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DIREITO

ADMINISTRATIVO
II

dade de particulares. Em decorrência da função pública que exercem, com- do cargo pode ser: • inicial e autônomo (nomeação); • derivado vertical
AGENTES PÚBLICOS prometem o Poder Público com a prática de seus atos, pois agem em nome (promoção); • derivado horizontal (readaptação); derivado por rein-
do Estado. Incluem-se nesta categoria os requisitados para a prestação de gresso (reversão: reingresso do aposentado “ex officio”, ou a pedido,
atividade pública, aqueles que, por vontade própria, assumem a gestão da por não mais subsistirem as razões que levaram a aposentação, apro-
1. Conceito: designam-se por agentes públicos todas as pessoas que coisa pública, os concessionários, permissionários e delegados de função ou veitamento: reingresso do servido estável que estava em disponibili-
servem ao Poder Público como instrumento de manifestação de sua ofício público, assim como os contratados por locação civil de serviços. dade, recondução: retorno do servidor estável ao cargo que antes
vontade ou ação, ainda que o façam ocasional ou episodicamente. titularizava, quer por ter sido inabilitado no estágio probatório ou por
Englobam-se nesta expressão genérica, que abrange não apenas os 5. Regime jurídico dos servidores estatais na CF (titulares de cargo e reintegração do antigo ocupante, e reintegração: retorno do servidor
servidores públicos, os Chefes do Poder Executivo, Senadores, Mi- ocupantes de empregos): ilegalmente desligado de seu cargo); e • formas de provimento dos
nistros de Estado, gestores de negócios públicos, concessionários e 5.1. Distinção entre cargo, emprego e função: na CF encontramos, diver- cargos públicos (art. 8º, da Lei nº 8.112/90);
permissionários de serviço público, os delegados de função ou ofício sas vezes, os vocábulos cargo, emprego e função, designando diferentes b) Proibição de acumular (art. 37, XVI, da CF): é vedada, como
público, os requisitados, os contratados por locação civil de serviços, situações jurídicas. Por isso, é importante que se defina em que sentido cada regra, a acumulação de cargos, empregos e funções remunerados
os ocupantes de cargos ou empregos públicos da administração di- um destes termos será empregado. na Administração Pública, direta e indireta, inclusive se estendendo
reta dos três Poderes, os servidores das autarquias, das fundações a) Cargos: são as mais simples e indivisíveis unidades de competência tal proibição às subsidiárias das empresas estatais e sociedades
governamentais, os empregados das sociedades de economia mista criadas e extintas por lei (os cargos do Poder Legislativo são criados por controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público. A exceção
e das empresas públicas. resolução) e expressadas pelos agentes públicos. Possuem denominação só é admitida e, desde que não ultrapasse o teto remuneratório, nas
própria, são criados em número certo e não podem ser subdivididos. Os hipóteses previstas constitucionalmente;
2. Requisitos: para a caracterização do agente público, dois são os cargos em comissão podem ser preenchidos por alguém estranho à carreira, c) Direito de greve e sindicalização (art. 37, VI e VII, da CF): a todos
requisitos necessários: a) Um de ordem objetiva: que é a natureza por pessoa alheia ao serviço público, ressalvado um percentual deles que os servidores públicos é assegurado o direito de greve e a liberdade
estatal da atividade desempenhada; e b) Outro de ordem subjetiva: devem ser preenchidos por servidores de carreira. Seus titulares mantêm de associação e sindicalização. No entanto, a Carta Magna transferiu
que é a investidura na função. com o Poder Público uma relação estatutária, o que implica dizer que inexis- a disciplina do direito de greve no serviço público para a lei ordinária.
te a garantia de que continuarão disciplinados pela Lei vigente à época do Lembre-se, o art. 142, § 3º, IV, proíbe a greve e a sindicalização ao
3. Funcionário de fato: é aquele indivíduo cuja investidura ocorreu de ingresso no serviço público. Não há direito adquirido de continuarem regidos militar e tal proibição alcança os militares dos Estados, Distrito Federal
forma irregular, porém, a sua situação tem a aparência de legalidade. pela mesma Lei. Há direito adquirido de irredutibilidade de vencimentos. A e Territórios, por força do artigo 42, § 1º;
Atua em nome do Estado e pratica vários atos que o destinatário os criação e a fixação dos respectivos vencimentos se fazem por Lei para os d) Responsabilidade do servidor e sanções por improbidade
considera válido, porque desconhece a irregularidade da investidura cargos do Executivo e do Judiciário, cuja iniciativa será privativamente do: administrativa (art. 37, §§ 4º a 6º, da CF): os servidores públicos
do agente que o praticou. Os atos administrativos produzidos por este (i) Chefe do Executivo, para os cargos da Administração direta e autárquica sujeitam-se às Responsabilidades Civil, Penal e Administrativa. O
agente são válidos e tal intelecção é fundamentada nos princípios da deste Poder (art. 6l, § 1º, “a”, da CF); (ii) dos Tribunais para os cargos da desatendimento de deveres funcionais implica em: d1) Responsabili-
aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e da respectiva organização judiciária (art. 96, II, “b”, c/c/ 48, X, da CF); e (iii) do dade Administrativa: o servidor responde administrativamente pelos
presunção de legalidade e veracidade que os envolvem. Ressalta-se Procurador Geral da República (art 127, § 2º, da CF), quando versar sobre ilícitos administrativos decorrentes de sua ação ou omissão, devendo
que, declarada a invalidade da investidura do funcionário de fato, não os servidores do Ministério Público Federal e do Tribunal de Contas (art.73, tal infração ser apurada pela própria Administração Pública, mediante
ficará este obrigado a ressarcir aos cofres públicos o que recebeu a c/c art.96, da CF). A criação de cargos do Legislativo faz-se por Resolução, a instauração de processo administrativo, objetivando a apuração da
título de remuneração, mesmo porque o recebimento de tais verbas que será do Senado (art. 52, XIII, da CF) ou da Câmara dos Deputados (art. culpa ou dolo. A Lei nº 8112/90 prevê os tipos de penalidades aplicá-
caracteriza a contrapartida financeira pelos serviços prestados. 51, IV, da CF), conforme se trate dos serviços auxiliares de uma ou de outra veis após o devido processo apurador, garantida a ampla defesa e o
Casa, sendo a iniciativa da Casa Legislativa correspondente. A extinção de contraditório, que são: (i) advertência, (ii) suspensão, (iii) demissão,
4. Classificação dos agentes públicos: cargos públicos dar-se-á através de atos da mesma natureza (art. 37, I. c/c/ (iv) cassação de aposentadoria ou disponibilidade, (v) destituição de
a) Agentes políticos: são aqueles investidos em cargos, funções, art. 48, X, da CF/88) podendo, também, quando pertinentes ao Poder Execu- cargo em comissão e (vi) destituição de função comissionada. Com
mandatos ou comissões, por nomeação, eleição, designação ou dele- tivo, serem extintos “na forma da Lei”, por ato do Chefe deste Poder (art. 84, medidas preventivas, o art. 147, da Lei nº 8.112/90, estabelece o afas-
gação, para o exercício de atribuições constitucionais. Submetem-se XXV, da CF), ou por decreto, quando vagos (art. 84, VI, “b” da CF). É, ainda, tamento preventivo por 60 dias, prorrogáveis por igual período, quando
a um regime jurídico que lhes permite uma atuação com plena liber- competência deste, nas mesmas condições, declarar-lhes a desnecessida- necessário para que o funcionário não venha influir na apuração da
dade funcional, desempenhando suas atribuições com prerrogativas e de, (art. 41, § 3º, da CF), caso em que ficará desativado seu preenchimento. falta cometida; d2) Responsabilidade Civil: é de natureza patrimo-
responsabilidades próprias, estabelecidas na Constituição e em Leis Os cargos do Judiciário extinguem-se por Lei, consoante art. 96, II, “b”, da CF nial, com base no art. 186, do CC. Se o dano for causado ao próprio
especiais. Neste grupo, incluem-se os Chefes do Poder Executivo e e os dos serviços auxiliares do Legislativo, por Resolução do Senado (art. 52, Estado, é a Administração Pública quem faz a apuração, mediante o
seus auxiliares imediatos, os membros dos Poderes Legislativo e Ju- XIII, da CF) e da Câmara (art. 51, IV, da CF), conforme se trate de serviços de processo administrativo com fundamento no art. 5º, LV, da CF e Leis
diciário, os membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas e uma ou de outra destas Casas; estatutárias, que estabelecem procedimentos auto-executórios, inde-
os representantes diplomáticos; b) Funções: são plexos unitários de atribuições, criados por lei, correspon- pendentemente de autorização judicial, sendo possível à administra-
b) Agentes administrativos ou servidores estatais: categoria de- dentes a encargos de direção, chefia ou assessoramento, a serem exercidos ção descontar dos vencimentos do servidor a importância necessária
signada pelos servidores ocupantes de cargos (servidores públicos), por titulares de cargo efetivo, da confiança da autoridade que as preenche; ao ressarcimento dos prejuízos, respeitados os limites legais. Quando
empregos ou temporários contratados (art.37, IX, da CF) da adminis- c) Empregos: núcleos de encargos de trabalho a serem preenchidos por o dano for causado a terceiros, aplica-se o disposto no art. 37, §6º
tração direta, autárquica e fundacional, assim como os servidores das agentes contratados para desempenhá-los, mediante concurso público e da CF, como decorrência da responsabilidade objetiva do Estado;
pessoas governamentais de direito privado. O vínculo que mantêm sob relação trabalhista. Seus titulares mantêm com o Poder Público uma d3) Responsabilidade Penal: compete ao Poder Judiciário apurar a
com o Estado é de natureza profissional, uma vez que exercem uma relação contratual, implicando dizer que as avenças travadas inicialmente responsabilidade criminal do servidor que vier a praticar crime ou con-
profissão específica no exercício de função pública. Logo, seu regime são unilateralmente imutáveis. Têm direito adquirido de continuarem sendo travenção penal, apurando-se todos os elementos caracterizadores
jurídico impõe habitualidade, remuneração e a dependência. Neste regidos pelas mesmas regras de ingresso e o desligamento de pessoal das do tipo; d4) Comunicabilidade ou incomunicabilidade das instân-
grupo, estão albergados: b1) Servidores públicos: a partir da EC empresas estatais demanda apuração regular, garantindo-se a ampla defesa cias: é preciso, primeiramente, distinguir se a conduta do servidor se
19/98, o alcance deste conceito ficou mais restrito, pois a expressão e o contraditório nos procedimentos administrativos. constitui, concomitantemente, em ilícito penal e administrativo ou em
passou a ser empregada para designar aqueles que têm relação de 5.2. Servidores Públicos: existem alguns princípios e regras atinentes aos ilícito penal (neste caso, a absolvição do réu repercute na esfera ad-
trabalho de natureza profissional, habitual, sob dependência, me- servidores das administrações direta e indireta. Entre eles, destacam-se: ministrativa e o servidor só será punido pela administração se houver
diante remuneração com o Estado e com as autarquias e fundações a) Acessibilidade e o concurso para preenchimento dos cargos e em- configuração de infração administrativa, conforme determina a Súmula
públicas. Encontram-se englobados neste conceito: • os titulares de pregos públicos: o acesso é amplo e possibilita que brasileiros e estrangei- nº 18, do STF: “pela falta residual não compreendida na absolvição
cargos públicos que se submetem a um regime estatutário próprio, ros possam ingressar, por intermédio de concurso público, de provas ou de pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor
estabelecido pelas respectivas Leis orgânicas, e ocupam cargos na provas e títulos, dependendo da complexidade do cargo ou emprego, ressal- publico”). Devem ser conjugadas as seguintes regras sobre a matéria:
administração direta, autarquias e fundações públicas de todos os vados os cargos em comissão de livre nomeação e exoneração, segundo art. 935 do CC, art. 126 da Lei nº 8.112/90, art. 65, 66 e 386 do CPP.
entes federativos, assim como também aqueles que prestam serviços estabelecido em Lei (art. 37, I e II, da CF); a1) Concurso público: é exigido Diante de tais prescrições, resta reconhecer que, quando o servidor
ao Poder Judiciário e ao Legislativo; e • os empregados das pesso- apenas para provimento originário e autônomo (nomeação). Deve ser aberto for condenado penalmente, o juízo cível e a autoridade administrativa
as acima referidas: admitidos sob o vínculo de emprego, submetidos e decidido com critérios e padrões aferíveis, objetivamente. Seu prazo de não podem decidir de maneira diferente, pois haverá decisão definitiva
ao regime trabalhista previsto na CLT, como, por exemplo, aqueles validade é de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado, uma única vez, quanto ao fato e a autoria (art. 935 do CC). No entanto, se o mesmo for
contratados nos termos do art. 37, IX, da CF, para atendimento de por igual período (art. 37, III, da CF), e não gera direito adquirido a imediata absolvido, com base nos incisos I e V do art. 386 do CPP, tal decisão
necessidade temporária de excepcional interesse público, sob regime nomeação. Após a aprovação, há expectativa de nomeação. Porém, se o repercute na esfera administrativa, por determinação do arts. 935 do
jurídico específico previsto na Lei nº 8.745/93 e alterações posteriores; candidato for preterido na ordem classificatória, terá direito de ser nomea- CC e 65 do CP e, se o fundamento estiver nos incisos II, III, IV e VI, não
b2) Servidores das pessoas governamentais de direito privado: do. Com a exigência de realização de concurso público, objetiva-se garantir há repercussão na esfera administrativa;
são aqueles que prestam serviços nas empresas estatais e nas fun- iguais oportunidades a todos os interessados de disputar cargos e empregos e) Remuneração ou vencimento e subsídio: nos termos do art. 37,
dações de direito privado, sob vínculo celetista, e seu ingresso se dá na Administração Pública; a2) Inexigibilidade de concurso: a regra é que o XII, da CF, determina a regra da paridade de vencimentos ao dispor
mediante concurso público; preenchimento dos cargos e empregos públicos ocorra mediante concurso que os “vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Ju-
c) Militares: submetem-se a um regime estatutário estabelecido por público. Porém, em alguns casos, dispensa-se sua realização. Vejamos: • diciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo”.
