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PROERD RIO BRANCO

Crianças e adolescentes
De bem com a vida

Reginâmio Bonifácio de Lima


José dos Reis Anastácio
Rio Branco Acre
2007
Proerd Rio Branco: Crianças e adolescentes de bem com a vida

Coleção: Proerd Acre.

Copyrigth © 2007 - @ Polícia Militar do Acre & LIMA, Reginâmio B.

Editoração Eletrônica/Capa LIMA, Reginâmio B.


Imagens para a Capa Foto DARE América e Bandeira do Acre
Cores Oficiais do Proerd (Preto, Vermelho e Branco)
Idéia Original/Produção/Execução Diretoria de Ensino e
Instrução/PMAC

Governador do Acre Arnóbio Marques de Almeida Júnior


Comandante da PM Cel. PM Romário Célio Barbosa Gonçalves
Coordenador do Proerd Acre TC. PM José dos Reis Anastácio
Adjunto ao Proerd durante a pesquisa Ten. PM Luiza; Asp. Of. PM
Eliana, Sgt. PM Sheila

Pesquisador Responsável Reginâmio Bonifácio de Lima


Bolsistas Colaboradores Thaylinne Cavalcante de Andrade
Regineison Bonifácio de Lima
Revisão Ortográfica Maria Iracilda G. C. Bonifácio
Revisão Geral José Luciano Sousa de Araújo
Sheila Maria de Araújo Leite
José Adriano da Silva Souza
Eliana Maia de Andrade
Diagramação: Anderson F. Silva

ISBN: 978-85-907581-0-5

É permitida a reprodução parcial desta obra.


Agradecemos citar a fonte.

Foi feito o depósito legal


Impresso no Brasil
“A educação é para a criança o que o cultivo é para o solo.
Como é necessário limpar o terreno das ervas daninhas,
dos espinheiros, das pedras, para dar-lhes condições de
receber a semente e produzir frutos, da mesma forma é
indispensável a educação para corrigir os defeitos, endireitar
as tendências, preparar o espírito para produzir bons frutos e
atos virtuosos. Se no coração virgem dos jovens for semeada
boa semente, com toda certeza a colheita será boa”.
(autor desconhecido)
DEI- PMAC

O Proerd é o cumprimento do papel constitucional da Polícia


Militar que é a preservação da ordem pública (Art. 144, CF), através do
policiamento ostensivo e da prevenção às práticas que venham a ferir os
direitos constitucionais dos cidadãos. Trata-se de um programa que tem
por objetivo cultivar nas crianças, nos adolescentes e nos pais a
conscientização dos efeitos e conseqüências do uso e abuso indevido das
drogas e também das práticas de violência, além de estimular seus alunos a
buscarem alternativas positivas que os levem a ficar de bem com a vida.
Através de uma parceria que envolve Polícia, Escola e Família, o
programa é desenvolvido neste tripé, em que os parceiros buscam atuar
juntos para alcançar seus objetivos.
Atualmente o Proerd atua com os currículos de 4ª e 6ª séries,
“Curso de Pais” e a disciplina “Noções de Prevenção às Drogas e
Relacionamentos Interpessoais Proerd”, aplicada aos cursos de formação
de praças da Polícia Militar do Acre.
A Coordenação do programa Proerd, através de seu quadro de
policiais, percebendo a necessidade de verificação da eficiência e eficácia
do Programa, que já existe há 8 anos no Acre, resolveu indicar o Policial e
Mentor Proerd Reginâmio Bonifácio de Lima para efetuar a referida
pesquisa.
O resultado da mesma foi satisfatório para esta instituição, não
havendo interferência direta ou indireta nos resultados. Percebemos, para
nossa altivez, que o programa é eficiente e estamos, a partir dos resultados
da pesquisa, buscando a nossa eficácia. Descobrimos muitos pontos
positivos em nossa atuação e alguns pontos a crescer.
Queremos convidar a todos vocês para continuarem em nossas
páginas e serem bem vindos em nosso programa, contribuindo assim
efetivamente para que nossas crianças e adolescentes estejam realmente
de bem com a vida.
Novembro de 2007.

Coordenação Proerd do Acre


SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................................. 09

Capítulo I
CONHECENDO O PROGRAMA PROERD DA
4ª SÉRIE .................................................................................... 17
Bases teórico-metodológicas e formação policial .................... 17
As lições do Proerd ...................................................................... 19
Objetivo do Proerd da 4ª série ...................................................... 21
Princípios-chave ......................................................................... 22
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Capítulo II
AS DROGAS ............................................................................. 29
Noções preliminares sobre drogas ............................................ 29
As drogas mais comumente utilizadas no Brasil ...................... 35
Álcool ......................................................................................... 35
Alucinógenos .............................................................................. 35
Anfetaminas ................................................................................ 36
Antidepressivos .......................................................................... 36
Barbitúricos ................................................................................ 36
Cafeína ....................................................................................... 37
Cocaína ....................................................................................... 37
Inalantes ...................................................................................... 37
Cannabis Sativa ..........................................................................38
Narcóticos .................................................................................. 38
Nicotina ...................................................................................... 38
Tranqüilizantes ........................................................................... 39

Capítulo III
PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DA PMAC ....................... 41
Policiamento Escolar ................................................................ 41
Polícia da Família ...................................................................... 43
Sites com informações úteis para educadores e
comunidade ............................................................................... 48
Capítulo IV
PANORAMAS DO PROERD EM ALGUNS ESTADOS
DO BRASIL ............................................................................... 51
Estudos sobre a eficiência do Proerd em outros
Estadosbrasileiros ..................................................................... 51

Capítulo V
O PROERD NO ESTADO DO ACRE ...................................... 63
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...

Teoria do programa e relações de causalidade ......................... 65
Fortalecendo as ações do Proerd .............................................. 67
Proerd e estratégias Preventivas .............................................. 71

Capítulo VI
O PROERD EM RIO BRANCO .............................................. 75
Quadro operacional do Proerd: Rio Branco em
destaque ..................................................................................... 75
Visão da Polícia Militar do Acre sobre o Proerd e
seus Policiais Instrutores ........................................................... 77
Visão das escolas sobre o Proerd e seus Policiais
Instrutores ................................................................................. 80
Avaliando o Programa Proerd .................................................. 86
Policiais Proerd e suas redes sociais ............................................. 86
Processo auto-avaliativo do Proerd ............................................. 90
Aprendizado dos objetivos Proerd ............................................... 97
Ex-alunos Proerd e Processos Criminais .................................... 100
Alunos do Ensino Médio e suas práticas sociais ......................... 102

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ...................... 111


Considerações .......................................................................... 111
Sugestões .................................................................................. 117

REFERÊNCIAS ..................................................................... 121

ANEXOS ................................................................................. 123


DEI- PMAC

APRESENTAÇÃO
A Polícia Militar verificou, nos últimos anos, um grande
aumento na violência urbana da Capital acreana, bem como a
prática do consumo de drogas por parte de crianças e adolescentes.
Essa triste realidade se repete em diversos estados do País, causando
e acentuando problemas no âmbito da sociedade.
Alguns estudos apontam que a eliminação do problema das
drogas seria uma missão dada como impossível. Sabemos que é
bem certa a possibilidade de nossos jovens e adolescentes terem
algum tipo de contato com drogas. Por isso, faz-se necessário que
desenvolvamos meios, formas e estratégias para como lidar com
essa situação extremamente propícia para a entrada dos jovens no
mundo das drogas e da criminalidade.
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Portanto, se faz necess"rio, mais do que nunca, adotarmos a
política da prevenção, atacar as causas ao invés das conseqüências.
Para isso, acreditamos que agir na formação do jovem através da
educação, no momento mais propício e de forma eficaz, é uma das
possíveis saídas para esse problema tão grave e que atinge todas as
camadas sociais. Equipar os jovens e adolescentes com os
conhecimentos necessários para que compreendam quais os
malefícios que o uso de drogas pode lhes trazer, e, portanto, tenham
uma maior consciência acerca do assunto e de suas escolhas, pode
ser um caminho promissor a ser seguido.
A pesquisa foi realizada tendo como pressuposto inicial a
atuação dos policiais Proerd nas salas de 4ª séries do Ensino

¹ Droga é qualquer substância que não seja alimento e que altera o funcionamento do corpo e da mente (Conceito
utilizado pelo Proerd).
² Ação Destrutiva direcionada a uma pessoa, animal ou coisa (Conceito Proerd).

09
Proerd Rio Branco
Fundamental, ensinando sobre prevenção ao uso de drogas e à
prática de violência²; a pretensa assimilação desses alunos com
relação conteúdo e à ideologia do programa; e a interação escola-
Polícia-família, no ambiente escolar.
A partir dessas relações presumivelmente estabelecidas,
fomos a campo pesquisar como se configurou o tripé escola-Polícia-
família na vida das crianças que cursaram o Proerd e atualmente
estão na adolescência.
Procuramos os órgãos parceiros que atuam com crianças e
Adolescentes: o Ministério Público Estadual foi consultado através
da 1ª Promotoria de Justiça Cível, sob responsabilidade do
Promotor Francisco José Maia Guedes; o Juizado da infância e da
Juventude, através da Meritíssima Juíza Luana Claudia de
Albuquerque Campos; a Secretaria de Estado de Educação, através
da professora Maria Corrêa da Silva, dentre vários organismos que
respondem direta ou indiretamente a esses órgãos. Muitos de nossos
parceiros foram consultados, mas sem registro de atividades oficiais,
dado o fato de muitas das atividades necessárias para a primeira fase
da pesquisa já terem sido atendidas, embora muitos tenham
colaborado para a segunda fase.
A pesquisa, inicialmente, seria desenvolvida em apenas uma
etapa, o que aqui chamamos de primeira fase, visando identificar as
relações sociais dos ex-alunos Proerd, bem como o tripé
Polícia/Escola/Família que envolve o programa – sempre com o
objetivo de verificar a eficiência e a eficácia do Proerd. Contudo,
verificamos a necessidade de colocar em prática um estudo sobre
como estão atualmente os não alunos Proerd, por isso, num segundo
momento iremos investigar as relações sociais desses discentes.
Existem atualmente dezenas de milhares de alunos nas
instituições de ensino em toda a cidade de Rio Branco, por isso, há a
necessidade de a pesquisa ser realizada por amostragem. Ao mesmo
tempo, a amostragem não poderia ser pequena demais para não
interferir na relação direta com o resultado final. Em todas as
instâncias estudamos no mínimo 10% dos alunos de cada instituição,
o que pressupostamente garantiria algum grau de tecnicidade à
pesquisa.

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DEI- PMAC
A pesquisa realizada junto às escolas de Ensino Fundamental
contemplou cerca de 90% dos alunos das quartas séries das
instituições escolhidas para análise.
Ao estudarmos os alunos das escolas de Ensino Médio,
aplicamos questionários a, no mínimo, 10% dos estudantes
daquelas instituições de ensino. Em todas as escolas, os
questionários, as entrevistas, as análises, as relações sociais, as
idéias e as conjunturas, sempre levaram em consideração
prioritariamente os alunos do turno Vespertino, por acreditarmos
que estão na média escolar em relação ao dos turnos matutino e
noturno no que se refere à independência financeira. Eles não são
tão independentes quanto os do turno da noite, nem tão dependentes
dos pais quanto os da manhã; suas vivências intra-familiares são tão
complexas quanto as dos outros turnos, todavia, os alunos do
vespertino têm mais “relacionamentos amorosos” de caráter lascivo
que os da manhã e menos que os da noite; bem como sua
independência para tomar decisões e assumir riscos pode estar
diretamente associada a sua idade, nem tão jovens e nem tão
maduros.
Mas não é fácil encontrar ex-alunos Proerd. Muitos arquivos
do programa foram perdidos por causa da chuva que rompeu o
telhado da sala em que estavam, outros não puderam ser
encontrados pelo fato de a Sede da Coordenação do Programa já ter
mudado mais de quatro vezes em menos de oito anos. Por isso,
muito do que temos aqui teve que ser “garimpado” nas diversas
instituições parceiras do Proerd, em especial, nas escolas das redes
estadual e municipal de ensino.
Para termos idéia de quem são e onde estão os ex-alunos do
Proerd, precisamos ir às escolas que foram atendidas pelo programa
nos anos de 1999, 2000 e 2001. Os alunos atendidos pelo Proerd
nesses anos deveriam estar na Universidade, no terceiro ano do
Ensino Médio e no segundo ano do Ensino Médio, respectivamente³.

³ Para essa pesquisa foram considerados apenas os alunos aprovados, haja vista a possibilidade de análise de
reprovações em quaisquer séries que sejam poderia nos fornecer dados ainda mais complexos e de ampliações de
conjecturas com abrangência de dificuldades que poderiam desviar o foco da pesquisa. Com isso, não estamos
dizendo que esses alunos sejam menos importantes que os outros, antes, estamos afirmando que nesta pesquisa em
particular as conjecturas traçadas, pelo pouco tempo disponível para estudos e reduzido número de pessoal, nos
levam a observar as possibilidades dentro do que seria o padrão nos estudos, embora estejamos conscientes das reais
possibilidades de desvios.

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Proerd Rio Branco
Temos consciência de que nem todos os alunos concluíram o
Ensino Médio, aliás, pelo histórico brasileiro, é possível que um
quinto dos alunos atendidos pelo Proerd na quarta série não tenha
sequer concluído o Ensino Fundamental. E que, vários tenham
deixado o ensino regular para fazer parte de algum tipo de programa
de aceleração do aprendizado.
A pesquisa foi feita por amostragem. Buscamos conhecer
melhor a clientela atendida para uma pretensa busca no sistema de
informação da Secretaria de Estado de Educação, com fins a
verificar a possibilidade de esses alunos estarem cursando alguma
das séries da rede pública de ensino. Além da rede pública, a rede
privada foi representada pela Fundação Bradesco que foi a única
instituição privada a ser atendida pelo Proerd nos três primeiros
anos de implantação do programa.
Dentre as escolas atendidas, selecionamos duas das três que
foram atendidas no ano de 1999, sendo elas: Ilka Maria de Lima e
Raimundo Gomes de Oliveira, totalizando três turmas com 78
alunos.
Das escolas atendidas no ano de 2000, selecionamos nove
escolas para realizar a pesquisa, sendo elas: Ilka Maria de Lima,
Raimundo Gomes de Oliveira, Áurea Pires, Maria Raimunda
Balbino, Flaviano Batista, Raimundo Hermínio de Melo, Mozart
Donizeti, Luíza Batista de Souza, Mário de Oliveira. Juntas,
totalizaram 23 turmas com 652 alunos.
Das escolas atendidas no ano de 2001, selecionamos sete
escolas para realizar a pesquisa, sendo elas: Mário de Oliveira,
Salgado Filho, Antônia Fernandes de Freitas, Clínio Brandão, Frei
Thiago Maria Matiolli, Fundação Bradesco, Georgete Eluan
Kalume. Juntas, totalizaram 19 turmas com 567 alunos.
O total da clientela de Ensino Fundamental atendida por esta
pesquisa é de 45 turmas e 1.297 alunos. Vale ressaltar que esse
número de alunos é apenas uma pequena amostra. O Proerd atendeu
muito mais alunos que esse número nos anos indicados, entretanto,
por se tratar de uma pesquisa por amostragem, convencionamos
escolher escolas das diversas regionais riobranquenses que
tivessem em comum a clientela de alunos Proerd de 4ª série.
12
DEI- PMAC
Para verificar os relacionamentos sociais dos ex-alunos,
precisávamos traçar uma estratégia que englobasse o maior número
possível de alunos, ao mesmo tempo que pudesse servir de
referência para outros estudos e análises, por isso optamos por
entrevistar os alunos do Ensino Médio das escolas da rede pública
de ensino. Sabemos que esse método exclui os alunos que não estão
estudando no momento, contudo, seria inviável tentar encontrar um
por um em respectivas residências, nos 184 bairros riobranquenses,
por isso, nos dispusemos a estudar os alunos que ainda permanecem
na escola. É certo que isso vai influenciar diretamente o resultado da
pesquisa, tendo em vista que a clientela não atendida não estará
sendo pleiteada neste momento, pois havia necessidade de delimitar
o “corpus” da pesquisa.
Alguém deve se perguntar o porquê de estarmos atendendo
apenas os ex-alunos Proerd. Nesse primeiro momento, esse é o
nosso foco. Todavia, na segunda fase da pesquisa estudaremos os
alunos do Ensino Médio de todas as instituições públicas.
Ainda pode haver um outro questionamento sobre o porquê de
não atendermos nas pesquisas as instituições privadas. A resposta é
simples, porém não muito agradável. Dentre as diversas instituições
consultadas, tanto públicas quanto particulares, um policial
devidamente identificado se apresentava e falava da possibilidade
de estudar “os relacionamentos sociais dos alunos” da instituição.
Nas escolas públicas bastava conversar com a equipe gestora para
logo poder marcar uma, duas, ou mais entrevistas com os alunos, e
após a pesquisa “sem interferência direta da escola”, mostrávamos
os resultados parciais. Na maioria das escolas particulares foi um
pouco diferente. Não bastava uma “conversa” com a equipe gestora
e apresentação de ofícios, portarias, recomendações e currículo
comprovado do pesquisador, queriam ter acesso antecipado a tudo
que seria feito para aprovar ou reprovar itens, o que comprometeria
gravemente a pesquisa e maquiaria os resultados naquela instituição.
Por isso, resolvemos não aplicar a pesquisa nas escolas particulares.
Queremos ressaltar que algumas instituições particulares nos
receberam de muito bom grado e foram extremamente corteses e

13
Proerd Rio Branco

afeitos à possibilidade de consulta aos seus alunos, mas como elas


eram minoria, optamos por não atuar pesquisando o ensino
particular em nossa Capital.
As escolas públicas parceiras nas pesquisas de Ensino Médio
foram: Colégio Estadual Barão do Rio Branco, João Aguiar,
Alcimar Nunes Leitão, Humberto Soares da Costa, José Rodrigues
Leite, Heloisa Mourão Marques, Henrique Lima, Instituto de
Educação Lourenço Filho, Leôncio de Carvalho, Berta Vieira de
Andrade, Lourival Pinho, Glória Perez, Armando Nogueira, Escola
José Ribamar Batista, Luiza Carneiro Dantas e Lourival Sombra.
Totalizando 1.601 alunos, das redes estadual e municipal de Ensino
Médio, que totalizam cerca de 11% dos alunos atendidos por essas
instituições.
Esperamos, para a segunda fase da pesquisa, contar com o
Colégio de Aplicação – que é parceiro do Proerd há muitos anos.
Entretanto, nesse momento, preferimos não incluí-lo na pesquisa
por uma questão de método, o que não causa qualquer demérito à
referida instituição, tão somente precisamos de um período maior
de tempo para atuar com mais profundidade em nossos objetivos; e
com algumas escolas particulares que resolvam participar da
próxima fase de execução da pesquisa.
No presente trabalho, temos como objetivo contribuir para
conscientização dos jovens e adolescentes sobre os malefícios
causados pelo consumo de drogas, além de demonstrar
estatisticamente a relação entre o PROERD e os seus ex-alunos,
para saber um pouco mais sobre a influência do programa na vida
destes. Sabemos que é na escola que nossas crianças e adolescentes
adquirem uma formação e preparação para o convívio social, sendo
que é no ambiente escolar e familiar que suas personalidades são
formadas. Para tanto, acreditamos ser fundamental uma atuação
junto às instituições escolares como também no âmbito familiar.
Nossa ação ocorre, especialmente, nas escolas e na família, e tal
ação requer um conjunto de elementos necessários ao bom
desenvolvimento das atividades no interior das escolas.
14
DEI- PMAC

Pimenta, Ribeiro e Silva (2005) resumem bem quais as metas


do Proerd a longo Prazo:

Para além do papel ostensivo e repressivo da Polícia, o programa


está voltado para o papel educativo e preventivo da mesma Polícia.
As metas principais do Proerd, em longo prazo, são a redução do
uso de drogas, da violência e dos atos de vandalismo. De modo secundário
e não explícito, enquanto necessidade peculiar à Polícia Militar do Brasil,
objetiva-se reconstruir positivamente a imagem do policial, resgatando
assim a imagem da instituição PM. Logo, o programa visa angariar a
confiança e a credibilidade da comunidade em relação à Polícia.
A PM tem entendimento da exploração pela mídia dos atos
negativos praticados por alguns de seus policiais, mas acredita que a
criança na faixa etária atingida pelo programa tem, via de regra, um grande
fascínio e respeito pelo cidadão fardado. O policial PROERD, uma vez em
sala de aula, apresenta-se como um orientador, um amigo próximo. Cria-se,
portanto, a possibilidade de redução de outros problemas locais afetos à
segurança, uma vez que ao interagir com a comunidade local, o policial
pode conhecer melhor seus problemas e suas possíveis soluções.

Assim, com o apoio das instituiçesõ responsáveis, através do


estabelecimento de parcerias, buscamos oferecer à comunidade um
trabalho que contribua para a construçá o de uma convivência social
mais sadia, demonstrando, através de dados, as relaçesõ
estabelecidas nas diversas conjunturas que envolvem o programa
Proerd. As ações suscitadas nessa pesquisa visam a uma reflexão
acerca do programa, começando por sua metodologia, percebendo
Proerd enquanto parte da Polícia Militar do Acre. O foco, nessa
pesquisa, foi interagir com as escolas; com outros policiais, ouvindo
o que a Polícia Militar tem a dizer de seu programa preventivo de
maior abrangência na Capital; percebendo os anseios e as vivências
dos Policiais que atuam no Proerd; construindo valores a partir das
sociabilizações vivenciadas; e, por fim, verificando em todas essas
fases se o programa Proerd é ou não é eficiente em seu intuito de
manter as crianças e os adolescentes longe das drogas e da violência.

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16
CAPÍTULO I
CONHECENDO O PROGRAMA PROERD DA 4ª SÉRIE
Bases teórico-metodológicas e formação policial

O problema das drogas nunca foi tão alarmante para nossa


sociedade como tem sido nos dias de hoje. Diante desse problema,
surgiu o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à
Violência (PROERD), desenvolvido pela Policia Militar, a fim de
prevenir o uso e abuso de drogas entre crianças e adolescentes no
Ensino Fundamental.
Nesse programa educativo, através de 17 lições aplicadas uma
vez por semana por um Policial Militar devidamente credenciado e
fardado, são abordados aspectos tais como o reforço da auto-estima,
pressão dos colegas e da mídia para o uso de drogas, as gangues e
resolução de conflitos sem recorrer à violência. A 17ª lição é uma
formatura com a participação dos pais e professores, onde as
crianças recebem um certificado de participação. O curso é
desenvolvido com crianças e adolescentes de 4ª série do Ensino
Fundamental.
O Proerd também atua na 6ª série do Ensino Fundamental e
com um curso de capacitação com os pais, chamado de “Curso de
Pais”. Em ambos se busca atuar para a melhor convivência familiar,
informando sobre atuações consideradas violentas e como o
relacionamento com as drogas pode ser prejudicial não só ao
usuário, mas também a todos que estão a seu redor. O Proerd
procura mostrar possibilidades de uma vida saudável sem a
necessidade do uso de drogas ou substâncias psicotrópicas. Da
mesma forma, o foco de combate são as drogas e não os usuários
delas. Estes são tidos como pessoas que almejamos informar sobre
os malefícios que uma vida de dependência pode trazer, bem como,
as possibilidades de se manter longe das drogas e da possível
4
Este sub-capítulo foi copiado em sua quase totalidade do livro do Instrutor Proerd e dos sites das várias Polícias
Militares espalhadas pelo Brasil. As informações aqui contidas são de direito do Proerd Brasil e podem ser acessadas
pelo público a qualquer tempo.

17
Proerd Rio Branco
conseqüente violência.
O programa possui como material didÝ tico o “Livro do
Estudante”, “Livro dos Pais” e o “Manual do Instrutor” auxiliando
os respectivos cursandos e os Policiais Proerd no desenvolvimento
das liçes.õ O Proerd consiste em uma açá o conjunta entre o Policial
Militar devidamente capacitado, chamado Policial Proerd,
professores, especialistas, estudantes, pais e comunidade, no
sentido de prevenir e reduzir o uso indevido de drogas e a violência
entre estudantes, bem como ajudar os estudantes a reconhecerem as
pressesõ e a influência diária para usarem drogas e praticarem a
violência, e a resistirem a elas.
O Proerd é mais um fator de proteção desenvolvido pela
Polícia Militar para a valorização da vida, contribuindo, assim, para
o fortalecimento da cultura da Paz e a construção de uma sociedade
mais saudável, feliz e principalmente, mais segura.
Os Instrutores são Policiais Militares especialmente treinados
para tal atividade, diante de sua conduta profissional, ética e moral
que, além de estimular as habilidades das crianças para resistirem às
pressões ao uso de drogas, estreitam o relacionamento policial-
comunidade, dentro da filosofia da Polícia Comunitária, a qual visa
a defesa da vida, a integridade física e a dignidade da pessoa humana.
Todos os policiais do Proerd passam por um curso de qualificação
rigoroso com a orientação/supervisão/instrução de policiais
militares na função de Masters, de policiais militares na função de
Mentores, de pedagogos, psicólogos, membros de conselhos anti-
drogas, membros da secretaria de educação, além de palestrantes
convidados.
Os Instrutores Proerd são voluntários, cuidadosamente
selecionados e exaustivamente treinados. Cada Instrutor prepara
reuniões com professores e pais para orientar sobre os objetivos e
conteúdo do currículo, incluindo como reconhecer sinais de uso de
drogas e como melhorar a comunicação familiar.
5
O Proerd Brasil tem três níveis de acesso: o primeiro é o de Instrutor, que lida diretamente com as crianças, os
adolescentes e os pais, em sala de aula; após o período mínimo de um ano os Instrutores podem participar do curso de
Mentores, que além de participar em sala de aula, atuam na supervisão e orientação dos Instrutores, os Mentores
formam os Instrutores; os Masters são policiais que organizam e auxiliam na formação de cursos de Instrutores e de
Mentores. Todos os policiais Proerd, independentemente de sua titulação, atuam em sala de aula incentivando as
crianças a ficarem longe das drogas e fazerem escolhas que sejam boas para elas e para os seus semelhantes.

