitina. As GERGELIM 611 Nutritivo. Restaura a vitalidade Sementes
plantas e substâncias
esífmu/aníes ou exci- Estimula a função
SALVA 638 Infusão, essência
tantes não se devem das glândulas supra-renais
usar no tratamento da Tonificante e equilibrador
depressão. HIPERICÃO 714 Infusão
do sistema nervoso
Tonificante geral.
TOMILHO 769 Infusão, essência
Fiva cidreira Estimula as funções intelectuais
140
SAÚDE P E L A S P L A N T A S MEC
2 " P.irtc:
I
D e s c r i ç ã o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso
NERVOSISMO E ANSIEDADE !_, i cr, Sedante do sistema nervoso. Contém Infusão de farelo (palha) por via oral
AvEIA 150
0 nervosismo é um estado de exci- vitaminasAeB e acrescentada à água do banho
tação nervosa, seja por urna causa jus-
tificada ou não. LARANJEIRA 153 Sedante e soporífera suave Infusão de folhas e/ou flores
A ansiedade é uma emoção indesejá-
vel e injustificada, cuja intensidade não LÚPULO 158 Sedante e soporifero Infusão e extractos
é proporcional à possível ameaça que
a provoca. A ansiedade é diferente do ALFACE-BRAVA- Decocção de folhas, lactucáno,
medo, pois este impli- 160 Sedante, acalma a excitação nervosa
-MAIOR sumo fresco
ca a presença de
um perigo real ,,-, Sedante e equilibradora do sistema
conhecido. A an- ALFAZEMA Infusão, extractos, essência
nervoso
siedade costuma
manilestar-se ex-
teriormente com ERVA-CIDREIRA 163 Sedante suave e equilibradora Infusão, extractos
um estado de hi-
perexcitacão ner-
PASSIFLORA 167 Diminui a ansiedade Infusão
vosa.
169 Sedante e relaxante Infusão de flores, decocção de casca,
As plantas medici- extractos
nais podem contri-
buir muito para ali-
viar o nervosismo e a 172 Sedante suave, diminui a ansiedade Infusão, maceração ou pó de raiz
ansiedade, proporcio-
nando sedação e equi- Sedante do sistema nervoso Infusão de flores, frutos frescos,
líbrio ao sistema ner- vegetativo, ansiolitico extractos
voso.
Contribui para a estabilidade do Cápsulas ou comprimidos do óleo
237 sistema nervoso e para o equilíbrio
hormonal das sementes
141
C a p . 8 : P L A N T A S PARA O S I S T E M A N E R V O S O
INSÓNIA LARANJEIRA 153 Sedante e soporífera suave Infusão de folhas e/ou flores
É a falta de sono, quer seia por dificul- LÚPULO 158 Sedante e soporífero Infusão e extractos
dade em conciliá-lo quer por um des- ALFACE-BRAVA- Decoccão de folhas, lactucário,
pertar precoce. Ao contrá- 160 Sedante, acalma a excitação nervosa
-MAIOR sumo fresco
rio de muitos sopori-
feros de síntese quí- ALFAZEMA 161 Sedante, acalma a excitação Inalações da essência
mica, as plantas ERVA-CIDREIRA 163 Sedante suave e equilibradora Infusão, extracto
medicinais que re-
comendamos são PASSIFLORA 167 Sedante, induz um sono natural Infusão
capazes de induzir
um sono natural e TlUA Induz um sono natural, Infusão de flores, decoccão de casca,
169 sem sonolência na manhã seguinte extractos, banho quente com flores
reparador, sem so-
nolência residual na
manhã seguinte, e V RIANA ,j2 Sedante suave, diminui a ansiedade, Infusão, banhos quentes
sem risco de criar soporífera com a decoccão de raiz
dependência. Infusão ou xarope de pétalas,
PAPOtLA 318 Sedante e soporífera
decoccão de frutos
ASPERULA-
Valeriana -ODORÍFERA
351 Sedante soporífera Infusão
CÁLAMO-
424 Relaxante muscular e sedante suave Banho com decoccão de rizoma
-AROMÁTICO
DOENÇAS
PSICOSSOMÁTICAS , c, Sedante e equilibradora do sistema
ALFAZEMA Infusão, extracto ou essência
São as doenças cuja origem é psicoló- nervoso central e vegetativo
gica, pelo menos parcialmente, mas
que se manifestam com alterações fun-
cionais de diversos órgãos. Algumas
das mais frequentes são: úlcera gas-
troduodenal, cólon irritável, angina
de peito, e certos eczemas cutâneos. VALERIANA 172 Sedante, diminui a ansiedade Infusão, maceração ou pó de raiz
Estas plantas equilibram e modificam o
sistema nervoso vegetativo, verdadeiro
substrato da relação entre a mente e o
corpo.
ROSEIRA 635 Sedante do sistema neurovegetativo Infusão de pétalas
142
SAÚDE : : . - i PIAUÍ «Et : '.- 5
?•' Parte: D e Cl i n .1 n
POEJO
4,-, Acalma as dores de cabeça
de origem digestiva Infusão
MOSTARDA- 663 R evu ' s ' va ' descongestiona a cabeça Banhos de pés. quentes,
-NEGRA em caso de catarro nasal ou gripe com farinha de mostarda
ENXAQUECA (HEMICRANIA) LARANJEIRA 153 Antiespasmódica e sedante Infusão de folhas e/ou flores
É uma dor intensa, que geralmente l AO Previne o aparecimento das crises
afecta metade da cabeça, e que apare- TÍLIA Decocção da casca
de enxaqueca
ce com certa periodicidade, associada
a perturbações nos olhos. YJM Antiespasmódica, analgésica,
Durante a crise de enxa- VERBENA Infusão e decocção
diminui a intensidade da enxaqueca
queca produz-se um es-
pasmo das artérias LIMOEIRO 265 Sedante e antiespasmódico Infusão de folhas
que irrigam a cabeça,
para o que são úteis 044 Anti-inflamatória, Infusão de folhas e/ou flores.
as plantas anties- VIOLETA
acalma a dor de cabeça compressas sobre a testa
pasmódicas. Em
muitas ocasiões, > 1^
MANJERICÂO- oco Antiespasmódico, acalma as ui.„s« »«**«,:.,
as crises de enxa- -GRANDE 368 lnfusao e s s e n c i a
enxaquecas associadas a má digestão -
queca são desen- ff-
cadeadas por fer- CARDO-DE- 395 Regula a tonicidade dos vasos
mentações diges- Infusão ou decocção de frutos
tivas ou por cer-
-SANTA-MAWA sanguíneos
tos alimentos.
«pç Digestiva, alivia as enxaquecas
ANGÉLICA Infusão ou decocção
de origem digestiva
143
C a p . 8; P L A N T A S PARA O S I S T E M A N E R V O S !
MEMÓRIA, PERDA DE
Além destas duas plantas com acção Caíra* IIA Melhora a irrigação sanguínea
WNKGO <íá4
Infusão das folhas
vasodilatadora sobre as artérias cere- n Q c é r e b r o
DOENÇAS ORGÂNICAS
DO SISTEMA NERVOSO
0 óleo de onagra é muito rico em ácido
linoleico, um factor essencial no de-
senvolvimento e no bom funcionamen- Contribui para a estabilidade
to dos neurónios. O seu uso é um bom Cápsulas ou comprimidos
ONAGRA 237 do sistema nervoso
compfemento do tratamento especifi- do óleo das suas sementes
e para o equilíbrio hormonal
co das doenças orgânicas do sistema
nervoso, tais como a esclerose em
placas ou a doença de Parkinson.
144
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D l C I K A ! S
2 " Parte: D e s c r i ç ã o
Plantas sedativas
Planta Pág.
Abelmosco 362
Agripalma 224
Alface-brava-maior 160
Alfazema 161
Aspérula-odorifera 351
Assafétida 359
Aveia 150
Cálamo-aromático 424
Cinoglossa 703
Dormideira 164
Endro 349
Erva-cidreira 163
Estaque 641
Laranjeira 153 O sumo fresco de aipo
Limoeiro 265 (pág. 562) é um
tonificante natural
Lúpulo 158 altamente
Melissa-bastarda 580 recomendável em caso
de esgotamento ou
Papoila 318
depressão nervosa. Tem
Passiflora 167 afém disso acçáo
Pé-de-leão 622 diurética e depurativa.
Pode misturar-se com
Pilriteiro 219 sumo de limão.
Salgueiro-branco 676
A dose habitual é de
Saxifraga 322 meio copo de manhã e
Tília 169 igual quantidade ao
meio-dia. antes ou
Valeriana 172 depois da refeição.
Verbena 174
Plantas sedativas
para as crianças
Planta Pág
Alface-brava-maior 160
Alfazema 161
Ti lia 169
146
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S
?•' P a r t e : D e s c r i ç ã o
I
Plantas antiespasmódicas
147
Aconitum
napellus L.
a * : .
Preparação e emprego
Acónito
USO INTERNO
Uma planta que cura. 0 acónito tem de ser usado sem-
pre sob vigilância médica, e
e que mata empregando produtos de labora-
tório devidamente avaliados qui-
micamente, para se saber com
exactidão o seu conteúdo em
aconitina. Existem os seguintes
preparados farmacêuticos:
O Pó de raiz: em dose máxima
de 0,4 g diários, repartidos por vá-
rias vezes.
©Tintura alcoólica a 1/10: co-
mo máximo 6 gotas repartidas ao
Precauções
Outros nomes: mata-cão.
napelo, capuz, pistolete, carro-
-de-vénus. Brasil: capacete-de-
0 acónito tenro (quando está a bro- •júpiter.
tar) é pouco tóxico. Depois de a
Esp.: acónito, anapelo. raiz dei
planta se ter desenvolvido, porém, é
diablo. Fr.: aconit (napel).
altamente venenoso. E cultiva-se nal- Ing.: monkshood.
guns jardins como planta ornamental!
Habitat: Terrenos montanhosos e
0 contacto prolongado com esta húmidos de toda a Europa e da
planta pode tornar-se perigoso. Tem América, especialmente do Norte.
havido casos de intoxicação em Apesar da sua grande toxicidade, e
crianças que tinham levado na mão. cultivado como planta ornamental em todo
durante algum tempo, um ramalhete o mundo
de acónito. Descrição: Planta herbácea, da família
Nas aplicações externas é preciso ter das Ranunculáceas, que atinge entre 50 e 150
cm de altura. As flores são muito belas, em forma de
presente que a aconitina também se
capacete, e podem ser de cor azul-escura, amarela ou
absorve pela pele, pelo que, mesmo branca. A raiz ê um tubérculo em forma de nabo.
por via externa, podem produzir-se
Partes utilizadas: a raiz
intoxicações. Não se devem fazer
mais de três aplicações diárias.