Lei definidora das normas sobre ingresso, limites de idade, estabilida- provimento de cargo em comissão e emprego ou função de confiança, Com a Emenda Constitucional nº 19, criou-se a regra do subsídio e,
de, transferência para a inatividade, direitos, deveres, remuneração e admissíveis e demissíveis “ad nutum”; • inviabilidade à norma de atuação a partir de então, os agentes públicos, dependendo da categoria onde
prerrogativas (arts. 42, § 1º, e 142, § 3º, X, da Constituição). Incluem- da empresa estatal exploradora de atividade econômica; • contratação, por estão inseridos, submetem-se a um dos dois sistemas: e1) Sistema
se, aqui, além dos membros das Forças Armadas (Marinha, Exército tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional remuneratório tradicional: a remuneração é composta por uma
e Aeronáutica), os membros das Polícias Militares e dos Corpos de interesse público, conforme preceitua o art. 37, IX, da CF; • nomeação para parte fixa e outra variável, para englobar as verbas decorrentes das
Bombeiros dos Estados, Distrito Federal e Territórios, nos termos do certos cargos alheios à órbita do Poder Executivo, por expressa disposição vantagens pecuniárias. É formado pelo vencimento padrão, acresci-
art. 42, da CF. Aplicam-se a eles as normas constitucionais referentes constitucional (exemplo: nomeação de Ministros dos Tribunais Superiores); do das vantagens decorrentes de Lei, sendo denominado pela EC nº
aos servidores públicos, quando houver previsão expressa neste sen- • aproveitamento de ex-combatentes – art. 53, I, do ADCT; e • locação civil 19/98 como remuneração ou vencimento. Neste sistema, impõe-se
tido, como ocorre na hipótese do art. 142, § 3º, VIII. de serviços; a3) Exames psicotécnicos: nega-se a adoção de um “perfil não só o respeito ao art. 37, XII, da CF, como também ao art. 37, X, da
d) Particulares em colaboração com o Poder Público: são aqueles psicológico”, pois deve ser usado apenas para aferir distúrbios graves de CF, que exige revisão anual da remuneração, na mesma data e sem
que, sem manterem vínculo permanente com o Estado, prestam ser- personalidade que inabilite o candidato à ocupação do cargo ou emprego. distinção de índices; e2) Subsídio: constitui-se na forma de pagamen-
viços a administração direta e indireta, mantendo, no entanto, a quali- Ademais, não podem ser irrecorríveis; a4) Acessibilidade: o preenchimento to mensal de parcela única, indivisível e insuscetível, de aditamento

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ou acréscimo de quaisquer espécies (gratificação, adicional, abono, propostas, observada a necessária qualificação. Destina-se a contratações se os licitantes estão em dia com suas obrigações fiscais; b3) qualifi-
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória). A de vulto médio. O prazo para publicidade nesta modalidade é de 30 dias cação econômica: verificar se foi comprovado que as licitantes pos-
competência para fixação e alteração de subsídios depende de Lei. de antecedência, quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica suem condições econômicas para solver o contrato, podendo exigir
Os subsídios dos Deputados Estaduais, do Governador, Vice Gover- e preço” e, nas demais hipóteses, o prazo é de 15 dias. O número de par- garantia ou um determinado capital social; e b4) capacidade técnica:
nador e dos Secretários de Estados serão fixados por Lei de iniciativa ticipantes é mais restrito do que na concorrência, pois somente o licitante objetiva certificar se houve a demonstração de experiência no objeto
da Assembléia Legislativa (art. 27, § 2º CF). Prefeito, Vice Prefeito, cadastrado ou aquele que conseguir atender tais exigências no prazo legal licitado e a comprovação da mesma. O prazo para recurso, previsto no
Secretários Municipais e Vereadores serão fixados por Lei de iniciativa pode aderir ao certame. Esta modalidade é utilizada nas licitações internacio- art. 109, I, “a”, da Lei nº 8.666/93, é de 5 (cinco) dias úteis, a contar da
da Câmara Municipal (art. 29, V, VI, da CF). Nos casos de Deputados nais quando o ente licitante possuir cadastro internacional de fornecedores e intimação do ato ou da lavratura da ata, para os casos de habilitação
Federais, Senadores, Presidente, Vice Presidente da República e Mi- dentro dos limites definidores da modalidade. ou inabilitação do licitante;
nistro de Estado, a fixação não se faz por lei e, sim, com base no art. Atenção: ressalte-se que não se deve utilizar o convite ou a tomada de pre- c) Julgamento e classificação das propostas: faz-se o julgamento
49 da CF. Os membros da Magistratura têm seus subsídios fixados ços para parcelas de uma mesma obra ou serviço. Além disso, para obras e das propostas classificando-as pela ordem de preferência, de acordo
pelo Congresso Nacional, com a sanção presidencial, conforme o dis- serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas, com os critérios objetivos constantes no Edital, dependendo do tipo de
posto no art. 39,§ 4º, da CF. Os demais servidores terão os subsídios conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores ca- licitação. Este ato deve ser público e todos os concorrentes presentes
fixados ou alterados por Lei específica, observada a iniciativa privativa racterizarem o caso de tomada de preços ou concorrência, respectivamente. devem assinar, juntamente com a comissão, a ata circunstanciada.
em cada caso; Atente-se para a exceção das parcelas de natureza específicas que possam O prazo para recurso, em face da desclassificação, previsto no art.
f) Vacância: representa o ato administrativo pelo qual o servidor é des- ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquele 109, I, “b”, é de 5 (cinco) dias úteis, a contar da lavratura da ata ou
tituído do cargo, emprego ou função, e decorre de: • aposentadoria: do executor da obra ou do serviço. Noutros termos, proíbe-se o fraciona- da intimação do ato.
que é o direito à inatividade remunerada, assegurada ao servidor públi- mento do objeto para a adequação de modalidade diversa da indicada para d) Homologação: é o ato praticado pela autoridade superior para ve-
co em caso de invalidez, idade ou tempo de serviço público (as regras o caso concreto. rificar se o procedimento transcorreu licitamente, pois equivale à apro-
são estipuladas no art. 40, da CF); • demissão: é o desligamento do 4.3. Convite: é adotado em contratações de menor vulto e comporta menor vação do certame. Nesta etapa, investiga-se não só a legalidade dos
servidor do serviço público, por ato sancionador, por ter o mesmo in- formalismo. Não há edital e o instrumento convocatório denomina-se carta- atos praticados, como também a sua conveniência e oportunidade. O
corrido em pratica de ilícito administrativo; • exoneração: desligamen- convite, devendo ser enviada, no mínimo, a três interessados no ramo a que prazo para recurso, em face da anulação ou revogação do certame,
to do servidor do serviço público, a pedido ou de ofício, quando se pertence o objeto do contrato. Deve, ainda, ser afixada em local adequado previsto no art. 109, I, “c”, é de 5 (cinco) dias úteis, a contar da lavratura
tratar de cargo em comissão ou função de confiança, na hipótese de com atendimento ao princípio da publicidade. É a única modalidade de lici- da ata ou da intimação do ato.
cargo efetivo, desde que não satisfeitas as exigências do estagio pro- tação em que a lei não exige a publicação do instrumento convocatório, pois e) Adjudicação: ato final do procedimento pelo qual a administração,
batório, ou quando o servidor tomar posse e não entrar em exercício o chamamento é feito por escrito, com antecedência de 5 (cinco) dias úteis, através da autoridade competente (a mesma que homologou o certa-
no prazo estabelecido; • promoção: é o ato de provimento do servidor, por meio da carta-convite. Seu procedimento é bem simples. De regra, é me), atribui ao vencedor o objeto da licitação. Depois da adjudicação
em cargo superior, deixando vago o cargo inferior; e • readaptação: é conduzido por um só servidor, designado pela autoridade competente que é que a administração convocará o vencedor para assinatura do con-
a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades deve, a cada novo convite, para aquisição de objeto idêntico ao contratado, trato, que deverá ocorrer no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da
compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade havendo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, convidar, no mí- data da entrega das propostas. Figura-se como ato vinculado e não se
física ou mental, apurada em inspeção médica. nimo, mais um participante. confunde com a celebração do contrato. As únicas hipóteses em que
LINK ACADÊMICO 1 4.4. Concurso: visa escolher um trabalho técnico, artístico ou científico, ocorre esta etapa são as de anulação (em caso de ilegalidade) ou a
aferindo-se caráter meramente intelectual, concedendo ao vencedor um prê- revogação (em caso de interesse público, decorrente de fato superve-
mio ou determinada remuneração. O prazo de publicação do edital é de, pelo niente devidamente comprovado) do procedimento.
LICITAÇÃO menos, 45 dias de antecedência. Nesta modalidade, exige-se conhecimento
especializado por parte da comissão, não havendo necessidade de serem 7. Procedimento do pregão (presencial ou eletrônico): a fase inter-
1. Conceito: é um procedimento administrativo pelo qual os entes da servidores públicos, dado o caráter técnico, artístico ou científico deste tipo na assemelha-se a das demais modalidades licitatórias. O diferencial
Administração Pública e aqueles por ela controlados, no exercício da de modalidade. encontra-se na fase externa, que, embora sejam as mesmas da con-
função administrativa, selecionam a melhor proposta entre os interes- 4.5. Leilão: nesta modalidade, pretende-se: vender bens móveis que não corrência, possui uma peculiaridade, qual seja a inversão das fases
sados, que preencham as condições fixadas no instrumento convo- tenham mais serventia para a administração, mas que ainda estão em con- de classificação e habilitação. Assim, a primeira fase é a publicação
catório, visando à celebração do contrato. Este procedimento exige, dições de uso; vender produtos legalmente apreendidos ou penhorados; do aviso do edital; a segunda é a de julgamento e classificação das
além de pluralidade de objetos e de ofertantes, pessoas interessadas e alienar bens imóveis adquiridos em procedimento judicial ou através de propostas (feita pelo critério de menor preço); a terceira é a referente
na disputa. dação em pagamento. O candidato que oferecer o maior lance, sendo este à habilitação do vencedor; e, finalmente, ocorre a adjudicação e a ho-
1.1. Objeto licitável: aquele que pode ser fornecido por mais de um igual ou superior ao valor da avaliação, será o vencedor do certame. Prevê o mologação. Findo o procedimento, o vencedor será convocado para
ofertante, que possua um equivalente perfeito no mercado e que art. 17, § 6º, da Lei 8.666/93, que seu montante não pode extrapolar o limite assinar o contrato no prazo fixado no edital.
possa ser avaliado patrimonialmente. Coisas desiguais inviabilizam previsto no art. 23, II, “b”, da Lei 8.666/93. Atenção: nesse procedimento, as Micro Empresas e as de Pequeno
o certame. 4.6. Pregão: é utilizado para aquisição de bens e serviços comuns, disponí- Porte recebem tratamento diferenciado, devendo o edital, expressa-
1.2. Destinatários: a) todos os entes federativos; b) os órgãos veis de forma padronizada no mercado, qualquer que seja o valor estimado mente, trazer as regras para sua participação, conforme preceitua a
administrativos dos Poderes Legislativos, Judiciário, dos Tribunais da contratação em que a disputa pelo fornecimento é feita, seja por meio Lei Complementar nº 123/06.
de Contas e do Ministério Público; c) as entidades integrantes da de propostas ou lances em sessão pública. A principal característica é a in-
Administração Indireta (merece ressalva a situação das empresas versão das fases externas do procedimento. Em alguns casos, a legislação 8. Dispensa e inexigibilidade da licitação: o art. 37, XXI, da CF, ao
públicas e sociedades de economia mista que exploram atividade determina que o pregão seja, preferencialmente, sob a forma eletrônica. exigir a licitação antes da celebração dos contratos administrativos,
econômico-empresariais, devendo-se conjugar o art. 37, XXI, da CF, ressalva os casos especificados na legislação, deixando em aberto
e o art. 1º, § único, da Lei nº 8.666/93, com o art. 173, §1º da CF), 5. Tipos de Licitação: o edital deve mencionar qual o tipo de licitação será a possibilidade de serem fixadas por Lei situações em que o procedi-
isto porque, embora integrantes da Administração Indireta, desempe- adotada como critério de julgamento objetivo. mento deixará de ser obrigatório.
nham operações peculiares de caráter econômico, definidas como 5.1. Menor preço: é a regra geral das licitações, pois permite um julgamento 8.1. Dispensa: ocorre quando, mesmo havendo possibilidade de
suas atividades-fim, e, nesse caso, não estão obrigadas a licitar em mais objetivo pela comissão licitante, não podendo ser oferecido preço irrisó- competição justificadora da licitação, a Lei faculta a contratação direta,
todos os casos, mas somente as atividades-meio; d) as Organizações rio ou impraticável, tanto para mais como para menos. É declarado vencedor residindo tal faculdade no campo de atuação discricionária da admi-
Sociais, as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, as o candidato que apresentar a proposta, de acordo com as especificações do nistração contratante.
