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DIRECCAO DE CAI DACIDAD. BS RAGO, EM oP. DOV BRO PDANNO Diéss,E SESTA FR* ANOVe. LIE BV AVA TROMENA, WSEVIRAO PER DOS MS. BDib PoRTo E.CHAMANDO POR NOSA S* DS REMED COM M“BVAGAO 08 EVRACE E DOPERIGG EMQ ESTAVAG EASIMO VROY, B® LEMBRANGA DAMC: Q LHEFES LEOMNDV BAZER EITE Pa tradigdo, assente nas priticas ancestrais do uso dig- nificante do seu odor exético, intenso, espesso € as- cendente, criador de atmosfera de diferenga pouco vulgar e, desde longa data, associada ao divino. Mais, algumas notas nos seriam possiveis de tecer. Por exemplo, aquelas que tém a ver com os cheiros pre- dominantes, em certas épocas pouco agradiveis, que este cheiro mais forte combateria. Nao se pense que foi caso raro, os primeciros cristios usaram 0 in- censo primeiro como forma de melhorar os espagos do que como forma de purificagao ou de reveréncia litirgiea. Alis, ainda em pleno século xix, quando da difusdo de uma certa leitura higienista do culto, como a defesa do fim dos enterramentos nos espacos fechados € frequentados das igrejas, também se de- fendeu a exclusdo do incenso dos rituais de culto, por se achar que este era inebriante ¢ causava entorpeci- mento entre os fiis. Apesar de tudo, e destas razdes para a interrupgo do uso tradicional do incenso, pa- rece que a motivacdo exética e estética, quer do odor perfumado, quer da nuvem por ele criada, foram as razBes principais da sua aceitago © propagacdo no universo religioso cristio. Nao € de estranhar, pois, que © puritano inglés William Beckford (1760- -1844), de viagem pelo Portugal de 1787, em que 0 religioso & barroco, na sua exterioridade e artificio- sismo, tirando por’ isso todo o partido do incenso, pudesse deixar escrito no seu Didrio, «penetrei na igreja [Patriarcal], onde se rezava missa: pontifical Nuvens de incenso erguiam-se no espago ¢ milhares de_pessoas viam-se ajoelhadas» (Lisboa, 1983, p.53). Afinal, muito se aproximavam estas sensa~ Ges do que havia ja ficado registado nas palavras poéticas do Esposo, no Cntico dos Canticos (sécu- low a.C.2): «antes que refresque o dia e desapare- ‘gam as sombras, irei a0 monte da mirra, ¢ ao outeiro do incenso. [...J. 0 odor dos teus perfumes excede 0 de todos os aromas! [...]. E 0 perfume dos teus vesti- dos & como o odor do incenso do Libano [...]. AS tuas plantas so como um bosquezinho de romizei- ras, com frutos deliciosos, com cipre ¢ nardo, nardo € agafrdo, cancla e cinamomo, com todas as arvores de incenso, com mirra ¢ aloés € todos os balsameiros mais selectos» (Cant. 4: 6, 10, 13-14) (v. uiTurcia). "ANTONIO CAMOES CUVEIA BIBLOGRAFA: Coto, Antinio — Curso de limrgia romana. Braga: Unido Griica, 19261930. 5 vol, Cony, A. Le miacme et Ta Jon- ‘quile: Liodorat et Vimaginaire socal, rnf-x2 sacle. Pars, 1SED Vie ten Incr: Prepra se sniiad ital So Pai: He rus, INDIA. Como é a Igreja Catolica na india? Ou me- thor, como sao as Igrejas da India? Parece ser esta uma formulagao preferivel, porque até recentemente as Igrejas no Terceiro Mundo eram tratadas nas his- torias da Igreja como apéndices missionérios das Igrejas do Ocidente. As Igrejas no Terceiro Mundo cram vistas nos seus préprios paises como transplan- tes de fora, ndo como suficientemente enraizadas nna sua heranga cultural, como expressdes auténticas da incamagao divina. Escreve um tedlogo indiano: «Temos povos que pertencem as Igrejas sem serem evangelizados. Quando se fizeram cristios, estes po- vos tiveram de adoptar umas priticas eclesiasticas Inpta desenvolvidas em culturas estrangeiras. O resultado € uma comunidade cristi alienada da comunidade humana, Temos uma Igreja na India, mas nao uma Igreja indiana. E sem as raizes culturais da comuni- dade