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MORTE NO ESPELHO Estou enlouquecido, travando dilogo com objetos. O duelo que ningum pode vencer.

Cinco passos, um disparo. Ele quebra e eu sumi. Em menino inda achava que meu outro igual habitava um mundo ideal. Adolescncia conturbada, olho meu clone para corrigir-me. Quando o livrava das espinhas era liberto igualmente. Quando era rejeitado, seus olhos no podiam enganarme. Tambm eramos cmplices, solitrios companheiros. Garoto do espelho, voc exatamente como eu, s tem um problema; que s eu sinto a minha dor. Guri do espelho, seu mundo igual ao meu, porm s precisa existir quando a luz est acesa. Ser que existem festas a dentro, quando ningum est te olhando? Onde encontro tantos ssias pra nos imitar? Seis milmetros de profundidade pra um mundo to completo. O tempo foi passando e agora sei quem sou. A vida se alinhando e me esqueo de voc. S pra corrigir leves faltas, cabelos desalinhados, n da gravata, barba e dentio. Mas por hoje me detive a te encarar um pouco. Como voc mudou. Nem te conheo mais. De que ser capaz? Quem eu sou? Quem voc ? No quero companhia de estranhos e tampouco posso decifrar-lhe. As sombras nos teus olhos, os abismos da tua alma. Que mundinho miservel. Espantoso. Espantoso saber que no somos mais a mesma pessoa. Alas, nunca fomos. Seu mundo foi mgico, hoje trgico. Personagem incgnita. Outro eu que bem sabemos, o mundo no conhece. Eu heri, voc vilo. Eu descente, voc no. Homem do espelho. Meu ego, eu cego. Homem do espelho, seus olhos no mentem pra mim, os meus sim. Eu que represento, enceno; e ao apagar das luzes [...] . [...] Surpresa, festa!!! Celebro a falsidade.

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