4) Gases Perfeitos.
4.1 – Gás Perfeito. Definição. Gases Ideais
4.2 – Equações de Estado de um gás.
Um gás ideal é definido como um no qual todas as colisões
Para um gás real, no limite que a pressão tende entre átomos ou moléculas são perfeitamente elásticas e
a zero, a equação de estado toma a forma: em qual não há nenhuma força atrativa intermolecular.
U Pode-se visualizar isto como uma coleção de esferas
P V n R T e 0 perfeitamente duras que colidem, mas que caso contrário
P não interagem entre si. Em tal gás, toda a energia interna
Um gás é denominado de gás perfeito, quando suas está na forma de energia cinética e qualquer mudança em
propriedades, ainda que não correspondam a nenhum energia interna é acompanhada por uma mudança em
gás real existente, sejam aproximadamente as de um temperatura. Um gás perfeito ou ideal é um modelo
gás real a baixas pressões. idealizado para o comportamento de um gás. Um gás
perfeito obedece às seguintes leis:
Transformações Gasosas. lei de Boyle-Mariotte
lei de Charles
Processos isobáricos, Isocóricos e lei de Gay-Lussac
Isotérmicos. Um gás ideal pode ser caracterizado através de três
variáveis de estado: pressão absoluta (P), volume (V), e
Os processos podem ser classificados por: temperatura absoluta (T). A relação entre eles pode ser
deduzida de teoria cinética, que mostraremos a seguir, e
Processo Variável de Variação Lei pode ser chamada:
estado P V N k T
Constante
Isotérmico Temperatura T=0 PV=K Sendo N o número de moléculas: N nN A e
T constante Boyle-
Mariotte
Isocórico Volume V=0 P=kT Constante dos gases ideais: R 8.3145 molK
J
3RT 3(8.31)(300)
(b) vmqH
2
M 2 103
vmqO 1.93 kms
2
Teorema da Equipartição
houver correntes de ar na sala, o aroma se espalha intervalo v, v+dv é dada pela função de distribuição de
muito lentamente. Maxwell-Boltzmann, encontrado por métodos da mecânica
Esta difusão do aroma é lenta porque, embora estatística:
as moléculas do perfume tenham velocidades elevadas, dN
as trajetórias que percorrem são ziguezagueantes, f (v)dv
N
avançando e recuando, em virtude das colisões com as 32 2
4 m
mv
moléculas do ar. A distância que em média uma f v
v 2
e 2 kT
molécula percorre entre duas colisões sucessivas, , é o 2kT
percurso livre médio. A velocidade mais provável, é aquela para a qual
O percurso livre médio de uma molécula está a velocidade é máxima:
relacionado com o tamanho da molécula, com os
2kT 2 RT
tamanhos das outras moléculas e com a densidade do vmax
gás. Imaginemos uma molécula de raio r1 movendo-se m M
com a velocidade v através de uma região de moléculas O valor médio da velocidade pode ser encontrado
estacionárias com o raio r2. A molécula colidirá com por:
outra de raio r2, quando a distância entre os centros 3kT
v 2 v 2 f (v)dv
respectivos for d = r1+r2. (Se as moléculas forem todas m
0
iguais, a distância d é o diâmetro de cada uma.) A
medida que a molécula avança, irá colidindo com 3kT
Que coincide com vmq
qualquer outra cujo centro esteja dentro do volume m
varrido por um círculo de raio d, que lhe é concêntrico. A distribuição de energia:
No fim de um tempo t, a molécula cobriu a distância vt A função de distribuição de Maxwell-Boltzmann
e colidiu com todas as moléculas no volume cilíndrico em termos da energia é dada por:
d2vt. O número destas moléculas é nvd2vt, sendo nv = 2 1
32
E
0,006 g
b
c
d
e
f T = 250
b
c
d
e
f
g T = 500
0,005
b
c
d
e
f
g Series6
0,004 b
c
d
e
f
g Series17
0,004 b
c
d
e
f
g Series18
0,003 b
c
d
e
f
g Series34
b
c
d
e
f
g Series35
f(v),f(E)
0,003
b
c
d
e
f
g Series36
Figura 2 - Raio de moléculas em colisão. 0,002
0,002
0,001
O comprimento total da trajetória dividido pelo 0,001
número de colisões dá o caminho livre médio: 0,000
vt 1 0
nv d 2 vt nv d 2
v,E
P
P
P2 (2)
Expansão
(1) (3) T
P1
Compressão
0 Vi=V1 Vf V2 V
Vi Vf V
Na transformação (1) o trabalho é nulo, pois
ocorre a volume constante (Isocórico ou isovolumétrico.).
Quando não há variação de volume o trabalho V1
é nulo.
