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Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizacáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoríeun)
APRESENTAQÁO
DA EDIpÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razio da
nossa esperanza a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanga e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
* visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenga católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questoes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortaleca
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abencoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.
A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaga
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
ANO XXXVI SETEMBRO 1995 400

"Para a Vida do Mundo..." (Jo 6,51)

Aparicóes e Revelacóes

As Mensagens de Vassula Ryden em questáo

"Decepcáo"

A Eucaristía nos Evangelhos e na Historia

"Trabalhemos por melhores tempos"

Sexólicos Anónimos

Quem foi Zumbi dos Palmares?


PERGUNTE E HESTONUhHbMÜS ISW

Publicacáo Mensal NMOO

Oiretor Responsável SUMARIO


Estévao Bettencourt OSB
Autor e Redator de toda a materia ■Para a Vida do Mundo..." (Jo 6,51) 385
publicada neste periódico
Na Ordem do Oía:
Aparic5e9 e Revelacóes 386
Diretor-Administrador:
D. Hildcbrando P. Martina OSB Alerta:
As Mensagens de Va3sula Ryden em
QuestSo 394
Administracáo e distribuicáo:
Edicóes "Lumen Christi"
Nao pode comungar?
Rúa Dom Gerardo, 40 - 5- andar - sala 501
'Decepcáo* 401
Tel.: (021) 291-7122
Fax (021) 263-5679 Respondendo á FOLHA UNIVERSAL:
A Eucaristía nos Evangclhos e na Historia 406
Endereco para correspondencia:
Ed. "Lumen Christi" Escrevem os Bispos da China:
"Trabalhemos por melhores tempos" 413
Caixa Postal 2666
Cep 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ
Mais um Grupo de Ajuda Mutua:
Sexólicos Anónimos 420

Impressüo e EncadernagSo No tricentenario da sua morte:


Quem foi Zumbí dos Palmares? 427

COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA


"MA RQUES SARAIVA"
GRÁFICOS E EDITORES Ltda.
Tais.: (021) 273-9498 /273-9447
NO PRÓXIMO NÚMERO:
"Os Fenómenos das Sertas Fundamentalistas" (Fl. Galindo). - "Espiritismo" (P.A.
Gramaglia). - "Em Busca de Sentido" (Viktor Frankl). - "Vocé pode curar sua Vida"
(L. Hay). -A TFP faz observacóes.

(PARA RENOVACAO OU NOVA ASSINATURA: R$ 20,00).


(NÚMERO AVULSO R$ 2,20).

—O pagamento poderá ser á sua escolha:-


1. Enviar EM CARTA cheque nominal ao Mosteiro de Sao Benti do Rio de Janeiro, cruzado, ano
tando no verso: 'VÁLIDO SOMENTE PARA DEPÓSITO NA CONTA DO FAVORECIDO* e,
onde consta "Cód. da Ag. eoN'da C\C, anotar: 0229 -02011469-5.

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Sendo novo Assinante, é favor enviar carta com nome e endereco legíveis.
Sendo renovacao, anotar no VP nome e endereco em que está recebendo a Revista.
"PARA A VIDA DO MUNDO..." (Jo 6,51)

A Igreja na América Latina foi impresionada em julho pp. pelo Congresso


Missionário Internacional de Belo Horizonte. Lembrou, entre outras coisas, a
permanencia do dever missionário que toca a todo fiel católico num mundo que
ainda desconhece Jesús Cristo em larga escala. Os debates suscitaram a
questáo: como concebera salvado daqueles que ignoram Jesús Cristo ou n§o
Lhe aderem?

Em 1964 o Concilio do Vaticano II respondeu a tal quesito, explicitando o


queja estava na consciéncia da Igreja:

"O Salvador quer que todos os homens se salvem (cf. 1Tm 2,4). Por
conseguirte, aqueles que, sem culpa, ignoram o Evangelho de Jesús Cristo e
sua Igreja, mas buscam a Deus com coragSo sincero e tentam, sob o infíuxo
da graga, cumprír por obras a sua vontade conhecida através do ditame da
consciéncia, podem conseguir a salvagSo eterna. A Providencia Divina nño
negra os auxilios necessáríos á salvagSo aqueles que, sem culpa, ainda nSo
chegaram ao conhecimento expresso de Deus, e se esforgam, nSo sem a
divina graga, por levar urna vida reta" (Const. Lumen Gentium n° 16).

Este belo texto comeca lembrando que Deus quer a salvacáo de todos
indistintamente.>ara tanto, dá a alguns o conhecimento do Evangelho e dos
sacramentos, que santificam - o que acarreta grande responsabilidade. A ou-
tros faz-se presente de outros modos, ou seja, mediante a cosmovisáo que
cada um professa. Se os náo-católicos tém a consciéncia reta e candida, pro-
fessando sem hesitacáo o que professam, como sendo a verdade, e se procu-
ram viverde acordó, estáo seguindo a voz de Deus. Se o Senhor nao Ihes revela
o Evangelho, nao os julgará segundo os criterios do Evangelho, mas, sim, con
forme a fidelidade de cada qual aos ditames da sua consciéncia sincera. Note
mos que o texto conciliar insiste muito sobre dois pontos: 1) "ignoram sem
culpa própria...", o que querdizer: sem fugir á verdade, sem opor obstáculo
ao Evangelho, e 2) "levam urna vida reta, procurando pórem prática o Credo
que julgam verídico", ou seja, sacrif¡cando-se por ser fiéis á voz da consciéncia
reta, que, em última análise, é a voz de Deus.

A grande incógnita que fica, é a existencia de boa fé ou sinceridade no


coracáo humano. Só Deus pode sondaras consciéncias e saber até que ponto
alguém professa o erro sem culpa própria. O Senhor, porém, age em cada um,
chamando-o a ser salvo por Cristo e a Igreja, embora ignorem o Cristo e sua
Igreja e a Igreja os ignore. "O Espirito Santo oferece a todos a possibilidade de
se associarem ao misterio de Páscoa, de modocoriíü^ofvr Deui s só" (Const.
GaudiumetSpes n°22). bibliotec*

7AU
c e. n t

_ Í9r
_ t E.B.

385
PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Ano XXXVI - N° 400 - Setembro de 1995

Na Ordem do Día:

APARigÓES E REVELAQÓES

Em síntese: A Igreja acredita na possibilidade de apangues e revelagóes


particulares, pois estas ocorreram desde os tempos bíblicos (a SSo Paulo, a
SSo Pedro, a Sto. EstévSo...) através dos séculos até nossos tempos. Toda
vía, como MSe e Mestra, a Igreja é prudente e nSo se precipita nojulgamento
dos fenómenos. Manda examiná-los por peritos; em alguns casos, o laudo dal
resultante é negativo (pois se verífíca doenga mental ou algum fatorde ordem
moral incompatível com urna intervencáo do céu); em outras ocasióes, o laudo
pode ser favorável ao culto da Virgem SS. como decorre dos fenómenos avali-
ados (sSo os casos de Lourdes e Fátima); em outras situagdes ainda, nSo
aparece por que condenar os fenómenos, como também n&o há por que Ihes
dar abono (ainda que indireto); em tais circunstancias, a Igreja nSo interíere
ñas demonstragóes de piedade oconrentes nos lugares das supostas apan
gues, tendo em vista o aspecto pastoral ou os beneficios espirituais e físicos
que resultam das peregrinagdes e celebragóes ligadas a esses lugares.

Como querque seja, o bom senso lembra que vivemos numa época de
críse e desánimo, em que grande parte das populagóes é propensa a imaginar
solugóes extraordinarias e fenómenos raros, visto que os recursos convencio-
nais do saber humano nSo resolvem os problemas da humanidade contempo
ránea. É de notar também que urna auténtica aparígño nño poderá senSo con
firmaras verdades do Evangelho; profecías muito minuciosas sSo suspeitas de
inautenticidade. O que fica sempre, é a mensagem: oragño e penitencia, como
resultado de urna genuína aparígSo.

Tém-se multiplicado, no Brasil e no estrangeiro, fenómenos de apandes


atribuidas á Virgem SS.. As opinioesse acham divididas a respeito, pois, ao
lado dos que créem fácilmente numa intervencáo do céu, há aqueles que recu-
386
APARICÓES E REVEtACÚES

sam ceticamente dar-lhes crédito. Em muitos casos perguntam o que a Igreja


pensa a respeito deste ou daquele caso ou no tocante ás aparicSes em geral.

Vamos, pois, ñas páginas subseqüentes, apresentar as linhas-mestras


da doutrína e da atrtude da Igreja frente ao fenómeno "AparícSes", valendo-nos
especialmente do opúsculo da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil
intitulado "AparícSes e Revelares Particulares" (Colecáo "Subsidios Doutrinais
da CNBB" n° 1).

Comecemos pordescrever mais detidamente o problema.

1.OSFATOS

Desdé o século XVI tem-se notado, com malor freqüéncia do que antes o
fenómeno "aparicoes". Assim em 1531 em Guadalupe a Virgem SS terá apa
recido ao indio Juan Diego; em 1858 em Lourdes (Franca) a Sta. Bernadete
Soubirous; em 1917 em Fatima (Portugal) a tres pequeños pastores. No Brasil
a partir de 1960 registram-se os casos seguintes:

1.1960 em diante: em Erechim, Rio Grande do Sul, Nossa Senhora da


Santa Cruz se estaría manifestando a Dona Dorotéia.

2.1967-1977: Nossa Senhora da Natividade tena aparecido ao Dr. Fausto


Faria, em Natividade, Rio de Janeiro.

3.1975 em diante: a imagem de Nossa Senhora do Senhor Modo estaría


sangrando e transmitindo mensagens a Dona Herminia Moráis de Souza em
Itú, S3o Paulo.

4.1987-1988: Alfredo Moreira teña visto Nossa Senhora da Obediencia e


déla recebido mensagens, em Congonhal, Minas Gerais.

5.1988: um grupo de críancas estaría vendo Nossa Senhora e recebendo


déla mensagens, em Taquari, Rio Grande do Sul.

6. Após 1988 até nossos dias numerosos sao os casos que vio sendo
registrados.

Além desses, citam-se no Brasil muitos outros relatos de fatos extraordi


narios, como o de Dona Edelmira de Paiva Nunes: o forro de sua casa desabou,
deixando intacta a imagem de Nossa Senhora; varios romeiros teriam visto a
imagem de Nossa Senhora da Penha lacrimejar, no Rio, 1984; a Igreja de
Nossa Senhora, Rosa Mfstica, em Juiz de Fora, tería vertido agua; o altar de

387
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

Nossa Senhora, Rosa Mística, em Jacarezinho, no Paraná, também teria verti


do agua, em 1987; o mesmo teria acontecido em Oliveira Fortes, Minas Gerais,
com tres quaresmeiras. Fora do Brasil, um elenco de aparicdes no sáculo XX
encontra-se em PR 390/1994, pp. 508-510.

Vejamos o que pensar a respeito.

2.QUEDIZER?

2.1. Atitude da Igreja

A Igreja eré na possibilidade de aparicdes do Senhor e de seus Santos,


pois a própria Escritura atesta a ocorréncia de auténticas aparicSes. Assim
Sao Paulo, na estrada para Damasco, foi ¡mpressionado por urna visáo do
Senhor, que o chamava á conversao (cf. At 9,3-9); Sao Pedro teve urna visSo
antes de ir á casa do centuriSo Comélio (cf. At 10,9-11); S. Estéváo, antes de
morrer, viu a gloria de Deus e Jesús á direita do Pai (cf. At 7,55s). - Todavía,
antes de se pronunciar a respeito de alguma aparicáo, a Igreja é cautelosa;
manda examinar cada caso criteriosamente, pois sabe que muitas vezes os
fiéis, com toda a boa fé. podem imaginar estar vendo e ouvindo o que nSo passa
de projeedes de sua fantasía.

O exame de determinado caso pode chegar a urna das tres seguintes


conclusóes:

1) O laudo é negativo, pois se verifica que, da parte dos(as) videntes, há


debilidade mental, fantasía exuberante, desonestidade, charlatanismo... Tal foi
o caso das visóes de Garabandal (Espanha). A Igreja também se pronunciou
negativamente sobre as "revelagoes" do Senhor a Sta. Brígida.

2) O laudo registra frutos positivos no plano espiritual e físico (conversóes,


afervoramento, curas de doencas e outros beneficios...), ao passo que nada
desabona a saúde mental e a honestidade de vida dos(as) videntes. Em tais
casos, a Igreja nao somente permite, mas favorece o culto ao Senhor ou ao(á)
Santo(a) que se julga ter aparecido. Daí o culto a Nossa Senhora de La Salette,
a Nossa Senhora de Lourdes, de Fátima..., havendo a festa respectiva no ca
lendario litúrgico da Igreja. Note-se bem: embora a Igreja favorega o culto a
Nossa Senhora em tal ou tal lugar, ela nunca diz, nem dirá, que a Virgem SS.
apareceu; o fenómeno "aparicáo" nao pode serdefinido pela Igreja como venda-
de de fé. A revelacáo pública e de fé divina está encerrada com a geracáo dos
Apostólos; nenhum artigo pode ser acrescentado ao Credo. Assim escreve o
Concilio do Vaticano II em sua Constituicáo Dei Verbum n° 4:
388
APARICÓES E REVELACÓES
"A dispensagSo da graga crista", como alianga nova e definitiva, jamáis
passará, e já nao há que esperar alguma nova revelagño pública antes da
gloriosa manifestagSo de Nosso Senhor Jesús Cristo (cf. 1Tm 6 14 e Tt 2
13)".

Por conseguinte, fica a criterio dos fiéis julgar as razdes pro e contra a
autenticidade de cada "aparicáo" nao condenada pela Igreja e dai tirar a conclu-
sáo que mais lógica Ihes pareca; é-lhes lícito crer ou nao crer ñas aparícoes em
foco.

O Papa Bento XIV (1740-1758) publicou as seguintes observacóes a res-


peito dos fenómenos extraordinarios:

"A aprovagáo (de apangues) nño é mais do que a permissáo de as publi


car, para instrugSo e utilidade dos fiéis, depois de maduro exame. Pois estas
revelagdes assim aprovadas, ainda que nSo se Ihes dé nem possa dar um
assentimento de fé católica, devem contudo ser recebidas com fé humana
segundo as normas da prudencia, que fazem de tais revelagóes objeto prová-
vel e piedosamente aceitável" (De Servorum Dei Beatificatione //, c. 32,11).

O mesmo foidito porum Concilio Provincial de Malines (Bélgica) em 1938:

"Ojulgamento da Igreja nSo apresenta de modo nenhum essas coisas


como obrigatórias para a fé do povo. Declara apenas que e/as n&o estSo em
ponto algum em oposigSo afee aos bons costumes, e que nelas encontramos
bons indicios que permitem urna adesSo piedosa e prudente da fé humana"
(Acta et Decreta Concili Provincialis Mechlinensis Quinti. Malines 1938, p.
6).

Com outraspalavras: BentoXIVquerdizerquead¡ta"aprovac3o"da Igreja


n3o é sen§o urna permissSo; atesta que os fenómenos alegados nao estáo em
desacordó com a fé, os costumes e a missáo da Igreja. Nao pedem adesüo de
fé divina ou católica', mas podem suscitar fé humana, fundamentada no tes-
temunho fidedigno dos videntes ou na experiencia pessoal (conversáo á fé,
afervoramento...) de quem aceita esse testemunho.

3) Pode também a Igreja abster-se, de modo geral, de qualquer pronunci-


amento a respeito dos fenómenos e do culto prestado em decorréncia dos
mesmos. É o que acontece na maioria dos casos: nao há motivos para conde
nar os fenómenos relatados; nem a saúde mental dos(as) videntes dá lugar a
suspeitas nem as mensagens apresentadas por eles contém alguma heresia
ou erro na fé. A Igreja considera os frutos pastorais que decorrem de tais men
sagens: muitos fiéis se beneficiam peregrinando a tal ou tal lugar ou santuario;

1 A fé divina e católica ó a fé que há de ser prestada a Deus por todos os fiéis.


389
"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

ai se convertem, recuperam ou adquirem o hábito da prática sacramental, da


oracáo... Em consideracáo desses frutos, a Igreja deixa que a piedade se
desenvolva até haver razSes de ordem doutrinária ou moral que exijam algum
pronunciamento.

