Supervisor:
Dr. Armindo Nhabinde
Candidato:
Soraya Coscione
Maputo, 2008
Sistema Financeiro Moçambicano: Reestruturação Bancária
Declaração de Honra
Eu, Soraya Sarah Fakir Coscione declaro que o presente projecto final de curso é de minha autoria,
e nunca foi apresentado para obtenção de qualquer grau académico.
A candidata:
(Soraya Coscione)
O Supervisor:
Data: _________________
Resultado: ________________
Examinadores:
Presidente: __________________
Assinatura: ___________________
Oponente: ____________________
Assinatura: ____________________
Supervisor: _______________________
Assinatura: _______________________
Dedicatória
Dedico este trabalho ao meu primo que infelizmente já não se encontra mais entre nós:
Mauro Faquir
Agradecimentos
Ao longo do meu curso, e durante a realização do projecto final de curso recebi apoio de muitas
pessoas, amigas, professores, familiares, por isso as palavras serão insuficientes para expressar todo
o meu agradecimento a todas as pessoas que estiveram envolvidas neste processo.
Em primeiro lugar, quero agradecer a Allah (Deus) por ter permitido que eu pudesse chegar até
onde estou.
Em segundo lugar, quero expressar o meu agradecimento ao meu supervisor Dr. Armindo
Nhabinde, pelo tempo e paciência que diponibilizou para acompanhar o trabalho por mim realizado,
pelas correcções e sugestões que permitiram que eu pudesse apresentar este trabalho, na sua
qualidade actual.
Agradecer ainda a Dr. Telma Loforte, que disponibilizou muita informação importante para a
realização do trabalho, bem como a Associação Moçambicana de Bancos (AMB) pela sua gentileza
em fornecer dados, também ao Dr. Adriano Maleiane, que atráves dos seus conselhos conseguiu dar
um rumo melhor ao meu trabalho.
Quero agradecer de seguida aos meus pais – Sara Fakir e Salvatore Coscione – por terem
acreditado em mim, terem apoiado e incentivado a minha vida estudantil, permitindo que eu
chegasse até aqui. Agradeço em especial a minha mãe, por ter sido o meu suporte, pelas horas que
dispensou durante anos exigindo que eu sempre desse o melhor de mim, que eu sempre me
esforçasse mais. Ao meu pai vai o agradecimento por ter sido a minha fonte de inspiração e um
exemplo a seguir, bem como um agradecimento a todas as ajudas que dispensou. Agradeço também
ao meu irmão – Samir Afzal – que deu-me sempre, ainda que indirectamente, força para que eu
continuasse sempre em frente.
Visto que os amigos sempre fazem parte da vida de qualquer pessoa, devo deixar um
agradecimento especial as minhas amigas que estiveram sempre comigo ao longo dos quatro anos
do curso, para ajudar, rir e estudar – Natália Vaz, Catarina Bebe e Inícia Xavier. Deixo também um
agradecimento à todos colegas da turma de gestão de 2005, por terem feito parte de uma turma tão
única como a nossa.
Um agradecimento muito especial, a pessoa que mais força e motivação me deu, mesmo apesar
da distância geográfica que nos separa, ao meu namorado.
Por fim, e não menos importante, agradeço ao ISUTC e a todos os professores que
acompanharam a minha formação académica, mesmo que não tenha sido fácil, porque nada na vida
é fácil.
Soren Kierkegaard
Resumo
O presente trabalho é elaborado no âmbito da realização do Projecto Final do Curso, sendo que
debruça-se sobre o Sistema Financeiro Moçambicano, tendo como enfoque os efeitos da
reestruturação bancária na sua performance e eficiência.
Reestruturação bancária é a remodelação ou reorganização do sistema bancário decorrente
principalmente de duas razões – liberalização financeira e/ou crises bancárias. Visto que o sistema
bancário operará segundo uma nova estrutura, isto terá um impacto significativo no que se refere a
performance e no principal instrumento criado pelos bancos – o crédito.
Ao longo do trabalho serão analisados, a evolução dos indicadores considerados mais
importantes para a performance e eficiência do sistema bancário (lucratividade e oferta de crédito),
procurando pesquisar o impacto da reestruturação bancária na evolução do sistema bancário
moçambicano. Procura-se ainda perceber e descrever quais os factores que influenciaram estes
indicadores.
A compilação e análise dos dados obtidos permitiu que se chegasse a conclusão de que a
reestruturação bancária foi bem sucedida, visto que permitiu uma maior abertura do sistema
bancário moçambicano, bem como uma evolução positiva de alguns indicadores de performance,
porém também chega-se a conclusão que embora se tenham verificado melhorias, existe ainda um
longo trabalho pela frente de modo a permitir que os resultados atingam níveis de performance e
eficiência regionais e internacionais.
De facto, o sistema bancário ainda apresenta algumas deficiências e lacunas, sendo que os mais
importantes são a elevada concentração geográfica, e os níveis de taxas de juros bastante elevados
dificultando o acesso ao crédito.
Reconhece-se que existe, actualmente um maior esforço para alargar a rede bancária para as
zonas rurais, pelo Banco de Moçambique, através da abertura de um maior número de filiais e
agencias deste nas províncias, mas deve-se salientar que ainda existem muitos constangimentos a
expansão desta, nomeadamente: Ausência de Infra-estruturas; Elevados custos operacionais e
investimento na fase de arranque; Economia rural de dimensão reduzida; Mão-de-obra local sem o
perfil exigido.
Deste modo, novas medidas devem ser tomadas de modo a continuar a reforma no sector, dentre
as quais, no meu ponto de vista são: Fortalecer as normas de supervisão e contabilidade adoptadas
de modo a garantir a solidez e expansão do sector bancário; Reformas para tornar o crédito mais
acessível; Capacitação e mobilização dos recursos humanos.