É possível elevar a tempeatura de um sistema W P2 dV 0
pela adição de calor, mas também efetuando trabalho V1
sobre ele. A figura 5 mostra o esquema do aparelho que Na transformação (2) o trabalho é dado por:
Joule usou na sua famosa experiência para determinar a V2
quantidade de trabalho capaz de elevar, de um grau W P2 dV P2 V2 V1
Celcius, a temperatura de um grama de água. V1
Na transformação (3) (Isotérmica) o trabalho é
Figura 5 - Esquema do aparelho da dado por:
experiência de Joule. A água fica em um vaso
termicamente isolado, que impede a troca de calor. Vf Vf
nRT Vf
Quando os pesos caem a velocidade constante, W PdV dV nRT (ln Vi ln V f ) nRT ln
provocam o giro da roda de paletas que efetua trabalho Vii Vi
V Vi
sobre a a água. Se o atrito for desprezível, o trabalho da
roda de paletas contra a água é igual à energia mecânica Vf
perdida pelos pesos, que corresponde à diminuição da nRT ln
energia potencial destes pesos. Vi
Figura 6 - Esquema da expansão isotérmica de
um gás ideal mostrando diferentes expansões a
temperaturas distintas.
água era cerca de 1000 vezes maior que a do ar, não A experiência é realizada como se segue:
pôde Joule descobrir nenhuma variação na temperatura Quando a torneira de regulação é aberta
da água, ainda que, segundo nossos conhecimentos ligeiramente, o gás flui lentamente, através da longa
atuais, o ar deva ter experimentado uma variação de serpentina, e sai para o ar ambiente.
temperatura de vários graus.
O segundo método de estudo do coeficiente de Figura 8 - Aparato de Rossini e Frandsen para
Joule consiste em se tentar medir a temperatura do gás U
quase imediatamente depois da expansão livre, antes medida de de um gás.
que ele possa trocar calor com seu meio externo, P
utilizando-se para isto o próprio gás como termômetro.
Nas experiências de Hirn realizadas em 1865, dividiu-
se um recipiente em dois compartimentos iguais por
meio de um tabique que podia ser rompido com a ajuda
de uma esfera metálica. Inicialmente, ambos os
compartimentos continham ar à pressão atmosférica.
Fazia-se passar o ar um deles ao outro mediante uma
bomba, e deixava-se que a temperatura do gás
comprimido retornasse ao seu valor inicial. Rompia-se
então o tabique e imediatamente após, media-se a
pressão por meio de um manômetro de tubo em U, que
continha um líquido leve, encontrando-se o mesmo Ao mesmo tempo, as temperaturas do gás, da bomba,
valor que quando o gás ocupava inicialmente todo o da serpentina e da água são mantidas constantes por meio
recipiente. Deduziu-se, por conseguinte, que não havia de uma bobina de aquecimento elétrica submersa na água.
ocorrido nenhuma variação de temperatura. Cazin A energia elétrica fornecida à água é, por conseguinte, o
repetiu esta experiência, em 70, com um equipamento calor Q absorvido pelo gás durante a expansão. O trabalho
semelhante. realizado por este será evidentemente:
Os resultados deste método são duvidosos por
causa das oscilações do líquido no tubo manométrico. W P0 nv0 VB
Se transcorrer um tempo suficiente para permitir que as
oscilações do líquido manométrico desapareçam, então, sendo P0 a pressão atmosférica, v0 o volume molar à
durante este tempo, existirá uma transferência de calor temperatura e pressão atmosféricas, e VB o volume da
entre o gás e as paredes do recipiente. Isto invalidará os bomba.
resultados. Outras complicações procedem da condução Se u (P, ) é a energia molar à pressão P e temperatura
de calor através das válvulas metálicas de conexão, , e u(P0 ,) a energia molar à pressão atmosférica e à
devido a uma diferença de temperatura criada pelo gás mesma temperatura, tem-se, de acordo com a primeira lei:
ao circular rapidamente. Nos experimentos de Keyes e
Sears realizados em 1924 não se utilizava o próprio gás W Q
como termômetro; em lugar, empregava-se um u ( P, ) u ( P0 , )
termômetro de resistência de platina para medir a n
temperatura imediatamente após a expansão. Mediram- Sempre que são feitas correções para levar em
se variações de temperatura que tinham conta as variações de energia devidas às contrações das
aproximadamente a ordem de grandeza correta, porém paredes da bomba. Deste modo, mediu-se a variação de
foram somente algumas medidas pouco precisas. energia para valores diversos da pressão inicial e
Uma medida da variação de temperatura ligada a representou-se a pressão graficamente. Uma vez que u(P0
uma expansão livre é tão difícil que parece necessário ,) é constante, deduz-se que a inclinação da curva
abandonar a idéia de uma medida precisa do coeficiente U
de Joule. Os métodos modernos de atacar o problema resultante para qualquer valor de P é igual a .
da energia interna de um gás supõem a medida da P
U Dentro do intervalo de pressões, compreendido entre l e 40
grandeza ao experimentar o gás uma expansão U
P atm, observou-se que é independente da pressão.
isotérmica na qual existe transferência de calor e P
realização de trabalho. A mais ampla série de medidas Assim:
desta espécie foi realizada em 1932 por Rossini e U
Frandsen no National Bureau of Standards, mediante f ( ) e
um método concebido por Washburn. O equipamento é P
representado na Figura. Uma bomba contém n mole de
gás a uma pressão P, e comunica-se com a atmosfera U f ( ) P F ( ) ;
com uma longa serpentina enrolada em torno da bomba.
O conjunto acha-se submerso em banho de água cuja
temperatura pode ser mantida constante em um valor
ou seja, U só dependerá da temperatura.
igual, exatamente, ao da atmosfera que o envolve.