18
Conhecendo o Programa Proerd da 4ª Série
Para fazer parte do corpo de Instrutores Proerd, os policiais
necessitam ser formados pelos Cursos Especiais de formação de
Instrutores Proerd, D.O.T. (DARE Officer Trainning), ministrados
Diretoria de Ensino e Instrução da PMAC, em parceria com os
Centros de Capacitação das Polícias Militares do Brasil.
Após o período mínimo de um ano de aplicação de lições do
currículo Proerd nas escolas, os Instrutores Proerd possuidores do
D.O.T., poderão freqüentar o Curso Especial para Mentores
("Mentor Officer Trainning" - M.O.T.), que habilita esses
profissionais a ministrarem aulas nos Cursos Especiais de formação
de Instrutores PROERD (D.O.T.).
A primeira equipe de policiais Proerd formada no Brasil,
ocorreu no Estado do Rio de Janeiro, entre os dias 17 e 28 de agosto
de 1992. Nesse período, 29 policiais militares foram formados
como instrutores do Proerd, tendo sido treinados por uma equipe de
05 policiais do Departamento de Polícia de Los Angeles e 02 da
cidade de San Diego. O programa D.A.R.E foi adaptado para a
aplicação no Rio de Janeiro, com a participação da Secretaria de
Estado de Educação do referido Estado. A partir de então, decidiu-se
que o programa D.A.R.E. no Brasil seria chamado de PROERD
(Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência).
Pouco tempo depois, a Polícia Militar do Estado de São Paulo
em acordo firmado com o D.A.R.E. lnternational, órgão oficial que
coordena o programa em nível internacional, recebeu a
incumbência de instalar e operacionalizar o Centro Nacional de
Treinamento PROERD do Brasil, dessa forma, podendo ampliar o
programa para todo o território nacional.
Os ensinamentos proporcionados pelo Proerd fortalecem a
atitude positiva das crianças em relação às autoridades e o respeito
às leis para um melhor convívio comunitário; desmistificando a
idéia, comumente veiculada pela propaganda, de que para se obter
sucesso devem se experimentar drogas e “vencer” a qualquer custo.
O programa estimula a parceria entre Polícia, comunidade e
escolas, sendo a participação de todos essencial para o bom
6
Informações obtidas no site do Proerd de São Paulo.

19
Proerd Rio Branco
andamento das atividades desenvolvidas. Estas parcerias são muito
importantes, e somam-se a outros programas de prevenção
existentes que objetivam trazer ao cidadão uma vida útil e
saudável.

As lições do Proerd

Os assuntos abordados em sala de aula e seus respectivos


objetivos nas 17 lições que compõem o currículo do Proerd na 4ª
série do Ensino Fundamental são os seguintes:
· Lição 1 – Introdução ao Programa: conscientizar os estudantes
quanto à importância dos encontros;
· Lição 2 – Compreendendo os efeitos das drogas que alteram o
funcionamento do corpo e da mente: Compreender os efeitos
básicos das drogas que alteram a mente e o corpo assim como os
nocivos que podem resultar do mau uso da drogas;
· Lição 3 – Considerando as Conseqüências: Identificar as
conseqüências do uso de drogas e sensibilizar para os benefícios
para uma vida sadia;
· Lição 4 – Mudando as idéias sobre o uso de drogas: Identificar
as quatro fontes e tipos pressão dos companheiros e comparar as
estimativas da extensão do uso de drogas entre os adolescentes com
os relatórios de pesquisas nacionais, fazendo-os refletir sobre uma
atitude que pensam ser a correta;
· Lição 05 – Maneiras de dizer não: sensibiliza os estudantes para
recusa de ofertas indesejáveis;
· Lição 06 – Fortalecendo a auto-estima: Sensibilizar para as
qualidades e sentimentos próprio e de seus companheiros:
· Lição 07 – Ser seguro: um estilo de resposta: conscientizar para
a possibilidade de não se influenciar pelo ambiente social,
principalmente quando o assunto é drogas;
· Lição 08 – Lidando com as tensões sem usar drogas:
Sensibilizar para os sentimentos positivos e negativos do ser

8
Retirado do site da PMPE.

20
Conhecendo o Programa Proerd da 4ª Série
humano e maneiras para podermos gerenciá-los;
· Lição 09 – Reduzindo a violência: Identificar formas de lidar
com sentimentos negativos para solucionar uma solução problema.
Lição 10 – Combatendo a influência dos meios de comunicação
na violência e no uso de drogas: Reconhecer a influencia dos
meios de comunicação quando mostram o cigarro, álcool e outras
drogas, e ainda, as demonstrações de violência;
· Lição 11 – Tomando decisões e assumindo riscos: Avaliar os
riscos em situações envolvendo o uso de drogas, gangues e uso de
armas;
· Lição 12 – Dizendo sim para as alternativas positivas:
Identificar e vivenciar alternativas positivas para que possam
desenvolver novas habilidades, fazer novas amizades e manter-se
afastado das drogas e da violência;
· Lição 13 – Modelos positivos: Identificar as maneiras utilizadas
por alunos mais experientes para ficar longe das drogas e participar
de uma variedade de atividades positivas, além de socializar o
conhecimento;
· Lição 14 – Resistindo à violência e à pressão das gangues:
identificar as conseqüências negativas das gangues e da violência
dos grupos e propiciar uma reflexão sobre as formas de evitar o
envolvimento;
· Lição 15 – Resumindo as lições Proerd: avaliar os
conhecimentos adquiridos pelos estudantes do PROERD de
maneira lúdica e descontraída;
· Lição 16 – Tomando uma decisão: Os estudantes irão tomar uma
decisão positiva para ficar livres das pressões do uso de drogas e
evitarem a violência, colocando seu compromisso no livro do
estudante e lendo-o em voz alta;
· Lição 17 – Formatura Proerd: Oferecer uma celebração que visa
socializar com outros alunos e familiares os conhecimentos
adquiridos.

8
Retirado do Manual do Instrutor Proerd da 4ª série

21
Proerd Rio Branco

Objetivo do Proerd da 4ª série

O objetivo deste documento é estabelecer, em termos amplos,


os princñpios centrais, como conteúdo, principais atividades e
materiais, do curso Proerd para a 4a série. Ele também tem a intençá
o
de permitir que o Policial-Instrutor Proerd compreenda:
1. Quais idéias, valores e habilidades são mais importantes
a
para os alunos da 4 série aprenderem;
2. Os pressupostos e princípios sobre como eles melhor
aprenderão o conteúdo selecionado;
3. Os pressupostos e princípios sobre as práticas que mais
provavelmente irão promover o aprendizado desejado;
4. As razões para usar o “Proerd: Uma Visão de Suas
Decisões” como um manual que contém todo o currículo; e
como todo o conteúdo, objetivo e atividades estão “colados”
por este organizador;
5. Que este curso tem continuidade no curso para
adolescentes, sob o título “Investindo em Sua Própria Vida”.

O Policial-Instrutor deve ter a compreensão de como essas


idéias, habilidades e atividades de aprendizagem se inter-
relacionam ao longo das lições para formar um fluxo contínuo de
aprendizado.

Princípios-chave

1. Programas de prevenção bem sucedidos enfatizam o seguinte


conteúdo:
· Os riscos sociais, legais e físicos bem como as
conseqüências de curto prazo decorrentes do uso de cigarro,
álcool, maconha, inalantes e outras drogas ilícitas;
· As crenças comuns dos alunos sobre a extensão do uso de
substâncias pelo seu grupo são geralmente distorcidas, porém,
podem ser examinadas reflexivamente e mudadas através da

22
Conhecendo o Programa Proerd da 4ª Série
compreensão da real extensão desse uso por seu grupo;
· Diálogo, afirmação, estratégias de negação e outras práticas
de resistência são centrais para se poder lidar com o desejo e as
pressões para fazer uso de drogas;
· Estratégias de prevenção ao uso de drogas bem sucedidas
necessitam de:

q envolvimento dos pais e líderes comunitários;


q intervenções dos agentes ao longo dos anos;
q atividades que os alunos vejam como realistas e
envolventes;
q tempo suficiente para discussões e aprofundamento na
sala de aula que ampliem sua prática cotidiana.

2. Perspectivas e modos de aprendizado dos alunos do Ensino


Fundamental:
· Alunos da 4 a série querem assumir mais
responsabilidades nas tomadas de decisões pessoais tendo como
parâmetro adultos que eles valorizam.
· Eles querem falar e examinar situações realistas e
problemáticas.
· Estes estudantes são pré-adolescentes que querem ser
tratados com respeito.
· Eles querem relações seguras e o apoio dos adultos.
· Por terem históricos pessoais, sociais e culturais
distintos, eles aprendem de modos diversos. Por isso, as
atividades educacionais precisam fornecer pontos de
diversidade e múltiplas oportunidades de aprendizado.
· Alunos de 4a série podem desenvolver habilidades
comunicativas, sociais, assertivas e de resolução de problemas
que lhes possibilitem resistir às pressões para fazer uso de
drogas ou se envolver em atividades de intimidação ou brigas.

3. Teorias e pesquisas sobre o desenvolvimento infantil mostram


a
que alunos da 4 série:
23
Proerd Rio Branco
· São capazes de compreender as perspectivas dos outros,
pois são menos egocêntricos;
· São capazes de integrar diversas variáveis em relações
causais;
· São capazes de compreender e usar as regras da lógica;
· São entusiastas, curiosos e têm um desejo de explorar;
· Estão começando a aceitar responsabilidades pelo
comportamento;
· Aprendem a cooperar e gostar de Tomadas de Decisão
em grupo;
· Gostam de falar e expressar idéias;
· Buscam orientação e reforço tanto do seu grupo quanto
de adultos importantes.

4. Teorias e pesquisas sobre aprendizado ativo e estratégias de


ensino que apóiam tal aprendizado demonstram que:
· A experiência de vida dos alunos e o contexto cultural no
qual estão inseridos formam seu conhecimento e definem a
maneira que vêem seu mundo e o sentido que dele fazem;
· Novos conhecimentos científicos e habilidades devem
estar articulados com o contexto cultural dos alunos
possibilitando o avanço da aprendizagem;
· Experiências práticas, tanto concretas quanto abstratas,
estimulam o desenvolvimento e a aprendizagem de novos
conceitos;
· Mediações com o seu grupo e com adultos importantes
estimulam o conhecimento de novas idéias e a reflexão sobre
elas;
· Os alunos especiais devem ter acesso às atividades e aos
conteúdos de maneira a garantir que todos sejam respeitados e
incluídos;
· A diversidade social e cultural, econômica e política
deve ser respeitada, apoiada e valorizada.

24
Conhecendo o Programa Proerd da 4ª Série

Critérios para o desenvolvimento do curso

Com base nas pesquisas e teorias resumidas acima, um


conjunto de critérios foi formado para orientar o desenvolvimento e
a organização dos aspectos-chave deste programa educacional.
Enquanto o currículo do curso tem a intenção de ser essencialmente
o mesmo para todo o país, as estratégias e os materiais podem ser
adaptados para o contexto cultural e social de cada escola conforme
as necessidades específicas. Isto significa que os Instrutores podem
precisar, em certas ocasiões, selecionar materiais e atividades
alternativas, assim como métodos que acreditem sejam mais
apropriados para seus alunos, desde que permaneçam coerentes
com os propósitos e critérios deste projeto.
Uma característica central e peculiar deste plano de curso é o
Livro do Estudante “Proerd: uma Visão de Suas Decisões”. As
informações, os conhecimentos científicos e as atividades contidas
em suas lições são todas projetadas para construir coletivamente
capacidades de resolução de problemas sociais e pessoais
relacionados com o uso e abuso de substâncias, bem como para
garantir que possam agir em nome de seus melhores interesses
diante das situações expostas. Tentamos possibilitar aos alunos
acesso a essas capacidades de maneira atraente, usando situações
problemáticas que pareçam reais aos seus olhos. A intenção é que os
alunos analisem essas situações, busquem e usem as informações
disponíveis, discutam com profundidade, uns com os outros, as
alternativas dessas situações e ações que podem escolher com
responsabilidade. Além de extensas discussões, existem amplas
oportunidades de “experimentar” maneiras de lidar com as pressões
de amigos e com os sentimentos internos de querer ser aceito como
uma pessoa “maneira”.

Coerente com os objetivos deste programa, os seguintes


critérios foram estabelecidos para possibilitar o desenvolvimento
das liçes,õ de maneira a permitir o entendimento delas pelos alunos:
· Informações baseadas em pesquisas: As informações sobre
25
Proerd Rio Branco

tabaco, álcool, maconha e inalantes devem ser obtidas através


dos resultados das mais recentes pesquisas quando os grupos ou
classes estiverem resolvendo problemas.
· Guiado por problemas: O eixo norteador dos conteúdos e das
atividades dos alunos é uma situação problemática, tipicamente
uma na qual a pressão para o uso de drogas esteja sendo exercida.
· Interativo: Os alunos se envolvem ativamente na solução de
problemas, através de discussões profundas, do pensamento
crítico e da encenação de papéis com outros alunos.
· Estrutura em espiral: Os conhecimentos científicos e as
habilidades devem ser revisados ao longo das 10 lições, de
modo que as habilidades sejam introduzidas, revistas e
praticadas em situações problemáticas cada vez mais
complexas.
· Aprendizado ativo: As atividades devem refletir o
envolvimento constante dos alunos, através de profundas
discussões com toda a classe, mediadas pelo Instrutor,
encenação das habilidades e dos conhecimentos científicos, e
da solução de problemas – Tomada de Decisão – em pequenos
grupos de aprendizado cooperativo.
· Professor(a) como parceiro(a): Por haver uma grande
quantidade de aulas que envolvem os alunos em atividades de
aprendizado ativo em pequenos grupos, o envolvimento direto
do(a) professor(a) da turma é um aspecto essencial para o
efetivo aproveitamento das lições.

Metas e Objetivos

A meta que engloba todo o Proerd é de reduzir/eliminar o uso


de álcool, cigarro e outras drogas pelos jovens, bem como o seu
a
comportamento violento. O Proerd de 4 série é o primeiro do
currículo Proerd no Brasil; os cursos restantes são o de 6a e o de pais.
a a
O curso da 6 série é integralmente relacionado com o curso da 4 .
a a
Os objetivos gerais dos programas de 4 e 6 séries estão voltados ao

26
Conhecendo o Programa Proerd da 4ª Série
desenvolvimento das capacidades necessárias aos alunos para que
tomem as rédeas de suas vidas (autonomia), com ênfase especial à
resistência ao uso e abuso de substâncias.

Os objetivos gerais são os seguintes:

1. Os alunos compreenderão os riscos e efeitos físicos e


emocionais do uso de álcool, cigarro, maconha e inalantes sobre
seus cérebros e corpos em desenvolvimento, e os riscos de
ordem legal desse uso.
2. Os alunos irão comparar e contrastar as crenças comuns de
seu grupo na sala de aula com os dados recentes sobre o uso de
álcool, tabaco e outras drogas (ATOD), e, onde surgir
dissonância, revisar suas compreensões e crenças sobre quantos
de seu grupo não usam álcool, tabaco e outras drogas.
3. Os alunos irão expandir seus conhecimentos sobre a
variedade de ações positivas que podem praticar em suas
escolas e comunidades (comportamento pró-social) para que
não se envolvam com o uso de álcool, tabaco e outras drogas.
4. Os alunos irão compreender o que são estratégias de
negação, habilidades de comunicação saudável, afirmação e
resistência, e poderão aplicar essas habilidades de maneira
adequada no desenvolvimento das várias situações da vida real.

27
28
CAPÍTULO II
AS DROGAS
Noções preliminares sobre drogas
Preliminarmente, podemos apresentar o conceito clÝ ssico do
Proerd acerca de droga, afirmando que é “Qualquer substância que
ná
o seja alimento e que afeta o funcionamento do nosso corpo e da
nossa mente”. Para a Organização Mundial de Saúde, droga é
“Qualquer substância quñmica ou a mistura delas (a exceçá o
daquelas necessárias para a manutenção da nossa saúde, como por
exemplo, a água e o oxigênio), que altera a função biológica e
possivelmente sua estrutura”.
É certo o fato de as drogas terem sua utilidade médica,
contudo, aqui iremos tratar de maneira pontual as formas não
medicamentosas de aplicação e consumo. Muitas crianças e
adolescentes têm um envolvimento inicial com as drogas, fazendo
uso e abuso das mesmas por curiosidade, auto-estima fragilizada,
insegurança, pouca resistência às frustrações, falta de identidade,
pressão do grupo, conflitos familiares, falta de carinho e diálogo,
dentre tantos outros motivos.

Desde a antiguidade se faz uso de drogas, Livros como a


Bíblia, o Código de Hamurábi, a Ilíada, a Odisséia, já mencionavam
alguns dos tipos de substâncias que causam ações psicotrópicas,
entorpecente e/ou de dependência.
Os sumérios, na região onde atualmente estão situados o Irã e
Iraque, há mais de 4.000 anos a.C. faziam uso da “planta da alegria”,
como chamavam a papoula e o ópio, para terem uma tradução do
contato com os deuses. Também o povo Cita (habitantes da Europa
Oriental, aqueciam pedras para queimar o cânhamo (maconha) e
inalar os vapores produzidos dentro de suas tendas. Na Grécia, as
festas a Dionísio, no Nilo, as festas a Baco, ambos deuses do vinho,
eram homenagens a esses deuses que tinham concedido aos
humanos essa bebida que era considerada uma dádiva dos deuses.
29
Proerd Rio Branco
A utilização ou ingestão dessas drogas há muito conhecidas
pela humanidade, podem ser feitas de diversas formas, dentre as
quais podemos destacar: a forma oral, nasal, inalável, injetável,
colírio e supositório.
De acordo com as leis brasileiras, as drogas são
tipificadas como lícitas ou permitidas, como é o caso da cafeína,
tabaco, álcool, dentre outros; e, ilícitas ou não permitidas, como é o
caso da maconha, cocaína, crack, dentre outros.
As drogas têm origens distintas. Muitas são colhidas
diretamente da natureza, outras são semi-sintéticas e outras,
sintéticas. Nos três casos citados as drogas afetam nosso organismo
causando alterações. Essas alterações podem ser Psicotrópicas,
produzidas por: estimulantes (anorexígenos, cocaína), calmantes
(ansiolíticos, opiáceos, inalantes), e perturbadores (mescalina, THC,
psicocibina, lírio, “LSD25-êxtase”, anticolinérgicos). Também
existem alterações biológicas ocasionadas pelos danos à saúde
física, afetando os aparelhos cardiovascular, respiratório, digestivo,
sexual, além de afetarem diretamente ao sistema nervoso central, o
que pode causar sérias lesões ao corpo, podendo até levar à morte.
As alterações psicológicas vão desde a diminuição da atenção,
memória e concentração, passando por alterações bruscas de humor,
bem como, perda da noção do tempo e do espaço, produzindo uma
progressiva diminuição da auto-estima pela insegurança e
depressão ocasionadas pela ausência ou abstinência. As alterações
sociais são perceptivas não apenas pelo prejudicado desempenho
afetivo, profissional e social, mas também pelo rompimento dos
vínculos sociais com as pessoas que não usam drogas e que para o
dependente, são pessoas que não o compreendem, não conhecem a
situação que ele está passando e que, por isso, não podem ajudá-lo
(SENAD, 2006).
As alterações produzidas nos usuários podem ser físicas
e psíquicas, causando síndrome da abstinência, tolerância e
sinergismo.
Existem milhares de tipos de drogas o que impossibilita
a sua nominação. No Acre, as drogas mais utilizadas por crianças e
adolescentes são: álcool, tabaco, cafeína (dentre as lícitas); e,
maconha, cocaína e cola de sapateiro (dentre as ilícitas).
30
Os Adolescentes e as Drogas
Quanto aos usuários, podemos dizer que há quatro tipos
distintos, sendo eles: os experimentadores ou usuários ocasionais,
os usuários moderados, os usuários habituais, e os usuários
dependentes.
Quanto ao uso das drogas em geral, de acordo com o I
Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrpicas ô no
Brasil (CEBRID, 2001), percebemos dados preocupantes, obtidos a
partir da pesquisa que foi realizada nas 107 cidades do Brasil com
mais de 200.000 habitantes:

· Estima-se que 11,2% da população brasileira seja


dependente de álcool e que 9,0% seja dependente de tabaco;
· 19,4% da populaçá o fizeram uso na vida de drogas,
diferentes de Ý
lcool e tabaco;
· A maconha é a droga ilícita mais utilizada, apontando o
fato de 6,9% dos entrevistados já terem utilizado maconha
alguma vez na vida e 1,0% se considerar dependente dela;
· O solvente é a segunda droga ilñcita mais utilizada,
representando um total de 5,8% dos entrevistados já terem
utilizado maconha alguma vez na vida;
· Os benzodiazepínicos (ansiolíticos) tiveram o uso de
3,3%, ao menos uma vez na vida, chegando o nm øero de
dependentes a 1,1% dos entrevistados;

Ao compararmos esses dados obtidos pelo CEBRID, quanto à


relação uso/dependência com as faixas etárias especificadas,
enfatizando o chamado período da adolescência que vai dos 12 aos
17 anos, percebemos uma amostra do problema enfrentado por
nossos adolescentes:

· 52,2% dos adolescentes do sexo masculino e 44,7% do


sexo feminino já utilizaram álcool alguma vez na vida, sendo
que, o número de dependentes é de 6,9% entre os usuários do
sexo masculino e 3,5% do sexo feminino;
· 15,7% dos adolescentes do sexo masculino e 16,2% do
31
Proerd Rio Branco
sexo feminino já utilizaram tabaco alguma vez na vida, sendo
que, o número de dependentes é de 2,2% entre os usuários de
ambos os sexos;
· 3,4% dos adolescentes do sexo masculino e 3,6% do
sexo feminino já utilizaram maconha alguma vez na vida,
sendo que, o número de dependentes é de 0,9% entre os
usuários do sexo masculino e 0,4% do sexo feminino;
· 0,4% dos adolescentes do sexo masculino e 2,2% do
sexo feminino já utilizaram benzodiazepínicos alguma vez na
vida, sendo que, o número de dependentes é de 0,2% entre os
usuários de ambos os sexos;
· 3,3% dos adolescentes do sexo masculino e 3,7% do
sexo feminino já utilizaram orexígenos alguma vez na vida;
· 3,0% dos adolescentes do sexo masculino e 3,8% do
sexo feminino já utilizaram solvente alguma vez na vida;
· 1,2% dos adolescentes já utilizaram anticolinérgicos
alguma vez na vida;
· 1,1% dos adolescentes já utilizaram opiáceos alguma
vez na vida;
· 0,5% dos adolescentes já utilizaram cocaína alguma
vez na vida;
· 0,3% dos adolescentes já utilizaram crack alguma vez
na vida;
· 0,1% dos adolescentes já utilizaram merla,
barbitúricos ou heroína alguma vez na vida;
· 6,2% dos adolescentes da Região Norte afirmaram já
haver caído em decorrência do uso de bebidas alcoólicas;
· 3,0% dos adolescentes da Região Norte afirmaram já
haver discutido, agredido alguém ou se machucado em
decorrência do uso de bebidas alcoólicas;

Percebemos, ainda que a produção, distribuição e a

32
Os Adolescentes e as Drogas

comercialização das drogas existem para servir a uma necessidade


de mercado: medicamentos, solventes e bebidas. Mas também
existe a produção das drogas chamadas ilícitas. Em termos de saúde
pública, existem alguns dados importantes a serem analisados:

- No BRASIL, em 1996, 7,9% do PIB, ou seja, cerca de


28 bilhões de dólares (Sec. Saúde/SP, 1996);
- Custo no SUS das patologias relacionadas ao uso de
tabaco é de 01 bilhão de reais (Chuitt. In Bucher, 1992);
- São gastos 100 milhões de reais por ano com
internações decorrentes do uso de álcool;
- No Acre, 27% das brigas domésticas se dão por causa
de drogas (bebida, maconha);
- Nos casos de violência, 37,36% dos adolescentes
infratores estavam drogados no ato da infração (CDHEP,
2000).

A legislação brasileira também traz identificação,


determinação, exposição de parecer e comentário acerca de
substâncias consideradas drogas e psicotrópicos, bem como, sua
comercialização, uso, abuso e a relação das drogas com crianças e

33
Proerd Rio Branco

adolescentes. Dentre as muitas leis, podemos destacar as seguintes:


· Constituição Federal
Art. 5 XLIII e LI Art. 144 *1 II entorpecentes e
Art. 227 *3 VII Art. 243 drogas afins
· Código Penal
Art. 28 II (embriaguez)
· Estatuto da Criança e do adolescente
Art. 10
· Lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro)
Art. 77
· Decreto 98.961/90 (Expulsão de est. Cond. por Tráfico
de Drogas)
· Lei 8.257/91 (Culturas Ilegais de Psicotrópicos)
· Lei 11.343/06 (institui o SISNAD, prescreve medidas
para prevenção às drogas, reinserção social e repressão ao
tráfico)

34
Os Adolescentes e as Drogas
As drogas mais comumente utilizadas no Brasil
Gostaríamos de apresentar aqui algumas das drogas mais
utilizadas. Para tanto, em sendo grande o número de “nomes
fantasia”, resolvemos fazer a apresentação a partir das
nomenclaturas produzidas pelas várias instituições que tratam do
assunto, tais quais, CEBRID, SENAD, MS, CONAD, dentre outros.

Álcool
Nome: cerveja, destilados e vinhos; Origem: grão e frutas;
Quantidade média ingerida: 350 ml, 45 ml, 90 ml; Forma
ingestão: oral; Efeitos a curto prazo (quantidade média):
relaxamento, quebra das inibições, euforia, depressão, diminuição
da consciência; Duração: 2-4 horas; Efeitos a curto prazo
(grandes quantidades): estupor, náusea, inconsciência, ressaca,
morte; Risco de dependência psicológica: alto; Risco de
dependência física: moderado; Tolerância: sim; Efeitos a longo
prazo: obesidade, impotência, psicose, úlceras, subnutrição, danos
cerebrais e hepáticos, morte; Utilização médica: nenhuma.

Alucinógenos
Nome: DMT, escopolamina, LSD, mescalina, noz-moscada,
psilocybina, STP; Origem: sintética, mimendro (planta), cactus,
moscadeira, cogumelo; Quantidade média ingerida: variável,
5mg, 150-200mg, 350mg, 400 mg, 25mg; Forma ingestão: oral,
inalável, injetável, nasal; Efeitos a curto prazo (quantidade
média): alteração da percepção, especialmente visual, aumento da
energia, alucinações, pânico; Duração: variável; Efeitos a curto
prazo (grandes quantidades): ansiedade, alucinações, exaustão,
psicose, tremores, vômito, pânico; Risco de dependência
psicológica: baixo; Risco de dependência física: nenhum
Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: aumento de ilusões e de
pânico, psicose; Utilização médica: o LSD e a psilocybina foram
testados no tratamento do alcoolismo, drogas, doenças mentais e
enxaquecas.
9
Informações em domínio público obtidas do Site Antridrogas.