fundações de apoio e outras entidades do terceiro setor, quando as edital ou convite, e ofertar o menor preço. 8.2. Classificação das hipóteses de dispensa: a dispensa ocor-
aquisições, compras, serviços ou alienações envolvam bens e valores 5.2. Melhor técnica: geralmente, é utilizada em licitações para contratações re diante das hipóteses previstas nos arts. 17, I e II e 24, da Lei nº
repassados voluntariamente pelos entes federativos. de serviços de natureza predominantemente intelectual, engenharia e obras 8.666/93 e o rol é taxativo, não devendo ser ampliado pela Adminis-
de grande vulto. tração Pública, pois se constitui em exceção à regra da obrigatorie-
2. Disciplina Constitucional e Legal: Art. 22, XXVII, 37, XXI e art. 5.3. Técnica e preço: soma-se à idéia de técnica o menor preço e deve ser dade de licitar. Os casos de dispensa, previstos no art. 24, podem ser
175, da CF e Leis 8.666/93, que veicula as normas gerais obrigatórias utilizada para a contratação de bens e serviços de informática. agrupados da seguinte maneira: a) pequeno valor da contratação:
para todos os entes federativos e normas específicas para as licita- 5.4. Maior lance ou oferta: é utilizada na modalidade leilão, para alienação incisos I e II; b) situações excepcionais ou particulares: Ex: III, IV, V,
ções federais, e 10.520/02, reguladora da nova modalidade pregão, de bens e concessão de direito real de uso. VI, VII etc; c) peculiaridades da pessoa contratada ou mediadora:
utilizada para a aquisição de bens e serviços comuns, independente- Ex: XIII, XX, XXIV etc; e d) peculiaridades do objeto que se busca
mente do valor da contratação. 6. Fases da Licitação: o procedimento licitatório desdobra-se em duas fases obter: Ex: XII, XV, XVII , XXI etc.
(uma interna e outra externa) e é presidida por uma comissão, permanente 8.2.1. Hipóteses:
3. Princípios: por ser a licitação um instituto do Direito Administrati- ou especial, composta por, pelo menos, 3 (três) membros, sendo, no mínimo, a) O fornecedor for exclusivo: a competição é inviável, pois só existe
vo, submete-se aos princípios que informam este ramo do Direito e, 2 (dois) deles servidores integrantes dos quadros permanentes da entidade um único indivíduo para ser contratado. A aquisição de materiais, equi-
especialmente, aos seguintes: legalidade, moralidade administrativa licitante. O tempo de mandato será de 1 (um) ano, vedada a recondução de pamentos ou gêneros pretendidos pela administração só podem ser
ou probidade administrativa, impessoalidade, igualdade, publicidade, todos os membros para a comissão subseqüente. No caso de convite, a fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusi-
vinculação ao Instrumento Convocatório e julgamento Objetivo. Além comissão poderá ser substituída por um só servidor, o mesmo ocorrendo na vo, vedada a preferência de marca. A comprovação da exclusividade
destes, que estão explícitos no art. 3º, da Lei nº 8.666/93, a doutrina hipótese de pregão, desde que seja designado como pregoeiro um servidor se faz mediante atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio
aponta como princípios correlatos: a competitividade, o formalismo, a capacitado, especificamente, para o desempenho de sua função. Se o pre- do local em que se realizaria a licitação, pelo Sindicato, Federação ou
motivação, a participação popular, o contraditório e a ampla defesa. gão for eletrônico, o pregoeiro e a equipe de apoio devem ser servidores do Confederação Patronal, ou outra entidade equivalente.
órgão ou entidade licitante, ou de órgão ou entidade integrante do Sistema de b) Contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13, de
4. Modalidades: são definidas, em regra, com base no valor da con- Serviços Geral – SISG. A responsabilidade dos membros da comissão lici- natureza singular, com profissionais ou empresas de notória
tratação. Constituem-se em normas gerais, sendo vedada a criação tante pelos atos praticados é solidária, excluída esta se houver manifestação especialização ou objetos singulares: neste caso, o objeto ou
de novas modalidades ou mesmo a combinação entre elas pela Admi- individual divergente devidamente registrada em ata. serviço pretendido não é único, porém a inviabilidade da competição
nistração Pública licitante. Todavia, podem ser criadas por lei ordinária, 6.1. Interna: ocorrem nesta fase os atos preparatórios para o certame e dela relaciona-se com a natureza da atividade ou a peculiaridade quanto à
pela União Federal, como foi o caso da modalidade Pregão, instituída só a administração participa, pois diz respeito aos atos formais necessários própria profissão desempenhada. Em decorrência dessas caracterís-
pela Lei nº 10.520/02. Admite-se que o órgão ou entidade licitante faça para o válido desenvolvimento do certame, elaborados antes de sua abertura ticas, o certame se inviabiliza. Depreende-se que o objeto ou serviço
a adoção da tomada de preços, onde couber o convite e, em qualquer aos interessados. Inicia-se com a abertura do processo administrativo, autu- pretendido é singular, sem equivalente perfeito no mercado. A singula-
caso, a concorrência. ado, protocolado e numerado, contendo a indicação do objeto e do recurso ridade do objeto poderá ser: em sentido absoluto (ex: um selo do qual
4.1. Concorrência: é a modalidade adequada às licitações de grande para o custeio da despesa, acrescentando-se: a) requisição encaminhada se imprimiu um exemplar, ou, se emitidos vários, foram destruídos e
vulto, com maior rigor formal e exigência de ampla divulgação. Será para autoridade responsável; b) aprovação dada pela autoridade responsá- só resta um); em razão de evento externo (ex: a pena utilizada pela
obrigatório, nos casos previstos no art. 23, § 3º, da Lei nº 8.666/93 vel; c) pesquisa de mercado para definir o preço máximo; d) avaliação do Princesa Isabel para assinar a Lei da abolição da escravatura); e em
(concessão de direito real de uso; licitações internacionais; compra e impacto orçamentário e autorização da chefia responsável; e) elabora- razão da natureza íntima do objeto (ex: uma obra de arte).
alienação de imóveis, qualquer que seja o seu valor, ressalvados os ção do edital e submissão do mesmo à assessoria jurídica; f) aprovação e c) Para a contratação de artista consagrado: a escolha do contra-
casos de leilão), registro de preço, ressalvada a possibilidade de uso autorização para publicação; e g) publicação. tado deve ir ao encontro do interesse público a ser satisfeito, não se
do pregão (art. 15, 3º, da Lei 8.666/93), alienação de bens móveis de 6.2. Externa: justificando escolhas desarrazoadas.
valor superior ao previsto no art. 23, II, b (art. 17, § 6º, da Lei 8.666/93) a) Edital: é o primeiro ato do procedimento, por meio do qual a administração 8.3. Inexigibilidade (art. 25): verifica-se quando não há possibilida-
e nos casos de obras e serviços de engenharia de valor superior a R$ leva ao conhecimento do público a abertura do certame, fixando os requisitos de de competição porque só existe um objeto ou uma pessoa que
1.500.000,00 e compras e serviços que não sejam de engenharia de para participação, e descrevendo o objeto e as condições para celebração do atenda às necessidades da administração. A licitação será inviável se
valor superior a R$ 650.000,00. Desta modalidade podem participar contrato administrativo. Representa a lei interna da licitação porque vincula faltar seu pressuposto lógico (pluralidade de objetos e de ofertantes).
quaisquer interessados que demonstrem possuir os requisitos míni- à administração e os licitantes. Por isso que, uma vez publicado, não deve A redação do art. 25 traz implícita a viabilidade de ampliação dessas
mos de qualificação exigidos no edital, cuja publicação deve ser ampla ser alterado. Mas se, porventura, tal fato venha ocorrer e modificar substan- exceções à regra de licitação, desde que fique configurada a impossi-
e feita, com no mínimo 30 dias de antecedência, salvo quando se tratar cialmente o seu conteúdo, o prazo deve ser reiniciado, com nova publicação. bilidade de competição.
de licitação do tipo “melhor técnica” ou “melhor técnica e preço”, ou Após a publicação do edital, inicia-se o prazo concedido pela Lei para a
quando o contrato a ser firmado versar sobre empreitada integral, no apresentação de impugnações ao mesmo. 9. Anulação e revogação da licitação: a anulação decorre de vícios
qual o prazo passará a ser de 45 dias. b) Habilitação (art. 27 da Lei nº 8.666/93): nesta fase, a administração re- de ilegalidade, devendo a autoridade competente (Administração Pú-
4.2. Tomada de Preços: é a modalidade de licitação entre interes- ceberá os envelopes contendo a documentação e a proposta dos licitantes, blica ou Poder Judiciário) de ofício ou por provocação de terceiros,
sados previamente cadastrados nos registros dos órgãos públicos e onde verificará os seguintes aspectos: b1) habilitação jurídica: objetiva anular o certame, desde que sejam assegurados o contraditório e
pessoas administrativas, ou que atendem a todas as exigências para constatar se as regras comerciais e societárias foram observadas; b2) re- ampla defesa aos interessados. Se detectada a invalidade após a
o cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das gularidade fiscal: exige apresentação das certidões fiscais para averiguar assinatura do contrato, enseja também a invalidade deste. De regra,

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não gera para a administração a obrigação de indenizar, salvo no que repactuação, devendo ser um fato superveniente que abale a relação jurídica 3. Formas de intervenção:
concerne ao que já fora executado pelo contratado até a data da in- e onere, excessivamente, o particular. A proteção é ampla e se manifesta a) Poder de Polícia (art. 174, da CF): nesta forma de interferência, o
validação, e por outros prejuízos regularmente comprovados, desde das seguintes formas: a1) Fato do Príncipe: fato causado pelo Estado, en- Estado atua no setor econômico como agente normativo e regulador
que o vício invalidador não lhe seja imputável, promovendo-se a res- quanto ente governamental, e não pela própria administração contratante, da atividade econômica, caso em que exercerá as funções de fiscali-
ponsabilidade de quem lhe deu causa. A revogação se fundamenta representando uma ação externa ao contrato, mas que traz conseqüências zação de tal forma que o planejamento seja meramente indicativo para
em razões de interesse público, decorrente de fato superveniente, dentro dele. Ex: aumento do imposto de importação afetando os contratos o setor privado e determinante para o setor público. O Poder Público
devidamente comprovado, garantindo-se o devido processo legal. A estaduais ou municipais. Nesta hipótese, a administração responde sozinha não poderá obrigar os particulares a atenderem suas diretrizes ou in-
doutrina entende que, na ausência deste fato justificador, a revogação pelo desequilíbrio econômico-financeiro do contrato (álea administrativa); a2) tenções a título de planejar.
configura-se ilícita, gerando ao prejudicado o direito à indenização Fato da administração: ação da própria Administração Pública contratante b) Quando o Estado atua empresarialmente no setor privado: nes-
que acoberte não apenas as despesas efetuadas para a disputa do que, por algum motivo, pratica ato que altere a relação inicialmente pactuada. te caso, o Estado, por conta própria ou por intermédio de pessoas que
certame, mas também o que o licitante perdeu ou deixou de ganhar Ex: atraso na entrega do local da obra, o que, conseqüentemente, retarda a cria para tal fim, explora atividades típicas do setor privado, respeitan-
em decorrência do ilícito que frustrou os proveitos que auferiria com o execução do contrato ou alteração unilateral, ensejando o aumento quantita- do os pressupostos previstos no “caput” do art. 173 da CF.
contrato. Já, se a revogação for lícita, gera indenização apenas pelas tivo ou qualitativo do objeto e repercutindo na sua execução. A administração c) Mediante incentivos à iniciativa privada: neste quesito, o Estado
despesas normais com o certame em que incorreu o licitante. Cabe responde sozinha pelos prejuízos decorrentes da sua ação (álea adminis- estimula o setor privado concedendo benefícios fiscais ou financia-
recurso contra anulação ou revogação no prazo de 5 (cinco) dias úteis trativa); a3) Teoria da imprevisão: circunstâncias econômicas externas ao mentos com suporte no art. 174 da CF.
