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CARTESIANA Reverberam silenciosamente os meus cantos, no obstante a vontade de cant-los. Escorrem, mas no anseiam ser decantados.

Devorados pelos tons, pelos sons, pelos desejos. Eu sigo desencantando melodias, aniquilando frases, encurtando rimas. S assim ouo meus ecos: em versos brancos e livres. Mas padeo de enchentes, de contiguidades que no alcano. E se escrevo como quem cata palavras, isso uma travessia. Esgaro a teia do dizer movendo brisas enfurecidas. Encanto em mim uma princesa invisvel desenhada no caderno da memria de uma criana que nunca sempre existiu. Cartesianizo o amor como quem cartesianiza a vida, cantando-me insigne do que no sou, muda voz do que soberbava ser. Desdurmo no tempo incerto e sussurro-me num disco em preto e branco que ressoa a histria, ecoa o canto. Demora correnteza que me sangra. Cadenciando na vida as minhas melodias. Por Ana Caroline Barreto Neves. Direitos reservados.

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