35
Proerd Rio Branco
Anfetaminas
Nome: benzedrina, dexedrina, methedrina, preludin;
Origem: sintética; Quantidade média ingerida: 2,5-5mg; Forma
ingestão: oral, injetável; Efeitos a curto prazo (quantidade
média): aumento da atenção, excitação, euforia, diminuição do
apetite; Duração: 1-8 horas; Efeitos a curto prazo (grandes
quantidades): inquietação, discurso apressado, irritabilidade,
insônia, desarranjos estomacais, convulsões; Risco de
dependência psicológica: alto; Risco de dependência física:
nenhum; Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: insônia,
excitação, problemas dermatológicos, subnutrição, ilusões,
alucinações, psicose; Utilização médica: na obesidade, depressão,
fadiga excessiva, distúrbios do comportamento infantil.

Antidepressivos
Nome: tofranil, ritalina, tryptanol; Origem: sintética;
Quantidade média ingerida: 10-25mg; Forma ingestão: oral,
injetável; Efeitos a curto prazo (quantidade média): alívio da
ansiedade e da depressão, impotência temporária; Duração: 12-14
horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): náusea,
hipertensão, perda de peso, insônia; Risco de dependência
psicológica: baixo; Risco de dependência física: nenhum;
Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: estupor, coma, convulsões,
insuficiência cardíaca congestiva, danos ao fígado e aos glóbulos
brancos, morte; Utilização médica: na ansiedade ou supersedação,
distúrbios do comportamento infantil.

Barbitúricos
Nome: doriden, hidrato de cloral, fenobarbital, nembutal,
saconal; Origem: sintética; Quantidade média ingerida: 400mg,
500mg, 50-100mg; Forma ingestão: oral; Efeitos a curto prazo
(quantidade média): relaxamento, euforia, diminuição da
consciência, tontura, coordenação prejudicada, sono; Duração: 4-8
horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): discurso
"borrado", mal articulado, estupor, ressaca, morte; Risco de
dependência psicológica: alto; Risco de dependência física: alto
36
Os Adolescentes e as Drogas

Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: sonolência excessiva,


confusão, irritabilidade, graves enjôos pela privação; Utilização
médica: na insônia, tensão e ataque epilético.

Cafeína
Nome: café, chá, refrigerantes; Origem: grão de café, folhas
de chá, castanha; Quantidade média ingerida: 1-2 xícaras, 300ml;
Forma ingestão: oral; Efeitos a curto prazo (quantidade média):
agitação, irritabilidade, insônia, perturbações estomacais;
Duração: 2-4 horas; Efeitos a curto prazo (grandes
quantidades): agitação, insônia, enjôo; Risco de dependência
psicológica: alto; Risco de dependência física: alto; Tolerância:
não; Efeitos a longo prazo: agitação, irritabilidade, insônia,
perturbações estomacais; Utilização médica: na supersedação e
dor de cabeça.

Cocaína
Nome: cocaína; Origem: folhas de coca; Quantidade média
ingerida: variável; Forma ingestão: nasal, injetável; Efeitos a
curto prazo (quantidade média): sensação de auto-confiança,
vigor intenso; Duração: 4 horas; Efeitos a curto prazo (grandes
quantidades): irritabilidade, depressão, psicose; Risco de
dependência psicológica: alto; Risco de dependência física: alto;
Tolerância: não; Efeitos a longo prazo: danos ao septo nasal e
vasos sanguíneos, psicose; Utilização médica: anestésico local.

Inalantes
Nome: aerossóis (éter), colas, nitrato de amido, óxido nitroso;
Origem: sintética; Quantidade média ingerida: variável; Forma
ingestão: inalável; Efeitos a curto prazo (quantidade média):
relaxamento, euforia, coordenação prejudicada; Duração: 1-3
horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): estupor,
morte; Risco de dependência psicológica: alto; Risco de
dependência física: nenhum; Tolerância: possível; Efeitos a
longo prazo: alucinações, danos ao cérebro, aos ossos, rins e fígado,
37
Proerd Rio Branco
morte; Utilização médica: dilatação dos vasos sanguíneos,
anestésico leve.

Cannabis Sativa
Nome: haxixe, maconha, thc; Origem: cannabis, sintética;
Quantidade média ingerida: variável; Forma ingestão: inalável,
oral, injetável; Efeitos a curto prazo (quantidade média):
relaxamento, quebra das inibições, alteração da percepção, euforia,
aumento do apetite; Duração: 2-4 horas; Efeitos a curto prazo
(grandes quantidades): pânico, estupor; Risco de dependência
psicológica: moderado; Risco de dependência física: moderado
Tolerância: não; Efeitos a longo prazo: fadiga, psicose;
Utilização médica: na tensão, depressão, dor de cabeça, falta de
apetite.

Narcóticos
Nome: codeína, demerol, metadona, morfina, ópio, percodan;
Origem: papoula de ópio, papoula de ópio sintética; Quantidade
média ingerida: 15-50mg, 50-150mg, 05-15mg, 10mg; Forma
ingestão: oral, injetável, nasal; Efeitos a curto prazo (quantidade
média): relaxamento, alívio da dor e da ansiedade, diminuição da
consciência, euforia, alucinações; Duração: 4 horas
Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): estupor,
morte; Risco de dependência psicológica: alto; Risco de
dependência física: alto; Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo:
letargia, prisão de ventre, perda de peso, esterilidade e impotência
temporária, enjôos pela privação; Utilização médica: na tosse, na
diarréia, analgésico, combate à heroína.

Nicotina
Nome: cachimbos, charutos, cigarro, rapé; Origem: folhas de
tabaco; Quantidade média ingerida: variável; Forma ingestão:
inalável, oral; Efeitos a curto prazo (quantidade média):
relaxamento, contração dos vasos sanguíneos; Duração: 1/2-4
horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): dor de
cabeça, perda de apetite, náusea; Risco de dependência
38
Os Adolescentes e as Drogas
psicológica: alto; Risco de dependência física: alto; Tolerância:
sim; Efeitos a longo prazo: respiração prejudicada, doença
pulmonar e cardiológica, câncer, morte; Utilização médica:
nenhuma (usado em inseticida).
Tranquilizantes
Nome: dienpax, librium, valium; Origem: sintética;
Quantidade média ingerida: 5-30 mg, 5-25 mg, 10-40 mg; Forma
ingestão: oral; Efeitos a curto prazo (quantidade média): alívio
da ansiedade e da tensão, supressão das alucinações e da agressão,
sono; Duração: 12-24 horas; Efeitos a curto prazo (grandes
quantidades): sonolência, visão perturbada, discurso "borrado",
reação alérgica, estupor; Risco de dependência psicológica:
moderado; Risco de dependência física: moderado
Tolerância: não; Efeitos a longo prazo: destruição de células
sanguíneas, icterícia, coma, morte; Utilização médica: na tensão,
ansiedade, psicose, no alcoolismo.

39
CAPÍTULO III
PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DA PMAC
A Polícia Militar do Acre tem como estrutura principal o
trabalho de prevenção. Embora atualmente percebamos a real
necessidade de atuar repressivamente, muitas das atuações da
PMAC são preventivas.
As Companhias de Rádio Patrulha, Policiamento de Moto,
Policiamento a Cavalo, Policiamento Ostensivo a Pé, Policiamento
de Bicicleta, Policiamento de Trânsito, Companhia de Policiamento
Escolar, Proerd, Polícia da Família, Diretoria de Ensino, Setor de
Inteligência, são alguns dos vários organismos da PMAC que atuam
preventivamente, embora, também o façam em forma de repressão,
quando assim é necessário.
Dentre os policiamentos preventivos executados pela Polícia
Militar no Acre, três foram mais citados pelos alunos, funcionários e
professores das escolas existentes em nossa Capital. São Eles:
Proerd, Policiamento Escolar e Polícia da Família. Quanto ao
Proerd, por ser objeto principal dessa pesquisa e estar contido em
todos os capítulos, não o citaremos nesse momento, nos ateremos
apenas ao Policiamento Escolar e à Polícia da Família.

Policiamento Escolar
O Policiamento Escolar tem sido de fundamental importância
para a segurança nas escolas e faculdades de Rio Branco. Embora
seu efetivo seja pequeno, os policiais da Companhia Escolar atuam
não apenas no policiamento ostensivo, mas também efetuando
palestras e atividades lúdicas que atraiam a atenção dos estudantes
para os preceitos de bom relacionamento interpessoal, respeito ao
próximo, cidadania e como estar longe das drogas e da violência. O
Policiamento Escolar atua principalmente com o público alvo de
adolescentes jovens e adultos no ambiente escolar.
10
As informações aqui expostas foram cordialmente cedidas pela Coordenação da Companhia Independente de
Policiamento Escolar. Sendo essas informações de conhecimento público e direito autoral de seus idealizadores.
Portanto, as apresentamos com a ressalva de que o texto não foi construído pelo Proerd, e sim, pela CIPE.
41
Proerd Rio Branco
Em outubro de 2003, devido ao crescimento de violência e
drogas nas escolas, sensibilizados pelo quadro apresentado, o atual
governador, Binho Marques, na época Secretário de Educação, em
conjunto com o Comandante da Polícia Militar, Cel. PM Leandro
Rodrigues, Maj. PM Francimar e o Secretário de Segurança
Fernando Melo, chegaram ao consenso em relação à necessidade de
implementação de uma Polícia voltada para atender às necessidades
da comunidade escolar, firmando, assim, a parceria. Criou-se, então,
de fato, a Cia. Escolar com um efetivo de apenas 12 homens,
instalados na Polícia Comunitária. Somente no dia 25 de maio de
2005, foi criada de direito a Companhia Independente de
Policiamento Escolar – CIPE. A Companhia Independente de
Policiamento Escolar conta hoje com um efetivo de 37 homens, que
foram capacitados com curso específico para a área, e maioria do
efetivo tem nível superior ou está cursando. Hoje a CIPE tem sede
na Secretaria de Estado de Educação.
Aproximar a Polícia Militar da Comunidade é a proposta do
trabalho realizado pela Companhia Independente de Policiamento
Escolar (CIPE) nas escolas públicas e particulares de Rio Branco -
Acre. A Companhia escolar utiliza o diálogo e a valorização da
harmonia nas relações humanas, nos Direitos Humanos, bem como
dentro de perspectivas da filosofia de Polícia comunitária,
objetivando a interação entre Polícia – comunidade. A Companhia
Independente de Policiamento Escolar – CIPE conta com um
Núcleo na SEE, na qual, além de cumprir com a missão
constitucional de realizar o policiamento ostensivo preventivo e
repressivo, também ministra palestras educativas nas escolas sobre
prevenção às drogas, violência, Polícia Comunitária e Civismo.
A Companhia Independente de Policiamento Escolar realiza
atividades nos três turnos de funcionamento das escolas (Manhã,
Tarde e Noite), com o policiamento ostensivo e preventivo visando
a segurança da comunidade escolar. A CIPE atende as escolas da
rede estadual (rural: 98; urbana: 90), municipal (rural: 17; urbana:
35) e particular (41), totalizando 281 escolas, além das unidades de
ensino superior: UFAC, FIRB/FAAO, UNOPAR, IESACRE,
UNINORTE, FACINTER, SINAL, entre outras. Atende de acordo
42
Programas de Prevenção da PMAC
com os diagnósticos apresentados e as demandas das escolas, como
também palestras preventivas sobre o uso indevido e abusivo de
drogas, álcool, violência e cidadania, além de prestar apoio às outras
Companhias na condução de cidadãos detidos.
Através da política de capacitação de recursos humanos
adotada pelo Comando da CIPE, os policiais militares absorvem
conhecimentos técnicos profissionais, e por conseqüência,
adquirem a confiança dos alunos passando a influenciar também na
formação do futuro cidadão. A Companhia escolar utiliza o diálogo
e a valorização da harmonia nas relações humanas, nos Direitos
Humanos, bem como dentro de perspectivas da filosofia de Polícia
comunitária, objetivando a interação entre Polícia e comunidade.
Para que fosse possível a realização desse trabalho foi
estabelecida uma parceria entre a Polícia Militar e a Secretaria de
Estado de Educação – SEE, através da celebração de um Convênio
firmado entre as partes, através do qual foram disponibilizados
materiais e equipamentos necessários para execução dessas
atividades.

Polícia da Família

Grande parte da atuação da Polícia da Família aqui


apresentada tem como base o relatório anual de atividades
referentes ao ano de 2006, entregue dia 31 de dezembro de 2006 à
Secretaria de Justiça e Segurança Pública, pela Coordenadora Geral,
Delegada de Polícia Civil Maria Lúcia Barbosa Jaccoud, e, Pelo
Coordenador, Capitão PM Eudinez Pinheiro Ferreira.
A Polícia da Família atende 41 bairros em suas 03 bases. O
contingente inicial era de 196 policiais, atualmente esse número não
passa de 82. As bases foram assim divididas:
A Base do bairro Vitória atende às seguintes localidades: Conj.
Edson Cadaxo, São Francisco, Conj. Oscar Passos I, Conj. Oscar
Passos II, Vitória, Jardim Eldorado, Chico Mendes, Ouricuri,
Loteamento Jaguar, Parque dos Sabiás, Loteamento São Jorge,
Loteamento Panorama, Invasão da Embratel, Placas, Residencial

43
Proerd Rio Branco
Santa Cruz e Apolônio Sales.
A Base do Jorge Lavocat atende às seguintes localidades:
Wanderley Dantas, Raimundo Melo, Xavier Maia, Vila Nova,
Loteamento Novo Horizonte, Adalberto Sena, Defesa Civil,
Tancredo Neves, Alto Alegre, Montanhês, Jorge Lavocat, Irineu
Serra e Santa Helena.
A Base do Santa Cecília atende os bairros: Albert Sampaio,
Dom Moacir, Santa Cecília, Vila Acre, Vila da Amizade, Belo
Jardim I, Belo Jardim II, Mauri Sérgio, Areial, Santa Inês,
Loteamento Santo Afonso e Loteamento Rosa Linda.
De acordo com informações obtidas na Base do Vitória, o
atual efetivo da Polícia da Família pode ser assim descrito:

* Agente de Polícia exercendo a função de Escrivãs Ad Hoc.

Mesmo com um efetivo reduzido e, ano a ano, sendo cada vez


minimizado, a Polícia da Família mostra números de sua atuação e
os atendimentos executados desde que foi implantada até fins de
2006, haja vista o ano de 2007 ainda não ter se encerrado, não
tivemos acesso aos dados do referido ano.

BASE 2003* 2004 2005 2006 TOTAL

44
Programas de Prevenção da PMAC
A Polícia da Família é um modelo de policiamento que segue a
mesma filosofia da Polícia Comunitária, tendo sido idealizada em
setembro de 2003, seguindo diretrizes estabelecidas pela Senasp –
Secretária Nacional de Segurança Pública –, para desenvolver um
trabalho integrado envolvendo Policiais Civis e Militares, com suas
atividades voltadas prioritariamente para a prevenção.
Inicialmente, o Projeto foi idealizado para funcionar em três
Bases localizadas nos bairros: Vitória, Jorge Lavocat, Stª Cecília,
estendendo suas atividades aos bairros circunvizinhos, no total de
35 (trinta e cinco), com possibilidade real de expansão para outras
localidades. Entretanto, sem os investimentos necessários, o
Projeto parou no Piloto das Bases, estando, infelizmente, sem
previsão de novos postos de atuação.
A escolha das áreas contempladas para implantação deste
projeto foi orientada pelos índices de criminalidade, priorizando-se
bairros considerados críticos na escolha da instalação das bases.
A Polícia da Família é considerada de baixo custo, uma vez
que o policiamento é realizado a pé, através de visitas domiciliares,
possibilitando assim uma parceria bastante frutífera, policial e
comunidade. Os primorosos resultados podem ser comprovados

45
Proerd Rio Branco
pelas estatísticas, que apontam para a diminuição da violência nos
pontos de sua atuação.
Apesar, de aparentemente desenvolver serviço de cunho
social, a Policia da Família prestigia a participação da comunidade
por entender ser a melhor forma de combate a qualquer ação
criminosa. Assim, é importante salientar que o policial da família,
além de exercer a atividade policial, também interage com a
comunidade participando ativamente como agente de
transformação e inclusão social.
Insta ressaltar que, a Polícia da Família representa uma
conquista da nova concepção de Segurança Pública, aquela que
tomou consciência de que seu papel é estar a serviço da sociedade,
com as autoridades tendo uma maior interação com a comunidade a
que presta seus serviços, e assim responderem satisfatoriamente ao
público atendido.
A escolha do trabalho policial preventivo e integrado à
comunidade tem mostrado efeitos extremamente positivos. Nos três
anos de trabalho desenvolvido pela Polícia da Família, os índices
estatísticos das áreas atendidas diminuíram drasticamente,
especialmente os de crimes considerados graves, como por exemplo,
os de crimes contra a vida.
Contudo, notou-se uma leve regressão no trabalho
desempenhando, em virtude da descontinuidade e diminuição do
efetivo. Por tratar-se de organismo apenas existente de fato, a
Polícia da Família sofre interferências diretas no efetivo que a
compõe, sendo comuns serviços extras ou estranhos às atividades
desempenhas nas Bases, especialmente em relação aos Policiais
Militares. Verificou-se uma redução do efetivo desde a sua
implantação até hoje em mais de cinqüenta por cento.
Das atividades planejadas para este ano, parte foram
prejudicadas pelo acima exposto, ficando pendente a
implementação dos Conselhos, compostos por membros da
Comunidade. Apesar de já existir um contato permanente entre
presidentes de bairros e a Polícia da Família, é imprescindível a
criação destes Conselhos, especialmente para que existam reuniões
regulares para planejamento das atividades a serem efetuados
46
Programas de Prevenção da PMAC
mensalmente e para o aperfeiçoamento dos serviços prestados, já
que sempre se busca a excelência do que é feito.
Não foi possível a apresentação de palestras preventivas em
todas as Escolas que se encontram na região abrangida pela Polícia
da Família, em virtude da saída de parte do efetivo que compunha as
equipes de apresentação, quer seja em decorrência de novos
concursos, ou de transferência para outras unidades.
Os projetos de música, desenvolvidos em parceria entre as
Escolas e a Polícia da Família, depois de uma breve interrupção por
falta de recursos, está sendo retomado, em virtude de convênios
celebrados entre a Senasp, o estado do Acre e o município de Rio
Branco, ficando a execução a cargo da Polícia da Família.
Um grande obstáculo a ser superado nas áreas de atribuição da
Polícia da Família é a falta de atividades para crianças e
adolescentes, atividades aqui entendidas lato sensu, tanto voltadas
para a cultura, desporto, recreação, preparação, formação e inclusão
no mercado de trabalho.
Oportuno se torna dizer que o êxito do trabalho desenvolvido
pela Polícia da Família dá-se pelas parcerias com outros órgãos da
administração pública em todas as esferas, de outros poderes, e
mesmo da iniciativa privada, que tem colaborando enormemente
para que o trabalho aqui desempenhado se tornasse referência de
bom atendimento e melhor eficácia.
A manutenção deste programa e sua expansão devem se
mostrar como preocupação primeira de todos os seguimentos da
Segurança Pública, em demonstração de que estamos
comprometidos com seus novos ideais, com ações voltadas para a
prevenção e que temos consciência desse desafio ético de servir à
comunidade, tendo como foco principal o cidadão.
A responsabilidade pelo desempenho e ampliação da Polícia
da Família é de todos nós, e, por isso, precisamos estar dispostos e
atentos, a fim de que essa iniciativa, hoje funcionado com grande
êxito, não venha a sofrer qualquer esmaecimento, mas seja
aperfeiçoada e ampliada sua competência, sempre objetivando a
promoção da justiça e tornando a Segurança Pública, efetivamente,
direito e responsabilidade de todos conforme preceituado no artigo
47
Proerd Rio Branco
144, caput, da Constituição Federal do Brasil.
Por fim, é necessário informar a necessidade premente de
institucionalização da Polícia da Família, para que a mesma possa
existir de direito, facilitando o planejamento e execução das ações.

Sites com informações úteis para


educadores e comunidade

· ABRAFAM – Associação Brasileira de Apoio às Famílias de


Drogadependentes
www.impacto.org/abrafam
· Amor-Exigente – (para pais e familiares de usuários de drogas)
www.amorexigente.org.br
· Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS – Links Nacionais
www.abaids.org.br
· Alcoólicos Anônimos
www.alcoolicosanonimos.org.br
· ABRATECOM – Associação Brasileira de Terapia Comunitária
www.abratecom.org.br
· CAPSad – Centro de Atenção Psicossocial
www.saude.gov.br
· CONEN's - Conselhos Estaduais de Entorpecentes
www.obid.senad.gov.br
· Corpo Humano. Canal Kids
www.canalkids.com.br
· CUIDA – Centro Utilitário de Intervenção e Apoio aos Filhos de
Dependentes Químicos
www.uniad.org.br/cuida

48
Programas de Prevenção da PMAC

· Fumantes Anônimos
http://www.nicotine-anonymous.org/publications_portuguese.asp
· Hospital Israelita Albert Einstein
www.einstein.br/alcooledrogas
· INCA – Instituto Nacional do Câncer
www.inca.org.br
· Narcóticos Anônimos Central
www.na.org.br
· OBID – Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas
www.obid.senad.gov.br
· Saúde do Adolescente – Canal do Ministério da Saúde
http:// saude.gov.br/saude/área.cfm?id_area=241
· SENAD – Secretaria Nacional Antidrogas
www.senad.gov.br
· UNIAD – Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
www.uniad.org.br

49
50
CAPÍTULO IV
PANORAMAS DO PROERD EM ALGUNS ESTADOS DO BRASIL
Estudos sobre a eficiência do Proerd
em outros estados brasileiros
O sucesso do programa Proerd depende de um perfeito
entrosamento entre a escola, a família e a Polícia. Na falta de algum
destes parceiros o programa se torna inviável. Há a necessidade de
aprimoramento tanto das ações desenvolvidas pela escola, quanto
pela família e pela Polícia Militar.
Dados apresentados pela Polícia Militar do Paraná, que atesta
pesquisa realizada em parceria com a Universidade Federal do
Paraná, indicam a necessidade de formação continuada para os
policiais Instrutores daquele estado, que atuam como educadores
sociais:

O curso de formação de Instrutores do PROERD (80 horas aula) já


não fornece mais elementos suficientes para o desempenho das atividades
em sala de aula; [de mesma forma os policiais entrevistados] consideram a
informação teórica importante para a complementação de sua formação;
julgam que é importante a formação continuada; possuem a necessidade
em conhecer com profundidade temas de prevenção, psicologia infantil e
do desenvolvimento, didática outros (Proerd Paraná, 2005).

O Proerd é um programa que se caracteriza pela atuação


social preventivo, objetivando prevenir o uso de drogas e a prática
da violência por nossas crianças, conscientizando-as da necessidade
de desenvolver as suas potencialidades para se tornarem cidadãos
conscientes e capazes de contribuir, de maneira concreta e plena,
para o sonho de uma sociedade sem drogas e sem violência, que seja
mais justa, sadia e feliz.
Pelo fato de ter como meta a anulação da prática do uso de
drogas, ou pelo menos, a diminuição substancial do número de
II
Curso de Capacitação Sobre a Oferta e Demanda de Drogas. Brasília, 2005.

51
Proerd Rio Branco
usuários de drogas, que são os principais fomentadores da relação
venda/consumo, buscamos obter resultados que jamais foram
alcançados por organismos brasileiros de prevenção ao uso e ao
tráfico de drogas. Com a aplicação desse programa, a Polícia Militar
busca também, no menor tempo possível, contribuir efetivamente
para a formação de novos jovens, mais seguros, firmes e decididos
em relação aos malefícios causados pelas drogas e, portanto,
conscientes das suas escolhas quanto à utilização ou não de drogas.
Em médio e em longo prazo estimamos, tendo como base as
experiências internacionais, que nossos jovens, e não apenas nossos
policiais, serão os multiplicadores de valores, noções de cidadania e
de técnicas que estimulem a não aceitação do convite formulado
pelo agente do crime.
De acordo com o Proerd em São Paulo, várias pesquisas já
foram elaboradas naquele estado quanto à prevenção e também à
eficiência do programa Proerd. Em seu site estão contidos alguns
dados que podem nos dar uma noção mais precisa quanto ao Proerd:

A eficiência deste programa é comprovada mundialmente através


de pesquisas científicas e no Brasil não é diferente. A USP – Universidade
de São Paulo elaborou uma pesquisa científica em 2004, que foi
coordenada pela Dra. Sueli de Queiroz, pesquisadora do “Grupo
Interdisciplinar de Estudos de Álcool e outras Drogas” (GREA), e após
todos os trabalhos, ficou evidenciado que o PROERD alcançou a média de
95% de aprovação aqui no Brasil. Tal pesquisa só veio confirmar a
eficiência do programa aqui no Brasil como nos diversos países em que é
aplicado, mostrando com isto, que a Polícia Militar vem desenvolvendo o
PROERD com extrema seriedade e profissionalismo (Proerd São Paulo,
2007).

Pelo fato de ser um programa eminentemente preventivo e


estratégico, o Proerd visa a educar as crianças em seu meio natural
de convívio social e aprendizado – a escola de sua comunidade.
A atuação conjunta de policiais fardados e professores no
ambiente da sala de aula contribuem para o aumento da expectativa
de alcançar as crianças na 4ª série do Ensino Fundamental,
mostrando-lhes os efeitos das drogas e ensinando-lhes as
habilidades necessárias e motivação para se manterem longe desse
mal.
52
Panoramas do Proerd em Alguns Estados do Brasil
O programa também busca oferecer aos estudantes uma
chance de ver os adultos como amigos e pessoas em quem eles
podem confiar, permitindo, assim, que as crianças desenvolvam
atitudes positivas em relação à família, à comunidade em que vivem
e à sociedade em geral.
A revista interativa PedagoBrasil (2007) trouxe em uma de
suas edições a publicação de um artigo intitulado “Policiais vão às
escolas e ensinam crianças a se manterem longe das drogas”,
fazendo menção ao trabalho executado pelo Programa Proerd no
estado de Sergipe.
Para a SecretÝ ria Municipal da Educaçá o de Aracaju,
Rosângela Santana, um dos problemas que mais afetam e
preocupam os professores sá o as drogas, que acabam gerando
o de drogas " “ 
violência no espaço escolar. Ela afirma que a utilizaçá
um problema muito sério que afeta o próprio aluno em seu
desenvolvimento escolar, a família, os professores e gera conflitos
em curto prazo para a sociedade" (PedagoBrasil, 2007).
Ainda, conforme a revista, jÝ se tornou uma cena comum e
muito pouco agradÝ vel a inserçá
o do comércio e consumo de drogas
entre crianças e adolescentes. Essa açá o criminosa acaba gerando
crimes entre os prprios
ô alunos e desafia o trabalho dos órgãos que
têm como responsabilidade evitar este comércio paradoxal, ao
mesmo tempo tão sutil e flagrante. A revista, que enfatiza açesõ
pedagógicas e psicológicas, a açá o do Proerd é descrita como um
programa auxiliar na reduçá o do consumo de drogas, atuando na
perspectiva de mostrar que há coisas boas da vida a serem
escolhidas.

