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NARRATIVA DE INVERNO Ao meio dia, raquticos ips amarelos anunciam o fim das geadas; com flores muito plidas

contra um melanclico cu. Gotculas sem pressa em fina garoa de um agosto atipicamente mido. Passam, ainda invernais, colegiais de preto. Cabeas encapuzadas em moletom ou debruns de peles enfeitando ls, veludos. E carros freiam no asfalto molhado; o ar encharcado. Mais tarde, vultos embuados tornam a noite suspeita, com ruas desertas, geladas. Faris rebuscam a neblina baixa; as luzes, laranjas, esbatem-se contra a escurido do Parque So Loureno. O vazio acentua a paisagem noir, meio edgaralanpoe. O rosto quente, bem rosado. Mos enluvados, meias e botas. O aquecedor do carro ligado, em leve ronronar. Desliza pela Mateus Leme. Pela janela, o olhar: Esquadrinhando a noite de um inverno intangvel. 2011 Agosto. 23.

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