O aluno como centro da educao Joo Batista Freire Em educao, minha lgica simples: as pessoas devem ser educadas

s a partir daquilo que so, para se tornar o que ainda no so, e estou pensando que devem aprender a viver uma vida boa, tica, cidad. Uma boa vida, para mim, aquela que vivida como se no houvesse sobras, aquela em que servimos os que necessitam mais que ns, aquela em que nada fazemos contra a vida, nem a nossa nem as dos outros. Uma vida em que fazemos tudo a favor da vida. Ou seja, mais que ensinar e aprender, no processo educacional o que existe desenvolvimento. Se as pessoas devem ser educadas a partir daquilo que so num dado momento educacional, ento todas as pessoas possuem, de alguma maneira, todos os conhecimentos. Se um aluno tem que aprender fsica, algo de fsica ele j sabe, mesmo que no saiba que sabe. Se ele tem que aprender geografia, sobre esse conhecimento ele tem algo na base. De modo que esses conhecimentos, que ele j possui, tero que se desenvolver, isto , trata-se de um processo de expanso do que j est na pessoa. Em Educao Fsica isso uma coisa clara. Quando queremos que uma pessoa tenha mais fora nos braos, pedimos que ela faa sries de flexes apoiada no solo, por exemplo. Essa sobrecarga produzir hipertrofia muscular. O resultado final a presena de msculos mais fortes. Porm, esses msculos j estavam l e j havia um certo nvel de fora. Nosso trabalho educacional s fez desenvolver o que j existia. Quando sugerimos um jogo que exige do grupo de alunos um esforo cooperativo, ao final do jogo os alunos sabero cooperar melhor, mas seria impossvel fazerem isso se j no houvesse neles algum conhecimento de cooperao, por mais primrio que fosse. Porm, de maneira geral, a educao formal faz o contrrio disso. Exige que os alunos aprendam a partir daquilo que no so. rarssimo que uma aula considere aquilo que o aluno . O aluno que brasileiro, o aluno que paulista, o aluno que santista, o aluno que mora no morro, o aluno que tem 8 anos, etc. O que e o que sabe esse aluno, geralmente ignorado. A escola exige que ele seja adulto, que seja imvel, que seja srio, que seja europeu, que seja tudo, menos criana, menos aquela criana brasileira, paulista, etc. O aluno j sabe matemtica, e a escola desconsidera isso; trata-o como se fosse comear tudo do zero. O aluno j sabe portugus, mas como se no soubesse. O aluno j sabe brincar, mas, para a Educao Fsica, como se no soubesse. nesse sentido que o aluno deve ser o centro da educao.