O Proerd (Programa Educacional de Resistência às drogas e a


violência) chega para suprir necessidades onde a açá o ostensiva da
Polñcia Militar ná
o consegue ser eficiente no combate imediato as drogas,
em uma sociedade onde a curiosidade de crianças e adolescentes impera. A
PM sentiu a necessidade de inserir-se no próprio universo do aluno, a sala
de aula, e fazer valer uma frase bastante conhecida entre a garotada:
"Drogas? Estou fora".
(...) uma
“  filosofia pedagógica que se aproxima do objetivo

53
Proerd Rio Branco
principal da Polñcia ComunitÝ ria: aproximar o público alvo dos policiais
a fim de trabalhar o policiamento preventivo. "Não se evita a violência e o
consumo de drogas apenas com o policiamento ostensivo nas ruas da
cidade e nas portas dos colégios, com viaturas modernas e armas potentes.
Pode também ser realizado preventivamente, com um giz, uma cartilha e
bastante criatividade e senso de humor elevado", garante uma das
coordenadoras do projeto, major Dielle Viana. (...)
Estimativa do Proerd mostra que 80% dos crimes urbanos
cometidos no Brasil possuem ligaçá o com o consumo exagerado de
entorpecentes.Em virtude disso, o trabalho preventivo em Sergipe cresce
gradativamente. Em 2003, somente em Aracaju, 2755 alunos dos ensinos
público e privado foram contemplados com as aulas dos policiais militares.
No segundo semestre, os Instrutores do Proerd chegaram em municñpios
do interior do Estado (...).
Para o desenvolvimento do projeto sá o necessários apenas quatro
pré-requisitos: interesse da rede de ensino, material didático (cartilhas,
crachás, caixinha de perguntas), autorização dos pais e agendamento das
aulas. No caso do Policial Monitor, não pode beber nem fumar, e a conduta
moral têm que ser exemplar.
Para a garotada, o Proerd é muito mais que uma instruçá o em sala de
aula, mas um exemplo de vida. "Os policiais me ensinam a eu não deixar
me influenciar pelas pessoas que querem que eu consuma drogas", diz o
estudante da Escola Carvalho Neto, localizada no Bairro América, Manoel
Vítor, 14 anos.Quando perguntado qual a sensação de receber aulas de um
policial fardado ele é enfático. "No inicio foi difícil, mas, hoje me sinto
muito bem. Já vi meninos usando drogas, vou tentar passar o que eu
aprendi aos meus amigos", declara Manoel Vítor. Já para Marcela Renilda
dos Santos, aluna do colégio Tancredo Neves, há muito não se divertia
tanto em sala de aula. Os policiais desenvolvem atividades como teatro,
poesia, música, dança, jogral, a fim de destacar o grau de envolvimento da
criança com o aprendizado.
Os professores do ensino fundamental acreditam que as aulas são
providenciais para a formação das crianças. "O objetivo das escolas é dar
continuidade ao trabalho desenvolvido pelos policiais militares", disse a
professora da 4ª série, Sandra Augusta de Oliveira Lobo, ressaltando que a
metodologia usada pelo monitor é muito eficiente, dinâmica e envolve os
alunos de tal maneira que eles não se sentem constrangidos com a presença
do policial fardado. "O engraçado é que cai por terra o estereótipo que nós
temos sobre a atividade policial", garante a professora.

Como se pode notar, a atividade do Proerd está em todo o

54
Panoramas do Proerd em Alguns Estados do Brasil
Brasil, com o intuito primordial de manter as crianças de bem com a
vida. Para isso, são necessárias parcerias como as efetuadas em
Aracaju e em outras cidades de Sergipe.
Uma peculiaridade do Proerd é o fato de sua implementação
ser padronizada em todo o território nacional. Isso não implica o
engessamento do programa, haja vista, os regionalismos serem
respeitados. Contudo, percebemos uma interação entre os policiais
dos vários estados brasileiros com conduta ilibada e possibilidade
real de aprimoramento para melhoria do serviço e aperfeiçoamento
para que possam chegar cada vez mais perto da meta de manter
crianças e adolescentes longe das drogas.
Estudos realizados por instituições de ensino superior em
diversas localidades do Brasil dão conta da importância do Proerd.
Estados como São Paulo, Acre, Paraná, Santa Catarina, dentre
outros, têm estudos que comprovam a importância do programa em
âmbitos específicos de prevenção às drogas e à violência, além de
elevar a auto-estima dos alunos.
Como forma de mostrar os estudos realizados sobre o Proerd
pelo Brasil, resolvemos expor, nas linhas abaixo, o resumo de três
dissertações de mestrado que enfatizam a atividade do programa. A
primeira foi escrita por Jandicleide Evangelista Lopes, a segunda
por Deise Rateke, e a terceira por Dalton Gean Perovano.
Em estudo realizado por Jandicleide Lopes foram analisadas
as representações de prevenção ao abuso de drogas e a produção
dessas representações feitas pelas professoras das salas de aulas
referentes ao treinamento do PROERD, em 2003. Lopes estudou a
concepção dos Instrutores Proerd do Paraná sobre sua formação. No
estudo de caso que realizou, ela constatou que as policiais do Proerd
envolvidas na ação de educar de forma social, estavam mais
interessadas em repassar o conteúdo do currículo que, mesmo,
interagir e buscar melhorar o tipo de abordagem. Para a autora, no
discurso do Proerd em Curitiba, as drogas sempre são vistas como
algo negativo e a possibilidade de seu uso é iminentemente
estimulada a ser rechaçada.

(...) Como referencial teórico utilizou-se a teoria da Representação Social de

55
Proerd Rio Branco

MOSCOVICI em articulação com a perspectiva Histórico-Social de VIGOTSKY


sobre a produção de sentido, para poder se apreender o movimento entre o
concebido e o vivido e suas implicações nas práticas cotidianas. Por meio dessa
abordagem foi possível verificar como o professor pensa a prevenção (o conteúdo
das representações) e situa esse conhecimento no cotidiano escolar (a prática
advinda das representações e que instituem, ao mesmo tempo, estas
representações) como, também, verificar o movimento de produção dessas
representações na dialética do individual/social. Embora diversos trabalhos
abordem o tema da prevenção ao abuso de drogas, não encontramos trabalhos que
explicitassem as representações e sua produção, principalmente na perspectiva de
professores que participam de um programa como esse. A pesquisa desenvolveu-
se em uma escola pública estadual de um bairro da cidade de Curitiba,
constituindo-se em um estudo de caso. A metodologia, numa perspectiva de
análise qualitativa, se constituiu de observação direta em sala de aula dos
treinamentos do PROERD, análise documental das apostilas do programa, do
projeto político pedagógico da escola pesquisada, além de entrevistas semi-
estruturadas com as cinco professoras, onde se coletaram informações acerca dos
dados pessoais, referentes à formação profissional, experiências profissionais,
sobre a percepção das mesmas a respeito do PROERD, das drogas, e da prevenção
na escola. O tratamento dos dados se deu pela análise de conteúdo proposta por
BARDIN. O resultado nos mostra que a prevenção ao abuso de drogas não se
apresenta como foco principal de intervenção dessas professoras [Policiais
Proerd], pois elas estão bastante envolvidas em repassar o conteúdo do
currículo básico e não se consideram competentes para lidar com esta
temática [drogas]. No entanto, as imagens associadas às drogas e a prevenção
estão sempre ligadas à concepção sempre negativa. Elas possuem informações
sobre a questão do uso e do abuso de drogas, porém elas desconsideram o tripé
sujeito-droga-contexto social. Tudo isto faz parte da representação que elas
possuem do indivíduo usuário de substâncias. A representação de prevenção ao
abuso de drogas das professoras orienta ações voltadas para o combate às drogas,
realizadas ou não por elas. Elas não estão sendo estimuladas a ultrapassarem este
tipo de abordagem. Pelo contrário encontram respaldo no próprio discurso e
prática do PROERD. A ausência de um espaço para interlocução a respeito da
temática em questão na escola inviabiliza uma superação deste paradigma. (grifo
nosso).

O resumo do trabalho de Lopes mostra a necessidade urgente


12
As representações sociais de prevenção ao abuso de drogas dos professores do ensino fundamental: um estudo de
caso. UFPR, 2003.
14
A Escola Pública e o Proerd: tramas do agir policial na prevenção às drogas e às violências. UFSC, 2006.
15
Concepção dos Instrutores do programa educacional de resistências às drogas e à violência sobre a sua formação.
UFPR, 2006.

56
Panoramas do Proerd em Alguns Estados do Brasil
de melhor qualificação dos policiais Proerd. Não tentamos aqui
julgar todo o Brasil pelo Paraná, tendo em vista a diversidade de
formação entre os policiais, sejam eles Instrutores, Mentores ou
Masters. Contudo, convém fazermos uma reflexão: “Se no Paraná,
que tem um Centro de Formação atuando em parceria com Santa
Catarina, os policiais Proerd não se sentem seguros do que estão
fazendo, não seria hora de rever os conceitos e tentar corrigir as
falhas?”.
Os estudos de Lopes estavam certos, havia a necessidade
premente de melhor qualificação tanto do conteúdo do programa
quanto da formação dos policiais Instrutores do Proerd e essa
parceria entre a Universidade Federal do Paraná e Proerd deu certo.
Três anos depois, em 2006, Perovano fez um outro estudo
sobre o Proerd Paraná. Ele buscou explorar o olhar dos Policiais
Proerd sobre si mesmos, suas concepções de formação e a
necessidade de melhorar a prática pedagógica desse profissional.

A dissertação intitulada "Concepção dos Instrutores do programa


Educacional de Resistência às Drogas e à Violência - Proerd sobre a sua
formação", caracteriza-se como uma pesquisa exploratória de cunho
qualitativo, que tem por fim estudar o policial militar do que atua no Proerd
do Paraná, através do olhar sobre si mesmo, suas concepções de formação
e a necessidade de melhorar a prática pedagógica desse profissional. O
trabalho procurou demonstrar que os Instrutores do PROERD, a partir de
sua formação inicial, possuem necessidades e expectativas que poderão
contribuir para o aumento de seu nível profissional. Foi realizada a
comparação de teorias e práticas da educação para a constituição desse
profissional, pois a formação desse educador exige um saber profissional
específico, assim como procurou demonstrar quais estratégias de ensino
serão necessárias e poderão contribuir para a melhora na compreensão e
aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem do educador do
Proerd e de seus educandos (...). No trabalho foram enfocados aspectos
acerca de educação preventiva, políticas públicas sobre drogas, formação
de educadores sociais e, assuntos que encontram comum ligação com os
temas principais, como adolescência, família, formação de professores, e
outros. O trabalho teve como premissa que o educador do PROERD
percebe que a sua formação inicial não alcança as necessidades
cotidianas para a sua prática docente, pelas lacunas no seu
conhecimento profissional, necessitando de conhecimentos

57
Proerd Rio Branco
psicopedagógicos, do conteúdo didático e da leitura teórica do
contexto social. (grifo nosso).

O Proerd Paraná aperfeiçoou seus policiais e melhorou a


qualidade de seu programa, tanto que se tornou referência nacional.
A partir dos estudos realizados, os Policiais Proerd foram
considerados educadores sociais, o que os qualifica não apenas
como Policiais Militares empenhados em suas funções, mas como
cidadãos que atuam em busca de melhores condições sociais de
convívio para todos.
Também foram realizados, em Santa Catarina, estudos sobre o
Proerd. Deise Rateke investigou e buscou compreender o que torna
a Polícia Militar responsável por implementar um Programa de
combate às drogas e às violências. Em seu trabalho ela não julgou o
Proerd, antes, achou necessário problematizar seu currículo.

(...) O objetivo que orientou minhas ações nesse período foi


compreender o que torna a Polícia Militar responsável por implementar,
nas escolas públicas, um Programa de combate às drogas e às violências. E
ainda, nos espaços escolares, alinhavar os significados expressos nas
formas como a comunidade escolar tecia suas impressões sobre o
cotidiano deste Programa. Como um Estudo de Caso, a abordagem se
pauta num recorte etnográfico e qualitativo, onde os meus olhares
estiveram atentos ao rigor do trabalho de campo e da construção dos
referenciais que animaram os esforços para construir as sínteses
explicativas. Tais sínteses contemplam as observações implicadas no
âmbito do empírico e as trocas dialógicas com os sujeitos envolvidos nesse
estudo. A partir dessa experiência, assumi como perspectiva para construir
as reflexões desta pesquisa considerar as drogas, e as violências,
fenômenos plurais, cujas práticas e manifestações são tecidas por uma
multidimensionalidade de aspectos que são, a um só tempo, visíveis,
ambíguos, dispersos, escondidos, fluídos, de cores e sinuosidades que não
permitem uma apreensão conceitual única e universal. Nesse movimento
fui tecendo a minha dimensão pesquisadora, curiosa e em parceria com os
fios que tramaram a pesquisa, mesclando os registros pela interlocução
com a minha trajetória e pela convivência com a comunidade observada:
uma comunidade inserida em duas escolas públicas, de Ensino
Fundamental, localizadas no entorno da favela. Mergulhada nesse cenário,
organizei as explicações em torno de como, e porque, o PROERD se
consolidou como um Programa de prevenção às drogas e à violência.

58
Panoramas do Proerd em Alguns Estados do Brasil
Nessa trajetória de ir a campo, estudar o conteúdo das fontes documentais,
conversar com os profissionais da escola e da instituição militar, observar,
com olhos implicados, os sem-fins do cotidiano, fui conhecendo, aos
poucos, o enredamento provocado pela ambigüidade das tramas do agir
policial. A pesquisa evidenciou, entre outros aspectos, que há, na
proposta do Programa, um interesse pastoral, disciplinador e racional,
guiado por uma crença na sua missão salvacionista para “tirar” os
meninos e as meninas do mundo do mal. Como um Programa preventivo,
é atravessado por um agir de controle das crianças e jovens, ordenando
modelos adequados de conduta social. Paradoxalmente, nesse universo
muitos policias militares, como aqueles que foram partícipes dessa
pesquisa, evidenciaram o desejo de criar alternativas educacionais para
provocar mudanças na realidade com a qual convivem, e a qual afirmam
não tolerar. Mostram-se como “pastores” ávidos por construir uma
afetividade que os faça se sentirem especiais diante da comunidade onde
atuam. Ao invés de julgar o Programa, nessa dissertação assumi como
responsabilidade ética problematizar as dinâmicas entrelaçadas nos
sentidos de prevenção que ele anuncia, enfatizando a crítica aos
fundamentos epistemológicos do currículo PROERD. (grifo nosso).

Rateke partiu de um estudo das escolas na favela, atuou


diretamente buscando conhecer o Proerd, e, por fim, tentou mostrar
os pontos fortes do programa e os pontos a crescer.
Em vários estados brasileiros se pode ver a eficiência do
Proerd e como esse programa tem se destacado em meio a outras
dezenas de programas de prevenção às drogas e à violência.
No vizinho estado de Rondônia, o Proerd também é destaque.
Na 8ª semana nacional anti-drogas, realizada naquele estado, com o
tema: Rondônia pela paz e pela Vida, o Proerd não apenas se fez
presente, mas também foi homenageado.

Na abertura da 8ª Semana Nacional anti-drogas, que teve início hoje,


19, às 8h30 no auditório da OAB em Porto Velho, Rondônia e prossegue
até o dia 26 deste mês, O Proerd – Programa de Combate e Resistência às
Drogas da Polícia Militar de Rondônia, recebeu o diploma “Mérito pela
Valorização da Vida”, outorgado pelo gabinete Institucional da
Presidência da República, através da Secretaria Nacional anti-Drogas. A
entrega foi feita ao major PM Cleudemir Holanda de Castro, diretor do
programa em Rondônia, pelo secretário chefe da Casa Civil do governo do
estado, major PM Antiógenes Borges Lessa (PMRO, 2007).

59
Proerd Rio Branco

As Polícias Militares de Pernambuco e do Distrito Federal têm


dados levantados sobre suas atuações no que concerne ao Proerd.
Em ambas as Polícias, assim como nas outras estudadas até o
presente momento, os altos índices de violência relacionados com o
uso e o tráfico de drogas, sempre constam como fatores que são
preponderantes para as atividades consideradas de risco, e, portanto,
necessitam de ação política preventiva atuante de forma primária
que seja eficaz. Com isso, foram implementados alguns programas
sociais de caráter preventivo, como o Proerd, no qual o policial atua
como um educador social.
A PMPE apresentou dados da Universidade de São Paulo,
segundo os quais a implantação do Proerd vem alcançando os
resultados esperados no comportamento das crianças, fazendo com
que elas fiquem “menos briguentas; mais calmas e disciplinadas;
mais participativas; mais questionadoras e críticas; e ainda, voltadas
para a cidadania e para ajudar o próximo” (PMPE, 2007).
Ao mesmo tempo, projeta-se que com a percepção mútua
entre comunidade/Polícia, resultante da implantação do Proerd “o
policial será visto como referência ética pela comunidade; a
comunidade legitimará e confiará nos operadores de segurança”
(PMPE, 2007).
De forma geral, podemos dizer que os eixos norteadores das
atividades exercidas pelo programa Proerd com os alunos das 4ª
séries do Ensino Fundamental, são:
• Auto-revelação: construir confiança nos relacionamentos
pessoais;
• Intuição: identificar reações emocionais (próprias e das
outras pessoas);
• Auto-aceitação: reconhecer suas falhas e virtudes;
• Responsabilidade pessoal: assumir responsabilidade
sobre suas ações;
• Assertividade: declarar sentimentos sem raiva ou
passividade;
Dinâmica de grupo: trabalhar de forma cooperativa;
16
Informações obtidas do Site da Polícia Militar de Rondônia.

60
Panoramas do Proerd em Alguns Estados do Brasil

Solução de conflitos: saber solucionar conflitos
interpessoais, “lutando” limpo com as outras pessoas.
• Autoconsciência: observar-se e reconhecer os seus
próprios sentimentos;
• Tomada de decisão pessoal: examinar e reconhecer as
conseqüências de suas próprias ações;
• Lidar com sentimentos: compreender o que existe por trás
dos sentimentos e lidar com situações que envolvam medo,
ansiedade, raiva e tristeza;
• Lidar com tensão: aprender técnicas de relaxamento;
• Empatia: reconhecer as diferenças com que as pessoas
enxergam cada situação e que comportamentos adotam;
• Comunicação: tornar-se um bom comunicador: saber ouvir,
falar de sentimentos, questionar;
Dados como os anteriormente expostos mostram a atuação do
Proerd em vários estados da Federação. Muitas são as atividades
meritórias e dignas de destaque, entretanto, para não perdermos o
foco dos estudos ao qual nos propusemos e corrermos o risco de
apenas citar outros estados, preferimos afirmar existirem atuações
múltiplas do Proerd em todo o Brasil; contudo, aqui mostramos
apenas algumas das dezenas de performances do programa e
estudos realizados sobre o mesmo.
Diante dos dados apresentados pelos vários estudos
realizados acerca do Proerd, chama a atenção o fato de todos
abordarem um ponto comum: o Proerd é um programa que tem seu
valor, todavia, há a necessidade social de aprimoramento tanto de
seu conteúdo quanto de seus policiais Instrutores.

17
Dados obtidos junto à Polícia Militar de Pernambuco

61
CAPÍTULO V
O PROERD NO ESTADO DO ACRE
Fatos e feitos do Proerd no Acre
O Programa Educacional de Resistência às Drogas –
PROERD – é a versão brasileira do programa norte-americano
DARE – Drug Abuse Resistance Education, surgido em 1983, numa
parceria entre o Departamento de Polícia de Los Angeles e o Distrito
Escolar daquela cidade. Este esforço cooperativo foi guiado por
dados estatísticos que mostraram alta eficiência em programas de
prevenção baseados na tomada de decisões, estabelecimento de
valores, resolução de problemas e estilos de vida positivos.
Da Califórnia o programa D.A.R.E. se expandiu para todos os
estados norte-americanos e para mais de quarenta países. No Brasil,
o programa foi implantado em 1992, pelo D.A.R.E. – AMÉRICA e
D.A.R.E. – BRASIL, contando, hoje, com 03 cursos: Proerd para 4ª
e 6a séries do Ensino Fundamental e Curso Proerd para Pais.
Atualmente, é um programa executado pelas Polícias
Militares e Corpos de Bombeiros Militares, estando subordinado ao
Conselho Nacional dos Comandantes-Gerais das Polícias Militares
e dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, conforme
Regimento Interno da Câmara Técnica de Estratégias de Prevenção
às Drogas e à Violência, de 02 de novembro de 2004. No Acre o
Proerd é executado pela Polícia Militar, através de sua Diretoria de
Ensino e Instrução, na Capital; e, pelos Batalhões, Companhias,
Pelotões e Grupamentos, no Interior do Estado, sendo que, os
policiais do Proerd nessas localidades respondem legalmente a seus
comandantes diretos e no que se refere ao programa, respondem à
Coordenação do Proerd na Capital.
No estado do Acre, o Proerd foi implantado no ano de 1999.
Desde esse tempo, a PMAC tem seu programa de prevenção
reconhecido e prestigiado, seja através de premiações ou de
menções públicas. O Proerd-Acre foi regulamentado pela Diretriz

63
Proerd Rio Branco

nº 001/3ª EM/PM/01, conforme Portaria nº 023/3ª EM/PM/01,


tendo como referências legais a Constituição da República
Federativa do Brasil – 1988; a Constituição do Estado do Acre –
1989; o Decreto Lei Federal nº 6.368/76, regulamentado pelo
Decreto n.º 78992/76.
Em junho de 2002, a PMAC, através do CONEN, foi
agraciada pela SENAD, com o certificado “Valorização da Vida”,
com o título de melhor programa, no Estado do Acre, aplicado na
prevenção do uso e abuso de drogas ilícitas – o Proerd.
Quatro meses depois, em outubro de 2002 a Exmª Srª Maria
Eunice Abdanur, secretária da Embaixada Americana no Brasil, em
visita oficial a Rio Branco-AC, agendou compromisso com o
Comandante-Geral da PMAC, Cel. PM Alberto Camelo, com a
finalidade de enaltecer o brilhante trabalho que vem sendo realizado
por profissionais da Polícia Militar no combate ao uso e abuso de
drogas.
Em dezembro de 2002, foi enviada à Polícia Militar, uma
Carta de Recomendação pelo Governador em exercício, Sérgio de
Oliveira Cunha (Petecão), parabenizando e agradecendo o empenho,
a dedicação e o incansável trabalho desenvolvido pelos Proerdianos
da Polícia Militar do Estado do Acre.
Em setembro de 2007, a Câmara de Vereadores de Rio Branco,
homenageou o Proerd com o uma Moção de Louvor, “pela
dedicação voltada a tornar nossas crianças e adolescentes menos
vulneráveis às drogas e à violência, e pela compreensão de que a
prevenção através da formação é a forma mais eficaz de proteger
nossa sociedade”. Essa Moção foi apresentada pelo Vereador Pascal
Khalil e assinada por todos os vereadores presentes.
O trabalho educativo realizado pelo Proerd/PMAC tem
alcance social fenomenal. Como resposta aos benefícios advindos
desse trabalho, a sociedade acreana vem reconhecendo as ações do
programa e solicitado incessantemente a presença dos Policiais
Proerd para proferirem palestras em diversos locais da cidade. O
aumento da demanda de procura pelo Programa, muitas vezes, nos
impossibilita em atender aos pedidos, tendo em vista que temos

64
O Proerd no Estado do Acre
somente 23 policiais Proerd na Capital.
O reconhecimento de nossa comunidade é refletido através
dos inúmeros elogios feitos pelos pais dos alunos atendidos pelo o
Programa.
A Policia Militar, juntamente com as parcerias, já diplomou
mais de 46.600 crianças e adolescentes no Proerd no período de
1999 a 2006.
Anualmente, para o início das atividades letivas é realizada
uma reunião com os gestores das escolas das quatro redes de ensino
(Federal, Estadual, Municipal e Particular), onde é exposta a
responsabilidade das parcerias. É realizada, ainda, uma reunião com
professores/gestores sobre as atividades desenvolvidas na sala de
aula.
As escolas, sejam elas públicas e/ou particulares, podem
participar das ações do Proerd, procurando o Quartel do Comando
Geral da Policia Militar, ou entrando em contato com o
Departamento de Ensino e Instrução, pelo telefone (68) 3227 - 1569.

Teoria do programa e relações de causalidade

Existem algumas teorias utilizadas pela Polícia Militar do


Acre para a aplicação do programa Proerd. Muitos jovens se
envolvem cotidianamente com atos violentos e com o tráfico e
consumo de drogas. A Polícia Militar apresenta-se como principal
instituto na punição do crime e na prevenção, valendo-se das rondas
ostensivas. Entretanto, é sabido que a sociedade não gosta da
repressão, tanto por sua ineficiência em grande parte dos casos
quanto pela necessidade do uso da força. Por isso, a saída
encontrada pela PMAC foi de adotar programas preventivos como o
Proerd, que educam para prevenir e como efeito posterior, e em um
primeiro momento não intencional, promove a reaproximação entre
sociedade e Polícia.
O Fluxograma a seguir, mostra de forma simplificada, a
relação que direciona a teoria do programa.

65
Proerd Rio Branco

Fonte: Diretoria de Ensino da PMAC.

