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Concluso
A partir da dcada de 1970, renovou-se a idia do processo de formao de uma sociedade. A simples relao com fatores econmicos, ou explicaes de carter teleolgico, para a compreenso da construo de uma sociedade, deram lugar idia da multiplicidade de relaes e prticas sociais, que se articulam e que nos mostram que a sociedade no uma realidade pr-fixada, e sim produto das aes dos que nela vivem e das relaes que estabelecem entre si. Apesar de toda a explorao e violncia sofrida, podemos ver o papel fundamental que o negro tem na construo da nossa sociedade. Esta idia derruba a viso da historiografia tradicional, que exerce influncia ainda hoje no pensamento de muitas pessoas, e alm de ser claramente tendenciosa, enaltece os dominadores e desconsidera totalmente aqueles que, apesar da explorao, eram importantes agentes sociais e de intercmbio cultural. Muitas vezes a imagem do negro est associada questo da escravido e do preconceito. O objetivo deste trabalho acadmico no o de mitificar o negro e nem de mostrar que o trabalho escravo dos negros era melhor do que o trabalho atual nas cidades, mas de refletir, as peculiaridades e caractersticas do trabalho escravo dos negros africanos, destacando-os como um agente da cultura brasileira. No que tange s relaes sociais entre os escravos, apesar de estes terem sido enviados de diversas regies africanas que eram fornecedoras de escravos para o Brasil, muitas vezes distantes geogrfica e socialmente umas das outras, de idiomas e etnias diferentes, aps algum tempo de convivncia eles, mesmo sem nenhum tipo de motivao e auxlio, conseguiram se articular. Percebemos este fato quando vemos expresses africanas introduzidas e utilizadas rotineiramente no idioma falado no Brasil, o que deixa claro esta mistura. O contato freqente entre o escravo e o branco fez com que o escravo africano viesse a ser obrigado a incorporar a viso de mundo do branco, e o branco assimilasse alguns aspectos da cultura africana, proporcionando um verdadeiro intercmbio cultural.

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