FCTM - Termodinâmica – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Capítulo 9 – Gases Ideais, Ciclos termodinâmicos 56
Expansão livre
Já num gás real, a energia interna de um gás
deve envolver formas de energia que dependem da
pressão e do volume do gás. Imaginemos, por exemplo,
que as moléculas vizinhas de um gás real se atraiam
mutuamente, Então será preciso despender trabalho
para aumentar a separação entre as moléculas. Portanto,
se a distância média entre as moléculas aumentar, a
energia potencial associada às atrações moleculares
também aumentará. A energia interna do gás dependerá
do volume do gás, além da temperatura.
Joule, esquematizou um aparelho como
indicado na figura 10, para efetuar uma experiência
para determinar se a energia interna do gás depende ou
não de seu volume. No início da experiência, o
compartimento abaixo estava cheio de gás e o acima
completamente vazio (vácuo). A torneira que conecta
os dois estava fechada. O sistema estava termicamente
isolado do ambiente, não podendo ceder ou receber
calor, nem efetuar trabalho. Quando a torneira era
aberta, o gás se precipitava no compartimento
esvaziado. O processo é uma expansão livre (expansão
contra pressão nula).
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Calor é uma forma de energia que é transferida Muito do progresso em termodinâmicas foi feito
de um corpo (sistema) para outro corpo (sistema ou no estudo das propriedades de gases. Um das perguntas
ambientes). A transferência de Calor pode acontecer cedo era se ou não gases esfriam em expansão. Joule
quando há uma diferença de temperatura. Assuma dois projetou uma experiência para descobrir se ou não gases
corpos com temperaturas diferentes colocados em esfriam em expansão e nesse caso quanto.
contato. O calor transfere do corpo mais quente ao mais O aparato de Joule consistiu em dois bulbos de
frio. Isto continuará até a temperatura dos corpos é o vidro conectados por uma torneira. Um bolbo estava cheio
mesmo (equilíbrio térmico). A unidade de SI de calor é com gás em algum p e T. O outro bulbo foi evacuado. O
joule (J). Outras unidades são: aparato inteiro foi separado de forma que q = 0. Quer dizer,
1 cal (calorie)= 4.1868 J a experiência seria adiabática.
1 Btu (British thermal unit)= 1055.05 J A torneira foi aberta para permitir o gás para se
thermie= 4.184E6 J expandir no bolbo juntando. Considerando que o gás
ft.lbf= 1.35582 J estava se expandindo contra zero pressão que nenhum
kJ= 1000 J trabalho era acabado, w = 0. Com ambos o q = 0 e w = 0
MJ= 1 106 J está discutido a experiência similar na seção anterior.
hp.h (horsepower.hour)= 2.6845E6 J ; U
kWh= 3.6106 J; MWh= 3.6109 Joule em 1845 experimentou medir
A primeira Lei da Termodinâmica
V T
relaciona trabalho, energia interna e calor: (este é zero para um gás ideal) para analisar o
comportamento de um gás ideal. A experiência de Joule-
Quando um sistema fechado é alterado Thompson era uma melhoria um envolve a expansão de
adiabaticamente, o trabalho total associado com a um gás por uma tomada porosa tal que a entalpia H
mudança de estado é o mesmo para todo possíveis permanece constante. Envolvia uma medida do coeficiente
processos entre os dois determinados estados de H
de Joule-Thompson . Advertência que este
P T
equilíbrio.
Uma definição mais sucinta e compreensível
poderia ser algo assim: A matéria e a energia podem ser derivado é avaliado a H constante. Chegou-se ao
alteradas (convertidas), mas não criadas nem destruída. resultado:
A Primeira Lei ensina que a matéria e a energia não >0 O gás esfria na expansão
podem simplesmente aparecer nem desaparecer.
dQ dU dW μJT < 0 O gás aquece na expansão
A Primeira Lei, embora não formalmente Esse processo é utilizado em criogenia para
definida até o século dezenove, ajudou a tornar a resfriamento do He para obtê-lo na forma líquida e
ciência possível. A ciência depende da habilidade para armazenada em dewars, como vemos na figura abaixo.
identificar as relações de causa-efeito. Se a matéria ou
energia pudesse aparecer espontaneamente, os cientistas Figura 8 - Aparelhos utilizados em criogenia
nunca saberiam se uma determinada observação era
devido a uma causa racional, ou para uma geração
espontânea de matéria ou energia que eram causadas.
Conclusões científicas estariam em solo movediço. A
Lei de Causalidade é unida assim de perto com a
Primeira Lei de Termodinâmicas.
A Primeira Lei também exige, se nós
aceitamos isto, um de duas possibilidades sobre a
natureza do universo. A pessoa é que sempre existiu,
forma variável talvez, mas nunca tendo vindo do nada,
ou indo para o mesmo. A outra possibilidade é que não
veio do nada, mas de uma transformação (quer dizer,
fora do universo) de um criador que não está sujeito às
leis dentro do universo.
