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Sa Pea Eyota ic (Preciso? | aw JACK LONDON | S——_S- gc == SS= 7 B at¢ "Conheci Jack London quando fazia uma reportagem sobre a Amazon.com no come¢o de 1997. Surpreenderam-me dois fatos. O primeiro era Jack ser homénimo do escritor (e af, diz ele, Jack London verdadeiro é 0 brasileiro, ja que 0 outro era pseudénimo de John Griffith). A segunda surpresa era ja haver no Brasil um doido que queria imitar Jeff Bezos, numa época em que poucos davam bola para — ou sequer sabiam quem era — Bezos. Algum tempo depois, Jack venderia a Booknet, sua copia confessada da Amazon, e se tornaria uma das primeiras pessoas a ganhar dinheiro de verdade com a Internet no Brasil. Mas, com 0 perdao dos mercantilistas de plantao, dinheiro nao parece ser a preocupagao central na vida de um cingiientao de cabelos brancos com filhos ja criados. Acima dos negécios que administra na Internet, Jack se tornou com o tempo uma espécie de farol de milha da rede no Brasil, capaz de enxergar além da gangorra aciondria que faz a alegria de meia-duzia de videntes de ocasiao. Para mim, é claro, ele sera sempre o filho da vizinha dos meus avés no bairro carioca do Méier (coincidéncia que descobrimos anos depois, 4 custa de muita conversa). E representa uma espécie de lembrete de que s6 se cria o futuro mais espetacular com aquilo que se escolhe guardar do passado." Helio Gurovitz Editor, Exame JACK LONDON ——-—-—— Navegar | é Preciso? < ): :Z &. aN 2 EE. —— 0 EDITORA APILIADA Preencha a ficha de cadastro no final deste livro e receba gratuitamente informagées. sobre os langamentos e promogées da Editora Campus Consulte também nosso catélogo completo e Ultimos langamentos em www.campus.com.br © 2001, Editora Campus Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 5.988 de 14/12/73. 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Cantico das palavras mortas 21 D.[ Liv¥o>, frbvoee e Ford) . Afinal, o que € a Internet brasileira? 29 . A Web faz dez anos 46 . Vendaval 50 . Viva a banda larga! 53 - Noticias da vida 56 CNA A ARWHN Parte 2 - Verdades e mentiras 1. Meu querido IPO 61 2. A luta do século 65 3. .br, ame-o ou deixe-o 68 4. Ds 6. ae 8. Consumo de informagao 71 Hack mir nicht in tchainik 74 Tempo e valores 77 Tropecos e solugos 80 Jack London: uma biografia 83 Parte 3 - A crise e as oportunidades CN HAHA PWN Be . Para onde vao as géndolas? 89 . Eu gasto, tu gastas, ele gasta... 98 . Onturai, ternete? 101 . Moderna tradigao 103 . Seguranga na rede: para quem e contra quem 106 . Todo fim é um comego 110 . Uma empresa veloz 113 Ber . Tech cities 117 < ’ Parte 4 - Rir é a melhor doenga CN DRA PWN BR . Nosso querido vernéculo 123 . Cinco sugest6es para o ministro 125 . Hackers & Crackers 128 - Morbidez e ironia 131 -O plPOqueiro 135 . Um mercado fundido 138 . Um pafs de babacas 142 . Manifesto a nagao 145 Parte 5 - O futuro, sem biissola e sem mapas de navegacao 1. Mudanga e repouso 149 2. A Amazon é um anacronismo? 153 3. Como disse? 156 4. A conexdo Geneve-Massaranduba 158 by 6 7. 8 Da Europa ao Alabama 161 . Pré-histéria e cotidiano 164 . Patentemente absurdo 167 . Me invade, me invade, me invade... 170 Parte 1 Alto mar Viver a mudanga Decdlogo para um novo tempo Céntico das palavras mortas Afinal, o que é a Internet brasileira? A Web faz dez anos Vendaval Viva a banda larga! Noticias da vida 1 Viver a mudanca Viver a mudanga é como estar no olho do furacdo, nao se sabe onde vamos aportar, mas nao ha como se esconder do barulho e do vento. No limiar do século XXI, estamos efetivamente reconhe- cendo a existéncia de um novo paradigma, que j4 mudou nossas vidas e ainda ira mudar muito mais. Falo da sociedade da infor- maca4o, da ferramenta que est4 gerando uma nova economia e de seu aspecto central, a Internet. Antropélogos citam como primeiro registro de alfabeto es- crito uma anotagdo feita na cidade de Uruk, na Suméria, ha cer- ca de 5.000 anos. Nao era um poema, nao era uma declaragao de amor, n4o era um texto literdrio, Era uma anotagao contabil, dos estoques de graos acumulados por ex-némades, cidadaos agrupados em torno do Rio Eufrates, na Mesopotamia, onde tudo comegou. Naquele momento, a meméria humana, até ent4o usada para arquivar informagées, foi superada pelo primeiro software a ser usado em massa pelos humanos. De |4 para c4, muitos novos processos de armazenamento e recuperagao de informagées fo- 11 ram criados pelo homem, e todos mudaram o mundo, a forma de viver, a economia, os usos