A escola é uma parceira fundamental na aplicação do


Programa. Após a Diretoria de Ensino e Instrução da PMAC
divulgar o calendário anual de atividades aos diretores e gestores de
escolas, estes solicitam o atendimento de suas escolas pelo
programa. Pelo fato de o número de Instrutores ser reduzido, a
Polícia faz um sorteio para saber que escolas serão atendidas, de
acordo com o efetivo de cada município. Assim, escola e Polícia
põem em prática o protocolo de intenções firmado pelo Comando da
Polícia Militar com a Secretaria Estadual ou Municipal de Educação.
No caso das escolas particulares, o protocolo de intenções é
assinado com cada instituição. A partir de então, escola e Proerd

66
O Proerd no Estado do Acre
organizam o cronograma de aulas para receberem o policial
Instrutor.

Fortalecendo as ações do Proerd

Os índices de violência em todo o Estado do Acre são


preocupantes, se considerarmos o número de habitantes e os tipos
de ocorrência, essa situação se reflete no número de jovens menores
de 26 anos que se encontram detidos no sistema penitenciário
estadual.
Diante do crescente poder de atração das drogas, que iludem
e enganam nossas crianças e adolescentes, as organizações
governamentais relacionadas direta e indiretamente a segurança
pública têm se empenhado de várias formas, a fim de coibir as ações
criminosas, que de uma forma assustadora destroem nossa
sociedade.
Todas essas ações têm apresentado efeitos positivos, porém,
não bastam, face à ousadia e sofisticação do crime organizado em
nível internacional e nacional. Além disso, os problemas que
envolvem a questão das drogas não podem ser tratados apenas
através da repressão policial, pois esta só consegue reduzir a oferta.
É preciso também, através da prevenção, diminuir a demanda pelas
drogas, para aumentar as chances de sucesso no enfrentamento do
problema.
O estado do Acre tem 71,90% de sua extensão territorial
composta por áreas de fronteira com a Bolívia e o Peru, países
reconhecidamente exportadores de tóxicos. Essa situação o coloca
na rota do narcotráfico internacional, deixando a juventude acreana
ainda mais propensa ao perigo das drogas. O conhecimento dessa
realidade conduz os órgãos responsáveis pela Segurança Pública do
Acre à adoção de medidas de repressão qualificada e metodologias
diferenciadas, pautadas na prevenção, capazes de atrair os jovens
para a sociabilidade construtiva e solidária.
Segundo pesquisas realizadas pelo CEBRID (Centro
Brasileiro de Informação sobre Drogas) o contato inicial dos

67
Proerd Rio Branco
adolescentes com as drogas é cada vez mais precoce, entre 10 e 14
anos de idade, constituindo-se no ponto de partida para o
envolvimento de jovens com a criminalidade.
O Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à
Violência) consiste em um esforço cooperativo da Polícia Militar,
Escola e Família, para oferecer atividades educacionais em sala de
aula, a fim de prevenir ou reduzir o uso de drogas e a violência entre
crianças e adolescentes. Visa, sobretudo, a difundir uma cultura de
paz e de valorização da vida, capacitando-os para promover tais
valores em seu ambiente de convívio social.
O programa é pautado numa metodologia lúdico-educativa
direcionada a crianças de 9 a 12 anos de idade, a fim de formar no
jovem uma personalidade resistente à influência de traficantes, no
momento mais propício e de forma eficaz, antes do contato inicial
com as drogas. A metodologia do PROERD visa à formação de uma
personalidade resistente à oferta de drogas e à prática da violência
entre as crianças e adolescentes, mediante um trabalho educativo
em conjunto com a escola, professores e familiares, estreitando a
parceria entre a Polícia e a comunidade.
Ao final do semestre letivo, a equipe do Proerd, juntamente
com a direção das escolas, organiza a cerimônia de formatura das
turmas concludentes em local definido em comum acordo. O evento
consiste na entrega do certificado de participação Proerd (modelo
em anexo) e leitura das melhores redações elaboradas pelos alunos
sobre o que aprenderam com o PROERD e alguns prêmios aos
alunos destaques.
Através de atividades lúdico-educativas, os Instrutores
promovem a interatividade entre o grupo de alunos, fortalecendo a
amizade e o companheirismo, além de estimular o bom
relacionamento com os professores e os familiares, com noções de
ética e cidadania que orientam sobre os malefícios do envolvimento
com grupos de gangues e atividades ilícitas. Vale ressaltar que a
presença de policiais no estabelecimento escolar, em contato direto
com os alunos, professores, pais de alunos e a comunidade em geral
já é um fator que inibe a aproximação de gangues e traficantes, além
de facilitar a resolução de pequenos conflitos no local.
68
O Proerd no Estado do Acre
Atualmente, o Proerd vem atuando não só com crianças que
estejam matriculados na 4ª série do Ensino Fundamental, mas
também com um novo currículo para adolescentes de 6ª série, com o
intuito de solidificar os conhecimentos anteriormente adquiridos.
Um outro foco de atuação do programa, atualmente, é o currículo
para os pais, objetivando fortalecer os laços familiares e despertar
os mesmos para a importância de construirmos uma sociedade mais
justa e humana.
Atualmente, são 35 Instrutores (Policiais Militares
rigorosamente selecionados e capacitados para o trabalho), que
ministram as 17 lições que compõem o programa para alunos
regularmente matriculados na 4ª série do Ensino Fundamental de
Escolas Públicos e particulares em todo o Estado; e 5 qualificados a
trabalharem com o currículo para 6ª série e dos pais, número
insuficiente para atender a essa nova demanda de pais e da 6ª série.
A Coordenação do Proerd funciona no Departamento de
Ensino e Instrução da Polícia Militar do Acre, apresentando
carência de estrutura, tecnológica, logística e de transporte, para o
desenvolvimento de suas atividades. À medida que o Proerd amplia
o número de escolas e alunos atendidos, cresce a necessidade da
formação de um banco de dados informatizado, que possibilite o
controle e acompanhamento das ações do Proerd – especialmente
no interior do Estado.
No período de 1999 a 2006, o Proerd atendeu 46.600 alunos
participantes no Estado do Acre. A cada ano, além do interesse pela
continuidade do programa, aumenta também o número de diretores
que solicitam a aplicação do Proerd em seus estabelecimentos de
ensino, tanto do currículo de 4ª série como do de 6ª série e dos pais,
tendo em vista a melhoria no comportamento dos alunos
participantes do programa, e a melhoria no relacionamento entre
pais e filhos, aspecto observado por professores e familiares.
Esses registros, no entanto, ainda não estão disponíveis como
fonte de informação científica para um estudo oficial acerca da
dinâmica da violência antes e após a intervenção do Proerd nas
escolas onde o programa é aplicado. Isso se deve à falta de estrutura
apropriada e de equipamentos de informática específicos para a
69
Proerd Rio Branco
equipe Proerd.
Vale ressaltar que os equipamentos e materiais permanentes
ora pleiteados, têm como objetivo não apenas otimizar o trabalho
realizado pelos Instrutores nas escolas, mas também formar um
banco de dados informatizado, onde a Coordenação poderá
acompanhar as atividades desenvolvidas pelo programa na capital e
especialmente no interior, através da elaboração de referências
estatísticas e estudos sobre a evolução e desempenho do Proerd no
Estado do Acre.
Desde sua implantação no Estado do Acre, em 1999, a equipe
de Instrutores Proerd visita as escolas da capital e dos municípios do
interior do Estado, conscientizando a comunidade escolar acerca da
importância do trabalho preventivo ao consumo de drogas junto às
crianças, levando como alternativa a proposta de ministrar o
programa para os alunos pertencentes à 4ª e à 6ª série do Ensino
Fundamental e currículo dos pais. O programa atende
especialmente a este grupo devido ao fato da maioria dos alunos
estarem na faixa etária de 9 a 12 anos de idade e no período de
adolescência, época em que muitos jovens usuários tiveram contato
inicial com as drogas através de ofertas de colegas ou traficantes.
Esta é uma das estratégias adotadas pelo Proerd em âmbito nacional
no combate ao uso abusivo de entorpecentes.
No período de implantação do programa, apenas um número
pequeno de escolas públicas contavam com Instrutores Proerd. A
partir de 2001, as escolas particulares também aderiram ao
programa, ampliando a demanda de escolas e o número de crianças
atendidas e a partir de 2007 passamos atender alunos de 6ª série e
também os pais com cursos especifico.
Até o ano de 2009, o Proerd espera atender 90% das escolas do
Acre, com especial atenção às escolas localizadas em municípios
fronteiriços, apesar das dificuldades de locomoção em
determinadas épocas do ano. Com o objetivo de ampliar o
atendimento em todo o estado, foi realizado, em 2006, o 3º Curso de
Formação de Instrutores Proerd. Apesar do acréscimo de novos
Instrutores, ainda necessitamos capacitar no mínimo mais 35
Instrutores e atualizar os demais nos novos currículos. Vale salientar
70
O Proerd no Estado do Acre
a rotatividade dos Policiais, que por motivos diversos são
desligados.

Proerd e estratégias Preventivas


Faz-se necessÝ rio adotarmos a política da prevenção,
atacarmos as causas ao invés das conseqüências. Para isso
acreditamos que agir na formação do jovem, através da educação,
no momento mais propício e de forma eficaz, é uma das possíveis
saídas para eliminar esse problema táo grave e que atinge todas as
camadas sociais. Equipar os jovens e adolescentes com os
conhecimentos necessários para que compreendam quais os
malefícios que o uso de drogas pode lhes trazer, e, portanto, tenham
uma maior consciência acerca do assunto e de suas escolhas, pode
ser um caminho promissor a ser seguido.
Dentre algumas estratégias adotadas pela polñtica de combate
às drogas, nota-se que as principais medidas sempre estiveram
centradas na repressáo. Porém, têm-se constatado que tais medidas
não tem tido tanta eficácia e que, por sua vez, são bem mais
dispendiosas do que as ações centradas na prevenção.
Podemos apontar, também, a questá o do tratamento que é
oferecido aos dependentes das drogas como uma das medidas que
têm sido adotadas pelo modelo atual de combate. Porém, ná oé
interessante nos limitarmos a medidas paliativas ao lidarmos como
um problema tá o complexo como este, do qual só temos uma
certeza: preciso
“  haver informação e orientação.
Nessa linha de pensamento é que atua o Proerd da Polñcia
Militar do Estado do Acre, tendo por finalidade trabalhar junto à
comunidade escolar na prevençá o ao uso e abuso de drogas, bem
como evitar o envolvimento dos alunos em situaçesõde violência.
Dos 22 municípios que compemõ o Estado do Acre, o Proerd já
atendeu a vinte deles, não tendo chegado a apenas dois municñpios
– Jordá
o e Marechal Thaumaturgo. O programa possui em todo o
estado 71 policiais qualificados a trabalhar com crianças que
estejam regularmente matriculadas na 4e ëna6ª série das escolas,

71
Proerd Rio Branco
estaduais, municipais, federal e particulares. Atualmente 36
Instrutores está
o aplicando o currículo do Proerd nas escolas. Além
dos alunos, o Proerd também atua com o “Curso de Pais” e a
disciplina “Noçesõ de Prevenção às Drogas e relacionamentos
interpessoais/Proerd”, para Policiais Militares em curso de
formação. A atuaçá o dos Policiais Instrutores ao desenvolverem
esse trabalho visa a formar, nos alunos, defesas para as possñveis
abordagens de pessoas envolvidas com drogas e violência. Outro
objetivo é mostrar-lhes alternativas saudÝ veis que os façam se
relacionarem melhor com seus pares e com a sociedade em geral.
Durante a aplicaçá Ý 
o do Proerd, nota-se que h realmente
dedicação das crianças e adolescentes em aprender e em
conseqüência disso ocorre o envolvimento da família. A
abrangência do programa vai muito além da sala de aula, ele forma
valores e atinge a prpria
ô família dos alunos, levando a mensagem
esperança e construçáo de uma vida melhor e mais saudÝvel.
Todas as informaçesõ são levadas às crianças e adolescentes
para que possam construir, juntamente com o policial Instrutor, o
conhecimento acerca das temÝ ticas que visam mantê-los de bem
com a vida. E todo esse processo que envolve o programa Proerd é
levado aos alunos sem ônus para famñlia.
O Proerd tem seus objetivos geral e específicos pré-definidos
e padronizados em todo o Brasil, concomitantemente a estes e, em
muitos dos casos, indissociados desses o Proerd do Acre almeja:

a) Conscientizar as crianças e os adolescentes passando-lhes


orientações referentes às drogas, suas conseqüências e seus males;
b) Auxiliar aos estudantes do Ensino Fundamental e Médio,
mediante as explanações e exposições sobre o uso e abuso de drogas,
bem como a reconhecerem e resistirem às pressões diretas ou
indiretas que possam influenciá-los a experimentar o álcool, cigarro,
maconha, inalantes, outras drogas ou mesmo se engajarem em
atividades violentas;
c) Oferecer estratégias preventivas que favoreçam o
desenvolvimento da auto-estima e da resistência em jovens que

72
O Proerd no Estado do Acre
poderiam correr o risco de se envolverem com as drogas e
atividades ilícitas;
d) Gerar oportunidade de debates e discussões com a
comunidade escolar e com os pais visando acentuar uma
conscientização quanto à problemática das drogas;
e) Obter condições para qualificar o Instrutor Proerd
objetivando o enriquecimento do trabalho de modo que ele possa
não só oferecer palestras, mas também participar de amplos debates
e discussões abrangendo o tema;
f) Prover os Policiais Instrutores do Proerd de uma
quantidade mínima de recursos e materiais didáticos que lhes
permitam realizar palestras educativas para os adolescentes;
g) Fornecer suporte técnico e didático para os Instrutores.
h) Assegurar a qualidade do programa mediante recursos
lúdicos que promovam maior interatividade com os alunos, bem
como, tornar as atividades realizadas em sala de aula mais atrativas
e motivadoras para as crianças.
i) Promover a conscientização da sociedade em geral a
respeito de sua responsabilidade, como também, garantir seu apoio
para o combate às drogas;
j) Divulgar o trabalho desenvolvido pela PMAC em parceria
com as Secretarias de Segurança e de Educação junto à comunidade.

De acordo com a Constituiçá o Federal do Brasil, em seu artigo


227, “é dever do Estado, juntamente com a famñlia e a sociedade
em geral, assegurar às crianças e adolescentes os direitos e as
garantias fundamentais do ser humano”. Também a Constituição
Estadual, em seu artigo 210, parágrafo único, prevê que “O direito à
proteçáo especial, conforme a lei, abrangerÝ, dentre outros aspectos,
à criação de programas de prevenção e atendimento especializado à
criança e ao adolescente dependentes de entorpecentes e drogas”.
Em conformidade com tais dispositivos legais, como também
com o objetivo de contribuir para o alcance da superação do
problema das “drogas”, a PMAC, juntamente com as Secretarias de
Educaçá o Estadual e Municipal, e ainda a maioria das escolas
particulares de Rio Branco, vem desenvolvendo o Proerd.

73
Proerd Rio Branco
Esse programa veio em tempo oportuno, tendo em vista o uso
abusivo de drogas por crianças e adolescentes e a relaçá o direta
desses fatores com a violência e a criminalidade. Além da
gravidade, a questá o das drogas também afeta, infelizmente, todos
os setores sociais, raças, credos e opçesõfilosóficas.
Combater tal problema deve ser prioridade dentro dos planos
de Segurança Pb lica.
ø Dada a complexidade e amplitude do
problema, acreditamos ser necessária uma açá o conjunta de todos os
setores responsáveis pela conjuntura do convñvio social.
Várias são as ações que já vêm sendo efetivadas no sentido de
Ý  algum contato com o mundo das
atender às pessoas que jtiveram
drogas. Porém, essas pessoas, basicamente, sô têm se preocupado
em realizar um atendimento ps-contato
ô com drogas, esquecendo
que evitar tal contato, talvez, possa ser a atitude mais adequada.
Dessa forma, assegurar o atendimento à criança e ao adolescente
bem antes de estabelecerem um contato inicial, pode ser um
caminho promissor na luta contra a dependência quñmica.
Por possuir natureza ld ico-educativa,
ø a execuçáo plena do
Proerd requer por parte dos Policiais Militares Instrutores a
utilizaçá
o de objetos de premiações para serem utilizados nas
diversas atividades e dinâmicas desenvolvidas com os alunos, a fim
de que as liçesõ sejam ministradas de acordo com a metodologia
aplicada no programa.
O Proerd-AC atende a todas as redes de ensino em que haja o
atendimento a crianças e adolescentes, e, quando solicitado, atende
a outras instituiçes,õ sempre prevenindo os cidadá os sobre
envolvimento com as drogas e situaçesõde violência.
Assim, com o apoio das instituições responsáveis, através de
estabelecimento de parcerias, buscamos oferecer à comunidade um
trabalho que contribua para a construção de uma convivência social
mais sadia.

74
CAPÍTULO VI
O PROERD EM RIO BRANCO
De todas as cidades acreanas onde o Proerd atua, Rio Branco é
onde o programa tem sido implementado com maior projeção. Um
dos motivos para essa realidade é o fato de a Coordenação Estadual
ter sede na Capital do Acre. Outro fator é a vontade de agir desses
pequenos, mas abnegado grupamento de policiais que aplicam o
programa em suas várias formulações. Ainda podemos destacar o
fato de os policiais atuarem exclusivamente no Proerd, não
cumprindo escalas em outros tipos de policiamento – exceto nos
casos de atividades que reúnam grande aglomerado de pessoas e
necessite de reforço de efetivo policial, como Carnaval, Expoacre,
shows, etc.

Quadro operacional do Proerd:


Rio Branco em destaque
A Coordenação do Proerd em Rio Branco responde por toda a
atividade do programa no estado do Acre, servindo como base de
apoio para os Policiais Proerd que atuam nos diversos municípios
acreanos.
O Proerd acreano conta atualmente com um Coordenador
Estadual, que é o Chefe da Diretoria de Ensino e Instrução, um
Master (que atualmente está exercendo suas funções no município
de Tarauacá), 11 Mentores, sendo que, destes, 09 estão na Capital; e
59 Instrutores, sendo que 15 destes atuam a partir de Rio Branco.
Dos 71 policiais Proerd, 24 atuam na Capital, sendo 09 Mentores e
15 Instrutores.
Os Policiais Proerd em Rio Branco dão suporte para o bom
andamento do programa no interior do Estado, sendo as localidades
de Porto Acre, Bujari, Senador Guiomard, Humaitá, Campinas
atendidas diretamente por policiais da Capital. Há, também,
18
O Proerd Acre tem em seus quadros 71 policiais aptos a atuar, contudo, apenas 35 estão atuando, enquanto 36 estão
executando outros serviços para a Polícia Militar. Dos 35 policiais Proerd em atividade, 24 atuam a partir da Capital.

75
Proerd Rio Branco
policiais que são escalados para se deslocarem de Rio Branco e
aplicarem o programa no interior.
Os policiais Proerd dos municípios, na medida do possível, se
deslocam para aplicar o programa em localidades vizinhas, onde,
pela distância, seria inviável enviar alguém da Capital para suprir as
necessidades. Esses abnegados policiais saem de suas cidades no
interior do Estado e se deslocam para outros centros em municípios
vizinhos para verificar a ação e a interação do programa Proerd
junto ao maior número de crianças possível.
O intento da Polícia Militar é ter ao menos um Instrutor Proerd
em cada município acreano. Mas enquanto isso não ocorre, os
policiais da Capital dão suporte ao programa nas demais localidades.
De acordo com demonstrativo de atividades do Proerd de
1999 até 2006, observamos um aumento considerável no número de
Instrutores, embora, muitos deles, depois de formados, tenham se
afastado do Proerd por falta de condições de trabalho, motivos de
caráter particular ou afastamento a pedido dos Instrutores. Vários
Instrutores nunca assumiram a função de Policiais Proerd de fato,
embora o tenham sido de direito.
Em 2007, o Acre conta com 71 Policiais Instrutores, sendo que,
desses, 35 estão atuando no programa e 36 não. Dos 35 policiais que
atuam em todo o estado, 24 estão na Capital e 11 no interior. Ainda
não foram concluídos os trabalhos letivos este ano, por isso, não é
possível mensurar turmas e escolas atendidas.

Tabela: Demonstrativo das atividades


Proerd por exercício – 1999/2006.

Policiais Policiais Total de Total de


ANO Proerd na Proerd no alunos escolas
Capital Interior atendidos atendidas*

76
O Proerd em Rio Branco
* Várias escolas têm duas ou menos turmas de 4ª série, o que
dificulta o deslocamento do policial para mais de uma escola por
período do dia.
** Atuaram apenas no segundo Semestre.

Visão da Polícia Militar do Acre sobre o


Proerd e seus Policiais Instrutores
O Proerd é o maior programa de prevenção às drogas
desenvolvido pela Polícia Militar do Acre. O programa está
presente em quase todos os municípios acreanos, contudo,
percebemos que grande parte da corporação policial não conhece o
programa, sua finalidade ou sua atuação.
Além de atuar com 4ª série, 6ª série e Escola de Pais, o Proerd
inovou, criando o curso “Vivendo Melhor no Trabalho e na Família
– Proerd”, que foi aplicado no Curso de Formação de Cabos (CFC)
da PMAC, no ano de 2007. O curso foi produzido em forma de
palestras, num total de 12 horas/aula com os alunos-cabos da
Capital e do interior do estado. A aceitação foi tão boa que o curso se
tornou disciplina efetiva dos cursos de formação de praças na
Corporação, a ser implementado em todos os cursos em tempo
oportuno.
O curso “Vivendo Melhor no Trabalho e na Família” foi
direcionado ao efetivo da Polícia Militar presente no CFC 2007,
oferecendo meios sócio-educativos para a redução do uso e abuso
de drogas, buscando uma maior satisfação por parte do Policial em
realizar seu trabalho e melhorar seu relacionamento funcional e
familiar. Dessa forma, a Corporação Policial Militar foi beneficiada
com um efetivo mais satisfeito com sua profissão, sua família e,
consequentemente, com sua vida, melhorando a qualidade dos
serviços prestados à sociedade.
Com a aplicação do programa, buscamos promover a
conscientização dos Policiais Militares quanto aos malefícios que
19
As afirmativas aqui produzidas têm como base um estudo realizado com Policiais Militares da Corporação Policial
Militar que cursaram o CFC 2007. Esses policiais são provenientes de várias Organizações Policiais Militares do
Acre e responderam a um questionário proposto que foi devidamente autorizado pelo Diretor de Ensino da PMAC.

77
Proerd Rio Branco
as drogas causam na sociedade e no indivíduo. As atividades foram
conduzidas no sentido de trabalhar habilidades que permitissem aos
policiais resistir às ofertas e pressões ao uso de drogas e à prática de
violência, no intuito de reduzir a demanda pela utilização de drogas
junto à classe Policial Militar. Dessa forma, procuramos despertar
nos policiais a consciência de sua participação na formação da
personalidade de seus filhos e parentes próximos.
O objetivo geral do curso foi de promover a valorização do
Policial Militar no ambiente de trabalho e na família, através de
palestras, debates e dinâmicas de grupos, conteúdos relativos à
prevenção às drogas, ao tratamento do usuário e ao relacionamento
familiar do policial. Especificamente, intentamos identificar
aspectos que fortalecessem a função Policial Militar e o
relacionamento familiar; refletir os danos físicos, econômicos e
sociais do uso e abuso de drogas, bem como demonstrar os
benefícios de uma vida saudável. Outros pontos relevantes do curso
foram: analisar o comportamento dos juvenis e adolescentes para
melhor ajudá-los a resistir às pressões ao possível uso drogas;
perceber os meios de obtenção de ajuda dentro e fora da Corporação
com fins ao eventual tratamento do uso e abuso de entorpecentes; e,
identificar as condições que promovem a violência intra-familiar,
apresentando maneiras para evitá-la.
Alguém poderia se perguntar o porquê desse curso ser
aplicado a Policiais Militares. É certo que vários são os problemas
que, de maneira direta, prejudicam a vida e a função do Policial
Militar em suas atividades diárias. Dentre eles podemos destacar o
envolvimento com processos judiciais e criminais, doenças
relacionadas ao estresse na função Policial, envolvimento com
drogas lícitas e ilícitas, dívidas cumulativas, fragmentação familiar,
pensões alimentícias, homicídios e suicídios. Dentre os diversos
problemas que atingem os Policiais Militares, dois nos chamaram a
atenção por acreditarmos que podemos contribuir para a minoração
dos mesmos. São eles: o uso abusivo do álcool/psicotrópicos, e o
número expressivo de suicídios cometidos por Policiais Militares
nos últimos anos. Essas temáticas, que atingem diretamente a
Instituição Policial Militar do Estado do Acre, nos levaram a refletir
78
O Proerd em Rio Branco
sobre a necessidade de atuação interna da Corporação para
minimizar, e, em última instância, erradicar, essas situações
degradantes aos seres humanos que exercitam a função Policial
Militar.
Após o curso, fizemos um estudo com os policiais militares,
onde eles deveriam responder um questionário informando o que
pensam e que conhecimentos tinham ou adquiriram antes e após o
contato com o Proerd.
A primeira pergunta diz respeito ao pretenso contato anterior
que alguém da família do policial tenha apresentado com o
programa Proerd. O resultado a que se chegou foi que apenas 49%
dos policiais do curso CFC têm conhecimento do fato de alguns de
seus familiares haverem sido alunos ou tido contato com o Proerd,
enquanto 51% dos policiais afirmou não ter conhecimento de seus
familiares haverem cursado o Proerd.
A segunda pergunta dava conta de como esses policiais viam
os policiais do Proerd antes de conhecê-los no CFC. De acordo com
as respostas obtidas, 63% dos policiais acreditavam que o Proerd é
um “projeto” (e não um “programa”) que atua fazendo palestras
para crianças. 23% dos policiais não conheciam as atividades de
prevenção às drogas e à violência executadas pelo Proerd; enquanto
14% dos policiais acreditavam que os policiais Proerd são policiais
que atuavam em um projeto que só existia no papel, e esses policiais
continuavam no projeto porque queriam ficar longe das ocorrências
relacionadas ao serviço operacional executado nas ruas de Rio
Branco.
Quando indagados sobre o que pensam do Proerd, atualmente,
73% desses mesmos policiais afirmaram que o programa é muito
importante, enquanto 22% afirmam ser muito bom e dinâmico, e,
5% afirmam que o programa ajuda com informações sobre o
tratamento de dependentes químicos.
É interessante que os policiais do CFC afirmaram que o
Proerd traz benefícios para a Polícia Militar do Acre. Quando foi
pedido para que elencassem quais os benefícios que o programa traz,
quase dois terços desses policiais afirmaram que após o
envolvimento com o programa, eles melhoraram o relacionamento
79
Proerd Rio Branco
familiar, enquanto um terço afirmou que o programa auxilia no
fortalecimento dos valores morais e éticos concernentes ao bom
convívio no relacionamento entre policiais, ajudando inclusive os
policiais que necessitam de tratamento ou que pretendem se manter
longe das drogas.
Quando perguntamos aos policiais em que especificamente o
programa Proerd lhes ajudou, para constar nos relatórios com fins a
esse conjunto de palestras se tornar uma disciplina do CFAP, metade
desses policiais afirmou que o Proerd é importante porque os ajudou
a melhorar o relacionamento no ambiente de trabalho, enquanto a
outra metade afirmou ter melhorado o relacionamento com a família
e com a comunidade, mantendo-os de bem com a vida.
Com isso, podemos perceber que ainda há muito o que se fazer
em termos de Proerd em Rio Branco. Dentro da própria Corporação
Policial Militar, muitos ainda são os policiais que não conhecem o
programa e não sabem sobre as atividades por ele realizadas.
Os alunos cabos do CFC 2007 tiveram uma experiência com o
Proerd e aprovaram, contudo, outros policiais precisam conhecer o
programa para aprender mais sobre prevenção às drogas e à
violência, bem como, a valorização da sociedade como um todo, a
começar pela família.

