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1.

ECTOPARASITOSES
1.1.CARRAPATOS
Importância econômica:
O B. microplus é um ectoparasita de bovinos com uma distribuição geográfica em regiões
tropicais e subtropicais do mundo. Os carrapatos são artrópodes hematófagos e importantes
vetores de arboviroses, ricketsioses, espiroquetoses e protozoários para o homem e animais
domésticos; destacando-se no Brasil dois gêneros: a rickettsia Anaplasma sp e o protozoário
Babesia spp, responsáveis pelo complexo conhecido como "Tristeza parasitária bovina" que
causa importantes prejuízos ao sistema de produção.
Ao picar, o carrapato causa uma irritação nos animais provocando desconforto e perda de
sangue, devido à sua ação hematófaga, influenciando no ganho de peso, no estado nutricional e,
em conseqüência, na produção, dependendo da intensidade da infestação, podendo levar à morte
do animal. A lesão causada na pele dos animais pode favorecer o aparecimento de infecções
secundárias como as bicheiras. Essas lesões também acarretam prejuízos no mercado do couro.
No Brasil, o carrapato B. microplus representa um grande problema na produção de bovinos em
diferentes regiões e o uso de acaricidas vem sendo a medida de controle profilático e terapêutico
mais comum contra esses ectoparasitos. Os principais problemas relacionados com essa prática
são o desenvolvimento de linhagens resistentes de carrapatos, o aparecimento de resíduos
químicos nos produtos de origem animal (principalmente leite e carne) e à poluição ambiental
proveniente do uso dos acaricidas no controle. Por essas razões, vêm sendo pesquisadas outras
alternativas para o controle do B. microplus, entre as quais, o uso de vacinas.
Ciclo de vida do B. Microplus
O carrapato do boi, B. microplus, é um parasita monoxeno, isto é, depende de apenas um
hospedeiro em seu ciclo de vida, preferencialmente os bovinos. Outras espécies podem
comportar-se como hospedeiros, entre os quais búfalos, jumentos, ovinos, caprinos, cães, gatos,
porcos.
Seu ciclo de vida apresenta duas fases complementares: a de vida livre ou não parasitária, que
se inicia com o desprendimento da teleógina do hospedeiro e a sua queda ao solo; e a de vida
parasitária, que se inicia quando a larva se fixa no hospedeiro.
A teleógina inicia a postura três dias após sua queda ao solo, com período de postura em torno
de 15 dias. Seis dias após a eclosão, a larva está pronta para subir nas pastagens, localizando o
hospedeiro pelo odor, pelas vibrações, pelo sombreamento, pelo estímulo visual e pelo gradiente
de concentração de CO2 e alcançar o hospedeiro.
A larva ao alcançar o bovino, fixa-se em regiões do corpo que favorecem seu desenvolvimento,
tais como: úbere, mamas, regiões perineal, perianal, vulvar e entrepernas. Essas regiões
preferenciais são determinadas em função da espessura, vascularização e temperatura da pele,
bem como pela dificuldade de acesso às lambidas do hospedeiro.
Em presença de alta umidade relativa as larvas podem sobreviver até 8 meses. Em condições
favoráveis, a fase de vida livre dura em torno de 32 dias, durante os quais o carrapato não se
alimenta e sobrevive exclusivamente das suas reservas.
A fase parasitária se inicia com a fixação das larvas no hospedeiro desenvolvendo-se até a
fecundação e ingurgitamento das teleóginas. O acasalamento acontece a partir do 17° dia após
infestação com rápido ingurgitamento após a cópula.
A fêmea durante os 6 primeiros dias de fixação, ingere apenas 3,8 ml de sangue, porém, nos
momentos que precedem a sua queda, esta ingestão chega a 300 – 500 ml podendo aumentar o
seu peso em até 200 vezes.
As condições ambientais e o grau de resistência do hospedeiro influenciam no tempo de
duração do ciclo de vida do carrapato e no peso das teleóginas.
Esquema simplificado do
ciclo de
vida do carrapato Boophilus
microplus
Fase parasitária:
1- larva infectante realizando a
fixação no bovino;
2- ninfa;
3- teleógina em estágio final
de ingurgitamento.
Fase de vida livre:
4- teleógina logo após
desprendimento, em período de
postura no solo;
5- ovos, no solo, em período
de incubação;
6- larva, no solo, em período
de incubação.