e os costumes. Nao haveria a Revolug4o Industrial, a idéia da sociedade moderna, de produgdo e consumo, de cidadaos e seus direitos, sem a prelo mével e a imprensa. Nao haveria empresdrios e empresas sem aquela nova tecnologia, criada ha cerca de 500 anos. Dividir hoje o mundo empresarial em duas metades j4 é uma visio anacr6nica. J4 nao ha mais empresas-internet e empresas- n4o-internet. Todos os ramos da produgao industrial, do comér- cio e dos servigos j4 foram modificados pela nova realidade de desempenho e eficiéncia que a Internet trouxe. Nao falo de empresas criadas a partir da Internet, mas de empresas tradicio- nais que, ao usar as novas ferramentas, mudam seu destino. Destaco a G.E., hoje a empresa mais admirada do mundo, e recentes declaragdes de seu CEO, Jack Welsh: “Sem diivida, é a maior revolugao nos negocios de toda nossa vida. Ela vai mexer nas relagdes com funcionarios, nas relagdes com a clientela, nas relagdes com fornecedores. Até o final do ano 2000, todos os nossos fornecedores deverdo estar operando na Internet ou nao estarao mais fazendo negécios conosco.” Repito: nao sao palavras de um jovem empresério califor- niano, mas de Jack Welsh, considerado hoje o executivo nime- ro 1 do mundo. A Internet vem produzindo riqueza, promovendo o cresci- mento econdmico, criando empregos qualificados e espalhando prosperidade. Previsao feita por especialistas estimou em 250.000 Os novos empregos que esta 4rea ira criar no Brasil nos proxi- mos trés anos, com saldrios médios cerca de 150% acima de qualquer outra Area de servicgos. Nos EUA, estd-se atribuindo 4 Internet 0 controle da infla- ¢4o0 apesar do extremo aquecimento da economia. A Internet cresce rapidamente, reduz o custo das empresas e aumenta a competitividade. Esta nova economia gera precos mais baixos e promove crescimento econémico deflaciondério — uma novida- 12 de na teoria econdémica. Neste novo cendrio econémico, ha pouco lugar para regras excessivas, centralizagao econ6émica e gover- nos onipotentes. A oportunidade que temos hoje é a de gerar uma nova era de crescimento onde o mercado cria prosperidade. O Brasil tem a chance objetiva de ser um grande ator neste novo mundo. Te- mos tecnologia desenvolvida na area, temos um mercado de usud- rios da Internet que é maior do que a soma de todo o mercado restante da América Latina. No entanto, é preciso que se com- preenda que todos os negécios vao mudar. Se vocé é uma dessas pessoas com aversao a tecnologia e que sempre olha com des- dém e com ar blasé qualquer novo sistema de informagao, ou os compara aos jogos de uma crianga, vocé e seu negécio estao em risco. Indistrias, bancos, servicos financeiros, empresas de comu- nicagao, de produgao e de comercializag4o agricola e de pecua- ria, o botequim da esquina e o pipoqueiro. Todos estamos no mesmo barco e se vocé acha que o seu mar nao faz marola, € porque seu casco esta encalhado num imenso atoleiro e seu ins- tinto de preservacao esta ofuscado pelo seu enorme medo de mudangas. Todos os exemplos de utilizagdo da tecnologia em larga es- cala no Brasil tém-se revelado sucessos estrondosos. Falo da elei- ¢4o informatizada, do Imposto de Renda via Internet, dos ban- cos online. A cada novo dia, um novo problema, antes insoltivel e muitas vezes caracterizado como “heranga cultural brasileira”, € sepultado — simplesmente sepultado — pela utilizagao criati- va e decisiva da tecnologia. Temos a chance de estar nesta nova economia como um de seus lideres, mas o tempo — este deménio solto no redemoinho do meio dia — pode, outra vez, ser nosso algoz. Ou fazemos este novo tempo ja, agora, ou continuaremos a nos lamentar, séculos afora, rumo ao nada. 13 2 Decdlogo para um novo tempo Reece recolho fragmentos de textos e proponho uma nova liturgia, um dec4logo para um novo tempo. Sé 0 futu- ro diré que caminhos estas novas pedras da lei trilharao. 