Essa atitude da Igreja, que n3o aprova nem reprova (por falta de razOes
objetivas para tanto), mas que permite o culto no local das ditas aparicñes, é
apregoada por mais de um documento da Santa Sé. Assim, por exemplo, es-
crevia Pió IX aos 2/5/1877:

"Essas aparigóes ou revelagOes nSo foram aprovadas nem condenadas


pela Santa Sé. Foram apenas aceitas como merecedoras de piedosa crenga,
com fé puramente humana, em vista da tradigSo de que gozam, também con-
fírmada portestemunhas e documentos idóneos" (citado na encíclica Pascendi
n°S7, do Papa Pió X).

Quando nao incorrem em erro no tocante á fé ou á Moral, os fenómenos


extraordinarios tém alto potencial evangelizador, que merece respeito e n§o
pode ser deixado de lado. Aos pastores compete, de um lado, confirmar os
irmaos na fé, e, de outro lado, ajudar os fiéis a superar a demasiada credulida-
de, para que esta nao venha a serum fator de descrédito da própría mensagem
crista.

Em conseqüéncia verifica-se que, enquanto a Igreja nSo se pronuncia em


contrario, fica a criterio de cada fiel optar pelo S!m ou pelo Nao diante de um
fenómeno maravilhoso. Nao há porque acusarem uns aos outrosde credulida-
de va ou de incredulidade. Seja respeitada a liberdade de opcáo de cada um.

Todavía os teólogos propSem elementos que os fiéis devem levar em con


sideracáo para formar a sua consciéncia frente ao fenómeno contemporáneo
das aparicóes.

2. 2. Sabias Ponderacdes

Verifica-se que varias das mensagens atribuidas a Nossa Senhora em


nossos días sao marcadas por forte pessimismo. Descrevem a situacáo do
mundo atual em termos apocalípticos: o demonio estaña soltó, a corrupcáo
generalizada, os castigos de Oeus seriam iminentes, implicando catástrofes
de ámbito mundial, condenacáo dos pecadores e salvacáo para os justos. S3o
indicadas as datas dos flagelos, a sua duragáo, os meios de Ihes escapar e
outros pormenores estarrecedores... Sobre este paño de fundo pedem-se ora
cáo e penitencia. Este pedido final é excelente, embora as práticas indicadas
nem sempre parecam as mais condizentes com a Tradicáo crista. Todavía o
teor pessimista da mensagem e as profecías respectivas, assim como a multi-

390
APARICÓES E REVELAC6ES

plicacáo de casos ditos de aparipáo, levam os teólogos e pensadores a propor


algumas pondera cóes:

1) O mundo está vivendo urna situacáo de crise generalizada: fala-se de


fim de urna era ou de urna civilizacáo - o que suscita em muitas pessoas urna
forte sensacáo de inseguranca e medo. Tem-se a Impressflo de que os valores
clássicos fracassaram, os recursos tradicionais da economia, da política, da
sociología, da pedagogía... estilo gastos; muitos esperam espontáneamente
urna solucáo milagrosa proveniente de fontes nao convencionais ("só Deus dá
um jeito", diz-se popularmente).

2) O pessimismo e o desespero de muitos abrem o caminho para se crer


no surto de novos Messias e messianismos, que prometem dias melhores,
despertando esperanca (aínda que pouco ou nada fundamentada). As mensa-
gens alvissareiras, quanto mais exuberantes e radicáis sao, encontram tanto
mais fácilmente campo propicio para se propagarem.

3) O Brasil é muito sacudido porcorrentes que dizem recebercomunica-


coes do além: alto e baixo espiritismo, religiSes afro-brasileiras, ufologia de
varias modalidades, Valedo Amanhecer, Trigueirinho... Osmeiosde comunica-
cáo social exploram o que nessas mensagens naja de fantasioso e sensacio-
nalista, ampliando enormemente os efeitos da crenca nessas mensagens exó
ticas.

4) Muitas pessoas se deixam levar pelo sentimentalismo e as emocSes


mais do que pelo raciocinio e a lógica no tocante á religiáo. O antiintelectualismo,
suscitado pelo existencialismo, penetrou na religiosidade de numerosos cren-
tes, de modo que poucos pensam em pedir as credenciais ou os motivos de
credibilidade das proposigoes "místicas" que Ihes sao oferecidas. Pode-se até
dizerque, em muitos casos, quanto mais fantasiosa é urna proposicáo, mais
ela chama a atencáo e desperta curiosidade e interesse crédulos. Alias, já
diziam os antigos romanos: "Vulgus vult decipi. -A massa quer ser engaña
da", o que significa que a verdade nua e crua tem menos poder de atracáo do
que a mentira fantasiosa e colorida.

5) Em virtude dessa indisposicáo para usar o raciocinio no tocante á reli


giáo, muita gente quer ser dirigida; espera umguru ou um líder privilegiado que
Ihe dite autoritariamente o que deve fazer. Assim há quem queira ser comanda
do, porque nao sabe mais como se autoorientar na sociedade confusa em que
vive. Isto constituí auténtico paradoxo em relacáo aos anseios de independen
cia que caracterizam grande parte dos homens e mulheres de hoje.

Sao estes alguns fatores que marcam a nossa época e podem estar pro
piciando, de um lado, o surto de muitas mensagens falsamente proféticas,
terrificantes urnas, alvissareiras outras, e, de outro lado, a rápida e estranha
391
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/199S

difusáo das mesmas. Consciente disto, a Igreja usa sempre de grande cautela
desde que se propague a noticia de algum fenómeno extraordinario. Examine
mos mais precisamente quais as normas ditadas por essa prudencia.

3. PRUDENCIA

Eis alguns traeos que modelam a prudencia da Igreja:

1) A Igreja, de um lado, se senté responsável pela conservacáo incólume


da doutrina da fé, de acordó com o mandato de Jesús Cristo (cf. Mt 16,16-19;
Le 22,31 s; Mt 28,18-20). Doutro lado, ela sabe que o Espirito Santo pode falar
por vias extraordinarias, de tal modo que nao Ihe é licito extinguir o Espirito,
como diz S3o Paulo em 1Ts 5,19s.

2) O extraordinario deve ficar sendo sempre extraordinario. Nao é a via


normal pela qual Deus guia os seus filhos; o normal é a via da fé..., fé que se
distingue de crendice, pois a fé supSe credenciais ou motivos para crer; a fé
nao diz Sim a qualquer noticia de portento, mas pergunta: porque deveria eu
crer? Qual a autoridade de quem me transmite a noticia? Em que se baseia?
Como fala?

3) Disto se segué que

a) aparicóes e revelacóes nao devem ser presumidas nem admitidas em


primeira instancia num juizo precipitado. Os fenómenos alegados háo de ser
comprovados ou criteriosamente credenciados;

b) diante de um fenómeno tido como extraordinario, procurem-se, antes


do mais, as explicacóes ordinarias ou naturais (físicas, psicológicas ou
parapsicológicas);

c) é preciso levar em conta a fragilidade humana, sujeita a engaño, aluci-


nacóes, sugestóes coletivas... Fácilmente quem conta um fato acrescenta-lhe
ou subtrai-lhe um traco que pode terimportancia; em conseqüéncia um aconte
cí mentó explicável por vias naturais pode tornar-se, na boca dos narradores,
um fenómeno altamente portentoso. Daí o senso crítico, que deve comecar por
investigar aquilo de que realmente se trata, para depois procurar a explicacáo
adequada. Leve-se em conta especialmente a tendencia dos meiosde comuni-
cacáo social a provocar artificiosamente as emocóes e o sensacionalismo,
sem compromisso serio com a verdade.

4) Toda auténtica aparicáo há de ser coerente com as linhas e o espirito


do Evangelho. Deve confirmar o que este ensina. Poristo

392
APARIQÓES E REVELAQÓES

a) as muitas minucias (quanto a datas, local, duragáo e tipo dos fenóme


nos preditos) merecem reservas, pois nao sao habituáis na linguagem da Escri
tura Sagrada. O Senhor Jesús mesmo recusou-se, mais de urna vez, a revelar
a data da sua segunda vinda e do fim dos tempos; cf. Me 13,32; At 1,7;

b) o que certamente se pode e deve depreenderde toda genuína mensa-


gem do céu, é a exortacSo á oragáo e á penitencia; La Salette, Lourdes e
Fátima clamam altamente portáis atitudes a ser assumidas pelos fiéis católi
cos. Dizia o Papa Joáo XXIII, em sua Rádio-mensagem comemorativa do cente
nario de Lourdes, que os dons extraordinarios sao concedidos aos fiéis "nSo
para propordoutrínas novas, mas para guiara nossa conduta" (18/2/1959).

Em conclusáo podem-se citar as palavras de D. Boaventura Kloppenburg:

"A/So devemos ter receto de faltar á reverencia, ao respeito ou á piedade


quando submetemos os fatos maravilhosos a urna crítica severa. A atitude
oficial da Igreja sempre foi extremamente exigente e crítica nestas coisas. E as
possfveis causas de engaño provam a necessidade de sermos prudentes, cau
telosos e reservados. Um verdadeiro milagre e urna auténtica aparígSo nada
tém a temer. Sería, pelo contrarío, mau sinal se nSo quisessem submeter-se
de bom grado, paciente e honradamente, a um simples exame critico. Os gran
des místicos da Igreja nSo só nSo se negaram a tal exame, mas exigiram-no.
Leia-se o que escreveram, por exemplo, SSo JoSo da Cruz e Santa Teresa de
Ávila" (O Espiritismo no Brasil, Petrópolis 1960, p. 168).

(ContinuagSo da p. 432)

Varias vezes os portugueses ofereceram-lhe a paz. Zumbí, nao a queren-


do condicional, recusava ou nao respondía as ofertas.

O Quilombo dos Palmares ganhava dimensáo semelhante á que teriam as


redueñes negras ñas Antilhas. Na Jamaica, por exemplo, formou-se verdadeira
civilizacáo negra ñas montanhas. só dominada por torgas inglesas do porte das
que eram utilizadas nos combates do continente europeu.

Lisboa procurava muitas vezes o apaziguamento, que nao era bem visto
pelos colonizadores da Bahia, sobretudo pelos senhores de engenho. Recebe-
ram o inesperado estímulo de Vieira que, contrariando a tendencia do clero,
sugería urna política de forca, que evitasse a formac3o de um enclave que
viesse a comprometer a unidade nacional. A hábil política de Zumbí, sempre
procurando ganhartempo, comecava a nao dar resultados. Armavam-se expe-
dic5es, já agora com ordens de nao negociar com os negros dos quilombos.
(Continua na p. 400)

393
Alerta:

AS MENSAGENS DE
VASSULA RYDEN EM QUESTÁO

Em síntese: Vassula Ryden é urna crista ortodoxa, nSo católica, nascida


em 1942 no Egito. Casou-se em 1966 com um crístSo luterano, do qual se
divorciou em 1980, para casarse com outro cristSo luterano em 1981 primeira-
mente no foro civil apenas, em 1990 também no foro religioso da ComunhSo
Ortodoxa (nño católica). Viajou por varios países da Europa, da Asia, da África
e da América, levando vida mundana como pintora, manequim, campen de
tenis. Desde 1955 nunca freqüentou a igreja a nño ser por motivos sociais
(casamentos, funerais...). Finalmente em 1985 foi tocada por seu anjo-da-guar-
da, que Irte fez verseus pecados como motivo de profundo arrependimento.
Tres meses depois, ou seja, em fevereiro de 1986, Vassula comegou a ouvir
Jesús em seu íntimo, ao mesmo tempo que Jesús movía sua mño para escre-
ver o que Ele dizia. As mensagens assim captadas preenchem seis volumes
impressos.

Publicamos, a seguir, após breve esbogo biográfico de Vassula, urna


DeclaragSo do Sr. Bispo de Sion (Sitien), na Sufga, que faz serias restrigdes
ás mensagens dessa senhora.

1. QUEM E VASSULA RYDEN?

Eis o que se pode extrair dos dados biográficos contidos nos volumes em
pauta.

Vassula nasceu no Egito, de pais gregos, no dia 18/01/1942. Casou-se


em novembro de 1966 na igreja ortodoxa' de Lausanne (Suíca) com um sueco
luterano, do qual se divorciou em 26/11/1980. Em 1981 voltou a casar-se, so-
mente no foro civil (desta vez), com o sueco Per Ryden, também ele luterano.

Vassula, nao sendo religiosa convicta, ¡gnorava o Credo; acreditava since


ramente estar legítimamente casada em segundas nupcias. Eis, porém, que
se converteu á vida de fé convicta em 1985; foi entilo que comecou a se inqui
etar pelo fato de nao se ter casado no foro religioso. A conselho de um sacerdo-

11greja Ortodoxa é a Comunháo de fiéis que se separou de Roma em 1054. Conser


va muitos pontos comuns com o Catolicismo, mas admite o divorcio e segundas
nupcias.

394
MENSAGENS DE VASSULA RYDEN 11

te católico, do qual era dirigida, realizou o seu segundo casamento na igreja


ortodoxa de Lausanne aos 31/10/1990. Vassula permanece ortodoxa, nSo ca
tólica, como ela mesma afirma:

"Eu, ortodoxa, vivo a uniSo. Eu serei sempre ortodoxa, porque o batismo é


válido. Tudo aquilo em que nos acreditamos é valido. Porconseguinte, nSo há
raz&o alguma para que me tome católica; creio que iría desagradar a Jesús o
mudarpormudar. O que Ele queré a uniSopelo coragSo. A nova Igreja que Ele
quer unida é unida pelo coragáo. No domingo vou á igreja ortodoxa de rito
bizantino, e nos outros dias vou ás igrejas católicas. NSo me sinto diferencia
da; adoro o mesmo Jesús Cristo. Jesús guia-me ejamáis pos objegño alguma
á minha forma de proceder.

Jó vos interrogastes, pon/entura, sobre o motivo pelo qual Jesús nSo se


serviu de urna católica para revelar urna tal Mensagem, e justamente quando
Ele mesmo se apresenta como sendo o Sagrado CoragSo? Ora, porque se quis
servir de urna ortodoxa, que nada conhece, Ele mesmo a forma como deseja,
em terminología católica. É precisamente para demonstrar que nSo há diferen-
ga alguma.

Sim, a uniSo far-se-á pelo coragSo. Nossa Senhora disse-o também em


Medjugorje. E recentemente vottei a encontrar-me com Mima de Soufanich;
ficamos espantadas ao verificar a que ponto as mensagens que recebemos de
parte a parte sSo idénticas" (vol. 1, 138s).

Estas declaracSes sao altamente significativas e comprometedoras em


sentido negativo. A profissáo de fé dos ortodoxos difere da dos católicos.

Após o seu primeiro casamento, Vassula viajou com o marido (que era
funcionario da FAO) por alguns continentes: passou dezesseis anos na África
(Serra Leoa, Etiopia, Sudáo, Mocambique, Lesotho), esteve na Asia (Bangladesh)
alguns anos, além de ter domicilios provisorios na Europa e na América do
Norte. Tem dois filhos: Jan e Fabiano, de 20 e 15 anos respectivamente, sendo
o segundo colaborador de sua m9e e defensor ñas dificuldades.

Durante muito tempo, Vassula foi urna pessoa mundana: manequim na


capital de Bangladesh, pintora rodeada de amigos e admiradores, bem sucedi
da como campe§ de tenis - coisas que ela agora tem como ultrapassadas. Por
trinta anos (1955-1985) n§o freqüentava a igreja, a n§o ser em cerimónias de
casamento ou funerais; atualmente, Vassula quer viver exclusivamente para
Cristo, que a chama á sua intimidade.

Na infancia, Vassula teve dois sonhos que muito a impressionaram:

Aos dez anos de idade sentiu no sonó urna chamada de Cristo, que com

395
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995
forga irresistível a atraía a si. No ano seguinte, aos onze anos, viu, em sonho, o
seu matrimonio espiritual com Jesús. Nossa Senhora a esperava, de bracos
abertos, e tinha-lhe preparado o vestido e otoucado para o casamento; estava
presente María Madalena. De tal modo ficou impressionada por este último
sonho que dele falou á sua máe; contudo, a sua vida nlo se modificou. Atual-
mente, ossonhosde infancia já esquecidostomaram-se realidade viva, á guisa
de promessa realizada, segundo afirma Vassula.

