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março 2004 :: ano1 :: nº3 :: www.arteccom.com.

br/webdesign

“os webdesigners devem se acostumar


a criar para todos os dispositivos como
PMPs, relógios e celulares”
Mauro Alencar, Blast Radius, EUA

saiba tudo sobre as novas áreas de atuação


design de branding, arquitetura de informação, design de interface etc.
entrevista com Sérgio Salvador, blah!

a formação acadêmica é essencial?


sete conceituados profissionais debatem sobre o tema

e-mais: 9º Encontro de Web Design


palestras e networking, agora em seis cidades!

estudo de caso Philips

T
cliente e agência falam sobre
novas estratégias e tecnologias

E
utilizadas neste portal
super interativo

ER N U?
INT EC E s o e s

A DU R s n o v a s p r o f is
editora

AMA q u e m ud o ue
co n h e ca a
arteccom

i b ao
S a R$ 6,90
direitos autorais
3
Equipe

Editorial
quem somos

E nós, amadurecemos? Direção Geral


Adriana Melo
Precisamos estudar o passado para compreender o presente adriana@arteccom.com.br

e tentar prever o futuro. Por isso, vamos ler, nesta edição, Direção de Redação
matérias que vão desde a história da internet até entrevistas Bruna Kanhan

sobre as mais recentes áreas de atuação. brunak@arteccom.com.br

Nesse contexto, vamos notar que realmente a internet Direção de Arte


amadureceu. E bem depressa. Devemos, agora, estar atentos Patrícia Maia
patricia@arteccom.com.br
para amadurecermos JUNTO com ela. No debate deste número,
sete profissionais falam sobre a importância da formação Ilustração
Beto Vieira
acadêmica, o quanto devemos estar preparados para atingir um
beto@arteccom.com.br
alto nível de qualidade nos serviços prestados.
Antes, as empresas só queriam estar constando na rede, Diagramação
Bruna Werneck
queriam um www, depois, tudo que queriam era um site “bem
bruna@arteccom.com.br
moderno”, desenvolvido preferencialmente em flash. Hoje, elas
Publicidade
exigem, com flash ou sem flash, retorno sobre o investimento.
Daniele Moura
Para isso, precisamos desenvolver estratégias, tecnologias, daniele@arteccom.com.br
conceituar, experimentar, ousar, criar soluções.
Webdeveloping
Ao mesmo tempo em que se tornou mais motivante Fabio Pinheiro
desenvolver projetos web, agora temos mais responsabilidades. fabio@arteccom.com.br
O sucesso de um produto gerado por um site já pode ser Contabilidade
mensurado. O mercado, hoje, exige NOSSO amadurecimento. Ana Maria Medeiros
Não podemos esquecer que nosso maior objetivo na rede é ana@arteccom.com.br
SIMPLIFICAR a vida das pessoas, facilitar o entendimento de um
serviço, a forma de aquisição ou o funcionamento de um
determinado produto. Nosso amadurecimento vai depender de editora

aprendermos a utilizar as novas tecnologias de maneira Criação e Edição


www.arteccom.com.br
INTELIGENTE e não mais amador ou gratuitamente. arteccom

Aproveitem a leitura. Distribuição


www.chinaglia.com.br
Um grande abraço,

Adriana Melo A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas


nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários.
Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da
editora.

4
menu
apresentação
pág. 4 quem somos
pág. 5 menu

contato
pág. 6 emails
pág. 6 fale conosco

fique por dentro


pág. 7 adote esta página
pág. 10 clipping

portfólio
pág. 13 veterano: Ag2
pág. 18 calouro: Scorpion Design

matéria de capa
pág. 20 entrevista: Mauro Alencar
pág. 26 matéria: história da internet
pág. 30 entrevista: Sérgio Salvador
pág. 34 estudo de caso: Philips Home Cinema
pág. 40 debate: formação acadêmica

e-mais
pág. 48 9 o Encontro de Web Design
pág. 52 tutorial: cores seguras

com a palavra
pág. 54 interface: Marcello Póvoa
pág. 56 webwriting: Marcela Catunda
pág. 60 marketing: René de Paula Jr.
pág. 62 tecnologia: Abel Reis
pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer

5
emails

Assunto: Viva às mulheres Assunto: Conteúdo útil Assunto: Programador triste

Sou de Viamão (RS) mas Adorei! Essa revista será de ;-) Mas vocês é que estão de
consegui achar um exemplar muita utilidade na minha parabéns pelo excelente portfólio!
numa banca de Porto Alegre. faculdade. Aliás, nem comecei Parabéns, galera, pela primeira
A revista é simplesmente o curso de Projetos em edição da revista Webdesign,
SHOW DE BOLA! A minha já Webdesign na UnG muito legal essa matéria
está toda amassada e (Universidade de Guarulhos), fortalecendo o serviço
rabiscada, pois se tornou que terá início só semana que brasileiro. Acho que está
ferramenta de referência, vem, e já estou me sentindo faltando na revista um pouco
análise e trabalho. Parabéns preparada! Uma ótima ferra- de conteúdo sobre
aos profissionais, que devem menta de conteúdo e ótimas programação, seja
ter-se esmerado bastante para novidades complementam tudo actionscript, php, coldfusion ou
chegar a esse “orgasmo de aquilo que eu devo saber para até mesmo javascript (assim
criatividade” e merecem nosso me tornar uma ótima como eu, acredito que há
aplauso... e de pé! profissional! Obrigada! vários outros leitores
Mas uma das melhores coisas Fernanda Prevedello programadores); talvez, quem
fernandaprevedello@hotmail.com sabe, algum pequeno tutorial,
foi ver as fotos dessa enxur-
rada de mulheres lindas que Que bom, Fernanda! Um ótimo curso comunicação entre diversas
formam esse time. No final da para você e, se precisar de qualquer Assunto: Bancas desesperadas plataformas e casos de
revista, cheguei à conclusão de ajuda, estamos aqui. empresas que foram obrigadas
A revista ficou ALUCINANTE!! As
que, para que aquela qualidade a trocar de plataforma, etc..
matérias estão muito legais e o
fosse alcançada, tinha que Leandro Maniezo
projeto gráfico é de primeiro webmaster@maniezo.com.br
haver o dedo feminino em tudo.
mundo! (tipicamente brasileiro,
Retirem as fotos daqueles dois Podemos explicar, Leandro...
heheheh) A inserção do portfólio
marmanjos da equipe, pois o Já existem várias revistas exclusivas
da Pura Comunicação está
jardim florido não os merece! de programação. Os pobres
agregando um valor incrível à
Sugestão: já pensaram em criar designers sofriam sem nenhuma
empresa. Fiquei muito feliz com
um grupo (tipo Yahoo, etc) revista sobre design. Por isso, nosso
o resultado. Mais uma vez,
exclusivo para discutir objetivo é que 70% do conteúdo seja
muito obrigado.
assuntos atuais, para depois sobre design, mas isso não significa
Acho que vocês vão ter um
explicitar e detalhar na revista? que seja exclusivamente para
pequeno problema de
Desejo um enorme sucesso, designers; o ideal é que os progra-
distribuição, porque eu
pois os premiados somos nós! madores entendam bastante de
comprei todas as revistas que
Emir Pinho design para web para o sucesso dos
emir@midia3.net vi pelo Leblon e Ipanema. Não
projetos. Mas, como não queremos
consigo resistir... e cada cliente
Caro Emir, Assunto: Voz da experiência ver ninguém triste, vamos pensar em
meu está ganhando um
Adoramos saber que sua revista está aumentar as páginas do tutorial
exemplar também. Bom... é
toda amassada e rabiscada, era esse Tenho 70 anos, comprei a quando a revista crescer, ok?
isso. Queria agradecer e dar os
o nosso objetivo! Webdesign por sugestão de
parabéns a toda a sua equipe. foto
Quanto aos “marmanjos” da Arteccom: minha neta designer, e gostei!
Sérgio Barbará Filho
ao lado de toda grande mulher, existe Acabamento gráfico esmerado, sergio@puracomunicacao.com.br
um grande homem... ;-) matérias diversificadas e texto
E, em relação ao grupo de discussão, leve tornam a revista atraente Por isso que todo mundo está

gostamos da idéia! Vamos pensar até mesmo para aqueles que, reclamando que não acha mais a

nisso. Por enquanto, temos as embora não militando na área, revista nas bancas... tsk, tsk, tsk...

enquetes online no site da revista se interessam pelo assunto.


(www.arteccom.com.br/webdesign), Parabéns à equipe, e muito
não deixe de participar! É uma forma sucesso!
de inserir a opinião dos leitores na Luis Paulafreitas
luispaulafreitas@uol.com.br
revista
também. Querido vovô Luis,
Achamos seu email muito fofo. Que
fale conosco
bom que gostou da revista! E
arteccom@arteccom.com.br
parabéns pelo seu site...
www.arteccom.com.br/webdesign

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O projeto Adote Esta Página tem o objetivo de contribuir mensalmente com o


Magê-Malien - Crianças que Brilham. Neste mês, a empresa Emake
(www.emake.com.br) participa da campanha, doando R$ 600,00.
A Arteccom acredita na construção de um futuro melhor e
agradece este gesto de solidariedade!
Você também pode ajudar a manter o brilho dessas crianças: ligue para
(21) 2253.0596 ou envie um email para arteccom@arteccom.com.br e
adote esta página!
Para conhecer o projeto Magê-Malien, visite o site www.arteccom.com.br/magemalien.

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4REINAMENTOSEM
&OTOGRAlA$IGITAL 0ROMO¥ÎO
!DQUIRAO0REMIERE0RO
) &UNDAMENTOS
)) 4RATAMENTOE!JUSTES EGANHEPLACADECAPTURA
))) 4ÏCNICASE3OLU¥ÜES DIGITAL2 
4RAGAESTEANÞNCIOERECEBA2 DEDESCONTO 0ROMO¥ÎOVÉLIDAENQUANTODURAREMOSESTOQUESUNID

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3OFTWAREE4REINAMENTO!DOBE
W W W W O C  C O M  B R
8
  
(11) 6604-3211

9
clipping

Pais poderão controlar a Brasil é o oitavo em número de hosts


velocidade de seus filhos na web
O Brasil foi o oitavo país com maior número de registros na web de janeiro
ao volante de 2003 a janeiro de 2004, registrando mais de 3,1 milhões de hosts
Em Israel, como na maioria dos países de Ocidente,
(servidores conectados permanentemente à internet) com a terminação .br.
muitos acidentes de trânsito são protagonizados por
O resultado da pesquisa “Internet Domain Survay”, revela que o Brasil subiu
jovens motoristas.
uma posição no ranking de hosts em relação a 2002, ou 41,3%, quando
Os pais que quiserem controlar a que velocidade seus
somava mais de 2,2 bilhões.
filhos dirigem, poderão saber, num instante, por meio
O estudo anual realizado pelo Internet Software Consortium (ISC) com a
do novo dispositivo, que comunica o sistema de
estrutura da empresa Network Wizards, mostra que de janeiro de 1994 até
alarme anti-roubo no carro com o velocímetro no
janeiro deste ano, a grande rede já soma quase 250 milhões de hosts no
painel de comandos.
mundo todo.
Os interessados decidirão a que
O Brasil é o primeiro no ranking da América do Sul e o terceiro nas Américas,
velocidade desejam receber o
atrás dos Estados Unidos e do Canadá.
alarme e o dispositivo “espião” lhes
chamará automaticamente ao celular
(02)
para informar quando o motorista
a exceder.
O serviço, segundo o jornal,
custará nove “shekels” (por
Sites que protegem o
volta de dois dólares) (02)

ao mês.
PC dos vírus
É importante que os usuários que
(01)
possuem um antivírus instalado
ativem as rotinas de
atualização automática do

Errata programa, para que a lista


de vírus seja atualizada
Na nossa 2ª edição, ficou faltando o crédito para o
diariamente. Recomenda-se
Webmaster Ademir Pascale Cardoso, na matéria “Fique
usar os sites dos fabricantes
de olho para brilhar no topo”, pág. 31. Ademir nos
como primeira opção, mas
cedeu uma entrevista cujo conteúdo foi fundamental
existem outros sites que oferecem esse
para o desenvolvimento do texto. Pedimos desculpas
tipo de serviço:
e, mais uma vez, agradecemos pela grande ajuda. O
No site da Panda Software, você pode usar o endereço www.pandasoftware.com/(03)
contato com o Webmaster pode ser feito através do
download/utilities para remover vírus conhecidos do seu computador.
email webmaster@cranik.com.
No site da Trend Micro, a ferramenta de verificação pode ser encontrada no link
housecall.trendmicro.com.
No site da Symantec, as ferramentas para remoção de vírus estão disponíveis no
endereço www.symantec.com.br/region/br/avcenter/toolslist.html.
Você pode conseguir um programa antivírus gratuito no site www.avgbrasil.com.br.
A empresa oferece o AVG Anti-Virus Free Edition e suas atualizações sem custo algum.

(03)

Provedor britânico lança e-mail com cheiro


O provedor de internet britânico Telewest Broadband está testando um novo sistema que possibilita que as pessoas enviem e-mails perfumados.
A empresa desenvolveu um aparelho que é conectado no computador e lança um spray quando a mensagem eletrônica é recebida pelo internauta.
Segundo o provedor, a tecnologia poderia ser usada, por exemplo, por supermercados, para provocar os consumidores com o cheiro de pães
recém-assados, ou por agências de viagem, para estimular a imaginação de seus clientes com a brisa de uma praia paradisíaca.
“Isso pode trazer um pouco mais de realismo à internet”, disse Chad Raube, diretor da Telewest Broadband.
(04)

10
clipping
Homens enfrentam robôs em futebol
Sistema on-line vai motorizado
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Carnegie Mellon, na
integrar Procons e Pensilvânia (EUA), está organizando uma partida de
reforçar defesa do futebol um tanto quanto esquisita: alguns dos

direito do consumidor jogadores são robôs e, para completar, robôs e


humanos vão jogar montados em cima de um
Os Procons vão contar com o apoio do Ministério
Segway — um patinete elétrico. A idéia dos
da Justiça para reforçar o atendimento ao
pesquisadores é de que a partida seja útil para
consumidor. Eles passarão a trabalhar com o
entender como os dois podem trabalhar
Sistema Integrado de Informação de Defesa do
juntos.
Consumidor (Sindec), que fornecerá dados
Alguns robôs básicos já foram construídos e
sobre reclamações contra empresas, bem como
poderão se movimentar na mesma
referências de julgamento de processos. Até o
velocidade dos jogadores humanos. Para poder
fim do primeiro semestre, dez estados deverão
localizar a bola, os robôs foram equipados com
estar ligados pelo sistema. Espera-se que até o
câmeras capazes de identificar objetos coloridos e brilhantes.
final de 2006, todas as unidades da federação
estejam em rede.
(06)
Outra vantagem apontada é
sobre o controle do
número de recla-
Empresa japonesa lança mídia
mações. De acor-
do com Goldberg,
holográfica
A Nippon Telegraph and Telephone Corporation (NTT) desenvolveu uma mídia
se forem verificadas
holográfica, chamada Info-MICA (Information Multilayered Imprinted Card -
muitas queixas, a DPDC
Cartão com informação impressa em múltiplas
poderá atuar de forma mais
camadas).
eficaz contra as empresas.
Trata-se de um drive composto de uma centena
de finas camadas de plástico empilhadas, cada
qual com uma imagem

(05) bidimensional contendo


dados. Durante a leitura, um
laser incide em cada uma das
camadas, lê a imagem e extrai
Simbolo de e-mail é as informações.
incluído no código Morse O novo formato poderá substituir
O código Morse tem agora um novo caractere: a memória ROM em dispositivos
o @ (arroba). O sinal, chamado de “commat”, será como videogames. Ele serve
representado pela seqüência Morse da letra A também para a distribuição de
(ponto-traço) e C (traço-ponto-traço-ponto). Essa filmes, músicas e publicações
é aprimeira adição de um novo símbolo ao Morse, digitais, em cartões pré-gravados.
desde a Segunda Guerra Mundial. Agora, espera- A mídia é reciclável e tem baixo custo
se a inclusão também do ponto de exclamação de produção. Seu preço estimado é de
(!) para expressar surpresa e animar as conversas. R$ 5,50 por cartão de 1 Gigabyte.