1. Uma nova economia para um mundo em rede A economia global mediada eletronicamente é 0 maior e mais complexo e flexivel sistema jamais criado pelo homem. Dois séculos de industrialismo expandiram a produtividade em todo o mundo, organizaram as comunicagées em nivel global e inspi- raram geracées de homens e mulheres a investir em educag4o e aprendizado. Este processo gerou a propria superagao e o fim da era industrialista, criando as bases para o grande salto que estamos a empreender: a sociedade da informagao. Em vez de fazer “coisas”, fazemos “escolhas”. A nova economia nao procura estabelecer ym universo pa- ralelo: ela salta diretamente dentro dos maiores centros vitais da economia. As pessoas e as empresas da nova economia — de Bill Gates a programadores em Katmandu — sao a vanguarda 14 revoluciondria global de hoje. E esta mudanga se processa lite- ralmente a velocidade da luz. Até onde ird esta revolugao? A resposta € a mais ousada possivel: vocé ainda nao viu nada. 2. Cadeia de informagées: Dados, informagées, conhecimento Ao contr4rio dos humanos, nem todos os bits s4o criados igualmente. Alguns armazenam dados iteis, outros sao marcas fortuitas numa pdgina, lixo num disquete. Digeridos pela men- te humana, os dados viram informagées — mensagens que al- teram nossa maneira de pensar sobre o mundo. O conheci- mento € um passo mais adiante: ferramentas mentais que dao sentido a tudo, um conjunto de conceitos desenvolvidos sobre o mundo. Uma vez que as informag6es sobre 0 mundo esto nas pon- tas dos dedos de todos, 0 tinico elemento que hoje distingue os ricos e poderosos dos que simplesmente se esforcam é 0 que est4 em suas mentes — 0 conhecimento de quais informagdes pedir e de como colocé-las para funcionar. O conhecimento é 0 que faz de meras informacées, inteligéncia operativa, valor agre- gado. 3. Inovag4o: A Gnica fonte de crescimento sustentavel A inovagao constante foi durante bastante tempo relegada como componente vital para economias saudaveis, e as empre- sas em geral copiavam processos ja existentes ou, a partir de uma grande inovagao, vegetavam durante anos na exploracéo daquele momento criativo. A fulminante expansdo da tecnologia de informag4o alterou a natureza da vantagem competitiva. Esqueca o mundo estavel, 15 empresas com reserva de mercado e dominio tecnolégico dura- douro. A tinica certeza que um empresdrio deve ter hoje é de que nao ha mais certezas. O principal desafio € “possuir” um problema que precisa ser resolvido — para criar uma nova com- preensao do mundo ou uma nova relagéo com os consumidores. Para criar valor, vocé precisa de respostas certas; para continuar a criar valor, vocé precisa de dtividas corretas. 4. Capital intelectual: A soma do que vocé sabe € 0 que vocé é Hoje, a parte mais valiosa de qualquer empresa € 0 capital intelectual que todos os dias circula dentro e fora dela. O co- nhecimento de trabalho que as pessoas carregam em suas men- tes — conhecimento de produtos, de consumidores, de como trabalhar junto e assim por diante — é o capital intelectual de uma empresa. Os puristas perguntar4o se isto deve ser estritamente chama- do de capital. Pessoas nao podem ser compradas e vendidas e nao podem ser caracterizadas como ativo fixo ou imobilizado. No entanto, o fator crucial para qualquer empresa é a certeza de ter a equipe certa. Se conhecimento é valor, este pode e deve ser traduzido diretamente como capital de investimento, para pani- co e desconforto dos puristas. Se o conhecimento € 0 maior bem real, por que nao administra- lo como qualquer outro, ou acima de qualquer outro? Felizmen- te, o conhecimento nao € um bem inventariével — nao pode simplesmente ficar no armazém até ser necessario. E preciso que seja mantido atualizado, relevante e vivo. No infcio deste século, quatro quintos de todos os trabalha- dores do mundo conseguiam seu sustento fazendo coisas; hoje, 50% conseguem seu sustento tomando decisées, fazendo esco- lhas. Esta alteragao trouxe prosperidade e padrées de sustento com os quais nossos av6s jamais poderiam sonhar. 16 5. Bens intangiveis: O que vale e o que nao vale Os bens intangiveis sao o maior quebra-cabega da nova eco- nomia. Os mercados passam a sentir a necessidade de avaliar bens que o procedimento contdbil convencional nao consegue mais alcangar. As informag6es se tornaram o bem mais valioso na nova economia, e a informagao esta no centro do rol dos bens impalpaveis. Como decidir precisamente como os bens baseados em co- nhecimento podem ou devem ser avaliados? O marketing é um investimento na construgéo de um bem ou somente outro custo ao fazermos um negécio? O desenvolvimento de softwares de- veria ser contabilizado como um investimento ou, como a maior parte das empresas hoje fazem, como uma despesa? Céd:gos centendrios de contabilidade e a velha Teoria das Partidas Do- bradas observam o olho do furacdo e nao arriscam respostas. Siléncio, € tempo de mudanga 6. Onipresenga: Esteja 14 agora As redes colocam constantemente todos em contato com todos. Isso significa que vocé pode vender qualquer coisa em qualquer lugar para qualquer pessoa a qualquer momento. Numa economia de rede, o sucesso acontece para aqueles que estac no tempo certo no lugar certo: quando o desejo desarticulado do consumidor — a urgéncia, digamos, de comprar um livro ou de negociar algumas agdes — torna-se uma demanda real, um de- sejo realizdvel. Onipresenga: esteja 14 agora. 