No mes de novembro de 1985, em Bangladesh, deu-se a conversa o: o seu


anjo da guarda comunicou-lhe mensagens que ela escrevia com a própria máo,
"movida por forga irresistível"; o anjo se identificou como sendo Daniel e moveu
a máo de Vassula para fazer um desenho que o representava. Daniel fez ver á
senhora mundana os seus pecados, que Ihe pareciam um nada, e que passa-
ram a ter importancia colossal para ela; comecou a repudiá-los. Após tres
meses de aprendizado com o anjo, Vassula foi visitada por Jesús, que passou
a Ihe moverá máo, revelando-lhe suas mensagens por meio de Iocug5es inter
nas. A caligrafía de Vassula, quando escreve sobditado, é grande e bem dife
rente da sua grafía habitual, que é miúda. A linguagem das revelacoes é o
inglés.

2. AS MENSAGENS

As mensagens que Vassula Ryden diz transmitir em nome de Jesús, tém


provocado perplexidade e interrogacSes: Merecem crédito? Será que o Senhor
está realmente falando mediante tal emissária? - Há teólogos propensos a
responder que Sim e dar apoio á obra de V. Ryden. Todavía também há vozes
abalizadas que se levantam e merecem atencáo, pois sao vozes de prelados
da Igreja inspirados por genuína fé e grande zelo pastoral.

A propósito segue-se urna declaracao de Mons. Henri Schwery, Bispo da


diocese de Sion (Sitten) na Suíca1 relativa a Vassula Ryden. Como dito, a
vidente tem vivido na Suíca, de modo que o Sr. Bispo escreve com bom conhe-
cimento de causa e profundo senso teológico, propondo serías restrigdes aos
dizeres e á obra de Vassula. - Para efeito de documentacáo, transcrevemos o
texto no seu original francés e em tradugáo portuguesa.

2.1. Original francés

EVÉCHÉ DE SION BISCHOFLICHES ORDINARIAT SITTEN


RuedelaTour15,C.P.20681950Sion2Tél.:037 231818
Concerne: Vassula Ryden

1 Sion ("Sitten, em alemao. Sedun. em latim) é urna cidade da Suiga bilingüe


(francofónica e germano fónica). Em 377 essa cidade já era crista; o Bispado respec
tivo data do sáculo IV, com o nome de Sedunensis em latim.

396
MENSAGENS DE VASSULA RYDEN 13

Memento en vue d'un comportement de paidence pastorale.

1. V. Ryden n'est pas catholique, et ses initiatives ne relévent pas d'une


¡nstance oecuménique officielle de dialogue.

Or, pour soutenir au mieux les initiatives oecuméniques en vue de faire


croítre l'unité des chrétiens, il faut absolument éviter les initiatives particuliéres,
qui ne seraient pas agréées soit par leurs propres Eglises, soit par les
Commissionsde Dialogue de la Conférence des Evéques.

2. Le comportement "oecuménique" de V. Ryden est trop ambigú. Or,


dans et malgré les difficultés et les esperances de l'oecuménisme, toutes les
Confessions partenaires au dialogue veulent loyalement affirmer ce qu'elles
confessent. La confusión ne fera pas avancerl'unité. Pour le moment chaqué
chrétien est forcément membre d'une Eglise bien déterminée.

3. V. Ryden tire une part de son succés du fait de révélations privées


recues directement de N. S. Jésus-Christ.

II faut mettre en gande les fidéles contre plusieurs dangers qui s'ensuivent:

3.1. Les révélations privées, recues sans discernement par d'autres


destinataires, compromettent séríeusement auprés de ceux-ci la crédibilité de
l'Eglise. Elles risquent de faire accréditer (et souvent prívilégier) la preséance
de telles révélations sur l'enseignement de l'Eglise.

3.2. Les révélations privées sont á considérer comme non avenues (par les
autres fidéles) tant que I' Eglise ne les a pas officiellement reconnues comme
non contraires á la foi.

3.3. Les analyses théologiques actuelles du contenu des messages de V.


Ryden ne permettent pas á l'évéque d'en autoriser l'usage dans son diocése ni
comme support de priére ni comme base d'étude et de reflexión communautaire.

Sion, le 1er septembre 1991


t Henri Schwery
Evéque de Sion

2.2. Traducáo brasileira

Bispado de Sion

Assunto: Vassula Ryden

Nota em vista de um comportamento de prudencia pastoral

397
14 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

1. V. Ryden nao é católica e suas iniciativas nao fazem parte de urna


instancia ecuménica oficial de diálogo.

Ora, para apoiarda melhorforma as iniciativas ecuménicas a fim defazer


crescer a unidade dos cristáos, é absolutamente necessário evitar as iniciati
vas particulares que nao sejam aprovadasquer porsuas próprias Igrejas, quer
pelas Comissóes de Diálogo da Conferencia dos Bispos.

2.0 comportamento ecuménico de V. Ryden é demasiado ambfguo. Ora,


dentro do ecumenismo, e nao obstante as suas dificuldades e esperanzas,
todas as Confissñes religiosas partidarias do diálogo desejam lealmente afir
mar aquilo que elas confessam. A confusáo nao fará avancar a unidade. Por
enquanto, cada cristáo é forzosamente membrode urna Igreja bem definida.

3. V. Ryden retira urna parte do seu éxito da ocorréncia de revelagOes


particulares recebidasdiretamentede N. S. Jesús Cristo. É necessário acaute-
lar os fiéis contra os diversos perigos que disto se seguem:

3.1. Revelagóes particulares, aceitas sem discemimento por parte daque-


les que as recebem, comprometem seriamente a credibilidade da Igreja. Elas
podem credenciar (e freqüentemente privilegiar) tais revelares ácima do
ensina mentó da Igreja.

3.2. As revelacóes particulares devem ser consideradas como nulas (pe


los outros fiéis) até que a Igreja as reconheca oficialmente como n3o contrarias
áfé.
3.3. As análises teológicas atuais do conteúdo das mensagens de V.
Ryden nSo permitem ao Bispo autorizara sua utilizacáo em sua diocese, nem
como apoio de oracáo, nem como base de estudo e de reflexSo comunitaria.

Sion, 1 ° de setembro de 1991


t Henri Schwery
Bispo de Sion

3. COMENTANDO...

1. Em suma, o Sr. Bispo lembra que a figura de Vassula Ryden é ambi


gua. Membro de urna comunidade eclesial ortodoxa, separada da Igreja Católi
ca, afirma que Jesús nao deseja que se tome católica. Nao obstante, comunga
na Igreja Católica e na Comunháo Anglicana; propaga devocóes católicas - o
que a torna indefinida do ponto de vista religioso. Ora urna das normas do
diálogo ecuménico (entre católicos, protestantes e ortodoxos) é que os partici
pantes do diálogo professem clara e sinceramente a sua fé; pela proposicáo
398
MENSAGENS DE VASSULA RYDEN 15

nítida dos diversos pontos de vista em materia de fé e de Moral é que se pode


chegar a veros temas comuns (que unem) e a inconsistencia dos pontos que
dividem os cristáos entre si. Vassula faz um ecleticismo cristáo, que a toma
indefinida e desligada de qualquer confissáo religiosa e de qualquer obediencia
eclesial. Nao é este o caminho do ecumenismo; nao é assim que se pode
atingirá unidade dos cristáos muito apregoada por Vassula.

2. As revelacflesque Vassula Ryden diz receberde Jesús, contém afirma-


c5es pouco condizentes com a genuína fé. Eis alguns de seus tragos contes-
táveis:

-oconceitode Ecumenismo. Vassula reconhece, sim, o primado de Pedro


mas ratartmza a nocáo de Igreja, a tal ponto que conscientenTente profesé
JTSETh!"1 COmUnh§°
so. sao ambiguos °rt°d0Xa-Sem
os dizeres «ue Jesus
abaixo, atribuidos a ce"sure por causa aS
a Jesus:

"Costaría de me servir de algumas linhas que Nossa Senhora me ditou E


Jesús d,z a mesma coisa. A chave da Uniéo é o Amor e a Humildade.. Muitos
padres, da parte greco-ortodoxa, pensam que a UniSo vira guando os católicos
seconverterem para se tomarem também eles greco-ortodoxos. E muitos ca-
tólicos pensam o inverso. Ora bem: ambos estSo no erro. Foi Jesus quem nos
chamou greco-ortodoxos, católicos romanos ou protestantes? NSo Fomosnós
que criamos tais barreiras. E, entretanto, todos nos falamos em nome de Je
sus" (vol. I, p. 137).

Como dito, este texto nlo é claro: urna pessoa mais familiarizada com a
doutrina da fé nao falaria desse modo;

- a recomendagáo das aparic5es de Garabandal, que foram expressa-


mente rejeitadas pela autoridade da Igreja;

- Jesus terá dito a Vassula: "N3o tenho corpo físico; Eu sou espirito E
urna vez que sou Espirito, nao sinto dor física". Mas, pouco adiante. haverá
afirmado: "O meu corpo sofre pelo acusado, pela vítima" (vol. II, pp. 96s). Há ai
urna contradicio ou, quando menos, urna imprecisáo;

- algumas oracoes nao alcancam Jesus - o que é absurdo antropomorfismo:


"Muitos de vos rezáis, mas as vossas oragdes nSo me atingem. Aprendei a
rezar, para que eu vos possa ouvir. Muitas oragóes voltam a cair sobre a térra
sem nunca me atingir" (vol. II, p. 134).

As mensagens de Vassula jamáis receberam a aprovacáo de alguma au


toridade eclesiástica. Além do qué, parecem ceder á fantasía, apresentándo
previsSesde catástrofes e acontecimentos aterradores que nao correspondem
399
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

á sobriedade das genuínas profecías bíblicas; parecem muito mais ser a ex-
pressáo do psiquismo humano deste fim do segundo milenio, Ingrato e incle
mente e, por ¡sto, aparentemente precursor de grande novidade e renovacáo,
que deveria ocorrer no ano 2000. As mensagens de Vassula fazem eco a ou-
tras, de teorsemelhante, pouco compatíveis com a fé católica.

Eis por que o Sr. Bispo de Sion rejeita tais "revelacSes" e nao autoriza a
propagacao das mesmas em sua diocese.

(ConlinuagSo da p. 393)

O fim dos quilombos e de Zumbi vira com a chegada de Domingos Jorge


Velho á cena de luta. Com a sua experiencia de bandeirante e fortes financia-
mentos oficiáis e privados, Domingos Jorge Velho foi contratado para extinguir
o Quilombo dos Palmares. Sua luta foi dificultada porque nao contava com o
apoio dos habitantes de Porto Calvo e das vilas vizinhas, admiradores de Zum
bi, ou temerosos dele. Zumbi dos Palmares tinha admiradores mesmo entre as
autoridades locáis.

As atividades de Domingos Jorge Velho comecam, efetivamente, em ja-


neiro de 1694, após cuidadosos preparativos e experiencias e á frente de quase
lOmilhomens.

Mais do que ninguém, Zumbi dos Palmares encamava a luta pelo ideal da
liberdade. Poderia ter-se tornado livre, mas preferíu assumira lideranca que
conquistara pela confianca que inspirava aos Quilombos. Portudo isso, toma
se um mito, enquanto vivo, mesmo em regioes distantes de Pernambuco. Dizí-
mado o Quilombo, Zumbi dos Palmares aínda viveu mais de um ano, cercado
de amigos e soldados fiéis.

Zumbi dos Palmares foi traicoeiramente assassinado por Antonio Soares,


um mulato que havia conquistado a sua confianca e fora seu auxiliar. Recebido
por Zumbi como amigo, em 20 de novembrode 1695, decepou-lhe a cabeca,
ganhando em troca térras e títulos.

A cabega de Zumbi dos Palmares ficou exposta ñas rúas do Recife, para
desmentir a lenda que se formava, de sua imortalidade.

Zumbi dos Palmares enriquece a nossa historia do século XVII, tao mal
estudada. É um símbolo das lutas pela liberdade, lutas que se tornam mais
significativas porque Zumbi nao combatía apenas por libertades políticas. Seu
sonho nao era o de trocar senhores. Ele buscava a liberdade mais ampia que
assegura a igualdade social e, afinal, a plena realizacáo do homem. Em
Palmares, indios, brancos, negros mamelucos, cafuzos e mulatos gozavam de
liberdade e mereciam respeito. Essa era a licao de Zumbi e esse o seu ideal,
que precisa ser cultivado em quatquertempo.
(Continua na p. 405)

400
Nao pode comungar?

"DECEPQÁO"

Em síntese: A imprensa publicou urna carta de leitora decepcionada por


que, no día das MSes, a sua príma quisera confessar-se e comungar, mas Ihe
fora recusada a absolwgSo sacramental por estar separada do mando. A
missivista apresenta tonga queixa ao público - o que exige esclaredmentos.

Urna pessoa que se casou validamente na Igreja Católica e consumou


camalmente o seu casamento, mas teve que se separar do(a) consorte, pode
receber os sacramentos desde que nao contraía nova uniSo. É, alias, muito
edificante o caso de pessoas que, infelizes em sua vida conjugal, tiveram que
se separar do(a) consorte, mais vivem castamente.

Pode acontecer, porém, que o sacerdote se engañe em algum caso do


seu ministerio pastoral (o cansago pode explicá-lo). Pode igualmente aconte
cer que historias inadequadamente contadas a respeito do que o confessordiz
e faz, causem decepgSo e alarde indevidos. É oportuno nSojulgar o sacerdote
que nSo tem como se defender, se, para se justificar, tena que violar o sigilo da
confissSo sacramental (o que é pecado gravíssimo, ao qual está anexa a
excomunhSo). Ulteriores esclaredmentos serño propostos no deconerdo arti
go que se segué.

O JORNAL DO BRASIL, edicáo de 17/5/1995, p. 8, publicou impressio-


nante carta de leitora, que vai abaixo transcrita para poder ser devidamente
comentada.

1. A CARTA

"DecepgSo

Qual nSo foi minha surpresa no domingo, Dia das MSes, ao ver minha
prima voltar, junto com a fílha, da Igreja Santa Cecilia em Brás de Pina, com a
decepgSo estampada em seu rosto e se sentindo a mais desprezfvel de todos
os seres humanos.

401
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 40Q/1flfl
Tudo comegou quando ela decidiu se confessar, pois sua intengSo era
poder comungarnesse dia tSo especial. Só que no confessionárío ela fícou
sabendo pelo padre que mulheres separadas nSo podem comungar.

Comego aquimeus questionamentos:

Este é o Cristo que a Igr-eja prega, chelo de amore misericordia?

Será que Cristo negaría a esta muiher o dimito á comunháo, pelo falo déla
tersido abandonada pelo mando e, conseqüentemente, serhoje urna muiher
separada?

Será que a um presidiario que já assassinou varias pessoas, também


seria negado o direito da comunh&o?...

Me pergunto também como pode existima Biblia urna passagem onde


Cristo defende urna muiher adúltera e, na vida real, a comunháo 6 negada a
urna muiher pelo fato déla ser separada?

Gostaria de saber também se ao morrerminha prima terá o direito á extre-


ma-ungáo, ou isto também Ihe será negado?

Será que para a Igreja Católica o que vale sño as falsas aparéncias, e nSo
o que as pessoas possuem realmente em valores humanos? Urna muiher que
batalha sozinha para sustentar a mSe (que tem como pensSo um misero sala
rio mínimo) e urna fílha adolescente, será que á muiher só resta se sentir indig
na o suficiente para nño serbem vista no meto religioso?

Fica registrada minha profunda revolta contra essas normas religiosas


que nao contríbuem em nada para que um ser humano se sinta realmente fílho
de Deus. Marilene Moreira Macedo - Rio de Janeiro".

2. COMENTANDO...

Na verdade, nao se pode dizer que urna pessoa separada do mando e


levando vida a sos com sua filha está excluida dos sacramentos, se tal pessoa
nao contrai nova uniáo e está guardando fidelidade ao vínculo conjugal. A Lei de
Deus nao exige que os esposos continuem a levar vida sob o mesmo teto, se
nao se entendem entre si ou se sentem martirizados pela convivencia a dois. É
mesmo muito edificante ver que pessoas infelizes em seu matrimonio e, por
isto, impossibilitadasde vivenciá-lo, se mantém fiéis ao seu compromisso con
jugal; a sua presenca na igreja, com freqüentacSo dos sacramentos, é teste-

402
"DECEFCÁQ- 19

munho eloqüente e multo edificante, de mais a mais que nao sSo muitos tais
casos.