(07) (08)

(01) http://ultimosegundo.ig.com.br/useg/economia/mundovirtual/artigo/0,,1518495,00.html
(02) http://idgnow.terra.com.br/idgnow/internet/2004/02/0048
(03) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u15199.shtml
(04) http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u28986.shtml
(05) http://ultimosegundo.ig.com.br/useg/economia/mundovirtual/artigo/0,,1520715,00.html
(06) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u15220.shtml
(07) http://www.estadao.com.br/tecnologia/internet/2004/fev/20/37.htm
(08) http://www.estadao.com.br/tecnologia/internet/2004/fev/19/31.htm

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portfólio :: veterano
Um engenheiro com es- “O webdesign, associa-
pecialização em marketing do à arquitetura de infor-
viu no advento da internet a mação e usabilidade res-
oportunidade para construir pondem por essa proposta
uma das maiores agências de estética. A excelência dos

AG2
tecnologia e comunicação do nossos projetos de interface
Rio Grande do Sul. é razão direta da grande
Cesar Paz é diretor da aceitação dos trabalhos
AG2, agência de inteligência mais complexos”, explica.
digital. Hoje, aos 39 anos, Ousadia e cash-flow po-
comanda uma empresa com
estrutura multifuncional,
engenho
engenho,, dem ter determinado o su-
cesso da agência que, no iní-
com 60 colaboradores dis-
tribuídos pelas unidades de
dedicação cio, também produzia proje-
tos experimentais. Em seu

e suor
São Paulo, São José dos portfólio atual a empresa os-
Campos, Pelotas e na ma- tenta exclusivamente traba-
triz, em Porto Alegre. Nes- lhos para o mercado corpo-
tes escritórios transpiram, na busca pelo rativo. Embraer, Grupo

equilíbrio
diariamente, analistas de Martins, Marcopolo, Santista
negócios, gerentes de con- Têxtil, Pfizer, Laboratórios
tas, engenheiros de siste- Abbott, Lojas Renner, Mo-
mas, programadores, dire- torola, Vivo, Banco Pine e
tores de criação, web- Bradesco Consórcios são al-
designers, arquitetos de in- guns de seus clientes.
formação e jornalistas. A AG2 foi considerada
O “algo mais” da com- em 2003, pela academia do
panhia está na estética do Ibest, uma das três melho-
mundo digital, que Cesar res agências digitais do
entende como a principal país. “Queremos, para os
competência da AG2. próximos anos, consolidar

13
“independente das vocações,
estudem muito
muito..
Não existem atalhos,
o caminho passa por isso”

14
portfólio :: veterano
www.cardioclick.com.br

www.consorciobradesco.com.br

www.volare.com.br

“busquem trabalhar
somente em lugar es que
lugares
possibilitem o apr endizado
aprendizado
e novos desafios”

essa posição destacada e ser, de fato, uma marca nacional Depois de muito suar vestindo a camisa da empre-
desejada pelas empresas-líderes”, almeja Cesar. sa, a equipe foi premiada, recentemente, com o Gold
A personalidade empreendedora do diretor está sem- Medal no Art Directors de NY, foi finalista em Cannes,
pre focada nos negócios. Os primeiros trabalhos foram Grand-Prix no Íbero-Americano e ganhou o Ibest 2003
conquistados através de muito investimento em pros- em quatro categorias.
pecção, “algum dinheiro e poucas horas de sono”. No iní- O reconhecimento pelo trabalho bem-feito é o incen-
cio, escolhiam clientes que pudessem se constituir em ca- tivo para buscar o equilíbrio entre a arte e a funcionalida-
ses que validassem suas principais competências e não de. “Isso exige muito conceito, base tecnológica e entendi-
admitiam perder negócios. mentos de usabilidade”, diz Cesar.

15
portfólio :: veterano

Quanto à inspiração, to para o Grupo Martins


ele não tem “a menor idéia (www.martins.com.br), que
de onde vem”. Com certeza foi eleito pelo Ibest como o
ela deve estar no sangue, principal projeto B2B do
injetada nas veias, como país. O desafio era levar aos
acontece com os melhores 180.000 clientes do maior
profissionais desde os tem- atacadista da América Lati-
pos mais remotos. na os seus 18.000 produtos.
Para todos aqueles que Mas a AG2 também
estão começando agora, vai “corre por dentro” e há dois
a dica de um veterano: anos opera a intranet da
“Independente das vo- Embraer, linkando os 12.000
cações, estudem muito. Não funcionários do quarto mai-
existem atalhos, o caminho or fabricante de aeronaves
passa por isso. Busquem comerciais do mundo, espa-
trabalhar somente em luga- lhados pelas diversas unida-
res que possibilitem o apren- des da empresa.
dizado e novos desafios”. Até a maior fabricante
Além disso, é importante de ônibus do país, a com-
lembrar que o cliente preci- panhia Marcopolo, preci-
sa ser sempre bem entendi- sou dos conhecimentos da
do para ser bem atendido. AG2 para aprimorar seu
Essa é a máxima de Cesar leva-leva. O Portal Cor-
em relação a seus próprios porativo da Marcopolo
clientes: “primeiro entendê- ( www.mar c o p o l o. c o m . b r )
lo, depois atendê-lo. Neces- tem todo o seu conteúdo di-
sariamente nessa ordem”. nâmico constantemente
Foi assim que, há atualizado. Ele definiu uma
aproximadamente um ano, nova identidade para a em-
ele desenvolveu um proje- presa no meio digital.

16
portfólio :: veterano
“é importante
lembrar que o cliente
pr ecisa ser sempr
precisa sempree
bem entendido para
www.ag2.com.br
ser bem atendido”

www.lojasrenner.com.br

www.embraer.com.br

www.iguatemi.com.br

17
portfólio :: calouro

Dupla de escorpiões
União de dois designers freelancers
do mesmo signo gera a Scorpion Design

“como todo negócio,


no começo, você tem
O celular fica ligado o dia inteiro. À noite tam-
bém. É assim que a dupla Cláudio Porto & Fillipe mais despesas do
Guimarães, da Scorpion Design, garante atendi-
mento imediato aos 12 clientes que já conquista- que lucro”
ram trabalhando como freelancers. Cláudio tem 31
anos, e Fillipe, 22.
Eles estão no mercado há aproximadamente dois
anos, ganhando contas novas a cada dois meses, em
média. O resultado desses trabalhos fica tão bacana
que os projetos mais recentes são provenientes de
indicações dos antigos clientes.
O maior problema para eles é a falta de regulari-
dade dos pedidos. Já a maior vantagem é o controle
sobre o tempo: “Podemos administrar muito bem
nossa vida particular com o trabalho”, garantem.
Para os que querem se aventurar no ramo e não
se perder no início do caminho, Cláudio e Fillipe dão
um recado precioso: “Como todo negócio, no começo
você tem mais despesas do que lucro, essa é a verda-
de. A nossa dica é: planejar, aplicar e administrar”, site institucional www.scorpiondesign.com.br

concluem. Os portfólios são selecionados pelo site www.arteccom.com.br/webdesign

18
19
entrevista :: Mauro Alencar

A INTERNET DEU FRUTOS


Depois de passar pela DM9DDB, AgênciaClick e OneStop, Mauro Alencar foi
escolhido pela Idea Management da Alemanha como um dos Top 5 criativos
de multimídia do mundo. Atualmente, Mauro está nos Estados Unidos,
trabalhando na Blast Radius como diretor de criação.
Mesmo muito ocupado, Mauro arrumou um espaço em sua agenda para falar
à Webdesign sobre o amadurecimento da internet.

Wd :: Como você vê a evolução do design dos sites? Wd :: Qual foi o resultado da evolução tecnológica
Mauro :: É difícil avaliar de forma genérica já que na produção de sites?
existem muitos tipos diferentes de sites, com dife- Mauro :: É bom deixar claro que as tecnologias
rentes objetivos e diferentes públicos-alvo. De for- são ferramentas e não objetivos finais. Elas fazem
ma geral, o crescimento do número de usuários de sentido, desde que seja para possibilitar a execu-
banda-larga e o aperfeiçoamento de tecnologias ção de uma idéia, não ao contrário. Dentro do con-
como Flash e JavaScript, sem dúvida, impactou texto certo, o uso de vídeo, som, animação ou
bastante o resultado final do design de sites, já interação com elementos na tela torna a experiên-
que, agora, é possível enriquecer o visual com ani- cia muito mais rica. Acho também que, em muitos
mação, som e vídeo sem comprometer demais a ex- casos, estamos cada dia mais próximos de um mo-
periência. Se os sites de hoje são mais bonitos do delo de produção onde o cliente está mais dispos-
que os que víamos há três ou quatro anos? Não ne- to a gastar um pouco mais para ter uma bela pro-
cessariamente. Algumas das coisas mais elegantes dução de vídeo e de som para fazer com que sua
e sofisticadas que já vi na web são pré-2000. Ao presença na internet seja diferenciada, desde que
mesmo tempo, recebo diariamente, por email, links a idéia por trás de tudo seja boa e eficiente.
de novos sites, microsites e campanhas que são Wd :: O que muda na interface dos sites para que
simplesmente lindos. Gosto também é um fator que possam ser acessados rapidamente por palmtops
torna essa questão subjetiva. e celulares?

20
20
entrevista :: Mauro Alencar
Mauro :: Muda tudo. As diferenças, quando se depois de ter perdido fortunas investindo em sites
está desenhando interfaces para a tela do compu- de cartões postais ou entrega de pizza. Acho que
tador e para telas de celulares e PDAs, são gritan- hoje já está um pouco melhor, mas ainda precisa
tes. Desde a utilização das fontes apropriadas para melhorar muito. Empreendedorismo é a única coi-
telas pequenas ao uso estratégico de ícones e co- sa que faz o mercado evoluir de verdade. A gente
res, criar experiências homogêneas entre os dife- precisa voltar a acreditar que vale à pena correr
rentes dispositivos é uma tarefa que exige planeja- riscos e inovar.
mento, pesquisa e experimentação. Outro fator im- Wd :: Como você vê a internet daqui a dez anos?
portante é que telas menores Mauro :: Não muito diferen-
pedem uma melhor organiza-
o cliente está mais te do que temos hoje en-
ção de conteúdo e priorização disposto a gastar um quanto conceito, só que com-
de informação, levando a uma pletamente wireless, muito
navegação com maior pro-
pouco mais para ter mais rápida e customizável,
fundidade do que as que uma bela producao, de acordo com as necessida-
estamos acostumados a usar des individuais do usuário.
na web.
desde que a idéia Dispositivos híbridos, como
Wd :: Em que aspectos a internet por trás de tudo smartphones e PDAs com te-
ainda pode amadurecer? lefone e câmera embutidos,
Mauro :: Acho que depois do
seja boa e eficiente terão cada dia maior penetra-
“estouro da bolha”, muita gente ficou com medo de ção e, somados às redes de comunicação cada dia
acreditar em novas idéias e se retraiu em excesso. mais rápidas, farão com que acessar a internet
Cansei de ver idéias geniais serem guardadas na num PC seja coisa de “coroa”. Em dez anos já tere-
gaveta porque algumas pessoas ficaram tremendo mos completado o ciclo necessário para que uma
de medo de colocar dinheiro em qualquer coisa geração inteira que nasceu no meio da revolução
digital tenha poder de compra e de tornar
tecnologias que estão sendo introduzidas
como novidade hoje naturais para o
dia-a-dia. Essas pessoas não
precisam aprender a usar
nenhum dos dispositivos
de interação com a
internet, já que, para
elas, mandar um email
ou fazer uma compra

21
entrevista :: Mauro Alencar

Mauro :: Natural. Toda in-


dústria em crescimento
gera esse tipo de rea-
ção. Na verdade, a
única diferença é que,
como a internet tem uma
natureza mais orgânica do
que a maioria das outras
indústrias e é como uma
tela em branco, em que
qualquer um pode che-
gar e dar uma pincelada,
uma diversidade maior de
funções e áreas de traba-
lho se revela a cada dia.
Mas também acredito que
muitas das funções que ve-
mos hoje são temporárias e re-
sultam do fato de ainda se estar
descobrindo tudo o que se pode fa-
zer com a internet.
Wd :: Você pode explicar como funcio-
nam algumas das novas funções que surgi-
ram com o amadurecimento da internet, como
designers que projetam sites especialmente para
telas de celular e arquitetos de informação?
online são
Mauro :: Na minha opinão, arquitetos de informação
gestos tão naturais
e designers devem ser para a internet o que o diretor
quanto ligar a lâmpada da sala.
de arte e o redator são para a propaganda. O traba-
Wd :: Ao longo de todos esses anos, a internet
lho de um completa o do outro e, por isso, eles de-
ganhou tanta importância que, hoje, existem profis-
vem trabalhar como uma só entidade e tomar juntos
sionais formados exclusivamente para atendê-la.
as decisões importantes que terão impacto no resul-
Com isso, a internet gerou empregos diretos e indi-
tado final da interface. É difícil defi-
retos, cursos específicos em universidades e novas
nir, quando se está desenhando
áreas de trabalho. Como você vê o crescimento da
“indústria web”?
Resultado da enquete:
O que você considera mais
importante na internet do
“É bom deixar claro que essas futuro?
40% internet pública (em vários
tecnologias sao ferramentas e nao pontos da cidade)
objetivos finais. Elas fazem sentido, 25% acesso mais rápido
22% internet gratuita
desde que seja para possibilitar a execucao 9% internet na TV
3% comodidade (fazer
de uma idéia, nao ao contrário” compras pelo celular)
Acesse www.arteccom.com.br/webdesign e participe!
22
“os internautas estao à frente da internet, moldando-a e definindo o que ela vai ser”

entrevista :: Mauro Alencar


um novo menu de navegação, por exemplo, onde ter-
mina a arquitetura de informação e onde começa o
design. Acredito que funções como designers espe-
cializados em telas pequenas ou em interfaces web
acessadas através da TV – o que aliás está no auge aqui
na América do Norte – são transitórias. É apenas uma
questão de tempo para que os designers de web tradi-
cional se acostumem a criar para todos os dispositivos.
Wd :: Que tipo de trabalho, relacionado com a
internet, ainda pode surgir com o amadurecimento
da rede?
MA :: É difícil prever. Não posso afirmar, com con-
vicção, exatamente quais cargos surgirão, mas te-
nho certeza de que estarão relacionados direta-
mente com acesso à internet em diferentes dispo-
sitivos, como PMPs (Portable Media Players), reló-
gios, PDAs e dispositivos portáteis de jogo, entre
outros.
Wd :: Hoje em dia, temos jogos online, compras
online, podemos conseguir qualquer tipo de músi-
ca, vídeo ou livros online, pagar contas online e,
principalmente, nos comunicarmos instantanea-
mente online. Os internautas estão andando lado a
lado com a internet e aproveitando todos os bene-
fícios que ela gera?
Mauro :: Mais do que isso. Os internautas estão à
frente da internet, moldando-a e definindo o que
ela vai ser. A internet é orgânica e novas facetas
dela se revelam a cada dia através de usos inusita-
CRM X dos da tecnologia criados por pessoas ao redor do
Originalmente representa a abreviação de mundo. Foram os peer-to-peers e blogs da vida,
Customer Relationship Management.
criados muitas vezes por garotos de 15 anos, tran-
que podemos traduzir como Gestão do
Relacionamento com o Cliente.
cados nos seus quartos, que geraram diversas no-
Conceito que surgiu com a necessidade de vas possibilidades de negócios para grandes em-
fidelização do cliente devido à competiti-
presas e não o contrário. Não é à toa que tantas
vidade entre as empresas e o alto grau de
exigência do consumidor.
empresas estão investindo pesado em CRM e gas-
tando fortunas para ficarem em dia com as novas
tendências e entregar aos usuários de internet exa-
tamente o que eles querem.
Wd :: Algumas coisas mudaram aspectos da nossa
convivência. Um exemplo: com o surgimento do site
ingresso.com, as pessoas vão ver o filme no cine-
ma, mas não enfrentam mais as filas. De acordo