7. Coopeticao: O que vocé sabe nao pode feri-lo Aprenda este novo termo: coopetigao. Se for necessrio de- talhar o sentido da palavra, talvez vocé ainda nao esteja prepa- rado para absorvé-lo. Se vocé j4 o compreendeu pela etimologia da palavra, vocé jA deu o primeiro passo nesta nova diregio: 17 informagées fluindo livremente — transparéncia — é a chave para mercados e empresas eficientes. Para pequenas e médias empresas, 0 mistério pode ser fatal. Com a disseminagao da Internet, as empresas estao compreen- dendo que os beneficios da troca de informagées — com consu- midores, fornecedores e mesmo competidores — levam a um novo patamar, o da coopetigao. A nova economia é coopetitiva e integrada. 8. Destruigao criativa Destruicao criativa € 0 grito dos Davis de hoje derrubando os Golias corporativos. O termo capitalismo de mercado entrou no léxico através do economista Joseph Schumpeter, no comego do século XX. Schumpeter, no entanto, avaliou que a suprema- cia tecnolégica poderia levar a uma sociedade fechada, de do- mjinio monopolista. Em seu livro mais conhecido, Capitalismo, socialismo e democracia (1942), ele enfatiza esse medo e sua angistia pelo futuro do mundo. Schumpeter, que morreu quando os computadores ainda ocupavam grandes salas, nao chegou a avaliar a era digital e seu principal conceito: destruig&o criativa e inovagéo como tnica fonte de crescimento sustentavel sdo'a garantia de um mundo cada vez mais interessante, intrigante, complexo e inteligente. 9. Personalizaga4o de massa: O mercado é vocé A Era Industrial criou duas categorias de consumidores. As mercadorias podiam ser produzidas em massa, padronizadas e baratas. Ou podiam ser feitas sob medida, diferentes e caras. A Era da Informagao — e o advento das ferramentas controladas por computador — deixa os consumidores com direito a usu- fruir de ambas as formas: prét-a-porter ou self-service, automa- tizadas ou pessoais. A nova questdo é saber se as pessoas sao capazes de escolher — e 0 que elas vao querer escolher. 18 Para a maioria das pessoas, exercitar a liberdade de escolha € ainda um dificil exercicio, mas deverd ser, cada vez mais, um aprendizado constante. ~ Apersonalizagao em massa alimentar4 o que foi chamado de desindustrializagao da economia conduzida pelo consumidor: status crescente para tudo o que pode ser fornecido de forma personalizada, mas em larga escala. Ovas de esturj4o, vasos Ming, massagens para corpos exaustos, livros eletrénicos. 10. Gerando o futuro Estamos a gerar o futuro. Novas gerag6es, jA criadas dentro dos conceitos da Era Digital, apostam suas economias em em- presas que estar4o sdlidas daqui ha vinte anos, e nado mais em empresas que estavam sélidas vinte anos atr4s. Trata-se de uma fenomenal e incontida aposta no futuro, no bem-estar da huma- nidade, no conhecimento, na tecnologia como base para uma nova sociedade, mais aberta, mais transparente, sem fronteiras, sem guetos e sem burgos podres. Sem empresas misteriosas, com metédos de gerenciamento arcaicos e superados. Nao se trata de criar uma nova crenga, nesta ou naquela tecnologia. A Internet de hoje sera em breve comparével ao tele- fone de manivela da década de 1920. Trata-se de apostar na inovagdo, na transformaca4o do desejo em multiplicidade de es- colha, na construgao de uma sociedade em que o conhecimento extinga a barbarie e na qual o saber, a voliipia do conhecimento, seja o principal capital disponivel, e que este se torne cada vez mais abundante. “Quanto mais saber, mais empreendimentos, mais opgées, mais liberdade individual de escolha — e menos ignorAncia, conflitos e preconceitos. Nenhum muxoxo, nenhum nariz torcido pode conter este processo. Os que resistem hoje s4o os que mais sofregamente correrao amanha em busca de seu espago. 