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Sobre bruxas e adivinhaes

Muitos comportamentos cotidianos apresentam propriedades que estimulam a imaginao popular para procurar sua possvel explicao nos redutos msticos e mgicos, o que lhes confere, e a quem as propem, poderes e significados especiais. Entre tais comportamentos esto prever algum acontecimento ou adivinhar o que uma determinada pessoa est pensando ou far.

Uma criteriosa anlise dos eventos ambientais que controlam os comportamentos humanos pode elucidar as determinaes de pelo menos parte dessas classes de comportamentos.

Um ciclista comentava intrigado que tinha um sexto sentido, que lhe dizia quando seu pneu iria furar durante um percurso. Segundo seu relato: No sei bem o porqu, mas de repente comeo a pensar que daqui a pouco meu pneu vai furar e no d outra... Parece que adivinho ou que meu pensamento provoca o furo".

Duas amigas se entreolham durante uma festa e uma sabe o que a outra est pensando quando chega uma determinada pessoa.

Sei como voc se sente por perder seu emprego

Outra situao a ser analisada pode se iniciar a partir do seguinte dilogo: - Acabei de me lembrar de uma coisa que aconteceu com a tia Vitria... - No acredito... Eu estava neste exato momento pensando na tia Vitria. Voc leu meu pensamento?

Um cientista maduro, respeitvel e altamente ctico que se analisava comigo me contou h pouco o seguinte incidente: Depois da nossa ltima sesso, o dia estava to bonito que decidi ir para casa contornando o lago. Como voc sabe, a estrada em volta do lago tem muitas curvas fechadas. Estava me aproximando talvez da dcima dessas curvas quando, subitamente, me ocorreu que um carro poderia estar vindo correndo em direo contrria no meu lado da estrada. Sem nenhum outro pensamento, freei vigorosamente meu carro e parei.

No mesmo instante, realmente um carro veio a toda, com suas rodas ultrapassando a linha amarela mais de um metro e oitenta, e que por pouco no bateu em mim, embora eu estivesse parado do meu lado da estrada. Se eu no houvesse freado, a coliso teria sido inevitvel. No sei o que me fez parar; poderia t-lo feito em dzias de outras curvas, mas no o fiz. J passara por aquela estrada muitas vezes e, embora soubesse que era perigosa, nunca havia parado antes. Pergunto-me se no existe realmente transmisso de pensamento e coisas do gnero. No tenho nenhuma outra explicao.(Peck, 78).

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