23
entrevista :: Mauro Alencar

com diversas pesquisas, hoje em dia, “Empreendedorismo é


as pessoas passam horas em frente
ao computador e, muitas vezes, de- a única coisa que
pendem dele para tudo. Você vê este
comportamento se tornando mais faz o mercado
freqüente no futuro?
Mauro :: Não. É verdade que depen- evoluir de verdade.
demos muito mais da internet para
fazer as coisas hoje em dia, mas isso não é ruim nem é novida- A gente precisa
de. Na primeira metade do século XX as pessoas também passa-
ram a sair de casa mais perto da hora da sessão de teatro come- voltar a acreditar
çar porque surgiram os automóveis. Pouco tempo depois, pas-
saram a, muitas vezes, nem ir ao teatro porque podiam se diver- que vale à pena correr
tir assistindo televisão. Não tem nada de errado em usar a
tecnologia disponível para tornar a vida mais prática. O fato é riscos e inovar”
que a tecnologia dá às pessoas cada vez mais liberdade para
fazer as coisas de acordo com o que acham mais conveniente. E
elas fazem uso dessa liberdade como acham me-
lhor. Além disso, a internet está ficando
cada dia menos em cima da mesa e
mais no bolso das pessoas, o que
significa que você não precisa estar
em casa para estar conectado.
Wd :: O amadurecimento da web
esbarra em um problema que a
internet enfrenta hoje: ainda não
ter-se tornado uma mídia de gran-
de massa. O que pode ser feito para
que um número maior de pessoas te-
nha acesso à internet?

24
entrevista :: Mauro Alencar
“daqui a dez anos, mandar Mauro :: Internet não é prioridade. Assim como TV
não é prioridade. Quando uma parcela maior da po-
emails ou fazer compras pulação tiver uma renda que seja suficiente para
colocar comida na mesa e suprir todas as necessi-
online serao gestos tao dades básicas com relativo conforto, aí sim vere-
mos mais gente usando a internet. De resto, é uma
naturais quanto ligar a questão de tempo. Por mais que o número de usu-
ários ainda não seja igual ao de pessoas que assis-
lâmpada da sala” tem TV, não dá mais para imaginar o mundo em
que vivemos sem a internet. Tudo está conectado e
todos, de uma forma ou de outra, usam a internet,
mesmo que não tenham um computador em casa,
seja no caixa eletrônico do banco ou na tela do ce-
lular. Não podemos querer que uma indústria tão
recente tenha a mesma penetração de outras
mídias que estão aí faz décadas e cujos dispositivos
de acesso já atingiram preços de mercado que pos-
sibilitam consumo em massa. Enquanto isso, os fa-
tores que vão continuar a definir quem consegue
uma vaga no mercado e quem não consegue são
somente dois: talento e trabalho duro.

25
matéria :: história da internet

A história da
internet
do tempo das cavernas aos dias de hoje

Ano de 69, uma data sugestiva para o início do projeto, liderado pelos pesquisadores da área de com-
que hoje é o império dos pedofilosofilistas. É claro putação J.C.R. Licklider e Robert Taylor.
que, na década de 60, os Estados Unidos, em plena Para testar se a teoria funcionaria na prática, três
Guerra Fria, não imaginavam que a estratégia militar pontos foram interligados: a Universidade da
que deu origem à internet se tornaria a via mais fácil Califórnia (Ucla), o Instituto de Pesquisas de Stanford
para a proliferação de imagens e vídeos nada e a Universidade de Utah. De acordo com reportagem
educativos. do jornal O Estado de S. Paulo, “o nó da Ucla foi im-
A maior rede de comunicação do planeta foi criada plantado em setembro de 1969 e os cientistas fize-
para atender a demandas do Departamento de Defesa ram a demonstração oficial no dia 21 de novembro.
dos Estados Unidos, o Dod. A idéia era criar uma rede Por volta do meio-dia, um grupo de pesquisadores se
que não pudesse ser destruída por bombardeios e fosse reuniu no Departamento de Ciência da Computação
capaz de ligar pontos estratégicos, como centros de da universidade, e acompanhou o contato feito por
pesquisa e tecnologia. A Arpa, Advanced Research um computador com outro situado a 450 quilômetros
Projects Agency, àquela altura, morrendo de medo de de distância, no laboratório Doug Engelbart, no Ins-
um ataque nuclear, aceitou prontamente financiar o tituto de Pesquisas de Stanford. O cientista Leonardo

26
matéria :: história da internet
Kleinrock, vencedor do Prêmio Ericsson – o equiva-
lente ao Nobel das Telecomunicações –, não se es-
queceu da mensagem inaugural. A pergunta, digitada
em um máquina de escrever elétrica, era: “Você está
recebendo isto?”. A resposta chegou minutos depois
de percorrer a distância que separa os dois centros
de pesquisa: “Sim”. A experiência fora bem-sucedida.
As conexões cresceram em progressão geométrica.
Em 1971, havia duas dúzias de junções de redes lo-
cais. Três anos depois, já chegavam a 62 e, em 1981,
quando ocorreu o batismo da internet, eram 200.”
Durante muitos anos e passada a ameaça dos Para servir como juiz dessas questões, formou-se
bombardeios, o resultado fenomenal dessa experiên- em janeiro de 1992 a Internet Society (Isoc). A organi-
cia ficou restrito a instituições de ensino e pesquisa. zação passou a supervisionar a criação, a distribuição e
Nos anos 80, porém, à medida que o preço dos a atualização de padrões referentes à internet.
computadores barateava, a demanda de futuros A internet de cara nova
internautas obrigou pesquisadores e cientistas a Que internet combina com jovens ninguém dis-
disponibilizar a invenção a quem estivesse disposto a cute. Sempre foi assim... Em 1992, três anos após o
experimentá-la. início do desenvolvimento do conceito de World Wide
No início dos anos 90, a internet já batia a marca de Web (www) pelos cientistas do laboratório suíço
um milhão de usuários. A Cern, o Centro Nacional
Laboratório suíço Cern X
utilização comercial da para Aplicações em
A World Wide Web nasceu no Cern, uma das mais importantes
web começou nesta Supercomputadores
organizações de pesquisa científica em todo o mundo, com sede em
época e, com ela, cres- Genebra, na Suíça. As pesquisas do Cern em torno da rede mundial (NCSA), sediado em Chi-
ceu uma geração inteira começaram no início da década de 70, quando a transmissão de cago (EUA), pediu a seus
dados ainda era feita de forma absolutamente rudimentar. O
de internautas e futuros programadores que ima-
aprimoramento do sistema era uma das prioridades do laboratório e
designers. começou a tomar impulso no início dos anos 80, quando o Cern criou ginassem uma inter-face
Milhares e milhares seu primeiro sistema de correio eletrônico. simpática para a comuni-
Em 1990, o Cern já possuía o maior site europeu na internet e
de empresas começa- cação via internet.
desenvolvia o conceito de World Wide Web que seria consagrado
ram a contratar agênci- com o advento do Mosaic. Até então a troca de
as especializadas para informações na rede era
criarem as suas páginas com um único objetivo: ficar normalmente feita por e-mail ou por protocolos de
dentro da rede. transferência de arquivos (File Transfer Protocol - o
Como essas empresas queriam aproveitar as carac- FTP). Para se acessar a rede por meio de FTP, eram
terísticas vendáveis da internet em plena globalização, necessárioas dar linhas de comandos. O processo não
surgiram duas questões a serem discutidas: a primeira, contava com recursos interativos ou uma apresenta-
quem vai arcar com os custos? A segunda, de caráter ção gráfica.
mais subjetivo: a comercialização distancia a ‘net’ de O surgimento do Gopher, um sistema de trans-
seus objetivos essenciais? missão por menus, melhorou um pouco a navegação,
mas ainda estava longe de ser o ideal.

A idéia era criar uma rede que não pudesse ser


destruída por bombardeios e fosse capaz de li-
gar pontos estratégicos. 27
matéria :: história da internet

A criação do Mosaic, em 1993, permitiu a apre- A Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de


sentação de textos, imagens e gráficos de forma São Paulo (Fapesp), ligada à Secretaria Estadual de
atraente, através de um programa de visualização. Ciência e Tecnologia deu o pontapé inicial para que
Marc Andreessen, responsável por sua criação, era os brasileiros passassem a participar da rede em
então um jovem de apenas 21 anos, líder de um grupo 1988. Os bolsistas da Fapesp, que voltavam de seus
de estudantes da Universidade de Urbana-Champaign. cursos de doutorado nos Estados Unidos, apontaram
Em conseqüência desse avanço, a rede mundial a necessidade de se utilizar a infovia, principalmente,
viveu uma verdadeira explosão. Ao fim do primeiro por causa do intercâmbio mantido no exterior com
ano de existência do Mosaic o número de usuários da outras instituições científicas. O serviço foi inaugura-
www havia-se tornado seis vezes maior. E o mais im- do oficialmente em abril de 1989.
pressionante: no segundo semestre de 93, o número Em 1991, uma linha internacional foi conectada à
de hosts comerciais (pontos ligados à internet com Fapesp para que fosse liberado o acesso à internet para
ofertas de serviços) havia ultrapassado pela primeira instituições educacionais, fundações de pesquisa, enti-
vez o de acadêmicos. Era a demonstração de que a dades sem fins lucrativos e órgãos governamentais.
internet deixava definitivamente os círculos científi- Mas foi em 1992, durante a Eco-92, que o Instituto Bra-
cos para ganhar o mundo. sileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), com
Um ano após o lançamento do projeto, já forma- sede no Rio de Janeiro, através de um convênio com a
do em computação, Andreessen participou da funda- Associação para o Progresso das Comunicações (APC),
ção da Netscape Communications Corporation, tor- deu espaço às Organizações Não-Governamentais
nando-se Vice-presidente de Tecnologia da empre- (ONGs) brasileiras na rede mundial.
sa, sediada na Califórnia e, ao final de 1994, foi Enfim, em maio de 1995, uma portaria conjunta
eleito “O Homem do Ano” pela revista MicroTimes. do Ministério das Comunicações e do Ministério da Ci-
A internet chega ao Brasil ência e Tecnologia, criou a figura do provedor de
A internet chegou ao Brasil movimentando a vida acesso privado, liberando a operação comercial da
de estudantes, professores e autoridades. internet no Brasil.

Até 1992, a troca de informacões na rede era normalmente


feita por email ou por protocolos de transferência de arquivos.

28
matéria :: história da internet
Década de 70
- O pesquisador norte-americano Ray
Tomlinson envia o primeiro email,

utilizando o programa SNDMSG. 1971


- A palavra internet é utilizada pela primeira vez, pelo

cientista da MCI Vinton Cerf, ao descrever o protocolo TCP

80
(Transmission Control Protocol). 1974

- A TheoryNet liga 100 pesquisadores via email. É a primeira Década de


lista de discussões na rede. 1977 - Evoluindo de um sistema
fechado de computadores criado em 1970, a entidade que se

tornaria o grande provedor de acesso e serviços,


Compuserve, é comprada pela H&R Block. 1980
- É registrado o primeiro domínio .com, da empresa de

informática Symbolics.com; Fundação da America On Line

90
(AOL). 1985

Década de - O primeiro grande vírus a se alastrar pela internet - o vírus

- Tim Berners-Lee e Robert dos modens a 2400 bps - ameaça os hard disks. 1988

Cailliau concebem a World Wide

Web. O sistema de hipertextos,


com links acessados a partir de palavras sublinhadas,

permite a combinação de textos, imagens, sons e outros


recursos de linguagem. 1990

- Criado o Mosaic, o primeiro visualizador gráfico da internet. O


tráfego aumenta 341.634 por cento em um ano. 1993
- David Filo e Jerry Yang criam o site Yahoo!, que rastreia e
Década de 2000
- O MP3 e o Napster, programas
agrupa assuntos de interesse do usuário. 1994
para ouvir, baixar e compartilhar música pela rede
- Lançado o Netscape Navigator, que rapidamente conquista
propagam-se e despertam uma nova polêmica em torno dos
70% do mercado de browsers. 1995
direitos autorais. O grupo de rock Metallica leva a questão
- O Congresso americano aprova a Telecommunications Bill,
ao Congresso americano, por sentir-se lesado. 2000
que prevê punições a quem divulgar pornografia pela
internet. Começa a ser utilizada a Web TV. 1996
- O computador Deep Blue, criado pela IBM, vence uma Acesse www.arteccom.com.br/webdesign e participe!

partida de xadrez contra o mestre Garry Kasparov. 1997 Resultado da enquete:


Em qual aspecto a internet mais
- Janet Reno, Chefe de Departamento de Justiça dos EUA,
amadureceu desde que foi difundida,
processa a Microsoft com base na lei antitruste, sob a no início da década de 90?
alegação de que a empresa prejudicava a concorrência ao 36% tecnologia
embutir o browser Internet Explorer no Windows. Em 2000, 33% design
23% usabilidade
Gates seria condenado a dividir a empresa em três. 1998
8% conteúdo

Fontes: Agência Estado, Internet Society (Isoc), SAPL, Webstation

29
Conheça as
entrevista :: Sérgio Salvador

novas áreas de
atuação na web
Sérgio Salvador atuou como diretor de
arte e de criação publicitária, antes de
ingressar na área de tecnologia para
internet. Trabalhou como htmler,
webdesigner, gerente de projetos web e,
finalmente, arquiteto da informação. Hoje em
dia, trabalha na blah! (www.blah.com), empresa que
desenvolve produtos e serviços para dispositivos
móveis, contando com uma comunidade com mais de
3,5 milhões de usuários em todo o mundo.
Nesta entrevista para a Webdesign, Sérgio explica
tudo sobre as novas áreas de atuação na web.