no the foi possivel incamar os valores do Evangelho, nem exprimir a sua fé com simbolos que Ihe sio préprios. O poder dos cristios tornou-se visi- vel pelas suas instituigdes, e nao pela sua vida» (Cuanoras ~ Third World, p. 7). Nao se pode falar de uma Igreja da india, tal como seja possivel fazer nos paises pequenos em que a Igreja local se identi- fica com a Tgreja nacional. A diversidade historica e cultural de varias regides na india requer um trata- mento diversificado da implantagdo € crescimento do cristianismo no pais. Augustine Kanjamala, SVD, numa reunifo plendria da Conferéncia dos Bispos Catdlicos da india em 1991, distinguia quatro Igre- {jas catdlicas na India, nomeadamente 1) a Igreja si- ria; 2) a Igreja do antigo Padroado Portugués; 3) a Igreja tribal ou adivasi; 4) a Igreja dos dalits («opri- midos»), os intocéveis. Para evitar essa simplifica- ‘edo, que visava talvez a chamar a atengao dos bispos para as duas Igrejas marginais dos adivasis e dos da- its, prefiro adoptar aqui um outro modelo que ajuda a compreender melhor a evolugao histérica do cris- tianismo na {ndia, incluindo a sua interac¢ao com as Igrejas protestantes. Distingo assim pelo menos seis grupos de catélicos na india: 1. Os eristdos de Sao Tomé ou catalicos sirios de Kerala: Sao os catdlicos mais antigos da india, e mantém viva a tradigao da missionagao e morte do apéstolo Sao Tomé no Sul da India no século 1 d. C. Estes cristiios mantiveram ligagdes com a tradigio litirgica e jurisdigao hi uics da igreja caldcia da Sti oriental Houve ua efémera da Igreja latina na india nos sécu- los xut-x1v, quando alguns franciscanos e dominica- nos sofreram martirio na india. Faziam parte da es- tratégia papal de estabelecer contactos com os mongéis da China, com o fim de estabelecer uma alianga militar contra os Turcos, que ameagavam a Europa. A india tornou-se uma ponte de ligacao. Um desses missionérios, Jordan Catalani de Severac, fo- ra nomeado bispo de Coulio em 1330 pelo papa Joao XXII. Com a Peste Negra e devido aos proble- mas do Grande Cisma da Igreja na Europa, no hou- ve continuidade desses esforgos missiondrios. Quan- do chegaram os Portugueses, estes contavam com ‘uma alianga com os cristios de Séo Tomé como par- te da sua estratégia contra os mouros, que eram ri- vais econémicos comuns. Os Portugueses demons- traram grande interesse em descobrit 0 timulo e as tradigdes de Sdo Tomé na India. Os Portugueses consideravam-se continuadores da missio do apésto- lo. Houve inicialmente um bom relacionamento en- tre 0s cristios de Sio Tomé e 0s Portugueses. Havia interesses de parte a parte, mas o relacionamento foi piorando devido ao espirito militante ¢ pouco dialo- gante de Trento (ou como interpretado pelos defen- sores do Padroado Portugués), ¢ também com a rea- lizagao da parte dos Portugueses de que os cristdos de Séo Tomé nao eram uns aliados fiaveis, nem nham a forga politico-econémica que tinham imagi- nado. Os desacordos tomaram-se mais manifestos a partir do Sinodo de Diamper (1599) © a primeira 43r Inpta grande ruptura contra a jurisdi¢ao do Padroado Por- tugués teve lugar em 1653, com a chamada Rebeliao de Coonan, em que multiddes dos cristios de Sao Tomé sob a direc¢ao do arcediago Tomas Parambil tomaram um voto colectivo de desobediéncia as au- toridades do Padroado, especialmente na forma co- mo era representado pelos Jesuitas no Malabar. Qua- se um século e meio depois do fracasso dos chamados ritos chineses e do Malabar (1744), a San- ta Sé reconheceu em 1896 0 ito sirio-malabar criou os vicariatos desse rito em Changnacherry, nakulam e Trichur. Em 1911 foi criado o vicariato de Kottayam para os «sudistas» do rito sirio-malabar, nomeadamente os que se consideram