(art. 109, I), com a peculiaridade de não ter, necessariamente, efeito contrato, inevitáveis e imprevisíveis (se previsíveis, de conseqüências incal-
suspensivo (art. 109, § 2º). culáveis), alheias à vontade dos contratantes e que oneram, excessivamen-
te, os contratos. Neste caso, por acordo das partes, altera-se o ajuste para se INTERVENÇÃO DO
CONTRATO ADMINISTRATIVO restabelecer a relação inicialmente firmada entre os encargos do contratado ESTADO NA
e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço
ou fornecimento (álea econômica); a4) Sujeições imprevistas: são circuns- PROPRIEDADE PRIVADA
1. Conceito e características: são as avenças firmadas pela ad- tâncias fáticas, alheias à vontade e ao conhecimento das partes que oneram,
ministração, com pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, excessivamente, o contrato. Diante da imprevisibilidade do fato, aplicam-se 1. Conceito: é toda ação das entidades federativas que, compulso-
submetidas ao regime jurídico de direito público, com aplicação as mesmas soluções apresentadas para o caso de força maior. Ex: presença riamente, restringe ou retira direitos dominiais do proprietário. Funda-
suplementar das regras de direito privado, objetivando a realização de lençol freático no local da obra (álea extraordinária); a5) Força maior e menta-se na função social da propriedade, prevista nos arts. 5º, XXIII
dos interesses públicos. Suas características são: ● Presença da casos fortuitos: são imprevisíveis e geram a necessidade de repactuar a e 170, III, da CF. Impõe ao proprietário o uso adequado de seu bem
Administração Pública como Poder Público: por isso detém uma relação. Nesta situação, assim como na teoria da imprevisão, por acordo em perfeita consonância com os objetivos do Estado Social. O que se
série de prerrogativas que garantem a sua posição de supremacia das partes, altera-se a avença para se restabelecer a relação inicialmente busca é a proteção dos interesses sociais contra qualquer conduta
sobre o particular; ● Finalidade pública: é sempre o interesse pú- celebrada entre os encargos do contratado e a retribuição da administração anti-social do particular.
blico que a administração deve ter como foco, sob pena de desvio para a devida remuneração da obra, serviço ou fornecimento (álea extraor-
de poder; ● Obediência à forma prescrita em Lei, admitindo-se, dinária); a6) Cláusula de reajustes de preços: devem ter previsão no edital 2. Competência: somente a União tem competência privativa para
além do contrato, os seguintes instrumentos: a carta contrato, nota e objetivam evitar o rompimento da equação econômico-financeira na fase legislar sobre propriedade, conforme prevê o art. 22, I, da CF, e todos
de empenho, autorização de compra, ordem de execução de serviço de execução e, ultrapassada esta, não cabe mais reajustá-la. Esta ruptura é os entes federados têm competência administrativa para efetuarem
ou outros instrumentos hábeis, nos termos do art. 62, § 2º, da Lei nº decorrente da elevação dos custos de produção (insumos básicos, materiais, as intervenções.
8.666/93 (existem diversas normas que prescrevem o caráter formal mão-de-obra); a7) Cláusula de correção monetária: visa restabelecer o po-
do contrato, que são essenciais para os fins de controle da legalida- der aquisitivo da moeda, dentro ou fora do prazo de pagamento. É o que se 3. Modalidades de intervenção:
de); ● Procedimento legal: a Constituição Federal e diversas leis denomina, legalmente, como atualização monetária; 3.1. Limitação administrativa: é toda imposição estatal, de caráter
prevêem procedimentos obrigatórios para celebrar um ajuste e que b) A manutenção da natureza do objeto da avença: é imperioso que se geral, condicionadora de direitos dominiais, independente de indeni-
podem oscilar de uma modalidade para outra; ● Natureza de contra- mantenha na contratação o objeto licitado, tal qual descrito no edital. Mas isto zação. Alcança todo particular que se encontra em determinada situa-
to de adesão: as cláusulas contratuais são fixadas, unilateralmente, não significa que a administração esteja impedida de alterar o seu aspecto ção, daí seu caráter generalizante.
pela administração e os particulares manifestam sua concordância qualitativo ou quantitativo, nos termos do art. 65, conforme anteriormente 3.1.1 Modalidade:
ao aderirem ao edital; ● Natureza “intuitu personae”: os contratos comentado. a) Positiva: o proprietário é obrigado a fazer o que a administração
decorrentes de licitação são firmados em razão de condições pessoais lhe exige. Ex: construir muro no alinhamento e manter o imóvel urbano
do contratado, apuradas no procedimento licitatório; ● Presença de 6. Rescisão do contrato: a Lei nº 8666/93 estabelece, no art. 79, três pos- limpo.
cláusulas exorbitantes: são as que conferem a uma das partes – a sibilidades de rescisão: b) Negativa: o proprietário é compelido a não fazer alguma coisa;
administração - prerrogativas em relação à outra, colocando a admi- a) Unilateral: as hipóteses estão previstas nos arts. 58, II c/c arts. 78, I a deve abster-se de determinada conduta. Ex: não construir além de
nistração em posição de supremacia sobre o contratado; e ● Muta- XII e XVII e 79, I, da Lei nº 8.666/93 e ocorrem: a1) por inadimplemento do certos números de pavimentos e não desmatar área florestal acima
bilidade: poder conferido à administração de, unilateralmente, alterar contratado (incisos I a VIII do art. 78); a2) situações que caracterizam desa- dos limites legais.
as cláusulas do contrato ou rescindir o ajuste antes do prazo final, por parecimento do sujeito, sua insolvência ou comprometimento da execução c) Permissivas: o proprietário deve permitir que algo seja feito em sua
motivo de interesse público (essa mutabilidade pode decorrer, tam- do contrato (incisos IX a XI do art. 78); a3) razões de interesse público (art. propriedade. Ex: permitir a vistoria para fins sanitários.
bém, de outras circunstâncias referentes à aplicação das teorias do 78, XII); e a4) caso fortuito e força maior (art. 78, XVII): regularmente compro- 3.1.2 Características:
fato do príncipe e da imprevisão). vado impeditivo da execução do contrato. a) Generalidade: deve recair sobre todas as propriedades com tais
Atenção: ocorridas as duas primeiras hipóteses, a administração nada deve e quais características. Ex: todos os prédios de uma dada região não
2. Peculiaridades do contrato administrativo: possibilidade da ao contratado, uma vez que o mesmo, por seus atos, contribuiu para a res- devem ter mais do que 3 (três) pavimentos.
administração instabilizar (alterando ou extinguindo) o vínculo con- cisão; ele é que ficará sujeito às seguintes conseqüências: ressarcimento b) Deve ser instituída em razão do interesse público: não se deve
tratual, que são as suas prerrogativas, que chamamos de cláusulas dos prejuízos causados, sanções administrativas, assunção do objeto do impor a limitação para atendimento aos interesses particulares. Ex:
exorbitantes existentes nos contratos administrativos, mesmo que contrato pela administração e perda da garantia. proibição de se construir motéis por causa de certas religiões.
implicitamente. Já, nas demais hipóteses, a administração fica obrigada a ressarcir o contra- c) Não pode promover a disparição da propriedade: o proprietário
tado dos prejuízos regularmente comprovados e, ainda, devolver a garantia, deve continuar com possibilidade de explorar economicamente o seu
3. Prerrogativas da administração: o art. 58, da Lei nº 8.666/93, pre- pagar as prestações devidas até a data da rescisão e o custo da desmobiliza- bem. O esvaziamento econômico da propriedade deve ser indeniza-
vê as seguintes prerrogativas: ção. Tais obrigações são decorrentes do direito à intangibilidade do equilíbrio do.
a) Determinar, unilateralmente, modificações nas prestações devidas econômico-financeiro. d) Gratuidade: de regra, não são indenizadas, salvo se ocorrer a dis-
pelo contratante, em função das necessidades públicas. Para possi- b) Amigável: feita por acordo entre as partes e aceitável quando houver parição da propriedade.
bilitar a melhor adequação aos interesses públicos, o art. 65, da Lei conveniência da administração. 3.1.3. Destinatários: todas as pessoas públicas e particulares, físicas
nº 8.666/93, dispõe, em seu inciso I, alíneas “a” e “b”, as seguintes hi- c) Judicial: normalmente requerida pelo contratado, quando houver inadim- e jurídicas.
póteses de modificações unilaterais: a1) Quando houver modificação plemento da administração, uma vez que não pode paralisar a execução do Atenção: as limitações administrativas não se confundem com as res-
do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos contrato e nem fazer a rescisão unilateral. trições de vizinhanças, que são estabelecidas para proteção da pro-
seus objetivos. Esta modificação tem natureza qualitativa, por isso não priedade privada e como garantia de segurança, conforto, saúde dos
encontra limites estabelecidos na lei; a2) Quando necessária a modifi- 7. Prazo: é vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado. A sua que a utilizam, nem com a servidão predial, instituída por convenção
cação do valor contratual, em decorrência de acréscimo ou diminuição duração fica adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários. Ex- ou usucapião, submetendo um prédio a outro e, muito menos, com a
quantitativa de seu objeto. Neste caso, o parágrafo primeiro do mesmo ceção: projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabeleci- servidão administrativa.
dispositivo estabelece um limite para os acréscimos ou supressões das no Plano Plurianual, prestação de serviços contínuos (limitado a 60 me- 3.2. Ocupação temporária: utilização provisória que o Poder Público
que se fizerem nas obras, serviços ou compras, sendo de até 25% do ses, podendo ser prorrogado por até 12 meses), aluguel de equipamentos e faz, ou quem lhe faça as vezes, mediante indenização posterior do
valor inicial atualizado do contrato. No caso de reforma de edifício ou utilização de programas de informática (podendo a duração estender-se pelo bem improdutivo próximo à obra que executa, ou serviço ou atividade
equipamento, até 50% para os seus acréscimos. O parágrafo segun- prazo de até 48 meses). pública sem alteração ou consumação de sua substância.
do, inciso II, do mesmo artigo, prevê que nenhum acréscimo ou su- 3.2.1. Características:
pressão poderá exceder tais limites, salvo as supressões resultantes 8. Formalidades do contrato: a) licitação prévia; b) forma escrita; c) pre- a) É instituída, via de regra, por decreto da entidade proprietária da
de acordo entre os contratantes; b) Rescindir, unilateralmente, o con- sença de cláusulas de descrição do objeto, preço, prazo, das sanções ad- obra ou serviço (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). A
trato em casos específicos; c) Acompanhar e fiscalizar, continuamen- ministrativas e das cláusulas exorbitantes; d) publicação no Diário Oficial; Administração Indireta e as concessionárias podem valer-se deste
te, sua execução; d) Impor sanções estipuladas ao contratado faltoso; e) garantia, que poderá ser feita por fiança, seguro-garantia ou caução, cuja instituto, desde que haja previsão em Lei ou em contrato.
e) Nos casos de serviços essenciais, ocupar, provisoriamente, bens escolha fica a critério do contratado. b) Compulsoriedade: independe da aquiescência do proprietário,
móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, mesmo porque a utilização consentida por este, mediante certa remu-
na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de 9. Sanções administrativas: o Poder Público pode aplicar sanções decor- neração ou sem qualquer retribuição, não é ocupação temporária.
faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão rentes do inadimplemento do contrato. São elas: a) advertência; b) sanção c) Só incide sobre imóveis, no que se diferencia da requisição, que
do contrato administrativo. pecuniária – multa, podendo, ainda, rescindir o contrato; (Ex: atraso na obra); incide sobre móveis, imóveis ou bens consumíveis, próximos ou dis-
c) suspensão temporária de direito de licitar (implica na rescisão do contrato), tantes da obra ou do serviço público.
4. Restrições ao uso da “exceptio nom adimpleti contractus”: em sendo a pena de, no máximo, dois anos (localizada no tempo e no espaço); d) Exigência, pelo particular, de caução na entrega do bem, que pode
decorrência do regime jurídico administrativo, o contratado não pode d) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração ser real ou fidejussória.
interromper a execução do ajuste em razão dos princípios da suprema- Pública, enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até e) Impossibilidade de alteração substancial ou consumação do bem
cia do interesse público, sobre o particular, e da continuidade do serviço que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou durante o período de ocupação temporária.
público. Em regra, deve ele requerer, judicial, ou administrativamente, a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a ad- f) Precariedade: sua utilização deve recair sobre um bem improdutivo
a rescisão do contrato e o pagamento de perdas e danos, continuando ministração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção (se houver, no interior do bem, pequena construção ou um aproveita-
a sua execução até que sobrevenha ordem da autoridade competente aplicada com base no inciso anterior (esta penalidade não tem prazo esti- mento qualquer, não impede a ocupação temporária) e só deve perdu-
para paralisação. Tal intelecção vem sendo abrandada pela doutrina e pulado na Lei nº 8.666/93, mas a reabilitação poderá ser requerida após o rar durante o tempo necessário para a execução da obra ou serviço,
jurisprudência quando a inadimplência do Poder Público impedir, de decurso de 2 (dois) anos de sua aplicação; abrange todas as esferas gover- desmonte e retirada dos equipamentos do local ocupado.
fato e diretamente, a execução da obra e do serviço (exemplo: art. 78, namentais e causa a rescisão contratual). g) Onerosidade: após a ocupação, o proprietário deve ser indenizado
XIV e XV, da Lei nº 8.666/93: suspensão da execução do contrato, por LINK ACADÊMICO 2 e esta deve ser garantida pela caução oferecida pelo Poder Público.
ordem escrita da administração, por prazo superior a 120 dias, fora das O valor é estabelecido por acordo administrativo (pactuado entre as
exceções legais e atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos partes) ou por sentença judicial (quando não for possível o acordo).
pela administração, fora do permitido legal). INTERVENÇÃO DO ESTADO NO 3.2.2. Requisitos: a) previsão da instituição da ocupação temporária
DOMÍNIO ECONÔMICO em decreto, Lei ou contrato e b) necessidade de notificação ao pro-
5. Direitos do contratado: o contratado tem assegurado os seguintes prietário (dizendo a partir de quando se dará a ocupação).
direitos: 3.3. Servidão administrativa: ônus real, de uso imposto pelo Poder
a) Ao equilíbrio econômico-financeiro: não pode ser afetado por 1. Fundamentos da ordem econômica: a ordem econômica brasileira Público à propriedade particular ou pública, mediante indenização dos
Lei e nem por ato administrativo (art. 37, XXI, da CF), corresponde possui dois fundamentos definidos constitucionalmente, quais sejam: valo- efetivos prejuízos causados, para assegurar o oferecimento de utili-
à equação econômico-financeira do contrato, que deve pautar-se no rização do trabalho humano e a livre iniciativa (art. 170, CF). dade e comodidades públicas ao administrado. Afeta, parcialmente,
que fora inicialmente pactuado, no que se refere ao preço, ao objeto o uso e o gozo do bem.
