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LEITURA E DISCUSSO BIOGRAFIAS Excerto n.

1 A histria era um registro de crueldade e violncia, uma sucesso contnua de regicdios, de reis que matavam as esposas, irmos e sobrinhos; a geografia apenas mapas; a poesia no era seno exerccio de memria. O estudo da escola me estonteava com conhecimento e fatos pelos quais eu me interessava muito pouco. Se acaso algum me houvesse alertado o interesse, se antes de cada matria lesse algum prefcio estimulante, que me despertasse a inteligncia, me oferecesse fantasias em lugar de fatos, me divertisse e intrigasse com o malabarismo dos nmeros, romantizasse os mapas, desse-me um ponto de vista a respeito da histria, e me ensinasse a msica da poesia, talvez eu tivesse sido um erudito. Charles Chaplin, Minha Vida, 10 edio. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1998, p. 35.

Excerto n.2 A todos aqueles que hoje imputam a constituio de bandos unicamente ao fenmeno dos subrbios, eu digo: vocs tem razo, sim, o desemprego, sim, a concentrao dos excludos, sim, [...] a famlia monoparental, sim, [...] os trficos de todas as espcies, sim, sim... mas deixemos de subestimar a nica coisa em relao qual podemos pessoalmente agir e que data da noite dos tempos pedaggicos: a solido e a vergonha do aluno que no entende, perdido num mundo em que todos entendem. Somente ns podemos tir-los dessa priso, quer sejamos ou no formados para isso. Os professores que me salvaram e que fizeram de mim um professor no eram formados para isso. Eles no se preocuparam com as origens de minha enfermidade escolar. Eles no perderam tempo em buscar as causas nem em me passar sermes. Eles eram adultos confrontados com adolescentes em perigo. Eles se disseram que havia urgncia. Eles mergulharam. Perderam-se. Mergulharam de novo, dia aps dia, mais e mais... Acabaram me tirando de l. E muitos outros, comigo. Eles literalmente nos resgataram. Ns lhes devemos a vida. Daniel Pennac, Dirios de Escola. Rio de Janeiro: Rocco, 2008, p. 33.

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