Wd :: Você acha que, desde que foi difundida, na déca- sua atualidade, “freshness”: se seu conteúdo não é
da de 90, a internet amadureceu? Em que sentido? mais relevante, ele passa a valer menos que uma es-
Salvador :: Com certeza. Toda nova tecnologia tem sua ponja e um limpa-vidros.
fase de “deslumbramento”. Eu mesmo posso me incluir Pois bem, a bolha explodiu, a poeira assentou, e ficou
no time dos deslumbrados. O primeiro site que dese- claro para todos que sem conteúdos e/ou serviços ade-
nhei exibia uns 5 a 10 objetos se mexendo na HP, mo- quados, sem relevância, a internet não passa de mais
vidos a um questionável DHTML da época. Tecnologia uma mídia.
pela tecnologia, forma sem função, apenas para testar Felizmente, muitos profissionais perceberam isso, mas
os limites da nova mídia. não se engane: sempre haverá espaço para experimen-
Traçando uma analogia, o que você faz com o jornal da tações na web. Existe hora, lugar e motivo para isso.
semana passada que sobrou na sua casa? Limpa as ja- Acredito que delas surgem, de tempos em tempos, ino-
nelas? Protege o chão e os móveis durante a reforma? vações geniais.
Um final nada digno para uma mídia que recebeu os A propósito: o site com o questionável DHTML que eu
cuidados de grandes profissionais e um grande investi- fiz nunca foi pro ar...
mento para ser produzida. Mas a chave de um jornal é

30
“Estou falando do Uso da web com ‘U’ maiúsculo,
da realização de tarefas, da experiência positiva, da satisfação”

entrevista :: Sérgio Salvador


Wd :: Que novas funções
Novas profissões X
surgiram com o amadure-
Arquiteto de informação estratégicas e realmente
cimento da internet? uma empresa/projeto. Ele é
responsável pela organização de responsável por planejar a relevantes foram tomadas em
Salvador :: “Novas fun- todo o conteúdo/serviço experiência do usuário, desde fases anteriores. Talvez seja por
ções” mesmo são poucas. disponível no site/sistema. É caminhos a serem percorridos por isso que essa divisão de funções
extremamente importante que ele enfrenta tanta resistência entre
Elas sempre estiveram por ele até a definição de todos os
veja com “os olhos” do usuário, elementos de interação utilizados alguns designers que conheci.
aí, só que em menor ex- pois é sua tarefa fazer com que (menus, botões, campos de Mas é uma visão errada. A
posição do que hoje em tudo esteja disponível da maneira texto). Diria que é “design em separação apenas libera o
mais fácil, natural e transparente profissional para focar em uma
dia. Arquiteto da informa- nível mais abstrato”;
possível; designer de branding atividade, melhorando ainda mais
ção, designer de interface, Designer de interface, o nome também varia, mas esse é o resultado final. Me arrisco a
designer de interação, designer de interação ou o profissional responsável por dizer que em um primeiro
experience designer momento, quando é o impacto
designer de branding, ge- pegar o “esqueleto” produzido nos
vários nomes para papéis passos anteriores e dar seu visual que fala mais alto, o
rente de novas mídias, ge- similares. Esse profissional se aspecto final. Ele define a camada designer de “branding” tem mais
rente de conteúdo... todos confunde um pouco com o mais externa do site/sistema, a responsabilidade pelo sucesso de
arquiteto de informação, uma vez um site/sistema do que os outros
eles já existiam em outros que entra em contato com o
que ambos são grandes usuário. É ele que torna o produto envolvidos. E se esses outros
ramos. Só para dar um responsáveis pela usabilidade do final bonito, atraente, com a profissionais fizeram seu trabalho
exemplo, quem será que produto final. Inclusive na maioria linguagem do seu público-alvo. de maneira correta, a experiência
das vezes, AI e designer de do usuário só tende a melhorar,
esteve por trás do proje- Pejorativamente, alguns chamam
interface/interação/experiência essa atividade de “pintar pixels”, satisfazendo e fidelizando seu
to do painel da sua TV de são as mesmas pessoas dentro de supondo que todas as decisões público.
20 anos atrás?
A internet conseguiu reunir em torno de si todos eles, Designers gráficos especializados em web são perfeitos
pois é uma mídia com uma característica singular: é para assumir a função de designers de “branding”.
extremamente interativa, como nenhuma outra que E, claro, todos esses profissionais devem ter conheci-
já surgiu. mentos profundos da interface na qual estão trabalhan-
Wd :: Quais os principais requisitos que uma pessoa do. Planejar sem saber as limitações e os potenciais da
precisa ter para se especializar em cada uma dessas interface escolhida é como dirigir numa estrada à noi-
funções? te com os faróis desligados. Quando você menos espe-
Salvador :: Não existe curso superior específico para rar, pode dar de cara com uma árvore.
arquitetura da informação. Conheci pessoas que atu- Wd :: Você acha que, hoje em dia, a internet deman-
am como AIs formadas em comunicação, design, da mais especialistas ou mais funcionários multifun-
biblioteconomia, psicologia... Geralmente aliam seus cionais?
conhecimentos ao que aprenderam como autodida- Salvador :: Acredito que isso dependa, principalmente,
tas, às metodologias de análise e testes, a uma pro- do tamanho do projeto que estamos avaliando.
funda dose de bom senso e à capacidade de se colo- No universo de páginas pessoais, sites de pequenos
car no lugar dos usuários. negócios, os profissionais multifuncionais são maioria,
Para ocupar o cargo de designer de interface/ pois apresentam ótima relação custo/benefício em pro-
interação/experiência, uma formação mais completa jetos de baixa complexidade.
como a de designer de produto, que aborda melhor Algumas vezes, o próprio designer é contato, gerente,
os processos dos projetos centrados no usuário, se- designer, htmler e programador ao mesmo tempo. E
ria recomendada. Se você encontrar um designer consegue entregar produtos de qualidade.
com formação também em psicologia, não o deixe es- Mas se estamos falando de grandes projetos na
capar. Esse deve ser o profissional ideal, mesmo que internet, que envolvam utilização maciça de produtos e
ele mesmo não saiba disso. serviços, é impossível, até por uma questão de tempo,

31
entrevista :: Sérgio Salvador

delegar várias tarefas ao mesmo profissional. Especia- - Acessibilidade: poucas pessoas notam a revolução
listas podem se dedicar por mais tempo a aspectos es- que é ter em seus desktops, 24 horas por dia, acesso às
pecíficos, em paralelo, garantindo qualidade e prazo. informações da internet.
Dessa forma, as grandes produtoras web do Brasil Agora imagine esse poder a serviço das coisas úteis.
contam hoje com profissionais especializados, em sua Imagine todo esse conteúdo acessado em qualquer lu-
maioria, ao invés de apostar suas fichas em funcioná- gar, em qualquer dispositivo (celular, laptop, PC). Veja
rios multifuncionais. bem, nem estou pensando grande, com sites em Flash
Wd :: Você acha que a internet ainda tem espaço para rodando no meu telefone. Estou pensando apenas em
sustentar o aparecimento de outras novas funções? acesso à informação em qualquer hora ou lugar.
Salvador :: Sim. Novas tecnologias surgem, novos pro- Isso já vem acontecendo de maneira tímida, mas
fissionais se especializam. contínua – spots WiFi, existentes em tantos estabe-
É só analisar o Flash, por exemplo. No início, alguns lecimentos pelo mundo, são uma demonstração
Designers e Programadores se aventuraram na apli- dessa tendência.
cação ao mesmo tempo em que mantinham suas fun- - Gerenciamento de conheci-
ções normais. mento: quando a internet está
Com o aumento da demanda por produtos em Flash, disponível de maneira fácil e
esses profissionais começaram obrigatoriamente a de- transparente em qual-
dicar mais e mais tempo a essa atividade. No final, eram quer hora e lugar,
os melhores na ferramenta e naturalmente abandona- ainda existe uma
ram suas funções antigas para se tornarem exclusiva- coisa que nos se-
mente multimedia producers. para do nosso
É certo, esse ciclo ainda vai se repetir. objetivo final, que é sa-
Wd :: Como você vê a internet daqui a cinco anos? ber o horário do cinema,
Salvador :: Vamos analisar friamente e sem paixões. o resultado do jogo do
Fora a o Flash, quais foram as outras grandes revolu- Flamengo, a receita da-
ções tecnológicas que assistimos na web? Veja bem, es- quela lasanha
tou me referindo a web dentro dos retângulos dos na- de berinje-
vegadores. Nada de “clients peer-to-peer”, email, la. Como
“Instant Messaging” e outros. Esses também são revo- encontrar
luções, mas são interfaces diferentes. essa infor-
Mais velocidade e estabilidade nas conexões? Isso só é mação no
percebido pelo usuário quando ele não o tem. Lingua- meio do universo que é a rede?
gens e bancos de dados mais integrados e poderosos? Quem conseguir descobrir mecanismos para processar
Muito bom! Mas isso é “server-side”, é invisível. da maneira simples e rápida essa maçaroca e gerar in-
Não espero revoluções dentro dos retângulos nos pró- formação relevante pode se considerar milionário.
ximos cinco anos. A verdadeira revolução da internet O Google é a coisa mais próxima que eu já vi disso.
vai estar relacionada a dois pontos: Aliás, se eu não incluí lá em cima o Google ao lado do

“as grandes produtoras web do Brasil contam hoje com


profissionais especializados, em sua maioria, ao invés de
apostar suas fichas em funcionários multifuncionais”

32
Acesse www.arteccom.com.br/webdesign e participe!

Resultado da enquete:
Que área está mais carente de
profissionais especializados em internet?

33% design
28% marketing
19% jornalismo
11% publicidade
9% informática

Flash como uma das revoluções da internet, me perdoe. Eu estava er-


rado. O Google é um desses pequenos milagres e quem conseguir su-
perar o que ele faz hoje (e vão conseguir) pode se considerar um per-
sonagem histórico desde já.
Wd :: Você acha que a formação acadêmica é essencial para um
designer?
Salvador :: Algumas matérias da formação desses profissionais como
a história da arte, metodologia de projeto e fotografia, proporcionam
um background perfeito para refinar talentos naturais. Claro, o talen-
to sempre será o componente mais importante. Mas nunca despreze
os benefícios de uma formação sólida. Você
pode até não perceber, mas faz muita di-
ferença.
Wd :: De todas as funções originadas pela
internet, qual é a mais importante?
Salvador :: O redescobrimento para a internet do time de
usabilidade demonstra o amadurecimento atingido por
essa interface. Bons AIs e designers de interação/
interface/experiência elevaram a qualidade dos
produtos na
internet a
um novo
patamar
(sorte dos usuários).
Mas, sinceramente, isso não os torna
mais importantes do que os designers de “branding”
ou HTMLers. Uma equipe balanceada e unida, com
todos cientes de seus papéis, é o segredo para o
sucesso duradouro.
Que brilhe a estrela maior: com vocês, sua
majestade o usuário!

33
estudo de caso

Interação total
na criação do site
Philips Home Cinema
Sergio Mugnaini, diretor de arte da DM9DDB
e Patrick Degenhardt, diretor de CRM e
eMarketing da Philips Consumer Electronics
no Brasil e na América Latina, nesse
momento, estão felizes com o desempenho
de um projeto inovador que produziram com
suas equipes. O novo site da Philips
(www.philips.com.br/homecinema) é finalista na categoria vídeo do
Flash Forward 2004. Nessa entrevista para a Wd, Sergio e Patrick
contam os detalhes do desenvolvimento desse trabalho.

Serg io Mugnaini,
Sergio Com essa ação de relacionamento pelo site, a Philips
Diretor de Arte da DM9DDB aproveitou para atingir um público A/B com perfil mais
Wd :: Como começou a relação agência/cliente? premium, que está presente na internet, e produziu um
Sergio :: A DM9DDB é a agência da Philips no Brasil site em que fosse possível conhecer toda a linha Philips.
e o grupo DDB detém a conta da empresa holandesa Wd :: O lançamento do site foi pensado como parte
no mundo inteiro. Como a DM9 costuma realizar o de uma estratégia de marketing? Qual a importância
trabalho em todas as mídias, a Philips encarregou do site em relação às demais peças da campanha?
também a DM9 das ações online. Sergio :: Acho que o site tem uma enorme importân-
Wd :: Por que vocês decidiram criar esse site para cia na ação de comunicação. Na minha opinião, não
a Philips? costumo ver a internet como um investimento ou uma
Sergio :: A empresa estava querendo aumentar o re- mídia que funciona independente de qualquer outra
lacionamento entre marca e os seus usuários. Por mídia. O site funciona igualmente, seja num primei-
isso, a Philips trouxe para o Brasil o Club Philips, pro- ro contato casual do usuário, seja num contato
grama mundialmente focado no relacionamento com intermediado por anúncio ou filme de 30" da TV.
o consumidor. Nada mais apropriado para fazer esse Acredito que o site tem sido responsável por resolver
contato com o target do que a internet. qualquer tipo de dúvida do consumidor, já que nele

34
estudo de caso
apresentamos explicações e demonstrações de cada
produto.
Wd :: Quais foram os aspectos do briefing que mais
orientaram a produção do site?
Sergio :: O projeto para esse site era realmente au-
dacioso e complexo: era preciso criar um site do Club
Philips que contemplasse um programa de relaciona-
mento e também seis diferentes produtos Philips. A a história interativa X
parte referente ao Club Philips não era tão complica-
Os produtos são apresentados de forma contextualizada, nas casas
da quanto a referente à área de produtos. Nessa par- dos personagens da história que é contada. Cada produto tem sua
te do site, o desafio era: “como montar essas seis própria cena.
A navegação principal se dá de três formas:
áreas de produtos totalmente diferentes dentro de
1 seguindo as setinhas que levam a outros ambientes
um mesmo ambiente, comum a todos os produtos?” (conseqüentemente a outros produtos)
A solução para isso foi criar uma história interativa. 2 utilizando o menu inferior direito para recomeçar a cena atual,
avançar ou voltar a outras cenas
Wd :: Quais foram os fatores limitantes do briefing
3 pelo menu inferior esquerdo que leva a produtos determinados
em relação ao desenvolvimento do site?
Sergio :: Os fatores mais limitantes do projeto fo-
ram, sem dúvida, de ordem tecnológica. Além de uma
primeira linha: home do site www.philips.com.br/homecinema (à esquerda)
produção bem complexa devido às filmagens e à apli- e sua versão para concurso (www.dm9.com.br/awards/commarts/philips_he)
cação dos personagens nas cenas, o fator mais Wd :: canto inferior esquerdo: tela de instruções ao usuário
canto inferior direito: um dos cenários da história interativa

35
estudo de caso

limitante e desafiador foi a criação de uma história Flash Player, presente em 98% dos computadores
que permitisse aos usuários fazer múltiplas escolhas, atuais.
e que lhes desse a opção de realmente interagir com Wd :: O que vocês consideram mais interessante
ela. A combinação das cenas precisava ser perfeita. no site?
Wd :: Quantas pessoas participaram da produção Sergio :: Acredito que o mais interessante no site é
do projeto? Quais as suas funções? a maneira inusitada e inovadora de mostrar a linha de
Sergio :: Cerca de 30 pessoas foram incluídas no pro- produtos Philips através de uma história interativa.
jeto, considerando-se desde as equipes das agênci- Outro ponto que é realmente interessante é a tenta-
as até as produtoras de som e vídeo (a Playerfilmes tiva de idealizar um formato para a televisão
foi responsável pela produção dos filmes e a Plug-in interativa do futuro. Quem sabe essa é uma sugestão
foi a produtora do som). A DM9 entrou com a função de interatividade que ainda não está definida?
de criar e conceituar o projeto. A minha função no Wd :: Desde quando o projeto está no ar? Vocês já
projeto foi a de conceituar o site fazendo toda a dire- podem considerá-lo um sucesso em número de
ção de arte e algumas animações. A Rapp Digital foi acessos?
responsável pela estratégia do Club Philips. Sergio :: O projeto foi lançado no final de 2003, con-
Wd :: Quanto tempo le- tando com uma fase de testes e
vou todo o processo? Flash Forward 2004 X ajustes da parte tecnológica. No
Sergio :: O projeto co- Versão do site inscrita no Flash Forward
entanto, ainda é muito cedo para
meçou a ser idealizado www.dm9ddb.com.br/awards/flashforward2004/philips_he se obter qualquer conclusão. Os
Conheça os finalistas do prêmio Flash Forward 2004 no site
em setembro de 2003 e o www.flashforward2004.com/showfinalist.asp números são bem animadores e a
site entrou no ar no final Philips já prepara novas ações no
do ano. Foi montado um site. O site foi classificado como
schedule com as produtoras e enquanto eram finali- finalista no Flash Forward 2004 Festival e acho que é
zados os filmes, a DM9 produziu todos os layouts e, um forte indício de que o projeto realmente é inovador.
sem dúvida, a fase mais complicada do projeto foi a Wd :: Essa fórmula interativa, utilizada na cria-
de juntar “todas as partes”. Isto é, juntar os vídeos ção do site, ajuda efetivamente na fidelização dos
nos layouts e programar corretamente para que tudo visitantes?
funcionasse de acordo com a nossa idéia inicial. Sergio :: O site tem realmente duas formas para atin-
Wd :: Para interagir e aproveitar melhor o site, o gir o target. Uma delas, a ‘história interativa’, é fun-
visitante deve ter programas que nem todo mundo damental para que as pessoas conheçam os últimos
têm instalados no computador. Por que vocês de- lançamentos dos produtos Philips. A outra forma de
senvolveram o projeto com essa fórmula? atingir os usuários são as promoções e toda a estra-
Sergio :: Não era necessário nenhum tipo de progra- tégia de relacionamento que existe no Club Philips.
ma ou plug-in especial. O site foi desenvolvido em Essa parte do site é responsável pela fidelização do
Flash MX com uma base de dados em XML. Para usuário Philips devido às promoções e vantagens que
visualizá-lo era necessário somente o plug-in do só uma pessoa que tem Philips pode obter e garante
o retorno do target ao site.
“A internet ainda é considerada um meio moderno e
tecnológico
ico,, portanto quase que obrig
tecnológico atório para empresas
obrigatório
que desejam aag gregar esta ggama
regar ama de vvalores
alores a suas marcas”

36
estudo de caso
Apresentação do produto Emotive:
Há em cada cena, uma caixa à direita da tela com links
para detalhamento do produto. Uma janela aparece por
cima da cena principal para que o usuário explore o
produto sem que ele se perca na história interativa.