148
Convém saber
identificar bem
Desde tempos muita antigos que <> o acónito, uma
das plantas mais
acónito é usado para envenenar fle- venenosas que
chas e para justiçar os réus. No sécu- existem.
lo XVIII, o médico austríaco Stoerk
começou a utilizá-lo no tratamento
das dores nevrálgicas.
O acónito é uma planta altamente tóxica, mas que,
correctamente empregada, p o d e aliviar dores re-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda beldes, como as das nevralgias faciais.
a planta, e especialmente a raiz, con-
tém potentes alcalóides (aconitina e
napelina), assim como glicósidos fla-
vónicos, resinas, amido e manitol. O
princípio activo mais importante é a
aconitina, que é um potente anesté-
sico dos terminais sensitivos; é lam-
bem febrífugo e antitússico.
O acónilo usa-se com êxito, tanto
O Intoxicação por acónito
por via interna IO.@.€M como externa
10,01, para acalmar as dores incurá-
veis das nevralgias, em especial a do
nervo trigémeo, que afecta <> rosto, e Sintomas: De 10 a 20 minutos após a ingestão, produz-se uma sensação de irri-
a do nervo ciático. Também si- tem tação ou prurido na boca, nas mãos e nos pés, que a seguir se estende por to-
empregado como substituto da mor- do o corpo; sudação abundante e calafrios. Aparecem depois náuseas, vómitos
fina, para desabituar os dependentes e diarreias. Se a intoxicação for grave, produzem-se alterações no ritmo respi-
desta. ratório e cardíaco, que acabam em paragem cardio-respiratória e morte.
Primeiros socorros: Provocar imediatamente o vómito. É conveniente uma la-
()s princípios activos do acónito vagem ao estômago; administrar carvão vegetal e laxantes enérgicos.
são substâncias muito potentes que,
correctamente utilizadas, surtem va- Há que levar o doente com toda a urgência a um hospital, para ser interna-
do numa unidade de cuidados intensivos.
liosos eleitos medicinais. O acónito é
uma ílessas plantas (^w podem curai",
masque também podem matar.
N
Avena satíva L
P
Preparação e emprego
Aveia
USO INTERNO
Tonifica e equilibra O Os flocos (sementes prensa-
das) cozinhados com leite ou cal-
os nervos do de hortaliça.
© Infusão: Prepara-se com uma
colherada de palha de aveia por
chávena. Tomam-se 2 ou 3 chá-
venas por dia.
USO EXTERNO
© B a n h o relaxante: A inlusão
serve também para acrescentar
à água do banho na proporção de
um litro por banheira de tamanho
médio, com o que se obtém um
agradável efeito relaxante.
o S F L O C O S de aveia, q u e se
preparam p r e n s a n d o os grãos
trilhados, constituem um ali-
m e n t o integral muito p o p u l a r nos pa-
íses do C e n t r o e do Norte da Europa.
A aveia tem, além disso, interessantes
efeitos sobre o sistema nervoso.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS
GRÃOS c o n t ê m 60%-70% de a m i d o e
outros glícidos (hidratos de c a r b o n o ) ;
1-1% de proteínas; 7% de lípidos (gor-
d u r a s ) , e n t r e OS quais se c o n t a u m a
significativa p r o p o r ç ã o de lecitina; vi-
taminas do g r u p o li; ácido pantoténi-
co; enzimas, minerais, s o b r e t u d o cál- Outros nomes:
cio e fósforo; oligoelementos diversos; Esp.: avena, avena común, avena
e um alcalóide (avenina), de efeitos blanca. Fr.: avoine. Ing.: oat.
tonificantes e equilibradores sobre o Habitat: Originária do Sul da Europa. A
sistema nervoso. sua cultura estendeu-se aos cinco
continentes.
A aveia é por isso muito recomen-
Descrição: Planta anual da família das
dada nos casos de d e p r e s s ã o , nervo-
Gramíneas, que atinge um metro de
sismo, insónia e e s g o t a m e n t o físico altura. As suas flores, da mesma
ou mental l©l. Os q u e sofrem de maneira que os grãos, agrupam-se
stress ou de impotência sexual, os es- duas a duas. em espigas.
t u d a n t e s - s o b r e t u d o em é p o c a de exa- Partes utilizadas: A paíha e os grãos.
m e s - , os d e s p o r t i s t a s e as m ã e s lac-
tantes, têm na aveia um alimento-re-
médio ideal. Pela sua excelente diges-
tibilidade, convém t a m b é m aos con- A palha ou farelo da aveia é
valescentes e aos q u e sofram de gas- sedativa e faz descer o
trite, de colite c de outras afecções di- co/esterof.
gestivas.
150
o A aveia e o colesterol
1
Cannabis sativa L.
v. .
Preparação e emprego
152
Citrus aumntíum L. f\
9 L A
Sinonímia cientifica: Citrus sinensis Pers.,
Citrus vulgaris Rísso
Espécie afim: Citrus aurantium var.
Laranjeira sinensis L. s Citrus sinensis (L.) Osbeck.
Outros nomes: C. aurantium: laranjeira-
-azeda. laranjeira-amarga: C sinensis:
A flor é sedativa la ra njeira • doce. la ranjeira • da •
-china, laranja-de-umbigo,
e o fruto tonificante laranja-da-baia. laranja-
-camoesa. laranjeira-
-romã.
Esp.: naranjo agrio,
naranjo dulce. naranjo
de la China.
n Precauções
J J? Preparação e emprego
USO INTERNO
As pessoas que sofram da vesícula
O Infusão de folhas e/ou flores, com 10-20 g por litro de água (3 folhas ou
biliar devem evitar comer laranjas de
6 flores são suficientes para preparar uma infusão sedativa). Ingerir 3 ou 4
manhã em jejum. Pela sua acção co-
chávenas por dia, especialmente antes de deitar.
lagoga, provocam um esvaziamento
brusco da vesícula biliar, que pode © Decocção: Ferver 30 g de casca de laranja, seca. cortada em pedacin-
causar ligeiros incómodos abdomi- hos, em meio litro de água, durante 15 minutos. Pode-se adoçar com mel.
nais, como peso no estômago ou sen- Toma-se uma chávena pequena depois de cada refeição.
sação de distensão.
15
A laranjeira-doce é a mais conhe-
cida e cultivada; no entanto, a varie- ^•^ Laranja
dade de laranjeira que mais se em-
prega em fitoterapia é a amarga, pois
embora ambos os tipos de laranjeira laranja industrial, embora com isso não
apresentem as mesmas qualidades, a se consiga recuperar todas as suas pri-
amarga possui uma maior concen- mitivas propriedades.
tração de substâncias aromáticas e de As laranjas contêm vitaminas A, B, C e
princípios activos. P, assim como ftavonóides, açúcares,
As FOLHAS, e sobretudo as FLORES ácidos orgânicos e sais minerais. Têm
da laranjeira, contêm uma essência propriedades anti-escorbúticas, toni-
ficantes, aperitivas e colagogas (pro-
composta por limoneno e linalol, en- 1
vocam o esvaziamento da vesícula bi-
tre outras substâncias aromáticas. A
liar). O seu consumo torna-se muito re-
A laranja-doce é uma das frutas mais comendado nos seguintes casos:
apreciadas, sobretudo nos países frios, • Doenças infecciosas ou febris.
pois no Inverno é uma fonte muito va-
liosa de vitamina C. Come-se directa- • Esgotamento, astenia (sensação de
mente a sua polpa, ou então espreme- cansaço).
-se para se obter um dos sumos mais • Desnutrição, anemia, raquitismo.
apreciados. O sumo de laranja tem de
ser bebido acabado de fazer, para se • Trombose, arteriosclerose e trans-
poderem aproveitar as suas proprieda- tornos circulatórios em geral. As la-
des nutritivas e medicinais, pois a vita- ranjas diminuem a viscosidade do san-
mina C destrói-se rapidamente em con- gue e têm um efeito protector sobre os
tacto com o oxigénio, e outros compo- vasos sanguíneos, devido, entre outras
nentes também sofrem mudanças des- coisas, à vitamina P.
favoráveis que alteram notavelmente os O fruto da laranjeira-amarga costuma
seu aspecto e sabor. Por isso é costu- ser utilizado somente na preparação de
me acrescentar vitamina C ao sumo de doces.
154
Conium
maculatum L. v
Preparação e emprego
Cicuta
Um potente tóxico USO INTERNO
0 Pó: Os frutos secos da ci-
que convém saber cuta trituram-se em forma de
distinguir pó. que se dissolve em água.
A dose máxima tolerável para
os adultos é de 1 g diário de
frutos, dividido por quatro to-
mas de 0.25 g cada uma.
155
na-se fácil identificá-la e evitar cort- II
fundi-la com outras plainas comple- Como identificar a planta da cicuta
tamente inócuas.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Todas
as partes da plaina, e em especial os O aspecto da venenosa cicuta é bastante semelhante ao de outras plantas da
frutos, contêm vários alcalóides (co- mesma família, como por exemplo o aipo e a salsa. Os seguintes pormenores
mina, coniceína, conidrína e pseudo- botânicos ajudarão a identificá-la:
-conidrina), além de um óleo essen- • O caule da cicuta distingue-se do de outras umbeiíferas por ter na sua parte
cial, e glicósidos flavónicos e cumarí- inferior umas manchas de cor avermelhada ou púrpura.
nicos. A comina é <> princípio activo • As folhas são grandes e brilhantes, e estão muito divididas.
mais importante da cicuta, que se en- • As flores são brancas, e estão agrupadas em umbelas desiguais de 10 a 20
contra presente numa proporção de raios.
2% nos Irmos, e de 0,5% nas folhas.
• O fruto é ovalado, com cerca de 3 mm, de cor parda verdosa, e muito sulca-
Absorve-se tanto por via oral como
do por nervuras ondeadas.
através da pele. pela qual penetra
com facilidade. • Toda a planta deita um desagradável cheiro a urina.