Na base destas premissas, ousamos levantar duas hipóteses para expli


car o caso aportado por Da. Marllene Moreira Macedo:

1) o sacerdote em foco se terá equivocado; terá confundido o caso da


penitente com o caso de quem contraiu nova uníSo após o divorcio civil Em tal
hipótese, o padre, tendo-se engañado, só podía fazer o que fez, mostrando a
incompatibilidade de tal género de vida com a freqüentacáo dos sacramentos
Eis outra hipótese:

2) a penitente relatou que vivia a sos com sua filha após ter-se separado
do marido (com o qual se supSe que estivesse legítimamente casada na Igreja).
Mas - quem sabe? - terá acrescentado sinceramente que, fora do lar, tinha
algum caso ou "romance" (esporádico ou habitual?). O padre Ihe terá dito que,
para receber os sacramentos, eladevia pórfim a tal romance, mas a penitente
terá julgado que nao o podia fazer ou ter-se-á recusado a acabar com a situa-
cáo ilegítima. Nesse caso, o padre estava realmente obrigado a nao concederá
absolvicáo sacramental; é de crerque tenha estimulado a penitente a repensar
a sua vida e pdr termo ao desvio.

Ao voltará casa, a penitente terá contado á sua prima, Da. Marilene, que
o padre Ihe tinha recusado a absolvicáo, mas terá omitido dizer que isto se
devia nao propriamente ao fato de ser separada e víver a sos com sua filha.mas
ao fato de ter um romance fora de casa.

Note-se aínda: se esta segunda hipótese se veríficou, o sacerdote, mal


visto pela penitente, pela missivista e pelo público ledordo JORNAL DO BRA
SIL, nao pode fomecer os esclarecimentos cabíveis, por nao Ihe ser licito fazer
uso do segredo que Ihe é confiado em confissáo. O sacerdote tem que tolerar
corajosamente a interpretacáo errónea do seu comportamento sem poder dar
explicacáo alguma que o justifique. Tal é o rigor do sigilo sacramental.

A propósito existem normas preciosas da Igreja que abordam o caso de


pessoas separadas do(a) respectivo(a) consorte. Sao normas de cunho pasto
ral, que procuram ajudare reconfortar os que sofrem, sem, porém, traira Moral
do Evangelho. Eis as que concernem ao caso abordado:

3. A PALAVRA DO PAPA

Na Exortacao Apostólica Familiaris Consortio, datada de 22711 /1981, o


Santo Padre Joio Paulo II considera duas situacdes que a carta em foco pro-
p5eá memoria.

403
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995
"1) Separados e Divorciados sem segunda uniáo

Motivos diversos, quais incompreensdes recíprocas, incapacidade de aber


tura a relagdes interpessoais etc. podem conduzirdolorosamente o matrimonio
válido a urna fratura, muitas vezes irreparável. Obviamente a separagSo deve
ser considerada remedio extremo, depois que se tenham demonstrado vSs to
das as tentativas razoáveis.

A solidSo e outras dificuldades sao muitas vezes heranga para o cónjuge


separado, especialmente se inocente. Em tal caso, a comunidade eclesial deve
ajudá-lo mais que nunca; demonstrar-lhe estima, solidariedade, compreensSo
e ajuda concreta de modo que Ihe seja possfvel conservara fídelidade mesmo
na situagSo difícil em que se encontra; ajudá-lo a cultivara exigencia do perdño
próprio do amor cristSo e a disponibilidade para retomar eventualmente á vida
conjugal anterior.

Análogo é o caso do cónjuge que foi vtlima de divorcio, mas que - conhe-
cendo bem a indissolubilidade do vínculo matrimonial válido - nSo se deixa
arrastarpara urna nova uniSo, empenhando-se, ao contrario, únicamente no
cumpnmento dos deveres familiares e na responsabilidade da vida cristS. Em
tal caso, o seu exemplo de fídelidade e de coeréncia cristS assume um valor
particular de testemunho diante do mundo e da Igreja, tomando mais necessá-
ria aínda, da parte desta, urna agño continua de amor e de ajuda, sem algum
obstáculo á admissSo aos sacramentos" (n° 83).

Merece relevo a observacao final:"... sem algum obstáculo á admissáo


aos sacramentos". - Continua o texto da Familiaris Consortio:

"2) Divorciados que contraem nova uniáo

...A Igreja instituida para conduzir á salvagSo todos os homens e sobre-


tudo os batizados, nSo pode abandonar aqueles que - unidosjá pelo vínculo
matrimonial sacramental- procuraram passara novas nupcias. Porisso, es-
forgar-se-á infatigavelmente por oferecer-lhes os meios de salvagSo...

Juntamente com o Sínodo exorto vivamente os pastores e a inteira comu


nidade dos fiéis a ajudaros divorciados, promovendo com caridade solicita que
eles nSo se consideren) separados da Igreja, podendo, e melhor devendo, en-
quanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvira Palavra de
Deus, a freqüentaro Sacrificio da Missa, a perseverarna oragSo, a incrementar
as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiga, a
educaros fílhos na fé cristS, a cultivar o espirito e as obras de penitencia para
assim implorarem, dia a día, a graga de Deus. Reze por eles a Igreja, encoráje
os, mostre-se mSe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperanga.
404
"DECEPCÁO" 21

A Igreja, contudo, reafirma a sua praxis, fundada na Sagrada Escritura, de


nño admitiré comunhSo eucarlstica os divorciados que contrafram nova uniño.
Neo podem ser admitidos, do momento em que o seu estado e condigóes de
vida contradizem objetivamente aqueta uniSo de amor entre Cristo e a igreja,
significada e realizada na Eucaristía. Há, além disto, outro peculiar motivo pas
toral: caso se admitissem essas pessoas á Eucaristía, os fiéis seriam induzi-
dos em erro e confusSo acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade
do matrimonio" (n° 84).

Neste citado texto chamam-nos a atencáo dois pontos importantes:

1) A Igreja deseja que os cónjuges divorciados que contrairam nova uniáo


eduquem seus filhos na fé católica. Isto implica que procurem apresentar
seus filhos ao Batismo; as enancas tém direito ao sacramento ¡ndependente-
mente do tipo de vida levada pelos pais. O que interessa á Igreja, é a perspec
tiva de que o Batismo seja posteriormente desenvolvido e tornado consciente
mediante a catequese ministrada á enanca.

2) A Igreja, ao mesmo tempo que é Máe e Mestra, procura ser fiel ao


Evangelho, nao aceitando situaedes que contrariem a indissolubilidade do ma
trimonio confirmada por Cristo no Evangelho (cf. Mt 5,32;19,9; Me 10,11s; Le
16,18; 1 Cor 7,1 Os). A benevolencia e a misericordia nao consistem em dizer
Sim a todas as situacSes, mas em distinguir do errado o certo e procurar levar
os homens a afastar-se do erro e abracar o que é reto. Desde que conceba
arrependimento e propósito sinceros (como há de ter sido o caso da pecadora
adúltera em Jo 8,1-11), qualquerdelinqüente pode receber a absolvicáo sacra
mental da parte de Deus mediante o sacramento da Reconciliacao.

(ContinuagSo da p. 400)

Por isso, justifica-se a homenagem proposta neste oportuno projeto apre-


sentado pelo Deputado Aldo Rebelo. Urna nacáo deve cultivar as suas maiores
figuras históricas, os seus símbolos e os valores que informam a sua civiliza-
gao. Todos eles reúnem-se na figura, que deve serinesquecível, de Zumbi dos
Palmares.

Pelas razóes expostas, sou pela aprovacáo do Projeto n° 10/95.

Sala da Comissáo, em 24 de abril de 1995.

ALVARO VALLE

4. OBSERVAgÁO FINAL

É com pesar que registramos urna noticia da imprensa, segundo a qual


em Salvador (BA) o Grupo Gay proclamou homossexual o Zumbi dos Palmares;

(Continua na p. 412)

405
Respondendo á FOLHA UNIVERSAL:

A EUCARISTÍA NOS EVANGELHOS


E NA HISTORIA

Em síntese: O jornal A FOLHA UNIVERSAL, da Igreja Universal do Rei


no de Deus, publicou no inicio do mes dejunho pp. um satírico artigo sobre a
S. Eucaristía, da autoría de Josef Sued. - É um escrito destituido de valor
científico, pois está eivado de preconceitos: cita textos alheios sem indicara
respectiva fonte com a precisSo de quem conhece o assunto mediante um
estudo pessoal; o autor do artigo transcreve sem usar de senso crítico, com o
objetivo de atacar a Igreja Católica na base da própría inverdade.

Mais: apesarde ser protestante, o articulista nSo cita urna só vez a Biblia
■- o que é um despropósito para um autor protestante, despropósito que se
explica pelo fato de que a Biblia abona a doutrína católica da Eucaristía, que
Josef Sued quer impugnar. Além disto, registram-se no texto varios erros de
historiografía, anacronismos e formulagdesimprecisas..., querevelamopouco
conhecimento do autor ém materia de historia do Cristianismo; está decidido a
ridicularizaras verdades da fé católica e pouco preocupado com a verdade da
Biblia e da historia.

O jornal A FOLHA UNIVERSAL publicou no inicio de junho pp. um vee-


mente artigo de Josef Sued, tido como teólogo e escritor, contra a S. Eucaris
tía; de ponta-a-ponta aparece inspirado por sátira e preconceitos. Tal expres-
s§o do baixo protestantismo nao merecería atencáo; todavía entre os leitores
de PR há quem deseje ver urna resposta a esse artigo. É o que motiva as
páginas subseqüentes.

1. OBSERVAQÁO GERAL

O artigo em foco carece de valor científico, pois cita trechos de obras


alheias sem indicar precisamente título, ano de edicáo, página, etc. Parece
assim fazer citacóes de quem nao tem conhecímento pessoal da materia con
siderada, mas cita em terceira ou quarta máo; Josef Sued transcreveu sem o
mínimo senso crítico ou sem a mínima preocupacáo característica de um tra-
. balho serio; interessava-lhe firmar-se em textos que atacam a Igreja, indepen-
dentemente da exatidáo da materia citada.
406
EUCARISTÍA NOS EVANGELHOS E NA HISTORIA 2_3

Assim, porexemplo, transcreve dizeres atribuidos ao Papa Pió IX a partir


de uma fonte muito pouco abalizada, como se pode depreender do texto se-
guinte:

"O Papa ño IX se gforiava com o dogma, proclamando: 'Nao somos sim-


plesmente moríais; somos superiores a María. Ela deu á luz só um Crísto; nos
podemos fazerquantos cristos quisermos. Nos criamos o próprio deus!' (Re
gistrado na Gazeta da Alemanha, n° 21,1870)".

Como se vé, Josef Sued nao cita o título alemao da "Gazeta" nem a data
precisa da publicagáo. Se ele pesquisasse pessoalmente os escritos do Papa
Pió IX, por certo nunca encontraria ali as palavras que ele transcreve; sao ex-
pressóes que caricaturam e satirizam, como podia ocorrer no século passado,
século de ideologías atéias muito acentuadas; de modo especial, Pió IX foí mal
visto pelos patriotas italianos, que pleiteavam a unificacáo da península itálica;
na Alemanha, em 1870 já se esbogava o clima que explodiu no Kulturkampf
(combate em prol da cultura), que durou de 1871 a 1887, movido por Otto von
Bismarck, que quería submeteras atividades da Igreja ao controle do Estado.

O artigo cita também "La grande Enciclopedie Francaise"1 sem indicar


mais precisamente a fonte:

"A 'La Grande Enciclopedie Francaise'comentando a eucaristía, escreveu:


'Os teólogos católicos imaginaram o maior dos feitidsmos e o culto mais idólatra;
tomam a farinha cozida e o vinho e dizem: Eisnosso Deus; comei-o!'".

Pergunta-se: que Grande Enciclopedia Francesa é essa? - No fim do


século XVIII houve na Franca a corrente dos pensadores "enciclopedistas", que
publicaram uma Enciclopedia de 35 volumes altamente satírica em relacáo ao
Cristianismo; além do qué, promoveram a entronizado da deusa Razáo na
catedral de Notre-Dame de Paris. Entre estes estava Francois-Marie Arouet,
com o pseudónimo de Voltaire, que preconizava: "Esmagai a infame!" e "Mentí,
menti; sempre ficará alguma coisa". Dada a falta de escrúpulos dos escritores
da FOLHA UNIVERSAL, poderia alguém pensar que sao mais discípulos de
Voltaire do que de Jesús Cristo, que veio dartestemunho da Verdade (cf. Jo
18,37). A mentira muitas vezes repetida acaba passando por verdade; daí a
necessidade de que seja desmascarada.

2.EABÍBÜA?

Chama a atencáo o fato de que, embora o artigo seja de pena protestante,


nao cita uma só vez a S. Escritura nem a ela se refere genéricamente. A es-
1 Comefe dois erras de grafía, pois assim devena escrever: Encyclopédie.

407
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS'1400/1995

tranheza se dissipa desde que se tenha em vista que, se Josef Sued quisesse
ser fiel á Biblia, nunca escrevería o que se lé em seu artigo ou nunca impugna
ría a fé na real presenca eucarística de Jesús. Com efeito; a Escritura afirma
sobejamente este artigo de fé católica. Baste citar alguns poucos textos:

Na última ceia Jesús disse, ao tomar o pao: "Isto é o meu corpo, que é
entregue por vos. Fazei isto em memoria de mim" (Le 22,19). E sobre o vinho
disse: "Isto é o meu sangue, o sangue da Alianca, que é derramado em favor de
muitos" (Me 14.24).

Jesús naquela ocasiáo, ao deixar as últimas instrucóes aos discípulos,


terá evitado qualquer termo de sentido ambiguo (ñas horas supremas e decisi
vas os homens costumam recorrer a linguagem precisa). Cristo, sentado á
mesa com os Apostólos, tinha diante dos olhos todas as geracSes cristas
através da historia; sabia previamente que, durante séculos e séculos, os seus
discípulos haviam de interpretaras suas palavras em sentido realista, prestan
do adoracáo ao SS. Sacramento. Nao obstante, segundo as hipóteses de
racionalistas, teria usado termos ambiguos induzindo em erro (no erro de crer
na real presenca) os seus Apostólo, homens simples e rudes, e, depois deles,
urna multidáo de fiéis crístáos!

Mais: Cristo teria usado palavras aparentemente claras para esconder um


simbolismo difícil de se perceber. Sim; é difícil definirqual o significado metafó
rico que Jesús possa ter tido em vista ao proferir as suas palavras simples
sobre o pao e o vinho. Em 1577, sessenta anos após o comego da Reforma
protestante, Sao Roberto Belarmino dizia ter aparecido, havia pouco, um livri-
nho que apresentava duzentas interpretagoes dos protestantes para as pala
vras "Isto é o meu corpo"!

Contra a hipótese de um Jesús a induzir em erro os seus discípulos,


insurgia-se em 1529 o humanista, crítico irónico, Erasmo de Rotterdam, que
escrevia a Bero a propósito das diversas sentengas "eucarísticas" dos
Reformadores Lutero e Zvínglio:

"Jamáis me pude persuadir de que Jesús, a Verdade e a Bondade mes-


mas, tenha permitido que por tantos séculos a sua Esposa, a Igreja, tenha
prestado adoragáo a um pedago de pño em lugar de adorar a Jesús mesmo".

Ademáis o sentido realista das palavras da Última Ceia é confirmado pelo


discurso do páoda vida em Jo 6,51-56:

" 'Eu sou o peo vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pño,
vivera eternamente! O p&o que eu darei 6 a minha carne, entregue para a vida
do mundo!' Puseram-se, entSo, osjudeus a disputar entre si: 'Como pode esse
homem dar-nos a comer (pnageinj a sua carne?'Retomou Jesús: 'Em verdade
408
eucaristía nos evangelhos e na historia 25

vos digo: Se nSo comerdes a carne do Filho do Homem e nSo beberdes o seu
sangue, nSo tereis vida em vos. Quem come (lio trogonj minha carne e bebe
meu sangue, tem a vida eterna eeuo ressuscitarei no último día. Porque minha
carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a
minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim, e eu nele'".