Wd :: Quais formas de fidelização de clientes vocês Sergio :: Desde o início nós tínhamos uma expecta-
utilizaram no site? tiva muito otimista do projeto e a Philips investiu jun-
Sergio :: Toda a estratégia de fidelização foi feita a to com a agência na idéia. Acho que isso foi decisivo.
partir do Club Philips. No lançamento do site existiam No entanto, era muito difícil imaginar algo concreto,
dois tipos de promoções que bonificavam os usuários pois nunca tínhamos feito algo assim, com esse nível
Philips com descontos, produtos Philips e facilidades. de complexidade.
Ao longo do tempo o projeto prevê novas promoções e Acredito que houve um grande aprendizado nesse
mais vantagens para os sócios do Club Philips. projeto. O cliente realmente confiou na opinião da
Wd :: O Club Philips já existia ou foi criado em con- agência de que esse projeto seria inovador e, da
junto com o site? mesma forma, a DM9 comprou esse desafio de pro-
Sergio :: O Club Philips é o programa mundial de re- duzir algo nunca feito antes. Podemos considerar que
lacionamento da Philips. Ele é aplicado em todo o foi um case para todos nós.
mundo e agora foi lançado ao país pelo site do Philips Agora precisamos acompanhar os próximos passos do
Home Cinema. público Philips e aumentar ainda mais os serviços e
Wd :: Depois de pronto o site, você e sua equipe facilidades que o site pode vir a oferecer.
ficaram satisfeitos com o resultado? Era isso o que
vocês esperavam?

37
estudo de caso

Patric
Patrickk Deg enhardt,
Degenhardt,
Diretor de CRM e eMarketing da Philips “o mais interessante no site é a
Consumer Electronics na América Latina
maneira in usitada e ino
inusitada inovvadora
Wd :: Como começou a relação agência/cliente?
Patrick :: A DM9 é a agência de publicidade ‘above de mostrar a linha de produtos
the line’ para a Philips graças a um alinhamento mun-
Philips e a tentativ a de idealizar
tentativa
dial de contas pela DDB. Apesar do emarketing não
fazer parte desse alinhamento, pela inteligência em ormato para a televisão
um fformato
internet e pela sua capacidade criativa, a DM9 sem-
interativa
interativ a do futuro”
pre realiza campanhas para a Philips também na mídia
virtual, sozinha ou em parceria com outras agências.
No caso do Portal de Home Entertainment Philips, o que desejam agregar esta gama de valores a suas
trabalho foi feito em conjunto com a nossa agência marcas.
de marketing de relacionamento, a Rapp Digital. Graças à capacidade de mensuração intrínseca à
Wd :: Esse é o primeiro site da Philips? Se não é o internet podemos checar contra nossos KPI’s como está
primeiro, por que a empresa optou por uma nova a nossa performance em tempo real. Tanto em termos
versão dele? de branding como em termos de vendas, a empresa
Patrick :: A estratégia da empresa está 100% focada tem crescido bastante há pelo menos 2 anos, atingin-
em nosso consumidor, portanto é natural que nossa do a posição de líder isolada em vendas online no
atuação no meio internet acompanhe essa diretriz. Brasil, mesmo sem vender direto ao consumidor.
Em primeiro lugar, temos um site mais corporativo, Wd :: Como vocês avaliam os clientes da Philips?
com nosso catálogo completo de produtos e ferra- Patrick :: Através de pesquisas categorizamos o
mentas de busca de lojas, comparação técnica, comprador de eletroeletrônicos em quatro perfis, cri-
downloads. Para atacar diretamente cada um de nos- ados com base nos desejos, atitudes, grau de conhe-
sos públicos-alvo temos o site do programa Philips cimento e interação com os produtos. Nossa comuni-
Expression, no ar desde 1999 e totalmente voltado ao cação é baseada nesses perfis, na estratégia de ne-
público jovem, e o portal de Home Entertainment lan- gócios da empresa e nas preferências individuais de
çado agora, voltado ao relacionamento com um públi- cada cliente, já que somos extremamente cautelosos
co classe A/B com perfil premium, interessado em em assegurar a privacidade e liberdade de escolha de
assuntos como design, tecnologia, arte, decoração, cada um deles.
cinema e, principalmente, entreteni- Wd :: Vocês têm cadastro dos visitan-
mento doméstico. tes do site? Dentre os visitantes ca-
Wd :: Você considera a internet um dastrados, como vocês fazem para
bom investimento? O site da Philips distinguir os clientes potenciais?
dá retorno efetivo? Patrick :: Sim, temos. Classifi-
Patrick :: A internet ainda é camos os potenciais consumi-
considerada um meio moderno dores com base nas preferênci-
e tecnológico, portanto quase as indicadas na área de cadas-
que obrigatório para empresas tro e no seu padrão de navega-

38
estudo de caso
ção. Usuários freqüentes do portal são
“Foi criado um time com pessoas das
mais propensos à compra e, da mesma
forma, aqueles que indicam possuir duas aagências
gências e re presentantes da
representantes
um produto como uma ‘dwide’ e não
Philips
Philips,, no qual todos tinham
possuir um aparelho de home cinema
têm altas chances de tornarem-se fu- condição de opinar sobre
turos compradores, pois são produtos
melhorias no projeto”
que se complementam.
Wd :: O cadastro de visitantes do site
é utilizado para fidelizar clientes?
Como?
Patrick :: A partir do momento em que
o internauta se cadastra no portal, é
disparada uma série de ações basea-
das em seu perfil. Por exemplo, no Wd :: A Philips vende através do site?
mês de seu aniversário enviamos a ele Como é organizado esse processo?
um cartão, parabenizando-o pela data, Patrick :: A Philips não vende direta-
de forma bem lúdica. Outras campa- mente, somente através do varejo.
nhas são efetuadas através de email, e Atuamos fortemente nesta área em
ainda há toda a questão de persona- parceria com eles, fortalecendo a ca-
lização do site, como a de direcionar a deia de valor e trazendo sempre o me-
visualização do consumidor somente lhor para nossos consumidores. Foi
para produtos de cross e up-sell, ou dessa maneira que conseguimos a li-
seja, aqueles novos produtos que derança absoluta no setor.
complementam ou se incorporam aos Wd :: Você ficou satisfeito com o re-
que ele já possui. sultado do trabalho?
Wd :: Como vocês acompanharam a Patrick :: Claro! Em tão pouco tempo de
produção do site? lançamento já temos um excelente nível
Patrick :: Com a maior proximidade de visitas e cadastros no portal e
possível. Foi criado um time com pesso- estamos trabalhando para agregar mais
as das duas agências e representantes benefícios para eles. Todo mês haverá
da Philips no qual todos tinham condição várias novidades!
de opinar sobre melhorias no projeto.
Isso foi importante principalmente pelo
fato de termos duas diferentes agências
no projeto, o que poderia potencialmen-
te causar atritos e prejudicá-lo. Mas ao
contrário, a interação foi muito boa e só
veio a colaborar para termos um portal
único no Brasil.

39
debate

Estamos longe da época em que as famílias mais


tradicionais agiam sempre de acordo com a convenção e
as mães diziam a cada um de seus rebentos: “Quando
crescer, você vai ser doutor!”. Hoje em dia, os jovens
escolhem os seus futuros ofícios. Vivemos em uma era
regida pela tecnologia e pela informação. Como não
poderia deixar de acontecer, as gerações mais jovens
renderam-se ao encanto das novas profissões, que vão
surgindo, ano após ano, dependendo das necessidades
geradas pelo avanço tecnológico e pelo mercado, cada vez
maior, das comunicações. Entre essas profissões (que em
geral estão no topo da lista das universidades no quesito
“maior número de candidatos por vaga”) está a de
desenhista industrial. O curso de desenho industrial
oferece duas opções de carreira: o estudante pode escolher
ser projetista de produtos ou programador visual. E essas
especialidades subdividem-se, ainda, em outras como, por
exemplo, a de webdesigner.
O fato de os jovens desta geração terem nascido na mesma
época em que a internet “nasceu” confere, a muitos deles,
a habilidade de trabalhar nela sem que jamais tenham
freqüentado uma escola especializada ou um curso de
informática. Muitos jovens que se interessam pelo assunto
são capazes de criar sites ou programar ações na rede
com a experiência de um autodidata.
Graças a essa constatação, uma grande dúvida paira no ar:

40
debate
É! A formação acadêmica é essencial na cons-
trução de uma carreira sem dúvida nenhuma. Nos satisfató-
dias de hoje não é suficiente que você se identifique ria, a outra
com o design e, a partir de um aprendizado mais ou ainda terá valor
menos informal ou na base da tentativa e erro, vá suficiente para justifi-
construindo seu conhecimento. Com os manuais de car um saldo ou alicerce
programas, com o chamado ensino à distância, isto profissional adequado. Você
ainda parece possível, mas não se sustenta em um é responsável por, no mínimo,
exame mais rigoroso. metade de sua carreira, metade da
Devemos lembrar que antes de existirem os cur- sua formação!
sos regulares de formação de designers os profissio- Mas o importante é saber que a carreira é sua. É
nais eram autodidatas, o que significava que cada um sua a prerrogativa e responsabilidade de construí-la e
construía sua própria carreira e reputação. Mesmo não da escola. Ela é um veículo, um instrumento dos
assim muitos profissionais de qualidade foram forja- mais importantes e só ajuda. Ela será a pedra funda-
dos nesta época, alguns dos quais foram os responsá- mental do seu sucesso, especialmente em um mundo
veis pela implantação do design em nosso país. Com complexo como o que vivemos.
isto não estamos defendendo a exclusão da escola na Sua formação deve ser a mais consciente possí-
formação do profissional, pois isso não é possível nos vel. Isto significa que você deve se responsabilizar
dias de hoje. A escola serve como uma referência, quanto à escolha da faculdade ou escola, do seu
como uma queima de etapas, como uma sistematiza- envolvimento com ela, de seu aproveitamento durante
ção da formação do profissional, como um elemento o curso e de tudo o mais que você empreendeu duran-
comparativo de suas capacidades em relação aos co- te este período. Não se esqueça, porém, que sempre
legas, uma importante fonte de informação e crítica haverá algo mais a aprender e que sua formação não
para construção de uma carreira, agora e no futuro. termina com o recebimento do diploma. Na verdade
No mínimo, lhe dará um diploma além de sua formação nunca termina, ela se prolonga por toda
autoconfiança e auto-estima. Em autodidatas estas a sua vida e nestes dias de globalização a formação
características nem sempre estão presentes. E fazem contínua é a única que pode nos garantir pleno empre-
falta; como fazem! go ou flexibilidade ante as mudanças que virão.
É ainda muito importante que você saiba que não
existe faculdade ou curso ideal, todos têm problemas
:: Freddy Van Camp
e em nosso país estes problemas podem ser crônicos.
professor da ESDI–UERJ
Ainda assim é o que você tem à mão. Escolha bem o www.esdi.uerj.br

curso e saiba que é nesta instituição que você vai for-


mar a base sobre a qual construirá a sua carreira.
E quais são as suas responsabilidades em relação
a isso? A construção de uma carreira tem duas verten-
tes: a do que lhe é oferecido pela faculdade ou curso
que você está freqüentando e a sua, pessoal, com um
envolvimento sério e decidido no aproveitamento dos
seus anos de formação. Estas duas vertentes têm va-
lor idêntico (50% para cada uma) na construção de
uma carreira e, admitindo-se que uma delas não seja

41
debate

Sim, não e talvez. Essa questão nado. Sem isso, corre-se o risco de se
envolve muitos pontos, alguns contra- formar um profissional inconsistente e
ditórios e todos importantes. facilmente descartado pelo mercado.
A formação acadêmica é essencial Agora: um cara com essas característi-
sim porque, antes de mais nada, estu- cas inatas pode perfeitamente entrar
dar numa faculdade é a oportunidade no mercado com muito mais preparo e
de estar em contato com um mundo êxito do que os vencedores da Guerra
de referências pertinentes à sua pro- dos Canudos.
fissão, que quando se for exercer, vão Para coroar esse não à necessida-
te fazer toda a diferença. Desde os li- de de formação acadêmica, vale lem-
vros, filmes e eventos que são indica- brar que alguns dos profissionais mais
dos para se ver, passando pelas con- respeitados no mundo online não são
versas com pessoas brilhantes, pelos formados. Inclusive tem um grande re-
jogos no intervalo (ou em plena aula), dator e diretor de criação (não, não
até os casacos esquisitos daquele cara vou citar nomes) que zerou na prova
do 7º período, tudo é informação que de redação do vestibular (PJ, posso
vira subsídio para enriquecer e dife- publicar isso?).
renciar o seu trabalho de criação. Mas... por outro lado... talvez seja
Mas justo por esse lado, a forma- essencial ter uma formação acadêmica.
ção acadêmica não é essencial coisa Confesso que me formei em duas
nenhuma. faculdades e tenho a nítida impressão
Com a existência do computador e de que, se cheguei onde estou na mi-
da internet, as informações estão mais nha carreira, muito se deve a essa for-
ao nosso alcance do que nunca. A mação. Mas vai saber...
web é uma biblioteca zilhões de vezes Para fechar, vou parafrasear, bem
maior do que as de todas as faculda- ao estilo acadêmico, uma figura famo-
des juntas. Tem de tudo para você sa e que agrada a formados e não-for-
aprender o que quiser. E para ver o mados: “Hay que se formar, pero sin
casaquinho freak das figuras, é só des- perder la cerveza, jamás.”
cobrir um bom blog ou fotolog de uni-
versitário. Mas é claro que essas van-
tagens só se concretizam para quem é
:: Suzana Apelbaum
verdadeiramente autodidata e discipli-
diretora de criação e redatora da AgênciaClick
www.agenciaclick.com.br

