reivindicações impregnadas de desapontamento e indignação, porém naquela tarde de sol me surpreendi com algo mais. Sim, eu até poderia me alienar deste “algo mais” e concentrar meus esforços no óbvio da questão que é o descaso com o servidor público, mas talvez o mundo tenha nos dado as costas, talvez tivesse dito que aquilo era uma bobagem, uma irrelevância, muito pouco ou quase nada.
Se não fui embora é por que sabia que existia um
equivoco. Equivocado não era o mundo. Equivocados eram todos aqueles que deixaram de comparecer a manifestação. O mundo é muito grande e dá para entender o por que é difícil dele nos ouvir, mas não dá para entender porque havia tão poucas vozes para gritar?
Naquela praça, aos pés da estátua do soldado
desconhecido, respirei a história daquele lugar. Por ali, multidões em outros tempos fincaram bandeiras e deixaram as suas convicções nas palavras de outros tantos homens. Pode ser que alguns tenham voltado para casa frustrados, como eu estava, ou que um dia tenham se reencontrado em outras convicções e hoje, descansam merecidamente em seus jazigos de mármore.
Para minha felicidade, não foi necessário morrer de
desgosto. O “algo mais” que precisava para continuar acreditando na luta do servidor, estampava-se no riso das crianças que lá estavam e suas faixas coloridas em linhas tortas. Prestem atenção! Estes meninos e meninas ensinaram a quem o dom da palavra a falta foi sentida, por que “... a falta é a morte da esperança”.