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x
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dQP CP dT
dQ dU dW dQ CV dT PdV
PV nRT
dPV PdV nRdT
dP 0 PdV nRdT
dQP CV dT PdV
CP dT CV dT nRdT
C P CV n R
O calor específico à pressão constante é dado
por:
1 U
cP
n T P
Para um gás monoatômico: Cada átomo pode vibrar nas posições x, y, z em
c P cV R torno da respectiva posição de equilíbrio. A energia total
do átomo nesse sólido é:
Ou:
1 1 1 1 1 1
C P CV n R E mvx2 mv y2 mvz2 kef x 2 kef y 2 kef z 2
2 2 2 2 2 2
Aqui, kef é a constante de força das molas
hipotéticas. Pelo Teorema da Equipartição da energia, a
energia interna de um mol do sólido é:
1
U 6 RT 3RT
2
cV 3R
Essa relação é demonstrada utilizando a
primeira lei da termodinâmica.
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Processos adiabáticos.
Processos adiabáticos são definidos como
processos que não envolvem transferência de calor:
dQ 0
Aplicando à primeira Lei da Termodinâmica,
teremos:
dQ 0 dU dW dU dW PdV ncV dT
Como:
PdV VdP
Fracasso do Teorema da Equipartição PV nRT PdV VdP nRdT dT
nR
Embora o Teorema da equipartição tenha Igualando os termos teremos:
êxitos espetaculares na explicação das capacidades PdV VdP P
dT dV
caloríficas dos gases e dos sólidos, ele também tem nR ncV
fracassos. Se uma molécula de um gás diatômico
girasse por um eixo que passa pelos átomos, os dois nRP c c
átomos deveriam vibrar sobre o eixo da molécula, e PdV VdP dV P V 1dV V V dP 0
teríamos dois graus de liberdade a mais,
ncV R R
correspondentes às energias cinética e potencial de
vibração. PcV R dV VcV dP 0 Pc P dV VcV dP 0
As capacidades caloríficas molares
experimentalmente medidas, indicam que c P dV dP dV dP
aparentemente as moléculas de gases diatômicos nem 0 ln V ln P C
giram em torno do respectivo eixo, nem vibram sobre cV V P V P
esse eixo. O Teorema da Equipartição da energia não
oferece explicação para esse comportamento nem para ln V ln P C ln PV C PV e C k
o das moléculas monotômicas que, aparentemente, não
giram em nenhum dos três eixos. Além disso, a
capacidade calorífica varia com a temperatura, o que PV k
não é previsto pelo Teorema da Equipartição.
O caso mais significativo da variação da cP
capacidade calorífica com a temperatura é o da
molécula de H2, como ilustra a figura 11.
cV
Figura 12 - Dependência da capacidade A curva PV k é sempre mais inclinada que a
calorífica molar do H2 com a temperatura. isotérmica PV = k, pois > 1
W PdV kV dV
Vi Vi
1
Para um gás ideal:
T f Ti
W nR
1
T f Ti ; W nRC T f Ti
W nR V
CV CP
C
1 P
CV
T Ti
W nRCV f
nR
W CV Ti T f
Compressão adiabática
Exemplos
A panela de pressão.
Figura 15 -
(a) Refrigerador em trabalho sem trabalho que
poderia ser usado em conjunção com uma máquina
simétrica normal (à direita) para formar uma máquina com
rendimento 100%
2 Potência de um motor
dQ
S (Processo reversível)
1
T A potência pode ser expressa nas unidades Watt
Se o processo for isotérmico e reversível: (1 W = 1J/1s) ou em em cavalos-vapor (cv). O termo
Q original é horsepower – traduzido por cavalo de força,
S (Processo isotérmico criado pelo engenheiro James Watt (1736 a 1819),
T tornando-se mais conhecido pelas melhorias que introduziu
reversível) nas máquinas a vapor.
Unidade: j/K, cal/K ou Btu/ 0R Watt trabalhava com seus cavalos içando carvão
de uma mina e queria transmitir a idéia da potência
Ciclos termodinâmicos: disponível de um desses animais. Descobriu que os cavalos
da mina eram capazes de executar, em média, 22.000 pés-
Acarreta-se nessas conversões variações de libra (3.044 quilogramas.metro, ou kg.m) de trabalho em
estado de um gás em um processo termodinâmico, um minuto. Deu um acréscimo de 50% nesse número e
assim, há a necessidade de uma série de processos nos determinou que um cavalo-vapor é equivalente a 33.000
quais o sistema seja levado ao seu estado inicial, ou pés-libra de trabalho (4.566 kg.m) em um minuto.
seja, um ciclo. 1cv = 735.5W
Cada processo pode envolver um fluxo de
calor para o sistema, ou do sistema e o desempenho de Máquina a vapor:
trabalho sobre ele. O desenvolvimento da máquina à vapor no século
Para um ciclo completo: XVIII contribuiu para a expansão da indústria moderna.
QH: quantidade de calor absorvido pelo Até então, os trabalhadores era executados na dependência
sistema. exclusiva da potência dos músculos dos operários e da
QC: quantidade de calor cedido pelo sistema. energia animal. Do vento ou da água. Uma única máquina
W: trabelho líquido realizado pelo sistema. à vapor realizava o trabalho de centenas de cavalos.
Se QH > QC e se W é realizado pelo sistema, Fornecia a energia necessária para acionar todas as
então o dispositivo mecânico que obriga o sistema a máquinas de uma fábrica. Uma locomotiva à vapor podia
percorrer o ciclo denomina-se máquina Térmica, tendo deslocar cargas pesadas a grandes distância em um único
como propósito fornecer trabalho continuamente ao dia. Os navios à vapor ofereciam transporte rápido,
meio exterior (realizando o ciclo repetidas vezes). econômica e seguro.