19 Boas-vindas ao mundo do hipertexto, da coopeti¢ao, da so- ciedade do conhecimento, sonho de todos os profetas, de todos os santos e de todos os homens de boa vontade. Amém. 20 3 C4ntico de palavras mortas Pratio descreve em Phaedro o episédio em que Hermes, tendo inventado a escrita, leva a novidade ao faraé Thamus. Excitado, aponta as vantagens da inveng’o, que poderia ser chamada de mAquina da memoria e que faria o homem jamais esquecer uma informagao. O faraé, desapontado e cético, responde: — Arquive o projeto, Hermes, a meméria é um grande dom, que tem que ser sempre cultivado. Com essa invengio, as pes- soas lembrardo de coisas nao por esforgo interno, mas apenas por influéncia externa, deletéria e perigosa. Victor Hugo, em uma de suas criagées inesqueciveis, descre- ve 0 personagem do padre Claude Frollo, em plena Notre Dame de Paris, mais de mil anos depois do faraé, apontando as ima- gens pictéricas de sua catedral e depois voltando o dedo acusa- dor para um livro, afirmando: — Ceci tuera cela. @ Antes dos processos de impressao em série, os manuscritos eram reservados a uma elite de pessoas letradas, e para a multi- dao 4grafa bastavam as imagens das catedrais, espécie de perma- 21 nentes e imutdveis imagens televisivas encarregadas de, pelo exemplo, educar os povos. @ O que Victor Hugo nao narra, mas € citado em manuscrito atribuido a Sao Joao Latrao, € o movimento deflagrado pela Guilda dos Umbiliqueiros, aparentemente em finais do século XV, propondo a interdic4o dos prelos e a condenagao dos cha- mados livros, pelo seu efeito nocivo sobre a cultura dos cédices e sobre a indistria dos umbilicos, que, segundo eles, colocava em risco a cultura ocidental. Nao havia melhor maneira de guar- dar nossa preciosa heranga cultural do que a avangada técnica dos cédices trangados entre si com linha de tripas de carneiro ajustados em torno de umbilicos de madeiras nobres. HA notici- as de muitos semindrios sobre o assunto no comego do século XVI, todos encerrados com a grata e clara revelagao de que os cédices nao morreriam jamais e de que os chamados livros seri- am problema, se o fossem, para outras geracOes. Na década de 1960, McLuhan escreve A galaxia de Gutemberg, onde afirma que a maneira linear de pensar o mun- do, institufda pela invengao do livro, ser4 substitufda pelo mun- do fragmentado das imagens, especialmente pelo zapear da tele- visao.JNaquele momento, mais uma vez, era um dedo apontado para dois alvos, e a repetigao da frase, que certamente é sempre mais contundente e poética em francés: — Ceci tuera cela. Hoje, milhares de anos apés a frustrante conversa de Hermes com seu fara6, aqui estamos, a refletir sobre uma nova civiliza- ¢40, a Galdxia dos hipertextos,)Se a tela da televisao pode ser considerada uma janela para um mundo que alguém seleciona e manipula em nosso nome, o hipertexto é uma abertura infinita de horizontes, ampliando, de maneira dramatica e radical, as possibilidades da (o futebol, quando um técnico esta “prestigiado” por seus di- rigentes é sinal de que uma crise se avizinha. Quando os resub- tados sao tranqitilizadores nao hd necessidade de reafirmag6es de prestigio. alavra, do conhecimento, da informagao. 22 Ao passarmos a discutir com tanta assiduidade a cultura do papel, repetimos a alegoria futebolistica. Ou melhor, aponta- mos para os dois objetos e fazemos um esforco para afirmar, nao sem alguma inquietagao: — Ceci ne tuera pas cela. @ Ao longo dos séculos outra discussao, paralela a esta, desen- rola-se com regularidade. De um lado, visiondrios delirantes, a antecipar processos e praticas; de outro, nobres e resistentes defensores das velhas tradig6es, quase sempre cobertos pelo manto da raz4o, da l6gica cartesiana e da defesa de princfpios. @ Gutemberg, com sua m4quina de reproduzir palavras, foi uma das vitimas desse processo,) Acossado por seus pares, che- gou a destruir seu primeiro invento, abalado pelo argumento de que se nao havia homens letrados, nao havia porque reproduzir textos em massa. @ Naquela época, segundo relatos, havia 9.000 letrados em toda a Europa. Era, como diriam os economistas de agora, um caso de demanda zero, mercado nulo, Cingiienta anos apés a disseminagio do prelo, havia mais de oito milhées de leitores no Velho Continente de aproximadamente 40 milhées de habi- tantes. O livro existiu antes dos leitores. @ Nocomego 0 século XX, Henry Ford repetiu a histéria, pro- pondo a massificagao da construgao de veiculos a motor e teve seu projeto rejeitado por bancos, investidores e economistas. Nao havia estradas e nao havia motoristas. O carro veio antes das estradas e dos motoristas. Ford, como Gutemberg e tantos outros, tinha razao. O hipertexto veio antes dos hiperleitores, e como sempre a hist6ria se reproduziu. Hoje, menos de dez anos depois da en- trada em cena do hipertexto, o ntimero de hiperleitores jA se aproxima do nimero de leitores. Em 1998, pela primeira