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ADR
Há mais de 24 séculos, os seres vivos foram classificados por Aristóteles e Teofrasto, um discípulo seu, em
dois Reinos – o Reino Animal e o Reino Vegetal. No século XVIII, os trabalhos de Lineu reforçaram esta mesma ideia.
Problemas:
• Em ambos os reinos teriam de ser incluídos seres unicelulares. A diferença era demasiado grande para poder
ser aceite.
• Além disso, alguns seres não cumpriam todas as condições necessárias para fazer parte de um ou outro reino.
É o caso de alguns seres vivos flagelados (com locomoção) e que são fotossintéticos.
Em 1969, Whittaker propôs um sistema de classificação em cinco reinos, passando os fungos a constituir um
reino independente. Deste modo, passam a existir os cinco reinos que actualmente são considerados: Monera,
Protista, Fungi, Plantae e Animalia. Foi um sistema de classificação que continha algumas limitações, mas o próprio
Whittaker apresentou mais tarde, em 1979, uma versão modificada do seu sistema de cinco reinos.
Um dos problemas era relativo à separação de alguns seres. Era o caso das algas, que são autotróficas e
apresentam espécies unicelulares, coloniais e pluricelulares. Segundo o sistema apresentado em 1969, as algas
teriam de ser incluídas no Reino Protista (que incluía apenas seres unicelulares) e no reino Plantae. Na sua versão
corrigida o grupo foi definitivamente incluído, na sua totalidade, no reino Protista (que passou a incluir algumas
excepções à unicelularidade).
Página 2 ADR – Ficha Informativa n.º 4
Este sistema de classificação tem
a vantagem de se basear em vários
critérios, tornando-se por isso mais
próximo da realidade complexa dos
seres vivos.
Os critérios de classificação
mais significativos são:
- nível de organização celular
- modo de nutrição
- tipo de interacção nos ecossistemas.
Critério Reino Monera Reino Protista Reino Fungi Reino Plantae Reino Animalia
Autotróficos
Autotróficos
(fotossíntese e
(fotossíntese)
quimiossíntese)
Modo de Heterotróficos Autotróficos Heterotróficos
nutrição (por absorção) (fotossíntese) (por ingestão)
Heterotróficos
Heterotróficos (absorção e
ingestão)
(por absorção)
Produtores
Interacções Produtores
nos Macroconsumidores Microconsumidores Produtores Macroconsumidores
ecossistemas Microconsumidores
Microconsumidores
2 – Tipos de nutrição
• Reino Monera: inclui espécies fotoautotróficas, quimioautotróficas e heterotróficas por absorção . Não
existe ingestão nas espécies deste reino. É o único onde existe quimiossíntese.
• Reino Protista: espécies que obtêm o alimentos por absorção, ingestão e fotossíntese (todos os tipos de
nutrição, excepto quimiossíntese).
• Reino Plantae: fotossintéticos
• Reino Fungi: obtêm o alimento absorção
• Reino Animalia: obtêm o alimento por ingestão
• Produtores – São os seres autotróficos, que produzem a sua própria fonte de matéria orgânica e podem ser
vistos como o início das cadeias alimentares. É o caso das plantas, algas e algumas bactérias.
• Macroconsumidores – São os seres heterotróficos, que ocupam as posições intermédias e de topo nas
cadeias alimentares.
• Microconsumidores – São seres heterotróficos que decompõem a matéria orgânica, absorvem alguns
produtos resultantes da decomposição e libertam substâncias inorgânicas para o meio. São também
chamados decompositores ou saprófitos.
O sistema de classificação de Whittaker é uma tentativa para classificar a vida de uma forma que é útil e
reflete a história evolutiva, e por isso mesmo continua a assumir uma importância muito grande nos dias de hoje.
Contudo, novos estudos têm levado os cientistas a propor novos sistemas de classificação.
Carl Woese, em 1970, com base em critérios de análise molecular, propuseram que há fundamentalmente dois
grupos distintos de procariontes: arqueobatérias e eubactérias, muito mais diferentes entre si (em termos
metabólicos) que todos os eucariontes. Assim sendo, surge um novo sistema de classificação que propõe a existência
de seis reinos. Este sistema usa um nível de classificação ainda superior ao reino, chamado domínio.
A figura seguinte representa esta nova forma de classificação. Enquanto que Whittaker inclui todos os
procariontes num só reino, a classificação em três domínios reconhece dois reinos dentro dos seres procariontes, tão
diferentes entre si que se incluem em dois domínios diferentes.
Contudo, é de referir que este não é o único sistema considerado actualmente. O debate continua aceso, e há
propostas de classificação que vão dos 6 aos 12 reinos, dependendo dos critérios considerados.
Todas estas evidências levam a afirmar que a Taxonomia é uma ciência em constante evolução. Apesar de
todas as propostas apresentadas posteriormente, o sistema de classificação de Whittaker em cinco reinos ainda se
pode considerar como um dos mais consensuais.
Questões orientadoras:
1 – Explique qual o fundamento básico da divisão de seres em dois reinos.
6 – Indique o tipo de critérios que têm servido de base às classificações mais actuais.
Ideias-Chave
• Da classificação em dois reinos evoluiu-se para classificações em três, quatro e cinco reinos.
• Os principais critérios que serviram de base à classificação de Whittaker em cinco reinos dizem respeito aos
níveis de organização celular, tipos de nutrição e interacções nos ecossistemas.
• De entre os critérios utilizados em Sistemática, recentemente têm sido particularmente úteis os dados
moleculares.
• Muitos sistematas usam na classificação um nível superior ao reino, chamado domínio, considerando na
classificação dos seres vivos três domínios que podem incluir, conforme os investigadores, vários reinos.