FCTM - Termodinâmica – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Capítulo 9 – Gases Ideais, Ciclos termodinâmicos 64
Uma máquina à vapor não cria energia, utiliza Pode-se aproximar o ciclo da máquina a vapor
o vapor para transformar a energia calorífica liberada pelo ciclo de Rankine, que veremos mais adiante.
pela queima de combustível em movimento de rotação A figura anterior mostra três isotermas da água em
e movimento alternado de vaivém, afim de realizar diagrama PV: uma correspondente à temperatura C do
trabalho. Uma máquina a vapor possui uma fornalha, na condensador, outra à temperatura B da caldeira e a terceira
qual se queima carvão, óleo, madeira ou algum outro à temperatura mais elevada H.
combustível para produzir energia calorífica. Em uma As curvas de saturação do líquido e do vapor, são
usina atômica um reator funciona como uma fornalha e indicadas tracejadas.
a desintegração dos átomos geram o calor. Uma No ciclo de Rankine, todos os processos são
máquina à vapor dispõe de uma caldeira. O calor supostos serem bem comportados: dessa maneira são
proveniente da queima de combustível leva a água a eliminadas todas as complicações decorrentes da
transformar-se, e ocupa um espaço muitas vezes maior aceleração, turbulências, atrito e perdas de calor.
que o ocupado pela água. Partindo do ponto 1 que representa o estado de 1
Cronologia lb de água líquida saturada à temperatura e pressão do
1698 - Newcomen inventa uma máquina para condensador, o ciclo de Rankine compreende os seis
drenar a água acumulada nas minas de carvão. processos seguintes:
Patenteada em 1705, foi a primeira máquina movida a
vapor. 1 2: Compressão adiabática da água até a
1765 – James Watt aperfeiçoa o modelo de pressão da Caldeira (durante esse processo ocorre apenas
Newcomen. Seu invento deflagra a revolução industrial uma variação muito pequena de temperatura).
e serve de base para a mecanização de toda a indústria. 2 3: Aquecimento isobárico de água até o
Stephenson revoluciona os transportes com a invenção ponto de ebulição.
da locomotiva a vapor. 3 4: Vaporização isotérmica e isobárica da
1785 - Boulton começa a construir as água até convertê-la em vapor saturado.
máquinas projetadas por Watt.
4 5: Superaquecimento isobárico de vapor
No funcionamento real da máquina a vapor
d´água até convertê-lo em vapor superaquecido à
existem alguns processos que dificultam sua análise
temperatura H.
exata, tais como a aceleração e turbulência produzidas
pela diferenças de pressão requerida para fazer com que 5 6: Expansão adiabática do vapor dágua até
o vapor flua de uma parte para outra do aparato; o convertê-lo em vapor úmido.
atrito, a condução de calor pelas paredes durante a 6 1: Condensação isotérmica e isobárica do
expansão do vapor e transferências irreversíveis de vapor dágua transformando-se em água saturada à
calor devidas a diferenças finitas de temperatura entre a temperatura C.
fornalha e a caldeira Durante os processos 2 3, 3 4 e 4 5 o
Figura 16 - Diagrama da máquina a vapor. sistema recebe calor QH procedente de um reservatório de
calor, enquanto que no processo de condensação 6 1, o
sistema cede calor QC para um reservatório frio à
temperatura C. Esse processo de condensação deve existir
para que o sistema retorne ao seu estado inicia1. Uma vez
que durante a condensação do vapor d´água existe sempre
calor sendo rejeitado, QC não pode ser igual a zero, e por
isso o calor QH fornecido não pode ser convertido
integralmente em trabalho.
Resumindo, a máquina a vapor do tipo
condensação realiza as seguintes operações:
A água é convertida em vapor em uma caldeira e
o vapor assim formado é superaquecido acima da
temperatura da caldeira (aproximadamente 500°C e 200
atm).
O vapor superaquecido é admitido num cilindro e
Figura 17 - Ciclo da máquina a Vapor: Diagrama P- expande-se contra um pistão. O cilindro é mantido ligado à
V. caldeira durante a primeira parte do tempo que ocorre a
pressão constante.
A válvula de admissão é fechada e o vapor se
expande adiabaticamente durante o resto do tempo.
O resfriamento adiabático produz condensação de
parte do vapor e a mistura de gotículas de água e vapor é
forçada a sair do cilindro no seu curso de retorno e
introduzida no condensador, onde o vapor restante é
condensado e podendo ser reciclado.
A eficiência térmica dessa máquina é da ordem de
35 a 40 %, cerca de 60 a 65% da energia fornecida é
desperdiçada.
FCTM - Termodinâmica – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Capítulo 9 – Gases Ideais, Ciclos termodinâmicos 65
O Ciclo de Carnot: Vf
O engenheiro francês, Sadi Carnot criou uma Q U W ; W PdV
máquina térmica hipotética, cujo rendimento é o Vi
maior possível. De acordo com a segunda lei da
termodinâmica, nenhuma máquina térmica pode ter Adiabáticas: P V K T V 1 cte ;Q = 0
eficiência de 100%. Qual seria a máxima eficiência Isotérmicas PV nRT : (Gás ideal) U = 0
de uma máquina térmica, a partir de um reservatório
quente a uma temperatura TH e de um reservatório Processo W U Q
frio a uma temperatura TC? Carnot desenvolveu tal (PiViTi)(PfVfTf)
máquina hipotética com as seguintes características: ab V V
n R TH ln b
n R TH ln b
Expansão 0 Va
Os processos que envolvem transferência de calor Isotérmica
Va
=QH
são isotérmicos.