A clareza e a insistencia destas palavras exigem que sejam entendidas


em seu pleno realismo. Notemos que no v. 52 os judeus perguntaram como
Jesús Ihes podería dará sua carne a comer(phagein, em grego); entáo, pro
curando esclarecé-los, Jesús, longe de propor urna interpretacáo alegorista,
reafirmou o sentido literal dassuas palavras, utilizando no v. 54 urna expressáo
ainda mais forte, isto é, o verto trogó, que significa "mastigar, dilacerar com os
dentes", num realismo extremo.

Quem quisesse interpretar metafóricamente as palavras de Jesús, deveria


comprovar a sua tese - o que seria difícil, pois o sentido metafórico que os
dizeres de Jesús podiam ter em linguagem semita, nao combina com o contex
to de Jo 6: "comer a carne de alguém" significaría metafóricamente "ofender
essa pessoa, persegui-la até a morte" (cf. SI 27,2); "beber o sangue de alguém"
equivaleria a "arder de odio para com tal pessoa". Ora está claro que Jesús, em
Jo 6,54, nao poderia convidar os ouvintes ao odio para com o Divino Mestre,
prometendo-lhes em troca a vida eterna.

Os ouvintes de Cristo entenderam naturalmente as palavras do Senhor em


sentido literal, perguntando conseqüentemente, cheiosde admiracáo: "Como
nos pode dar a comer a sua carne?" (v.52). Ora, acontecía que, quando os
discípulos se enganavam a respeito das afirmacóes do Mestre, tomando ao pé
da letra expressóes que deviam ser entendidas metafóricamente, o Senhor
tratava de desfazer o equívoco;1 no caso, porém, de Jo 6, Jesús nao atenuou o
realismo de suas palavras, mas, ao contrario, o acentuou: nos vv. 53 e 54
acrescentou, em sua resposta, a menguo de "beber o sangue do Filho do Ho
mem" e de "mastigar, dilacerar com os dentes a sua carne". O Senhor manteve
a sua posicáo, embora soubesse que, em conseqüéncia, varios de seus ouvin
tes haveriam de O abandonar (cf. v. 66); Cristo nao hesitou mesmo em intimar
os doze discípulos a definir a sua atitude com toda a clareza: ou crer no realis
mo das palavras do Senhor e, conseqüentemente, acompanhá-lo, ou negar fé
e, conseqüentemente, afastar-se (cf. v. 67).

3. ALUSÓES Á HISTORIA

Josef Sued pretende impugnara S. Eucaristía a partir da historia do Cris


tianismo, que ele mal conhece.

1 Ver Jo 3, 4s: 11. 11-14.

409
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

1. Assim, por exemplo, escreve:

"No ano de 1200 o pño foi substituido pela hostia. O Concilio de Constanca
em 1414 negou o vinho aos fiéis, decisáo sancionada pelo papa Joño XXII
homemdevasso. violador de mogas virgens, mulheres casadas e freirás con
forme registra a Historia".

Este texto sugere tres ponderales:

a) O articulista parece nao saber o que é hostia. - É pao..., pao de trigo


puro sem fermento, tal como Jesús usou na última ceia. A Eucaristía sempre
foi celebrada no Ocidente com p3o ázimo chamado "hostia". O que se pode
notar a respeito, é que nos primeiros séculos o pao consagrado tinha o tama-
nho da palma da máo ou de urna boa fatia de pao ou, ainda, de urna rosca
grande. Porconseguinte, era preciso parti-lo antes de o distribuir aos comun-
gantes; os acólitos da Missa seguravam toalhas de linho debaixo do pao en-
quanto era partido. Compreende-se que, nessa fracSo do pao, se produziam
muitas migalhas, que se perdiam pelo chao ou de outro modo. Por isto a Igreja
houve por bem usar fatias pequeñas de pao prontas para a distribuícáo aos
comungantes, a fim de nao terque realizara fracáo do pao com seus inconve
nientes. Apenas a hostia maiordo celebrante é partida, pois é costume colocar
urna parcela da mesma dentro do cálice de vinho consagrado.

b) O artigo afirma que o Concilio de Constanca em 1414 negou aos fiéis o


vinho consagrado... - Na verdade, a comunháo eucarística foi distribuida sob a
forma de pao e vinho consagrado até o século XI. No século XII comecou o
costume de só a distribuir sob a forma de pao; o motivo foram os abusos ou as
profanacdes ocorrentes na distribuicáo do Preciosíssimo Sangue. O Senhor
Jesús está todo presente sob a forma do pao e sob a forma do vinho consagra
dos de modo que os fiéis, recebendo apenas o pao eucarístico, recebem o
Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Cristo. Em nossos dias, alias, a
Igreja restaurou o hábito da Comunháo sob as duas especies desde que nao
haja perigo de profanacáo. - Vé-se assim que nao foi no século XV ou no
Concilio de Constanca que se mudou a maneira de distribuir a comunháo
eucarística. Nem era necessário que algum Papa ou algum Concilio universal
(como o de Constanca) aprovasse tal modificacáo; bastava que cada Bispo a
aprovasse em su a diocese.

c) O papa Joáo XXII, homem devasso, terá aprovado a nova praxe... -


Observamos que no tempo do Concilio de Constanca ou no século XV nao
houve Papa Joáo XXII, como alega o articulista. Houve, sim, um antipapa Joáo
XXIII; nem era Papa nem era Joáo XXII. Pode-se notar que antipapa é um chefe
de corrente religiosa que se opóe ao Papa legítimo por arrogancia, ás vezes
instigada por um rei ou um Imperador. - Donde se vé que o mencionado antipapa

410
eucaristía nos evangelhos e na historia 27

nao tinha autoridade alguma na Igreja; o seu tipo de vida pessoal (que Josef
Sued pinta com tragos caricaturáis) nao afeta a linhagem dos Papas. Tem-se
aquí mais um espécimen da maneira leviana como os protestantes abordam a
historia da Igreja, talvez mais preocupados com atacar e satirizar do que com a
transmissáo da verdade.

2. Mais adiante no artigo de Josef Sued lé-se:

"A Ceia do Senhor sofreu nova agressSo no Concilio de Roma, quando


ficou estabelecida a transubstanciagáo (transformagSo dos elementos da Ceia
em presenga real)".

Seria o caso de perguntar a Josef Sued se ele sabe exatamente o que


significa "transubstanciacao". - Transubstanciacáo é palavra técnica que sig
nifica o seguinte: a substancia ou a realidade do pao e do vinho se converte na
substancia ou na realidade do Corpo e do Sangue de Cristo, ficando presentes
os acidentes do pao e do vinho (isto é, ficando presentes a cor, o odor, o sabor,
otamanhodo pao e do vinho). Estadoutrína está no Evangelho, como demons
trado pouco atrás neste artigo; Jesús, ao passar o pao e o vinho aos seus
discípulos, disse-lhes: "Tomai; isto é meu corpo... Isto é meu sangue"; ape
nas a palavra nao está no Evangelho.

Quanto á origem da palavra "transubstanciacáo", pode-se dizerque ela


aparece pela primeira vez no século XI e foi assumida nos documentos oficiáis
da Igreja a partir do Concilio do Latráo IV (1215), Concilio que o articulista
pretende citar como "Concilio de Roma"; este ocorreu antes do Concilio de
Constanca e nao depois, como insinúa Josef Sued: em 1215, e nao após 1414.

3. No inicio do seu artigo Josef Sued escreve:

"A palavra 'missa' substituiu o culto crístáo original, sendo introduzida


pelo catolicismo no ano de 394".

Na verdade, a missa nao substituiu o culto cristáo original, pois ela é o


culto cristáo por excelencia; é a celebracáo da Ceia do Senhor, instituida pelo
próprio Cristo, que mandou repetir os seus gestos e as suas palavras, a fim de
perpetuar sobre os nossos altares o sacrificio da Cruz, no qual os cristáos
tomam parte oferecendo-se com Cristo ao Pai. - O nome "Missa" é um dos
nomesque a Ceia do Senhortomou. A palavra "missa" designava a despedida
ou o envió dos catecúmenos para fora da igreja, quando terminava a Liturgia da
Palavra; aos catecúmenos nio era lícito participar da Eucaristía propriamente
dita, porque ainda nao haviam sido batizados. O termo "missa", que designava

411
28 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

esse momento especial, foi no século IV aplicado a todo o rito eucarístico, de


modo que este hoje se chama Missa. Nao se vé com que base Josef Sued
pode afirmarque foi introduzido pelo catolicismo no ano de 394; já estava em
uso bem antes de 394.

Alias, outro panfleto protestante afirma que em 818 é que a palavra Missa
aparece pela primeira vez na Teología católica. As contradicóes entre os
polemistas protestantes bem evidenciam que falam sem ter investigado
criteriosamente a materia, mas copiam de outros autores, muitas vezes ten
denciosos ou mal informados.

4. Outro parágrafo do artigo em pauta ainda nos diz:

"Até o secuto XII nenhum crístSo aceitava que a farinha se transformasse


em 'cristos'".

Este modo de falar, irreverente e zombeteiro, é desmentido pelo próprio


Evangelho, onde Jesús afirma: "O pao (pao de farinha) que eu darei, é a minha
carne para a vida do mundo" (Jo 6,51). Poderte alguém notar a propósito que o
protestantismo, em sua sanha de acusare combater, chega a renegar o próprio
Cristo.

Sao estas as principáis observacóes que ocorrem a um leitor católico


após a leitura do maldoso artigo de Josef Sued.

(Continuagáo da p. 405)

alegam "a falta de registros de mulheres e filhos de Zumbi, que, como chefe
guerreiro, tinha o privilegio da poligamia". A comunidade negra da Bahia repli-
cou duramente; os argumentos aduzidos nao sao suficientes para fundamentar
a hipótese, de mais a mais que esta só está sendo aventada trezentos anos
após a morte de Zumbi.

A propósito o JORNAL DO BRASIL publicou um editorial intitulado "Zum


bi, muito por cima" em sua edicáo de 19/5/95, p.9; é da autoría de Nei Lopes,
Assessorda Presidencia da Fundacáo Cultural Palmares do Ministerio da Cul
tura.

"As declaracóes do líder homossexual Luiz Mott que, proclamando urna


suposta homossexualidade de Zumbi dos Palmares, proto-mártirda libertacáo
do povo negro no Brasil e ñas Américas, no espocar das celebracóes de seu
glorioso tricentenario, vém provocando grande alarido. Mas os argumentos,
sensacionalisticamente promocionais, de Mott s§o leves e frágeís como plu
mas, ou como urna nuvem de purpurina.
(Continua na p. 419)

412
Escrevem os Bispos da China:

"TRABALHEMOS POR
MELHORES TEMPOS"

Em sintese: O Govemo comunista da China provocou a fundacño da Igre-


ja Católica Nacional ou Patriótica, á qual pertencem varios Bispos (que orde-
nam novos Bispos) com seus fiéis. A parte do episcopado fiel a Roma é clan
destina, nSo Ihe sendo permitido comunicarse com a Santa Sé. Eis, porém,
que recentemente os Bispos católicos unidos a Roma houveram por bem es-
crever urna Carta Pastoral, em que exortam os fiéis chineses em geral a man-
terem fídelidade á Santa Sé; para tanto baseiam-se em razdes históricas e
eclesiológicas, aproveitando-se da passagem do 700° aniversario da missSo
do Bem-aventurado JoSo de Montecorvino, Arcebispo de Pequim. O texto é
claro e enérgico, revelando coragem e firmeza dos Bispos perseguidos.

* * *

O Partido Comunista da China conseguiu dividir a Igreja Católica naquele


país, criando a Igreja Patriótica ou Nacionalista, tutelada pelo Governo, mas
impedida de ter reladonamento com a Santa Sé. Na verdade, urna parte do
episcopado chinés aderiu a tal faccáo juntamente com seus fiéis; ordenam
novos Bispos sem autorizacio da Santa Sé (o que é considerado pelo Direito
Canónico como falta gravíssima) e burlam as normas do Sumo Pontífice. A
outra parte do episcopado mantém-se unida ao Santo Padre de maneira clan
destina, sujeita a encarceramento e maus tratos. O Governo Chinés tem-se
mostrado duro para com os católicos fiéis á Sé de Pedro e fechado ao diálogo
com esta. Eis, porém, que os Bispos clandestinos, reunidos em Conferencia
Episcopal, houveram por bem publicar urna Carta Pastoral dirigida aos seus
fiéis, exortando-os a se manter fiéis a Roma apesar da agressividade dos co
munistas. Essa Carta nao traz assinaturas, como se compreende, mas fontes
informativas de Hong-Kong estimam que cerca de trinta Bispos aprovaram a
respectivo texto. O documento foi publicado aos 31 de Janeiro de 1995 em
chinés e em inglés pela Fundacao Cardeal Küng nos Estados Unidos.
Transmitimo-lo, a seguir, em tradugáo brasileira a partir do texto francés edita
do por La Documentation Catholique, de 7/5/1995, n° 2115, pp. 441-444.

1.0 DOCUMENTO

"Caros Irmáos e Irmas em Cristo,


O amor de Deus nosso Pai, a graca de Nosso Senhor Jesús Cristo e os
dons do Espirito Santo estejam com todos vos. Neste ano ocorre o 700° ani-

413
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

versado da missáo do bem-aventurado Joáo de Montecorvino, Arcebispo de


Pequim na China. Coincide também com o quinto aniversario da fundacáo da
Conferencia Nacional dos Bispos Católicos Romanos Chineses. Abencoados
por estes dois grandes eventos, queremos dirigir-nos a vos nesta Carta Pasto
ral.

A Historia da Evangelizado na China

A historia da evangelizado na China é longa. Desde a Ascensáo de Nos-


so Senhor e o seu mandamento de proclamar a Boa Nova da salvacáo a todas
as nacoes, o Apostólo Sao Tomé viajou, ao menos, até a india. Algumas pes
quisas mostram que chegou até a China. Urna revista francesa discutiu o as-
sunto precisamente antes que a China se tornasse comunista em 1949. Um
arqueólogo descobriu urna cruz de ferro gravada num texto que se refere á
Igreja e acompanhada por um emblema de Sun Wu dos tres Reinos; estas sao
pravas de atividade missionária na China no decorrerdos primeiros séculos. O
Imperador Taizong, da dinastía dos Tang, deu ordem, ao seu Primeiro Ministro,
de receber um missionário nestoriano com benevolencia e como um hospede
de honra. A seguir, nos tempos do Pe. Matteo Ricci, foi escavado um monu
mento de pedra no Shanxi com a inscricao seguinte: 'A difusáo do nestoríanismo
na China'. O nestoríanismo é urna heresia e constituí urna Igreja cismática.

A historia da China considera o Arcebispo Montecorvino como o pioneiro


das atividades missionáñas ocidentais na China. Neste 700° aniversario da sua
missáo na China sentimo-nos impelidos a comemorá-lo. A data, o lugar e a
forma dessa comemoracáo nao tém importancia. Atónica deve ser colocada,
antes, sobre o modelo que ele nos oferece em suas relacóes com os outros, na
sua proclamacáo do Evangelho por milhares de quilómetros, sem recejo das
dificuldades e dos perigos de vida que ele corría, na fidelidade ao Espirito de
Jesús Cristo. Nele temos um exemplo de fidelidade á Santa Sé, de obediencia
e lealdade á missáo recebida do Santo Padre.

Numa carta dirigida ao futuro Arcebispo Montecorvino em 1307, S. Santi-


dade o Papa Clemente V louvava-o nestes termos:

'Sabemos de fonte digna de fé que, há longos anos, das pravas de um


grande zelo missionário. Com a autorizacáo do teu Superior, foste á capital da
Mongólia (hoje Pequim) para proclamar o Evangelho ao povo. Guiado pelo Espi
rito Santo, trabalhaste muito e batizaste a muitos. Por conseguinte, Nos te
outorgamos agora urna especial autorídade. Após a tua ordenacáo episcopal
terás a licenca de ordenar outros Bispos, sacerdotes e diáconos e poderes
enviar Religiosos como missionários no reino Yuen (China); terás também auto-
ridade para govemá-los como Nos govemamos a Igreja no Ocidente. Pela pre
sente carta damos o mesmo poder especial ao sucessor do Arcebispo de Han
414
TRABALHEMOS POR MELHORES TEMPOS"

Ba Li (Pequim). Todavía estas faculdades sao concedidas sob urna condigáo:


haja obediencia e submissáo á autoridade suprema do Pontífice Romano,
inseparáveis da aceitacáo do pallium1 de Arcebispo. Desejamos lembrar-te
também, como alias, já o fizeste outrora, que utilizeis pinturas que descrevem
cenas do Novo Testamento para ornamentar vossas futuras igrejas, a fim de
que mesmo aqueles que nao sabem ler nem escrever, possam contemplar os
misterios da obra de Deus nessas imagens'.