BM – Banco de Moçambique
BA – Banco Austral
BCM – Banco Comercial de Moçambique
BPD – Banco Popular de Desenvolvimento
SF – Sistema Financeiro
SB – Sistema/Sector bancário
SFM – Sistema Financeiro Moçambicano
RU – Reino Unido
EUA – Estados Unidos de América
OGE – Orçamento Geral do Estado
BC – Banco Central
ROA / ROAA – Return on Assets (Retorno sobre o Activo/ Investimento)
ROE /ROAE – Return on Equity (Retorno sobre o Património)
Índice
I. Introdução .................................................................................................................................................... 10
1.2 Delimitação do Tema ............................................................................................................................ 11
1.3. Objectivos ............................................................................................................................................. 11
1.4. Justificativo........................................................................................................................................... 11
1.5. Problema de Estudo .............................................................................................................................. 12
1.6. Hipóteses .............................................................................................................................................. 12
1.7. Metodologia.......................................................................................................................................... 12
1.8. Plano de Trabalho ................................................................................................................................. 12
II. Revisão da Literatura .................................................................................................................................. 14
2.1 Conceitos e Caracterização do Sistema Financeiro ............................................................................... 14
2.1.1 A Intermediação Financeira ........................................................................................................... 17
2.2 Mercado Bancário ................................................................................................................................. 18
2.2.1 Funções dos Bancos Comerciais ................................................................................................... 18
2.2.2 As crises bancárias ......................................................................................................................... 19
2.2.2.1. Externalidades das Crises Bancárias ....................................................................... 20
2.3 Reestruturação Bancária ....................................................................................................................... 21
2.3.2 Experiências de Reestruturações Bancárias .................................................................................. 22
A. Reestruturação do Sistema Bancário Privado Brasileiro............................................ 23
B. Reestruturação Bancária no Cazaquistão ................................................................... 25
III. O Sistema Financeiro Moçambicano ......................................................................................................... 27
3.1 Moçambique – Contexto Histórico........................................................................................................ 27
3.1.1 O Programa de Reabilitação Económica (PRE) ............................................................................ 29
3.1.2 O período compreendido entre 1992 à 2000 .................................................................................. 29
3.1.3 A Estrutura Actual .......................................................................................................................... 30
IV. Análise dos Efeitos da Reestruturação do Sistema Bancário Moçambicano ............................................ 32
4.1 Avaliação da Performance do sector bancário após a reestruturação .................................................... 32
4.1.1 Critérios de eficiência .................................................................................................................... 33
4.1.2 O sistema Bancário Moçambicano e a oferta de crédito ............................................................... 35
4.1.2.1 Spreads Bancários ..................................................................................................... 38
4.1.3 Qualidade da Carteira de Crédito.................................................................................................. 39
4.1.4 Concentração Bancária .................................................................................................................. 40
4.2. Conclusões dos efeitos da Reestruturação Bancária ............................................................................. 41
V. Conclusões e Recomendações .................................................................................................................... 47
5.1 Conclusões............................................................................................................................................. 47
5.2 Recomendações .................................................................................................................................. 50
I. Introdução
a) Temporal
A complexidade das mudanças do sistema financeiro moçambicano, levam a impor delimitações
aos acontecimentos ocorridos aquandoda crise bancária de 2000 e a consequente reestruturação do
sector em 2001 até ao ano de 2006.
b) Espacial
O trabalho abordará os aspectos ocorridos dentro do sistema financeiro moçambicano,
concentrando-se sobre as actividades dos bancos comerciais do país.
1.3. Objectivos
a) Objectivo Geral
b) Objectivos Específicos
1.4. Justificativo
Uma economia sem o sector financeiro eficiente terá muitas dificuldades a crescer. Aliás,
segundo alguns economistas, a fraqueza do sector financeiro é uma das causas do fraco desempenho
das economias dos países em vias de desenvolvimento (MacKinnon). Moçambique como a maioria
dos países em vias de desenvolvimento tem o sistema financeiro pouco desenvolvido, poucos
operadores e instrumentos financeiros para suportar a actividade económica.
Os operadores financeiros principais, no sistema financeiro moçambicano, são os bancos
comerciais e portanto a estabilidade deste sistema depende crucialmente do funcionamento eficiente
e eficaz dos bancos comerciais. As crises do passado demonstraram que a ineficiência de um banco
comercial pode ameaçar a estabilidade do sistema financeiro.
1.6. Hipóteses
H0: As reformas financeiras aplicadas no país de modo a adequar-se ao desenvolvimento
económico tiveram um impacto negativo ou nulo, tanto no SB nacional como no SF moçambicano;
H1: As reformas financeiras foram bem sucedidas, demonstrando a capacidade do SFM para
adequar-se às novas exigências do mercado
1.7. Metodologia
A metodologia empregue neste trabalho, de acordo com os procedimentos técnicos empregues,
desenvolveu-se em duas fases. A primeira fase baseou-se substancialmente na recolha de
informações bibliográficas escritas (pesquisa bibliográfica), e realização de entrevistas (pesquisa
participante), referentes a história da crise bancária de Moçambique, bem como uma revisão da
literatura sobre a relevância do sistema financeiro no desenvolvimento económico.
Na segunda fase foram recolhidos dados dos indicadores (pesquisa documental) da actividade
bancária para analisar e avaliar o comportamento dos bancos comerciais antes e depois do processo
de reestruturação, e sustentar uma das duas hipóteses referidas anteriormente.
Do ponto de vista da abordagem pode-se classificar a pesquisa como sendo Qualitativa, e de
acordo com os objectivos como sendo Descritiva.
No que se refere aos metódos científicos empregues pode-se classificar como Metódo
Fenomenológico, onde a principal preocupação é a descrição directa da experiência tal como ela é.
O terceiro capítulo traz uma breve descrição da evolução do sistema financeiro moçambicano –
das suas origens até as reformas impostas, bem como o período posterior.
O quarto capítulo aborda o problema de estudo, ou seja o impacto da reestruturação do sistema
bancário moçambicano no desenvolvimento deste. A avaliação faz-se a níveis de performance dos
bancos, oferta de crédito.
No quinto capitulo são apresentadas as conclusões e as recomendações do trabalho.
A principal função do sistema financeiro é movimentar os fundos emprestáveis dos agentes que
poupam (superavitários) para os que obtém emprestado (deficitários) para adquirir bens e/ou
serviços, e realizar investimentos para que a economia global cresça e aumente o modo de vida
standard das populações. Sem o sistema financeiro e os fundos emprestáveis que o suportam, o
crescimento económico seria muito reduzido e limitado, e os bens teriam de ser transaccionados no
mercado à vista e as famílias e empresas teriam de se financiar a si próprias.
Assim, segundo Peter S. Rose1, o Sistema Financeiro pode ser definido como sendo o conjunto
de instituições da economia que auxiliam o encontro dos agentes que possuem poupanças -
agentes superavitários – com os que necessitam de recursos - agentes deficitários -,cujo principal
objectivo é permitir o movimento de fundos emprestáveis entre eles.
1
ROSE, Peter S. ―Money and capital Markets - Financial Institutions and Instruments in a Global Marketplace.‖ In
Money and capital Markets - Financial Institutions and Instruments in a Global Marketplace, de Peter S. ROSE, 1.
McGraw-Hill, 2000.
Para cada instrumento financeiro existe um mercado apropriado no sistema financeiro, de modo
que conforme os mecanismos de financiamento mais intensivamente utilizados, podemos
caracterizar o sistema financeiro de duas maneiras - Sistemas baseados em mercados de capitais ou
Sistemas baseados em intermediários financeiros.
No primeiro caso as empresas financiam os investimentos próprios directamente, com recursos
aos mercados de capitais (bolsa de valores, etc.), emitindo títulos de dívidas (obrigações) ou títulos
de propriedade (acções).
No segundo caso predomina o financiamento indirecto da actividade económica das empresas
com empréstimos bancários de longo prazo. O mercado neste tipo de sistema é caracterizado por
uma forte especialização dos bancos comerciais, bem como uma reduzida participação de
instituições financeiras não bancárias.
O resumo das principais características destes sistemas está indicado na Tabela 1 abaixo:
Observando as características de cada tipo de sistema, pode-se observar que cada país evoluiu
para diferentes tipos de sistemas sendo a causa principal os acontecimentos históricos e culturais
próprias. Por exemplo, segundo Cavalcante (2002), os EUA têm uma história financeira diferente
de outros países industrializados, no sentido que sempre existiu uma cultura a favor da competição e,
que teme a concentração de poder. Esta cultura levou a um desenvolvimento do sistema bancário
enviesado no sentido da fragmentação que remonta ao século XIX.
Em conclusão, o percurso do desenvolvimento económico influencia bastante o tipo de sistema
financeiro adoptado por cada nação. E, embora actualmente exista uma crescente liberalização
económica que visa integrar os sistemas financeiros mundiais, devido a globalização, cada país
deve adoptar um tipo de sistema financeiro adequado ao seu desenvolvimento, e moldado de acordo
com as suas experiências.