Não deve haver transferência de calor em qualquer bc Pc Vc Pb Vb =
processo em que a temperatura da máquina varie, pois Expansão 1 CV (TC TH ) 0
Adiabática
ele não seria reversível.
CV (TH TC )
Fonte quente: temperatura TH = TQ,
Fonte fria: TC =TF. cd V
n R TC ln d
0 V
n R TC ln d
Compressão Vc
Dois processos adiabáticos e dois processos Isotérmica
Vc
= QC
isotérmicos.
Figura 18 - Ciclo de Carnot da Pa Va Pd Vd
Compressão 1 CV (TH TC ) 0
Adiabática
CV (TC TH )
Ciclo: QH+QC
a b... a Área do ciclo A 0 A
CP (Coeficiente de Poisson)
CV
Para todos os gases:
Gases monoatômicos:
5 7
CV R ; CP R , 7
5
2 2
Gases poliatômicos e quimicamente ativos:
Rendimento:
W
QH
TC
1
TH
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O Motor de Stirling:
Robert Stirling: em 1816 projetou e
patenteou uma máquina de ar quente que podia
converter alguma da energia liberada pelo combustível
liberado em trabalho. Tornou-se obsoleto ao
construírem as máquinas a vapor e de combustão
interna.
Características:
Dois pistões, um de expansão e outro de
compressão. Etapa d a: Os dois pistões se movem,
Espaço entre pistões cheio de gás e uma parte é mantendo o volume e fazendo o gás mais frio passar da
mantida em contato com um reservatório de calor direita para a esquerda pela chicana.
(combustível em ignição) e a outra parte (direita) está
em contato com um reservatório frio. Diagrama P versus V
Entre as partes existe um dispositivo R chamado
de regenerador (pacote de lã de aço ou uma série de Figura 20 – Ciclo de Stirling: Fonte
chicanas cuja condutividade é suficientemente baixa quente: T1 = TH; fonte fria T2 = TC. Calores
para manter a diferença de temperatura entre a
trocados: Q1 = QH e Q2 = QC.
extremidade fria e a quente).
P
Fonte quente: temperatura TH =T2, fonte fria:TC=T1.
Dois processos isotérmicos (compressão e Pa a
expansão) e dois isovolumétricos.
Estudo do ciclo: TH QH
Figura 19 – Ciclo de Stirling
Pb b
d
Pd
TC
T2 = TH T1 = TC Pc c
Etapa a b: O pistão esquerdo desce e o direito
permanece fixo. O calor QH do reservatório quente a temperatura TH é QC
absorvido pelo gás, expandindo-o isotermicamente.
Va = Vd Vb = Vc V
Q U W
Vf
W PdV
Vi
Exemplos:
W Q U
Exemplo 1 – A figura representa um diagrama Trabalho Calor Energia
Etapa Interna
PV simplificado do ciclo Joule de um gás perfeito.
1 2 P2V2 P1V1
0 T2 T1
Todos os processos são quase estáticos e CP é 1 nR
1
constante. Completar a tabela:
2 3 0 cV T3 T2 cV T3 T2
P 2 3 3 4 P1V4 P2V3 0 T4 T3
nR
P2 1 1
4 1 P1 V1 V4 P1 V1 V4 cP T4 T1
Adiabáticas
P1 4 +
c P T4 T1
0 V2 V1 V3 V4 V 1 Soma Soma 0
...1
2 3 P2 V3 V2
P2 V3 V2 + c P T3 T2
c P T3 T2 P2 1
3 4 P1V4 P2V3 0 nR
T4 T3
1 1 Adiabática
c P T4 T1
1 Rendimento do ciclo (mostrar!!):
Soma Soma 0
... V2
1 1
1 2
Rendimento do ciclo (mostrar!!): V
1
P P3
1
1 1
P2 P2
Exemplo 2 – A figura representa um diagrama Etapa W Q U
PV do ciclo Sargent de um gás perfeito. Todos os Trabalho Calor Energia
processos são quase estáticos e as capacidades Interna
caloríficas são constantes. Complete a tabela. 1 2 P2 V2 V1 P2 V2 V1 + c P T2 T1
P c P T2 T1
P3
cV T3 T2
3
2 3 0 cV T3 T2
3 1 V
nR ln 1
V1
nR ln
0
V
V3 3
1 Soma = Soma 0
P2 2 ... Área
P1 1 4 1
Adiabáticas
0 V2 = V3 V1 V
Motor elétrico
Paralelo ao motor a explosão, o grande avanço
na indústria deve-se ao motor elétrico. Motor elétrico é
uma máquina destinada a transformar energia elétrica
em mecânica. É o mais usado de todos os tipos de
motores, pois combina as vantagens da utilização de
energia elétrica - baixo custo, facilidade de transporte,
limpeza e simplicidade de comando – com sua
construção simples, custo reduzido, grande
versatilidade de adaptação às cargas dos mais diversos
tipos e melhores rendimentos.