Esta carta do Papa pode ensinar-nos muitas licóes importantes e benéfi


cas; é urna fonte de inspiracao para nos. Primeramente, ficamos sabendo que
o Arcebispo Montecorvino era obediente ao seu Superior. Os transportes na-
queles tempos eram muito difíceis. Durante o longo trajeto da Italia para a
China, muitos companheiros do Arcebispo haviam falecido. A seguir, somos
informados de que a faculdade especial de ordenar Bispos nao é algo de recen
te. Esta prática na China tem a idade de setecentos anos. Mais importante: os
Bispos ordenados devem obedecer e submeter-se á autoridade suprema do
Sumo Pontífice, pois a obediencia ao Papa, como Vigário de Cristo na térra, é
a condicáo fundamental da autoridade própria do Bispo. É importante, porcon-
seguinte, que voltemos a observar este preceito e este ensinamento essenciais
do Papa, que se aplicam ao tempo presente. Em conseqüéncia, convocamos
os clérigos e todos os seus irmáos e irmás na China a se unir e a estudar
seriamente o ensinamento constante dos Papas para o imprimirmos em nosso
espirito e o pormos em prática. Chamamos todos para compartilharessa dou-
trina com vossos familiares e amigos, a fim de completar a missáo gloriosa que
Deus nos entregou.

A Divisao da Igreja

Infelizmente, por causa da interferencia de fatores estranhos á Igreja, a


Igreja Católica da China está atualmente dividida. Urna parte da Igreja é reco-
nhedda pelo Governo; chama-se 'Igreja Oficial' e seus Bispos sao ditos 'Bispos
oficiáis1. Embora esses Bispos oficiáis se digam católicos e reconhecam Sao
Pedro como o Príncipe dos Apostólos e o Papa como o sucessor de Sao
Pedro, consideram o Papa táo somente como Chefe espiritual da Igreja Católi
ca universal. Nao querem reconhecer que o Papa possui a autoridade suprema
legislativa, executiva ejudiciária na Igreja. Também nao que;em reconhecera
autoridade do Papa para nomear e governar os Bispos católicos do mundo
inteiro, inclusive os da China. Todavía nossa fé católica nos ensina que o Papa
é o Pastor Supremo da Igreja Universal e que ele tem o poder ¡mediato, total,
supremo, universal e ordinario sobretodos os fiéis católicos do mundo inteiro.

1 O Pallium é a insignia dos Arcebispos. (N.d.R.)

415
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

Todos os clérigos e os leigos, sem excecáo, estáo obligados, em consciéncia,


a se submeter ao poder supremo do Sumo Pontífice.

Alguns membros da 'Igreja' foram mais longe no caminho da divisao da


igreja. Em 1957 fundaram a Associacáo Patriótica dos Católicos Chineses; em
1980 fundaram a Conferencia das Igrejas da China e a Comissio dos Assuntos
Religiosos Católicos Chineses. Em setembro de 1992 encontraram-se em Pe-
quim para abrir o Quinto Congresso Nacional dos Representantes Católicos.
Na ocasiao desse encontró os participantes declararam: 'A consolidacáo das
tres Organizares Nacionais no colegio dos Bispos da China e a Associacáo
Patriótica dos Católicos Chineses tém a vantagem de desenvolver simultanea-
mente o amor pelo país e o amor pelo Igreja. Preservam o principio de urna
Igreja apostólica independente, autónoma e autogerenciada. Após a respectiva
consolidacáo, essas duas Organizacóes - o colegio dos Bispos Católicos da
China e a Associagáo Patriótica dos Católicos Chineses - devem prestar con-
tas ao Congresso Nacional dos Representantes Católicos1. Esta estrutura ma-
nifesta que o Congresso Nacional dos Representantes Católicos dá autoridade
administrativa aos membros do colegiado dos Bispos Católicos da China. Por
conseguinte, se essas pessoas escreverem um Catecismo, qual será a sua
resposta a esta importante questáo: 'Quais sao os deveres dos diferentes mem
bros da Igreja?1 A resposta correta deveria ser 'Os fiéis seguem os ensinamentos
dos padres; os padres seguem os ensinamentos dos Bispos, os Bispos se
guem os ensinamentos do Papa'. É esta uniao que faz de nos um rebanho
guiado por um pastor, conforme o mandamento de Cristo. Mas é muito provável
que a resposta a táo importante pergunta seria elaborada pelos Bispos do
Colegiado dos Bispos da China nos seguintes termos: 'Os fiéis escutam o
padre; os padres escutam os Bispos, os Bispos escutam o Congresso Nacio
nal dos Representantes Católicos'. Neste caso o Congresso Nacional dos Re
presentantes Católicos escuta a quem?

A autoridade do Congresso Nacional dos Representantes Católicos está


ácima da do colegiado dos Bispos Católicos. Quem confere tal autoridade ao
Congresso Nacional dos Representantes Católicos? Cristo jamáis ensinou tais
coisas, nem algum dos teólogos o ensinou. A autoridade do Congresso Nacio
nal dos Representantes Católicos é urna grande descoberta, sem precedentes,
dos sabios do nosso país.

Urna 'nova Igreja' foj criada

Urna das características específicas da Igreja Católica é a comunháo da


tgreja universal com o Romano Pontífice. A Igreja é dirigida e govemada pelo
Papa. Todavía o Colegiado dos Bispos da China nao traz esta característica. A
416
TRABALHEMOS PORMELHORES TEMPOS" 33

sua autorídade nao provém do Papa nem do Colegiado dos Bispos dirigidos
pelo Papa, mas do Congresso Nacional dos Representantes Católicos. Por
causa da sua fomnacáo, da sua constituido e da sua autonomía frente ao Papa
e da sua responsabilidade frente ao Congresso Nacional dos Representantes
Católicos (e nao frente ao Sumo Pontífice), nos, Bispos, membros da Igreja
Católica Universal, declaramos solenemente que o Colegiado dos Bispos Cató
licos da China e as igrejas por eles dirigidas se tornaram urna nova Igreja,
diferente da Igreja Ortodoxa, da Igreja Protestante e certamente diferente da
Igreja Católica, Una, Santa e Apostólica. Os Bispos e os clérigos que perten-
cem a essa nova Igreja e ao Colegiado dos Bispos Católicos da China nao
estao em comunháo com o Papa, nem com os Bispos que guardam comunháo
com o Papa. Os fiéis cristáos que nao se declaram separados do Colegiado
dos Bispos da China, já nao s§o membros da Igreja Católica. Nenhum membro
do clero da Igreja Católica pode estar em comunháo sacramental com eles.

É desolador estar separado da Igreja. Devemos rezar freqüentemente por


esses irmáos e essas irmás separados a fim de que o Senhor misericordioso
Ihes conceda a graga do arrependimento. Devemos procurar persuadi-los com
amor e compaixáo, estimulá-los com fé, a fim de que eles também sejam chei-
os do Espirito Santo e testemunhas corajosas de Jesús Cristo. Possam nave
gar suavemente sobre o barco da nossa Máe Igreja com Sao Pedro no leme e
voltar á casa da Igreja Universal dirigida por nosso Sumo Pontífice.

A Perseguicáo da Igreja

O Evangelho foi pregado ao grande povoda China durante varios séculos.


Um número incalculável de pessoas corajosas seguiram os passos de Jesús
Cristo. Por causa do seu amor a Cristo, foram presos, banidos e por Ele derra-
maram seu sangue. Sofreram a provacáo da tortura física e mental. 'Bem-aven-
turados sao os perseguidos por causa da justica; o reino dos céus Ihes perten-
ce... Sedefelizes e regozijai-vos, pois vossa recompensa será grande nos céus1
(Mt 5,10-12a). 'Lembrai vos da palavra que eu vos disse: o servidor nao é maior
do que o mestre. Se perseguiram a mim, perseguiráo também a vos' (Jo 15,20).

Enxuguemos nossas lágrimas e limpemos nossas feridas, renovemos


nosso espirito de testemunhas cheias da chama do amor de Deus e vivamos
sob a direcSo do Espirito Santo. Caminhemos sobre o campo de bataiha para
proclamara palavra de Deus com fervor, coragem, simplicidade e apresente-
mos o dom da salvacáo á comunidade que está ao redor de nos. Falemos de
Cristo com nossos irmáos e vivamos segundo Cristo. Em companhia de Cristo
sejamos sabios como as serpentes e simples como as pombas (cf. Mt 10,16),
a fim de evitaras ocasióes de pecado. Se há urna assembléia acessível, procurai-
a para servir a Deus na adoracao. Se nao há nem igreja nem local de reuniáo,

417
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

seguí o exemplo da Sagrada Familia reunindo-vos em familia a fim de agradar


ao nosso Pai do céu. Para aqueles que nao tém nem mesmo esta oportunida-
de, fazei do vosso cora?áo o templo de Deus, e falai a Deus na intimidade em
todo momento. Adorai a Deus em espirito e verdade. Glorificai-o e salvareis
almas, as vossas e as dos vossos vizinhos.

A perseguido da Igreja hoje é como urna tempestada que afoga o mundo,


semelhante a urna advertencia que vem antes do fim do mundo. Tal aconteci-
mento nao é obra do homem. O poder perseguidor é desencadeado pelas for-
cas do inferno. Esta tempestade é criada porum movimento político que desa
fia a vontade do povo e a quer aniquilar. É responsável pelo atual estado de
perseguicáo religiosa existente no mundo sob diferentes modalidades contra
Deus, contra a santidade, contra a humanidade, contra a Santa Igreja, contra a
autoridade sagrada do Viga rio de Cristo. Tal poder existe na China como existe
em outras partes do mundo. Nossa Igreja na China deve confiar-se a Nossa
Senhora da China, a todos os anjos e a todos os Santos, que nos orientam do
alto a fim de que nossas obras sejam dignas e proclamemos urna mensagem
de fé na salvacáo, modelo para o mundo inteiro.

Estamos nao somente num tempo de desafio raro, mas também num
período de tempestade, de prostracáo e de agitacao. Temos que reerguer e
construir; se nao, envergonhar-nos-emos de ter perdido tal ocasiáo. Pecamos
ao Espirito Santo que encha nossos coracóes e nos torne todos - desde os
Bispos da nossa Conferencia Episcopal até nossos sacerdotes fiéis, nossos
leigos e nossos Religiosos - capazes de nos reconciliar passando por cima das
nossas diferencas e das nossas faltas. Temos que examinar nossas conscién-
cias, ponderar atentamente o conselho dos outros homens de boa vontade,
arrepender-nos profundamente das nossas atitudes mesquinhas e reanimar o
nosso espirito. Com a ajuda do Espirito Santo e a nossa própria diligencia,
deveríamos poder obter melhores tempos para o Catolicismo. Quando estes
tempos vierem, nao utilizaremos saudacóes tais como'Bom Día!' ou 'Até outra
ocasiáo!'. mas diremos 'Louvado seja Jesús Cristo!'".

2. COMENTANDO...

A Carta atrás transcrita chama-nos a atengáo por tres motivos principáis:

1) É digna de nota a coragem dos Bispos clandestinos da China, que,


apesarde cruel perseguicáo, levantam a voz para lembrar a seus fiéis verdades
básicas do Cristianismo. Este tem um Pastor Supremo visível, instituido por
Jesús Cristo, e assistido pelo Espirito Santo para que conserve incólume o
418
TRABALHEMOS POR MELHORES TEMPOS" 35

depósito da fé e da Moral do Evangelho. Lembrá-lo aos fiéis é dever dos pasto


res que queiram o bem de seu rebanho e desejem evitar o subjetivismo deleté-
rio na interpretacSoda Palavrade Deus.

2) Os Bispos aludem á perseguido sofrída pelos católicos. Julgam-na


compreensível e até mesmo sinal de autenticidade dos católicos, pois, como
disse Jesús: "Se perseguiram a mim, perseguido também a vos" (Jo 15,20).
Exortam á perseveranca corajosa, a qual se toma possível desde que os discí
pulos de Cristo se fortalecam na prece. Daí a exortacáo a que todos se dedi-
quem á oracao, seja comunitaria, seja particular.

3) Os Bispos terminam com urna palavra de esperanca e confianca. Se os


fiéis souberem levar urna vida digna, dócil ás inspirares do Espirito Santo e
pronta ao anrependimento e ao perdáo, poderlo obter melhores tempos para a
Igreja, unidos aos irmáos hoje separados num único louvor a Jesús Cristo.

(ContinuafSo da p. 412)

Consultando La vie sexuelle en Afrique Noire de D.P. Pedrals, publica


do em Paris, pelo editor Payot, em 1950, encontramos esta citacáo do célebre
Maurice Delafosse (traducáo nossa): 'A pederastía, o lesbianismo, o bestianismo
e em geral todas as relacóes sexuais contra a natureza sao excessivamente
raras no Sudáo (nome antigo de todo o oeste africano até os anos 60 - NT),
pelo menos entre as populacSesde raca negra (...) A pederastía foi introduzida
em algumas regióes, é preciso confessar, pelos Europeus; e nao parece ter
feito muitos adeptos entre os indígenas'.

Páginas adiante, Pedrals cita o nao menos renomado H.A. Junod, que
discorre sobre costumes sexuais dos Bantos, grande grupo etno-lingüístíco
africano que desenvolveu a instituiráo kilimbo, de tanta importancia para nossa
historia: 'Dois vicios muito difundidos entre as sociedades civilizadas, onanismo
e sodomía, eram inteiramente desconhecidos antes da chegada da civilizacáo'
(...) O paganismo grego conhecia essa imoralidade refinada (a sodomía), mas o
paganismo banto, pelo menos na tribo que estudamos, jamáis teve idéia déla.'

Finalmente, em suas declaracóes, o líder homossexual baiano afirma que


Zumbi tinha a alcunha de "Sueca". Ai ele acería: tinha, sim! Só que esse é um
nome de guerra, do mesmo peso de Zumbi e é aportuguesamento do quicongo
(língua africana) Swéka, nome que significa, segundo o Dictionaire Kikongo-
Fran?ais de K.E. Laman (Bruxelas, 1S64), 'inquice, entidade sobrenatural, que
pode tomar urna pessoa invisível durante a guerra'...

E Zumbi dos Palmares, o maior líder da resistencia contra a escravidáo


em todos os tempos, está muito por cima disso".

Estéváo Bettencourt O.S.B.

419
Mais um Grupo de Ajuda Mutua:

SEXÓLICOS ANÓNIMOS

Em síntese: Sexólico é alguém viciado emprática sexual; nao consegue,


a sos, deixar de pensar em sexo ou de o praticar. Os Sexólicos Anónimos
(S.A.) constituem Fraternidades, compostas porhomens e mulheres que com-
partilham suas experiencias e esperangas, procurando assim ajudar-se mutua
mente a resolveros problemas comunsna área sexual. Seguem, como outros
grupos de ajuda mutua, Doze Passos e Doze Tradigóes, procurando em Deus
(como cada qual O conhece) a forga para resolver suas difículdades. A fim de
entrar num grupo S.A., basta que a pessoa se reconhega carente; nada paga
nem há exigencia de crenga religiosa dos participantes. Requer-se, porém, a
guarda do anonimato para que nSo se quebré a privacidade das pessoas do
grupo. - A seguir, sSo explanadas a filosofía e a metodología dos SA na base
de um depoimento escrito porquem tem bom conhecimento do assunto.

1. PERGUNTANDO...

"1) Que é um sexólico?

- É alguém dependente (adicto) do sexo, alguém viciado em sexo, que


nao consegue, a sos, deixar de pensar em sexo ou de praticá-lo. O importante
é que cada membro se considere um sexólico, mediante participacáo ñas reu-
nioes e o conhecimento de nossa literatura. Fazendo isto, a pessoa se identi
ficará como membro de um grupo nosso ou nao.