vez na hist6ria do mundo, a comunicagéo em papel deixou de ser a forma mais habitual de contato entre os seres humanos. O volu- me de cartas manuscritas € hoje menor do que o de e-mails tro- cados por hiperleitores. Os Correios em todo 0 mundo se 23 readaptam para serem servicos de entrega de encomendas e nao de papéis escritos. No Brasil, o Sedex passa a ser a prioridade dessa organiza- cdo, que estima que o servigo de entrega de cartas sera em breve seu menor negocio, deficitério e de cunho social, que sobrevive- r4 apenas enquanto sobreviverem a miséria, a pobreza e o anal- fabetismo. Fernanda Montenegro, com sua comovente Dora de _Central do Brasil podera em breve estar a frente desses servigos. Assim como o século XX dividiu o mundo em letrados e iletrados, 0 século XXI ira dividi-los entre hiperleitores e tecnodgrafos. | * Mais uma vez, os apressados refarao a pergunta: O hipertexto destruird o livro? A resposta, como sempre, € nao. Ceci ne tuera pas cela. Convivemos hoje com 0 teatro, com 0 cinema, com a tv aber- ta, a tv por assinatura. Ps Convivemos com a pintura, com a escultura, com a gravura, com a arte conceitual e com a fotografia. Convivemos com 0 canto gregoriano, com a miisica de ca- mara, com as sinf6nicas, com as bandas e os grupos de rock e de miisica popular. Convivemos com os cédices, com os livros impressos em papel e com o nascimento do livro eletrénico. No entanto, uma avaliagéo no tempo e no espacgo mostra que muita coisa mudou. Ha cerca de noventa anos, entre os brasilei- ros que safam de suas casas para assistir a um espetdculo, 100% escolhiam o teatro. Sessenta anos atras esta proporgao se reduziu para 28%, a maioria escolhia o cinema. Hoje, a televiséo ocupa 90% dessa faixa de consumo de informag6es € 0 teatro menos de 1%. Nada matou o teatro, mas tudo mudou para o teatro. Repita esse mesmo raciocinio em relacao 4 pintura e a foto- grafia, entre o canto gregoriano e a axé music, e chegaremos ao livro eletrénico. Durante um recente simpésio sobre o futuro dos livros rea- lizado na Universidade de San Marino, Regis Debray observou 24 que a civilizagéo judaica se autodenominou O Povo do Livro e baseou sua sobrevivéncia neste conceito porque era um povo némade. Nomades nao podem perpetuar sua cultura em obeliscos, palacios e piramides. @ O livro, m4quina resultante do engenho humano, tem no fato de ser portatil um de seus maiores atributos. Segue-nos na praia, num jardim, num cémodo qualquer da casa, no fundo do bati do imigrante. O livro também possui outras caracterfsticas peculiares: é leve, facil de manipular, facil de guardar, suscetivel a anotagées, possivel de ser catalogado e com métodos de re- produgao industrial j4 bem desenvolvidos. Alguns chegam a enaltecer seu cheiro, seu aspecto ltidico e 0 tato sedoso das pigi- nas como fonte de prazer sensorial. Nenhum computador, com suas telas estaticas, pesadas, cin- tilantes, pode se ombrear ao prazer da leitura do papel. Ao que tudo indica, nao podia. O livro eletrénico, langado no final de 1998, tem as seguin- tes caracteristicas: — € portatil, como o livro; — é leve, como o livro; — € facil de guardar, como o livro; — € suscetivel de anotagdes, como 0 livro; — pode ser catalogado, melhor do que 0 livro. Estranhamente, o novo objeto tem ainda as seguintes carac- teristicas a mais: — reprodugdo ilimitada e nao industrial, mas eletrénica e imediata; — ilimitada base de textos para acesso. No Brasil, em 1998 foram editados cerca de 50.000 livros e criados cerca de 5 mi- lh6es de textos cientfficos, técnicos e literarios, jamais publi- cados. — iluminagio prépria, dispensando abajures, brigas domés- ticas entre casais e ignorando solenemente apagées em geral; —capacidade para armazenar 4.000 paginas de cada vez, ou seja, cerca de quinze livros; 25 lwre — autonomia do leitor para a escolha de tipo e tamanho de letra no qual deseja ler o livro; — capacidade de selecionar textos a partir de palavras-cha- ve de pesquisa; — porta de entrada para hipertextos via Internet. Como objeto lidico e sensorial, deixo aos futuros hiperlei- tores a tarefa de descrever prazeres tacteis e olfativos do chama- do e-book. O livro eletrénico ainda engatinha, mas como todos os pro- dutos desta Era Digital, muito em breve estar4 de pé e cami- nhando aceleradamente. Mais uma vez a pergunta: — Ceci tuera cela? Antes de responder a pergunta, algumas informagées, para os que respondem antes de refletir: — Acirculagao de jornais didrios vem caindo aceleradamen- te no