Os bovinos Bos indicus (zebu) são mais resistentes aos carrapatos do que os Bos taurus
(europeu). Em cruzamentos, quanto maior a proporção de sangue zebu, menor será a infestação.
No entanto, existem, dentre as raças européias, aquelas com maior resistência aos carrapatos,
como é o caso da raça Jersey.
Com relação à época do ano, os bovinos apresentam-se mais sensíveis no outono do que no
inverno, estando relacionado com o fotoperíodo mais curto que afeta a resposta inflamatória no
local da picada. O estado nutricional também influencia diminuindo a resistência dos bovinos aos
carrapatos.
➢ Ocorrem 2 picos de infestações de carrapatos em bovinos:
 1º de pequena intensidade no mês de novembro;
 2º de maior intensidade em abril/maio
 observam-se 3 gerações de carrapatos:
• 1ª em novembro – pós inverno;
• 2ª em janeiro/fevereiro;
• 3ª em abril/maio.
A coloração da pele e do pêlo pode influenciar no comportamento dos bovinos fazendo com que
os de pelagem mais escura procurem locais mais protegidos do sol que são também locais de
preferência dos carrapatos, enquanto que os de pelagem mais clara são menos infestados.
Transmissão de doenças
No Brasil, o B. microplus é vetor principalmente de dois parasitos, a rickettsia Anaplasma sp e o
protozoário Babesia spp, responsáveis pelo complexo conhecido como "tristeza parasitária
bovina" causador de importantes prejuízos ao sistema de produção. A carência nutricional e o
estresse influenciam na resistência dos bovinos, favorecendo a doença.
● Babesia spp
O carrapato inocula nos bovinos, juntamente com a saliva, as formas infectivas chamadas de
esporozoítos da Babesia bovis e/ou Babesia bigemina. Ao serem inoculados nos bovinos, os
esporozoítos penetram imediatamente nas hemácias, e no seu interior transformam-se em
trofozoíto, alimentando-se de substâncias do citoplasma, digerindo totalmente a hemoglobina.
Após divisão, agora chamados de merozoítos, provocam ruptura das hemácias ao saírem das
mesmas.
Ao ingerir sangue contaminado, o carrapato se infecta, e ocorre a transmissão transovariana, ou
seja as larvas já nascem infectas com a babesia.
● Anaplasma marginale
O A. marginale é uma rickettsia que invade a hemácia e se desenvolve no citoplasma. O
anaplasma não provoca ruptura da hemácia em sua saída, como acontece com a babesia.
Acredita-se que a transmissão de anaplasma pelo carrapato ocorre somente por meio mecânico.
Controle do carrapato
● Controle químico
O uso de acaricidas é a principal forma de controle dos carrapatos em rebanho bovino,
principalmente por meio de aspersão ou banho de solução aquosa. O sistema dorsal, injetável e
por bolos gástricos, tem sido incrementados nos últimos anos facilitando o manejo.
O extensivo uso de acaricidas leva a sérios problemas: custo do manejo, custo da dose e
período de proteção. Além disso, o uso de acaricidas promove a seleção de linhagens de
carrapatos acaricida-resistentes, diminuindo o período de proteção dos produtos e aumentando o
custo de tratamento.
Atualmente as drogas mais utilizadas são os derivados de piretróides, ivermectinas e benzoil
fenil uréia. Os piretróides causam resistência desde 1989.
● Controle por meio de imunização
Uma alternativa que vem sendo desenvolvida é o controle do carrapato por meio de vacina,
baseado na observação de ocorrência de resistência natural do bovino adquirida após repetidas
infestações com o ectoparasita.
Vacinas são potencialmente importantes no controle de agentes causadores de doenças,
principalmente por não serem agentes químicos, por terem um menor custo e porque o
desenvolvimento de resistência é mais lento do que para os produtos químicos.
Atualmente, as vacinas desenvolvidas conferem proteção parcial aos bovinos. Na Austrália, a
vacina comercializada com o nome de TickGARD e, em Cuba, GAVAC.

1.2.BERNES
a) Características:
• Agente: Dermatobia hominis (É uma mosca cujas larvas provocam uma miíase nodular
cutânea nos animais domésticos.)
• O berne causa a chamada miíase furuncular ou dermatobiose, que se caracteriza pela
formação de nódulos no hospedeiro, com a presença de uma ou mais larvas no
interior. Ocasionalmente, podem ocorrer infiltração bacteriana e formação de abcessos
subcutâneos, além de postura de ovos pela Cochliomyia hominivorax, mosca da
bicheira, o que determinaria o estabelecimento de uma miíase primária.
• A D. hominis ataca preferencialmente os bovinos, entretanto, outros animais podem
ser parasitados como cabrito, cão, eqüino, búfalo, porco, inclusive o homem.
• Os animais de pelagem escura são mais infestados, pois atraem mais os vetores;
• Os zebuínos são mais resistentes a esse parasito.