2) Que sao os Sexólicos Anónimos?

- Constituem urna Irmandade de homens e mulheres que compartilham


suas experiencias, forcas e esperanzas entre si e que podem resolver seus
problemas comuns desta maneira e, além disto, ajudar outros a se curar na
área sexual.

3) Se o sexo faz parte da natureza humana, por que um sexólico


precisa de curar-se?

- Porque existe urna diferenca entre o sexo, que é dom de Deus, e a


conduta obsessiva, que é o que chamamos luxúria. O sexólico busca, através
de um Programa de Doze Passos, encontrara recuperagáo, abandonando seu

420
SEXÓUCOS ANÓNIMOS 37

comportamento vicioso. Busca libertar-se da luxúria, nao do sexo. Nao preten


demos que nossos membros se tornem assexuados ou celibatários, embora
algumas vezes certos sexólicos optem pelo celibato; isto, porém, nao é preco
nizado pelo nosso Programa.

4) Porque muitas pessoas váo a urna reuniáo e nao continuam ou


nao freqüentam assiduamente?

- Por diversos motivos. Para muitas pessoas, o sexo está intimamente


ligado a atos violentos, como estupro, abusos sexuais na infancia, etc. Daí a
dificuldade de colocarem sua problemática. No caso das mulheres, muitas se
sentem envergonhadas, já que a criacáo délas é muito reprimida nesta área.

Para outras pessoas, um Programa deste tipo é um convite á reflexáo, a


urna vida de moderacáo e equilibrio; ora elas, por sua natureza mesma, nao
conseguem adaptar-se ou nao oquerem, preferindo prolongar seu comporta-
mentó distorcido.

5) Como pode urna pessoa saber se é sexólica? Existem alguns


sinais da compulsáo?

-Sim. Existem varios sinais da compulsáo sexual, dentre os quais desta


camos: 1) um padráo de comportamento descontrolado; 2) Incapacidade de
autocontrole, apesardas conseqüéncias negativas que daí provenham; 3) Bus
ca persistente de autodestruicáo ou comportamento de alto risco; 4) Ansia
constante ou esforco para contero comportamento sexual; 5) Obsessáo sexu
al e fantasía como estrategia básica de satisfacáo; 6) Aumento gradual das
experiencias sexuais, porque o nivel de atividade sexual existente nornomento
passa a ser insuficiente; 7) Mudancas violentas de temperamento ha atividade
sexual; 8) Perda desordenada detempo, procurando, praticando ou se refazen-
do de urna experiencia sexual; 9) Negligencia de importantes atividades sociais
e ocupacionais causada pelo desordenado comportamento sexual; 10) Seve
ras conseqüéncias ligadas ao comportamento sexual.

6) Existem formas variadas de compulsáo sexual?

- Sim; existem muitas formas de compulsáo, dentre as quais destaca


mos: 1) o sexo fantasioso; 2) o sexo com seducáo; 3) o sexo anónimo (feito
com parceiros estranhos em parques, saunas, banheiros públicos, etc.); 4) o
sexo pago (com prostitutas ou "massagistas"); 5) sexo comercializado (prati-
cado para filmes de sexo explícito); 6) sexo voyeurístico'; 7) sexo exibicionista;

1 Voyeurismo vem de voyeur, que em francés significa vidente, aquele que vé. é a
excitagáo sexual ao ver alguém a cópula sexual de dois parceiros ou ao ver os
órgáos genitais de outrem.

421
38 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

8) sexo intrusivo (praticado sem a permissáo do outro em ónibus, trens, etc.);


9) sexo com objetos; 10) sexo com enancas; 11) sexo com dor.

7) Quais as conseqüéncias mais comuns, para o compulsivo, desta


desorganizado do seu comportamento sexual?

- As conseqüéncias podem ser desastrosas. Destacamos as mais co


muns: 1) perda da autoestima; 2) perdada integrídade; 3) perda da produtivida-
de; 4) perda de amigos importantes: 5) perdas financeiras; 6) perda de canreira
profissional; 7) culpa intensa porterferido alguém.

8) Por que um dependente de sexo, apesar de todas estas conse


qüéncias negativas, continua com este comportamento compulsivo?

- Porque ele é impotente diante da sua compulsao. Apesar das conseqüén


cias adversas, o estado desejado é táo atraente que o compulsivo distorce,
ignora ou perde o contato com a realidade á sua volta. A dependencia passa a
regular a vida emocional do individuo. A vergonha cría os ciclos de autodestruicüo,
em que ele se esforca para parar; isto apenas intensifica os fracassos.

9) Que é que leva alguém a se tornar um viciado em sexo (ou um


sexólico)?

- A resposta a esta pergunta pode ser encontrada, na maioria das vezes,


na infancia da pessoa. Muitos sexólicos sofreram abusos de diversos tipos,
trazendo-lhes serios problemas na vida adulta. Destacamos tres tipos de abu
sos: 1) abusos físicos (enanca censurada e até castigada porfalarde sexo ou
tocar na sua genitalia); 2) abusos emocionáis (enanca negligenciada pelos pais);
3) abusos sexuais (caricias toreadas, sexo oral, ato sexual foreado, etc.);

Um destes abusos ou o conjunto deles tem demonstrado ser urna das


causas principáis que levam alguém a se tomar um sexólico quando adulto.

10) Como pode um sexólico encontrar a recuperacáo?

- Ele pode encontrar a recuperacáo através da ajuda de um psicólogo,


psiquiatra e através do Programa dos Doze Passos oferecido pela Irmandade
dos Sexólicos Anónimos.

11) Que é que os Sexólicos Anónimos oferecem?

- S. A. oferece um programa de Doze Passos e Doze Tradicóes para


ajudar as pessoas dependentes a encontrar a sobriedade sexual e se manter
sobrias. Esta Irmandade é baseada nos principios de Alcoólicos Anónimos e
422
SEXÓLICOS ANÓNIMOS 39

recebe permissáo de A. A. desde 1979 para usar seus Doze Passos e suas
Doze TradicSes.

É importante ressattar que S. A. nao é lugar para obtencáo de companhei-


ros ou parceiros sexuais nem para aprendizado de gozo da luxúria. NSo faz
terapia sexual ou grupal e tampouco é uma sociedade de individuos sexual-
mente hiperativos.

12) Qualquer pessoa que se considerar viciada em sexo, poderá


freqüentaras reuniSes de S.A.?

- Sim. O único requisito para alguém tornar-se membro é o desejo de


parar com o comportamento distorcido e tornar-se sexualmente sobrio.

13) Se a pessoa freqüentar o grupo e gostar, mas vier a recaír, po


derá retornar á Irmandade?

- Sim; as pessoas seráo sempre benvindas as reuniSes de S.A., desde


que conhecam nossos propósitos primordiais. As recaídas fazem parte da re-
cu peracao. Elas podem atrasar o processo ou forcar o dependente a voltar ao
estágio inicial de recuperacáo, mas nao o impedem de se manter no Programa
oferecidoporS.A.

14) Como funcionam as reunióes de S.A.?

- Funcionam como as dos outros grupos anónimos. É feita a leitura de um


capítulo de um dos livros básicos da Irmandade; depois cada membro fala a
respeito do que foi lido ou de sua experiencia dentro do grupo, ou ainda como
tem usado os instrumentos para a sua recuperacáo.

S.A. já oferece aos seus membros quatro livros: 1) "O Grande Livro"; 2)
"Prossegue a Recuperacáo"; 3) "Livro de Depoimentos"; 4) "Coletáneas".

Utilizamos a literatura e a troca de experiencias ñas reunioes como base


para a nossa recuperacáo.

15) Como pode S.A. ser conhecido pelas pessoas?

- De diversas maneiras. Como está escrito em nossa Quinta Tradicáo,


"cada grupo é animado de um único propósito primordial: o de transmitir sua
mensagem ao sexólico que ainda sofre".

Entendemos que levamos a mensagem aos outros da melhor maneira


quando falamos da nossa própría experiencia. E nao há lugar melhor para fazé-
lo do que nossas próprias reuniSes.
423
40 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

É preciso ressaltarsempre a importancia do anonimato (11* e 12'. Tradi-


<?óes), embora a Inmandade nio precise de ficarno anonimato.

Temos de resguardar o nosso anonimato pessoal, nao dando nomes ver-


dadeiros em entrevistas nem aparecendo de frente diante de cámaras de TV ou
em fotografías. A Irmandade, no entanto, precisa de ser divulgada na imprensa
em geral. Estamos sempre enviando nossos folhetos a médicos, padres, pro-
fessores, psicólogos, terapeutas, etc. Aprendemos que os principios devem
ser sempre colocados ácima das personalidades. Aqui talvez resida a chave
dos efeitos benéficos colhidos neste Programa.

Urna vez apresentada a Irmandade de Sexólicos Anónimos, publicamos,


a seguir, o depoimento muito vivo propagado pela própria Irmandade num de
seus folhetos de divulgacáo.

2. DEPOIMENTO

2.1. O Problema

"Muitos de nos nos sentíamos inadequados, sem valor, sozinhos e com


medo. O nosso interior nunca combinava com o que víamos no exterior dos
outros. Cedo comecamos a nos sentir separados - dos nossos pais, de nossos
iguais e de nos mesmos. Sintonizamo-nos com a fantasía e a masturbacáo.
Nos nos ligávamos através de fotos, imagens e na busca dos objetos de nos-
sas fantasías.

Nos desejávamos ardentemente e queríamos ser desejados.

Tomamo-nos viciados reais: sexo conosco mesmos, promiscuidade, adul


terio, relacionamentos de dependencia e mais fantasía.

Oblínhamos com osolhos, comprando, comercializando, dando. Éramos


viciados em intrigas, provocacñes e coisas proibidas. A única forma de liberda-
de que conhecíamos era fazé-lo. Isso causou odio a nos mesmos, culpa, re-
morso, vazio e dor; fomos levados cada vez mais para dentro, para longe da
realidade, do amor, perdidos em nos mesmos.

Nosso hábito impossibilitava a intimidade verdadeira. Nunca podíamos


conhecer a uniáo real com o outro porque estávamos presos ao irreal. Procura-
vamos a 'química', a ligacáo mágica porque ela nos desviava da intimidade e da
uniáo verdadeira; a fantasía corrompeu a realidade; a luxúria matou o amor.

424
SEXÓUCOS ANÓNIMOS 41

Primeiro viciados, depois incapacitados para o amor, tirávamos dos outros


o que estava faltando para nos completar.

Engañando a nos mesmos, acreditávamos que o próximo viña nos salvar,


estávamos na verdade perdendo nossas vidas.

2.2. A Solucáo

Vimos que nosso problema possui tres aspectos: físico, emocional (ou
mental) e espiritual: A recuperacáo deverá abrangeros tres. A mudanca crucial
de atitude comecou ao admitirmos nossa impotencia, ao admitirmos que nos-
so hábito nos havia derrotado.

Comparecemos regularmente ás reunióes e progressivamente paramos


com o hábito. Para alguns isso significou ausencia de sexo (consigo mesmo e
com os outros), incluindo novos relacionamentos.

Para outros significou nao ter relacóes com o cónjuge por um determinado
tempo a fim de se recuperar da luxúria.

Descubrimos que podíamos parar, que nao alimentar a fome nao nos leva
ría á morte, que sexo era, sem dúvida, algo opcional! Havia esperanza em
conseguir liberdade e cometamos a nos sentir vivos. Encorajados a continuar,
nos afastamos cada vez mais da nossa obsessáo por sexo e por nos mesmos
e nos voltamos para Deus e para os outros.

Isso era assustador. Nao podíamos ver o caminho á nossa frente, só sabí
amos que outros já o tinham trilhado anteriormente.

Em vez de nos matar, a entrega estava matando a obsessáo! Caminha-


mos em direcao á Luz, a um modo de vida completamente novo.

A Irmandade nosdeu apoio, tornando-se um porto seguro onde pudemos


nos enfrentar. Em vez de esconder nossos sentimentos com sexo compulsivo,
comecamos a expor os fundamentos do nosso vazio espiritual e de nossa
fome. E a recuperado comecou.

Ao encararmos nossos defeitos, tivemos vontade de mudar. A entrega


tirou o poder que eles tinham sobre nos. Pela primeira vez, comecamos a nos
sentir melhor conosco sem a 'droga'.

Tentamos consertar nossos erros, ao nao prejudicar os outros e perdoar


aqueles que nos haviam prejudicado. A cada reparacáo, sentíamos menos cul
pa em nossos ombros, até que conseguimos levantar nossas cabecas, olhar o
mundo de frente e nos sentir livres.

425
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

Cometamos a praticar urna sobriedade positiva, agindo com amor para


melhorar nossas relances com os outros. Estávamos aprendendo a dar e co-
megamos a receber na mesma proporgáo. Comecamos a encontrar o que ne-
nhum dos substitutos nos havia forneado. Estávamos fazendo a conexáo ver
dadera. Estávamos em casa".

3.S.A.-ENDERECOS

Grupo Riachuelo- R. do Riachuelo, 367


Centro Igreja Nossa Senhora de Fátima
3* feira das 18h ás 20h, Rio (RJ).

Grupo Caxias - R. Prof. José Eudes


25 de agosto - Igreja Nossa Senhora de Fátima
sábado das 15h ás 17h, Caxias (RJ).

Grupo Flamengo - R. Baráo do Flamengo, 22- sala 1004


6* feira das 18h 30 min ás 20h 30 min. Rio (RJ).

CAIXA POSTAL 3766 - Rio (RJ)

ORACÁO DA SERENIDADE

Concedei-nos, Senhor,
Serenidade para aceitaras coisas que nao podemos modificar,
Coragem para modificar aquelas que podemos,
Sabedoria para distinguir urnas das outras.

Verainda:
Alcoólicos Anónimos, em PR183/1975, pp. 116-135;
Narcóticos Anónimos, em PR 392/1995, pp. 36-48.

SOCIEDADE DOS AMIGOS DOS CURSOS POR CORRESPONDENCIA

CARLO(A) LEITOR(A), FOI FUNDADA A SOCIEDADE DOS AMIGOS


DOS CURSOS POR CORRESPONDENCIA "MATER ECCLESIAE", DESTI
NADA A APOIAR ESSE TRABALHO APOSTÓLICO. SA012 CURSOS QUE,
ENVIADOS AO BRASIL INTEIRO EÁ ÁFRICA DE LÍNGUA PORTUGUESA,
BENEFICIAM PESSOAS EINSTITUICÓES DESEJOSAS DE SE ESCLARE
CER OU DE CRESCER NA FÉ. AJUDE-NOS A AJUDAR. AS DOAQÓES SAO
DEDUTÍVEIS DO IMPOSTO DE RENDA. -MAISINFORMACÓES PELO TE
LEFONE (021) 242-4552.

426
No Tricentenario de suamorte:

QUEM FOI ZUMBÍ DOS PALMARES?

Em sfntese: Quilombos eram redutos de escravos foragidos, que se or-


ganizavamdemodo a formarpequeñas aldeias. O mais importante de todos os
quilombos fólode Palmares (1630-1694) nos territorios dos atuais Estados de
Alagoas e Pernambuco; media 27.000 km2 e chegou a ter a populagáo de
20.000 habitantes. O seu chefe mais famoso fot Zumba ou Zumbí, sobrinho de
Gama Zumba, o primeiro govemante de tal quilombo. Quando Ganza Zumba
foi derrotado na guerra em 1678 por Femño Camino e aceitou fazer a paz com
os portugueses do Recite, Zumbí, que era "General das Armas", seinsurgiue
assumiu o comando da resistencia; esta durou até 1694, quando Palmares foi
ocupado pelos bramos sob a chefia de Domingos Jorge Velho. Zumbí ocultou-
se entSo e até lutou, com alguns homens, até 1695, quando fot traído por um
companheiro; o seu esconderijo foi descoberto pelos inimigos, que o mataram.

O ano de 1995, no Brasil, é o Ano Zumbí dos Palmares, a comemorar 300


anos da /norte cío herói. Em tomo do seu nome acendeu-se urna controversia
porparte de um grupo gay de Salvador (BA), controversia que os comentadores
¡ulgam destituida de fundamento e inútil.