e ao prazo. Quando afetada esta equação, surge a necessidade de 2. Princípios da ordem econômica: encontram-se arrolados no art. 170, da CF. 3.3.1. Espécies de servidão:

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a) Gratuita, em princípio. 3.6.4. Tipos de desapropriação: creto expropriatório. Há divergência doutrinária quanto ao cabimento
b) Onerosa, se causar dano emergente. Cabem juros compensatórios a) Tradicional ou ordinária (art. 5º, XXIV, da CF): a indenização é prévia, do instituto como direito real de se reivindicar o imóvel, ou se apenas
(Súmula 56, STJ) e pode-se pleitear os lucros cessantes. justa e em dinheiro, e seus pressupostos são: a necessidade pública (situ- cabe o direito pessoal de se pleitear perdas e danos, com base no
3.3.2. Requisitos: a) indenização: pode ser estabelecida por acordo ação inadiável, irremovível e premente, cuja solução requer, indispensavel- Código Civil.
administrativo ou sentença judicial; b) obrigatoriedade de inscrição no mente, a incorporação do bem ao patrimônio público); utilidade pública (a LINK ACADÊMICO 3
Registro Imobiliário; e c) instituída por decreto (se tratar de simples aquisição da propriedade é conveniente e vantajosa ao interesse público,
colocação de placas de rua na parede das casas, por exemplo, não mas não constitui imperativo irremovível); e interesse social (atendimento CONCESSÃO E PERMISSÃO
é necessário ato solene). de interesses das camadas mais pobres da população e à massa do povo
3.3.3. Extinção da servidão administrativa: pode ocorrer por uma em geral, concernente à melhoria das condições de vida, justa distribuição DE SERVIÇO PÚBLICO
das seguintes formas: a) perda da coisa gravada; b) desafetação; c) das riquezas);
incorporação do imóvel ao domínio público; e d) transformação do b) Extraordinária ou desapropriação sanção: a indenização é “a posterio- Lei nº 8987/95
imóvel que não mais atende ao interesse público. ri”, não em dinheiro e, sim, em títulos especiais, resgatáveis em parcelas anu-
3.4. Tombamento: submissão de certo bem, móvel ou imóvel, públi- ais, iguais e sucessivas. O pressuposto é o interesse social. Ademais, incide 1. Conceito: é o instituto através do qual o Estado atribui o exercício de
co ou particular, a um regime especial de uso, gozo e disposição ou sobre imóveis não edificados, subutilizados ou não utilizados, bem como so- um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome próprio, por
destruição em razão de seu valor histórico, cultural, artístico, turísti- bre latifúndios improdutivos. Temos duas modalidades: b1) Política Urbana: sua conta e risco, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente
co e paisagístico. O objetivo é a proteção do patrimônio histórico e prevista no art. 182, § 4º, da CF, cuja competência é do Município. Parte de pelo Poder Público, mas sob a garantia contratual de um equilíbrio
artístico nacional, que tem seu conteúdo previsto no art. 216, da CF. sua atuação fica vinculada aos preceitos da lei federal (define os parâme- econômico-financeiro, remunerando-se pela própria exploração do
A finalidade é garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais tros). Há necessidade de Lei Municipal que autorize a exigir do proprietário a serviço, em geral e basicamente mediante tarifas cobradas diretamen-
e o acesso às fontes da cultura nacional, incentivando e valorizando utilização adequada do bem. Há necessidade de não-edificação, subutiliza- te dos usuários do serviço (Bandeira de Mello, Celso Antonio. Curso de
as manifestações culturais. A identificação do patrimônio histórico ção ou não-utilização do solo urbano. Deve haver tentativa fracassada das Direito Administrativo, São Paulo: Malheiros, 2005, p. 664).
e artístico nacional é feita pelo Poder Público e pela comunidade e, hipóteses previstas nos incisos I e II do art. 182, da CF; b2) Reforma Agrária 1.1. Remuneração do concessionário: se dá mediante a cobrança
a inscrição, no Registro Imobiliário, feito pelo Poder Público autor do (art. 184 e segs): competência exclusiva da União e só incide sobre imóvel de tarifa, salvo algumas exceções, como ocorre nas concessões de
tombamento, por se tratar de um ônus real. Em sendo móvel, não é rural que não esteja cumprindo sua função social (art. 186). rádio e TV, em que a remuneração é feita pela divulgação de mensa-
necessária a averbação. Atenção: para legislar sobre a matéria, a competência é privativa da União gens publicitárias cobradas do anunciante. Nada obsta, porém, que o
3.4.1. Competência: nos termos da Carta Magna, a União, os Es- (art. 22, II, da CF). Para declarar (competência administrativa) a desapro- concedente subsidie, parcialmente, o concessionário ou que possam
tados e o Distrito Federal têm competência legislativa concorrente, priação tradicional, todos os entes federados têm competência para editar o ser previstas fontes alternativas de receitas complementares, acessó-
nos termos do art. 24, VII e o Município, por força do art. 30, II, tem decreto expropriatório. Para reforma urbana, a competência é exclusiva do rias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, objetivando
competência legislativa suplementar. Todos os entes federativos têm Município. E, para a reforma agrária, a competência é exclusiva da União. Já a modicidade das tarifas, desde que, obviamente, o Edital traga esta
competência administrativa comum (art. 23, III e IV, da CF) para insti- a competência para executar (efetivar a desapropriação) pode ser delegada previsão, como estatui o art. 11, da lei n. 8987/95.
tuírem o tombamento. às autarquias, estabelecimentos públicos em geral, delegados de função 1.2. Definição legal de concessão de serviço e de obra pública: o
3.4.2. Modalidades: o tombamento pode ser: pública e os concessionários, quando autorizados por Lei ou contrato (art. art. 2º, II e III, da Lei nº 8987/95, regulamentadora do instituto, descre-
a) De ofício, voluntário ou compulsório: o primeiro é aquele que 3º, do DL 3365/41). ve duas figuras distintas, quais sejam:
incide sobre bens públicos. O segundo o particular pede ou consente. 3.6.5. Destinação dos bens desapropriados: como regra geral, referidos a) Concessão de serviço público: a delegação de sua prestação,
O terceiro particular resiste (impugna) ao ato de tombamento. bens passam a integrar o patrimônio público do ente que efetuou a desapro- feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade con-
b) Provisório ou definitivo: analisa-se o instituto quanto à eficácia. priação ou das pessoas de direito público ou de direito privado delegadas de corrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas, que demonstre
Assim, os efeitos, no primeiro começam com o inicio do processo ad- função pública e concessionárias. Nada obsta que esses bens passem ao capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco, e por prazo
ministrativo de tombamento e, no segundo, termina com a inscrição no domínio de terceiros, desde que a desapropriação se faça por: zona, para determinado.
Livro do Tombo e Cartório Competente. fins de urbanização ou de formação de distritos industriais; por interesse so- b) Concessão de serviço público precedida da execução de
c) Individual e geral: quanto aos destinatários, o tombamento pode cial; para assegurar o abastecimento da população ou a título punitivo (quan- obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, reforma,
recair sobre um bem isolado ou sobre vários, como ocorre no tomba- do recai sobre terras utilizadas para o plantio de plantas psicotrópicas). ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público,
mento de bairros ou cidades. 3.6.6. Objeto da desapropriação: como se extrai do art. 2º do Dec. nº delegados pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade
3.4.3. Efeitos: 3365/41, é passível de desapropriação tudo aquilo que puder ser objeto de de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que de-
a) Imodificabilidade do bem tombado: o proprietário pode continuar propriedade – imóveis e móveis, corpóreos e incorpóreos; públicos e priva- monstre capacidade para a sua realização, por conta e risco, de forma
usando o bem, mas não pode alterá-lo (destruir, demolir ou mutilar) dos; espaço aéreo e subsolo (neste caso, quando a utilização do bem puder que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado
sem prévia autorização do órgão competente. Deve preservá-lo sob resultar prejuízo patrimonial ao proprietário do solo). Não se desapropriam mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado.
imposição de gravame. direitos personalíssimos e pessoas. 1.3. Análise da definição legal de concessão de serviço e de obra
b) Limites à alienabilidade: em caso de alienação onerosa, deve ser Importante: os bens públicos podem ser desapropriados nas seguintes pública: analisando-se os conceitos legais, observa-se que há a inclu-
assegurado o direito de preferência à União, Estados e Municípios, condições: ● deve ser precedida de autorização legislativa do ente expro- são de elementos que são requisitos de validade do contrato, como é o
respectivamente, sob pena de nulidade do negócio, seqüestro do bem priante– art. 2º, § 2º, DL 3365/41; ● respeita-se a ordem hierárquica: ente caso da exigência de concorrência e outorga à empresa ou consórcio
por qualquer dos entes federativos titulares do direito de preferência federativo maior ou central desapropria bens de ente menor ou local, nunca de empresas que demonstrem capacidade para executarem o empre-
e multa de 20% do valor do bem a que ficam sujeitos o transmiten- o inverso (logo, os Estados desapropriam bens dos Municípios e a União endimento, e omitiu-se, na hipótese do inciso II, um elemento essen-
te e o adquirente. Se o tombamento recair sobre um imóvel público, desapropria bens dos Estados e dos Municípios, enquanto que os bens fe- cial para caracterização do instituto, o traço que permite distingui-lo
será inalienável, salvo a possibilidade de transferência entre os entes derais são inexpropriáveis; a mesma regra aplica-se com relação aos bens do mero contrato administrativo de prestação de serviços, qual seja, a
federados. da Administração Indireta); e ● a desapropriação de ações, cotas e direitos remuneração por tarifa. Na descrição do inciso II, incluiu-se a figura da
c) Fiscalização do Poder Público: o particular fica sujeito à fiscali- representativos de capital de instituições ou empresas cujo funcionamento concessão de obra pública.
zação do bem, realizada pelo órgão técnico competente, e não deve dependa de autorização da União depende de autorização, por decreto, do 1.4. Características: o contrato de concessão possui características
obstaculizar tal atuação, sob pena de multa. Presidente da República. que lhe são próprias, como: a) só há concessão de serviço público
d) Restrições aos imóveis vizinhos: sofrem as conseqüências pre- 3.6.7. A declaração de utilidade pública: é o ato que apenas manifesta quando a titularidade deste pertencer ao próprio Estado; b) o conce-
vistas no Decreto-lei nº 25/37, art. 18. Noutros termos, não se pode, a intenção do Poder Público em adquirir, compulsoriamente, um bem. Não dente só transfere ao concessionário a execução do serviço, pois, pelo
sem prévia autorização do órgão competente, na vizinhança da coisa transfere a posse e nem a sua propriedade que continuam no domínio do princípio da indisponibilidade dos interesses públicos, a titularidade do
tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, particular. Por isso, o proprietário continua usando, gozando, dispondo e serviço não pode ser transferida ao concedente; c) o concessionário
nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de destruição da fruindo do bem contemplado no decreto expropriatório. Neste sentido, é que presta o serviço em nome próprio e assume os riscos normais do
obra ou retirada do objeto, com aplicação de multa. o alvará de licença para construir não pode ser negado – Súmula 23 do STF. empreendimento; e d) a remuneração do concessionário se dá pela
3.4.4. Indenização: doutrinariamente, a questão indenizatória não é O prazo de caducidade, em se tratando de desapropriação por necessidade própria exploração do serviço concedido.
pacífica. No Brasil, duas opiniões dividem os estudiosos da matéria: ou utilidade pública, é de 5 (cinco) anos e, por interesse social, 2 (dois) anos,
há os defensores da gratuidade que fundamentam suas opiniões na admitindo a renovação após um ano do decurso do prazo da caducidade 2. Forma e condição de outorga do serviço em concessão: o
generalidade que caracteriza o instituto. Já os defensores da onerosi- (art. 10, DL 3365/41). art. 175, da CF, estatui que: “incumbe ao Poder Público, na forma da
dade entendem que, se houver sacrifício de direito, o particular deverá 3.6.8. Imissão provisória de posse: é a transferência da posse do bem Lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre
ser indenizado (neste caso, deve-se admitir a alienação do direito de desapropriado para o ente expropriante, já no início da lide, por determinação através de licitação, a prestação de serviços públicos”. Portanto, a
construir não utilizado; o direito de construir em outro local, isenção de judicial, desde que preenchidos os requisitos legais, previstos no art. 15 do previsão do citado artigo expressa que a concessão depende de Lei
impostos são formas compensatórias). Decreto-lei nº 3365/41, para que o juiz autorize tal imissão. autorizadora. É vedado ao Executivo transferir o exercício de atividade
3.5. Requisição administrativa: utilização auto-executória e tran- 3.6.9. Justa indenização: compreende, além do valor do bem, com todas as própria do Estado à particular por sua mera deliberalidade. A Lei n.
sitória (em regra) de bens particulares, mediante a determinação da benfeitorias existentes até a decretação da utilidade ou necessidade pública 8987/95, em seu art. 2º e § 1o, deixa clara a vedação aos entes fede-
autoridade competente, com ou sem indenização posterior, em razão ou interesse social, o seguinte: a) lucros cessantes e danos emergentes; b) rativos outorgarem concessão ou permissão sem a referida Lei que
ou não de perigo público. Fundamenta-se no estado de necessidade juros compensatórios, em caso de imissão “initio litis”, computando-se desde a permita. Além da autorização legislativa, é necessária a realização
pública. Pode incidir sobre imóveis e móveis, bens consumíveis (ex: a antecipação da imissão na posse, e tem por base de cálculo a diferença de licitação, na modalidade concorrência, a exceção da modalidade
alimentos) ou inconsumíveis (ex: terrenos). entre a oferta inicial do Poder Público e o valor da indenização (este tema é leilão, prevista no art. 27, I e art. 29, da Lei nº 9074/95.