Fonte: Elaboração própria baseado nas aulas da G31 de Sistemas e Mercados Financeiros
2
Falhas no canal de transmissão de informação e distanciamento do mercado competitivo
O sistema financeiro é composto por vários intermediários, contudo grande parte da literatura da
área apresenta uma certa tendência em colocar os bancos comerciais como sendo os representantes
legítimos do sistema financeiro. As instituições bancárias oferecem ao público tanto serviços de
depósito como de crédito, assim como uma lista cada vez mais crescente e inovativa dos serviços
financeiros.
A importância dos bancos comerciais pode ser atribuída ao facto destas permanecerem como o
principal meio de efectuar pagamentos, através da verificação de contas (demanda de depósitos),
cartões de crédito, e outros. Outro factor que acentua a sua importância é a sua habilidade para criar
moeda – Moeda Bancária – através do excesso das reservas que sobram dos depósitos do público.
Os bancos são o canal principal para transmissão das políticas monetárias. Por ocuparem uma
posição chave nos sistemas de pagamento e crédito das economias capitalistas e serem instituições
com fins lucrativos, estas devem estar sempre submetidas ao controlo do Estado por via de uma
regulamentação eficiente. Os bancos centrais implementam políticas de modo a afectar as taxas de
juro e a quantidade de crédito disponível na economia, alterando principalmente o nível e o
crescimento das reservas detidas pelos bancos e outras instituições depositárias.
Actualmente, os bancos comerciais são a principal fonte de crédito para consumo (para
individuais e famílias), e uma importante fonte de empréstimos a pequenas e médias empresas.
Serviços Financeiros – oferecem aos seus clientes uma gama cada vez mais alargada de
serviços ―complementares‖ e ―colaterais‖, o primeiro de carácter tradicionalmente bancário e, a
segunda do tipo para bancário (Leasing,Aluguer de cofres, etc.)
Segundo Negri (2000: 22) os bancos desempenham ainda uma função social, ao estimularem as
poupanças com campanhas de educação e convencimento direccionadas para as actividades
produtivas de modo a facilitar a expansão do sistema económico em geral. Estes constituem o ponto
de transmissão das políticas económicas, adoptadas pelas autoridades centrais. Investem também
em títulos públicos, financiando deste modo as despesas públicas.
No passado e em muitas situações ainda hoje, os bancos comerciais operavam em sectores bem
delimitados dos mercados financeiros, criando a distinção entre intermediários bancários e não
bancários. Com a liberalização dos mercados financeiros, um dos efeitos da globalização, muitos
bancos comerciais engajaram-se nas actividades antes dedicadas aos intermediários não bancários,
como as empresas seguradoras, mercado de títulos, etc., sendo assim conhecida como a
despecialização dos intermediários financeiros. Este fenómeno ocorre principalmente nos sistemas
financeiros mais desenvolvidos, mas também é presente, ainda que de uma forma ainda tímida, nas
nos sistemas menos sofisticados, como é o caso do sistema moçambicano, onde já os bancos
oferecem produtos não tipicamente bancários.
A natureza das actividades bancárias e o papel que é-lhe incumbido de desempenhar oferece a si
própria riscos inerentes à actividade bancária, sendo que os bancos não devem ser tratados como
apenas mais um tipo de sociedade com o objectivo de lucro. Podem ser apresentadas as seguintes
razões para manter a actividade bancária sobre constantes vigilâncias:
As crises bancárias tendem a gerar maiores externalidades negativas para o resto da economia do
que outro sector financeiro ou produtivo. Este aspecto distintivo soma-se à vulnerabilidade bancária
diante de riscos sistémicos de liquidez.
Segundo Otaviano Canuto e Gilberto Tadeu Lima (1999:5) podem ser identificadas as seguintes
externalidades das crises bancárias:
1. O uso de recursos públicos para recapitalização de bancos em dificuldades, particularmente
quando a escala dos resgates ultrapassa os limites estritamente monetários, em níveis do balanço do
banco central, e passa a exigir aportes orçamentais do governo.
2. O credit crunh, isto é o arrocho quantitativo de crédito e/ou ampliação das margens de
spread 3 entre as taxas de captação e aplicação, criando ou amplificando declínio na actividade no
lado produtivo da economia. As economias mais afectadas são principalmente as baseadas no
crédito bancário – particularmente as emergentes – nas quais os bancos são os maiores detentores
de activos financeiros, financiam as actividades financeiras e não financeiras e, carregam grande
parte dos títulos da dívida pública.
3. A intensificação dos problemas informacionais e das suas consequências em termos de
selecção adversa e risco moral. Durante as crises financeiras, os primeiros a aceitar taxas de juro
mais altas serão os menos merecedores de crédito, reduzindo a qualidade de investimentos na
economia. Além disso, o próprio processo de resgate de bancos pode reduzir os interesses privados
no monitoramento futuro dos comportamentos dos bancos.
4. As relações usuais entre os instrumentos monetários e as metas intermediárias e finais da
política monetária são subvertidas em situações de crise bancária, não só no que diz respeito à
previsibilidade mínima essencial à política monetária, como também nos limites colocados sobre
esta pelas possibilidades de falência bancária. Condições de fragilidade bancária impedem ou
limitam o eventual uso de elevação de taxas de juro como instrumento de gestão macroeconómica.
5. Nas economias emergentes, crises bancárias podem implicar fugas de capital e problemas
subsequentes de balanço de pagamentos.
Reestruturação Bancária significa dar uma nova estrutura4 ao sistema bancário, de modo que
possa adaptar-se às mutações a registar no sistema bancário e financeiro.
Assim, reestruturação significa uma revisão nas normas e procedimentos que regulam o
ambiente financeiro e bancário, que se traduzem numa mudança no comportamento dos bancos e na
sua forma de competir. Em segundo lugar, significa também uma modernização na supervisão
bancária e as regras prudenciais que significa controlar a actividade bancária para que esta não
esteja a assumir riscos que possam por em risco o sistema financeiro na sua totalidade. Em terceiro,
significa adoptar uma contabilidade adequada e internacionalmente aceite onde o risco é facilmente
3
Spread é a margem adicionada à taxa aplicável a um crédito, título ou moeda. Isto pode encarecer ainda mais o custo
do crédito comercial.
4
A estrutura inclui a organização e disposição do sistema bancário na economia, bem como da legislação
regulamentadora deste.
De uma forma geral, podem ser identificadas duas principais causas para as reestruturações
bancárias:
Pode-se considerar ainda uma nova fase, dado ao constante desenvolvimento das tecnologias de
Informação (TI). Estes continuam em constante desenvolvimento, e muitas vezes a adopção de uma
nova TI implica a reestruturação do sector, com vista a adaptar-se às exigências desse novo sistema.
bancários. Lições importantes foram aprendidas a partir de reestruturações bem sucedidas que
foram implementadas tanto por países desenvolvidos como por em vias de desenvolvimento. Serão
aqui apresentados dois exemplos, nomeadamente referentes ao caso do Brasil e Kazaquistão.
Assim, pode-se observar que após a reestruturação os bancos vêm demonstrado um desempenho
cada vez mais satisfatório, demonstrando o sucesso da reestruturação.
