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Acordei-me tarde. Nem o galo cantava mais. E as flores j estavam a gritar pela gua que recebem pelas manhs.

Devo ter dormido muito naquela manh. Rosrio demorou a acordar-se. Rosrio no se levantou. Rosrio no olhou para mim. Rosrio no se acostumava a Mansueto, embora seu tio tenha tentado salv-la. Acho que em Bugia no havia galos. Havia cachorros, muitos cachorros. A gente de Bugia tem um estranho hbito. Gostam de criar estas criaturinhas. Do-lhes comida, gua, abrigo, s vezes at mesmo roupas e cama confortvel. Os cachorros em Bugia tm nomes. Assim como eu tenho um nome. Elas conversam ento com aqueles seres a quem deram um nome. Digamos que eu tenha um cachorro, ento eu o chamarei de Alfredo e direi: Alfredo, venha c, fique aqui com a mame. Ento h isso tambm. Os bugienses chamam seus cachorros como se chamassem a um filho. Bizarro. Imagino que deva ser porque os bugienses no falam, ento inventam cachorros falantes. Com o tempo, esses cachorros podem tornar-se monstros abusados e ousados: tentam subir mesa, tentam conseguir comida com seus olhos lnguidos e manipuladores, tentam at mesmo dormir na cama de seus pais e mes. Quem diria, um lugar onde os cachorros tm tamanho atrevimento. Eu prefiro os galos. Aqui h um exemplar belssimo, o Apolnio. Rosrio no ouve o Apolnio. Tambm, quando no se fala com algum tambm no se o ouve. Apolnio est triste, e a culpa de Rosrio. Eu no perdo Rosrio por essa ingratido com todos ns.

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