A tarefa reversa, aquela de converter o movimento
mecânico na energia elétrica, é realizada por um
gerador ou por um dínamo. Em muitos casos os dois
dispositivos diferem somente em sua aplicação e (b) Elétrico.
detalhes menores de construção. Os motores de tração
usados em locomotivas executam frequentemente
ambas as tarefas se a locomotiva for equipada com os
freios dinâmicos.
Motor a jato
Motor a jato é qualquer motor que acelera e
expele um jato de fluído a altas velocidades para gerar
empuxo de acordo com a 3ª Lei de Newton. O exemplo
mais típico dessa categória é o motor que impulsiona
um foguete.
Motor hibrido
é o motor que utiliza hidrogenio como fonte de energia
Motor fotoelectrico
É um motor que acaba por usar a energia solar. Um
veículo movimentado com este motor, o Nuna 2, (c) A jato.
atingiu os 170 Km/h.
6. Curso de exaustão:
Características:
4. Curso de Potência:
T2
Calor absorvido e cedido:
QH CV dT CV T3 T2
T3
T2
Rendimento:
QC
1
QH
QH Cv Tc Tb ; QC Cv Ta Td
Td Ta
1
Tc Tb Figura 34 - Funcionamento do ciclo e motor de
Como: TaVa 1 TbVb 1 ; TcVb 1 TdVa 1 automóvel.
Por subtração:
1
V Td Ta
Td Ta Va 1 Tc Tb Vb 1
b
Va Tc Tb
A razão r = Va/Vb é chamada de razão de
compressão. Assim:
1
1 1
r
Num motor a gasolina, r não pode exceder de
10, porque, se for maior, a elevação da temperatura
depois da compressão de uma mistura de gasolina e ar
será suficiente para causar uma explosão antes de
produzir-se a centelha elétrica. Isto é chamado de pré-
ignição.
FCTM - Termodinâmica – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Capítulo 9 – Gases Ideais, Ciclos termodinâmicos 76
CP CV CV Ta Tb Tc Td 1 1
rC
1 1
CP
CP Tc Tb
1 rE rC 1 rE rC
1 1 ;
rC rE rC rE
1 1 T T Tc Td rC rE
1 a b rE
Tc Tb 1 1
Ta Tb Tc Td
1
1 1 1 rE rC
1
Tc Tb 11
rE rC
1 Tc Tb Ta Tb Tc Td
1
1 1 rE 1 rC
Tc Tb 1
1 rE 1 rC
1 T T
1 d a
Tc Tb Na prática, a razão de compressão de um motor
Expansão adiabática: diesel pode ser feita muito maior do que a de um motor a
1 gasolina, porque não existe o perigo de pré-ignição, uma
1 1 T V
TdVd TcVc c d rE 1 Td rE1que
vez Tc somente o ar é comprimido. Se tomarmos rC=15;
Td Vc rE = 5 e = 1.5 obtém-se = 64%. Os rendimentos dos
motores diesel são menores, pois a turbulência, perda de
Compressão adiabática: calor para as paredes do cilindro podem danificar o
1 processo.
Ta Vb
TaVa 1 TbVb 1 rC 1 Ta rC1 Tb Figura 35 - Diagramas P versus V do ciclo.
Tb Va
Vc 1
Vb Vc T V V r r T r
c c a E C c C
Tb Tc Tb Vb Vb 1 rE Tb rE
Va rc
1 rE1 Tc rC1 Tb
1
Tc Tb
1 Tc 1
rE rC
1 Tb
1
Tc 1
Tb
1 rC
rE rC1
1 rE Processo W U Q
1 Estado
rC 1 (PiViTi)
rE ab
compressão CV(Ta-Tb) CV(Tb-Ta) 0
rE rC rC adiabática
1 rE rE rC bc QH
1 isobárica
nR(Tc Tb ) CV(Tc-Tb) CP(Tc-Tb)
rC rE cd
rE expansão CV(Tc-Td) CV(Td-Tc) 0
adiabática
da QC
CV (Ta Td ) CV (Ta Td )
isocórica 0
a ...a A 0 A
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O óleo Diesel
Fonte: Petrobras Distribuidora
http://www.br.com.br/
O óleo diesel é um combustível derivado do
petróleo, constituído basicamente por hidrocarbonetos, o
óleo diesel é um composto formados principalmente por
átomos de carbono, hidrogênio e em baixas concentrações
por enxofre, nitrogênio e oxigênio e selecionados de
acordo com as características de ignição e de escoamento
adequadas ao funcionamento dos motores diesel. É um
produto inflamável, medianamente tóxico, volátil, límpido,
isento de material em suspensão e com odor forte e
característico. Recebeu este nome em homenagem ao seu
criador, o engenheiro alemão Rudolf Diesel.
Utilização
O óleo diesel é utilizado em motores de combustão interna
e ignição por compressão (motores do ciclo diesel)
empregados nas mais diversas aplicações, tais como:
automóveis, furgões, ônibus, caminhões, pequenas
embarcações marítimas, máquinas de grande porte,
locomotivas, navios e aplicações estacionárias (geradores
elétricos, por exemplo). Em função dos tipos de aplicações,
o óleo diesel apresenta características e cuidados
diferenciados.