* * *

O ano de 1995 é o Ano Zumbi dos Palmares, em homenagem aos tre-


zentos anos da morte do herói. Algumas instituyes no Brasil tém valorizado
essa figura de lutador, que passou um tanto despercebida até os últimos dece
nios, mas últimamente é exaltada pelos Movimentos Negros e pelos grupos
voltados para a historia e as tradigdes do Brasil.

Ñas páginas subseqüentes, seráo apresentados tragos biográficos de Zumbi


sobre o paño de fundo dos quilombos em geral e do quilombo de Palmares em
particular. - Ao Deputado Alvaro Valle a nossa revista agradece a valiosa cola-
boracáo, que vai publicada sob o subtítulo n° 3 deste artigo.

1. OS QUILOMBOS

Apalavra quilombo vemde kilombo, quenalínguadosquimbundosquer


dizer capital, povoacao, uniáo.

427
44 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

Deu -se o nome de quilombo no Brasil a acampamentos fortificados de


escravos foragidos, situados geralmente a boa distancia das povoacóes dos
brancos. Constituirám-se ñas regióes de maiorconcentracáo de escravos em-
penhados em fugirdas penosas condigóes de vida a que eram submetidos.
Procuravam as matas e as térras virgens, fundando ai núcleos de populacho,
que se transformavam. aos poucos, em aldeias prósperas. Ai restaurava m al-
guns dos métodos africanos de organizacáo social: a térra era cultivada coleti-
vamente, havendo policultura como também críacáo de animáis domésticos. A
maioria desses acampamentos teve duracáo relativamente breve, pois os fa-
zendeiros, senhores de escravos das vilas vizinhas, promoviam expedicóes
contra eles. sob o pretexto de recapturar escravos fugitivos. Todavía alguns
quilombos conseguiram estrutura administrativa e hierárquica que Ihes permitiu
manter comercio com os habitantes de aldeias próximas, assegurando-lhes a
amizade de povoacoes vizinhas.

Dentre os quilombos mais importantes, destacam-se

- o rln Palmares, em térras de Alagoas e Pernambuco de nosso lempo.


Resistiu, no século XVII. a dezessete incursdes antes de capitular. Foi lá que
viveram Zumba Ganga e seu sobrinho Zumbi;

-odo rio da Mortes, em Minas Gerais, vencido em 1751 pelo bandeiran-


te Bartolomeu Bueno do Prado, que fez 4.000 vítimas;

- o de Malunguinho, perto de Recife (PE), extinto em 1836;

- o de Cumbe, no Maranháo, extinto em 1839.

Os negros reunidos em quilombos ou os quilombolas (deformagáo da pa


la vra tupi canhambora = aquele que costuma fugir) procuravam resistirás expe-
dicSes dos brancos, mas careciam da devida instrucáo militar, o que tomava
efémera a guerra, exceto em Palmares, onde os habitantes eram treinados e
constituiam castas militares.

2. QUILOMBO DOS PALMARES

Palmares ficava no sertáo de Alagoas, entre o Cabo S. Agostinho e o rio


Sao Francisco, atingindo o temtórío de Pernambuco de nossosdias. Durou de
1630 a 1694. Essa subsistencia relativamente prolongada se deve, em grande
parte, á localizacáo do quilombo em térras férteis e densas florestas, que favo-
red am a defesa praticada por um pessoal relativamente bem adestrado.

O quilombo de Palmares media 27.000 km2, e chegou a ter 20.000 habi


tantes distribuidos por aldeias (mocambos). A organizacáo administrativa era a

428
ZUMBÍ DOS RAIMARES 45

dos reinos africanos da regíáo de Angola: visava á lavoura e a modesto artesa-


nato.

O primeiro governo de Palmares foi chefiado porGanza Zumba, assesso-


rado por um conselho integrado pelos líderes dos principáis mocambos. Os
quilombolas praticavam investidas contra fazendas e aldeias para apreender
armas, municSes e víveres e para libertar escravos. Por sua vez, os senhores
brancos atacavam o quilombo, com soldados e armas. Isto se deu, pela primei-
ra vez, em 1644 por obra dos holandeses que ocupavam a regiáo. O quilombo
defendeu-se bem, recorrendo á guerrílha. Mas em 1678 Ganza Zumba foi der
rotado por Fernáo Camino e aceitou a paz oferecida pelo governador de
Pernambuco após sofrer duro cerco. Todavía o sobrinho de Ganza Zumba, o
General das Armas Zumbí, destituiu Ganza Zumba e assumiu o governo de
Palmares; acompanhado por outros valentes guerreiros, passou á luta de guer-
rilhas, receando enfrentar dlretamente o adversario, pols se sentía Inferior quan-
to ao número de homens e armas. Em 1692 Zumbí derrotou Domingos Jorge
Velho, paulista; mas em 1694 a praca-forte de Palmares, na serra da Barriga,
foi invadida e ocupada. Cerca de duzentos negros precipitaram-se no abismo, e
Zumbi desapareceu, dando margem a que o tivessem por morto. Na realidade,
escapou e continuou a resistencia contra os brancos, com um pequeño grupo
de companheiros. Teve, porém, que ceder, pois foi traído porum correligionario;
o seu escondeñjo foi descoberto pelos inimigos, que o mataram.

Tal é o herói que o ano de 1995 comemora no Brasil. Para dar a conhecer
melhor Zumbi e a historia do seu tempo, vai, a seguir, publicado o parecer do
Deputado Alvaro Valle datado de 24 de abril de 1995; versa sobre o projeto de lei
n° 10/1995, apresentado á Comissáode Educacáo, Cultura e Desporto da Cá
mara dos Deputados.

3. QUEM FOI E QUE FEZ ZUMBÍ?

"Os historiadores portugueses preocuparam-se pouco com relatar a His


toria de sua colonia na América no século XVII. Em grande parte déla, esteve o
Brasil sob dominio espanhol e alguns territorios sob controle holandés, provável
razáo do desinteresse dos historiadores portugueses. Esse desinteresse exis
te até hoje no estudo dessa fase da Historia de nosso país. Aprendemos os
acontecimentos do século XVI com detalhes; todos sabem, por exemplo, o
nome e os feitos dos primeiros governadores-gerais. Mas, a partir de 1580,
comeca a penumbra que tanto prejudicou o estudo de acontecimentos impor
tantes. Parece que o Brasil so desperta após o Tratado de Madri, em 1750.0
Quilombo dos Palmares é um dos movimentos encobertos pelo pequeño inte-
resse pelo século.

429
46 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/1995

Por esta razao, permitimo-nos meditar sobre alguns acontecimentos his


tóricos, que justificara1o o voto que propomos a esta Casa.

Já nos principios do século XVII, há noticias de reducdes de negros que


buscavam, nos quilombos, a vida livre. Tém-se noticias de expedicSes contra
quilombos, em Palmares, desde 1602. Mas é a dominacáo holandesa de
Pernambuco, a partir de 14 de fevereiro 1630, que fará multiplicarem-se as
fugas de escravos e que tomará as suas reducóes, além de mais numerosas,
mais organizadas. Porque a Companhia das indias Ocidentais1 toma mais cru
el o tratamento dos escravos que trazia de Angola, sendo rotineira a tortura, em
suas formas mais selvagens. A tortura era ensinada até em livros. Cachorros
eram importados da Holanda por Mauricio de Nassau, para a perseguicáo aos
negros. Expulsos ou inermes os jesuítas, os escravos ficavam sem qualquer
defesa organizada, só Ihes restando a esperanca da fuga.

Chegavam também noticias do que haviam feito os holandeses na Bahia,


poucos anos antes. Alforriaram negros para lutar em seus exércitos, e, ao fazer
a paz, entregaram-nos á fuña das tropas portuguesas, enquanto embarcavam
seguros em seus navios.

Um dos equívocos mais comuns no estudo do século XVII é a usual


exaltacá o dos supostos beneficios da ocupacSo holandesa. Na realidade, parte
do Nordeste brasileiro nao foi sequerocupada por um pais estrangeiro. Tivemos
parcela de nosso territorio explorada por urna empresa comercial, sem outro
objetivo senáo, confessadamente, o de buscar lucros comerciáis. N3o houve
ocupagáo holandesa do Brasil; houve a exploracáo de urna empresa, a Compa
nhia das Indias Ocidentais, fundada em 1621 com o objetivo explícito de dedi
ca r-se á rapinagem em benefició de seus socios.

Portugal buscava, por melhores ou piores métodos, expandirá fé e o im


perio. Ninguém negará aos colonizadores portugueses o ideal que herdamos.
Foi este ideal e, mais tarde, a extraordinaria visáo geopolítica de D. Joáo que
asseguraram a unidade brasileira e a sua extensáo territorial, ao contrario do
que vina a acontecer á América espanhola. Essa unidade na grandeza territorial
comeca a ser forjada em 1640, quando termina a dominacao espanhola de 60
anos.2 Iría seguir-se o Tratado de Madri (um século depois, em 1750), que
garantiu a atual dimensáo brasileira. A dominacáo da Companhia das Indias,
no século XVII, foi a maior ameaca a essa unidade territorial. Tal ameaca expli-

1 A Companhia Holandesa das Indias Ocidentais era urna sociedade organizada


por acionistas desde 1621; contava com capitais dos marcadores e o apoto do
Govemo das Provincias Unidas dos Países Bancos. Foi privilegiada com o monopo
lio do comercio com as Américas e a África e tinha a prerrogativa de realizar con
quistas territoriais e administrativas. De 1624 a 1654 os holandeses ocuparan) tem-
tórios da Bahia, de Pernambuco e do Maranháo. (Nota da Redagáo)
2 A dominacao espanhola durou de 1580 a 1640, período em que Portugal e suas
colonias estiveram anexados á Espanha. (Nota da RedagSo).

430
ZUMBÍ DOS PALMARES 47

ca o esforco portugués contra Palmares, e o rigor de homens como o Pe.


Antonio Vieira, no combate aos quilombos.

Em seu retomo á vida e aos costumes primitivos, á moda daquilo que


Rousseau chamaría mais tarde o "bon sauvage", os palmadnos comecavam a
afirmar-se. Os grupos de diferentes nacoes eram reconhecidos pelo tipo físico
e pela língua, congos, cabindas, angolas, bengüelas e outros. Onde querque
houvesse senzalas no Brasil, já os cativos sonhavam com a liberdade dos
quilombos. As comunicares na Bahia já comecavam a estar ameacadas e os
espanhóis, sem o espirito conciliador portugués, nao sabiam buscar a unidade
nacional.

Foi durante a dominacáo espanhola que cresceu Palmares, já entao com


urna rudimentar organizacáo política e social, sob a chefia de Ganza Zumba
(escolhido pelos chefes comunitarios). Nos Palmares, viviam negros, indios,
brancos e até soldados portugueses. O ideal comum era a busca da liberdade.

Palmares é o desmentido formal do mito capitalista das vantagens da


ocupacSo holandesa. Desmitifica a imagem do holandés bom, que ainda hoje
povoa a ¡maginacáo popular. Nao faltam os románticos ou ignorantes da Histo
ria, que imaginam um Brasil louro e progressista, se tivéssemos sido todos
colonizados pela Holanda. Esquecem que temos bem aqui, ao norte, na Guiana,
o exemplo da explorado do colonialismo capitalista holandés. E o exemplo
daquilo de que nos livramos.

Em busca de escravos que se iam tomando raros, a Companhia invade


Angola, considerada porela o melhornreservatório" do continente africano. Em
1641, 900 marinheiros e 2000 soldados conquistam Sao Paulo de Luanda e
intensifica-se a exportacáo de escravos. Lá eram adquiridos por 30 florins e
revendidos no Brasil por 500. Mas tamanha foi a quantidade de importados que
seus precos se aviltaram, levando os holandeses a só os venderem financia
dos, a juros de 3 e 4% ao mes. A venda tomava-se desculpa para a agiotagem,
dentro de suas melhores tradicSes. Maus negociantes obrigavam escravos a
beber agua do mar, provocando a sua morte pouco após a venda, e, assim,
novos negocios. Alimentavam-se os ressentimentos que justificavam Palmares.

Os holandeses fizeram varias expedic5es contra Palmares. A última de-


las talvez tenha sido a de Joáo Blaer, em fevereiro de 1645, especialista na
versáo setecentista de luta na selva ou de guerrilha. Como seus antecessores,
foi mal sucedido. Em maio, Nassau deixava o Brasil, e a exploragáo da Compa
nhia tomava-se ainda mais violenta e menos eficiente.

Criava-se o clima para a Insurreigáo Pernambucana, com a multiplicacáo


dos confiscos e a repressáo dos dominadores. A técnica de Nassau era cobrar
431
48 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 400/199S

altos juros, mas sempre conceder novos empréstimos, mantendo em suas


máos os devedores. Agora, os holandeses exigiam pagamentos Integráis, o
que estimulava a burguesía e o comercio local á revolta. Joáo Femandes Víeira,
um dos maiores devedores da Companhia, va¡-se tomar um líderda Insurreicáo,
ao lado do indio Felipe Camarao e do negro Henrique Días.

Os holandeses foram expulsos, após as batalhas de Guararapes, assi-


nando a capitulacao em 26 de Janeiro de 1654, na Campiña do Taborda.

Palmares florescia. Vale acentuar que, em liberdade, os antigos escravos


conseguiam excelente produtividade na agricultura, desmentindo-se a idéia
generalizada desua incapacidade para o trabalho no campo. Defendiam-se dos
portugueses, usando táticas de guerrílha. Sempre encontros rápidos e fugas
para o mato denso, destruindo o que deixavam para tras. Ao mesmo tempo,
mantinham urna política de boa vizinhanca com os colonos próximos, que Ihes
fomeciam armas, em troca de produtos agrícolas.

Por aquela época, o chefe dos Palmares era Ganza Zumba. Verdadeiro
líder, mantinha unido o seu povo, destrocando os que procuravam submeté-lo.
Fernáo Carrilho, Manuel Sampaio e Francisco Camelo foram algunsdosque
receberam recursos ejuntaram tropas para o combate a Ganza Zumba. Quase
sempre. comunicavam os portugueses aos governadores a destruicáo de
Palmares, que parecía ressurgir das cinzas.

Convencidos, afinal, da impossibilidadeda Vitoria militar, os colonizadores


portugueses voltaram á sua tradicional e eficiente política de apaziguamento e
aliancas. Pedro de Almeida e seu sucessor, Aires de Souza e Castro, propdem
a paz a Ganza Zumba, em junho de 1678. Em novembro, Ganza Zumba vai
pessoalmente ao Recife, com um séquito de quarenta soldados, assinar o acordó
que devería selar o fim de Palmares. É recebido como nobre, e o Govemador
adota dois de seus filhos, que passam a assinar-se Souza e Castro. Garánte
se a liberdade a todos os nascidos em Palmares, que se tornam vassalos da
Coroa.

O erro político talvez tenha sido a nao concessáo dos mesmos direitos
aos outros residentes, fugitivos, que nao foram alforríados.

Foram eles que encontraran) em Zumbí o liderde que precisavam. Zumbí,


a pesar de nascido em Palmares, nao aceitava aquela pax romana táo restríta.
Zumbí dos Palmares era visto pelos brancos com respeito e pelos negros com
urna ungáo que reservavam aos deuses. Coxo, por ferimento em combate, tor-
nava-se um mito para os que buscavam um símbolo em sua luta pela liberdade.
Sua lideranca iría tornar-se indisputada após a morte de Ganza Zumba, envene
nado.

(Continua na p. 393)

432
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GELHO DE SAO JOÁO". O livro procura estabelecer a relacáo entre fé
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tes de salvacáo ou se interpenetram? Como harmonizar a invisibilidade
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Palavras de Dom Estéváo Bettencourt O.S.B.:

"O presente livro se presta tanto ao estudo científico do quarto


Evangelho quanto á med'rtacáo e á Lectio Divina dos fiéis cristáos. Quem
o le tem a impressáo de estar entrando, aos poucos, no misterio de
Deus - o que suscita urna atitude de reverencia e adoracáo. "Realmen
te este lugar (este livro) é santo, é a porta do céu... e eu nao o sabia!",
poderá o cristáo dizer, parafraseando a exclamacáo de Jaco, conscien
te de que tomara contato com o Senhor Deus em Betel (Cf. Gn 28,17).

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