3.6. Desapropriação: é o procedimento administrativo pelo qual o controvertido. v. as seguintes Súmulas: n. 164, do STF; nº 618, do STF; nº
Poder Público, ou seus delegados, mediante prévia declaração de 69, do STJ); c) juros moratórios: devidos no montante de 6% ao ano, a partir 3. Diferenças entre a Lei Geral de Licitações e Contratos Admi-
necessidade (ou utilidade pública ou interesse social) impõe ao pro- de primeiro de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento nistrativos e a Lei de Concessões: há algumas diferenças entre o
prietário a perda de um bem, substituindo-o em seu patrimônio por deveria ser feito, nos termos do art. 100, da CF (nos termos da Súmula nº 12 regime da Lei n. 8.666/93 e da Lei nº 8.987/95. Salientam-se os se-
prévia e justa indenização. do STJ, os juros compensatórios e os moratórios se acumulam); d) correção guintes aspectos:
3.6.1. Fundamento Político: fundamenta-se na supremacia do inte- monetária: são devidos após o transcurso de prazo superior a um ano, a a) Quanto ao critério de julgamento, na concessão poderão ser ado-
resse público sobre o individual, quando os interesses são incompatí- partir da data da avaliação do bem, nos termos do art. 26, § 2º, DL 3365/41; tados: (i) o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado; (ii)
veis e na tradução dos princípios políticos acolhidos em nosso sistema e) honorários advocatícios; f) desmonte e transporte de máquinas (art. 25, a maior oferta nos casos de pagamento ao poder concedente pela
de domínio eminente do Estado ou atendimento de outras missões. Decreto-lei 3365/41); g) custas processuais, periciais etc; h) sub-rogação outorga da concessão; (iii) a combinação, dois a dois, dos critérios
3.6.2. Fundamento Normativo: CF e leis infraconstitucionais: DL n. do vínculo que pese sobre o imóvel etc; e i) fundo de comércio: entende referidos nos incisos I, II e VI; (iv) a melhor proposta técnica com preço
3365/41 – Lei básica sobre desapropriação, principalmente, por ne- a jurisprudência que só se inclui no montante da indenização se pertencer fixado no edital; (v) a melhor proposta em razão da combinação dos
cessidade ou utilidade pública; Lei n. 4132/62 – desapropriação por in- ao proprietário – se pertencer a terceiro, deverá ser reivindicado em ação critérios de menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado com
teresse social; DL n. 1075/70 – imissão de posse “initio litis” em imóvel própria, assim como a locação prejudicada com a expropriação (art. 26, do o de melhor técnica; (vi) a melhor proposta em razão da combinação
residencial urbano, habitado pelo proprietário ou por compromissário DL 3365/41). dos critérios de maior oferta pela outorga da concessão, com o de me-
comprador registrado; Lei n. 8629/93 – desapropriação para reforma 3.6.10. Desapropriação por zona ou extensiva (art. 4º, DL 3365/41): ocor- lhor técnica; e (vii) a melhor oferta de pagamento, pela outorga, após
agrária; LC n 76/93 – estabelece procedimento contraditório especial, re quando o expropriante desapropria uma área maior do que a necessária à qualificação de propostas técnicas (art. 15, da Lei nº 8.987/95);
de rito sumário, para o processo de desapropriação de imóvel rural realização de uma obra ou serviço por abranger: a) área contígua necessária b) Previamente ao edital de licitação de concessão e permissão, o
para fins de reforma agrária; Dec. nº 2250/97 – dispõe sobre a vistoria ao desenvolvimento posterior da obra a que se destine ou b) as zonas que se concedente deverá publicar ato justificando a conveniência da outorga
em imóvel rural destinado à reforma agrária; Lei n. 9427/96 – com- valorizarem, extraordinariamente, em virtude da realização da obra. e caracterizando seu objeto, área e prazo (art. 5º, da Lei nº 8.987/95);
petência para a ANEEL desapropriar por utilidade pública; e Lei n. 3.6.11. Desapropriação indireta: é aquela que se consuma sem a obser- c) Na licitação de concessão e permissão de serviço público, os auto-
10527/01 – Estatuto da Cidade regulamenta os arts. 182 e 183 da CF. vância do procedimento legal. Equipara-se ao esbulho e o particular pode se res, ou economicamente responsáveis pelo projeto básico ou executi-
3.6.3. Natureza Jurídica: forma originária de aquisição da proprieda- valer das ações possessórias como instrumento de defesa. Se o particular vo, poderão participar do certame (art. 31, Lei nº 8.987/95);
de. A propriedade instaura-se “ex novo”, não se vinculando a nenhum não reivindicar, o bem se incorpora ao patrimônio público e a saída passará d) Na hipótese em que se permita a participação de empresas em con-
título. Em decorrência, se afirma: a indenização paga erroneamente a ser a reivindicação de indenização por perdas e danos. Se o particular não sórcio, o poder concedente pode exigir que o consórcio se constitua
não invalida a desapropriação. Os ônus reais existentes sobre o bem pleitear a indenização em tempo hábil, o poder público deve propor ação de antes da celebração do contrato (art. 20, da Lei n. 8.987/95);
expropriado se extinguem e ficam sub-rogados no preço. Os direitos usucapião para regularizar a situação do imóvel. e) O edital deverá prever as possíveis fontes de receitas alternativas
obrigacionais deverão ser reivindicados em ação própria contra o pro- 3.6.12. Direito de extensão: é o direito que tem o proprietário de pedir que (art. 81, VI, da Lei nº. 8.987/95).
prietário e não contra o Poder Público. Não há evicção. Logo não cabe se desaproprie também parte do imóvel que ficou inaproveitável, economi-
qualquer impugnação por parte do Oficial de Registro de Imóveis e a camente, e de forma isolada. 4. Poderes do concedente: a) de inspeção e fiscalização ( art. 3º, 29,
ação de desapropriação prossegue independentemente de se saber 3.6.13. Retrocessão: é o direito que tem o expropriado de reaver o seu I; 30,§ único; 31,V e 23, VII, da Lei n. 8.987/95); b) alteração unilateral
quem é o verdadeiro proprietário. bem quando o expropriante não dá ao imóvel a utilização prevista no de- das cláusulas regulamentares (art. 9º, § 4o.; 18, VII, 23, V; 6o, §§1o e

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2º, da Lei n. 8.987/95); c) extinguir a concessão antes de findo o prazo às regras previstas na Lei de Concessão e Permissão de Serviços Públicos sabilidade objetiva do Estado, em relação ao cidadão lesado, na
inicialmente estatuído (art. 29, IV, da Lei n. 8.987/95); d) de intervenção (Lei nº 8.987/95). qual não haverá a avaliação de dolo ou culpa e a responsabilidade
(art. 29, III e 32, da Lei n. 8.987/95); e e) aplicar sanções ao concessio- subjetiva do funcionário em relação ao Estado, onde será verificada
nário (art. 29, II, da Lei n. 8.987/95). 2. Modalidades: a culpa ou dolo do agente público, em ação regressiva.
a) Concessão patrocinada: é o contrato cujo objeto pode ser a concessão
5. Direitos do concessionário: a) que não seja alterado o objeto da de serviços públicos ou obras públicas já tratadas pela Lei de Concessão e 3. Fundamentos da Responsabilidade do Estado: os fundamentos
concessão, inclusive a técnica básica pela qual o serviço prestado foi Permissão de Serviços Públicos; quando a remuneração do parceiro privado da aplicação da responsabilidade extracontratual objetiva do Estado
licitado; e b) garantia da equação econômico-financeira. se der pela cobrança de tarifas do usuário do serviço e de contraprestação são os princípios da legalidade e da igualdade. Quando o dano for
pecuniária feita pelo Poder Público. decorrente da prática de um ato lícito, o fundamento é o princípio da
6. Direitos dos usuários: estão previstos no art. 7o, da Lei n. 8.987/95, b) Concessão administrativa: é o contrato que tem por objeto serviços igualdade, para garantir uma repartição igualitária entre os adminis-
e destacam-se os direitos de: a) receber serviço adequado (é aquele públicos prestados pelo parceiro privado, direta ou indiretamente, à Admi- trados dos ônus provenientes dos atos estatais lesivos, evitando-se
que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, nistração Pública, mesmo que envolva a execução de obra ou fornecimento que alguns suportem prejuízos ocorridos por ocasião, ou por causa de
segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e e instalação de bens. atividades desempenhadas no interesse de todos. E, diante de atos
modicidade das tarifas); b) ser informado para a defesa de interesses ilícitos, o princípio da legalidade, uma vez que a Administração Pública
individuais e coletivos; c) fiscalizar a prestação do serviço; e d) a modi- 3. Valor do contrato: as Parcerias Público-Privadas são de grande vulto, só pode agir pautada na Lei e, se praticou um ato ilícito, deve indeni-
cidade das tarifas; e) quando for o caso, obter e utilizar o serviço, com vedando-se os contratos cujo valor seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte zar quem foi prejudicado. Os prejuízos causados a terceiros por atos
liberdade de escolha entre vários prestadores de serviços. milhões de reais). da Administração podem ainda ser decorrentes de comportamentos
omissivos dos agentes públicos e, nesta hipótese, deve ser aplicada
7. Formas de extinção da concessão e seus efeitos (art. 35, da 4. Prazo: em decorrência do grande vulto de capital investido nestas moda- a responsabilidade subjetiva, devendo ser apurada a culpa ou dolo do
Lei n. 8.987/95): lidades de concessão, o prazo não pode ser inferior a 5 (cinco) anos e nem agente que deveria agir e quedou-se omisso.
a) Por expiração do prazo fixado no ato de concessão. superior a 35 (trinta e cinco) anos.
b) Por rescisão: que pode ser judicial ou consensual. 4. Pressupostos da responsabilidade objetiva: é a existência do
c) Por ato unilateral do poder concedente: neste caso, tem-se: 5. Peculiaridades das Parcerias Público-Privadas: possuem característi- nexo de causalidade entre o comportamento comissivo e o dano cau-
c1) Encampação ou resgate: ocorre quando a administração chama cas que as diferem das concessões tradicionais. Vejamos: sado. Essa regra exige: ● que se trate de pessoa jurídica de direito
para si o serviço concedido, dentro do prazo de vigência do contrato, a) Licitação: há exigência de licitação prévia, na modalidade concorrência, público ou de direito privado prestadora de serviços públicos; ● que
por motivo de interesse público, desde que haja Lei autorizativa espe- podendo o edital prever a inversão das fases de habilitação dos proponentes essas entidades prestem serviços públicos (o que exclui as entidades
cífica e após prévio pagamento de indenização. Esta se fará com base e de julgamento e classificação das propostas, assim como a possibilidade da administração indireta que executem atividade econômica de natu-
nas parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda de saneamento de falhas, de complementação de insuficiências ou ainda de reza privada); ● que haja um dano causado a terceiro, em decorrência
não amortizados ou depreciados utilizados na prestação do serviço; correções formais no curso do certame, desde que o licitante possa atender da prestação de serviço público; ● que o dano seja causado por ato de
c2) Caducidade ou decadência: é a forma de extinção do contrato às exigências dentro do prazo ali fixado; agente político, administrativo ou de particulares em colaboração com
de concessão em decorrência de sua inexecução total ou parcial, a cri- b) Tipos de licitação: para o julgamento e classificação das propostas, a Administração; e ● que o agente público, ao causar o dano, esteja
tério do poder concedente, segundo as hipóteses elencadas no art. 38, poderá ser adotado critério da melhor técnica, do menor valor da contrapres- atuando nessa qualidade.
