A casinha Era uma vez uma casa. Uma bonita e pequena casa.

Possua um quintal, gramado, cerca de madeira branca e um jardim maravilhoso na frente repleto de rosas vermelhas, amarelas e brancas. No canteiro de entrada uma qualidade de orqudea chamava a ateno, era uma orqudea azul, azul como o cu. As pessoas que passavam por aquela casa no podiam deixar de exclamar, parecia uma casinha de boneca to meiga e delicada ela era. O tempo passou, os moradores mudaram e a casinha ficou sozinha. Tomou vento, chuva, calor e a sua pintura comeou a descansar, a tinta saia em tiras quebradias e ningum mais exclamava ao passar por ela. Passaram mais alguns anos a cerquinha de madeira j estava quebrada e metade encontrava-se no cho, o gramado havia virado um matagal onde camundongos faziam o seu ninho. Os passarinhos no pousavam mais em suas janelas. Novamente o tempo mostrou que rude e implacvel, agora no era apenas a pintura que se soltava aos nacos, era parte do reboco que caia no cho, algumas de suas telhas estavam soltas, outras o vento conseguira tirar do lugar. A veneziana que outrora fora verde escuro estava desbotada e pendia uma parte para o lado. No havia mais um nico vidro inteiro na casa. Neste mesmo ritmo o tempo continuou a avanar, foi passando, a casa foi se deteriorando e o bairro foi se expandindo. Certo dia chegou uma moa e parou em frente da casa, olhou todos os lados e foi embora. Passaram alguns dias, alguns pedreiros chegaram e comearam a reconstruir a casinha. Pintaram-na de amarelo claro, colocaram vidros novos. As portas e as janelas foram pintadas de branco perolado, uma textura cintilante e aveludada. Apararam a grama, podaram as rosas e plantaram rvores em volta. Colocaram um balano vermelho e azul e fizeram um caminho de entrada com pedras de mrmore rosado. A moa voltou, sorriu ao ver a mudana da casinha e adentrou o quintal com um cachorrinho no colo. Imediatamente o cachorrinho pulou no cho e feliz correu por todo o quintal, latindo e balanando suas orelhas. A moa girou entre as rosas com os braos abertos, o rosto voltado para o cu com um enorme sorriso. Depois caminhou tranquilamente at o balano e pegando o cachorrinho novamente no colo balanaram suavemente entre as rosas vermelhas, amarelas e brancas por trs da cerca de madeira. O sol j estava se pondo e pequenos vagalumes enfeitavam a entrada com seu bal de luzes e escurido, ao longe uma cigarra comeou a cantar enchendo aquele incio de noite de magia e encanto.