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A MINHA VIDA
Envio-te esta carta, esperando que a mesma te encontre bem de saúde, bem
como aos teus.
Joaquim.”
- Sebastião despacha-te.
“Meu amigo Joaquim, foi com imensa alegria que recebi a tua carta. Ter
notícias tuas deixou-nos a todos muito contentes. Respondo à mesma,
começando por dizer que todos nos encontramos bem e esperamos que tu e a
tua família também.
Aqui o dia passa rápido, sempre com muito que fazer. Começo o dia,
levantando-me às sete horas da manhã, quando o sol ainda não nasceu no
horizonte. Em seguida vou comer a merenda que a minha mãe nos prepara
antes de sairmos de casa. Umas vezes como pão, outras cereais. Deixa-me
que te diga que a alimentação aqui não é nada rica, havendo pão, sopa,
azeitonas, toucinho, sardinhas secas assadas, jantares de feijão e grão, papas
de milho, poucos legumes e frutas, faltando o peixe fresco que há aí em
Lisboa.
Cerca das 8.30 chega a minha professora, que me ensina as mais diversas
matérias. História, Geografia, Português, Aritmética, Geometria, Álgebra,
Botânica, e muitas mais coisas interessantes que a D. Matilde nos ensina. Digo
nos ensina, pois há alguns meninos pobres, filhos de trabalhadores nossos
cujos pais não têm posses para os deixarem aprender sequer a ler e o meu pai
deixa-os terem aulas comigo. E assim se passa a manhã.
Por vezes vou ajudar o meu pai, pois, embora ele tenha muitos trabalhadores
para trabalharem no campo, de vez em quando, algum adoece.
Agora, com quem brinco muito, é com os meninos mais novos, quando não
estudo ou ajudo o meu pai, porque os irmãos mais velhos e já crescidos têm
de ir ajudar os seus pais no campo.
Às vezes, invento brincadeiras quando não tenho ninguém para brincar. Por
exemplo, vou passear com o meu cão para o mato e atiro-lhe paus e ele vai
buscá-los. Uma vez encontrámos um javali e tivemos de nos esconder numa
gruta que estava lá ao pé e nem imaginas de quem era a gruta! Era a do javali!
Apercebi-me disso quando já era noite e quando começaram a entrar na gruta
quatro javalis robustos e muito altos. Felizmente, nesse preciso momento, ouvi
um tiro de uma arma e eu conhecia aquele barulho. Era o meu pai que me
tinha ido procurar com os meus irmãos mais velhos. Como já era tarde para
voltarmos para casa, passámos a noite no bosque, mas apesar de ser Verão
estava ainda muito frio e por isso tivemos de acender uma fogueira para nos
aquecermos.
A ceia é servida cedo, aí pela seis ou sete da tarde. É uma hora em que toda a
família se reúne e aproveitamos para falar sobre o dia que passou. De seguida,
recolhemo-nos para os nossos quartos, onde aproveito para ler um pouco
antes de adormecer, que o dia seguinte começa sempre cedo.
Como vês, a vida aqui no campo é mais calma, mas nem por isso aborrecida.
E tu, querido amigo, que tens feito por aí? Tenho saudades da vida de Lisboa,
dos passeios no Chiado e no Passeio da Liberdade, dos Espectáculos no São
Carlos. E o outro teatro, como vai a construção? Chegou-me a notícia de que
se iria chamar Rainha D. Amélia. Mais um para se juntar ao São Carlos e ao da
Trindade e animarem os dias de Lisboa.
Sebastião Vicente”
Olá, eu sou a Diana, tenho dez irmãos e vou contar um pouco da minha
vida: como é o meu dia-a-dia, com quem brinco, quem ajudo, como são as
minhas refeições, como é a minha casa, como me visto, como me distraio e
que actividades faço.
Eu, no meu dia-a-dia, brinco com as minhas irmãs e ajudo a minha mãe
a lavar a loiça, a cuidar da roupa e a fazer a sopa, enquanto os meus irmãos
ajudam o meu pai na agricultura e na criação do gado.
Eu e os meus irmãos, comemos depois dos nossos dos pais, geralmente
o que sobra, sopa, pão, milho, batata, arroz e bebemos água. Nos dias festivos
é que comemos peixe, carne e doces.
A minha casa é caiada de branco com terraços para secar os nossos
produtos agrícolas.
Visto-me com roupas mais frescas do que no Norte.
Distraio-me indo ajudar os meus pais nos trabalhos agrícolas onde
geralmente cantamos e dançamos. Nos serões rezamos e contamos histórias e
na esfolhada quem encontrar o milho-rei tem de dar um abraço a todas as
pessoas presentes.
Nos domingos de manhã, vou à missa e de tarde vou jogar ao jogo do
fito e da barra enquanto oiço o repicar dos sinos.
Assim é o meu dia-a-dia no campo, junto da minha família e dos meus
amigos. Somos uma comunidade que partilha o pouco que tem e, por isso,
somos solidários.