42
debate
Acredito que sim! Apesar das oportunidades que
giram em torno do “tecnomundo” permitirem o ingresso
de “e-teens” (jovens autodidatas em tecnologia) ao
mercado de trabalho isto não quer dizer que estes pro-
fissionais sem o preparo acadêmico terão sucesso em
suas carreiras. O interesse por tecnologia dos jovens de
hoje é um excelente diferencial competitivo na busca
pelo primeiro emprego, porque os conhecimentos téc-
nicos de um jovem aficcionado por tecnologia podem
apresentar uma boa relação custo-benefício aos empre-

gadores. Mas esta carreira pode estagnar quando a


complexidade das tarefas aumentar. Todos conhecemos
a teoria da carreira em Y, onde em um determinado mo-
mento o profissional de tecnologia deve decidir se vai
continuar técnico ou se virá a tornar-se um consultor,
um gerente de equipe ou gerente de contas. Acredito
que o profissional puramente técnico e autodidata este-
ja na maioria dos casos fadado a permanecer na base
do Y, sem muitas oportunidades de se tornar um ótimo
analista de sistemas e soluções ou um ótimo executivo
de tecnologia. É claro que existem exceções, mas a fal-
ta de investimento em cursos profissionalizantes, cur-
sos superiores ou pós-graduações irá, com certeza, li-
mitar as chances e, principalmente, a visão de um jo-
vem que acabou de ingressar no mercado de trabalho e
segue a linha de raciocínio de que pode ser auto-sufici-
ente no aprendizado de tecnologia. Se as skills neces-
sárias para o desenvolvimento de uma carreira profissi-
onal fossem só as técnicas, então ótimo, parabéns e
aproveite a sua carreira! Mas todos sabemos que o su-
:: Alexandre Cezário de Campos cesso profissional vai além do conhecimento técnico,
gerente de marketing e
ele exige organização, conhecimentos gerais, alta em
vendas da EverSystems
www.eversystems.com.br relacionamento, visão e principalmente conhecimento
dos alicerces da profissão.

43
debate

Na minha opinião, a resposta é


sim e não. É necessário possuir algu-
ma formação, seja ela acadêmica ou
não. Muitos dos grandes criadores,
que deram ao Brasil o status que tem
hoje na publicidade mundial, nunca
passaram por uma curso de design ou
publicidade. Mas se estamos falando
de comunicação, falamos de pessoas e
a internet é apenas um meio novo de mular o estudo (pesquisa), e, não, en-
se fazer comunicação. O fato de se ter sinar o ofício, pois este se aprende fa-
nascido junto com a internet só contri- zendo. Eu gosto muito do modelo ado-
bui para uma maior familiaridade com tado na França. Lá, quem deseja ser
o meio, não com as pessoas. Sendo acadêmico (pesquisador) cursa uma
autodidatas ou não, as pessoas vão universidade, mas quem deseja traba-
ter que entender dos dois mundos, sa- lhar, realmente, na área (comercial)
ber identificar padrões, antecipar ne- faz um curso técnico, mais rápido e
cessidades, observar através de uma voltado para o aspecto prático, o que
lente diferente e, com isso, entender o não impede que um acadêmico traba-
que se passa. Nada disso depende do lhe na área e vice-versa. O que um
fato de que se tenha ou não nascido curso faz é tentar encurtar o caminho
na era da internet, mas, sim, de que e evitar erros desnecessários. Sendo
se possua a faculdade (natural ou ad- assim, formação é essencial, seja ela
quirida) de enxergar, traduzir e trans- natural ou adquirida.
mitir estes sentimentos. O que a uni-
Faculdade X
versidade faz (ou deveria fazer) é esti-
[Do lat. facultate .] S. f. 1. Po- :: Alexandre Estanislau
der de fazer algo; capacida- diretor de criação da Bolt Brasil
de. 2. Talento, dom. 3. Propri- www.boltbrasil.com.br

edade. 4. Escola de ensino


superior
fonte: Novo Aurélio

44
debate
Não acho que seja caso de sim ou não. Para come- cesso de aprendizado é bem mais árduo, exigindo mui-
çar, há uma grande diferença entre “saber trabalhar to estudo individual que é sempre mais arrastado, sem
com design” e ser um bom designer. Acima de tudo, falar na tentação de partir direto pro computador e pro
está o conhecimento teórico, a capacidade de desen- mercado de trabalho, pulando etapas que são essenci-
volver projetos criativos, um conceito forte sempre ais à evolução. Além disso, há um fator complicador
como base, um porquê para cada solução, enfim, saber para quem não tem diploma, que é o fato de muitas
colocar em prática toda a teoria aprendida. Não acho empresas não aceitarem profissionais sem curso supe-
que o meio acadêmico seja o único caminho para se rior, o que pode dificultar a entrada destes no mercado,
adquirir este conhecimento, mas acho que é, sim, um assim como podem sofrer, em algumas situações, um
bom começo. Da mesma forma que existem alguns óti- eventual preconceito pela falta do diploma. Outra gran-
mos designers e artistas que nunca pisaram em uma fa- de desvantagem é a dificuldade em conquistar experi-
culdade de design ou instituição semelhante, existem ências internacionais - muitos países não concedem o
designers formados que não conseguem traduzir o co- visto de trabalho para profissionais sem curso superior
nhecimento em bons trabalhos. Acontece que esta é - tanto na área profissional quanto acadêmica.
uma afirmação perigosa, pois se for mal-interpretada Para finalizar, acho que a boa é encarar essa dúvida
pode levar a resultados desastrosos. Para completar, como uma liberdade de escolha e não como uma res-
obviamente, o computador também contribuiu bastan- posta absoluta, cabendo a cada um decidir o melhor
te para essa situação, porque facilitou a criação de tra- caminho para si. Independente da decisão, o segredo é
balhos puramente plásticos, sem conteúdo algum, e na estar sempre em evolução, buscando sempre mais co-
maioria das vezes, esteticamente fracos e de gosto du- nhecimento; estudar as ferramentas para colocar em
vidoso, por isso acho que, acima de tudo, o computa- prática o que se aprende; ler muito; ter em mente que
dor deve ser visto como uma simples ferramenta. o design é um ofício extremamente multidisciplinar e
Prefiro, então, listar as vantagens do meio acadê- cultural; “abrir a cabeça”, buscar inspiração e não se
mico. Além do aprendizado técnico, teórico e criativo, restringir somente às referências de outros designers;
um dos melhores aspectos da Universidade é a convi- buscar suas linguagens próprias; saber a hora de ousar
vência com outros alunos, designers e professores. É e a hora de atender às necessidades de um determina-
um bom momento também para experimentações, de- do projeto... ou seja, é informação suficiente para
senvolvimento de técnicas e troca intensa de informa- superlotar o cérebro. O caminho é bem por aí mesmo,
ção. Infelizmente, acho que as instituições ainda têm afinal, saber não ocupa espaço.
muito que evoluir, muito mesmo, o que é mais uma pro-
va de que devem ser encaradas pelo aluno apenas
como um primeiro passo numa evolução que precisa
ser constante.
:: Guilherme Borchert
Analisando o lado de quem decide não optar pelo editor do site Eyepunch

meio acadêmico, vejo algumas desvantagens. O pro- www.eyepunch.com

45
debate

Com certeza a formação acadêmica é fundamen- Passaram-se alguns anos e hoje temos uma certa
tal. A partir da popularização dos programas padronização das máquinas que são vendidas e, ain-
WYSWYG, a produção de sites tornou-se uma tarefa da, a internet por cabo ou similar, que torna a relação
bem menos complexa. com a grande rede bem mais ágil e agradável para
Antes dessas soluções era preciso saber escre- todos os usuários. Configurações similares restrin-
ver seu próprio código html e testar o resultado gem bastante as variáveis na hora de construir um
numa janela de navegador. Esse processo era demora- projeto para internet.
do e os resultados tinham lá suas limitações. O Flash Com isso, o que observamos hoje é uma diferen-
ainda não era padrão e não podia ser usado como so- ça grande de resultados entre os projetos de quem
lução nem pra banners e imagens de destaque no possui formação acadêmica e os de quem não a pos-
site, nos obrigando a usar o bom e velho gif anima- sui, justamente naquilo que os designers fazem me-
do. Além disso, era preciso prever as mais diversas lhor: criar conceitos.
resoluções de monitor, levar em conta que a internet O que observo nos projetos dos autodidatas e
caminhava a pífios 28Kbps, o que restringia ainda entusiastas da produção web é que muitas vezes
mais as soluções possíveis. seus projetos até podem funcionar, mas são vazios
de conceito. Não passaram pelas etapas do proces-
so criativo como é ensinado na escola, e o resulta-
do é pobre.
O método projetual, como é ensinado nas uni-
versidades, é fundamental para quem pretende en-
frentar o mercado de trabalho com competência e
capacidade de inovar. Sem a metodologia, a teoria e
a experiência acadêmica, estaremos fadados a repetir
as velhas fórmulas, ao invés de desenvolver soluções
criativas e funcionais para cada cliente que decide
investir seu dinheiro na internet.

:: Sérgio Barbará
sócio-diretor da Pura Comunicação
www.puracomunicacao.com.br

46
debate
É essencial para a formação de conceitos, interação
do trabalho em equipe e visão geral de negócios.
Na faculdade você estuda matérias que enrique-
cem seu repertório e lhe preparam para uma carreira
profissional, você estabelece conceitos e estuda disci-
plinas importantes como: história da arte, história do
design, estudo de cores, tipografia, análise de sites,
direção de arte, direito autoral, além das aulas técni-
cas, que servem de ferramentas para você colocar em
prática os seus conceitos.
O acompanhamento e a vivência com os professo-
res são essenciais quando você está num curso que
lhe interessa. De nada adianta você entrar na faculda-
de só para buscar um diploma sem explorar ao máxi-
mo o que os profissionais de lá têm para oferecer.
Com a formação acadêmica você consegue defen-
der seus projetos embasando-se nos conceitos que
você aprendeu como designer, unindo funcionalidade
e estética.
Um dos fatores muito importantes relacionados à
formação acadêmica é que você também pode buscar
por cursos de especialização na sua área, entre diver-
sos segmentos do design dentro e fora do Brasil, atra-
vés da pós-graduação. Você também troca experiênci-
as relacionando-se com os mais diversos campos de
atuação profissional e, assim, abre uma gama de refe-
rências para suas criações, conhece pessoas importan-
tes e participa de palestras e seminários com profissi-
onais do mercado. A faculdade lhe mostra o caminho e
cabe a você buscar os seus diferenciais.
A minha formação acadêmica foi importante para
focar meu trabalho no design estratégico, que é a
metodologia mais usada em minha empresa.

:: João Paulo Nicolau


sócio-diretor da Contentcom
www.contentcom.com.br

47
Encontro de Web Design

9 o Encontro de
Web Design
2 0 0 4

Uma reunião com os melhores


profissionais do mercado
O Encontro de Web Design chega a sua 9ª edição, em abril, consagrado como o melhor
encontro de profissionais de internet do Brasil e do mundo

Quem trabalha com web sabe que, Josh On, da futurefarmers.com; Crystal
desde 1999, existe uma maneira mais Waters, autora do best seller Web: Con-
fácil, interessante e gostosa para apren- cepção e Design, Edward Pak, criador do
der e encontrar os melhores profissio- site do canal de tv a cabo Fox, Suzana
nais e professores do mercado, fora de Apelbaum, da Click, Luli Radfahrer,
universidades e cursos. Michel Lent, entre outros.
O Encontro de Webdesign, promo- Este ano, em sua 9ª edição, o even-
vido pela Arteccom, reúne todo semes- to passa a ser itinerante, para ajudar
tre mais de 1.000 estudantes e estudio- muitos designers que ainda não tiveram
sos interessados nas mais novas técni- a oportunidade de participar. Começa na
cas, ferramentas e teorias sobre design cidade do Rio de Janeiro, no dia 3 de
para internet. As palestras são sempre abril, segue para Belo Horizonte, Porto
ministradas pelos nomes mais requisita- Alegre, Brasília e Salvador, em julho
dos do ramo, nacionais e internacionais. (dias ainda não definidos) e termina no
Ao longo desses anos de sucesso, dia 27 de novembro, em São Paulo.
já passaram pelo Encontro de Web A troca de informações sobre o po-
Design: Mauro Alencar, Marcello Póvoa, tencial da internet e a vital importância

“Precisamos de mais eventos como este em nosso país”


José Mauro Morais Mani, participante
48
Encontro de Web Design
do design neste meio é a prioridade do
Encontro. Também são prioridades a

“Lá aprendi uma gama de coisas que eu utilizo nos meus sites...
descoberta de novas maneiras de se co-
municar com o usuário, trabalhando
com interfaces e navegação e, para isso,
o intercâmbio de idéias torna-se funda-
mental. Quanto maior for o número de
informações a que esse profissional, ou
futuro profissional, tiver acesso, mais

obrigado pela oportunidade desse evento...”


ele estará apto a refletir e a propor no-
vas soluções.
Dos temas propostos nas oito edi-
ções do Encontro, alguns merecem des-
taque: a diferença entre o meio impres-
so e a internet, a interatividade, tipogra-
fias, animações, conteúdo, arquitetura

Luiz Fillippe Dourado de Mello, participante


de informação, usabilidade, acessibilida-
de, planejamento, atendimento, criação
e projetos experimentais.
Não é à toa que a equipe orga-
nizadora orgulha-se em estar contribu-
indo de uma forma construtiva para a
“O local, temas formação de profissionais eficazes e

das palestras, para a inclusão do mercado nacional no


mundo. Isso porque o evento já é tido
palestrantes, como uma reunião aberta, fundamental

expositores, tudo
estava excelente!”
Marcia Gerbassi, FINEP

49
Encontro de Web Design

e única entre participantes, pales-


trantes, empresários e patrocinadores.
Os patrocinadores Cristian Galle-
gos, da Locaweb, Alexandre Pajola, da
BigHost e Evanice Rodrigues, da
Impacta não pouparam elogios à equipe
logo após o 8º Encontro: “quero reafir-
mar que ficamos satisfeitos com a quali-
3 de abril
dade do evento”, disse Cristian. “Fica-
Rio de Janeiro mos muito satisfeitos com o evento.
Agradeço muito a atenção e simpatia de
vocês!”, afirma Alexandre. “Vocês estão
de parabéns!!! O evento foi um sucesso,
julho tudo ocorreu como estava previsto na
Belo Horizonte programação”, completa Evanice.
Os participantes também enviaram
seus comentários. “Parabéns pelo even-
to. Mais uma vez a Arteccom deu um
julho show e a cada ano que se passa vocês
Porto Alegre têm se profissionalizado mais. Os patro-
cinadores estavam excelentes este ano”,
elogiou Fábio Salles.
Até os palestrantes mandaram sau-
dações: “Gostaria de te agradecer pela
julho
oportunidade, e parabenizar pelo even-
Brasília to. Foi tudo show de bola”, lembra
Rodrigo Chibly, da J.W.Thompson.
O 9ª Encontro de Webdesign terá
sua primeira edição na cidade do Rio
julho de Janeiro, no Teatro Odylo Costa, filho,
Salvador da UERJ. A taxa de inscrição será de
R$ 30,00 para estudantes e R$ 60,00
para profissionais.
Para quem estiver interessado, as
27 de novembro inscrições já estão abertas através do
São Paulo site: www.arteccom.com.br/encontro.
Não perca tempo porque há limite de
vagas. Caso você queira participar
em outras cidades (julho ou novem-
bro), basta aguardar a abertura das
inscrições.

