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A MANGUEIRA

Carlos Heitor Cony

Minha varanda d para lagoa, mas a rea de servio aberta para um espao verde, onde se ergue a imensa pedra do Morro dos Cabritos. Nunca ningum viu cabrito ali, minha cozinheira j viu at disco voador iluminando com sua luz fria a pedra negra e nua. Cabrito, jamais... Os prdios em volta que sucederam as velhas casas senhoriais, respeitaram aquele trecho, ningum teve peito pra botar abaixo aquela velha mangueira. A rvore fica na linha divisria de trs terrenos, era como hoje, de todos e de ningum. Quando o sol tarde muito forte e reflete na lagoa, tornando-a uma fornalha de luz, gosto de ir l nos fundos, ver seu verde calmo e sombreado. Ela compacta. Olhada daqui de cima parece uma flor gigantesca nascida da fenda inesperada da rocha. J me garantiram que no d frutos. Ainda bem ... As mangas que dela nascessem seriam, literalmente, pomos de discrdia .

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