b) Ciclo de vida:
A D. hominis faz a oviposição, em um outro inseto, geralmente outra mosca(mosca doméstica,
mosca-do-chifre, Stomxys calcitrans, como vetor de seus ovos, para levar o berne até o
hospedeiro e iniciar assim, seu ciclo biológico. Cada vetor pode suportar até 30 ovos, e os ovos
eclodem em 8 dias, e as larvas se transferem para o hospedeiro quando o vetor pousa sobre o
animal.
As larvas penetram na pele através dos foliculos pilosos, provocando uma miíase nodular
cutânea. O tamanho dos nódulos e o orifício por onde as larvas saem para respirar aumenta à
medida que as larvas crescem.
O estado larval pode durar de 25 a 60 dias, e as larvas maduras abandonam o hospedeiro à
noite ou nas primeiras horas da manhã, para evitar predadores e a ação abrasiva do sol. No solo
elas se transformam em pupas, e essa fase dura aproximadamente 30 dias. O ciclo completo
pode durar de 80 a 120 dias, depedendo dos fatores ambientais.
O homem desempenha um papel importante na sua manutenção e disseminação, pela
convivência com o parasitismo, pelo comércio de animais infestados, pela transferência de
animais com berne para regiões livres deste e, pela manutenção de invernadas sujas e de
animais infestados na propriedade.
c) Prejuízos:
• Diminuição da produção de carne, de leite,
• Retardo do crescimento,
• Pré disposição à enfermidades diversas e,
• Danos parciais ou totais nos couros, com sua desvalorização, os quais, ainda
acarretam prejuízos às indústrias calçadistas e produtos afins.
• Instalação de miíses .
d) Controle:
O controle desta mosca se faz quase que exclusivamente por meio de inseticidas, visando o
estágio larval (berne), ocasião em que a maior parte dos danos já não têm mais como ser
revertida. Este controle diminui os prejuízos da produção, porém, pode deixar resíduos no animal
e no ambiente. Os prejuízos no couro persistem pelas seqüelas deixadas.
A aplicação dos produtos químicos é realizado por meio de banhos de aspersão, dorsal, nas
formas parenteral, subcutânea ou oral.
Atualmente, entre os inseticidas mais usados estão os organofosforados, as salicilanilidas, as
avermectinas (endectocidas), os piretróides e outros.
Para se ter melhor resultado, o produto deve ser aplicado de forma estratégica e racional. A
aplicação deve ser feita, nos animais, ao início da estação chuvosa (setembro/outubro), seguindo
mais dois tratamentos com intervalos de 21 dias.

1.3.BICHEIRAS OU MIÍASES
a) Características:
• Agente: Cochliomya hominivorax
• Parasita obrigatório cujas larvas requerem um tecido vivo para se
desenvolverem;
b) Ciclo de vida:
c)
1.4.MOSCA-DOS-CHIFRES
a) Características:
• nome científico: Haematobia irritans
• São pequenas, medindo de 2 a 3mm
• fototropismo: as larvas não suportam a luz solar direta;
• geotropismo: tendência da mosca se apresentar de cabeça para baixo, tem um
formato de asa delta;
• quimiotropismo: atração das moscas pelo bolo fecal. Ficam sobre o animal,
esperando a defecação;
• moscas adultas podem voar até 12km, ficando sem se alimentar por +/- 16hs;
• em períodos mais quentes preferem os animais de pelagens escuras por terem
maior absorção de calor;
• temperatura ideal entre 26º a 32ºC, com alta umidade;
• em altas temperaturas ficam na barriga do animal;
• em baixas temperaturas ficam no dorso do animal;
• Introduzida há menos de vinte anos em nosso país
b) Hábitos:
• permanecem no animal dia e noite;
• fazem vôo de nuvem mudando de local no animal, ou para o bolo fecal,
voltando para o animal ou outro;
• a infestação começa nos touros, vacas, novilhas e finalmene bezerros;
• necessitam de fezes frescas, para fazer a postura dos ovos;
• hematófaga, chegando a ingerir 15mg sangue/dia;
• pica o animal em média 30 vezes ao dia, com duração de 12 minutos cada
picada;
• põe durante sua vida de 400 a 600 ovos, (15 a 20 ovos/postura);
• preferem as partes do corpo que não podem ser atingidas pelo rabo do animal.
c) Ciclo de vida
• Inverno: ciclo biológico alongado podendo chegar até 30 dias;
• verão: ciclo biológico curto, de apenas 07 dias.
• Parasita altamente influenciado pelas condições ambientais.
• Adulto: vive em média 4 a 6 semanas
• Ovos: essa fase dura em média 24hs;
• Larvas: essa fase dura em média 3 dias, não suportam exposição a luz
solar por mais de 4 horas;
• Pupa: essa fase dura 3 a 5 dias, após esse período eclodem os adultos.
d) Controle
➢ Regras básicas para um bom programa de controle:
 Utilizar controle integrado entre o uso de inseticidas e o biológico (besouro rola bosta –
Onthopagus gazela), fazendo uso do controle químico de forma adequada;

 Começar o controle químico com infestação mínima e 200 moscas/animal,


normalmente no inicio da estação chuvosa;
 Implementar o controle estratégico: destruição do bolo fecal, utilização dos inimigos
naturais, tratamento de todo rebanho;
 Evitar produtos que contaminem o meio ambiente, que sejam tóxicos para o animal ou
que deixem resíduos na carne ou leite;
 Utilizar produtos que tenham bom custo benefício;
 Estilmular o tratamento coletivo, ou seja todas as fazendas realizarem o tratamento na
mesma época;
 Formulações caseiras induzem a resistência, portanto evitar esta prática;
 Bases utilizadas no controle químico:
 Fosforados
 Piretróides
 Ivermectinas
 Metophrene
 Fipronil
✗ Meios de aplicação: pulverização, pou-on, injetáveis e brincos.

2. PRINCIPAIS ENFERMIDADES DOS BOVINOS


2.2.
3. MANEJO NUTRICIONAL
4. MANEJO REPRODUTIVO
5.

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