A coniina é semelhante, na sua estrutura colheram este método para tirar a vida
química e nos seus efeitos, a outro al- aos condenados à pena capital.
calóide: a nicotina, que se encontra no
tabaco. Ambos os alcalóides actuam so-
bre o sistema nervoso vegetativo, exci-
tando-o primeiro e deprimindo-o depois. Tratamento da intoxicação: Sempre
De meia hora a duas horas depois de que haja suspeita de que se tenha in-
se ter ingerido uma dose tóxica de co- gerido cicuta, deve-se provocar o vómi-
niina, produz-se ardor na boca, dificul-
dade de engolir, náuseas, dilatação das to e, se possível, fazer uma lavagem ao
pupilas e fraqueza nas pernas. Se a do- estômago. Administrar purgantes e
se for maior, produz paralisia muscular carvão vegetal. Praticara respiração ar-
(como a produzida pelo curare) e mor- tificial boca a boca, se o intoxicado tiver
te por paragem respiratória e asfixia.
Apesar de tudo, não se perde a cons- dificuldade para respirar. É necessário
ciência e mantém-se a lucidez até ao proceder à imediata transferência do
último momento. Por isso os Gregos es- doente para um centro hospitalar.
156
Datura
stramonium L » 4. A
USO EXTERNO
tribuiu-se depois rapidamente por ©Cataplasma de lolhas es-
toda a Europa, devido às suas singula- magadas: aplica-se sobre a ar-
res propriedades sobre o sistema ner- ticulação afectada.
voso.
15
Humulus lupulus L
158
Hyoscyamus
nfgerL »
O MEIMENDRO já se emprega-
va cm Babilónia (século XV
a.C.) contra as dores de den-
tes, lai como o atesta o Papiro de
Ebers. Dioscórides (século I d.C). pai
USO EXTERNO
©Cataplasma com folhas es-
magadas, que se aplica sobre a
zona dorida durante uns minu-
da fitoterapia, já menciona as suas tos.
propriedades narcóticas. O Unguento preparado ofici-
nalmente (em laboratório far-
Durante a Idade Média, o mei- macêutico).
mendro começou a fazer parte dos
apó/emas preparados por bruxas e
feiticeiros. Dizia-se que os malfeitores
o colocavam sobre as brasas com que
se aqueciam os banhos públicos, para
adormecer os banhistas com os seus
fumos, e depois saqueá-los.
5 Precauções
•preto. erva-dos-cavalos.
Esp.: beleno negro, jurcuario. tornalocos. Fr: jusquiame
[noirej. Ing.: [blackj henbane.
Habitat: Planta pouco frequente, que se pode encontrar à beira de alguns caminhos
e em terrenos baldios da região mediterrânea e da Europa Central. Estendeu-se
Excederas doses indicadas produz também ao continente americano.
náuseas e enjoos. Graças ao seu Descrição: Planta da família das Soianáceas. coberta de uma fina penugem. Pode
mau cheiro, não ê fácil haver intoxi- atingir um metro de altura. As flores são de cor amarela pálida, raiadas de violeta.
cações acidentais. Em doses ele- Toda a planta deita um cheiro nauseabundo.
vadas torna-se estupefaciente e Partes utilizadas: as folhas
alucinogénio.
1
Lactuca virosa L
* . . .
Preparação e emprego
Alface-
brava-maior
USO INTERNO
Sedativa e indutora O Decocção durante 10 mi-
nutos, com 100 g de alface
do sono por litro de água, da qual se
ingerem três chávenas ado-
çadas com mel durante o dia,
e outra antes de deitar. Utili-
zar de preferência a alface-
-brava, ou a cultivada bem de-
senvolvida e florida.
© Lactucário: Administram-
-se habitualmente de 0,1 a 1
g por dia.
160
Lavandula angustifolia
Miller
m >J t A A
Preparação e emprego
Alfazema USO INTERNO
O Infusão com 30-40 g cie sumi-
De perfume dades floridas e folhas, por cada li-
requintado, tonificante tro de água. Tomar três chávenas
e muito medicinal por dia, adoçadas com mel, depois
das refeições.
© Extracto fluído; Ingerem-se 30
gotas, 3 vezes ao dia.
€) Essência: A dose habitual é de
3-5 gotas, duas ou três vezes por
dia.
1
o Obtenção do óleo e da água-de-alfazema
ajuda a curar rapidamente. O óleo de
alfazema alivia a dor nas queimaduras
leves (de primeiro grau) e desinflama
as picadas de insectos.
m"
o depois. tenso exercício físico, ou quando se
sente esgotamento, um banho com
água quente e água ou essência de al-
• Agua-de-alfazema: Dissolvem-se fazema ajuda a activar a circulação e
30 g de essência num litro de álcool a a eliminar a sensação de fadiga. Ob-
90°. Depois de deixar repousar a mis- tém-se um maior efeito se o banho
tura durante 24 horas, passa-se por for seguido de fricções I©1 com um
um filtro de papel e guarda-se em fras- pano de lã embebido em água, óleo
cos bem vedados. Pode-se diluir com ou essência de alfazema.
água, se se achar que está demasia-
do concentrada. Também se pode pre-
parar deixando em maceração 250 g • Sedativa: O simples facto de aspirar
de sumidades floridas secas, num li- o aroma da alfazema IOI exerce uma
tro de álcool, durante duas semanas. suave mas eficaz acção sedativa sobre
• Óleo de alfazema: Dissolvem-se 10
g de essência em 100 g de azeite de Transcorrido este tempo, passa-se por o sistema nervoso central. É muito re-
oliveira e aplica-se como loção sobre um filtro de papel e guarda-se em fras- comendável para a crianças que dor-
a zona dorida. Também se pode cos bem vedados. mem mal. Neste caso, dá muito bom
resultado colocar umas gotas de
essência de alfazema na almofada da
cama ou num lenço próximo da cara.
mo, neurastenia, enjoos, tendência em luxações, entorses, contusões e • Balsâmica IOJ: A essência emprega-
para a lipotimia (desmaio), palpi- distensões musculares. -se em inalações ou banhos de vapor
tações do coração e, em geral, em to- • Anti-séptica e cicatrizante 101: A in- para acelerar a cura das laringites, tra-
dos os casos de doenças psicossomá- fusão de alfazema emprega-se para la- queítes, bronquites, catarros bron-
ticas. var úlceras e feridas infectadas, que quiais e constipações.
•AI.
162
Mellssa officínalis L
9. M S\ ti
J
A DIZIA Avicena, o grande médi- com uma infusão preparada à
co árabe do século XI, que a me- razão de 30-50 g de planta por
tissa "tom a admirável proprieda litro de água.
de de alegrar e confortar o co- O Banhos: Esta mesma in-
ração». Desde os começos do século fusão adicionada à água do
XVII, os monges carmelitas descalços banho (2 ou 3 litros por banhei-
preparam c o m esta planta a famosa ra).
"água-dos-carmelitas", q u e foi um re- © Fricções: Aplicam-se com
médio muito p o p u l a r c o n t r a OS des- a essência diluída em álcool
maios, síncopes e crises de- nervos. (álcool-de-melissa).
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : AS To-
lhas e as Hores contêm cerca de 0,25%
de óleo essencial, rico nos aldeídos ci-
tral e citronelal, aos quais deve a sua
acção antiespasmódica, sedativa, car- Água-dos-carmelitas
minativa, digestiva e anti-séptica. E
útil nos seguintes casos:
A água-dos-carmelitas torna-se
• P r o b l e m a s n e r v o s o s IO 0 1 : exci- pouco recomendável devido ao seu
tação, a n s i e d a d e , cefaleia devida a importante conteúdo alcoólico.
tensão ( d o r e s d e cabeça d e o r i g e m Conhecemos pessoalmente uma
nervosa). senhora idosa que, como os filhos
• Stress e depressão IO.0I: E muito in- tinham pedido a todos os comer-
ciantes do bairro que não lhe ven-
dicada nos casos de stress e depressão
dessem nenhuma bebida alcoóli-
nervosa, graças ao seu eleito sedativo ca, conseguia a sua ração etílica
suave e e q u i l i b r a d o r do sistema ner- nas farmácias, onde se fornecia
voso. diariamente de várias garrafinhas
• Insónia IO.0I: Tomada ã noite, aju- de água-dos-carmelitas, que bebia
avidamente até se embriagar.
da a vencê-la.
• Dores m e n s t r u a i s IO,01: Desde há
séculos, é r e c o m e n d a d a para aliviar Outros nomes: melissa. citronela-menor, limonete, chá-de-frança.
estas dores. Esp: melisa, toronjil, cedrón. abejera. Fr.: mélisse. citronelle.
• Também pode- ser de utilidade em Ing.: [sweetj balm, melissa.
caso de palpitações, espasmos e cóli- Habitat: Originária dos países mediterrâneos, mas cultivada em toda
cas abdominais, flatulência, enjoos e a Europa e regiões temperadas da América.
vómitos IO,01. Descrição: Planta vivaz da família das Labiadas, que atinge de 40 a 70 cm de
altura. Tem folhas dentadas e muito rugosas, que exalam um forte cheiro a limão.
• Externamente, é anti-séptica, antifún-
Partes utilizadas: as folhas e as flores.
gica (contra os fungos da pele), e an-
tivírica I0.O.0I, de acção demonstra-
da contra os vírus do h e r p e s e os mi-
xovírus do grupo 2.
16
Papaver
somniferum L
.
Preparação e emprego
Dormideira
USO INTERNO
Pode aliviar grandes O Decocção com 2 a 4 cápsulas
maduras de dormideira por litro de
dores... ou causar água, durante 5 minutos. Admi-
enormes sofrimentos nistram-se até 3 chávenas diárias,
uma antes de deitar.
© Óleo de sementes: Usam-se
1-2 colheradas (15-30 ml) em cru.
1-2 vezes por dia, para temperar
a salada ou outro prato de ver-
dura.
USO EXTERNO
© Para bochechos, podem-se
164
CH3 ™ SI mm CH2 mm CH
OH
OH
Fórmula química da m o r f i n a , o mais a b u n -
dante e importante dos 24 alcalóides q u e se
encontram no ópio. Tem uma potente acção
analgésica, estupefaciente e narcótica. O seu
grande inconveniente é a grande capacidade
que tem de gerar dependência física.
165
«M.
