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Sidónio Pais – O Presidente Rei

Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais foi um militar e


político que, entre outras funções, exerceu os cargos de
deputado, de Ministro do Fomento, de Ministro das Finanças,
de embaixador de Portugal em Berlim e de
Presidente da República Portuguesa.

Enquanto Presidente da República, exerceu o cargo de


forma ditatorial, suspendendo e alterando por decreto
normas essenciais da Constituição Portuguesa de 1911,
razão pela qual ficou conhecido com o Presidente-Rei.
Após a conclusão do curso da Escola do Exército matriculou-
se na Universidade de Coimbra, onde se licenciou em
Matemática, disciplina em que se doutorou, naquela mesma
Universidade, no ano de 1898.

Data deste período a sua adesão aos ideais republicanos,


numa altura em que a Monarquia Constitucional Portuguesa
vivia os seus anos finais. Pertenceu à Maçonaria. Foi eleito
deputado à Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a
Constituição Portuguesa de 1911.
Foi nomeado para o cargo de ministro plenipotenciário de
Portugal (embaixador) em Berlim, iniciando funções a 17 de
Agosto de 1912, numa fase em que as tensões internacionais
que levaram à Primeira Guerra Mundial já se sentiam.
Permaneceu no cargo até 9 de Março de 1916, data em que a
Alemanha declarou guerra a Portugal na sequência do
aprisionamento dos seus navios que se encontravam em
portos sob controlo português.
Regressado a Portugal, foi naturalmente engrossar a fileira
daqueles que se opunham à participação de Portugal na
Grande Guerra, catalizando o crescente descontentamento
causado pelo esforço de guerra e pelos maus resultados
obtidos pelo Corpo Expedicionário Português na frente de
batalha.
Afirmou-se então como o principal líder da contestação
ao Governo do Partido Democrático Republicano e de 5 a
8 de Dezembro de 1917 liderou uma insurreição
protagonizada por uma Junta Militar Revolucionária, da
qual era Presidente. O golpe de estado acabou vitorioso,
após três dias de duros confrontos, nos quais o papel
dos grupos civis foi determinante para a vitória dos
revoltosos.
Inicia então a emissão de
um conjunto de decretos
ditatoriais

Discurso na
Câmara
Municipal
De Lisboa

Nesta nova arquitectura do sistema político, que os seus


apoiantes designavam por República Nova, o Presidente da
República era colocado numa posição de poder que não tinha
paralelo na história portuguesa desde o fim do absolutismo
monárquico. Daí o epíteto de “Presidente-Rei” que lhe foi
aposto. Nos seus objectivos e em muitas das suas formas, a
República Nova foi precursora do Estado Novo de António de
Oliveira Salazar.
 
Noutro movimento inconstitucional, a 11 de Março de 1918
por decreto estabeleceu o sufrágio directo e universal para a
eleição do Presidente da República, subtraindo-se à
necessidade de legitimação no Congresso e enveredando por
uma via claramente plebiscitária.
 
ENTRETANTO, EM ABRIL DE 1918 AS FORÇAS DO CORPO
EXPEDICIONÁRIO PORTUGUÊS SÃO CHACINADAS NA
BATALHA DE LA LYS, SEM QUE O GOVERNO PORTUGUÊS
CONSIGA OS NECESSÁRIOS REFORÇOS NEM A
MANUTENÇÃO DE UM REGULAR APROVISIONAMENTO
DAS TROPAS

A contestação social no país aumentou ao ponto


de se viver uma permanente situação de
sublevação. Entra-se então numa espiral de
violência que não poupa o próprio Presidente: a 5
de Dezembro de 1918, durante a cerimónia da
condecoração dos sobreviventes do NRP Augusto
de Castilho, sofreu um primeiro atentado, do qual
conseguiu escapar ileso;
O mesmo não aconteceu dias depois, na Estação do
Rossio, onde a 14 de Dezembro de 1918 foi morto a tiro por
José Júlio da Costa, um militante republicano da facção de
Afonso Costa, instalando-se uma crise permanente que
apenas terminou quase 8 anos depois com a Revolução
Nacional de 28 de Maio de 1926 que pôs termo ao regime.

Atentado na Estação do Rossio Funeral de Sidónio Pais – Dezembro 1918


Biografia de Sidónio Pais
Maria Filomena
Cravo

Luís Abrantes
Santos

ESPAN, 2009

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