Por sua vez, no que se refere a oferta de crédito, segundo ARIENTI (2007), não ocorreram
mudanças visto que se adoptou uma estratégia que previligia a liquidez dos títulos de dívida pública
em detrimento do crédito, não indo de encontro com as expectativas do governo brasileiro. Na
realidade as expectativas deste eram que o PROER fosse capaz de promover o ajustamento dos
bancos, de modo a que estes acabariam por não só expandir suas operações de crédito (como forma
de compensar as perdas das receitas inflacionárias) mas também permitiria uma redução nos
spreads bancários. O cenário de instabilidade macroeconómica (principalmente a partir da crise
asiática em 1998) e o próprio ambiente económico dentro do sector bancário brasileiro levou, no
entanto, a que os bancos adoptassem uma estratégia mais conservadora, baseada na redução da
oferta de crédito e no aumento das operações com títulos públicos que viabilizou-se graças a
política económica adoptada pelo governo.
No que diz respeito a evolução do spreads bancários, estes tiveram uma redução substancial,
permanecendo, porém, elevados. No entanto OREIRO (2006 apud Arienti, 2007) salienta que são
factores macroeconómicos que explicam a manutenção destes spreads elevados, nomeadamente a
elevada volatilidade das taxas de juros no Brasil.
Assim, a principal lição que pode ser retirada do caso da reestruturação bancária no Brasil é que
embora o sistema tenha se consolidado e fortalecido, no que se refere a oferta de crédito não se
registaram grandes alterações, não indo de encontra com a expectativa do governo que acreditava
que após ao fim da inflação e em resposta a internacionalização e reestruturação do sector o sistema
se auto-regularia em direcção ao aumento da oferta de crédito. É de se salientar inclusivé, que esta
postura segue a lógica dos bancos, que são agentes económicos que visam obter lucros, tendo
aversão ao risco e operado num ambiente marcado pela incerteza procurando conciliar sempre o
risco e a lucratividade nas suas decisões de portfólio. Não obstante este facto o PROER parece ter
sido bem sucedido tanto na prevenção de corrida bancária, como também na penalização de
políticas bancárias inconsistentes.
Em suma, pode-se concluir que a abordagem abrangente tomada pela reestruturação bancária no
Brasil impidiu uma crise sistêmica que parecia provável e, embora ainda deva ser concluída, a
reestruturação produziu importantes mudanças estruturais neste sistema bancário.
7
National Bank of Kazakhstan – Banco Nacional do Kazaquistão
8
Banco Central da união Soviética
Como já foi dito acima, o processo de reestruturação do sistema bancário neste país é
considerado um sucesso, visto ter promovido a solidez do sistema bancário e ter fornecido um
ambiente operacional mais regulado e estável. O número de bancos rentáveis tem aumentado e o de
bancos não viáveis reduziu consideravelmente.
No entanto, uma das críticas que pode ser feita a este processo é que não se adoptou um plano
abrangente na altura envolvendo tanto os problemas financeiros dos bancos como os problemas
relacionados com a fraqueza do ambiente regulatório, o que gerou a tomada de políticas um pouco
contraditórias9, gerando um distanciamento com o sector privado, não resultando num aumento da
intermediação financeira. Logo, a sequência das reformas efectuadas não foi muito eficiente. Assim
uma das principais lições a tirar deste processo é que tanto ao aplicar as reformas é necessário
combinar as reformas financeiras com as operacionais.
Outro factor que pode ser salientado, ainda que não seja necessariamente uma crítica é a
existência do chamado síndrome dos bancos ―too big to fail‖10.
9
Por exemplo, o licenciamento de novas instituições bancárias para mais tarde sanear as agências consideradas mal
capitalizadas.
10
A ideia deste síndrome ou política baseia-se no regulamentação bancária americana, onde maior e mais poderoso
banco é "muito grande para (deixar) falhar." Isto pode significar que poderia incentivar a imprudência já que o governo
iria pegar as partes que estavam prestes a entrar em falência, ou por outro lado, poderia significar que que os bancos
teriam menos incentivo para a gestão de risco dos negócios, uma vez que esperam ser recuperados em caso de fracasso.
Moçambique, assim como grande parte do continente africano esteve, até o ano de 1975, sob o
regime colonialista. A 25 de Junho de 1975 conquista a independência, transformando-se numa
República Popular, com um regime de partido único, até Novembro de 1990, data da entrada em
vigor da Constituição que instaurou o regime democrático multipartidário e um sistema de
economia de mercado.
A combinação dos factores acima mencionados constituiu o ―primeiro caldeirão‖ para a primeira
crise económica no país independente, caracterizada principalmente por um decréscimo dos níveis
de produção dos sectores primário, secundário e, terciário.
De modo a colmatar a situação, o Estado viu necessário tomar um conjunto de medidas de
reorganização de modo a evitar o colapso total da economia moçambicana.
A criação de um Estado baseado nos princípios do Socialismo, levaram a criação de uma
economia planificada ou centralizada.
Neste sentido, no sector financeiro foram tomadas medidas que centralizaram o controle, sendo
que foram intervencionadas as seguintes instituições:
- Instituto de Crédito de Moçambique
- Monte Pio de Moçambique
- Banco Nacional Ultramarino (que funcionava como uma representação oficial do Banco de
Portugal)
- Banco Pinto & Sotto Maior.
11
(Wikipedia 2001)
As taxas de juro reais eram negativas, os níveis de poupanças baixos e, os bancos haviam
acumulado um volume significativo de crédito malparado.
Em 1980, o país trocou a sua moeda de Escudo para Metical, que sofreu desvalorizações no final
da década pela adesão do país ao FMI. E ainda no inicio desta década, havia sido lançada a
campanha de dez anos, denominada de ―Vitória ao Subdesenvolvimento‖. No entanto, esta
campanha foi deixada de lado em Janeiro de 1987 e adoptada o PRE – Programa de Reabilitação
Económica – que tinha o prazo de duração 3 anos.
Este programa visava reverter a situação, cada vez mais degradante da economia e, do
desempenho das firmas.
Este programa envolvia as seguintes reformas:
Jurídico-Institucional – de modo a liberalizar e, diversificar as actividades do sector,
do mesmo modo que atrai capitais estrangeiros;
Políticas Financeiras;
Privatização dos bancos estatais e, uma maior abertura no sector financeiro.
No final do ano 2000 uma crise bancária importante atingiu o sistema bancário moçambicano,
sendo o BCM – Banco Comercial de Moçambique e o BA – Banco Austral, considerados
insolventes. De modo a evitar uma insolvência completa, e um impacto considerável sobre o
sistema financeiro moçambicano, o Governo organizou uma operação de resgate (bail-out) com um
custo elevado: cerca de USE 128 milhões em 2001, equivalente a 4% do PIB nacional. Esta
operação trouxe algumas consequências para a inflação, e também sobre o passivo do Estado. O BA
foi posteriormente vendido a uma banco sul-africano, e o stock de empréstimos
problemáticos/insolventes foi transferido para uma conta do Tesouro. O BCM foi posteriormente
adquirido pelo grupo BIM.
40% dos activos totais da banca; 90% dos activos e passivos da banca é possuído por apenas seis
instituições nomeadamente: ABC, BA, BCI Fomento, Millenium BIM, BIM e Standard Bank.