“Parabéns pelo evento, foi realmente um sucesso de público!!!”


Danielle Skurczenski (Terra Empresas), patrocinador
50
“Ficamos muito felizes por termos participado do evento.
Extremamente bem organizado, simpático e muitíssimo divertido”

Encontro de Web Design


Porto+Martinez, palestrantes

Confira aqui algumas das palestras do 9o EWD, dia 3 de abril no Rio

:: Retorno no investimento: Por que os clientes devem pagar por nossos projetos?
Design começa com estratégia: as razões pelas quais um projeto de mídia interativa
tem (ou não) sucesso real e mensurável na percepção do cliente — e seu negócio, no
final das contas, porque uma empresa deve nos contratar e conseqüemente fazer um
investimento.
Marcello Povoa, sócio-diretor da MPP Solutions

:: A usabilidade como fator de sucesso em projetos web


Projetos web se tornam cada vez mais complexos e sofisticados. Garantir a qualidade
de interação do sistema com seus usuários é fundamental para o seu sucesso.
Sérgio Carvalho irá apresentar alguns métodos de usabilidade através de cases de
consultoria: Shoptime.com, Duty Free, Portal Embratel e Banco Central do Brasil.
Sérgio Carvalho, sócio diretor da Sirius Interativa

:: Comunicação, colaboração e comunidades - internet e iTV, finalmente no século XXI


Te nd ências da comunicação digital. Cenários de futuro e perspectivas para o
designer e profissionais de criação de mídias digitais.
Luli Radfahrer, professor-doutor da ECA–USP

“Um evento com palestras ricas,


apresentadas por pessoas que, apesar
do conhecido peso neste mercado, se
puseram de igual para igual com a
platéia, transmitindo com enorme
clareza suas mensagens”
Fernando Alcântara, participante

acima: ensaio para apresentação de capoeira das crianças da ONG


Magê Malien – Crianças que Brilham no 5o EWD.
ao lado: agradecimento pelos alimentos doados no
1o Encontro de Web Design. Faça sua contribuição no 9o EWD, levando
1kg de alimento não perecível e participe do sorteio de brindes.

51
Cores seguras
tutorial

na web
Algum cliente já lhe pediu para A numeração decimal (base 10) trabalha com valo-
res de 0 a 9; já a numeração hexadecimal, trabalha com
preencher o plano de fundo do seu
valores de 0 a 9 e de A a F, totalizando 16 valores.
site com a cor de morango amassado?
Decimal
Pois é! Seria interessante, neste caso, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 = 10 valores
pedir ao seu cliente que tentasse Hexadecimal
0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F = 16 valores
escolher uma das 216 cores seguras
As figuras abaixo ilustram melhor o caso e ainda
utilizadas quando construímos
disponibilizam mais combinações:
páginas na web. É algo semelhante a
Veja a mistura de tons de
escolhermos a cor do nosso novo vermelho com azul, dando
origem ao magenta.
forro de sofá utilizando um
mostruário. Mas que paleta é esta?
Cores seguras, o que é isso? Calma,
vamos por partes.
Na web trabalhamos com cores aditivas. As cores
aditivas trabalham com uma combinação de luzes
Selecionando no menu window a
através de fósforos vermelhos, verdes e azuis. Assim opção color mixer, você pode criar

conhecemos o padrão de vídeo como RGB - R (Red) G várias combinações dentro do


padrão RGB e ainda visualizar o
(Green) B (Blue). E para cada um destes tons você valor hexadecimal correspondente.

pode designar a intensidade com valores que vão de


0 a 255. Uma escala, portanto, de 256 valores.
Em uma página HTML, precisamos trabalhar com
o código hexadecimal (base 16), por isso, normal-
mente, quando desejamos determinar que a cor de
fundo em nosso site vai ser azul, utilizamos <body
bgcolor=”#0000ff”>. Como podemos ver, utilizando valores
No exemplo acima, os dois primeiros valores são hexadecimais temos valores de 00 a FF para tons de
somente para tons de vermelho, os dois zeros se- vermelho, 00 a FF para tons de verde e 00 a FF para
guintes, são para tons de verde e os dois últimos (ff) tons de azul. Lembra que eu disse que trabalhávamos
valores são para tons de azul. Neste caso, não tere- com 256 valores de Red, Green e Blue (RGB)?
mos tons de vermelho e nem mesmo tons de verde, Agora, multiplique 16 x 16 (já que hexadecimal é
somente tons de azul. Sendo assim, nossa página fi- uma numeração de base 16). Bingo!!! 256.
cará com a cor de fundo azul.

52
tutorial
“Então, Gustavo, se eu desejar trabalhar com Agora desenhe um retângulo com uma cor qual-
ABCDEF ou 123456 como valor de cor no meu site, eu quer de preenchimento e no inspetor de proprieda-
posso?” des clique na opção fill color.
Não é o ideal L! Infelizmente assim como temos
problemas com fontes na internet, pois nem todos os
computadores possuem aquelas fontes maravilhosas
que vêm no CD do Corel Draw ou de qualquer outra
ferramenta, também possuímos este tipo de proble-
ma com cores, pois nem todos os sistemas e seus na-
vegadores reconhecem as cores da mesma forma.
Portanto, devemos ter cautela na utilização da pale- Observe que todas as 216 cores são, na verdade,
ta de cores, pois a cor pode ser vista de uma forma uma combinação de valores hexadecimais 00 33 66
em um MAC, outra no PC (Windows) e uma outra no 99 CC FF. Ou seja, criando uma combinação destes
PC (LINUX). tons, você sempre terá uma cor segura para trabalhar
Destes 256 valores utilizados no RGB, normal- nos seus projetos.
mente trabalhamos com 216 cores e existem 40 adi- Cuidado! Nem todas as imagens e fotos que você
cionais que diferem de plataforma para plataforma e for utilizar em seu site devem estar, necessariamen-
normalmente são utilizadas pelo sistema operacional. te, dentro destes valores de cores seguras. Normal-
- “Ótimo! Mas como eu sei quais são as 216 cores mente as cores seguras são utilizadas para a
seguras para a web?” Muito simples. Vamos ver na codificação HTML (cores com valores hexadecimais,
prática: abra o Flash e selecione no menu window a como links e cores de fundo) e imagens com cores
opção color swatches. Selecione o menu deste painel sólidas. Evite utilizar esta paleta em fotos e imagens
e escolha a opção web 216. Pronto, estas são as 216 com efeitos gradientes.
cores seguras. Um bom livro no qual você poderá encontrar mais
informações sobre o assunto é Projetando Gráficos na
Web.3 , escrito por Lynda Weinman. Não esqueça de
avisar ao seu cliente, que o morango amassado, pode
se transformar em “cor de burro quando foge”.

Um abraço e até a próxima.


Gustavo Loureiro
Professor universitário e
MMCP - Macromedia Certified Professional
eu@gustavoloureiro.com

53
interface

Marcello Póvoa
Criou a MPP Solutions, empresa de consultoria estratégica, criação e desenvolvimento em
mídia interativa. Foi Diretor da Globo.com e da IconMediaLab (Nova Iorque) com inúmeros
projetos premiados internacionalmente. Possui Masters of Science in Communications Design
pelo Pratt Institute (NY) e MBA em Administração pela Coppead, UFRJ. É autor do livro
“Anatomia da Internet” (Casa da Palavra).
mpovoa@mppsolutions.com

As Redes Sensoriais
Wal-Mart sinaliza a revolução que vai fazer a internet se multiplicar aos bilhões

Formigas
Um formigueiro é composto por milhões de unidades, leia-se formigas, po-
rém cada uma com uma capacidade bastante limitada de realizar tarefas. Uma
formiga não possui muitas capacidades, executando um número restrito de ações
de orientação, alimentação, defesa, etc. Apesar de “processar” poucas informa-
ções, as formigas trocam dados sobre suas tarefas com suas vizinhas, formando
uma grande rede. Esta interação de milhões de unidades, resulta no entanto em
uma sistema ágil, eficiente e inteligente, que faz do formigueiro como um todo
um sistema sofisticado, com alta capacidade de reprodução, modificação e sobre-
vivência – apesar da simplicidade de cada formiga individualmente.
A idéia
Agora imagine um pequeno computador, do tamanho de um grão, com capa-
cidade de processamento limitada, mas o suficiente para realizar apenas umas
duas ou três tarefas, como por exemplo detectar temperatura, movimento e lo-
calização. Agora imagine dezenas, centenas ou mesmo milhares destes minúscu-
los computadores se comunicando de forma “wireless” (sem fios), passando in-
formação a seus vizinhos, todos entre si formando uma rede. Ao mesmo tempo
um centro de controle, com um poderoso e sofisticado computador fora daque-
le espaço, monitorando a interação desta rede, colhendo suas informações e
chegando a conclusões e ações relevantes – que gerem decisões inteligentes.
Este conceito tem sido chamado de “redes sensoriais” e, apesar de estar ain-
da em fases iniciais, não tem nada de ficção científica. As redes sensorias tem
aplicações altamente práticas e já estão sendo testadas ou usadas por empresas
de diversos setores — e mesmo por militares.
Na real
A revolução dos sensores esta começando com por exemplo, redes de varejo
usando minúsculas placas na embalagem de seus produtos nos centros de distribui-
ção (depósitos). Estas pequeninas placas são uma evolução do famoso “código de
barras”, e que agora respondem a frequências de rádio, num sistema chamado de
RFID (Radio Frequency Identification). Assim, o inventório e logística do estoque
pode ser controlado em tempo real, tanto nos CDs (Centros de Distribuição) como no
deslocamento dos produtos até os pontos de venda. Mais que isso, o produto pode

54
interface
“As redes sensorias prometem uma expansão da
internet em proporções impensáveis com simples e
minusculos computadores”

ser monitorado durante e após a compra, revelando in- fins militares, para controle dos movimentos de tropas
formações preciosas sobre os hábitos do consumidor. e veículos.
Um sistema como esse não só pode prover informações Desafios
de marketing de varejo valiosas, como aumentar a efi- As redes sensorias despontam naturalmente
ciência do controle de estoque, ao mesmo tempo redu- questões conceituais como a invasão da privacidade,
zindo custos significativamente. e questões técnicas como suprimento de energia
A prova pragmática desses benefícios é que o para os sensores (baterias que devem durar anos) e
Wal-Mart , a maior empresa e rede de varejo do plane- software e hardware em escala micro. A Intel tem um
ta, anunciou recentemente que seus fornecedores de- projeto junto a Universidade da Califórnia em Berkley
verão estar compatíveis com o sistema RFID até 2005. para o desenvolvimento de um sistema operacional
Tudo leva a crer que esta sinalização da Wal-Mart que funciona com menos de 8kbytes de memória.
ao mercado é o começo da proliferação massiva de Nas últimas décadas toda a correria competitiva
pelo menos uma das aplicações das redes sensoriais. tem sido por alguns computadores mais e mais sofis-
Qualquer empresa que lide com estoque pode usar o ticados e poderosos. Nos próximos anos, a competi-
sistema, e mesmo animais vivos podem ser controla- ção também será por computadores extremamente
dos via sensores com RFID (pecuária, granjas etc.). simples e minúsculos — e reproduzidos aos bilhões.
Se os sensores forem ligeiramente mais capazes As redes sensorias prometem uma expansão da
em sofware e com uma pequena força computa- internet em proporções impensáveis. A rede pode,
cional, as aplicações das redes sensorias são ainda em última instância, cobrir todos os ambientes do
mais promissoras. Podemos ter prédios controlados planeta com simples e minúsculos computadores que
por sensores distribuídos por sua estrutura, recebem, processam e transmitem dados. Quando
monitorando temperatura, sistema hi- pensamos que estamos atingindo alguma
dráulico, circulações etc. maturidade, percebemos que estamos
Áreas inteiras podem ser moni- apenas engatinhando...
toradas tendo sensores espallhados
pela geografia, permitindo uma
coleção e monitoramento da
informação com fins de
por exemplo, um saudá-
vel controle do ecosis-
tema — ou mesmo para

55
webwriting

Marcela Catunda
Trabalhou nas redes Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e
Globo. Foi redatora da DM9DDB e supervisora de criação de
mídia interativa da Publicis Salles Norton.
marcelacatunda@terra.com.br

www.ondetemisso.com.br?
– Olha, o processo é bem simples: a ração seca é feita com uma máquina
chamada expansor ou extrusor. Primeiro, as matérias-primas são misturadas, al-
gumas vezes são dosadas manualmente, outras vezes com auxílio de um compu-
tador, de acordo com uma receita desenvolvida pelos nutricionistas. Essa mistura
é colocada no expansor e lhe é adicionado vapor ou água quente. A mistura fica
sujeita ao vapor, à pressão e à alta temperatura, para assim sofrer a extrusão. Ela
é “extrudida”, como uma pipoca, através de moldes que definem o formato do
produto final. Entendeu? – diz o cliente.
Se eu entendi? Não. “Nadica de nada”, mas não posso dizer isso para o senhor.
– Então, agora, a Catunda toca o “job”. Valeu, Catunda! – diz meu
interlocutor retirando-me da sala.
E lá estou eu, com uma pilha de embalagens de ração e uma incumbência:
criar para o site do cliente o texto da área “Nosso processo de fabricação”. Vinte
minutos, contados no relógio, se passaram após a reunião, e tudo de que consigo
lembrar é que não como ração.
O que fazer? Os atores fazem “laboratório” para vivenciarem seus persona-
gens. Será que eu teria que viver como um cachorro por alguns dias para poder
entender o processo de fabricação da ração? Mas que diabos, nem o consumidor
final (os cães, nesse caso) se importam com isso....
Algum tempo depois...
Depois de tentar mudar o nome do link de “nosso processo de fabricação”
para: “sabores mágicos”, “receitas auau”, “a gente faz assim e não assado”, e
mais outras atrocidades, desisto de mudar o nome do link e foco no texto.
No dia seguinte...
Depois de passar a noite inteira sonhando com o Beto Carreiro e seus
poodles amestrados, tenho a mais brilhante idéia do planeta: buscar informações
na internet, ou seja, pesquisar.
De repente lá estavam eles em profusão, milhares de links sobre os zilhões
de processos de fabricação de rações, fotos das máquinas, tabelas de calorias,
depoimentos de especialistas e o melhor de tudo: uma entrevista com o diretor
da empresa (isso mesmo, o cliente) explicando tintim por tintim o tal processo de
fabricação da ração. Muito mais do que minha mão frenética poderia anotar nos
poucos minutos de reunião.