V Dormideira-brava
que «entre os remédios mais valiosos que contém, uma respiração lenia e / ( ) ópio é mais perigoso do que as
que aprouve a Deus Todo-poderoso superficial, pela acção sobre os cen- cápsulas da plaina.
dar ao homem para aliviar os seus so- tros respiratórios do tronco cerebral.
frimentos, nenhum é ião universal Doses elevadas produzem a morte por / Os alcalóides extraídos do ópio (a
nem ião eficaz tomo o ópio». No en- paragem respiratória. morfina, por exemplo) são mais tóxi-
tanto, na actualidade, a potência cos cio que o ópio completo.
• Efeito antidiarreico: O ópio diminui
analgésica do ópio foi suplantada pela as secreções digestivas e torna mais
dos seus derivados semi-sintéticos. / Os alcalóides semi-sintéticos (hero-
lentos os movimentos peristálticos do
O grande inconveniente do ópio e ína ou diacetilmorfina, por exemplo),
intestino. Por isso se tem usado am-
dos seus alcalóides reside na sua gran- obtidos, por processos químicos, a
plamente contra diarreias e disente-
de capacidade de produzir dependência partir dos alcalóides naturais do ópio,
rias. Actualmente dispõe-sc de outros
física. Depois de algumas doses, o do- apresentam uma maior toxicidade e
tratamentos menos tóxicos.
ente precisa dele de forma imperiosa, capacidade de criar dependência.
e não encontra nenhuma outra As CÁPSULAS maduras da dormi-
substância ou calmante que o substi- deira (as verdes apresentam uma Daí que o ópio, e naturalmente os
tua. Daí que tenha de ser usado com maior proporção de alcalóides tóxi- seus alcalóides, só possam ser usados
extrema prudência e sempre por cur- cos) podem empregar-se: por prescrição médica c. segundo a le-
tos períodos de tempo, excepto no caso • (lomo analgésico em dores rebeldes gislação da maioria dos países, com
de doenças terminais. IO). uma receita especial.
Quando se administra ópio a uma • Aplicada localmente em bochechos, Das SEMENTES da dormideira, ol>
pessoa sã, provoca uma sensação de a infusão de cápsulas de dormideira lém-se um óleo 101 que contém uma
euforia exagerada, que pode ser se- pode acalmar as dores de cientes IO). boa percentagem de lecitina, substân-
guida por outra de dísforia (ansieda- cia muito rica em fósforo, útil para re-
• domo sedativo, em casos de- insónia
de, tristeza e temor), de náuseas ou duzir o nível de colesterol no sangue
rebelde IO).
de vómitos. Logo se manifestam tam- e fortalecer o sistema nervoso. O óleo
bém os sintomas de dependência físi- K preciso recordar que a dormi- de dormideira acha-se completamen-
ca. Confessava um ex-toxicodepen- deira não cura a causa da dor nem da te isento de alcalóides estupefacien-
dente: "Primeiro toma-se para se es- insónia, que deverá proc urar-se e tra- tes, e portanto pode-se utilizai" como
tar melhor. Depois tem de se tomar ia r-se. óleo culinário de grande valor dieté-
para não se estar mal.» A toxicidade e o perigo de de- tico. As sementes também se empre-
• Depressão respiratória: O ópio pro- pendência da dormideira aumentam gam em pastelaria e no fabrico de
duz, devido especialmente à morfina ã medida que se purifica: pão.
166
Passiflora
IncamataL
Passiflora
Uma planta americana
contra o stress
16
«Mj
• Insónia IOI: Causa uni s o n o natural,
sem que se produza depressão ou so- yr Maracujá-roxo
nolência ao despertar. Devido à sua
falta de t o x i c i d a d e , p o d e ser a d m i -
nistrada às crianças. No Brasil e nas Antilhas existe esta espécie de Passiflora, o maracujá-roxo* {Pas-
siflora eóulisSims. = Passiflora laurifoiia F. Vil'.), deflores avermelhadas, que tam-
• D o r e s e e s p a s m o s d i v e r s o s IOI: A bém é conhecida como maracujá-mirim. Esta é a espécie do género Passiflora
passiflora descontraí os órgãos abdo- mais conhecida nas Américas.
minais ocos, cuja c o n t r a c ç ã o causa O maracujá-roxo dá um fruto doce e um pouco ácido, de sabor autenticamente
d o r de lipo e s p a s m ó d i c o , ou cólica: "tropical", com cuja polpa gelatinosa se preparam deliciosos refrescos. 0 óleo das
e s t ô m a g o , i n t e s t i n o (cólica intesti- suas sementes é comestível. Esta espécie não se considera propriamente uma
nal), vesícula e vias biliares (cólica bi- planta medicinal.
liar), vias u r i n á r i a s (cólica r e n a l ) e
ú t e r o ( d i s m e n o r r e i a ) . Na prática, o ' Esp.: granadilla.
seu uso é indicado ein q u a l q u e r tipo
de dor, incluindo as nevralgias.
168
Tilia europaea L
Ú
Outros nomes:
Tília Esp.: tilo, tila, tilia, tillera. Fr.: lilleul, til, tillet. Ing.: linden.
Habitat: Difundida, tanto em estado silvestre como cultivada, por zonas
montanhosas da Europa continental, Córsega, e região
Acalma os nervos, do Cáucaso. Muito cultivada em Portugal. Na América
também existem diversas espécies de tílias.
protege o coração... e
muito mais
T
o Banhos de vapor
170
<*M.
Diversas tílias
A
VALERIANA produz efeitos dia.
bastante diferentes, segundo
€) Pó de raiz: Administra-se um
actuo sobre os seres humanos
grama, 3-4 vezes ao dia.
ou sobre os animais. Aos primeiros
proporciona um notável efeito sedati- USO EXTERNO
vo, enquanto aos segundos estimula O Compressas de uma de-
Fortemente. Assim, por exemplo, os cocção de 50-100 g de raiz se-
gatos ficam eufóricos quando cheiram ca, fervida num litro de água du-
a planta, e esfregam-se contra ela com rante 10 minutos. Aplicam-se
grande deleite. Por outro lado, o aro- quentes sobre a zona dorida.
ma da valeriana, que se intensifica © Banhos de água quente, de
com a secagem da planta, não tem acção sedativa, [untando um ou
para os humanos nenhum atractivo es- dois litros de uma decocção de
pecial, pois lembra o cheiro do suor valeriana igual àquela que se
dos pés. Questão de gostos... prepara para as compressas.
A valeriana usa-se em terapêutica
desde o Renascimento, quando se des-
cobriu a sua propriedade de evitar os
ataques epilépticos.
Outros nomes: valeriana-menor, valeriana-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A cepa -silvestre, valeriana-selvagem, erva-dos-gatos.
e as raízes da valeriana contêm cerca
de 1 % de um óleo essencial com nu- Esp.: valeriana, valeriana oficinal, hierba de los
merosos componentes (terpeno.s, és- gatos. Fr.: valériane, herbe aux chats.
Ing.: ffragrantj valerian, English valerian.
teres de bornilo, etc.) e de 1 % a 5% de
valepotrialos, que são triésteres do áci- Habitat: Cresce nas orlas dos bosques, prados
do valei iânico. O óleo essencial tem húmidos e margens dos rios da Europa, para
acção anti espasmódica, e os valepo- desaparecer na região mediterrânea. Naturalizada
na América do Norte e na região mais meridional do
trialos, acção sedante. No entanto, o continente americano.
eleito terapêutico da valeriana deve-sc
à acção combinada de todos os seus Descrição: Pianta herbácea da família das Valerianáceas,
componentes, e não a algum em par- com caules erectos e estriados, que atingem de 0,5 a 2 m de
altura. As flores são pequenas, de cor rosada, e agrupam-se em
ticular, como alvas acontece com mui- ramalhetes terminais.
ta frequência em fitoterapia.
Partes utilizadas: a raiz e o rizoma.
A valeriana tem efeitos tranquili-
zantes, sedalivos, soporíferos (favore-
ce o sono), analgésicos (acalma a
dor), antiespasmódicos e anticonvul-
sivos. Produz uma sedação de todo 0
172
A valeriana tem um notável efeito equilibrador sobre o sistema nervoso vegetativo, quer seja ingerida em tisana quer
usada em banhos medicinais. Torna-se muito útil em caso de doenças psicossomáticas, nervosismo ou stress.
sistema nervoso central e vegetativo, • Distonias neurovegetatívas IO,©,0I: pode ajudar a reduzir a dose da mes-
diminuindo a ansiedade. Também di- ansiedade, neurose de angústia, neu- ma.
minui a pressão arterial. A sua acção é rastenia ou irritabilidade, dores de ca-
semelhante à dos fármacos tranquili- beça, palpitações, arritmias, hiper-
zantes maiores ou neurolépticos (fe- tensão arterial essencial (que não tem • Asma IO.0.01: Do mesmo modo que
notiazinas e derivados), mas não tem causa orgânica), tremores, neurose no caso da epilepsia, é mais eficaz na
nenhum dos correspondentes efeitos gástrica (nervos no estômago), cólon prevenção do que no tratamento do
tóxicos destes. As indicações da vale- irritável, e outras doenças psicosso- ataque agudo. A sua acção antiespas-
riana são as seguintes: máticas. móclica e sedativa evita o espasmo dos
brônquios que, juntamente com o
• Depressão nervosa e esgotamento edema da mucosa, é um dos factores
IO 0,01: causadores da asma.
173
Verbena
offtcinalis L. <El _«.
Preparação e emprego
Verbena
Usar a planta fresca, sempre
Alivia as enxaquecas que seja possível, pois o seu
e as nevralgias princípio activo, a verbenalina,
vai-se degradando paulatina-
mente com a secagem.
USO INTERNO
O Infusão: 15-20 g por litro de
água. Ingerem-se 2 ou 4 cháve-
O T E M P L O d e Júpiter, n o Olim-
p o , era purificado c o m água-
-de-verbena, pois esta planta
era considerada u m a panaceia, capa/,
de livrar de todos os males. D u r a n t e a
nas por dia.
© Decocção: 20 g por litro, du-
rante 10 minutos. Dose igual à
da infusão.