mundo inteiro. — A obtengio de informagées via Internet esta se tornando indispensdvel em todos os niveis de ensino na Europa e nos Es- tados Unidos. — Ha cinco anos, nenhum livro era vendido através da Internet no mundo; ha dois anos, menos de 1%; em 2000, cerca de 8 a 10% das vendas de livros no mundo acontecerao via Internet. — Um dos setores mais importantes do mercado grafico e editorial em papel fecha suas portas em breve. Num acordo que retine todas as grandes empresas do setor, nao haver mais enci- clopédias impressas em papel a partir do ano 2000 em lingua inglesa. Daf em diante, apenas edigées em CD-Rom e acesso via Internet. Com pouco mais de dez anos do surgimento da via eletrénica para guarda e recuperacao de informagées, encerra- se um ciclo da histéria humana: a impressdo de enciclopédias em papel. Nao se trata de comemorar ou lamentar essa noticia que, alias, recolhi num veiculo impresso, em papel. 26 Ao longo da histéria do préprio papel, muitas outras mortes foram anunciadas. No excelente texto de Ana Virginia Pinheiro, puss A cultura do papel, encontro a contradi¢4o entre o pergaminho e o papel, aquele descrito como suporte do sagrado, enquanto este é plural, profano e mutante. E, mais adiante, a constatac4o de que, nos mosteiros, 0 livro em pergaminho nao era copiado para ser lido, a acumulagao do Saber constitula um bem patrimonial da comunidade. Jé em oposigao, o papel, vulgar e barato, conhecido por muito tempo como pergaminho-de-trapo, deu origem até mesmo aum poema andnimo do século XVIII: “trapos fazem papel/papel faz dinheiro/dinheiro faz bancos/bancos fazem dfvidas/dividas fa- zem mendigos/mendigos fazem trapos”. No pergaminho, o sagrado e o bem patrimonial; no papel, a vulgaridade e a ruina. Depois de tantos séculos e de tantas discuss6es, quem sabe nao € hora de ensarilharmos os dedos apontados para cima e para baixo e de constatarmos que, acima da cultura deste ou daquele papel, imorredoura ser a palavra. Esta sim € a base de nossa cultura, de nossa identidade, do ser como humano. Ea palavra nao escolhe intérpretes exclusivos, nem escolhe a prépria matéria. Pode ser a meméria humana, como queria o faraé e como quis Sécrates, cujo pensamento jamais foi impres- so. Pode ser em borra de seda como quis o inventor chinés do primeiro papel. Pode ser em cédices envernizados como quise- ram os templarios. Pode ser em papel industrial de alta qualida- de como temos hoje ou em papel reciclado. Pode ser em forma de bits e nao de aparatos grdficos. Daqui ha alguns séculos, € possivel que os homens estejam novamente reunidos para rediscutir a questao do suporte da palavra, e para, mais uma vez, repetir a questéo: — Ceci tuera cela? E novamente a resposta sera nao, ou sim e n4o, ou sim, mas nao agora. 27 Pessoalmente, gostaria que, a qualquer tempo, uma surpre- endente tradicao judaica fosse reproduzida. Poucos sabem que a Tord, 0 repositério religioso recitado em todas as sinagogas do mundo sdbados apés sdbados, é um cédice em forma de rolo, arrematado por dois umbilicos trabalhados e entalhados. Ha _portanto no mundo, ainda hoje, milhares de cédices em uso cor- rente € sem perspectiva de aposentadoria visivel. Porém, o que menos pessoas ainda sabem € que, do ponto de vista religioso, a Tord, o repositério das palavras, € considerado um ente, um ser vivo. E como todo ser vivo, ao morrer, uma Tord é enterrada, com direito a servico religioso, tamulo e lapi- de. Raramente uma Tord chega ao ponto de deliqiiescéncia onde sua recuperacao nAo seja possivel, mas ha casos em que 0 deslei- xo e as tracas sao mais répidos. Aqui mesmo, no Rio de Janeiro, ha um cemitério judeu com duas Tords enterradas, na compa- nhia de milhares de seus fiéis. Na hora da cerim6nia final, é recitado um CAntico das Palavras Mortas. Invejavel e precioso sera o mundo no qual todos os livros, de todas as formas, forem entes a serem pranteados, e que para cada livro nao lido, para cada texto silencioso, seja entoado, com reveréncia e respeito, um Cantico de Palavras Mortas. 