Visão das escolas sobre o Proerd e


seus Policiais Instrutores
No intuito de alcançar a eficácia, bem como medir sua
eficiência, a equipe Proerd, através de sua Coordenação, elaborou e
executou uma pesquisa junto às escolas públicas das redes
municipal e estadual de Ensino Fundamental. A pesquisa ficou
restrita à área pública por termos encontrado dificuldades técnicas
de atendimento a nossas necessidades em algumas instituições
20
As afirmativas aqui produzidas têm como base um estudo realizado com Diretores de escolas públicas estaduais e
municipais de Ensino Fundamental, além de Equipes Gestoras e Professores de 4ª séries que atuaram nas escolas
durante o período de aplicação do Programa Proerd. Esses servidores são provenientes de quinze instituições de
ensino atendidas pelo Proerd e responderam a um questionário proposto que foi devidamente autorizado pela
Secretaria de Estado de Educação.

80
O Proerd em Rio Branco
particulares que não disponibilizaram seus dados ou “dificultaram o
acesso”. Não estamos com isso dizendo que a rede de ensino
particular em nossa cidade não quis participar da pesquisa. Temos
excelentes parceiros que atuam conosco há anos e pretendemos
continuar com eles por décadas, todavia, não conseguiríamos o
percentual necessário de informações para a pesquisa apenas com
nossos “parceiros incondicionais”. Por isso, optamos atuar apenas
na rede pública.
Dito isto, entramos em contato com a Secretaria de Estado de
Educação, com as Gerências de Ensino Fundamental e Médio, com
os diretores das escolas, equipes gestoras e professores, informando
o intuito de averiguar as ações do programa, buscando conhecer
como as escolas vêem o Proerd, bem como, sua eficiência e eficácia.
O grau de aceitabilidade da pesquisa superou nossas
expectativas, com 100% das escolas nos atendendo de bom grado.
Assim sendo, nessa fase específica da pesquisa foi aplicado um
questionário com 32 perguntas, muitas delas propositadamente
parecidas para percebermos as informações com maior precisão. O
universo de escolas pesquisadas representa pouco mais de um terço
das escolas públicas atendidas pelo Proerd em todas as regionais da
Capital. O critério para a escolha foi o fato de ter havido e ainda
haver turmas de 4ª série do Ensino Fundamental; ter recebido o
programa pelo menos três vezes, o que mostraria uma continuidade
dos trabalhos; e vontade de colaborar para a melhoria do Proerd em
Rio Branco.
Todos que responderam o questionário semi-aberto atuam ou
atuaram quando da execução do programa Proerd de 4ª série em
suas escolas, sendo que, cerca de um terço atuou indiretamente e
dois terços atuaram diretamente. Um terço dos entrevistados faz
parte da equipe gestora da escola e dois terços são professores.
Quando indagados sobre a necessidade de programas de
prevenção na localidade e na escola, quase totalidade dos
entrevistados afirmou que seria bom, porque é preciso investir no
futuro dos jovens, embora 2% acreditem que a situação não vai
mudar; 98% das escolas acreditam que o Proerd é muito importante
para a comunidade escolar. O Proerd é o único programa de
81
Proerd Rio Branco
prevenção às drogas e à violência presente em 92% das escolas; 8%
das escolas são atendidas pelo Proerd e pelo DAE.
Em 70% das escolas, a aceitação do Programa é excelente, o
que espelha o empenho de seus policiais em manter o alto padrão do
programa com a comunidade escolar, em 30% das escolas a
aceitação é boa e muito boa, não sendo constatado nenhum índice de
desabono ao programa. De mesma forma, a receptividade da
maioria absoluta dos alunos é excelente com relação ao programa.
Com esses dados e resultados agora comprovados, a comunidade
escolar anseia por expandir a ação do Proerd em suas escolas.
O Proerd prima pelo ideal de uma vida saudável, longe das
drogas e da violência. Um percentual de 86% dos diretores,
coordenadores e professores disseram ter notado a diminuição de
atos agressivos no comportamento dos alunos que estudaram o
programa. De acordo com a maioria absoluta dos entrevistados,
seria ótimo se esse dado pudesse ser repetido através da aplicação
do programa também nas 6ª séries e com os pais dos alunos, a
comunidade escolar e a comunidade em geral ganhariam mais
segurança e menos atos violentos.
Não estamos afirmando que o programa é a solução para os
males e mazelas da sociedade, mas é um alerta, uma conversa franca,
uma possibilidade de esclarecimento sobre as diversas práticas
cotidianas que envolvem ou não a atividade de drogas e violência. A
partir daí, o aluno toma sua decisão cotidianamente por fazer ou não
uso de drogas, agir ou não violentamente. Mas esses atos agora
serão conscientes de uma possível escolha contrária. O que não
ocorre atualmente, em muitos casos, com crianças e adolescentes
que não foram esclarecidos sobre esses fatos.
Antes do Proerd em mais da metade das escolas de Ensino
Fundamental havia utilização esporádica de drogas, principalmente
de cigarro, por professores, funcionários e alunos dentro das escolas.
E em dois terços delas havia a utilização constante ou esporádica de
drogas, principalmente cigarro e bebida, por professores,
funcionários e alunos nas imediações das mesmas.
Após a implantação do Proerd nas escolas, 58% das escolas
não apresentaram utilização de drogas, principalmente cigarro, por
82
O Proerd em Rio Branco
professores, funcionários e alunos dentro das escolas. Entretanto,
em quase um terço delas, constatou-se que os funcionários,
professores e alunos saem da escola para fumar fora dos portões, e
em casos extremos, para “tomar uma” antes ou após o expediente.
Esses dados demonstram que não basta fazer um trabalho com
as crianças, é necessário que a Polícia Militar, através da Polícia da
Família, da Companhia Escolar, do Proerd, e de outros pelotões,
atue com palestras, seminários e exposições sobre prevenção
também com os funcionários e professores, além da comunidade em
geral. De igual forma, é preciso que a Secretaria de Educação, a
SECIAS e a Secretaria de Saúde atuem no sentido de promover um
ambiente saudável para as crianças. Não basta proibir. Não basta
baixar portarias. Existem várias leis sobre o assunto. É necessário
tentar resolver o problema com propostas e discussões, auxiliando e
não apenas determinando.
É fato que o Proerd atua em mais 80% das escolas públicas da
Capital, embora seu objetivo seja atuar em 100%, não temos
policiais suficientes para pôr em prática o programa em todas as
escolas, tampouco, o Proerd para a 6ª série e para pais. Temos
policiais formados, prontos para implementarem todos os
programas, mas não adianta pôr em prática o que seria o
complemento e deixar a base, a 4ª série, sem ser atendida.
Percebemos que para os agentes que atuam nas escolas, o fato
de ter um parceiro com quem possam contar aumentou a expectativa
quanto a seminários, oficinas, palestras e expressões de combate ao
uso de drogas e prática de violência. Várias escolas que não
comemoravam a semana anti-drogas, atualmente o fazem. É
comum ver exposições e cartazes em murais alertando sobre a
problemática. Isso demonstra que as escolas estão despertando para
o que é uma tendência nacional, o fato de informar as crianças sobre
os efeitos e as conseqüências de substâncias psicoativas.
A maioria absoluta dos entrevistados informou que o Proerd
funciona em seus ideais de manter as crianças longe das drogas e da
violência, seu conteúdo é adequado para as crianças, embora
acreditem que há a necessidade de adequação da metodologia. 44%
dos profissionais da educação que foram entrevistados acreditam
83
Proerd Rio Branco
que há a necessidade de adequação da metodologia aplicada. Vale
ressaltar que a metodologia atualmente atualizada tem base no
construtivismo e foi formulada especificamente para esse programa
no Brasil por volta de 1992, de mesma forma há uma outra
metodologia que está sendo testada em outros estados da nação, o
chamado programa Proerd par 4ª série em 10 lições. Baseado na
metodologia construtivista-interacionista, formulada para o
programa em 2005. Contudo, essa ainda está em fase de teste em
nosso estado.
Por ser um programa padrão das Polícias Militares do Brasil e
registrado internacionalmente, não dá para mesclar o melhor de um
com o melhor de outro programa Proerd. São dois os programas de
4ª série: o de 17 lições, menos dinâmico, porém com um
acompanhamento maior por parte do policial que atua mais tempo
nas escolas; e o de 10 lições, mais interativo, mais dinâmico, porém
aplicado em um bimestre letivo. A sociedade precisará escolher
ganhar em interação ou em atuação presencial do Policial Proerd
nas escolas.
De acordo com as escolas, as aulas do Proerd têm duração
média de uma hora e quinze minutos, o que equivale a quase dois
tempos letivos em algumas escolas, e são aplicadas por um policial
devidamente fardado com o “uniforme de passeio e instrução”. O
policial além de atuar nas salas de aula, interage com os professores,
funcionários e alunos das escolas, tanto que para os entrevistados,
50% dos funcionários que “fumavam seu cigarrinho” dentro das
escolas diminuíram consideravelmente o uso do cigarro, bem como
os alunos ficaram menos violentos.
Para os entrevistados quase todos os policiais são assíduos,
pontuais e estão bem qualificados. Os que não se encontram nessa
situação, a Coordenação do programa tomou providências para
melhor qualificar seus profissionais e atender melhor a sociedade.
Um fato que vale ressaltar é que normalmente, ao ler documentos de
instituições militares, sempre que um militar foge ao que foi
estabelecido como regra ele é punido. Não é essa a metodologia
utilizada nacionalmente pelo Proerd. A necessidade de boa auto-
estima e bem estar das crianças está concomitantemente ligada à
84
O Proerd em Rio Branco
necessidade de boa auto-estima e bem estar do policial, assim sendo,
o policial responde por seus atos e busca voluntariamente melhorar
para que todos fiquem bem com isso. Caso ele persista na atitude de
desacordo com o grupo, é convidado a sair, haja vista que o objetivo
primordial é manter “nossas crianças de bem com a vida”, dentro do
lema “servir e proteger”.
A maioria absoluta dos policiais, na opinião das escolas, tem
um excelente domínio de conteúdo ou domínio muito bom. Eles não
repetem as instruções “como papagaios”, mas conhecem o assunto
que estão expondo. Isso reflete diretamente no domínio de classe,
que não é função do Policial Proerd, mas dos professores, e que, de
acordo com as escolas, a maioria absoluta dos policiais têm
desenvolvido um trabalho muito bom, primando pela excelência.
Todos os Policiais Proerd atuam em várias escolas ao mesmo
tempo, com a média de três escolas. De acordo com os entrevistados
a maioria absoluta dos policiais interage em todos os âmbitos da
escola, e quando perguntados sobre que nota dariam para os
policiais que passaram por suas instituições de ensino, 43% das
instituições atribuíram nota máxima aos policiais que por elas
passaram, ficando em 9,5 a média da nota dos policiais Proerd. Esse
fato é um dado que muito nos orgulha, uma vez que buscamos a
excelência e a cada dia tentamos atuar de forma mais eficiente.
O leitor deve estar se perguntado: “E os pontos negativos do
Proerd, não têm?”. Sim, a pesquisa realizada nas escolas seis meses
atrás apontou erros e distorções que já foram corrigidos. O
Comando da Polícia, a Coordenação do programa e os Policiais
Proerd buscam a cada dia melhorar sua eficiência em busca da
eficácia. Algumas escolas reclamaram da baixa qualidade dos livros
dos estudantes – esses foram trocados, outras do domínio de classe
por parte de alguns policiais – já os treinamos novamente e os
acompanhamos nas escolas. Ainda, algumas escolas pediram
modificações na metodologia e expansão do currículo para o 3º
ciclo e para a comunidade – já está em fase de teste o currículo de 10
lições, o currículo da 6ª série e o “curso de pais”. Algumas escolas
pediram maior interação do policial com os funcionários das escolas
– já estamos readequando a escala e a carga horária diária para que o
85
Proerd Rio Branco
policial possa ter mais tempo para atuar na escola. E, por fim,
pediram que os resultados fossem divulgados “sem maquiagem” ou
“censura” – aqui os disponibilizamos para toda a sociedade, e por
ser um relatório escrito, logo, conciso, não apareceram as
informações individuais dos mais de três mil alunos e 100
professores, mas essas podem ser obtidas na Coordenação do
Proerd.

Avaliando o Programa Proerd


Policiais Proerd e suas redes sociais

Efetuamos uma pesquisa entre os Policiais Proerd que se


fizessem voluntários para conhecer um pouco mais suas redes
sociais de atuação. A pesquisa foi realizada no mês de junho de 2007,
na Coordenação do Proerd Acre. Após a aplicação de questionário
em forma de gráfico, tivemos a grata surpresa de 60% do efetivo
total do Proerd ser voluntário. A porcentagem poderia até ser maior
se alguns policiais não estivessem viajando, em missão ou de férias.
O objetivo desse estudo foi verificar como os policiais
constituem seus relacionamentos nos diferentes aspectos de suas
vidas. Para isso, os policiais deveriam pensar nas pessoas que são
importantes para si atualmente, pessoas que fazem parte de suas
relações neste momento de suas vidas.
Partindo dessa premissa, eles deveriam desenhar, no mapa
que lhes foi entregue, quais as pessoas que fazem parte da suas redes.
Sendo que, cada pessoa do sexo feminino seria representada por um
círculo, e, cada pessoa do sexo masculino, seria representada por
um quadrado. Não era necessário colocar nomes, só representá-los
pelos círculos ou quadrados.
Esse trabalho com círculos e quadrados não foi aleatório. Antes de
colocar as pessoas no mapa, existiam algumas regras que deveriam
ser seguidas, para nos ajudar no conhecimento de seus
relacionamentos: o policial deveria predispor seu título de Mentor
ou Instrutor no centro do círculo, conforme tabela anexa, e no

86
O Proerd em Rio Branco
primeiro círculo deveria colocar as pessoas que são de suas relações
mais íntimas, em quem ele confia mais, com quem realmente sabe
que pode contar, pessoas que são de sua confiança e de quem mais
gosta. No segundo círculo, deveria colocar aquelas pessoas que
considera importantes, mas não sente tão próximas. De mesma
forma, no terceiro círculo, deveria colocar as pessoas que considera
que fazem parte de suas relações, mas que não são tão importantes
ou que estão mais distantes neste momento de sua vida.
Os três círculos eram inter-secionados por duas transversais
que planejavam os espaços na horizontal e na vertical, de forma que
cada um dos espaços fosse contemplado com parte dos três círculos.
Os espaços foram divididos em: família, amigos, comunidade e
escola/trabalho.
Quando da análise dos questionários um dado ficou latente:
houve uma diferença muito grande entre as respostas dos Instrutores
e dos Mentores. A análise inicial seria para verificar como se
comportavam os Policiais Proerd em suas redes sociais, mas pela
relação díspar encontrada, esse tema será dividido conforme as
respostas, ou seja, analisaremos os Mentores, os Instrutores e, por
fim, uma análise geral, análise essa que havia sido a única planejada
anteriormente.
Pelo mapa das redes sociais, percebemos que Instrutores e
Mentores trabalhando a mesma carga horária, nas mesmas
atividades, na mesma cidade, diferenciam de forma geral o modo
como se relacionam com a sociedade. Não se intenta aqui afirmar
que os Mentores agem de um jeito e os Instrutores agem de outro,
mas simplesmente nominar as atividades mais desenvolvidas por
cada grupo específico.
A relação familiar de Instrutores e Mentores se mostra
firmada, com relacionamentos contínuos, tanto nas relações mais
íntimas quanto nas de menor grau de compromisso. A família, como
sendo a base da sociedade, está relativamente bem assistida em
ambos os grupos. Mesmo com uma carga alta de estresse
proporcionada pela atividade Policial Militar no exercício de sua
21
As identidades dos entrevistados foram preservadas. Não há como identificar quem respondeu qual questionário.

87
Proerd Rio Branco
função, esses policiais militares têm demonstrado uma boa
interação familiar, tanto com sua família nuclear (pai, mãe, irmãos,
filhos) quanto com seus familiares de convívio mais próximo.
Percebemos, todavia, que as relações ocasionais dos Mentores se
dão três vezes mais fortes que entre os Instrutores, o que se poderia,
em tese, representar como os Mentores interagindo mais com seus
parentes mais distantes; ou, pelo fato de os Mentores serem um
pouco mais velhos que os Instrutores e, em geral, estarem há mais
tempo na Polícia, terem adquirido “certa estabilidade” e poderem se
relacionar mais com seus parentes distantes.
A relação com os amigos mostra-se díspar logo no início, nas
relações mais íntimas e prossegue por toda a rede social dos grupos.
Os Mentores demonstraram relacionar-se mais com seus amigos
que os Instrutores, o que é um dado preocupante. Se produzirmos as
somas das relações entre ambos os grupos e dividirmos pelos graus,
ainda assim, perceberemos que os Mentores têm quase o dobro de
convívio em seus relacionamentos com os amigos. O que não prova
que os Instrutores tenham menos amigos, mas sim, que eles estão
muito preocupados com outras atividades, a ponto de deixarem os
amigos um pouco mais distantes de si. De forma específica, pela
jovialidade dos Instrutores que são em média, cinco anos mais
jovens que os Mentores, e têm em seu círculo um número maior de
solteiros que no círculo de Mentores, esperávamos que o número de
“amizades estáveis” demonstrada pelos Instrutores fosse maior que
a demonstrada pelos Mentores, fato que não ocorreu. Esse
“espelho” produzido no mapa de redes sociais pode ser um índice de
alto nível de estresse vivenciado pelos Instrutores.
A relação com a comunidade demonstra equiparação no que
concerne as relações mais íntimas entre Instrutores/comunidade e
Mentores/comunidade. Todavia, nas relações de menor grau de
compromisso e nas relações ocasionais, percebemos que os
Mentores têm mais sólida relação com seus vizinhos. Talvez isso se
dê pela estabilidade adquirida no vínculo de vivência na localidade
e pela não necessidade de “correr tanto” dos Mentores em busca de
relações sociais mais estáveis.
As relações escola/trabalho demonstraram equiparação nas
88
O Proerd em Rio Branco
relações mais íntimas, com um pequeno aumento do número de
relações ocasionais por parte dos Mentores. Entretanto, um dado
que surpreende é o fato de nas relações de menor grau de
compromisso, os Instrutores demonstrarem maior interação nas
escolas e no trabalho que os Mentores. Isso pode demonstrar um alto
grau de busca por melhor se relacionar, por parte dos Instrutores. O
fato de a maioria dos Instrutores estar há menos de dois anos no
Proerd e a maioria dos Mentores estar há mais de cinco anos deveria,
em tese, demonstrar uma maior interação entre os Mentores, as
escolas e a Polícia, o que só ocorreu ligeiramente nas relações
ocasionais.
O fato de os Mentores demonstrarem estar, de certa forma,
afastados das relações com as escolas e trabalho não transparece
descaso por parte dos mesmos, já que suas relações, de forma geral,
são mais fixas nesse item que nos itens amigos e comunidade.
Contudo, há a necessidade de os Mentores interagirem mais com as
escolas e com outros setores da Polícia Militar, haja vista que eles
devem ser o “espelho dos Instrutores”.
Em contrapartida, os Instrutores atuam mais do que deveriam
na relação escola/trabalho, o que é preocupante. As relações
escola/trabalho dos Instrutores são maiores que as relações
familiares, de amizades e comunitárias. Esse pode ser o fator que faz
os Instrutores não interagirem tão firmemente nos demais grupos de
suas redes sociais. O altíssimo índice de relações sociais na
escola/trabalho pode ser um ponto que culmine no fator de estresse
entre os Instrutores Proerd. Fato que, em se mantendo o quadro, a
longo prazo, pode dificultar suas relações sociais de forma geral,
ocasionando “doenças sociais” como estresse, ansiedade e
depressão.
Vale ressaltar que as respostas aqui obtidas são um “espelho”
do momento vivenciado pelos policiais. O fato de determinadas
respostas serem produzidas em um momento não quer dizer que
será sempre assim, antes, com as interações sociais cotidianamente
estabelecidas, essas relações podem variar conforme as proposições
de cada indivíduo para sua vida pessoal.

89
Proerd Rio Branco
Processo auto-avaliativo do Proerd

O Proerd é um programa das Polícias Militares e dos Corpos


de Bombeiros Militares, por isso, faz parte dos quadros e
funcionalidades dessas instituições. Como muitas instituições
públicas não têm o caráter auto-avaliativo, sua eficiência fica
comprometida por uma funcionalidade que nem sempre é a mais
adequada – esse não é o caso do Proerd. Brena Pimenta, Bruno
Ribeiro e Talita Silva (2005), ao avaliar o Proerd do Distrito Federal
fizeram algumas considerações válidas que servem como alerta
para as demais instituições e que, no caso do Proerd Rio Branco,
veio a somar e corroborar com nossos anseios de melhorar a
eficiência do programa constantemente. Brena, Bruno e Talita,
afirmam que:

Diante das dificuldades de gestão da informação já constatadas e


apresentadas anteriormente, é de se esperar que o PROERD, por não
contar com uma base de dados concluída e uma burocracia especializada
para produzir e armazenar estatísticas, também não pode gerar um
processo auto-avaliativo que alcance o sucesso necessário para a melhoria
do programa (2005, p.47).

Diante da afirmativa dos autores, tomamos de empréstimo seu


questionário de aplicação do Proerd como um dos quatro modelos
auto-avaliativos dos Policiais Proerd em Rio Branco. Foram
aplicados questionários sobre as redes sociais, o conhecimento dos
objetivos geral e específico de cada lição Proerd de 4ª série, as
relações dos policiais no ambiente escolar e a que se segue, que é
sobre como esse policiais avaliam o próprio programa que
conduzem no decorrer dos semestres letivos com atividades
periódicas de aulas, formaturas, encontros com a Coordenação
Administrativa e cursos de formação – o Proerd Rio Branco ainda
não colocou em prática a Coordenação Pedagógica, embora já
existam planos e pessoas qualificadas para isso.
Foram aplicados questionários aos policiais que atuaram no
segundo semestre de 2007 (45% do total). Percebemos que a idade
dos Policiais Proerd varia bastante, embora a concentração seja de
90
O Proerd em Rio Branco
policiais com idade entre 27 e 30 anos. Dentre todos os
entrevistados, dois terços dos são do sexo masculino e um terço do
sexo feminino.
O perfil religioso do efetivo do Proerd é fortemente marcado
por cristãos (evangélicos e católicos praticantes). Esses Instrutores
foram formados em 2000, 2003 e a maioria em 2006.

Policiais Proerd por Religião

Outras
8% Católica
31%

Evangélica
61%

No Proerd da cidade de Rio Branco não existe nenhum Master.


A única Master acreana é a Capitã Socorro que atua na cidade de
Tarauacá. Dois terços dos Policiais Proerd entrevistados em Rio
Branco são Instrutores e atuam diretamente nas salas de aula das
escolas executando o Programa, enquanto os Mentores se dividem
entre o trabalho em sala de aula, Coordenação do programa na
cidade, logística, palestras e atendimento de convites para preparar
outros policiais.
Quando perguntados sobre as principais motivações que
levam o Policial Militar a se voluntariar ao Proerd, a partir de uma
pré-observação de quais seriam as principais motivações, foram
estruturadas as seguintes alternativas:
· Acredita que o programa ajuda na melhoria da imagem da
PM perante a comunidade;

91
Proerd Rio Branco
· Acredita que a prevenção é mais importante que a
repressão;
· Tem motivação de ordem religiosa;
· Já enfrentou problemas com drogas e violência na família;
· Gosta de trabalhar com crianças e jovens.

Somamos o maior número de apontamentos como sendo o de


preferência apontado a partir de todas as respostas dos Instrutores e
verificamos que a maior parte dos Instrutores acredita que a
prevenção é mais importante que a repressão, em segundo lugar o
Instrutor acredita que o programa ajuda na melhoria da imagem da
PM perante a comunidade.
Os Policiais Proerd responderam sobre seus relacionamentos
com as escolas, sendo elas particulares ou públicas. Para eles o seu
relacionamento com as escolas particulares é ótimo (64%), embora
apareçam alguns relacionamentos considerados regulares (18%). O
relacionamento com as escolas públicas é tido como ótimo (71%), e
não aparecem relatos de relacionamentos regulares ou ruins.

Relacionamento com as escolas da


Rede Pública
Ruim
Bom 0% Regular
29% 0%

Ótimo
71%

92
O Proerd em Rio Branco

Relacionamento com as escolas


particulares

Regular Ruim
18% 0%

Bom
Ótimo
18%
64%

Fonte: Questionário com Policiais Proerd.

Mais da metade dos policiais afirmou que o envolvimento da


família com o Proerd é insatisfatório. Esse é possivelmente um dos
obstáculos ao alcance dos objetivos principais do Proerd. Os
policiais afirmaram que as famílias interagem no dia da formatura
do Proerd, mas que grande parte delas não faz o acompanhamento
dos alunos durante o curso, nem participa das reuniões de pais que
são realizadas pelo programa na escola.
Os policiais afirmaram que apenas às vezes (43%) há uma
correspondência entre o conteúdo do livro do estudante Proerd e o
conteúdo trabalhado pelos professores das escolas. Raramente
(36%) os professores dão continuidade na construção de um
conhecimento a partir do conteúdo trabalhado em sala de aula pelo
Policial Proerd.

Dentre as dezessete lições (dezesseis em sala e uma


formatura), três destacam-se na opinião dos entrevistados como
sendo as que eles consideram aquelas em que há maior apreensão de
conteúdo por parte das crianças.
A opinião dos entrevistados aponta as lições 3, 6, e 10,
respectivamente, como as de melhor absorção por parte dos alunos.
A lição 03 é aplicada buscando construir com os alunos o
processo de aprendizagem iniciado pelas duas lições anteriores.
Nessa lição o Instrutor atua como um mediador em sala de aula,
93
Proerd Rio Branco
articulando as formulações propostas e interagindo a partir das
experiências dos alunos e das aulas anteriores.
Com a lição 06, os alunos são estimulados a elogiarem seus
colegas de sala, há uma página específica para isso onde vários
colegas podem elogiar uns aos outros. No final da aula o aluno faz
um elogio a si mesmo, onde valoriza suas qualidades que considera
relevantes. Com isso, as crianças fortalecem sua auto-estima por
observarem que os colegas as vêem de modo elogioso, havendo um
fortalecimento dos laços de amizade na turma.
A lição 10 foi a terceira destacada pelos Policiais Proerd. Nela
os estudantes são estimulados a desenvolver habilidades
necessárias para analisar como os meios de comunicação podem
influenciar o modo como as pessoas pensam, sentem e agem com
relação à violência e ao uso de drogas. Com isso, o policial objetiva
que os alunos sejam capazes de reconhecer a influência dos meios
de comunicação quando mostram o cigarro, álcool e outras drogas e
ainda, as demonstrações de violência.
Os policiais foram convidados a discorrer sobre o que eles
consideram ser os maiores problemas do Proerd. Esse é um dado
importante, por ser uma rica fonte de informação. A opinião desses
Instrutores em muito reflete o que já se percebeu em reuniões com a
comunidade escolar e com a sociedade. Foram excluídas as
opiniões díspares e registradas as regularidades, os problemas
apontados são tanto de ordem interna (coordenação, estrutura física,
carga de trabalho e assistência aos alunos) quanto de ordem externa
(financiamento, parcerias e família). Percebemos em seus escritos
que existem alguns obstáculos que impedem o pleno
funcionamento do programa e diminuem consideravelmente sua
eficiência.
Na opinião dos policiais entrevistados, os maiores problemas
do Proerd são a falta de valorização e de apoio por parte da PM, falta
de material adequado para trabalhar os conteúdos e os programas a
serem desenvolvidos, além da falta de estrutura adequada para a
Coordenação Estadual do Programa. Isso não quer dizer que esses
ítens não sejam contemplados, mas que, na opinião dos instrutores,
poderia ter uma maior valorização e melhoria de estrutura e
logística.
94
O Proerd em Rio Branco

M aiores Problemas do Proerd


C uros de
L ogística ap erfeiço a
F alta d e 10% m ento
V alorização 7%
por parte d a
PM F alta de
28% E fe tivo
F alta de 1 0%
recursos
finance iros F alta de F alta de
7% m aterial estrutura
2 4% ad eq uada
1 4%
Fonte: Questionário com Policiais Proerd.