Para além das características acima referidas, o sistema bancário é ainda geograficamente pouco
disperso, visto que metades das agências abertas ao público estão situadas na província ou cidade de
Maputo. Cerca de 80% do território nacional não dispõe de qualquer agência bancária,
demonstrando a fraca bancarização do país. Uma pesquisa efectuada, identificou como os principais
constrangimentos para a expansão da rede bancária:
a) Ausência de infra-estruturas (estradas, redes de comunicações, e electricidade)
b) Elevados custos operacionais e de investimento na fase de arranque;
c) Economia rural de dimensão reduzida;
d) Falta de sucursais do BM;
e) Mão-de-obra sem o perfil exigido.
No entanto, é de se salientar que dado o reconhecimento das autoridades moçambicanas sobre o
papel da banca e serviços financeiros, tanto para o crescimento económico bem como para a
promoção do emprego, existe um esforço substancial em alargar a rede de balcões do BM para além
das principais cidades moçambicanas, com enfoque nas regiões centro e norte do país, de modo a
incentivar o investimento bancário nas zonas rurais.
A avaliação dos efeitos da reestruturação do sector bancário moçambicano requer que seja
levado em consideração a dupla dimensão das instituições bancárias numa economia capitalista.
Por um lado, os bancos são agentes económicos submetidos a lógica da valorização da riqueza
num mundo com um ambiente de incerteza, e no qual as decisões são irreversíveis. Compartilham o
objectivo comum de qualquer agente económico capitalista – lucro – sendo que deste modo,
apresentam uma preferência pela liquidez e expectativas para o futuro norteando as suas estratégias
de valorização.
Por outro lado, os bancos desempenham um papel estratégico na economia devido ao processo
de criação da moeda de crédito, bem como pelo seu papel na promoção do investimento.
Assim, a avaliação da performance do sistema bancário moçambicano após a reestruturação
bancária, deverá considerar a sua dupla dimensão: por um lado o desempenho do sector como
reflexo da sua rentabilidade, bem como da sua evolução; por outro, o impacto da reestruturação
sobre o desempenho do seu papel mais importante – o fornecimento do crédito aos agentes
económicos – bem como da evolução do risco do crédito no país.
12
Ganhos de capital+juros
Como se pode observar na tabela acima, o sector bancário moçambicano vem registando
melhorias consideráveis no que se refere à rentabilidade do sector bancário em Moçambique. No
ano de 2006, o sector registou um ponto máximo de lucros líquidos de 2.302.809 milhares de
meticais, o que representou um crescimento de aproximadamente 145% em relação ao ano anterior
de 2005 (940.581 milhões).
Como se pode observar na tabela, em 2000 o sector apresenta resultados negativos decorrentes
da grave crise bancária que se abateu no país. Este resultado negativo foi particularmente afectado
pelo avultado prejuízo do BA face ao saneamento da sua carteira de crédito que reduziu
substancialmente a margem de juros do balanço.
Ainda em 2001 o resultado se apresenta negativo, sendo ainda resultado da crise bancária no ano
anterior, no entanto apresenta uma melhoria de 43 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Este resultado negativo decorre da constituição de provisões, resultantes da limpeza das carteiras de
crédito dos bancos envolvidos na crise bancária.
No ano de 2003, o sector apresentou lucros positivos (474.322) , ainda que menores que em 2002
(548.303), apresentando uma variação negativa de 13,49%. Esta queda nos resultados foi causada
por principalmente pela redução significativa das taxa de juro activas, redução (mais uma vez) dos
activos de risco com maior retorno na estrutura dos activos remunerados, e a estabilidade do metical
face ao dólar no mesmo ano.
Gráfico 2 – Evolução dos lucros líquidos (1999-2006)
Quanto aos indicadores financeiros ROA e ROE, estes também têm vindo a registar
crescimentos, reflectindo a melhoria da rentabilidade do sistema bancário moçambicano. Destaque
é mais uma vez para o ano de 2000, que tendo um resultado líquido bastante deteriorado apresenta,
deste modo os valores de ROA e ROE negativos (-9,32 e -55,61) o que indica uma ineficiente
alocação dos recursos nos bancos de Moçambique na altura. O ano de 200113 apresenta também
valores negativos decorrentes da reestruturação ao sector bancário que se fez sentir nesse ano,
13
Os resultados apresentados aqui para o ano de 2001 estão afectados pelo impacto da reestruturação nas
demonstrações financeiras dos bancos privatizados ocorrida nesse mesmo ano.
que visava transformar o sector fragilizado para um sector caracterizado por uma maior solidez,
controle e eficiente supervisão bancária.
Apesar de durante o ano de 2002, este indicadores terem registado melhorias, em 2003 registou-
se um ligeiro decréscimo, sendo este atribuído, de uma forma geral, às reduções das taxas de juros
visto que estes foram investidos a uma taxa de retorno menor que no ano anterior.
Não obstante o facto de o sector apresentar graus de rentabilidade considerados elevados, ainda
se considera que apresenta valores abaixo dos níveis apresentados por alguns países da região.
o investimento. Em termos do tipo de moeda estima-se que os créditos em moeda nacional tenham
sobrepostos os de moeda estrangeira em 60% até ao ano de 2005, quando se introduziu o Aviso que
obrigava as instituições financeiras a constituírem cerca de 50% de provisões do crédito em moeda
estrangeira14.
Em relação ao ano de 2002 considera-se que o sector bancário registou um crescimento muito
pouco acentuado (apenas 5,56%) em relação ao ano anterior. Atribui-se em grande parte esse
decréscimo do crédito a depreciação do metical face ao dólar, conjugadas com o ambiente
macroeconómico no país. Por sua vez, a estrutura do crédito por moedas modificou-se sendo que a
liderança foi transportada para a moeda externa .
O ano de 2003 apresenta um ligeiro decréscimo em relação ao ano anterior, tendo registado um
decréscimo de 2,7%, sendo que é atribuído ao saneamento aos créditos mal parados, bem como a
adopção de medidas mais prudentes por parte dos bancos comerciais e a escassez de projectos de
investimentos de risco aceitável para os bancos. Também a crescente dolarização do sector bem
como a crescente informação assimétrica na intermediação financeira são factores que afrouxaram o
crescimento da oferta do crédito. Aliás no mesmo ano, o crédito em moeda estrangeira registou um
acréscimo em 20%, sendo que o crédito em moeda nacional decresceu em 19%, alterando a
estrutura da oferta do crédito.
Para o ano de 2006 nota-se que a oferta de crédito apresenta um crescimento exponencial
variando 22% em relação ao ano de 2005 (desaceleração em relação ao crescimento de 2005)
atingindo um saldo de 25.108.963 milhares de MT. O aumento do crédito à economia está
associado aos seguintes factores:
i. Aumento da procura de crédito, tanto pelas empresas para financiamento de meios
circulantes e para investimento, como por particulares para consumo e aquisição de bens
imobiliários;
ii. A apreciação do Dólar Americano em relação ao Metical;
iii. Aumento de projectos de investimentos de risco aceitável e com maiores retornos.
O aumento da oferta do crédito à economia neste ano (2006) corrobora com o crescimento da
rendibilidade do sistema bancário, demonstrada no gráfico 2. O aumento do crédito concedido
resultou no crescimento da margem financeira em 24%, que se traduziu também no aumento dos
lucros, formando, consequentemente maiores níveis de ROA e ROE.