Tipos de Diesel
O óleo diesel pode ser classificado, de acordo com sua
aplicação, nos seguintes tipos:
Tipo "B" (máximo 0,35% de enxofre)
Tipo "D" (máximo 0,2% de enxofre)
Tipo "S500" (máximo de 0,05% de
enxofre)
O óleo diesel Tipo "D" é utilizado nas regiões
com as maiores frotas em circulação e condições climáticas
adversas a dispersão dos gases resultantes da combustão do
óleo diesel, necessitando de maior controle das emissões.
Para as demais regiões do país é utilizado o óleo diesel
Tipo "B". A partir de 2005 nas grandes metrópoles
brasileiras, o Diesel S500 passou a ser comercializado
adequando-se às tendencias internacionais de redução da
emissão de enxofre na atmosfera. Esse Diesel tem no
máximo 0,05% de enxofre.
O Diesel quando comprimido com o Oxigênio explode, tal
caracteristica é utilizada nos motores para transformar esta
energia em movimento.
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Extra Diesel Aditivado conhecido como óleo diesel. A incorporação destas frações
e de outras obtidas por outros processos de refinação,
O Extra Diesel Aditivado é um óleo diesel que dependerá da demanda global de derivados de petróleo
contém um pacote multifuncional de aditivos com pelo mercado consumidor.
objetivo de manter limpo o sistema de alimentação de O atual modelo energético brasileiro é apoiado
combustível, reduzir o desgaste dos bicos injetores, entre outros pontos, no transporte de cargas em motores
reduzir a formação de sedimentos e depósitos, diesel, por via rodoviária, em detrimento do transporte
proporcionar melhor separação da água eventualmente ferroviário, fluvial ou cabotagem. Isso faz com que o óleo
presente no diesel e conferir maior proteção diesel seja o derivado propulsor do refino em nosso país,
anticorrosiva a todo o sistema de alimentação. correspondendo a 34% volume do barril de petróleo. Na
A utilização continuada do Extra Diesel maioria dos outros países do mundo, esta demanda situa-se
Aditivado garante uma pulverização mais eficaz do entre 15 e 25% volume do barril de petróleo, sendo a
combustível na câmara de combustão, permitindo uma gasolina o produto que comanda o refino, situação mais
mistura mais homogênea do combustível com o ar, fácil de atender em função das características dos petróleos
melhorando o rendimento do motor, evitando o e dos esquemas de refino disponíveis mundialmente.
desperdício de óleo diesel e reduzindo as emissões, Para atender o suprimento do mercado Brasileiro
contribuindo para uma melhor qualidade do ar. de derivados, com qualidade requerida e com custos
A utilização do Extra Diesel Aditivado traz, competitivos, a Petrobras opera suas refinarias priorizando
como conseqüência, a redução da freqüência de a produção de diesel.
manutenção dos componentes do sistema de De forma a garantir a qualidade de seus produtos,
alimentação e o aumento da vida útil do motor. bem como desenvolver melhorias, a Petrobras
De referência (também chamado Distribuidora tem continuamente adequado o seu parque de
diesel padrão) refino destacando-se a implantação das unidades de
O chamado óleo diesel de referência é hidrotratamento de diesel, processo que permite aumentar a
produzido especialmente para as companhias produção de diesel a partir do refino de diferentes tipos de
montadoras de veículos a diesel, que o utilizam para a petróleo, reduzindo o seu teor de enxofre.
homologação de motores nos ensaios de consumo,
desempenho e de emissões.
Óleo diesel marítimo
Também ocorrem subdivisões no caso do óleo
diesel marítimo de forma a se dispor da qualidade
requerida pelo usuário. São encontrados os seguintes
tipos, comercializados no país e/ou destinados à
exportação:
Marítimo comercial
Destinado a motores diesel utilizado em
embarcações marítimas. Difere do óleo diesel
automotivo comercial apenas na necessidade de se
especificar a característica de ponto de fulgor
relacionada a maior segurança deste produto em
embarcações marítimas. Como ponto de fulgor entende-
se a menor temperatura que o óleo diesel vaporiza em
quantidade suficiente para formar com o ar uma mistura
explosiva, capaz de se inflamar momentaneamente,
quando sobre ele se incidir uma chama (fonte de
ignição). Para o óleo diesel marítimo o ponto de fulgor
é fixado em um valor mínimo de 60°C.
Especial para a Marinha / Ártico
Os tipos Especial para a marinha e Ártico são
produzidos para atender necessidades militares e
apresentam maior rigidez quanto às características de
ignição, de volatilidade, de escoamento a baixas
temperaturas e de teor de enxofre. Isto se deve às
condições adversas de sua utilização em embarcações
militares - rapidez e desempenho - baixas temperaturas
(Oceano Ártico, por exemplo).
Produção
A partir do refino do petróleo obtém-se, pelo
processo inicial de destilação atmosférica, entre outras,
as frações denominadas de óleo diesel leve e pesado,
básicas para a produção de óleo diesel. A elas podem
ser agregadas outras frações como a nafta, o querosene
e o gasóleo leve de vácuo resultando no produto
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PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS
DOS COMBUSTÍVEIS