Sequencialmente, os policiais foram inquiridos sobre a


importância de alguns elementos para o Proerd da PMAC. Eles
deveriam atribuir nota de 1 a 10 para cada item – nota 1 para o valor
real considerado mínimo e nota 10 para considerada de valor
máximo. Os Instrutores foram orientados a atribuir notas de acordo
com o valor real do elemento ou da instituição para o Proerd, e não o
valor que esses deveriam ter.
Todas as notas atribuídas pelos Instrutores a cada item da
pesquisa foram somadas em seus respectivos grupos e divididas
pelo número de policiais atribuidores. Assim sendo, chegou-se à
conclusão de que para o Proerd PMAC funcionar adequadamente da
forma que vem sendo executado o trabalho, vários fatores
contribuíram positiva e negativamente, sendo a soma deles
responsável por grande parte das interlocuções ou falta delas
realizadas no Proerd.
Para os Policiais Proerd, três fatores merecem destaque por
não estar havendo a devida relação de cooperação mútua, o que
dificulta o trabalho e faz com que a logística e a atuação do
programa fique aquém das necessidades: a Embaixada dos Estados
Unidos que atua auxiliando o Proerd em vários Estados da
95
Proerd Rio Branco

Federação, quase nada tem feito para execução direta do programa


no Acre, de mesma forma a pouca divulgação do programa e de suas
realizações é apontada como uma necessidade premente que não
tem sido executada a contento e, ainda, a atuação do Governo
Federal nas políticas públicas de prevenção foi apontada como
abaixo das expectativas dos policiais. Todos esses itens tiveram nota
inferior à média 5,0 estabelecida como minimamente regular.

Importância para o Proerd da PMAC Pontuação

Fonte: Questionário para Policiais Proerd

Em contrapartida, os policiais afirmam que três itens se


destacam para o bom desempenho do programa na cidade de Rio
Branco. Esses itens não alcançaram nota de excelência, contudo
apontam para a possibilidade de melhorias e ajustamento de
atividades para uma atuação mais eficiente. Dentre os pontos
citados pelos policiais, destacam-se o livro do estudante Proerd da
quarta série que mesmo necessitando de revisão, é apontado como
um forte auxílio para que o programa tenha uma boa receptividade;
a Coordenação do Proerd que em sua forma administrativa foi
cotada como um ponto forte, embora tenha a crescer o fato de
necessitar implantar a parte pedagógica da Coordenação; e o curso
96
O Proerd em Rio Branco
de formação de Instrutores, que tem auxiliado na formação dos
policiais que atuam no programa. Esses foram considerados os
pontos fortes do programa em Rio Branco.
Os relatos dos Policiais Proerd estão na mesma direção que o
resultado das entrevistas com alunos, comunidade escolar e
sociedade em geral que foram demonstrados em outros capítulos,
pois apontam deficiência nas parcerias e no apoio institucional, bem
como uma necessidade de continuidade do programa para as séries
posteriores.

Aprendizado dos objetivos Proerd

Os policiais Proerd são constantemente instigados a palestrar


sobre assuntos relacionados a drogas e à violência. São tantos os
pedidos para palestras, oficinas, estudos e exposições que não
conseguimos atender a todos.
O efetivo policial precisa ser ampliado para que possamos
atender a todas as turmas de 4ª séries, 6ª séries e Curso de Pais.
Contudo, temos focalizado principalmente no atendimento das
turmas de 4ª séries, por entender que elas são a base do atendimento
do Programa.
Não é difícil um Policial Proerd ser convidado para palestrar e
precisar executar a palestra em menos de 24 horas do tempo em que
foi comunicado. Isso nos aguçou o pensamento quanto à real
possibilidade de os policiais terem apreendido não apenas o
conteúdo, mas os objetivos do programa.
Por sugestão da Coordenação do Proerd Acre, fizemos um
questionário a ser respondido pelos Policiais Proerd que estivessem
interessados em demonstrar o quanto tinham apreendido com
relação aos objetivos do Programa.
A tarefa consistia em, após uma manhã de trabalho, com o
cansaço e a fadiga decorrentes deste, dissertar sobre o objetivo geral
do Programa e sobre o objetivo de cada uma das 17 lições do Proerd,
além de descrever de forma sucinta, mas com conteúdo substancial,
os passos de uma das lições do programa.

97
Proerd Rio Branco
Para executar essa tarefa todos os policiais foram pegos de
surpresa, não poderiam fazer uso de suas fichas individuais, do
Manual do Instrutor (livro que regulamenta e norteia todas as lições
Proerd), de lembretes, nem se comunicar com outros colegas. Os
policiais só poderiam fazer uso de uma caneta e do livro do
estudante (o livro que é dado aos alunos da quarta série), e teriam o
tempo de 45 minutos para concluir todos os tópicos, ou seja, teriam
19 questões a serem respondidas “de cor” em seus objetivos, com o
tempo de pouco mais de dois minutos para cada uma delas.
Queríamos saber se os policiais eram capazes de dizer sem
muitas dificuldades quais os objetivos de cada lição, e mais que isso,
se estavam preparados para expor uma das lições sem ter
previamente se preparado.
Dos 23 policiais Proerd em Rio Branco, apenas 17 se
encontravam na localidade, sendo que 04 estavam em trânsito, não
podendo permanecer muito tempo ou responder o questionário.
Sobraram 13 que voluntariamente responderam o questionário,
sendo 09 Instrutores e 04 Mentores. No cabeçalho do questionário
constavam as seguintes informações:

Conceitos para comparação:


10 pontos (excepcional): Você deveria ser promovido no Proerd.
9,1 a 9,9 pontos (excelente): Você é um Policial Proerd padrão.
7,5 a 9,0 pontos (muito bom): Você é um policial acima da média – há
alguns pontos a crescer.
5,0 a 7,4 pontos (bom): Você tem muitos pontos a crescer – continue firme.
Abaixo de 4,9 pontos (insuficiente): Sugiro rever seus conceitos e um
pouco mais de atenção.

Essa foi uma forma de incentivar os policiais a participarem e,


ao mesmo tempo, de fazer com que tivessem um parâmetro de como
estão com relação aos objetivos do programa.
Após terem respondido o questionário, este foi corrigido por
dois professores que analisaram os objetivos do programa de 4ª
série contidos no Livro do Instrutor Proerd e chegaram às seguintes
conclusões:
· Com exceção de um dos entrevistados, todos os policiais
98
O Proerd em Rio Branco
alcançaram índices de acerto dos objetivos do programa e das
lições com média igual ou superior a 75%, o que demonstra uma
atuação muito boa em relação ao conhecimento “de cor” dos
objetivos do programa.
· Todos os Mentores obtiveram índices de aprovação acima
de 80%, o que na média geral elevou o patamar dos Mentores
para 85, 6% do total de questões ou nota média de 8,56, no total
de 10.
· As notas entre os Instrutores variaram de insuficiente a
excepcional. Um dos Instrutores conseguiu definir e processar
todos os objetivos do programa e expor uma das lições com
eficiência de 100%, contudo, pela variação das notas, a média
dos Instrutores ficou em 84,7% dos objetivos gerais.

Entre os Mentores, o que chama a atenção é o equilíbrio e a


constância entre eles, mantendo um padrão e uma estrutura,
inclusive de acertos e pontos a crescer, haja vistas terem se
equivocado quanto a alguns conceitos, mas os equívocos não se
concentrarem nas mesmas questões. Entre os Instrutores o que
chama a atenção é a variante, quase metade deles alcançou média
superior a 92,5%, enquanto outros variaram em muito as notas. Os
pontos a crescer dos Instrutores ficaram centralizados nas lições 06,
10, 13 e 17, o que pode configurar falta de atenção ao responder ou
falha na formação dos mesmos.
Quanto a essa fase da pesquisa com os policiais, podemos
dizer que eles alcançaram a meta. Uma educação continuada seria
de grande valia para aperfeiçoá-los ainda mais, além de corrigir
alguns pontos a crescer existentes. A experiência foi válida e teve
como balanço um saldo positivo e de expectativas para as novas
etapas da pesquisa. Os Policiais Proerd se demonstraram muito
capazes e de memorável aplicação no ensino e nas relações com o
propósito do programa.

99
Proerd Rio Branco
Ex-alunos Proerd e Processos Criminais

Após o levantamento inicial da lista de ex-alunos Proerd nas


escolas da rede pública de ensino, constatamos que dos 1.297 alunos
pesquisados, 124 passaram por algum tipo de processo criminal.
Seja no Juizado da Infância e da Juventude, Juizado Especial
Criminal ou Vara Criminal.
Na relação direta entre a lista dos alunos escolhidos para a
amostragem e os resultados obtidos, percebemos que 9,56% das
crianças e adolescentes pesquisadas que estudaram o Proerd nos
anos de 1999, 2000 e 2001 particaram algum tipo de infração que
levou a processos criminais.
Sem o intuito de criminalizar alguma área da cidade ou tachar
alguma escola, afirmamos que as ações do Proerd surtiram efeito.
Percebemos que 90,44% dos ex-alunos Proerd não tiveram
infrações relatadas ou tipificadas. Contudo, isso não é o suficiente.
Não basta dizer que as drogas matam, é preciso ensinar o valor da
vida.
Neste sub-capítulo, iremos priorizar as ações produzidas
pelos adolescentes, que representam 9,56% do total pesquisado.
Isso não quer dizer que as ações dos 90,44% não sejam importantes,
mas sim, que há a necessidade de tipificar o que foi produzido pelos
alunos que agiram como infratores. Em tempo oportuno, iremos
enaltecer a atitude dos alunos que escolheram ficar longe das drogas
e da violência.
Em algumas localidades específicas o índice de infrações e
ocorrências registradas é maior que em outras. Para não se fazer o
reconhecimento das escolas ou das áreas, escolhemos não citar aqui,
nem colocar nos anexos para que preservemos as identidades dos
adolescentes. Entretanto, três pontos se destacam e precisam ser
mencionados para que se tenha noção das conjunturas e
necessidades percebidas:
22
Os dados levantados dão conta de uma pesquisa por amostragem realizada em parceria entre quinze escolas da
Capital, o Juizado da Infância e da Juventude e a Polícia Militar. Muitas das informações produzidas foram omitidas
para preservar a identidade das crianças e dos adolescentes – embora providências legais estejam sendo tomadas.
Escolhemos pôr neste trabalho apenas as informações consideradas relevantes e que não causem constrangimentos
aos adolescentes que são ex-alunos Proerd.

100
O Proerd em Rio Branco
· O primeiro ponto é o fato de os ex-alunos Proerd terem
se mantido longe das drogas e da violência, ficando apenas
alguns deles a praticar atos infracionais. O número de
adolescentes infratores é quase o mesmo em todas as escolas
pesquisadas.
· O segundo ponto destaca o fato de onde o Poder
Público tem menor índice de atuação concreta, o poder
paralelo tenta se estabelecer. Na localidade conhecida como
“Baixada da Sobral” foi constatada a maior necessidade de
atuação do Poder Público através de políticas inclusivas. Essa
área em que vive cerca de um sétimo da população
riobranquense não dispõe de agências bancárias, correios. O
mercado não funciona, apenas uma praça está em condições
reais de uso, o Centro da Juventude, conhecido como “SEJA”
está à beira da falência, com apenas 05 funcionários, as
famílias têm renda inferior a da média da cidade, e as
condições de moradia estão aquém da necessária. Nesse setor,
moram e convivem um quarto dos adolescentes ex-alunos
Proerd que praticaram ocorrências de infração.
· O terceiro ponto tem a ver com quebra de paradigmas.
As localidades onde se encontram as escolas Clínio Brandão
(bairro Floresta) e Ilka Maria (bairro Moçinha Magalhães),
conhecidas da imprensa policial não registraram nenhum ex-
aluno Proerd cometendo delito ou qualquer outro ato
infracional.

Percebemos que não são apenas os rapazes que cometem


infrações, mas também as garotas. Das infrações, 55,65% foram
produzidas por rapazes; e 44,35%, produzidas por garotas. A
diferença básica está na quantidade das infrações. Enquanto as
garotas tiveram registradas, em média, 1,63 infrações, sendo que
apenas duas adolescentes responderam por mais de cinco infrações;
entre os rapazes, o número médio de infrações é de 2,04, sendo que
oito adolescentes responderam por mais de cinco infrações, dois
deles responderam por mais de quinze infrações.

101
Proerd Rio Branco
O fato a ser ressaltado é que dos 124 adolescentes que
responderam por 231 atos infracionais, 71 adolescentes, ou seja,
57,26% não registraram reincidência, 34,68% dos adolescentes
reincidiram até cinco vezes, e, 8,06% reincidiram mais de cinco
vezes. Das 231 ocorrências registradas as garotas respondem por
38,96% delas e os rapazes por 61,04% delas.
Não há grande diferença na tipificação das infrações
praticadas por rapazes e garotas. Os processos aos quais eles mais
responderam foram: Furto e Roubo (16,13%), Tráfico de
Entorpecentes e Entorpecentes para uso pessoal (10,48%), Lesão
Corporal (6,45%), Tentativa de Homicídio (5,65%), Termo
Circunstancial de Ocorrência (8,87%), e Porte de Arma de Fogo
(3,23%). Esses processos aos quais responderam quando agrupados
correspondem a 50,84% dos processos, ficando os outros 49,16%
tipificados como ameaça, receptação, reclamação cível, extorsão,
remissão judicial, infração de dano, homicídio, falsidade ideológica,
desacato, internação provisória, carta precatória criminal, violação
de domicílio, dano, difamação, dentre outros.

Alunos do Ensino Médio e suas práticas sociais

Durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2007,


realizamos a aplicação de questionários em todas as escolas
públicas de Ensino Médio de Rio Branco, com exceção do Colégio
de Aplicação. Antes de aplicar o questionário, conversamos com os
diretores e/ou coordenadores das escolas explicando os objetivos da
pesquisa e as especificações da amostragem a ser colhida. Todas as
escolas tiveram cerca de 11% de seus alunos respondendo o
questionário, escolhemos apenas os alunos do turno vespertino
pelos motivos especificados na introdução. A gestão da escola
deveria escolher turmas fechadas que considerasse os alunos que
mais representassem a escola, ou seja, nem as turmas mais
eufóricas/bagunceiras, nem as mais quietas/estudiosas.
Os diretores e coordenadores marcavam o dia da aplicação do
questionário e só tomavam pleno conhecimento de todas as
questões e assuntos, alguns minutos antes da aplicação dos
102
O Proerd em Rio Branco
questionários, para que não interferissem no resultado. Para nossa
grata surpresa, todos os gestores, coordenadores e professores
acolheram muito bem a iniciativa da Polícia Militar e trataram
muito bem o policial/professor que estava na pesquisa.
Um dado interessante que vale ressaltar antes de irmos aos
resultados da pesquisa, é o fato de o pesquisador sempre se
apresentar como professor a serviço de uma parceria entre a Polícia
Militar do Acre e a Secretaria de Estado de Educação. Os
adolescentes foram bem receptivos e responderam os questionários
em um tempo médio de 25 minutos. Enquanto nos apresentávamos,
percebemos que os alunos respeitam a Polícia, embora façam
chacota de situações onde os policiais “se dão mal” em ocorrências.
Demonstraram respeitar principalmente os policiais da COE
(embora tenham comentado insatisfação em algumas atuações), a
Polícia da Família (por atuar perto da casa de alguns deles), o Proerd
(os alunos falaram dos policiais como se fossem amigos deles) e a
Companhia Escolar (as moças, entre suspiros, se reportavam aos
policiais como “caras legais” e os rapazes, como a concorrentes
desleais).
Após vários comentários sobre os professores – e seu descaso
com a educação – e sobre a Polícia - a maioria deles sobre a pretensa
falta de honestidade dos policiais –, os alunos responderam um
questionário contendo 38 questões de múltiplas escolhas, onde
foram convidados a responder as questões sem se identificar e tendo
liberdade de não responder as questões que não achassem
conveniente, embora todos fossem convidados a responder a todas
as questões. No cabeçalho do questionário estava escrito:

Este questionário destina-se a fornecer dados sobre a importância


do Proerd para a sociedade riobranquense, servindo de base para a
elaboração de um programa de esclarecimento aos jovens, portanto, sua
sinceridade é muito importante. Não se preocupe pois você não poderá
ser identificado, uma vez que responderá colocando "X" nos parênteses,
sem escrever nenhuma palavra.
Sua contribuição será muito importante.

O questionário foi aplicado principalmente aos alunos do


103
Proerd Rio Branco
segundo ano. De cada quatro entrevistados, um era do primeiro ano,
um do terceiro e dois do segundo, porque queríamos alcançar
prioritariamente os alunos que não eram recém-chegados à escola,
nem estavam saindo da mesma, para termos contato com a maioria
no próximo ano, quando da continuação da pesquisa.
Foram aplicados pouco mais de mil e seiscentos questionários,
com 38 questões e uma média de três e meia variantes por questão.
O que ao final da pesquisa deu um total de 214.400 variantes, ou seja,
uma tese de doutorado – o que não pretendemos fazer no momento.
O modelo de cálculo e tabulação foi pensado pelo historiador
Reginâmio Bonifácio de Lima em parceria com o professor de
matemática Cleverson Redi do Lago – que por vários anos foi
policial do Proerd. Resolvemos pôr em destaque apenas as
possibilidades e as projeções que se apresentassem em maior
destaque.
Neste momento, vamos demonstrar os dados referentes aos
alunos do Ensino Médio que se apresentaram como sendo ex-alunos
Proerd. Do total de mais de 1600 alunos, 590 se apresentaram como
alunos Proerd.
Neste trabalho, apresentaremos os dados com algumas
considerações. As análises mais aprofundadas serão produzidas na
continuação deste trabalho que almejamos ficar pronta em meados
de 2008. De antemão, informamos aos críticos de plantão, que
estamos afeitos à possibilidade de conjecturas e postulações sobre o
que são ou o que representam esses dados, mas não trataremos sobre
o que poderia ter sido ou o que os alunos que não responderam o
questionário poderiam ter dito.
Para concluir este prelúdio, ratificamos que este trabalho é
uma amostragem. Foram ouvidos entre 11% e 12% de todos os
alunos do Ensino Médio das escolas públicas da Capital. A
metodologia utilizada para a coleta dos dados foi a aplicação de
questionários e realização de entrevistas. Todavia, ainda não
concluímos todas as entrevistas, por isso, para não prejudicar os
resultados da continuação dos relatos, seu teor só será revelado no
23
O referido policial é Professor de História e Teologia, devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação,
além de atuar como Instrutor na PMAC.

104
O Proerd em Rio Branco
próximo trabalho, em 2008. Foram ouvidos alunos, gestores,
autoridades e policiais sobre o assunto. Entretanto,
momentaneamente, neste primeiro trabalho que têm como objetivo
verificar a eficiência e a eficácia do Proerd, apresentaremos apenas
os dados referentes aos alunos Proerd que estão no Ensino Médio. O
estudo completo será apresentado em tempo oportuno.
Dentre os alunos entrevistados, 38,87% afirmaram ser ex-
aluno Proerd, tendo estudado o programa na 4ª série do Ensino
Fundamental. Destes, 43% são do sexo masculino e 57% do sexo
feminino.
Quase metade dos entrevistados (47%) afirmou pertencer a
alguma religião evangélica, seguidos dos católicos (28%) e dos que
disseram não professar nenhuma religião (18%). As outras religiões
somadas representam 7% dos adolescentes entrevistados. Grande
parte dos adolescentes católicos disse ir à igreja cerca de uma vez
por semana, alguns disseram que não costumam freqüentar a igreja.
Dentre os evangélicos, percebemos que eles costumam ir às
reuniões de sua denominação religiosa de duas a três vezes por
semana.
Quase todos os adolescentes disseram morar em casa própria
com as famílias às quais pertencem, embora que 8% tenha dito
morar de aluguel.
Mais grave que o problema da falta de moradia é o da
desagregação da família nuclear – aquela constituída por pai, mãe e
filhos. Menos da metade (48%) disse morar com os pais. Quase um
terço dos adolescentes (32%) disse morar apenas com a mãe,
enquanto 6% moram apenas com o pai, e outros 6% afirmaram
morar com os avós. Os que disseram morar com outras pessoas que
não são seus parentes diretos somam 8%.
Quando indagados sobre como consideram a forma que os
pais ou responsáveis os tratam, a grande maioria (82%) disse que
seus pais são camaradas: escutam os seus pedidos, conversam,
autorizam umas coisas e proíbem outras; 10% afirmaram que seus
pais são mandões: vivem proibindo e não aceitam conversar; 8%
disseram que seus pais são liberais: deixam fazer tudo o que eles
quiserem. Nos dois últimos casos percebemos situações extremas
105
Proerd Rio Branco
que não são boas para os adolescentes nem para as famílias nas
quais eles estão inseridos.
Perguntamos se os adolescentes já tinham ouvido falar em
Proerd, o interessante é que, pela falta de atenção, ou pela escolha
equivocada 8% dos alunos que disseram ter estudado o Proerd,
afirmaram nunca ter ouvido falar nesse programa.
Dentre o universo de alunos que estudaram o Proerd
perguntamos a eles como qualificariam a importância do programa
para a sociedade. A grande maioria (78%) afirmou ser muito
importante, um quinto (21%) afirmou ser importante, e, 1% disse
não ser necessário.
Em seguida, foram indagados se acreditavam que os
ensinamentos do Proerd influenciaram-nos para ficar longe das
drogas e da prática da violência. Grande parte dos Proerdianos
(77%) afirmou que foram muito influenciados pelos ensinamentos
do Proerd; cerca de um quinto (19%) afirmou ter sido pouco
influenciado; e, alguns alunos (4%) disseram que os ensinamentos
do Proerd não os influenciaram.
Um dos objetivos do programa Proerd é fortalecer a auto-
estima dos alunos, por isso perguntamos se eles se consideravam
com boa auto-estima. A grande maioria (81%) disse que sim; um
grupo de alunos (15%) disse ainda estar tentando se encontrar;
enquanto 4% afirmaram não ter boa auto-estima.
Se cruzarmos esses dados com o da questão posterior, temos
uma relação direta de falta de valorização pessoal com a confusão
típica da idade e casos de depressão. Apenas uma maioria simples
(57%) dos alunos disse ser feliz; um quinto (22%) disse ser feliz a
maior parte do tempo; alguns alunos (16%) disseram ser mais ou
menos felizes; e 5% disseram ser infelizes. Em momento oportuno,
trabalharemos essas relações com as práticas sociais estabelecidas.
A partir de todos esses dados, análises e declarações expostos
no decorrer de todo o trabalho, começamos a responder sobre a
eficiência e a eficácia do Proerd.
Percebemos que 5% dos Proerdianos entrevistados disseram
fumar cigarro todos os dias, o que, legalmente falando, os torna
dependentes da nicotina; 10% fumam apenas em festas; quase um
106
O Proerd em Rio Branco
quarto (23%) já fumou, mas parou; e, a maioria (62%) disse nunca
ter fumado.
Quando perguntamos sobre onde eles fumaram o primeiro
cigarro, os alunos deram respostas bem variadas: um quarto (25%)
disse ter fumado seu primeiro cigarro na escola; pouco mais de
outro quarto (28%) disse ter fumado na rua; quase um quinto (19%)
disse ter fumado pela primeira vez em casa; 18% fumaram pela
primeira vez na casa de amigos; e, 10% fumaram pela primeira vez
em bares e/ou danceterias.
O interessante é que em mais da metade dos casos (57%) o
primeiro cigarro foi oferecido por um amigo ou por uma amiga;
embora uma parte dos alunos (17%) tenha resolvido comprar para
experimentar; os namorados também têm influenciado (12%)
principalmente às meninas; enquanto que 8% aceitaram cigarro de
desconhecido; e 6% aceitaram cigarro de parentes.
Percebemos que a maior influência para fumar não vem de
casa, nem dos pais, uma vez que a maioria dos adolescentes tem pais
não fumantes (53%); quanto aos amigos não fumantes, esse número
é de apenas 22%. E estamos falando de adolescentes Proerdianos. A
maioria deles (52%) demonstrou que alguns de seus amigos são
fumantes; um quinto (20%) afirmou que a maioria de seus amigos
são fumantes; e 4% demonstraram que todos os seus amigos são
fumantes.
Quanto aos pais e sua relação com o fumo, em 11% dos lares o
pai e a mãe fumam; em mais de um terço (36%) apenas o pai ou a
mãe fumam; e na maioria (53%) dos lares não existem fumantes.
Saindo um pouco da relação com o tabagismo e passando para
a relação com o álcool, temos a projeção de que 5% dos
adolescentes que estudaram o Proerd usam bebidas alcoólicas cinco
dias por semana, o que os torna dependentes do álcool; quase
metade deles (42%) afirmou beber em festas, inclusive alguns dos
que se disseram evangélicos; pouco mais da metade (53%) dos
adolescentes afirmaram não fazer uso de bebidas alcoólicas,
embora alguns (18%) já tenham ingerido bebida algumas vezes.
Esses adolescentes Proerdianos tiveram seu primeiro contato
com as bebidas alcoólicas quando iam visitar a casa de seus amigos
107
Proerd Rio Branco
(36%), ou em suas próprias residências (27%); pouco mais de um
quinto (21%) disse ter experimentado bebida alcoólica pela
primeira vez em bares e danceterias; 9% afirmaram ter usado bebida
pela primeira vez na rua; e, 7% afirmaram ter usado pela primeira
vez na escola, nas festas e programações existentes.
Metade (50%) dos adolescentes afirmou ter recebido o
convite para utilizar bebidas, por parte dos amigos; um quarto
(25%) recebeu o convite dos parentes; enquanto 14% compraram;
8% receberam do namorado; e, 4% aceitaram bebida de estranho.
Pouco mais de um terço (38%) dos adolescentes disse que
poucos de seus amigos bebem; outro terço (36%) afirmou que a
maioria de seus amigos bebe; 15% afirmaram que nenhum de seus
amigos bebe; e, 11% afirmaram o fato de todos os seus amigos
beberem.
Quase metade dos adolescentes (46%) afirmou que seus pais
não bebem socialmente; em 17% dos entrevistados há a afirmativa
de que pai e mãe bebem socialmente; um quarto (25%) afirmou que
apenas o pai bebe; e 12% afirmaram que quem bebe é a mãe.
Quase dois terços (63%) dos alunos afirmou que os pais não
fazem uso constante de bebidas; 6% afirmaram que pai e mãe fazem
uso freqüente, ao menos cinco dias por semana, de bebidas
alcoólicas, o que configura dependência alcoólica; 18% afirmaram
que apenas a mãe faz uso freqüente de bebida alcoólica; 13%
afirmaram que apenas o pai faz uso freqüente de bebida alcoólica.
A grande maioria (75%) dos Proerdianos conhece alguém que
faz uso de substâncias entorpecentes ilícitas, como maconha,
cocaína, crack, merla, cola de sapateiro, e etc. Eles afirmaram que
quase metade de seus amigos (44%) não usa substâncias ilícitas;
embora pouco mais de um terço (38%) afirme que alguns de seus
amigos consumam essas substâncias; 15% afirmaram que a maioria
de seus amigos consome substâncias psicoativas ilícitas; e, 3%
afirmaram que todos os seus amigos consomem.
Quase metade (49%) dos adolescentes disseram ter sido
convidados a fazer uso de substâncias entorpecentes ilícitas e 17%
deles utilizaram ao menos uma vez – o que mostra a curiosidade