14
AVISO Nº 5/GGBM/2005, do Banco de Moçambique
Gráfico 4 – Comparação entre a evolução da oferta de crédito e dos lucros líquidos no sector bancário moçambicano
O gráfico acima demonstra ainda que, mesmo nos anos em que o sector apresentou quedas na
oferta de crédito (2003 e 2004) os lucros líquidos deste continuaram a registar um crescimento
(ainda que reduzido), registando apenas uma ligeira queda no ano de 2003, apresentando deste
modo a capacidade que o sector bancário tem de se adaptar e procurar novas fontes de rendimento.
A alta nas taxas de juros reais alimentou a fraca intermediação financeira. Esta fraca
intermediação era também resultado de impedimentos legais e institucionais, por exemplo, falta de
capacidade na execução de dívidas através dos tribunais, reduzida informação sobre os devedores,
entre mais. De facto, no início da década factores como os tribunais ineficientes, elevado número de
procedimentos, atraso na resolução de disputas, são considerados motivos pelos quais existia uma
fraca capacidade de fazer valer perante a lei os contratos de crédito. Também os fracos direitos de
propriedade, os procedimentos custosos e complexos para transferir e registar propriedade,
constituíam um impedimento que o colateral pudesse ser um activo de natureza real. Devido aos
constrangimentos apresentados, os bancos optavam por cobrar taxas de juro bastante elevadas e,
exigir um colateral também significativo, encarecendo e dificultando o acesso a financiamento de
empresas privadas moçambicanas, que muitas vezes se financiavam através de lucros retidos.
introdução do Aviso nº 5/2005 reduziu a exposição dos bancos a credores sem cobertura de riscos
adequada (neste caso câmbial) Observando-se um crescimento progressivo do crédito concedido em
moeda nacional, e o inverso na moeda externa.
A evolução dos spreads bancários demonstra um comportamento irregular, sendo que no ano de
2002 atinge-se ao pico mais alto com 9,86%. Isto pode ser justificado pelo facto de que as medidas
restritivas em relação a política monetária terem-se traduzido numa redução de liquidez resultando
num crescimento nas taxas de juros activas – as taxas de empréstimo a 180 dias acresceram 5pp e as
de 1 ano em 2pp – tendo como consequência o crescimento dos spreads bancários, visto ainda que
as taxas de juros passivas (depósitos) sofreram duas descidas ao longo do mesmo ano.
Por sua vez, a queda mais acentuada nos spreads ocorre em 2004 (5,47%), tendo como
justificação a tendência decrescente das taxas de juro activas conjugadas com um período de
estabilidade do Metical e baixa inflação.
No entanto, apesar de ter registado um decréscimo considerável os spreads bancários ainda são
considerados elevados, mesmo para níveis regionais.
De modo a avaliar a qualidade da carteira de crédito dos bancos comerciais, foi escolhido o rácio
crédito vencido e/ou duvidoso/crédito total (%), que demonstra da quantidade do crédito
oferecido à economia moçambicana, qual é o volume que se torna crédito moroso.
O gráfico 6, demonstrado abaixo demonstra a evolução decrescente deste rácio, no mercado
bancário moçambicano.
No gráfico acima pode-se observar que nos anos de 2001 e 2002 o rácio registou um acréscimo.
Isto é resultado da crise bancária e das políticas adoptadas pelo BM de modo a orientar o sistema
bancário nacional.
Após o ano de 2002 tem se registado um decréscimo significativo passando de 15,11% do ano de
2003 para 6,06% em 2004 e 3,03% em 2005, tendo decrescido até ao recorde de 2,78% no ano de
2006, sendo a principal causa desta redução neste índice, os saneamentos na carteira de crédito
aliadas a uma gestão mais prudente da carteira de crédito do sistema e a uma política de cedência de
créditos mais prudente e criteriosa, bem como a recuperação de créditos mal parados e a
reestruturação de créditos mal parados por via do reforço de garantias ou regularização dos juros
vencidos.
Não obstante as reformas impostas ao sector, decorrentes tanto da liberalização financeira bem
como da crise bancária, o sistema bancário moçambicano é ainda considerado muito pequeno e
bastante concentrado.
Logo após a liberalização financeira, o sector bancário registou uma abertura a investimentos
estrangeiros, ficando no entanto, os maiores bancos comerciais (na altura) do país – o BCM e o
BPD – propriedade maioritária do Governo Moçambicano, tendo sido privatizados através da
aquisição de participações maioritárias em 1996 e 1997 respectivamente.
Registando-se a crise bancária no país, a grande preocupação das autoridades competentes, para
além de controlar a situação de modo a evitar o colapso total do sistema financeiro moçambicano,
era abrir ainda mais o sector à investimentos estrangeiros, culminando com a aquisição do BCM
pelo Grupo BIM (através da venda das participações do Grupo Mello de Portugal, que também
desapareceu) e a venda do BA a um grupo de investidores sul-africanos, transformando-se em
Banco Austral - Membro do ABSA. Esta abertura no sistema bancário moçambicano resultou na
dominância por investimentos estrangeiros, principalmente o investimento português e sul-africano,
do sistema bancário nacional.
Ainda que novos bancos tenham surgido decorrente da abertura do mercado bancário, este ainda
é bastante concentrado, sendo que é pouco disperso geograficamente, concentrando-se mais nas
principais cidades do país – Maputo, Beira e Nampula – e com os maiores bancos comerciais a
deterem cerca de 95% da quota de mercado e do total dos activos totais do sistema.
Segundo estatísticas até Dezembro de 2006 existiam os seguintes operadores financeiros no país:
Bancos Comerciais 12
Agências Cooperativas 11
Casas de Câmbio 20
Entidades habilitadas ao exer. De Funções de crédito 20
Operadores de micro-crédito 58
Representações de inst. De créd. c/ sede no estrang. 1
Sociedades de Admn. de Compras em Grupo 1
Sociedades de Gestão de Capitais de Risco 1
Sociedades de Investimento 1
Sociedades de Loçacão Financeira 3
Fonte: Relatório do BPI; Novembro 2007; pg. 33
Ainda que o número de operadores financeiros tenha registado acréscimos, cerca de 80% do
território nacional não possui qualquer agência bancária, demonstrando a fraca bancarização da
economia moçambicana nas zonas rurais. A tabela seguinte demonstra a distribuição de agências,
reforçando o argumento de que não obstante os esforços, a economia moçambicana é ainda pouco
bancarizada.
Nº de Peso Distritos s/
qualquer agência
agências (%) (%)
Cidade de Maputo 103 45 -
Província de Maputo 18 8 47
Gaza 14 6 80
Inhambane 13 6 81
Sofala 22 10 85
Manica 12 5 81
Tete 8 4 80
Zambézia 10 4 76
Nampula 17 7 90
Cabo delgado 7 3 57
Niassa 4 2 96
Total 228 100
Fonte: Relatório do BPI; Novembro 2007; pg. 34
Como se pode observar acima, a cidade de Maputoocupa o destaque e a preferência das agências
bancárias, contribuindo com cerca de 45% no peso total do número de agências, segue-se Sofala,
que possui a segunda maior cidade do país – Beira – que contribui com 10% para o peso total.
Porém as outras províncias, apresentam percentagem bastante baixas, chegando a apresentar valores
como 2% para o volume de bancarização e 96% para a percentagem da província sem qualquer
agência bancária, para o caso de Niassa.