Idade Média, foi usada pelos encanta-
dores e adivinhos, c o m o erva mágica. USO EXTERNO
Antigamente era r e c o m e n d a d a c o m o ©Gargarejos: a mesma in-
afrodisíaca ( « a c e n d e os a m o r e s apa- fusão ou decocção, mas mais
gados»), e é possível q u e o seja até cer- concentrada (40-50 g por litro).
to p o n t o , / a c t u a l m e n t e já p o d e m o s O Inalações: Executam-se res-
c o n h e c e r as suas p r o p r i e d a d e s e ver- pirando directamente os vapores
dadeiras aplicações. de uma decocção de verbena
quente.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- ©Compressas quentes: Fa-
tém verbenalina, um glicósido q u e ac- zem-se com a infusão ou de-
tua sobre o sistema nervoso vegetativo, cocção concentrada e aplicam-
especialmente sobre o parassimpático, -se sobre as correspondentes
e x e r c e n d o u m a acção sedativa, anties- zonas doridas.
pasmódica, analgésica, digestiva e anti- O Cataplasmas: A planta cozi-
-inflamatória. Contém também tanino da, ou passada pela frigideira
e mucilagem, q u e a fazem adstringen- (refogada), e envolvida num
lenço de algodão.
174
As inalações com os vapores de uma decocção de
verbena sáo muito úteis em caso de sinusite.
te e emoliente. Por isso as suas apli- vorece a secreção da bílis (acção co-
cações são: lerética), pelo que se recomenda para
• Enxaquecas IO.0I: A sua acção an- as hepatopatias (doenças do fígado).
tiespasinódica sobre o sistema arterial A sua acção antiespasmódica também
evita que se produzam as crises cie dor se torna muito útil em caso de cálcu-
de cabeça, ou pelo menos diminui a los biliares.
sua intensidade. O tratamento destas
• Diurética IO,©l: Devido a ser ligei-
afecções é muito difícil e obiêm-se
ramente diurética, administra-se em
melhores resultados combinanclo-a
caso de cólica renal para acalmar a
com outras plantas. A verbena é isen-
dor e ajudar a eliminar as pedras. Pela
ta dos importantes eleitos secundá-
mesma razão se prescreve para o tra-
rios dos fármacos derivados da ergo-
tamento da obesidade e da celulite.
tamina. que habitualmente se empre-
gam para tratar as crises de enxaque- • Afecções da garganta IOI: Muito re-
ca. comendável em diversas afecções das
• Dores reumáticas, nevralgias, ciáti- vias respiratórias superiores, como fa-
ca: Aplica-sc tanto em uso interno (in- ringite, amigdalite e laringite, e infla-
fusão IOI ou decocção IOI), como ex- mações da garganta cm geral. Aplica-
terno (compressas l©l ou cataplasmas -se em gargarejos e em cataplasmas
101). 101. e também em infusão IOI.
• Transtornos digestivos: A sua acção • Sinusite: Kmprcga-sc para o trata-
eupéptica favorece a digestão. Pode- mento desta incómoda perturbação,
-se usar contra as diarreias e cólicas in- graças à sua acção anti-inflamatória e A verbena é m u i t o eficaz em
testinais, devido às suas propriedades t o d o o tipo de dores de cabeça,
adstringente. Aplica-se tanto por via tanto ingerida por via oral, como
adstringentes. oral IOI como em inalações IOI e em nas suas diversas aplicações ex-
• Descongestiona o fígado IO,91: Fa- compressas quentes sobre o rosto 101 ternas.
PLANTAS EXCITANTES
UIÁRIO DO CAPÍTULO l
E
POSSÍVEL que algumas pessoas
se surpreendam tom o lado de se
incluíram plantas de acção exci-
lante sobre o sistema nervoso,
Alternativas no café 177 normalmente qualificadas como drogas,
Alternativas ao chá 777 numa obra sobre plantas medicinais.
176
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S
2 " Parte: D e s c r i ç ã o
ALTERNATIVAS AO CAFÉ CARVALHO 208 Adstringente, nutritivo Infusão de bolotas torradas e moídas
As infusões destas plantas são isentas DENTE-DE- oq 7 Aperitivo.Melhora as funções
de cafeína e têm um aroma agradável, Infusão de raízes torradas
-LEAO da vesícula biliar e o fígado
além de propriedades medicinais.
rnWK« fl AAO Digestiva, melhora a digestão, Infusão de raízes secas,
omcomA <wu descongestiona o fígado torradas e moídas
Sucedâneo do café. Infusão de sementes torradas
FEDEGOSO 630
Desinflama a próstata e moídas
CHÁ-DE-NOVA-
ALTERNATIVAS AO CHÁ -JERSEY
191 Útil em catarros bronquiais Decocçâo de casca e/ou folhas
Estas plantas substituem com vanta-
gem o clássico chá, pois, além de se- ?.. Fluidifica as secreções bronquiais
VIOLETA Infusão de flores
rem aromáticas e medicinais, são isen- e acalma a tosse. Aromática.
tas de cafeína ou teina. Muitas outras DRIAS 451 Aperitiva e digestiva Infusão de folhas
infusões de plantas podem substituir o
chá: por exemplo, as de hortelã-pi- JASÓNIA 456 Digestiva e tonificante Infusão
menta com orégãos, ou a de erva-
-cidreira com camomila. 7fiQ Tonificante, estimula as faculdades
TOMILHO /Dy
intelectuais Infusão concentrada
WiL.
• gastrite e colite crónicas.
No caso das plainas que contêm os alca-
*v\«
lóides nicotina ou cocaína, como o tabaco
ou a coca, as consequências do seu uso ha-
bitual são mais graves e evidentes, espe-
seja, a necessidade dç continuar a tomá-
cialmente no caso da coca. A deterioração
-las. Como acontece com outras drogas, a
de certas funções orgânicas, como as do
princípio a pessoa toma-as para se sentir
sistema nervoso e cardiovascular, é pro-
melhor, e depois tem de as tomar para não
gressiva, inevitável e. na maior parte dos
se sentir mal. Por isso, cremos que é pre-
casos, irreversível. A atrofia cerebral dos
ferível substituir o seu consumo pelo de
dependentes fia cocaína, ou a bronquite
outras plainas que não gerem dependên-
crónica dos fumadores, são um exemplo
cia, que proporcionem um estímulo suave
disso.
e fisiológico, sem riscos tóxicos, e cujo con-
sumo seja igualmente agradável. Além das
Procurando alternativas saudáveis alternativas ao cale e ao chá que se indi-
As plantas excitantes que descrevemos cam nesta página, convém ter em conta as
nas páginas seguintes têm iodas elas a ca- plantas tonificantes que se recomendam
pacidade di' produzir dependência, ou para o esgotamento e a astenia (pág. 1-10).
1/
Coffea arábica L
.
Cafeeiro
Preparação e emprego
Excita, mas não
alimenta
USO INTERNO
O Infusão dos grãos verdes ou
torrados.
178
H3C - N -c =o
1 1
o~c C -N
1 II
H3C-N - c -/v
Fórmula química da cafeína ou trimetil-
xantina, alcalóide principal do grão de
café.
-N-C=0
H3C-N -C D u r a n t e o processo de
1 1 torrefacção, as sementes
o=c C NH do cafeeiro sofrem um
processo de oxidação
1 II }CH em que se produz, entre
H3C -N -c N outras coisas, uma
essência de acção irri-
Fórmula química da teofilina, outra me- t a n t e sobre o t u b o di-
tilxantina semelhante ã cafeína. gestivo.
179
Erythroxylon
coca Lam. VI 0 J .
Preparação e emprego
Coca
Droga excitante... e USO EXTERNO
fármaco insubstituível Os derivados da cocaína, que
na anestesia se usam para a anestesia lo-
cal, infiltram-se sob a pele com
a ajuda de uma agulha hipo-
dérmica. Estes derivados semi-
-sintéticos estão isentos, nas do-
ses utilizadas, dos efeitos exci-
tantes da cocaína.
S
EGUNDO uma antiga lenda
inca. foi Manco Capar, o Filho
do Sol c fundador do império
dos Incas, quem deu as folhas de coca
aos humanos como um remédio divi-
no paia consolai' os aflitos, dar forças
ao cansado c saciar os famintos.
Quando Francisco Pizarro chegou ao
que é hoje o Peru, no começo do sé-
culo XVI, encontrou estabelecido en-
tre os Incas o costume de mascar Fo-
lhas de coca.
Os colonizadores europeus desco-
briram logo que se tornava rendoso
dar folhas de coca aos indígenas do
Novo Mundo, porque lhes tirava a
sensação de fadiga e, além disso, fazia
desaparecer a fome. Curiosamente,
Outros nomes:
ainda hoje a coca continua a ser ob-
jecto de enriquecimento económico Esp.: coca. Fr.: coca. Ing.: coca.
para uns poucos, os traficantes de nar- Habitat: Cresce
cóticos, ao custo da saúde de alguns, espontaneamente nas montanhas
andinas do Peru e da Bolívia, entre
os viciados na cocaína. os 500 e os 1800 m de altitude.
Cultivada na América do Sul e no
Sudeste Asiático.
Descrição: Arbusto da família das
Lináceas, que pode ter até 2mde altura.
As folhas sâo perenes, lanceoladas ou ovaladas.
com pectolo curto, sem pêlos. As fíores, pequenas,
nascem nas axilas das folhas, e são de cor branca
ÇOOCH, ou amarelada. O fruto é uma drupa vermelha com
uma semente.
Partes utilizadas: as folhas.
180
Mas a coca tem duas faces: A coca- Os anestésicos locais
ína é um fármaco insubstituível nu me- derivados da cocaína
encontram-se isentos,
dicina. Dela derivam os anestésicos lo- nas doses terapêuticas,
cais, graças aos quais milhões de pes- dos efeitos tóxicos da
soas em todo o mundo recebem dia- mesma. A odontologia
riamente tratamento odontológico, e a cirurgia não seriam
ou se submetem a intervenções cirúr- possíveis, tal como as
gicas, sem dor. Quanto bem podem conhecemos
actualmente, sem a
fazer as plantas como a coca, quando ajuda destes fármacos.
se usam correctamente! A cocaína, pelo
contrário, não possui
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Na fo- nenhuma aplicação
terapêutica e,
lha de coca encontram-se diversos al- j u n t a m e n t e com o
calóides, entre os quais predomina a álcool, o tabaco e a
cocaína; uma essência aromática; ta- heroína, constitui o
ninos; hetcrosidos; e diversas substân- grupo de substâncias
cias inactivas, como o oxalato de cál- usuais mais nocivas
cio. para a saúde da
humanidade.
A COCAÍNA é o princípio activo a
que se devem os seus efeitos, entre os
quais há a destacar:
• Sobre o sistema nervoso: Produz
uma acentuada excitação, com au-
mento da actividade intelectual, faci-
lidade de palavra, euforia e aumento
da força muscular. Se a dose for au-
mentada, produzem-se tremuras, ner-
vosismo e até convulsões.