108
O Proerd em Rio Branco
e/ou a fragilidade dos conceitos propalados por alguns alunos.
Dentre os entrevistados, 6% disseram já ter experimentado
maconha; 6% afirmaram já ter experimentado cocaína; 2%
afirmaram já ter experimentado crack; 2% afirmaram já ter
experimentado merla; e, 1% afirmou já ter experimentado cola de
sapateiro.
Pouco mais de um terço (38%) disse fazer uso dessas drogas
ilícitas na casa de amigos; outro terço (37%) afirmou utilizar na rua;
20% afirmaram fazer uso com os amigos na escola; enquanto 5%
disseram utilizar em casa.
Na grande maioria dos casos (75%) o oferecimento se deu por
parte de um amigo; 8%, por parte de namorado; 6%, por parte de um
parente; 6%, por parte de um desconhecido; 5% afirmaram ter
comprado para utilizar.
Dentre os vários alunos, a grande maioria disse estar bem
informada sobre as drogas lícitas (72%) e sobre as ilícitas (64%);
19% afirmaram estar pouco informados sobre as drogas lícitas e
23% sobre as ilícitas; cerca de 9% dos alunos disseram estar
desinformados sobre as drogas lícitas e 13% sobre as ilícitas. Esse
último dado se configura impreciso ou intrigante, uma vez que
alunos que passaram quatro meses estudando sobre drogas,
violência e como se manterem longe delas, afirmaram estar
desinformados. Em momento oportuno detalharemos esses dados.
Dentre os 590 adolescentes entrevistados, a grande maioria
dos alunos (82%) afirmou que gostaria de obter maiores
informações sobre o assunto “drogas”.
Quando indagados sobre com quem aprenderam grande parte
do que sabem sobre o assunto “drogas”, quase metade (44%) dos
alunos afirmou que aprenderam com a programação assistida pela
televisão; quase um quinto (18%) afirmaram que aprenderam com o
Policial Proerd, na quarta série; 14% afirmaram ter aprendido com
os pais; outros 14% afirmaram ter aprendido com os professores;
5% aprenderam com livros e com revistas; e, 5% disseram que
aprenderam com os amigos.
Perguntamos aos alunos se na escola de Ensino Médio em que
109
Proerd Rio Branco
estudam atualmente, existe alguém que venda drogas, a resposta
que obtivemos foi que a grande maioria dos alunos (84%) não sabe
informar; contudo, 9% afirmaram que existem colegas que vendem
drogas na escola; 3% afirmaram que estranhos entram na escola e
fazem “a entrega” da droga; 2% afirmaram que professores vendem
para os alunos; e, outros 2% afirmaram que funcionários da escola
vendem drogas para os alunos.
Quando perguntamos se eles já sentiram vontade de utilizar
algum tipo de drogas a resposta foi que mais da metade (52%) não
sentiu vontade de utilizar drogas; um quinto (22%) sentiu vontade
de utilizar cigarros; 19% sentiram vontade de utilizar bebidas
alcoólicas; 3% sentiram vontade de utilizar maconha; 2% sentiram
vontade de utilizar cola de sapateiro; 1% sentiu vontade de utilizar
cocaína; e, outro 1% sentiu vontade de utilizar merla.
Os assuntos aqui abordados foram propositadamente postos
em forma de dados tabulados. Não é nosso intuito, neste momento,
fazer as devidas análises, uma vez que elas serão feitas no próximo
trabalho.
De forma geral, podemos dizer que boa parte dos alunos que
estudaram o Proerd e atualmente se encontram no Ensino Médio,
continuam se mantendo longe das drogas e da violência.

110
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E SUGESTÕES
Considerações:
Diante do exposto, percebemos que o Proerd é o maior
programa de prevenção às drogas e à violência nas escolas
riobranquenses. É o segundo maior programa de prevenção às
drogas de Rio Branco, só perde para o programa preventivo
encadeado pela própria Polícia Militar através de seus vários setores
e organizações policiais militares em conjunto. Ao perceber todos
os programas preventivos da PMAC: Polícia da família,
policiamento escolar, rádio-patrulha, policiamento de trânsito,
policiamento ostensivo a pé, etc., a Polícia Militar desempenha
muito bem seu papel preventivo, ainda que com carência de efetivo,
material e de estrutura logística mais apropriada. Também
percebemos que, muitas vezes, esses mesmos organismos da
PMAC são utilizados mais para a repressão que para a prevenção.
O Programa Proerd é o maior programa preventivo da PMAC
em número de atendimentos diretos nas escolas, o que não quer
dizer que é melhor ou pior que os outros, apenas tem seu efetivo
empenhado em cumprir o papel designado pelo programa e, por
atuar em sala de aula, atinge uma maior quantidade de crianças e
adolescentes que fazem parte de seu público-alvo.
Ao longo dos vários meses de pesquisa, constatamos a
diversificação dos currículos do Proerd, a partir do ano de 2006.
Nosso intuito, neste trabalho, foi o de estudar toda a estrutura
envolvida no programa Proerd de 17 lições para a 4ª série, bem
como suas inter-relações, para verificarmos a eficiência e a eficácia
do programa.
Atualmente o Proerd preparou seus policiais para atuarem nos
currículos de 17 lições da quarta série (que é o currículo básico
aplicado pelo Proerd/Acre), de 10 lições da quarta série (que

111
Proerd Rio Branco
substituirá o de 17 lições até 2010, em todo o Brasil), de 6ª série
(chamado de reforço do Proerd), “Curso de Pais” (aplicado aos
familiares dos alunos das 4ª e 6ª séries). O Proerd/Acre também
criou o curso “Vivendo Melhor no Trabalho e na Família – Proerd”,
que visa a promover a valorização do Policial Militar no ambiente
de trabalho e na família, através de palestras, debates e dinâmicas de
grupos, conteúdos relativos à prevenção às drogas, ao tratamento
dos usuários e ao relacionamento familiar do policial. Esse curso foi
aprovado pelos policiais e recomendado pela Coordenação do
Centro de Formação e Aprimoramento Policial – CFAP – para
tornar-se disciplina nos cursos de formação da PMAC.
Em se tratando de prevenção às drogas e à violência, atuando
diretamente nas escolas de Ensino Fundamental, de primeiro e
segundo ciclos em Rio Branco, o Proerd é o maior programa da
Capital, atingindo anualmente cerca de dois terços das escolas que
atendem à clientela de 4ª série. Em segundo lugar está o
Departamento de Apoio ao Estudante – DAE, que de forma ainda
muito tímida atende 8% das escolas pesquisadas.
Atualmente o Proerd Rio Branco tem desempenhado um
papel além do que lhe foi outorgado pela 001/3ª EM/PM. Isso ocorre
não pelo esnobismo dos policiais, mas pela real necessidade de se
investir em prevenção. Os policiais têm elaborado palestras,
estudos, análises, projetos, cursos e oficinas com o intuito de
interagir com a sociedade e lhe proporcionar uma melhor resposta
aos anseios.
Mesmo com todas essas atividades, percebemos que há uma
publicidade em torno da “marca Proerd”, há uma publicidade, uma
vez que muitas pessoas já ouviram falar em Proerd, mas há pouca
informação sobre o programa. A publicidade produzida até o
momento não teve a capacidade de mostrar o real funcionamento do
programa, através de sua metodologia, formação policial, diálogo
com as crianças. As pessoas não têm conhecimento em
profundidade sobre o que é o programa Proerd, embora, seja notório
o entusiasmo que elas passam ao falar do assunto: quase sempre de
forma sorridente, admirando o trabalho, mas discorrendo de forma
superficial sobre a experiência exposta por alguma criança.
112
Considerações Finais e Sugestões
É necessário dar maior visibilidade ao programa. Mostrar os
pontos positivos e os pontos a crescer, expondo as coisas boas
existentes sem esquecer reais necessidades que estão envoltas nas
atividades do programa.
A integração de conteúdos visando a forma mais coesa de
aplicação dos mesmos tem sido o foco do Proerd, sempre buscando
alcançar melhoramentos com a meta de identificar a maneira mais
eficaz de agir no relacionamento Polícia/escola/família.
De forma geral, percebemos que os policiais Proerd estão bem
preparados para agir. Não apenas por serem técnicos em segurança
pública ou por terem passado por um curso de formação com mais
de 80 horas/aula. Esse preparo vem, principalmente, de suas
escolhas de vida. Escolhas essas que estão envoltas na busca por
melhores condições para si, para os familiares e para a sociedade em
geral. Uma dessas escolhas de vida dos policiais é o anseio pelo
aperfeiçoamento pessoal, tanto que, demonstram conhecimento
técnico geral, e a grande parte dos Policiais em Rio Branco têm
conhecimento específico em outras áreas de formação.
Constatamos que a maioria absoluta dos Policiais Proerd de
Rio Branco têm nível superior, embora essa não seja a realidade do
interior do Estado (que pouco é assistido pela UFAC). Enquanto o
Proerd Rio Branco conta com um efetivo formado por Doutor,
Especialistas, Bacharéis, Graduados, e com nível Médio.
Muito foi feito pelos policiais do Proerd, mas ainda há muito
que se fazer. Não apenas por esses policiais abnegados, mas por toda
a sociedade. Polícia, escola e família precisam caminhar juntas;
precisam unir as forças para que as crianças sejam melhor atendidas.
Desde o início, tivemos o intuito de mostrar as principais
relações sociais que envolvem o Proerd e seus parceiros,
objetivando verificar na prática o funcionamento do programa e
como estão os adolescentes que por ele passaram.
A grande maioria dos adolescentes que estudaram o Proerd
não fuma cigarro (85%), não consome bebidas alcoólicas (53%), e
nunca experimentou drogas ilícitas (83%), a maioria (52%) disse
não ter sentido vontade avassaladora ou premente de usar drogas.
Isso é muito bom. Mostra a eficiência do programa Proerd
113
Proerd Rio Branco
relacionado a um ambiente familiar receptivo, a amigos verdadeiros,
à crença em um Deus que cuida, e tantos outros fatores.
O Proerd é um programa importante, mas sem as parcerias,
pouco ou quase nada pode fazer. Os ideais de manter as crianças e os
adolescentes longe das drogas e de bem com a vida foram em parte
cumpridos. É possível afirmar, veementemente, que vale à pena
investir em prevenção.
Mas ainda existem os que não foram alcançados, e o problema
está justamente aí. Dentre os alunos que fizeram o Proerd, vários
têm problemas com as drogas. Estamos falando de alunos que usam
cigarros sempre que vão a festas (10%); que fazem uso de bebida
alcoólica (42%) quase sempre que saem para se divertir; ou que
“curtem um barato” quando saem com os amigos.
Percebemos que 5% dos ex-alunos Proerd são dependentes
da nicotina contida nos cigarros. Também 5% são dependentes do
álcool contido nas bebidas alcoólicas. Neste momento, ainda não
cruzamos os dados para saber se são 5% dos alunos que fumam e
bebem, ou se são 10% que fumam ou bebem.
Para os ex-alunos Proerd parece não ter ficado claro o que
são drogas na prática, uma vez que ao se reportar ao assunto drogas,
quase sempre estão falando das consideradas ilícitas. Quase nunca
falaram do cigarro ou da bebida alcoólica como sendo droga, talvez
por que os usem, ou talvez porque não acreditem na prática que
esses sejam drogas de fato. Grande parte dos ex-alunos Proerd se
manteve distante das drogas ilícitas, mas utilizam as lícitas, cigarro
e bebida alcoólica, em quantidade superior a que estimávamos
encontrar. Isso demonstra, talvez, a necessidade de o programa
Proerd ajustar o foco para melhor atuar junto às crianças e aos
adolescentes.
Vários dados poderiam ser melhor explicitados, mas
preferimos ressaltar apenas dois nesse momento: a influência dos
amigos e da família em mais da metade dos casos de uso de cigarro e
bebidas; e, o fato de entre os entrevistados, 25% afirmarem fumar o
primeiro cigarro na escola, 7% afirmarem beber álcool pela
primeira vez na escola, e, 20% terem utilizado substâncias ilícitas
pela primeira vez na escola. É como se a escolas não estivessem
114
Considerações Finais e Sugestões
percebendo a relação entre os alunos e as drogas. Eles fazem uso
dentro das dependências das mesmas.
E aqui vamos relacionar as informações dadas pelos alunos
com as coletadas nas escolas de Ensino Fundamental. Para os
gestores, diretores, coordenadores, educadores, professores ou
qualquer outro nome dado às pessoas que estão diretamente
envolvidas com a relação aluno-ensino-aprendizagem no ambiente
escolar, que responderam o questionário Proerd, em quase um terço
das escolas havia a utilização constante ou esporádica de drogas,
principalmente cigarro e bebida, por professores, funcionários e
alunos nas imediações das mesmas. E, após a implantação do Proerd
nas escolas, 58% das escolas não tem utilização de drogas,
principalmente cigarro, por professores, funcionários e alunos
dentro das escolas. Sendo que, em quase um terço delas, constatou-
se que os funcionários, professores e alunos saem da escola para
fumar fora dos portões.
Essas são informações coletadas nas escolas, não inventamos,
temos todos os dados para comprovar a veracidade. Então fica uma
dúvida: “Se a Polícia, a educação, os gestores, os coordenadores
sabem qual é e onde está o problema, por que não o resolvem? Os
temas transversais sobre cidadania, saúde, drogas, relações
interpessoais têm sido postos em prática no ambiente escolar? Até
que ponto escola e família têm caminhado juntas? Ou, em última
instância, que providências têm sido tomadas quanto a esses
assuntos?”.
São adolescentes que na grande maioria se consideram bem
informados sobre as drogas, mas que afirmam saber da existência de
outros alunos (9%), estranhos (3%), e, até, funcionários e
professores (4%) vendendo drogas em suas escolas. O problema
está no desejo associado à disponibilidade de aquisição. Dos que
não usam drogas 48% já sentiram algum dia vontade de utilizar. Isso
não quer dizer que eles vão utilizar, mas que precisamos mostrar
para todos as reais possibilidades de viver sem drogas. Porque como
disse certo pensador anônimo: “Não basta dizer que as drogas
matam. É preciso ensinar o valor da vida!!!

115
Proerd Rio Branco
Os Policiais Proerd têm tentado fazer isso. Contudo, pelas
muitas adversidades e pelo próprio percurso pelos quais passam os
sujeitos que fazem parte da relação de vivência e convivência com o
Proerd, esses objetivos nem sempre são alcançados.
Verificamos o Programa Proerd, desde como se efetua um
curso de formação, passando pela “visita” às salas de aula, às
escolas, às autoridades, a Coordenação do programa e aos policiais
que fazem parte do programa.
A conclusão a que chegamos nos faz perceber que o programa
é eficiente, embora tenha algumas deficiências a serem sanadas. Sua
eficiência está principalmente na ideologia e na força de vontade de
seus policiais em contribuir para que as crianças e os adolescentes
fortaleçam sua auto-estima e obtenham conhecimentos básicos para
resistir às pressões quando do convite para a utilização de drogas e
convite à prática de violência.
O programa Proerd em Rio Branco não é eficaz. Alguns
pontos foram verificados e achados em falta, muitas vezes não por
ausência, mas por presença em pequena quantidade. A título de
exemplo, podemos citar o programa Proerd da 6ª série, que
escolhemos não analisar a fundo, por causa de sua descontinuidade:
a Polícia Militar tem um efetivo de meia dúzia de policiais muito
bem qualificados, as escolas querem o programa, as experiências
anteriores lograram êxito, mas falta material logístico e didático
para que o programa seja posto em prática.
A eficácia de um programa está em sua forma plena. Não do
que é, mas do que, dentro de sua realidade, pode ser. O Proerd Rio
Branco pode ser muito melhor que a forma atual em que se apresenta.
Para tanto, sugerimos algumas possibilidades que podem tornar o
programa mais eficiente e mais próximo da eficácia.

116
Considerações Finais e Sugestões
Sugestões:

Diante do exposto, dividimos nossas sugestões em assuntos


pontuais que estão agrupados nos seguintes tópicos: Serviço
Policial Proerd, Curso de formação, Coordenação Proerd, Livro do
estudante, Divulgação do Programa, Atuação do Governo do
Estado e Comando da Polícia Militar.
Verificamos que o programa Proerd é eficiente, e, para ficar
ainda mais próximo da tão almejada eficácia, sugerimos:

Serviço Policial Proerd


· Que os policiais Proerd no exercício da função Policial
Militar trabalhem exclusivamente no programa, excetuando
ocasiões de necessidade premente;
· Que cada policial atenda 10 turmas, totalizando 20
horas/aula na escola e 10 horas/aula de orientação à disposição do
Proerd (reuniões, palestras, cursos, serviços internos,
Mentorações e congêneres);
· Que ajustem o foco para que as crianças e os adolescentes
entendam cigarro e bebidas alcoólicas como sendo drogas.

Curso de formação
· Que os policiais Proerd sejam qualificados em curso de
capacitação e atualização de currículos Proerd 4ª série, 6ª série e
“Curso de Pais”, para atuarem como Educadores Sociais;
· Que seja feito um curso de Instrutores para aumentar o
efetivo do programa em, no mínimo, 15 policiais para a Capital e,
o dobro disso para o interior, para que o programa possa ser
aplicado em todos os municípios acreanos;
· Que o protocolo de intenções, assinado com a Secretaria de
Educação, contemple a formação em nível superior dos
policiais Proerd, além de curso de especialização voltados para o
ensino/educação, para os policiais que já têm o nível superior
.

117
Proerd Rio Branco
Coordenação Proerd
· Que a Coordenação Administrativa, determine aos
Mentores que auxiliem diretamente na mentoração das lições que
estiverem em andamento, bem como, que assistam aos Instrutores
em suas eventuais dificuldades e efetuem cursos de
aperfeiçoamento;
· Que seja apontado um tempo padrão para a aplicação das
lições Proerd em cada currículo;
· Que se coloque em prática a Coordenação Pedagógica do
Proerd, já criada, mas nunca implantada;
· Que a Coordenação planeje o Calendário Semestral de
Atividades, seguindo os das Secretarias Municipal e Estadual de
Educação, a saber: atividades escolares no início de março até
julho, e, de agosto a novembro e que possa, no decorrer de todo o
ano, agir com planejamentos e outras atividades relacionadas ao
programa.

Livro do estudante
· Que seja confeccionado o livro do estudante de todos os
currículos (4ª série, 6ª série e Curso de Pais), com a devida
antecedência para que não prejudique o ano letivo;
· Que o livro do estudante da 4ª série seja reformulado e as
“questões confusas” sejam reelaboradas.

Divulgação do Programa
· Que se dê visibilidade às ações do Proerd;
· Que na página da PMAC, constante na internet, sejam
postas as localidades, dias e horários das formaturas do Proerd;
· Que haja uma formatura única por semestre;
· Que as parcerias sejam postas em prática e convidadas
novas instituições para serem parceiras do Proerd.

Governo do Estado
· Que apóie e destine recursos para que sejam providenciados

118
Considerações Finais e Sugestões

os cursos de qualificação/capacitação e atualização dos


Instrutores para o novo currículo a ser implantado até 2010 em
todo o Brasil;
· Que providencie, juntamente com o Comando da PMAC,
um espaço mais amplo e adequado para o funcionamento da
Coordenação do programa Proerd no Acre;
· Que aumente as parcerias firmadas com o Proerd/PMAC,
auxiliando o programa em seus erários e custos necessários ao
bom andamento e à execução de forma plena.

Comando da Polícia Militar


· Que providencie cursos de qualificação/capacitação e
atualização dos Instrutores para o novo currículo a ser
implantado até 2010 em todo o Brasil;
· Que promova o encontro de Instrutores de todo o estado,
haja vista muitos Instrutores não terem passado por nenhum curso
de aperfeiçoamento desde sua formação;
· Que providencie, juntamente com o Governo do Estado, um
espaço mais amplo e adequado para o funcionamento da
Coordenação do programa Proerd no Acre;
· Que ponha à disposição do Proerd, três viaturas moto,
para serviço diário, e, uma viatura carro (em que caibam, ao
menos, seis policiais), para serviços de Coordenação, viagens e
atividades relativas ao Proerd na área metropolitana atendida.

O Proerd é um grupamento da PMAC. Não é nem deve ser


visto como uma Polícia diferente. Não existem várias Polícias
Militares no Acre, antes, uma única que se desdobra nos diversos
contornos do serviço policial, sempre vislumbrando “Servir e
Proteger”.

119
Proerd Rio Branco

REFERÊNCIAS:
2º Curso de Capacitação sobre a redução da oferta e da demanda
de drogas. Brasília: Secretaria Nacional de Segurança Pública,
2005.
BALLONE, G.J. Abuso Sexual Infantil, in. PsiqWeb. Internet.
Disponível em <http://www.virtualpsy.org/infantil/abuso.html>.
Acesso em 10 de junho de 2006.
BUENO, Gláucia da Mota. Adolescência, sexualidade e gravidez.
Disponível em <www.psikeweb.com.br>. Acesso em 20 de maio de
2006.
CRUZ, Bianca Sales; SILVA, Luana Carla Torres da. A
contribuição do Proerd no combate a violência no cotidiano da
escola de Ensino Fundamental Clínio Brandão. Rio Branco: UFAC,
2004. Monografia submetida ao Departamento de Educação,
UDAC, Rio Branco.
I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no
Brasil: estudo envolvendo as 197 maiores cidades do país: 2001 /
E.A Carlini ... [et al.]. São Paulo: CEBRID Centro Brasileiro de
Informações Sobre Drogas Psicotrópicas: UNIFESP Universidade
Federal de São Paulo, 2002.
LOPES, Jandicleide Evangelista. As representações sociais de
prevenção ao abuso de drogas dos professores do ensino
fundamental: um estudo de caso. Disponível em
<http://servicos.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20032
6540001016001P0>. Acesso em 15 de junho de 2007.
Manual do Instrutor Proerd. Tradução: Ademir Roberto Sander
Alves da Silva e Tânia Regina Candemil. DF: mimeo, 2006.
M é r i t o p e l a Va l o r i z a ç ã o d a Vi d a . D i s p o n í v e l e m
<http://www.pm.ro.gov.br/modules.php?name=News&file=
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P e d a g o B r a s i l . D i s p o n í v e l e m
<http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/ policiais.htm>.
Acesso em 11 de junho de 2007.
121
Referências
PEROVANO, Dalton Gean. Concepção dos Instrutores do programa
educacional de resistências às drogas e à violência sobre a sua
f o r m a ç ã o . D i s p o n í v e l e m
<http://servicos.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200643
40001016001P0>. Acesso em 15 de junho de 2007.
Polícia Militar de Pernambuco; Secretaria de Defesa Social; Gerência
Geral de Articulação Institucional e Integração Comunitária. Nossos
jovens de bem com a vida. Recife: PMPE, 2007.
RATEKE, Deise. A escola pública e o Proerd: Tramas do agir
policial na prevenção às drogas e à violência. Disponível
em<http://servicos.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=2006
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Site Antridrogas. Disponível em <javascript:history.go(-
1)javascript:history.go(-1)>. Acesso em 15 de junho de 2006.
Site Antridrogas. Disponível em <javascript:history.go(-
1)javascript:history.go(-1)>. Acesso em 15 de junho de 2006.

Parcerias durante a Pesquisa


Ação Social da PMAC
Biblioteca Pública Estadual
CIOSP
Companhia de Policiamento Escolar
Conselho Tutelar de Rio Branco
Escolas das redes públicas
Gerência de Ensino Médio da SEE
Graf-set
Grupo de Pesquisa Sobre Terras e Gentes
Juizado da Infância e da Juventude
Karinas Cópias
Ministério Público Estadual
PMAC
Polícia da Família
Proerd Brasil
Proerd das Diversas Polícias do Brasil
Secretaria Estadual de Educação
Secretaria Municipal de Educação
Universidade Federal do Acre

122
ANEXOS

GOVERNO DO ESTADO DO ACRE


POLÍCIA MILITAR
3ª EM/PM
Portaria n023/3ª
í  EM/PM/01
Instituição do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à
Violência – PROERD/PMAC.

O Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do Acre, no


uso de suas atribuições legais e, de acordo com o Decreto nº 3.466, de 25
de abril de 2001, c/c o Art. 10 da Lei Complementar nº 15, de 10 de
dezembro de 1987.

R E S O L V E:

Art. 1º - Instituir o Programa Educacional de Resistência às


Drogas e à Violência – PROERD, no âmbito da Polícia Militar do Estado
do Acre, de acordo com a Diretriz nº 001/3ª EM/PM, de 18.10.01.
Art. 2º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

Registre-se;
Publique-se; e
Cumpra-se.

Rio Branco-AC, 18 de outubro de 2001.

Alberto Camelo de Oliveira – Cel PM


Comandante Geral da PMAC

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