Dado o papel dominante dos bancos no sistema financeiro moçambicano, e ao seu particular
estado de fragilidade no momento em que as reformas foram conduzidas, tornaram-se prioritários os
seguintes objectivos:
i. Suporte a solidez do sistema bancário promovendo a transparência e divulgação, e reforçar a
capacidade de supervisão do BM;
ii. Promover o acesso ao crédito, por parte das populações das zonas rurais, bem como por
parte das empresas.
15
Quando foi introduzido o Aviso nº 5/2005 do BM
Como constrangimentos a expansão da banca para as zonas rurais, um inquérito efectuado pelo
BM apontou as seguintes razões:
Ausência de infra-estruturas (estradas, redes de comunicação, electricidade, etc.)
Elevados custos operacionais e de investimento na fase de arranque;
Custos associados a política monetária devido ao coeficiente de reservas obrigatórias (2007);
Economia rural de dimensão reduzida;
Falta de sucursais do BM;
Mão-de-obra local sem o perfil exigido.
No que se refere aos Spreads bancários, ainda que tenham reduzido substancialmente estes ainda
são considerados bastante elevados, até para os níveis da região. A razão dos elevados spreads
bancários pode ser explicada por factores macroeconómicos ou pelo comportamento de algumas
variáveis do sistema bancário, sendo que são aqui destacadas três, nomeadamente:
I. O fraco desempenho do rácio de transformação de depósitos em créditos. Porém este só
pode considerado numa pequena proporção, visto que o gráfico seguinte demonstra que
na verdade, este rácio tem se desenvolvido favoravelmente em relação ao crescimento
dos spreads.
Observa-se que no ano de 2002 onde o spread é mais elevado (9,86%), o rácio de transformação
reduz-se. Ainda que em 2006 tenha sido uma ano positivo para o crescimento do rácio, os spreads
continuam a comprometer o seu crescimento, mesmo porque o aumento deste pode ser explicado
pelo o aumento de projectos de investimento com risco aceitável para os bancos comerciais
II. O volume da carteira de crédito malparado, o que no entanto não explica, o comportamento
dos spreads nos últimos anos (2004-2006) visto que o volume de credito mal parado tem
vindo a registar decréscimos consideráveis, não se registando o mesmo com os spreads
de juros.
Gráfico 8 – Relação entre a evolução dos spreads de juros e qualidade da carteira de crédito
Como se pode observar no gráfico acima, nos anos de 2000 à 2002, o aumento do rácio
justificava o aumento dos spreads, sendo que nesta altura registou-se os saneamentos das carteiras
de crédito, e também o abate de muitos créditos mal parados, resultando num aumento dos custos de
crédito para os bancos. No entanto, a tendência decrescente do volume de crédito mal parado, não
justifica o crescimento dos spreads novamente nos anos de 2005 e 2006.
III. Os elevados custos no mercado bancário, em relação a todos os activos. Por exemplo,
usando o rácio Provisões Específicas/Crédito vencido – que reflecte as perdas esperadas
na carteira de crédito – pode-se observar um comportamento nas curvas do gráfico abaixo
similares:
Assim, no que se refere aos spreads de juros, pode ser afirmado que não somente factores
institucionais concorrem para a manutenção destes a níveis altos, mas também factores
macroeconómicos, referentes ao desempenho da economia moçambicana.
V. Conclusões e Recomendações
5.1 Conclusões
Os sistemas financeiros são constituídos por intermediários financeiros cuja principal função é
mover os recursos dos agentes superavitários mover os recursos dos agentes superavitários para os
agentes tomadores de empréstimos.
Embora os sistemas financeiros de todo o mundo tenham se desenvolvido de modo diferente,
tornando-se mais complexos e/ou com enfoque num determinado tipo de mercado, o mercado
bancário é sem dúvida um dos principais pilares de todos os sistemas financeiros. Ao permitir a
passagem de recursos de um agente para o outro, promovendo o investimento na economia e
aumentando os níveis de poupança, os bancos tornaram-se alvo de procura e um dos principais
motores do desenvolvimento económico. Alexander Hamilton16 (1781) defendeu que os ―bancos
são as melhores engenharias económicas alguma vez criadas‖ para promover o desenvolvimento
económico.
Porém, a actividade bancária assume em si muitos riscos e a instabilidade macroeconómica
conjugada com uma pobre supervisão e regulamentação podem levar a uma situação de crise
bancária que poderá abalar o sistema financeiro na sua totalidade. Deste modo, reestruturações no
sistema bancário são traçadas para impedir a crise, e criar um sistema financeiro mais solído.
Exemplos são citados, muitos países passaram por estas reestruturações para evitarem o colapso
total de seus sistemas financeiros. Ao longo deste trabalho foram citados os exemplos do Brasil e
Cazaquistão, ambos um caso de sucesso mas com lições a aprender. Os efeitos em ambos casos,
embora em situações diferentes foram similares no que se refere a manutenção da solidez bancária.
No entanto, para o caso do Brasil pode-se salientar o facto de que a reestruturação não conseguiu
aumentar a oferta de crédito devido as estratégias adoptadas e no caso do Cazaquistão, a
intermediação financeira permanece por crescer principalmente porque não existiu, aquando da
reestruturação uma sequência lógica das reformas.
O sistema bancário moçambicano mediante a eclosão de uma crise bancária foi obrigado a
reestruturar-se, sendo que ao longo deste trabalho foram analisados os seus efeitos, que se
traduziram numa remodelação total do sector, visto que, de modo a permitir que o mercado
bancário moçambicano fosse mais sólido, houve uma maior abertura dos mercados, permitindo
investimentos estrangeiros e a privatização dos dois maiores bancos comerciais da altura.
16
Alexander Hamilton (1755-1804) foi o primeiro Secretário do tesouro do EUA.
No entanto, é de notar que ainda que bem sucedida para níveis nacionais, visto que trouxe
benefícios, os efeitos da reestruturação não conseguiam igualar os níveis internacionais e regionais,
situando-se ainda muito abaixo das expectativas. Também existem certos factores, que embora
tenham registado melhorias, são pontos que reprimem o funcionamento do sector no país, e se
traduzem numa fraca intermediação financeira, nomeadamente:
1. Os elevados custos de financiamento, ou seja as elevadas taxas de juro18 que impedem
que muitos projectos de investimentos sejam realizáveis;
2. A elevada concentração geográfica nas principais cidades do país, sendo que ainda quase
cerca de 80% do território nacional é desprovido de qualquer agência bancária;
3. A inexistência de um departamento próprio para gerir o risco de crédito nas instituições
financeiras, sendo que o principal meio se mantém a constituição de provisões específicas,
aumentando os custos a serem suportados pelos bancos comerciais.
Com vista a cruzar e comparar as experiências referentes ao caso do Brasil e Cazaquistão, pode-
se concluir que as condições macroeconómicas divergentes são factores que levam a resultados
também divergentes em alguns pontos.
17
Acordo de Basiléia I (o seguido por Moçambique), oficialmente denominado International Convergence of Capital
Measurement and Capital Standards, foi um acordo firmado em 1988, na cidade de Basiléia (Suíça), por iniciativa do
Comité da Basiléia e ratificado por mais de 100 países. Este acordo teve como objectivo criar exigências mínimas de
capital, que devem ser respeitadas por bancos comerciais, como precaução contra o risco de crédito.