56
webwriting
“A Internet me dá caminhos e eu a
alimento com mais um. É assim!
Uma troca quase que imediata”

Nossa! Foram horas de pesquisa, mas cada mi- super www.google.com. Ouço rádios do mundo inteiro
nuto valeu a pena. Peneira aqui, estuda ali, analisa cá no www.radios.com.br. Faço ginástica enquanto nave-
e pronto, entro com minhas idéias, as informações go nos links das lojas de produtos esportivos. Encontro
passadas pelo cliente e em pouco tempo meu texto amigos no www.messenger.com, os mais antigos no
tinha muitas palavras, milhares de toques e mais de www.icq.com e assim vou achando tudo: caminhos, in-
duas laudas. formações, sons e amigos.
Diagramei, revisei, coloquei cores, fotos, gráficos Esse treco é muito bom! Hoje não faço mais nada
de crescimento da fabricação de rações, consumo no sem pesquisar muito, horas e horas. Sempre acho o
Brasil, etc... Amei! Aliás, eu e o cliente. (Amamos). que quero e um pouco mais.
Então tá, então! A pesquisa me ajuda a entender o meu “job” e
O trabalho foi um sucesso e acabamos ganhando um “job” bem-feito me ajuda a conquistar clientes.
todas as outras áreas. Algum tempo depois fizemos o A internet me dá caminhos e eu a alimento com
novo site da marca e mais um bando de mais um. Agora, quem entrar na
coisas. internet pesqui-sando o processo de
www.viciadanumapesquisa.com fabricação de rações vai encontrar lá
Depois que descobri os mecanis- o meu link. É assim! Uma troca qua-
mos de busca espalhados pela rede se que imediata.
não consigo ir ali sem acionar um Se eu continuo sonhando
www.apontador.com.br. Saio atrás com o Beto Carreiro? Eu não.
de informações e acho tudo no Ninguém merece!

Fonte de pesquisa para a abertura: http://www.vegetarianismo.com.br/artigos/fabricacao-racao.html

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58
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marketing

René de Paula Jr.


Especialista em e-business, é um profissional de internet desde 1996, com passagem pelas
maiores agências do país: Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco Real ABN AMRO.
É criador da “usina.com”, portal focado no mundo online, e do “radinho de pilha”
(www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área.
rene@usina.com

O que você esperava?


É simples: dê a mão, logo vão querer o braço. Simple as that. Quer ver?
– Você criou um site? Ótimo! Posso ir lá então e fazer o que eu preciso sozi-
nho? “Mais ou menos”??? Como assim?
– Que bom que tem um “fale conosco”! Vocês me respondem logo? Como as-
sim “mais ou menos”???
Usuários são tão cruéis. Se eles soubessem o trabalho que deu, as guerras po-
líticas, o dinheiro que se gastou, as noites em claro... Eles pensam que é fácil?
Agora respondo eu: pensam. E têm toda razão em pensar.
Basta ele digitar o endereço do teu concorrente e pronto, ali está, no site do
outro ele pode, no teu site não. Por quê?
Nem tente explicar. Eu conheço os bastidores, sei como é. Os usuários tam-
bém não querem saber, de problemas já estão bem servidos, e contam com teu
site para resolvê-los.
Essa impaciência vem de longe, e a culpa nem é nossa. Pense bem: desde sem-
pre tudo o que você fazia no computador era quase instantâneo. Escrever um tex-
to, usar uma enciclopédia em CD-ROM, jogar um joguinho... Se demorava um pouco,
o problema era o teu PC, e a questão era fazer ou não um investimento extra.
Quando a internet entrou na vida cotidiana, parecia mais uma coisa que o
teu computador fazia. Ninguém tinha (e quase ninguém tem) idéia de que uma
URL que você digita, uma conexão discada, qualquer coisa internética passa por
uma corrida de obstáculos ida-e-volta cheia de lodaçais, arame farpado, bandi-
dos, abismos. Para o usuário normal continua sendo mais uma coisa que o com-
putador faz.
A expectativa que já era alta se agravou com o tempo. O usuário vê duas
páginas lado a lado, a da Amazon e a tua. Como você vai explicar a diferença
cavalar? São páginas, enfim.
Nos anúncios de TV, nos outdoors é fácil. Uma bela modelo, um fotógrafo de-
cente, um slogan “a marca X é mais você” e pronto. Ninguém espera nada mais de
um anúncio. Mas qualquer coisa online gera uma expectativa difícil de atender.
É claro que você espera de mim que eu faça mais do que discorrer sobre o
problema. É de se esperar que eu traga soluções, e não mais problemas.
Vamos ajustar as expectativas, então. Em primeiro lugar: a natureza humana
não vai mudar. Essa impiedade é uma condição de contorno do nosso problema. O

60
marketing
“Como você gerencia expectativas?
Jamais prometendo o impossível e sempre
indo além da expectativa criada”

que podemos fazer é levá-la em conta, gerenciá-la, e se um “fale conosco” só funciona se houver alguém que
possível surpreendê-la positivamente. responda. Mas aí já é tarde demais, simplesmente
Um memorável chefe meu dizia: o mais impor- não funciona tão bem como... o Google (outro
tante é gerenciar expectativas. Como você gerencia inflacionador genial de expectativas).
expectativas? Jamais prometendo o impossível e Um vendedor de soluções interativas que diz
sempre indo além da expectativa criada. “Claro! O site pode ter um chat para os clientes VIP,
Gerenciar expectativas não diz respeito apenas claro que sim” pode até fechar o negócio mais rápido,
ao cliente final. Em todo o processo de se construir mas depois vai ter muito que explicar na hora de
produtos interativos, é fundamental que esteja sem- manter o orçamento e, sobretudo, na hora de entre-
pre claro o que se espera de cada um. gar o produto no prazo.
Um layout irresponsável no Photoshop, com lin- Meu conselho: tenha sempre certeza do que
dos botões de “busca” e “fale conosco” podem passar você promete, e entenda o melhor possível aquilo
batido no processo até a hora em que o site vai pro ar, que teu cliente espera. Deixar para descobrir só na
e então se desco- hora H, no clique do mouse, é um risco insano: você
bre que uma boa estende a mão, eles querem o braço, não dá pé e por
busca é um pro- fim... cabeças rolam.
jeto complexo e No digimundo, quem te alcança sempre
custoso, e que espera alguma coisa ;)

61
tecnologia

Abel Reis
Vice-presidente de Tecnologia e Projetos da AgênciaClick, atua há doze anos no
projeto de soluções de mídia interativa. Mestre em Engenharia de Sistemas e
Computação pela COPPE/UFRJ, foi professor do Departamento de Informática da
PUC-RJ de 1988 a 1993. Foi indicado por três anos consecutivos (2000, 2001 e 2002)
pela InfoExame como um dos cinqüenta profissionais de TI mais influentes do Brasil.
atreis@agenciaclick.com.br

Pirâmides, sistemas e gestão


Que diferença há entre erguer uma pirâmide no Egito Antigo e implementar
um moderno e complexo sistema de informações ou um portal de internet de
grandes proporções? Inúmeras, mas duas chamam a atenção: a construção de
uma pirâmide tinha prazos elásticos (gerações) e recursos virtualmente infinitos
(material e escravos, milhares de escravos). O desenvolvimento de sistemas de
software ou portais de média/grande complexidade nos coloca o desafio de es-
pecificar, implementar e testar autênticas obras de engenharia em prazos enxutos
(poucos meses ou anos) e com recursos finitos (orçamentos, plataformas
tecnológicas e equipes de projeto).
É provável que os egípcios usassem formas rudimentares de administração
de suas grandes obras (faraônicas, de fato). A Revolução Industrial, contudo,
trouxe nova exigência: eficiência. A partir do século XIX, com o advento dos con-
ceitos de Administração Científica e a introdução de controles e previsibilidade
nas organizações, inicia-se a formalização de práticas e ferramentas de adminis-
tração de projetos. Contudo, são os programas militares e espaciais americanos
iniciados nos anos 50, os grandes impulsionadores da disciplina de Gestão de
Projetos. Em última instância, práticas bem-definidas e sistemáticas de gestão de
projetos visam a garantir que objetivos claramente estabelecidos entre contra-
tante e contratado sejam atingidos em prazos aceitáveis (para ambas as partes),
com alocação ótima de recursos. Ou seja, tempo e dinheiro são recursos escas-
sos e, como tal, devem ser administrados. Neste sentido, escopo, prazo, recur-
sos, riscos e comunicação são fatores críticos cuja administração ao longo de um
projeto, permitem garantir o alcance de objetivos, minimizando riscos, e anteci-
pando problemas. Vamos aqui nos deter em três desses fatores.
Escopo delimita as entregas (conjunto de funcionalidades ou serviços, por
exemplo, de um portal de internet) que devem ser apresentadas ao final de um
projeto para o cumprimento de seus objetivos. É o mais elementar de todos os
fatores a serem gerenciados em um projeto. Contudo é o mais negligenciado.
Isso decorre quase sempre da informalidade com a qual as referidas caracterís-
ticas são descritas. No projeto de sistemas em geral a falta da especificação téc-
nica para a delimitação e detalhamento de escopo leva invariavelmente a surpre-
sas desagradáveis, para contratantes e contratados.

62
tecnologia
“Muitos desentendimentos entre contratados e
contratantes decorrem de uma visão errada de
que prazo é um alvo fixo. Infelizmente, não é”

Gerenciamento de prazo é uma atividade que de projetos no desenvolvimento de sistemas, onde


envolve monitorar e avaliar os demais fatores de for- internet e intranet são muitas vezes casos desse tipo,
ma a garantir que o progresso físico do projeto está deve caber a contratados, mas também a contratan-
em linha com seu progresso no tempo. Muitos desen- tes. Em particular, escopo, prazo e riscos são fatores
tendimentos entre contratados e contratantes no pro- a serem geridos de forma aberta e compartilhada
jeto de sistemas decorrem de uma visão errada de pelos envolvidos (cliente e fornecedor). No Brasil
que prazo é um alvo fixo. Infelizmente, não é. E por que hoje é possível identificar um movimento nesta dire-
não é? Porque no projeto de sistemas de média/alta ção através da criação de PMOs (Project Management
complexidade há diversas fontes de interferência que Office, instância de auditoria e suporte teórico e prá-
afetam o prazo, entre eles: (a) a dinâmica das orga- tico aos projetos), junto às áreas de sistemas de
nizações e dos mercados (novos requerimentos); (b) grandes empresas. Desta forma, ganha-se enorme
o amadurecimento interno dos contratantes, que re- eficácia e reduzem-se os riscos de chegar a “pirâmi-
vêem definições e necessidades (revisão de requeri- des inacabadas”.
mentos); e (c) a eventual falta de maturidade das
plataformas tecnológicas envolvidas no projeto.
O tema em questão é amplo e haveria muito ou-
tros pontos a considerar.
Todos os pontos aqui considerados aplicam-se
ao projeto de grandes iniciativas de internet ou
intranet. Mas vale por fim lembrar que artigo publicada na Revista Business Standard na edição de Julho de 2003

a aplicação de técnicas de gestão

63
webdesign

Luli Radfahrer
PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão internet de algumas das maiores
agências de propaganda e alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje é Professor-
Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor
independente. É autor do livro design/web/design:2 e administrador de uma
comunidade de difusão do conhecimento digital pelo país.
webdesign@luli.com.br

Ilusões
de como construimos o real e, portanto, não podemos acreditar nele

Nikolay Andreyevich Rimsky-Korsakov era um marinheiro que viveu na se-


gunda metade do século XIX. Não que gostasse da profissão, na verdade seguia
uma tradição de família se tornando Cadete Imperial aos 12 anos. O rapaz tinha
gosto para a música, mas como já naquela época isso não dava exatamente di-
nheiro, acabou por pegar um vapor e correr mundo. Só 15 anos depois é que foi
perceber que a música era importante demais para a sua vida e começou a con-
siderar viver dela. Dois anos depois largou a marinha e correu atrás do tempo
perdido: foi o autor da primeira sinfonia russa – que escreveu quase sem saber
tocar nenhum instrumento – e, aos 44 anos de idade, compôs a suíte sinfônica
Scheherazade , Opus 35.
Ambientada no Oriente Médio e inspirada nas histórias de Mil e Uma Noites,
Scheherazade é quase mágica: apesar do autor dizer que não quis pintar nenhum
quadro específico, só guiar a atenção do ouvinte em lugares em que esteve, a
imagem do Sultão amargurado que quer matar todas as mulheres com quem casa
até ser cativado pelas histórias da mocinha é evidente. Com ela, surgem também
o aroma de especiarias, tapetes voadores, castelos com torres abobadadas,
mulheres misteriosas, véus, dança do ventre, camelos… tudo de sexy e exótico
das “Noites Árabes” (título original das histórias, como traduzido pelo explorador
inglês, sir Richard Burton).
Inspiradora de balés, óperas, peças de teatro, filmes de Hollywood e seria-
dos de TV, essa suíte sinfônica praticamente resume tudo o que conhecemos por
“Oriente” em nosso imaginário. É de uma divertida ironia pensar que foi compos-
ta por um russo no inverno gelado de São Petersburgo. Com um pouco de
discernimento, fica até engraçado imaginar violinos e pausas dramáticas naquele
areal todo, mas aí é estragar o clima.
Clima? Sem dúvida. Quem cria ambientes – sejam eles reais ou virtuais –
depende imensamente da cumplicidade de seus visitantes, sob pena de fazer
papel de ridículo. Pode-se dar o nome que quiser a essas peças de design, mas
elas nada mais são que ilusões cenográficas e, como tal, devem ser esculpidas
com muito cuidado para que não desmorone. Afinal, por mais que haja samba e

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webdesign
“quando bater o desânimo, pense em Shakespeare:
ele também tinha deadlines e propostas irreais.
Mesmo assim, cada verso da sua obra é um espetáculo”

swing no Taj Mahal do Jorge Benjor, ninguém poderá um tempo em um emprego bem sem graça para acu-
levar aquele teteretê a sério como descrição de cos- mular um capital. Se, ao contrário disto, design for par-
tumes indianos. te da sua vida, sugiro reconsiderar: a pressa passa, seu
Mas o que é realmente importante para os portfólio fica. E dizer “ganhei uma bala para fazer essa
artesãos de ilusões (gostou? Tem bem mais charme m…” não vai impressionar ninguém.
que dizáiner , não?) é saber diferenciar a imagem da Por isso, quando bater o desânimo, pense em
realidade e, portanto, saber discernir o que deve ser Shakespeare: ele também tinha deadlines (acredito
mostrado e o que deve ser acreditado. Como trafican- que bem mais mortais que as suas), briefings (não
te de falsos cenários, o profissional não pode ser vi- acredito que o Rei Henrique IV fosse um tema espon-
ciado neles, muito menos dependente deles. tâneo) e propostas irreais (não se tem notícia que ele
Falar é fácil. Com os prazos apertados, a falta de tenha viajado para o Novo Mundo para escrever Tem-
boas referências e gosto dos clientes inversamente pro- pestade). Mesmo assim, cada verso da sua gigantes-
porcional a seu poder de decisão, pensar em cenários ca obra é um espetáculo, a ponto do crítico literário
parece tão irreal quanto fazer uma crítica da Nouvelle Harold Bloom compará-la a uma Escritura sagrada.
Cuisine em um restaurante por quilo. Não poderia ser Acredito que ele será mais lembrado pelas futuras
mais verdade, mas pense: por que você trabalha? Se o gerações que George Soros. Ou Bill Gates. Ou Lênin.
dinheiro for a resposta, a profissão talvez seja errada – Citando o homem, “nós somos a matéria da qual
talvez, como o camara- os sonhos são feitos, e nossa pequena vida, rodeada
da Nikolay, você por um grande sono”. Não crer nisso, num ambiente
deva passar em que a estética anoréxica da moda feminina é
ditada por estilistas gays, só pode ser uma
infantilidade da razão. Para a sua próxima
peça, pense no que Caetano diz em Outro Re-
trato : “Minha música vem da música da poe-
sia de um poeta João que não gosta de músi-
ca. Minha poesia vem da poesia da música
de um João músico que não gosta de po-
esia”. E faça diferente. Para
fazer a diferença.

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