Após a fase de excitação, quando
desaparece o efeito, sobrevêm outra
fase de depressão com esgotamento e
abatimento, que induz a ingerir nova que se produz quando se viaja por sí- a cirurgia sem dor. Também se usa
dose. Está provado que, a seguir ao tios de grande altitude. Também se para infiltrar articulações, tecidos e
consumo de cocaína, aumenta a eli- empregam para acalmar as dores de nervos afectados de processos dolo-
minação de ureia, devido ao consumo garganta e de estômago, devido ao rosos.
e à degradação das próprias proteínas seu efeito anestésico local. Podem ser
do organismo. O estímulo que pro- úteis num dado momento, se bem
duz é obtido à custa de um empobre- que seja melhor prescindir delas e usar
cimento e esgotamento físico, não re- outros remédios menos tóxicos.
cebendo o corpo os nutrientes neces- Como acontece com outras drogas,
Precauções
sários para compensar o esforço rea- os efeitos tóxicos da coca são menores
lizado. na substância natural, e vão-se inten-
• Sobre o aparelho circulatório pro- sificando à medida que se refina ou A cocaína, o princípio activo das fo-
processa quimicamente. Apesar de lhas da coca, é uma das plantas com
duzem-se, com doses médias, taqui-
tudo, os mascadores de folhas de coca maior capacidade de criar depen-
cardia e hipertensão; com doses ele-
também sofrem de esgotamento físi- dência que se conhecem. Além dis-
vadas, arritmias, síncope, podendo-se
co, alterações nervosas e velhice pre- so, o seu uso continuado causa
inclusivamente chegar até à paragem uma rápida deterioração do orga-
cardíaca. matura, ainda que não sejam tão afec-
tados como os dependentes da cocaí- nismo, e especialmente do sistema
na. nervoso, com lesões permanentes
• Sobre a parte sexual, produz alte- e irreversíveis.
rações na libido e impotência (acção A verdadeira e grande aplicação da O uso habitual das folhas de coca
anafrodisíaca). cocaína é como anestésico local, em- produz os mesmos efeitos, embora
bora hoje se usem mais os seus deri- talvez não com tanta rapidez, pelo
As folhas de coca empregam-se
vados como, por exemplo, a procaína. que são igualmente desaconselhá-
como remédio popular nas regiões
andinas da América do Sul, para com- Injectada debaixo da pele ou das veis.
bater o mal da montanha e a fadiga mucosas, insensibiliza-as, permitindo
181
uayensls St.
Ilexpamgua]
HW.
2J 0 3 •
Mate Preparação e emprego
Excitante semelhante
ao café USO INTERNO
O Infusão com 20-40 g de fo-
lhas por litro de água. Não se de-
USO EXTERNO
@ Compressas: Na medicina
modo que a sua composição química popular, usam-se embebidas
e os seus efeitos. na infusão para lavar feridas
Os sul-americanos tomam o mate infectadas e no tratamento de
tostando ligeiramente as suas folhas, queimaduras.
colocando-as numa casca de cabaça
OU de coco, e despejando sobre elas
água quente. Acrescentam-lhe bas-
tante actuar. Tradicionalmente soi-
vem-no por meio de uma cânula ter-
minada numa esfera com fulinhos,
Precauções
que serve de coador. Este utensílio
tem o nome de "bombilba".
O mate não se deve usar de
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As fo- forma continuada, nem sequer
lhas contêm cafeína (19o a 1,5%; o como medicamento, pois que o
café contém até 2%), teobromina seu conteúdo em cafeína cria
(outra xaniina excitante que também dependência (necessidade de
se encontra no cacau, pág. fj'.)7). tani- continuar a tomá-lo) e tolerân-
nos e ácido clorogénico. cia (necessidade de aumentar
a dose), como acontece com
!•'. um excitante nervoso e muscitlar,
qualquer outra droga que vicie.
ainda que de efeitos não tão assinala-
dos como os do café (pág. 178). C) seu O uso do mate é contra-indi-
consumo habitual produz, dependên- cado nos seguintes casos: úl-
cera gastroduodenal, gastrite,
cia (necessidade de continuara con-
pirose (acidez do estômago),
sumi-lo), assim como efeitos lóxicos nervosismo, hipertensão, car-
sobre o sistema nervoso (irritação). o diopatias, arritmias, gota, gravi-
coração (palpitações, taquicardias) e dez (diminui o crescimento do
o aparelho digestivo (gastrite e pre- feto) e lactação (a cafeína pas-
disposição para a úlcera gastroduode- sa para o leite).
nal).
Como planta medicinal pode ad-
ministrar-se, no falto cie outros remedias Sinonímia científica: llex paraguensis D. Don.
menos tóxicos, em caso de cefaleia Outros nomes: erva-mate, chá-mate, caúna. Brasil: congonha,
(dor de cabeça), congestão cerebral congonha-verdadeira.
pelo calor (insolação), e lipotimia ou Esp.: mate, yerba mate, té dei Paraguay. Fr.: mate.
desmaio IOI. l")cve-se ter sempre em Ing.: Paraguayan tea.
conta que o alívio que o mate oferece Habitat: Cresce em estado silvestre na Argentina, Chile, Peru e
ê sintomático (não cura a causa), e que Brasil, e cultlva-se sobretudo no Paraguai. Pouco conhecido fora da América do Sul.
o seu consumo habitual produz efei- Descrição: Pequena árvore ou arbusto da família das Aquifolíáceas, que pode atingir
tos tóxicos. 5 m de altura. As suas folhas são ovaladas, perenes, coriãceas e de cor verde
pardacenta.
Em uso exerno, o inale aplica-se em
compressas l@) pela sua acção anti- Partes utilizadas: as folhas.
-septiea e cicatrizante.
182
Nkxtiana
tabacumL.
3 51 LI LI
Tabaco
Uma planta tão
atraente... como tóxica
183
tratamento contra as doenças pulmo-
nares.
Muito poucos se davam conta, na-
quela época, chi toxicidade do tabaco.
Uma das primeiras vozes que .se le-
vantou para chamar a atenção sobre
OS perigos do tabaco foi Ellcn G. Whi-
te, prestigiada escritora e educadora,
que disse em 1875: «O tabaco é um
veneno lento e insidioso, e os seus
Fórmula química da nicoti-
efeitos são mais difíceis de eliminar na, alcalóide responsável pe-
do organismo do que os do álcool.» los efeitos do tabaco sobre
Hoje sabe-se bem como se torna difí- os sistemas nervoso e car-
cil deixar de fumar, tanto pela de- diovascular. A maior parte
pendência física que o tabaco pro- dos efeitos irritantes do ta-
baco sobre o aparelho respi-
duz, como pela dependência psicoló- ratório deve-se aos alcatrões
gica. do f u m o que se inala ao fu-
mar.
Até meados do século XX, os cien-
tistas não tinham mostrado plena-
mente os efeitos cancerígenos do ta-
baco, mas na segunda metade deste
século multiplicaram-se as investi-
gações sobre os eleitos nocivos desta
planta. Todos os anos se publicam O tabaco é uma planta
centenas de novos estudos mostran- m u i t o atraente, mas ve-
do a sua nocividade sobre o aparelho nenosa. O seu uso, se-
g u n d o a OMS, é a princi-
respiratório, o coração, as artérias, o pal causa evitável de má
esófago, o pâncreas e outros órgãos. saúde em todo o m u n d o .
O tabaco transformou-se na droga
que mais gastos, mais doenças e mais pressão, sobre o sistema nervoso cen- deídos, monóxido de carbono, e cer-
mortes causa em lodo o mundo; mui- tral e sobre todos os gânglios do siste- ca de mais 30 substâncias (<>xicas; ne-
to mais, inclusivamente, que as dro- ma nervoso vegetativo. Estimula a des- nhuma substância medicinal, nenhu-
gas ilegais como a heroína e a cocaí- carga de adrenalina pela medula das ma vitamina, nenhum elemento nu-
na. glândulas supra-renais, o que se tra- triente.
A União Europeia criou o progra- duz por vasoconstrição, taquicardia,
hipertensão e excitação. A intoxicação crónica pelo tabaco
ma preventivo "Europa contra o can- produz, estomattte (inflamação da
cro", cujo primeiro ponto é: "Não Doses elevadas pmchi/.vm suor frio, boca), bronquite crónica, palpi-
fume". Calcula-se que, se os habitan- tremura, vómitos, palpitações e trans- tações, angina de peito, hipertensão,
tes da Europa deixassem de fumar, se tornos cardíacos. falta de apetite e impotência sexual,
reduziria paia metade o número de A nicotina é um veneno muito for- entre muitos outros transtornos.
mortes por eanero. te. Os índios americanos usavam o Como qualquer outra droga, causa
O tabaco não leni nenhuma virtude sumo das folhas de tabaco para enve- fundamentalmente:
medicinal. Citamo-lo aqui pela sua nenar a ponta das suas Mechas.
importância social e sanitária como • Dependência física e psíquica: Ne-
Uma gota de nicotina colocada na cessidade de continuar a consumi-lo
droga tóxica. língua de um cão grande causa-lhe a para não se sentir pior.
A composição das folhas de tabaco morte em breves instantes. A dose
é muito complexa: lípidos, hidrocar- mortal para o ser humano é de 50-60 • Tolerância: Necessidade de aumen-
bonetos, gomas, açúcares, dois hete- mg, que é a quantidade contida em tar a dose progressivamente, para ob-
rosidos (labaciua e tabaciclina), quer» dois charutos médios. Felizmente, ter os mesmos efeitos.
citina, ácidos nicotínicos e clorogéni- quando se fuma, absorve-se unica- A desabituação do tabaco exige um
cos, uma essência e vários alcalóides, mente 10% da nicotina, e o organis- tratamento amplo, tanto médico
entre os quais se destaca a nicotina mo "aprende" a eliminá-la, embora á como psicológico, como o conhecido
( 1 % a 3%), cuja fórmula química é custa de sofrer os seus efeitos tóxicos. Plano de Cinco Dias paia Deixai de
CIOHMNS. Fumar, organizado com o apoio da re-
O fumo do tabaco contém, além
A nicotina produz uma estimu- de nicotina, alcatrões de acção irri- vista Saúde e Lar e da Associação In-
lação transitória, e depois uma de- tante e cancerígena, assim como al- ternacional de Temperança.