28 4 Afinal, o que é a Internet brasileira? [2 Hi alguns anos, fiz a revisdo final da tradugdo de um livro es- crito por uma pesquisadora norte-americana chamada Cynthia Cros- sen. O livro chamava-se The tainted truth, e no Brasil recebeu o nome de O fundo falso das pesquisas. Editado por uma pequena casa editora, o livro teve pouca repercuss4o, 0 que sempre consi- derei um prejufzo para os formadores de opiniao no Brasil, pois tal livro € um dos mais interessantes e agudos estudos sobre as praticas de manipulagao de informag6es no mundo moderno. O livro disseca por dentro o fendmeno das pesquisas, mos- trando que sem transparéncia na citagao de métodos de coleta dos dados, dos financiadores do trabalho e dos modelos de afe- rigdo estatistica, as pesquisas so; na sua maioria, instrumentos de pura fantasia. Além dessa caracterfstica de avaliagao cientifi- ca, 0 texto mostrava também algumas fantdsticas mudangas de comportamento quase invisiveis que nossa sociedade incorpo- rou a partir do pés-guerra.JAs mais importantes sao: 1. Os politicos eram condutores da sociedade, propondo idéias, comportamentos futuros e teses, de todos os matizes. A po- 29 litica colocava temas em discussao. Com as pesquisas, os poli- ticos passaram a ser conduzidos pela opinido média, agindo em conformidade com as pautas definidas pelos extratos pesquisados, sendo portanto conduzidos pelo j4 preexistente € nado mais por projetos e idéias formuladas com os olhos no futuro. O resultado dessa tendéncia foi uma pasteurizagao da acao politica e dos quadros polfticos, levando a palavra esta- dista quase a extingao. 2. Na midia, repete-se o mesmo fenémeno. Grande parte do noticidrio passou a ser substitufdo por relatos que comegam sempre com a citagdo “Pesquisa realizada pela...”. Esta cita- ¢do passou a ser um cédigo reconhecido entre quem relata e quem |é/ouve. Quem relata, supostamente se isenta do que escreve, pois est4 citando uma fonte “técnica”. E quem 1é/ ouve, da ao relato valor cientifico, pois nao é€ um texto assina- do ou uma opiniao de fulano ou sicrano, mas uma “verdade cientffica”. Nada, em nenhum dos casos, tem relagdo direta com a verdade ou com a mentira, pois dados numéricos ou conclusées sociais ou técnicas desprovidas de informagdes sobre seu contexto e limites de verificagao podem ser piores conselheiros do que opiniées e avaliagées, especialmente de estudiosos e de analistas de notério saber. Feitas essas observacg6es sobre pesquisas e pesquisadores, gostaria de precisar o campo deste estudo. Seu objetivo é mos- trar um quadro de anilise da Internet brasileira ou, mais preci- samente, da Internet feita dentro do Brasil. Escolhemos como base de andlise os dados publicos do site Alexa.com, que podem ser verificados e analisados por qualquer um na prépria rede. Avaliamos também a possibilidade de basear este estudo nos dados das empresas IDG e MediaMatrix, mas nado encontramos, na rede, dados suficientes nos sites das referidas empresas para a pesquisa. Possivelmente ha falhas nos dados apresentados pela Alexa, mas o objetivo do estudo nao é fazer uma lista de ga- 30 nhadores, mas sim avaliar tendéncias e apontar caminhos, 0 que nos parece perfeitamente possfvel usando tal base de dados. Certamente algumas empresas com resultados importantes nao estardo listadas e talvez alguns contestem os dados sobre seus sites, mas, repetindo, o que nos moveu nao foi o objetivo de criar um ranking, mas sim analisar 0 nosso mercado e formu- lar algumas conclus6es que nos parecem extremamente impor- tantes como balizadores para o futuro, especialmente de investi- dores, empreendedores e trabalhadores da Internet no Brasil. Outro objetivo importante deste trabalho foi mostrar que na propria rede, com dados ptiblicos, podemos estudar e avaliar a Internet. A pesquisa nao teve financiadores, foi feita entre os dias 25 e 30 de julho de 2000 pelo préprio autor e por seus colaboradores diretos. A Pesquisa Nosso objetivo foi estudar com detalhe o desempenho da Internet feita no Brasil, em especial a Internet com aplicagdes comerciais. Para tanto, identificamos primeiramente os 100 sites com maior nimero de acessos no Brasil. Esta lista foi obtida utilizando o critério geografico do Alexa, e a partir dela isola- mos trés ambientes diferenciados, a saber: 1. Os sites.gov.br que aparecem na lista dos 100 mais. A lista destes sites € a nossa Tabela 1, e mostra quatorze sites, liderados pelo fazenda.gov.br. Trata-se de setor em grande expansao, e os governos dos estados comegam a ter significativa presenga. No- tam-se a auséncia de sites de grandes cidades na lista, como Rio de Janeiro e Sao Paulo, e a escassa audiéncia de sites de ministé- rios e 6rgaos como Embratur e IBGE. 2. Nao foram encontrados sites.org.br ou.net.br entre os 100 mais acessados. 3. Os sites.com mostram sites comerciais cuja terminag4o indica, quase sempre, sites nao brasileiros — a excegéo é 0 31

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