descendentes dos emigrantes de Edessa em 345 d.C. Nao foi até 1923 que a Santa Sé aprovou a hierarquia do rito rio-malabar com a criagdo da sua sede metropolitana em Emakulam, e dioceses sufragineas em Changna- cherry e Trichur. Kottayam foi também transformada em diocese. Desde 1950 a jurisdi¢ao da Igreja sirio- -malabar tem atravessado os limites do estado de Kerala. Actualmente tem 21 dioceses na India. Em 1992 foi nomeado o primeiro cardeal desta igreja. O cardeal Antony Padyara tornou-se arcebispo maior de Emakulam-Angamali com «territorium: pro- prium» de duas provincias metropolitanas de Emna- kkulam ¢ Changnacherry. O cardeal abdicou da sua responsabilidade hierarquica em 1996, € 0 seu lugar foi temporariamente confiado a0 ‘administrador apostélico Varkey Vithaythil, esperando que se ar- rumem uns sérios conflitos internos entre os tradi cionalistas € os reformistas dentro desta Igreja. Os tradicionalistas, apoiados pelos actual_arcebispo Powathil de Ernakulam e pela Congregacao Oriental em Roma, pretendem reforgar as. tradigdes sirio- -caldeias, enquanto os reformistas considera esta tradicao um acréscimo bastante posterior ao apéstolo Sao Tomé, ¢ pretendem uma maior indianizacao da liturgia da igreja sirio-malabar. O conflito esta ao ru- bro ¢ ja se ouvem ameagas e uma repeti¢ao de 1653. Esti Seriamente ameagada a unidade desta comuni- dade com mais de 3,5 milhdes de adeptos em Kerala eno resto do pais, e com responsabilidade por quase 1500 instituigdes ‘de educagdo © caridade em oito dioceses € seis eparquias (jurisdigdes missionérias fora do estado do Kerala). Ede notar que quase 50% dos padres e 60% das freiras da India so de origem malabar. Um grupo dos rebeldes de 1653 nha-se organizado numa Igreja fiel a de Antiog Adoptaram o rito malankara e tinham metrans (bis- pos) intitulados Mar Thoma. Mas quase trés milhdes de jacobitas continuam ainda fora desta comunhao, € varios deles sairam da sua Igreja tradicional para se converterem ao protestantismo anglicano em 1879. Este ramo dos dissidentes constitui hoje, diocese anglicana de Madhya Kerala da Igreja da india meri- dional (CSI). De entre os jacobitas sairam ainda ou- ‘ros para formar a Igreja Mar Thoma em 1889, € conta hoje com mais de 200.000 seguidores. Um grupo de 5000 jacobitas, dirigidos pelo seu bispo Mar Ivanios, voltou a comunhao com Roma em 1932. Mar Ivanos era professor do colégio protestan- te de Serampore e em 1919 estabeleceu ashrams ou casas religiosas para homens e mulheres com votos a2 «Piewi» indo-portuguesa, séculos xvi-xvu, em marfim « ‘madeira (coleccdo particular de Celso Correia Teles) de religido. A nova ordem chamava-se Bethany hram. © Vaticano reconheceu o rito sirio-malanks € foram criadas a arquidiocese de Trivandrum duas dioceses sufragrineas de Tiruvalla e Bathe A ordem monastica de Bethany Ashram (Order Imitagdo de Cristo) continua a florescer € 0 tito hoje mais de 100000 adeptos. 2. Os cardlice Goa, Mangalore e Bombaim: Sao em grande p= fruto da missionacao portuguesa nessa regiac Coneao ¢ Canard. Muitos deles entraram nos s:~ gos administrativos dos regimes coloniais dos tugueses e dos Ingleses, € ocupam hoje lugare~ destaque nos sectores piblico € privado. \1 membros deste grupo tém cmigrado para os do Golfo paises do Ocidente procura de condigdes de vida. Um estilo de vida mais ocic= lizado e uma melhoria da qualidade de vida té sado um declinio nas vocagdes para a vida rei: < nessa cristandade durante os iltimos 30 anos. [ ca-se pela sua actividade vigorosa ¢ relevante ~ gregacio goesa dos Padres de Pilar, dentro e © ~ Goa. De resto, em vez de avangar por novos Igreja tem-se preocupado mais com proble:

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