18
A média para as taxas de juro no país é de cerca 20%.
No entanto, é de se ressaltar que a reestruturação bancária no país não foi na realidade um plano
mas sim uma necessidade mediante a possibilidade de falência dos dois maiores bancos do país, que
como o caso do Cazaquistão, eram bancos ―too big to fail‖ (nomeadamente o BCM e o Banco
Austral). Diferentemente do Cazaquistão é de ressaltar, no entanto, que o facto de o governo não ter
abraçado a reestruturação do sistema bancário, visto como falta de empenho por parte do Governo
pelo Banco Mundial, pode ser um factor explicativo da possível falência destes bancos. Segundo o
Banco Mundial os governos são muitas vezes passivos numa situação de insolvência bancária,
intervindo somente quando o problema se traduz numa iliquidez sistémica.
Pode ser notado, mediante estas experiências que tanto o Brasil como o Cazaquistão não
chegaram ao ponto de terem de efectuar um bail-out aos principais bancos por terem adoptado uma
postura pro-activa, isto é, por terem intervido antes que a situação pudesse ultrapassar as barreiras,
resultando numa liquidação dos chamados ―bancos ruins‖ e manutenção dos ―bancos bons‖. Um
factor explicativo desta situação, para o caso de Moçambique, pode ser o facto da manutenção de
quadros não especializados na gestão de riscos e bancária, bem como na liberalização financeira
com a ausência de um quadro de regulamentações bem definidos. Isto é, foi priorizado a
liberalização financeira sem ter-se no entanto um eficiente quadro de regulamentações do sistema
bancário.
Porém, em comum pode ser salientado que em todas as experiências a reestruturação bancária
parece ter resultado numa situação de concentração bancária, mediante a adopção da estratégia de
fusões e aquisições ou seja a consolidação do sistema bancário, embora os números entre estes
países sejam difíceis de serem equiparados com o caso de Moçambique.
O caso de Moçambique, embora mais uma vez seja de salientar que os números são difíceis de
equiparar, considera-se um sucesso no que se refere no crescimento da oferta de crédito
(diferentemente do Brasil).
Não obstante as divergências obtidas, e tendo em conta os factores em comum bem como os de
sucesso desta reestruturação pode considerar-se esta reestruturação bem sucedida, ao promover
melhorias a níveis nacionais no sistema bancário moçambicano, aceitando-se assim a segunda
hipótese (H1). É importante dizer, no entanto que ainda existe um grande caminho a percorrer, ou
seja, que o processo de reestruturação não chegou ao fim, uma vez que embora tenha melhorado a
solidez do sistema bancário moçambicano não foi suficiente para promover o desenvolvimento do
sistema para que pudesse atingir níveis regionais e internacionais.
5.2 Recomendações
As medidas tomadas no âmbito da reestruturação bancária, embora tenham contribuído para
aumentar a solidez do sistema bancário nacional, facilitando a entrada de novos agentes bancários e
bonificando as carteiras dos bancos comerciais, contribuindo para a redução da instabilidade dos
mercados financeiros, representam apenas um primeiro passo face ao desenvolvimento de um
sistema financeiro de acordo com as exigências do país. A abrangência, diversificação e
acessibilidade, três objectivos traçados pelo governo para o desenvolvimento do sistema financeiro,
ainda estão longe de ser alcançados, sobretudo no que diz respeito a abrangência territorial e
acessibilidade ao crédito.
A restaurada solidez do sistema bancário é o primeiro passo para promover a intermediação
financeira. As políticas e as reformas nesta área devem focalizar-se na facilitação do acesso ao
crédito, na expansão dos serviços financeiros para as zonas rurais e na redução dos custos da
intermediação financeira, o que irá proporcionar o aumento da poupança das famílias e de recursos
financeiros para o ambiente de negócios .
Entre as demais acções a serem tomadas, com vista a atingir os objectivos delimitados,
consideram-se prioritárias as seguintes:
1) Fortalecimento das normas de supervisão e contabilidade para manter a solidez de um
sistema bancário em expansão – A introdução de normas internacionalmente aceites de
contabilidade e supervisão baseada no risco, no sistema bancário moçambicano, irá
facilitar o controle e monitoração da adequação dos capitais nos períodos de forte
crescimento de crédito. Ao alargar a adopção das normas internacionalmente aceites para
o sector empresarial permitir-se-á também a redução do risco de crédito ao promover a
habilidade do sistema bancário em avaliar a qualidade das suas carteiras de empréstimos.
2) Reforço das capacidades e mobilização dos recursos humanos – um dos grandes
constrangimentos a expansão das redes bancárias para as zonas rurais, deve-se ao facto
da inexistência de quadros técnicos formados na área bancária, visto que a maioria
concentra-se nas grandes cidades do país. Deste modo, é necessário adoptar políticas de
formação e incentivos para a permanência destes nas províncias.
3) Reforço das leis e regulamentações do sistema jurídico, no que se refere ao sistema
financeiro – deverão ser criadas leis adequadas que permitam reduzir o risco de crédito.
Os bancos devem ter uma melhor capacidade de cobrança das suas carteira de crédito
moroso, o que requer o reforço das capacidades dos tribunais no que se refere a execução
de dívidas e redução do elevado número de procedimentos na resolução de disputas.
African Development Fund. ―Financial Sector Technical Assistance Project (FSTAP).‖ Appraisal
Report, 2005.
Banco De Moçambique. Relatório Anual . Relátorio Anual , Maputo: CDI - BM, 1999-2006.
CANUTO, Otaviano, e Gilberto Tadeu LIMA. ―Crises Bancárias, redes de segurança e currency
boards em economias emergentes.‖ Texto para Discussão, Setembro de 1999: 2-5.
Cavalcante, Luiz Ricardo. ―Sistema Finaceiro no Brasil: uma breve análise de sua evolução.‖
Bahia: Análise&Dados, Dezembro de 2002: 199-210.
FREITAS, Maria Cristina Penido. ―A evolução dos bancos centrais e seus Desafios no Contexto da
Globalização Financeira.‖ (Est. Economia) 2000.
LEVINE, Ross. "Finance and Growth." Theory and evidence. September 4, 2004.
LEVINE, Ross, and alli et. "Bank Supervision and Corruption in Lending." September 23, 2005.
LEVINE, Ross, and et. alli. "Regulations, Market Structure, Institutions, and the Cost of Financial
Intermediation." July 22, 2003.
LEVINE, Ross, and Gerrard Jr. CAPRIO. "Reforming Finance in Transational Socialist
Economies." Avoiding the path from the Shell Money to Shell Games. The World bank, April 1992.
LLEDÓ, Victor, Shanaka J. PEIRIS, e Eteri KVINTRADZE. Selected Issues. Country report,
Maputo: FMI, 2007.
MOLINA, Wagner de Souza Leite. ―A Reestruturação do Sistema bancário Brasileiro nos anos 90:
Menos concorrência e mais competitividade?‖ INTELLECTUS, Fevereiro de 2005.
PAULA, Luiz Fernando de, e João Adelino de FARIA. ―Reestruturação Bancária e Eficiência dos
Bancos por segmento.‖
ROSE, Peter S. Money and Capital Markets - Financial Institutions and Instruments in a Global
marketplace. New York: McGraw-Hill, 2000.
VII. Anexos