§ 1º, da Lei n. 8.987/95. Importante é memorizar que a declaração de tação a ser paga pela Administração Pública ou a melhor proposta em razão
caducidade deve ser precedida da verificação das causas do inadim- da combinação destes dois critérios; 5. Causas excludentes ou atenuantes: só há exclusão da respon-
plemento do concessionário, em processo administrativo, assegurada c) Repartição objetiva dos riscos: há divisão dos riscos contratuais entre o sabilidade extracontratual do Estado se não ficar demonstrado o nexo
ampla defesa e o contraditório; c3) Anulação: extinção da concessão parceiro privado e a administração. Inclusive, os decorrentes de caso fortuito, de causalidade entre o dano sofrido pelo particular e o comportamento
em decorrência de vício em sua outorga. Se o particular não concorreu força maior, fato do príncipe e áleas extraordinárias; comissivo do agente público.
para a existência do mesmo, deverá ser indenizado pelas despesas d) Repartição dos ganhos econômicos: assim como se repartem os pre-
efetuadas. juízos, os ganhos econômicos efetivos do parceiro privado, decorrentes da 6. Responsabilidade Subsidiária do Estado: em se tratando de
d) Falência do concessionário: ocorre se a decretação de falência redução do risco de crédito dos financiamentos utilizados pelo parceiro priva- pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos, há que se apli-
se der antes da extinção da concessão. do, também são compartilhados com a Administração Pública. car a teoria da responsabilidade extracontratual objetiva pelos danos
e) Extinção da empresa ou morte do concessionário, se socie- e) Obrigatoriedade de constituição da sociedade de propósito específi- decorrentes da prestação dos serviços públicos. Ocorre que, caso
dade individual. co: previamente, a celebração do contrato deverá ser constituída a socieda- estas não possam assumir o pagamento da indenização, o Estado,
de de propósito específico, que poderá assumir a forma de Sociedade Anô- subsidiariamente, será o responsável e indenizará o cidadão, deven-
8. Reversão dos bens: extinta a concessão, o concedente assume o nima de capital aberto, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria. A do ingressar com ação regressiva, em face do ente responsável pela
serviço e passa a ocupar as instalações e os bens reversíveis, como maioria do capital votante desta sociedade não poderá ser de titularidade da prestação do serviço.
conseqüência natural. Logo, a reversão nada mais é do que a transfe- administração e o seu controle acionário não poderá ser transferido sem a
rência ao poder concedente dos bens do concessionário utilizados na autorização expressa da administração, nos termos do edital e do contrato; 7. Dano Indenizável: para que o Poder Público repare o prejuízo
prestação dos serviços públicos, quando extinto o contrato de conces- f) Formas de contraprestação administrativa: a administração poderá causado, é necessário que o dano: a) corresponda a um direito da
são. Sua fundamentação encontra-se na assunção imediata do ser- garantir a contraprestação dos contratos de parcerias privadas por uma das vítima, incidindo sobre algo que a ordem jurídica considera como per-
viço, pelo concedente, e deve ser precedida de avaliação. Ademais, seguintes formas: ordem bancária, cessão de créditos não tributários, outor- tinente ao lesado e b) seja certo, não apenas eventual e possível,
os bens revertidos, em tese, nenhuma serventia teriam ao concessio- ga de direitos em face da Administração Pública, outorga de direitos sobre podendo ser atual ou futuro.
nário, posto que estão afetos ao próprio serviço público. Exemplo: os bens públicos dominicais e outros meios permitidos em Lei. Importante: quando se tratar de comportamentos estatais lícitos,
vagões ferroviários só podem ser utilizados no serviço de transporte requer-se, ainda, duas outras características: ● especialidade: um
ferroviário. A indenização da reversão é feita com base nas parcelas 6. Benefícios do parceiro privado: em relação à concessão tradicional, agravo patrimonial que alcance, especificamente, sobre certo ou
dos investimentos não amortizados ou depreciados. observa-se que o contratado tem maiores vantagens e garantias, destacan- certos indivíduos e ● anormalidade: que supera os meros agravos
do-se: a) o maior prazo, que pode chegar até 35 (trinta e cinco) anos; b) patrimoniais inerentes à vida em sociedade, sujeita a certos riscos de
9. Responsabilidade do concessionário, pelos danos causados a o pagamento dos parceiros privados pode ser feito por variadas formas; e moderados gravames econômicos, ou seja, tem de ultrapassar o limite
terceiros, em razão da prestação do serviço público: governa-se c) sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de de encargos sociais suportados pelo cidadão.
pelos mesmos critérios e princípios orientadores da responsabilidade parceria, manifestadas, inclusive, pela divisão dos riscos inerentes à execu-
do Estado, prevista no art. 37, § 6º, da CF. Como não há transferência ção do contrato. 8. Reparação dos danos: a reparação dos danos causados a ter-
da titularidade do serviço concedido, a responsabilidade do Estado é LINK ACADÊMICO 4 ceiros pode ser feita no âmbito administrativo, caso em que a admi-
subsidiária. Em caso de insolvência do concessionário, se os prejuízos nistração reconhece sua responsabilidade e a vítima concorda com
causados a terceiros derivarem diretamente do exercício do serviço o valor a ser indenizado, ou perante o Judiciário, através de ação de
público, o Estado terá de arcar com os ônus (responsabilidade sub- RESPONSABILIDADE indenização contra a pessoa jurídica causadora do dano.
sidiária), mesmo que o concessionário tenha agido de modo faltoso, EXTRACONTRATUAL
uma vez que o dano foi efetuado por quem agia em nome do Estado 9. Ação Regressiva e denunciação da lide: a ação regressiva ocorre
e, exauridas as forças do concessionário, desaparece o intermediário DO ESTADO quando se pretende apurar a culpa ou dolo do agente público (decorre
e o Estado emerge para saldar os compromissos e responde no mon- da responsabilidade subjetiva do agente público). O Poder Público in-
tante do valor dos bens revertidos. Se os prejuízos de terceiro forem gressará com ação de regresso, em face do agente causador do dano,
oriundos de comportamentos do concessionário, alheios à própria 1. Conceito: é a obrigação que tem o Estado de reparar, economicamente, por ação ou omissão. A denunciação da lide é matéria controvertida
prestação do serviço (ainda que assumindo para instrumentalizar a os danos lesivos causados a outrem, em decorrência de comportamentos na doutrina. O Código de Processo Civil, em seu artigo 70, III, dispõe
prestação do serviço), são de sua responsabilidade. O credor concorre unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, que quando um terceiro for responsabilizado por ato de outrem, este
aos bens não afetados da concessionária ao serviço público. imputáveis aos agentes públicos. deve ser chamado à lide para integrar o pólo passivo da demanda. Se
aplicada esta regra, a administração deveria, toda vez que acionada
PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO 2. Evolução: a responsabilidade extracontratual do Estado é conseqüência por um cidadão, chamar à lide o agente causador do dano. Parte da
da idéia de Estado de Direito e da submissão do Poder Público ao Direito. doutrina entende que não se deve aplicar o CPC, mas, sim, promover
A história da responsabilidade estatal por danos causados a terceiros reflete a ação regressiva, em face do funcionário, para não descaracterizar a
1. Conceito: diferentemente da concessão, é o ato unilateral e pre- uma contínua evolução e adaptação a estas peculiaridades do Estado de teoria objetiva e por serem diversos os fundamentos da responsabili-
cário por intermédio do qual o Poder Público transfere a alguém o Direito, progredindo, ampliando-se, alargando-se continuamente, de ma- dade do Estado e do servidor.
desempenho de um serviço público, proporcionando a possibilidade neira a agasalhar, cada vez mais intensamente, os interesses privados. A
de cobrança de tarifas dos usuários. Deve ser precedida de licitação e evolução da idéia de responsabilidade civil do Estado passou por diversas
formalizada mediante contrato de adesão. Seu fundamento encontra- teorias. Vejamos: BENS PÚBLICOS
se no art. 175, da CF e art. 40, da Lei 8.987/95. a) Teoria da irresponsabilidade: adotada na época do Estado absoluto, era
baseada na noção de soberania, na qual o Estado dispunha de autoridade 1. Conceito: são os bens pertencentes às pessoas jurídicas de Direi-
2. Características: a) unilateralidade e b) precariedade: significa que a incontestável perante o súdito. Esta teoria foi afastada no século XIX, diante to Público, e suas autarquias e fundações, e aqueles de titularidade
Administração Pública dispõe de poderes para flexibilizar, estabelecer da sua injustiça. das pessoas privadas, desde que estejam afetadas à prestação dos
alterações ou encerrá-las a qualquer tempo, sem a obrigação de inde- b) Teoria da culpa: rompeu a idéia de irresponsabilidade ao admitir a res- serviços públicos.
nizar o permissionário, desde que fundadas em razões de interesse ponsabilidade do Estado, adotando-se os princípios do Direito Civil, com
público. Este é o traço diferenciador entre concessão e permissão de base na idéia de culpa, quando o Poder Público somente responderia pelo 2. Domínio Público: são os bens móveis e imóveis que são destina-
serviço público. dano causado quando pudesse ser comprovado dolo ou culpa do agente dos ao uso direto do Poder Público, ou à utilização direta ou indireta
público. Surgia, assim, a teoria da responsabilidade subjetiva, aplicada à da coletividade, submetidos ao regime de direito público e regulamen-
3. Desnaturação do uso da permissão: a doutrina aponta que o uso Administração Pública. tados pela administração.
da permissão, com prazo, desfigura o instituto, por ser esta uma tônica c) Teoria do acidente administrativo: desvincula-se a idéia de culpa do
da concessão. funcionário para se falar em culpa do serviço público, que ocorre quando este 3. Os bens com relação a sua destinação: os bens serão classifica-
ou funciona atrasado e mal, ou, simplesmente, não funciona. Essa responsa- dos de acordo com o seu destino:
PARCERIA PÚBLICO bilidade também é subjetiva. 3.1. De uso comum: bens de domínio público insuscetíveis de avalia-
d) Teoria do risco administrativo: essa teoria serviu de fundamento para a ção patrimonial, destinados ao uso indistinto de todos, em princípio, de
PRIVADO: Lei nº 11.079/04 responsabilidade objetiva. A idéia de culpa é substituída pela noção de nexo forma gratuita. Pertencem à União, Estados, DF e Municípios. Seu uso
de causalidade entre o funcionamento do serviço público e o prejuízo sofrido e gozo deverá ser conforme a destinação do bem. São inalienáveis
1. Conceito: é uma espécie de contrato de concessão firmado entre pelo administrado. A responsabilidade objetiva prescinde da apreciação dos enquanto guardarem esta consagração. Ex: uma praça, mares e ruas.
a Administração Pública direta e indireta e demais pessoas jurídicas elementos subjetivos (culpa ou dolo). Há responsabilidade objetiva quando 3.2. De uso especial: bens patrimoniais indisponíveis, afetados a um
controladas, direta ou indiretamente, pelos entes da Federação e en- basta para caracterizar o dano a simples relação causal entre um aconteci- estabelecimento ou a um serviço público, como as repartições públicas.
tidades do setor privado, objetivando firmar uma parceira para a pres- mento e o efeito produzido. Alguns doutrinadores dividem a teoria do risco Isto é, locais onde se realiza a atividade pública ou onde está à disposi-
tação de serviços públicos ou realização de obras públicas, desde que em: risco administrativo e risco integral. A diferença concentra-se na idéia de ção dos administrados um serviço público. Ex: museu, teatro e escola.
não tenha por objeto, unicamente, o fornecimento de mão-de-obra e a que na teoria do risco integral não há possibilidade de existir atenuantes e O uso e gozo destes bens dependem das normas do próprio serviço
instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. A Parceira excludentes da responsabilidade. prestado, de regra, sem maiores formalidades, a não ser as exigências
firmada deve obedecer às disposições desta Lei e, supletivamente, Importante: a Constituição Federal, em seu art. 37, § 6º, prevê a respon- impostas pelo titular do serviço, como, por exemplo: autorização, horá-

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rio, preço, regulamento, como se dá o uso dos museus pelos visitantes pretando este artigo, expõe que a lei pune não somente o dano material, prazos e condições de utilização desta via recursal.
etc. Enquanto guardarem esta destinação, são inalienáveis, isto é, não como também qualquer sorte de lesão ou violação à moralidade admi- 2.3. Coisa julgada administrativa: na Administração Pública, a
se permite a venda, permuta, doação e a dação em pagamento; nistrativa, existindo, ou não, prejuízo no sentido econômico. coisa julgada administrativa difere da coisa julgada judicial quanto
3.3. Dominical ou dominial: são objetos de direito real e bens patrimo- ao seu alcance, pois o âmbito de alcance da coisa julgada admi-
niais disponíveis pelo seu titular, São aqueles usados pelo Estado como 3. Sanções: o art. 37, §4º, da CF, dispõe que os atos de improbidade nistrativa é limitado à própria esfera administrativa (a decisão se
objeto de direito real, não afetados nem ao uso comum do povo, nem importarão à suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, torna irretratável pela própria administração, mas poderá sempre
ao uso especial. Ex: terrenos da Marinha, terras devolutas etc.. São a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e ser apreciada pelo Poder Judiciário, pelo princípio da inafastabi-
bens destituídos de qualquer afetação, prontos para serem utilizados gradação previstas em Lei, sem prejuízo da ação penal cabível. Na Lei lidade da jurisdição, se causar lesão ou ameaça de lesão), en-
ou alienados, ou, ainda, terem seu uso trespassado a quem por eles se 8.429/92, as sanções estão previstas especificamente no art. 12, pre- quanto que a coisa julgada, emanada do Poder Judiciário, encerra
interesse. Podem ser utilizados pela administração, como garantia nos vendo outras medidas, além das descritas constitucionalmente, como: qualquer discussão sobre o caso concreto em todas as esferas.
contratos de Parcerias Público-Privadas. a perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio (para 2.4. Prescrição administrativa: refere-se à situação jurídica pela
hipótese de enriquecimento ilícito), a multa civil e a proibição de se con- qual o administrado, ou a própria administração, perde o direito de
4. Afetação e desafetação dos bens públicos: afetação é a desti- tratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou formular pedidos ou firmar manifestações, em virtude do decurso
nação de um bem a uma certa categoria de uso comum do povo ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa de prazo. Quando se tratar de prazo para recorrer de decisão ad-
especial. A desafetação é a retirada do referido destino. jurídica da qual seja sócio majoritário. ministrativa, estes estarão discriminados em leis esparsas.