184
Thea sinensls L
a*LW
Chá
Excita e causa
prisão de ventre
18£
PLANTAS PARA A BOCA
SI IARIO DO CAPITULO
A
ÍMPORTANCIA da boca para a
J saúde deriva dos factos funda'
mentalmente relacionados coin
D O E N Ç A S E APLICAÇÕES n sua anatomia c fisiologia:
Abcesso dentário, l.Na boca realiza-sc a mastigação, primei*
ver Piei mão dentário 188 ia fase do processo digestivo. A função
Aftas 187 das peças dentárias é decisiva para uma
Boca, inflamação, ver E&tomaliU . . . . 189 boa mastigação e digestão.
Boca, mau hálito 187
Boca. mau sabor de 187 2.A cavidade bucal contém uma grande
Boca, ulcerações, ver Aftas 187 quantidade e variedade de germes, ao
As plantas medicinais
podem contribuir de modo Dentes, fkimâo 188 ponto de ser unia das partes do corpo
muito positivo para a Dentes, dor de 188 onde existem mais micróbios. Estes mi-
higiene bucal. Dentes, erupção 187 crorganismos podem causar infecções
Dor de dentes 188 graves e estados tóxicos que se repercu-
Erupção dentária 187 tem sobre iodo o organismo.
Estomatite, plantas para a 189 A cavidade bucal, como todo o resto du
Flehnão dentário 188 tubo digestivo, está revestida em lodo o seu
Gengivas, transtornos, ver Piorreia, interior por uma camada de células cha-
gengivite e parodontose 188 mada mucosa. A inflamação da boca. e es-
Gengnrite 188 pecificamente dessa mucosa que a reveste,
dietas do lábio 187 tem o nome de estomatite. Etimologica-
Lábios, gretas 187 mente, este termo vem do grego sloma, que
Mau sabor de boca 187 quer dizer boca' (e não 'estômago*). \la-
Parodontose 188 llifesta-se por um enrubescimento da mu-
Piorreia, gengivite e parodontose . , . 188 cosa bucal, acompanhado por vezes de ul-
Plantas para a estomatite 189 cerações ou afias. Afecta sobretudo as gen-
givas, a ponta da língua e a face interior das
PLANTAS bochechas.
AlíMcegueira = Pisuhia 197 As causas mais frequentes da estomatite
Alteia' 190 são: irritantes químicos como o tabaco e as
Bistorta 198 bebidas alcoólicas, ingestão de alimentos
Ceanoto = Cká-de-nova-jersey I<>1 demasiado quentes, certos medicamentos
Chá-cle-nova-jersey 191 (especialmente os antibióticos), próteses
Cravinho 192 dentais mal ajustadas, e uma higiene bucal
Mahaisto = Alteia 190 deficiente.
Pistácia 197
Raíânia 196 Os bochechos com plantas medicinais
Sanammda 194 podem contribuir significativamente para
Vibumo 199 o tratamento, C sobretudo para a prevenção
da estomatite, da gengivite, da piorreia e
outras afecções bucais.
186
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S
P a r t e D e s c r i ç ã o
I
Planta Pág. Acção Uso
AFTAS CHA-DE-NOVA-
São umas pequenas ulcerações, muito -JERSEY
191 Suaviza a mucosa bucal Bochechos com a decocçao
dolorosas, que tendem a curar-se es-
pontaneamente passados alguns dias. AGRIMÒNIA 205 Adstringente e anti-inflamatória Bochechos com a decocçao
As suas causas podem ser muito varia-
das, embora não seja Bochechos com a infusão
fácil determiná-las: in- SERPÃO 338 Anti-séptico (desinfectante)
concentrada
fecções víricas, aler-
gias alimentares,
carências de vitami- Gargarejos ou bochechos
DRIAS 451 Desinflama a mucosa bucal
nas do grupo B ou com a infusão
de ferro, entre ou-
tras. CINCO-EM-RAMA 520 Adstringente, anti-séptica e cicatrizante Bochechos com a decocçao
Os bochechos com
plantas adstringen- Bochechos com a decocçao
SILVA 541 Adstringente e hemostática
tes (secam as mu- de folhas e brotos
cosas), anti-sépti-
cas e cicatrizan- SALVA 638 Adstringente e anti-séptica Bochechos com a decocçao
tes, podem ser de
utilidade. Gargarejos ou bochechos
URUCU 700 Cicatrizante e suavizante
com a infusão de folhas
MAU SABOR DE BOCA ritMÀom -380. Combate a auto-intoxicação Infusão, sumo ou extractos
Pode associar-se ou não ao mau hálito I-UMAHIA joy p o r pUtrefacção intestinal
(halitose). Costuma estar relacionado
com o mau funcionamento da vesícula Facilita o esvaziamento da vesícula
biliar ou com fermentações intestinais.
BOLDO 390 e a digestão Infusão de folhas ou extractos
Recomendam-se as plantas colagogas
e digestivas, especialmente estas qua- Van
tro que citamos. Mu» 426 e fermentações
l'&2ãS£&£&'*
intestinais «*.«*«:«#, d. «*
M.LEFòL.0 691 gggjgj diminui a s fermentações ||lfusào d e sumJda(Jes f|orJdas
ERUPÇÃO DENTÁRIA ALTEIA 190 Amolece as gengivas A raiz limpa dada a mastigar
Quando saem os dentes aos lactentes, e facilita a saída dos dentes aos lactentes
as gengivas sofrem um leve processo
inflamatório, cujos transtornos podem
aliviar-se com estas plantas.
Esfregar as gengivas com a infusão
AÇAFRÃO 448 Alivia os transtornos da dentição
concentrada de filamentos de açafrão
187
C a p . 1 0 : P L A N T A S PARA A BOCA
DOR DE DENTES
A$ plantas medicinais podem exercer DORMIDEIRA 164 Analgésica e estupefaciente Bochechos com a infusão de cápsulas
um efeito analgésico local, aplicadas
em bochechos. Desta forma se evitam
os efeitos indesejáveis dos analgésicos Aplicar um fragmento de cravinho ou
de uso interno (ingeridos, injectados, CRAVINHO 192 Anti-séptico bucal e analgésico
uma gota de essência no dente dorido
etc.}. Em nenhum caso se deve relegar
o tratamento de fundo da infecção
dentária, causadora da dor. SANAMUNDA 194 Desinflama e desinfecta a mucosa
bucal, acalma a dor de dentes
Bochechos com a infusão
FLEIMÃO DENTÁRIO
Além do tratamento antibiótico, po-
dem-se aplicar cataplasmas de figos ou
de outras plantas (ver "Abcessos", cap.
27) para acelerar a maturação do Favorece o amadurecimento dos Cataplasmas de figos frescos
FIGUEIRA 708
fleimão ou abcesso. abcessos e a cicatrização das feridas ou secos postos de molho
PIORREIA, GENGIVITE SANAMUNDA 194 Anti-séptica e analgésica bucal Bochechos com a infusão
E PARODONTOSE
Do ponto de vista etimológico, piorreia «„,„,. IQC Adstringente (seca as mucosas)
quer dizer 'derrame de pus', embora se Bochechos com a decocção de casca
RATANIA 196 e a n M a m a t o r i a
aplique especificamente à saída de pus
das gengivas. Os dentes ficam soltos e
caem. Almécega (resina) mastigada ou em
A gengivite é a inflamação das gengi- Dl„i/U1 ia-, Anti-sépticaeanti-inflamatória.
dentffricos, bochechos com
vas, frequentemente causada pela pior- PISTACIA ia/ p e r f u m a Q há|jt0
a decocção de folhas e caules tenros
reia.
A parodontose é um termo mais am-
plo, que inclui todas as afecções capa- Bisic RTA 19Ã Adstringente, fortalece as gengivas Bochechos com a decocção
zes de alterar a fixação dos dentes ao débeis e sangrantes de rizoma triturado
osso, das quais a mais frequente é a
piorreia.
r«ow«, u« oriR Adstringente e anti-inflamatório. Bochechos com a decocção
Estas afecções requerem um trata- CARVALHO im Li m p a as g e n g j v a s
mento odontológico especializado.
Os bochechos com estas plantas ser-
vem como complemento higiénico 502 P°deroso absorvente (retém partículas Carvão da madeira aplicado sobre
deste tratamento. FAIA
em dissolução), limpa as gengivas as gengivas à maneira de dentífrico
188
A SAÚOE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
D e s c r i ç ã o
I
' • - 1
\v
Cravinho
Planta Página
Alcaçus 308
Amieiro 487
Bistorta 198
Carvalho 208
Castanheiro 495
Chá-de-nova-jersey 191
Consolda-maior 732
Cravinho 192
D ri as 451
Epilóbio 501
Erva-de-são-roberto 137
Framboeseiro 765
Goiabeira 522
Hidraste 207
Morangueiro 575
Murta 317
Nogueira 505
Quina 752
Ratânia 196
Roseira 635
Sabugueiro 767
Sanamunda 194
Silva 541
Tanchagem 325
Tormentila 519 |
Violeta 344
189
Aithaea offícinalis L.
Ol JL P A u
Preparação e emprego
Alteia
USO INTERNO
A
SEME1 ,1IANÇA da sua paren- da Europa. Cultivada como planta
te, a malva, a alicia, q u e lam- medicinai na Europa e América.
b e m se c h a m a malvaísco, é Descrição: Plania vivaz, vilosa, da
ioda doçura e suavidade. Até as suas família das Malvâceas, que pode atingir
folhas são d e l i c a d a m e n t e aveludadas até 2 m de altura. As folhas são grandes
e aveludadas, e as flores são brancas
com uma fina p e n u g e m . Dioscórides com 5 pétalas.
já a recomendava no .século I d . C , e
Partes utilizadas: a raiz, as flores e as
desde e n t ã o tem sido utilizada em to- folhas.
das as épocas.
190
Ceanothus
amerlcanus L
A
Preparação e emprego
O CHAMADO chá-de-nova-jer-
sey, ou ceanoto, é um dos re-
médios vegetais usados pelos
índios da América do Noite desde
tempos imemoriais. Perfeitamente in-
Tem folhas ovais, terminadas em
ponta e finamente dentadas. As
flores são pequenas, brancas ou
azuladas e nascem das axilas das
folhas.
tegrados no seu ambicnic. aqueles Partes utilizadas: a casca da raiz.
primitivos povoadores já tinham des-
coberto as virtudes desta planta, que
hoje estão confirmadas pela moderna
investigação científica. As suas folhas
utilizaram-se em substituição do chá,
durante a guerra da independência
norte-americana.