4.1 Bens dominicais: não são bens afetados a nenhuma destinação
de prestação de serviço público e nem ao uso em geral da coletivi- 3. Controle parlamentar ou legislativo: é exercido pelo Poder
dade. CONTROLE DA Legislativo sobre os atos praticados pela Administração Pública,
4.2 Bens de uso comum do povo: a afetação pode se dar por fato alcançando os órgãos do Poder Executivo, os entes da Adminis-
natural, por Lei ou ato administrativo. A desafetação depende de Lei ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA tração Indireta e o Poder Judiciário, quando este executa função
ou ato. administrativa. Este controle pode ser político (abrangerá aspec-
4.3 Bens de uso especial: podem ser afetados por Lei ou por ato ad- 1. Conceito e classificação: figura-se como poder o dever pelo qual a tos de legalidade e mérito; exemplo: apuração de irregularidades
ministrativo; e desafetados por Lei, ato administrativo ou fatos naturais. administração, os demais Poderes e a sociedade, inspecionam e fiscali- pelas Comissões Parlamentares de Inquérito) ou financeiro
Ex: terremoto ao destruir um prédio público. zam a conduta funcional de um Poder, órgão ou autoridade (Administra- (previsto nos arts. 70 a 75 da CF, fiscalização financeira, contábil,
ção Pública em sentido amplo), objetivando a garantia de que a atuação orçamentária, operacional e patrimonial; compreende os sistemas
5. Regime jurídico dos bens públicos: ● inalienabilidade ou aliena- da administração encontra-se consoante aos padrões exigidos pelo or- de controle interno, que é exercido por cada um dos Poderes e
bilidade nos termos da Lei – não podem ser vendidos, salvo se forem denamento jurídico. A doutrina apresenta variadas formas de classificar externo, que compete ao Legislativo, com auxílio do Tribunal de
desafetados e passarem para a categoria de bens dominicais e pre- os controles da Administração: Contas).
encherem os requisitos para alienação (interesse público justificado, 1.1 Quanto aos órgãos que exercem o controle: Administrativo é o
desafetação, avaliação, autorização legislativa, em caso de imóveis e que se origina na própria Administração Pública, exercido pelos órgãos 4. Controle judicial ou judiciário: o âmbito de apreciação dos
licitação); e ● impenhorabilidade: não estão sujeitos à constrição ju- da administração, sobre seus próprios atos, denominado de autotutela; atos da Administração Pública pelo Poder Judiciário limita-se ao
dicial; ● imprescritibilidade: não podem ser objeto de usucapião, vide Legislativo é o exercido pelo Poder Legislativo, por meio de seus ór- aspecto da legalidade e da moralidade, ressaltando-se que, com
art. 183, § 3o, da CF. gãos; Judicial é o exercido pelo Poder Judiciário, decidindo tão somente relação aos atos discricionários, a apreciação judicial não pode
sobre a legalidade dos atos administrativos em geral. invadir a análise do mérito do ato (oportunidade e conveniência).
6. Formas de utilização dos bens públicos pelos administrados: 1.2 Quanto à localização dos órgãos que os realizam: Controle in- Também são objeto de controle pelo Judiciário os atos políticos, os
as regras para se utilizar um bem público dependem não só da sua terno: realizado pela própria administração que cada um dos Poderes atos “interna corporis” (regimentos dos atos colegiados), se causa-
destinação, como também do próprio uso. Vejamos: exerce sobre suas próprias condutas e atos administrativos (exemplo: rem lesão a direitos, e, este último, se exorbitarem o seu conteúdo.
6.1. Se o bem for de uso comum do povo: duas hipóteses podem controle exercitado pelo Executivo sobre seus próprios servidores) e Quanto aos atos normativos, só podem ser invalidados pelo Judi-
ocorrer: Controle externo: ocorre quando um Poder exerce fiscalização sobre ciário, pela via de ação direta de inconstitucionalidade.
a) Uso ordinário: aberto à livre utilização de todos, pode ser a título atos ou condutas de outro Poder (Poder Legislativo, com auxílio do Tri- 4.1. Instrumentos de controle judicial: a Constituição Federal
gratuito ou oneroso, como o pedágio. bunal de Contas e Poder Judiciário) ou também o controle da Adminis- faz referência a ações específicas de controle da Administração
b) Uso extraordinário: é necessário autorização de uso ou permissão tração Direta sobre a Indireta. Pública, que são os denominados remédios constitucionais, quais
ou dar prévia ciência à administração do uso especial. Quando o uso 1.3 Quanto ao conteúdo do ato: Controle de legalidade ou legitimi- sejam: “habeas corpus”, “habeas data”, mandado de injunção,
for anormal, fora de seu destino próprio, dependerá de autorização de dade: objetiva constatar a conformidade do conteúdo de que se reveste mandado de segurança individual, ação popular e a ação civil
uso de bem público. Ex: transitar em estradas com veículos muito lon- o ato de controle com o ordenamento jurídico (por este controle, o ato pública.
gos ou com carga excessiva, corridas de pedestrianismo, ciclismo ou ilegal só poderá ser anulado) e Controle de mérito: visa a verificação LINK ACADÊMICO 6
automobilismo, ou quando o uso do bem implicar em exclusividade de da conveniência, oportunidade, a eficiência e o resultado da conduta
parte do bem, como no caso das bancas de jornal nas calçadas ou administrativa.
quiosques. Dependerá, ainda, de prévia ciência à administração quan- 1.4 Quanto à relação de subordinação: Controle hierárquico: é o
do o uso especial do bem implicar impedimentos à normal utilização que decorre da relação de subordinação existente entre os órgãos públi-
concorrente de terceiros. cos (os órgãos superiores fiscalizam os de hierarquia inferior) e pressu-
6.2. Se o bem for de uso especial: usa-se, de regra, de acordo com a põe as faculdades de supervisão, coordenação, orientação, fiscalização,
prestação do serviço daquele bem. Mas se o particular pretender o uso aprovação, revisão e avocação das atividades controladas, bem como
exclusivo de parte do bem é necessária a realização de licitação para a os meios corretivos, e Controle finalístico: é o controle que a Admi-
celebração do contrato de concessão ou permissão. nistração Direta exerce sobre as entidades da Administração Indireta A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida dos estudos
6.3. Se o bem for de uso dominical: o uso se dá segundo as formas para verificar se essas entidades (que a compõem) estão cumprindo as das disciplinas dos cursos de graduação, devendo ser comple-
aceitas no Direito Civil – locação, arrendamento, enfiteuse, comodato finalidades para as quais foram criadas (é um controle em que não há mentada com o material disponível nos Links e com a leitura de
(gratuito), ou por permissão ou concessão de uso e concessão de direi- subordinação entre a entidade controlada ou o órgão controlador; livros didáticos.
to real de uso (oneroso ou gratuito, admitindo-se a sucessão). 1.5 Quanto ao momento que se efetua o controle: Prévio: é o con-
LINK ACADÊMICO 5 trole exercido previamente à prática do ato administrativo, antecede a Direito Administrativo II – 2ª edição - 2009
conclusão do ato, visando impedir que seja praticado um ato ilegal ou
contrário ao interesse público; Concomitante: é o exercido no momento Coordenador:
IMPROBIDADE da formação do ato (exemplo: fiscalização de um contrato em andamen- Carlos Eduardo Brocanella Witter, Professor universitário e de
ADMINISTRATIVA to); e Posterior: ocorre após a conclusão do ato controlado, é feito com cursos preparatórios há mais de 10 anos, Especialista em Di-
o objeto de rever os atos já praticados para confirmá-los, corrigi-los ou reito Educacional; Mestre em Educação e Semiótica Jurídica;
desfazê-los. Membro da Associação Brasileira para o Progresso da Ciência;
1. Considerações iniciais: com a inclusão do princípio da mo- Palestrante; Advogado e Autor de obras jurídicas.
ralidade administrativa no Texto Constitucional (art. 37, “caput”), 2. Controle administrativo: é o que se origina na própria Administra-
a exigência da moralidade estendeu-se a toda a Administração ção Pública. Abrange os órgãos da Administração Direta e as pessoas Autoras:
Pública e a improbidade passou a ser prevista e sancionada para jurídicas que integram a Administração Indireta. O controle exercido Daniela Haddad Franco. Advogada. Formada pela
todas as categorias de servidores públicos. pelos órgãos da Administração Direta denomina-se autotutela. Poderá Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo
1.1 A improbidade administrativa na Lei nº 8.429/92: esta Lei a Administração rever os próprios atos quando ilegais, inoportunos ou em 1997.Especialista em Direito Processual Civil
cuida da Improbidade Administrativa e veio regulamentar o art. 37, inconvenientes. O controle sobre as entidades da Administração Indireta pela PUC/SP. Mestre em Direito Político e Econô-
§ 4º, da CF. Depreende-se deste dispositivo constitucional que é é chamado de tutela e deve ser exercido nos limites estabelecidos no mico pela Universidade Mackenzie. Assessora de
possível que algum dos ilícitos, definidos em Lei, como atos de im- ordenamento jurídico, para que não haja ofensa à Lei que as instituiu. Controle Externo do Tribunal de Contas do Município
probidade administrativa, corresponda também a um crime defini- Na esfera federal, recebe o nome de supervisão ministerial (Decreto-lei de São Paulo.
do em Lei na esfera federal. Neste caso, a apuração da improbida- nº 200/67), que é exercida pelos Ministérios sobre os órgãos da Admi- Helane C. M. Cabral, graduada em Direito pela
de pela ação cabível será concomitante com o processo criminal. nistração Direta e Indireta. Universidade Federal do Pará - UFPA, Mestre em
Pode, ainda, corresponder a infrações administrativas definidas 2.1. Recursos administrativos: são os meios pelos quais os adminis- Direito Administrativo pela Pontifícia Universidade
no Estatuto dos Servidores Públicos e estará sujeita a instauração trados podem se utilizar para provocar o reexame do ato praticado pela Católica de São Paulo - PUC/SP e doutora em Direito
de processo na instância administrativa, acarretando, assim, na Administração Pública, com fundamento no art. 5º, incisos XXXIV, “a”, Urbanístico pela Pontifícia Universidade Católica de
instauração de processos nas três esferas (administrativa, civil e da CF (direito de petição) e LV (contraditório e ampla defesa). Podem São Paulo - PUC/SP. Professora da Universidade
criminal). Esta Lei é de âmbito nacional e, portanto, aplica-se a ter efeito suspensivo ou devolutivo. Vale ressaltar que o julgamento do Presbiteria Mackenzie, Advogada e Assessora
todas as esferas de governo. Entretanto, alguns de seus disposi- recurso administrativo torna vinculante para a Administração seu pro- Jurídica do Tribunal de Contas do Município de
tivos tratam de matéria estritamente administrativa. Cada ente da nunciamento decisório e atribui definitividade ao ato apreciado em última São Paulo.
federação tem competência própria para legislar. instância e, somente por meio do recurso de revisão, nas formas e con-
dições previstas em Lei (poderá ser revisto pelo Judiciário). A coleção Guia Acadêmico é uma publicação da Memes Tecno-
2. Elementos constitutivos do ato de improbidade adminis- 2.2 Modalidades: logia Educacional Ltda. São Paulo-SP.
trativa: a) Representação: recurso utilizado para denunciar irregularidades pe- Endereço eletrônico: www.memesjuridico.com.br
a) Sujeito passivo: descritos no art. 1º, da Lei nº 8429/92 rante a própria administração. Todos os direitos reservados. É terminantemente proibida a re-
b) Sujeito ativo: a lei definiu como sujeito ativo o agente público b) Reclamação administrativa: medida utilizada pelo administrado, produção total ou parcial desta publicação, por qualquer meio
(todo aquele que exercer, ainda que transitoriamente ou sem re- pela qual este requer uma pretensão perante a Administração Pública, ou processo, sem a expressa autorização do autor e da editora.
muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou para o fim de que lhe seja reconhecido um direito ou corrigido um ato A violação dos direitos autorais caracteriza crime, sem prejuízo
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, que lhe cause lesão ou ameaça de lesão. das sanções civis cabíveis.
emprego ou função nas entidades mencionadas no art. 1º) e o ter- c) Pedido de reconsideração: recurso utilizado por um interessado
ceiro, que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para solicitar o reexame da decisão proferida à própria autoridade emis-
para a prática do ato de improbidade, ou dele se beneficie sob sora do ato recorrido.
qualquer forma direta ou indireta d) Recurso hierárquico: é decorrente do Poder Hierárquico, no qual www.memesjuridico.com.br
c) Ocorrência do ato danoso descrito na Lei: os atos de impro- se requer o reexame do ato, dirigido à autoridade superior àquela que
bidade foram definidos em 3 (três) dispositivos na Lei nº 8429/92, proferiu o mesmo, independentemente de previsão legal. Cabe assinalar
de forma exemplificativa, vejamos: c1) os que importam em enri- que há também a modalidade denominada recurso hierárquico impró-
quecimento ilícito (art. 9º); c2) os que causam prejuízo ao erário prio, dirigido à autoridade superior àquela que proferiu o ato, sendo esta
(art. 10º); e c3) os que atentam contra os princípios da Adminis- autoridade de outro órgão, não integrado à mesma hierarquia daquele
tração Pública (art.11) que proferiu o ato recorrido. Exemplo: recurso interposto perante o Tri-
d) Elemento subjetivo: para o devido enquadramento na Lei de bunal de Impostos e Taxas – TIT.
improbidade administrativa, exige-se a ocorrência de culpa ou dolo e) Revisão: é o recurso utilizado pelo interessado para reexame de deci-
por parte do sujeito ativo. O art. 21, I, da Lei 8429/92, dispensa a são que lhe imputou uma punição, caso surjam fatos novos que possam
efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público. A doutrina, inter- demonstrar a sua inocência. A Lei de cada ente federativo disporá sobre

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