191
Eugenia caryophyllata
Thunb.
m
Cravinho
Estimulante,
desinfectante e
analgésico
J£ Preparação e emprego
192
Um fragmento de cravinho,
ou uma gota da sua
essência, pode acalmar
rapidamente a dor de
dentes. Em aplicação local, a
essência de cravinho é um
realizar a sua viagem por mar foi a deu-se por todas as regiões tropicais excelente anti-séptico.
procura da rota mais curta para os pa- conhecidas. Ingerido por via oral, em
íses produtores de especiarias, entre infusão, o cravinho é
elas o cravinho. estimulante, aperitivo e
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS flo- carminativo.
As especiarias tropicais eram mui- res do cravinho contêm 15%-20% de
to apreciadas na Europa; mas talvez, o essência, constituída na sua maior
cravinho se destacasse entre todas de- parte por eugenol, juntamente com
vido a que, segundo a teoria dos sinais pequenas quantidades de acetileuge-
(ver pág. 118), era considerado um nol, carioFileno e metilamilcetona. A
poderoso afrodisíaco. Os ervanários c esta essência se deve o seu aroma, as-
os boticários da baixa Idade Média e sim como as suas propriedades:
do Renascimento viam no cravinho a
representação de um pénis em • Anti-séptico e analgésico bucal: A
erecção, com os testículos na sua essência de cravinho, que se usa em
base. Portanto, supunha-se que ac- forma de óleo, entra na composição
tuava sobre os órgãos genitais. de pastas dentífricas, elixires de uso
oral e perfumes. O seu poder anti-
Saberia isto Colombo, antes de ru-
-séptico é três vezes superior ao do le-
mar a poente com as suas caravelas? E
nol. Muito recomendável no caso de
bem provável que sim. De qualquer
estomatite (inflamação das mucosas
modo, o descobridor não chegou a
da boca) ou gengivite (inflamação
encontrar a terra onde se produziam CH2 -CH = CH2
das gengivas) IOI. Aplicada localmente,
os cravinhos. Foi a expedição de
pode acalmar temporariamente a dor
Fernão de Magalhães, navegador por-
de um dente cariado 101.
tuguês, e do espanhol Juan Sebastião
Elcano, a primeira a dar a volta ao • Estimulante (0,0,01 geral do orga-
mundo, que, em 1520, arribou às nismo, embora muito mais suave do 0-CH3
ilhas Molucas, nas proximidades da
que 0 café.
China. Ali embarcaram cravinho e
trouxeram-no para a Península como • Aperitivo (0,0,01 (aumenta o apeti- OH
um apreciado tesouro. A partir de te) e carminativo (elimina os gases in- Fórmula química do eugenol, principal
então, a cultura do cravinho esten- testinais). constituinte da essência de cravinho.
193
Geum urbanum L.
Preparação e emprego
Sanamunda
Cura as gengivas USO INTERNO
e tonifica a digestão O Infusão com 40-60 g de rizoma,
raiz ou folhas secas trituradas, por ca-
da litro de água. Tomam-se até 4 chá-
venas diárias. Não convém adoçar,
para aumentar assim o seu efeito.
USO EXTERNO
A mesma infusão que se usa inter-
namente aplica-se em:
194
á
Os bochechos e gargarejos
com infusão de sanamunda
constituem um bom denti-
frico natural. Não só podem
curar como também preve-
r nir a piorreia, as aftas e o
mau hálito.
'•1
195
Kmmerta triandra
Ruiz-Pav. 01 P 9 • 9
Preparação e emprego
Ratânia
Poderoso adstringente USO INTERNO
e anti-inflamatório O Pó de raiz: Uma colherzinha das
cie café, 3 vezes ao dia.
O Decocção de 20 g de casca por li-
tro de água. Ingerem-se diariamente
3 chávenas.
© Extracto fluido: Administram-se
de 10 a 20 gotas, 3 vezes ao dia.
USO EXTERNO
O Decocção com 30-40 g de casca
por litro de água, com a qual se fazem
gargarejos, banhos de assento, irri-
gações vaginais e compressas.
196
PlstadalentíscusL
Pistácia
Fixa os dentes e
perfuma o hálito
A ALMECEGA ou mástique é a
resina que exsudam os caules
da pistácia quando se lhes la/,
uma incisão superficial. Dioscóridcs já
a recomendava no primeiro século da
Outros nomes:
almecegueira, aroeira, aroeiro. lentisco.
Esp.: lentisco, almácigo, charneca.
Fr.: [pistachier], lentisque. Ing.: mastic
nossa era, com o fim de «apertar as
gengivas afrouxadas» e para combater
tree, lentisk [pistachej, lentiscus.
Habitat: Originário das ilhas gregas, e
U> Preparação e emprego
o mau hálito. Actualmente faz parte espalhado por toda a região
de numerosos dentífricos e preparados mediterrânea. Cria-se em terrenos
farmacêuticos. secos, entre alfarrobeiras ou azinheiras.
Descrição: Arbusto da família das USO EXTERNO
Anacardiáceas, que pode atingir até um
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A AL- metro de altura. As folhas, que se O A almécega, mastigada ou em
MÉCEGA contém ácido mastíctico, conservam verdes durante todo o ano, pastas dentífricas.
masticina e essência rica em pineno. são coriáceas e glabras (sem pêlos). O © Bochechos com uma decocção
Quando se mastiga Eòrma uma massa fruto è uma baga, vermelha ou negra, do
de folhas e caules tenros (100 g por
mole como a cera, que adere aos den- tamanho de uma ervilha.
litro de água), até 5 vezes por dia.
tes. Pela sua acção anti-inflamatória e Partes utilizadas: a resina e as folhas.
anti-séptica, combate a piorreia e a
gengivite (inflamação das gengivas)
IO). Torna-se útil no tratamento da pa-
rodontose (inflamação e degene-
rescência dos tecidos de fixação do
dente) MM, que é a primeira causa da
perda de peças dentárias no mundo.
Perfuma o hálito, produzindo uma
sensação de frescura e limpeza.
Tanto a resina da
pistácia (almécega),
As FOLHAS e CAULES tenros contêm como a decocção
uma menor quantidade de princípios das suas folhas e
activos, mas em compensação pos- caules, constituem
um dentifrico
suem mais tanino. Utilizam-se do mes-
natural m u i t o útil
mo modo que a almécega, em boche- contra a piorreia e a
chos feitos com a sua decocção l@l, inflamação das
para desinflamar e fortalecer a den- gengivas.
tadura.
197
Polygonum
blstortum L ai r. si 9. J a
Preparação e emprego
Bistorta
Um potente USO INTERNO
USO EXTERNO
@ Bochechos: Fazem-se com o lí-
quido resultante da maceração de 60-
-100 g de rizoma triturado, num litro
de água durante 4 horas.
© Irrigações vaginais: Fazem-se
com uma decocção de rizoma com
198
Vibumum lantana L
í\
Viburno
Desinflama as gengivas
Preparação e emprego
Precauções
USO EXTERNO
O Bochechos e gargarejos com
uma decocção de 20 g de bagas bem
O viburno emprega-se exclusiva- maduras (pretas) e 2 ou 3 folhas de
mente em uso externo. viburno por litro de água, 3-4 vezes
As bagas não devem ser ingeridas, ao dia.
pois produzem vómitos e diarreias.
199
PLANTAS PARA
A GARGANTA. NARIZ E OUVIDOS
O
bUMARlO DO Cí .0
A
GARGANTA, o nariz e os ouvi-
J dos constituem uma unidade
anatómica e fisiológica, pois io-
DOENÇAS E APLICAÇÕES dos estes órgãos comunicam en-
tre si, e a camada mucosa que lhes reveste
Afonia 203
Amigdalite e faringite 201
o interior é contínua, sem transição entre
uns e outros. Ciada ouvido comunica com
Ardor na garganta,
a laringe através de um fino canal chama-
ver Garganta, irritação 201
do trompa de Eustáquio.
BêqtàttB, plantas,
ver Garganta, irritação 201
Dor do ouvido (legenda de foto) 204 Quando nos referimos ã garganta, in-
Epistaxe, ver Nariz, hemorragia 203 cluímos também a laringe e as amígdalas
Faringite 201 (anginas), assim como a laringe, no inte-
Garganta, ardor, rior da qual se produz a voz.
ver Garganta, irritação 201
Garganta, infecção, Formando uma unidade funcional com
ver Amigdalite e faringite 201 as fossas nasais e em comunicação com
Garganta, irritação 201 elas, estão os seios paranasais, que são ca-
Gargarejos, plantas para 204 vidades abertas na espessura dos ossos do
Hemorragia nasal, rosto. A inflamação destas cavidades é co-
ver Nariz, hemorragia 203 nhecida como sinusite.
Irritação da garganta 201
Laringite 202 As amígdalas e os seios paranasais são lu-
Nariz, hemorragia 203 gares especialmente propensos a ser colo-
Nariz, inflamação, ver Rinite 203 nizados por germes patogénicos, que neles
Ouvido, dor (legenda de foto) 204 se instalam, constituindo assim focos de in-
Plantas para gargarejos 204 fecção de onde se lançam toxinas para o
Rinite 203 sangue e também para outros órgãos. Mui-
Rouquidão, ver Afonia 203 tas bronquites crónicas ou repetitivas, por
Sinusite 202 exemplo, devem-se à presença de um loco
infeccioso permanente nos seios parana-
PLANTAS sais ou nas amígdalas.
Agrimónia 205
Aúnlieira 210 As plantas medicinais, quer aplicadas lo-
Carvalho 208 calmente em forma de gargarejos, irri-
Cawalho-branco 210 gações nasais ou inalações, quer ingeridas
Erisimo = Rinchão 211 por via oral, têm uma acção anii-inilama-
Eupatória = Agrimónia 205 tória, suavizante, antibiótica e facilitadora
Hidraste 207 da expulsão da mucosidade, que contribui
Rinchão 211 decisivamente para a cura e, sobretudo,
Sobreiro 210 paia a prevenção das afecções desta im-
portante região anatómica.
>E PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
P o r t e D e s c r i ç ã o
•
Doença Planta Pág. Acção Uso
Acalma a tosse rebelde por irritação Decocção com a casca e/ou folhas,