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Intoxicação por benzeno

•Aristeu Francisco Silveira Júnior


•Catarina Cruz Carneiro
•Cristiano Avelino Cristianismo
•Diêgo Cardoso Farias
•Emmanuel Christopher C. B. Barreto
•Marcelo Carneiro Drumond
•Paola Lima Moreira
•Victor Cardoso Farias
Introdução
• As substâncias químicas são extraídas e
utilizadas desde os primórdios da
civilização humana para os diversos fins
• Com a industrialização houve aumento
significativo da sua utilização trazendo
impacto marcante para a saúde da
população e meio ambiente
Introdução
• Atualmente a indústria química é o
terceiro maior setor industrial no mundo e
emprega aproximadamente 10 milhões de
pessoas
População - Alvo
• Atividades de maior risco: indústrias
siderúrgicas, químicas, petroquímicas e
do petróleo
População - Alvo
• Atividades de menor risco: trabalhadores
em postos de gasolina, oficinas
mecânicas; indústria de produção e
utilização de colas, solventes, tintas e
removedores; indústria de borracha e
gráfica; transporte e armazenamento de
desses produtos de risco
Introdução
• O benzeno é um mielotóxico regular,
leucêmico e cancerígeno, mesmo em
baixas concentrações
• Não existem sinais ou sintomas
patognomônicos da intoxicação por
benzeno
Intoxicação por benzeno
• Sinonímia: Benzenismo

• Definição
– Conjunto de sinais, sintomas e complicações,
decorrentes da exposição aguda ou crônica
ao hidrocarboneto aromático, benzeno
Intoxicação por benzeno
• Complicações:
– Agudas: exposição a altas concentrações
com presença de sinais e sintomas
neurológicos

– Crônicas: sinais e sintomas clínicos diversos,


podendo ocorrer complicações a médio e
longo prazos localizadas principalmente no
sistema hematopoético
Intoxicação por benzeno
• Sinais e sintomas:
– astenia
– mialgia
– sonolência
– tontura
– sinais infecciosos de repetição
Efeitos agudos
• Irritação moderada das mucosas
• Sistema respiratório: dificuldade
respiratória e edema pulmonar em altas
concentrações
Efeitos agudos
• Sistema cardiovascular: taquicardia
• SNC: narcose, excitação, sonolência,
tontura, cefaléia, tremor, convulsão, perda
da consciência e morte
Efeitos crônicos
• Alterações hematológicas:
– Hipoplasia
• Citopenias
– leucopenia com neutropenia
– plaquetopenia
Efeitos crônicos
• Alterações hematológicas:
– Aplasia
• depressão de todas linhas hematológicas:
leucopenia, plaquetopenia e anemia
Efeitos crônicos
• Alterações hematológicas:
– Displasia
– Leucemogênica:
• leucemia mielóide aguda
– Onco-hematológica
• linfoma não-Hodgkin, mieloma múltiplo e
mielofibrose
Efeitos crônicos
• Alterações neuropsicológicas e
neurológicas:
– Alterações cognitivas: alteração de atenção,
percepção, memória, habilidade motora, viso-
espacial, viso-construtiva, função executiva,
raciocínio lógico, linguagem, aprendizagem e
humor
Efeitos crônicos
• Alterações neuropsicológicas e
neurológicas:
– Alterações auditivas: perdas auditivas
neurossensoriais, zumbidos, vertigens e
dificuldades no processamento auditivo
– Polineuropatias periféricas e mielites
transversas
Efeitos crônicos
• Outras alterações:
→ Alterações cromossômicas numéricas
e estruturais em linfócitos e células da
medula óssea
→ Dermatológicas: eritema e dermatite
de contato
Parâmetros clínicos
• Durante a condução diagnóstica, devem
ser excluídas enfermidades ou situações
clínicas e fisiológicas que cursam com
leucopenia
• Na evidência de valores leucocitários
baixos e constantes e na ausência de
exames pré-admissionais não se pode
afastar o benzenismo, devendo o caso
permanecer em investigação
Hemograma
• Os valores referenciais para fins de
análise devem ser os do próprio indivíduo
em período prévio à exposição a qualquer
agente mielotóxico
• Caso sejam desconhecidos, admite-se
como anormal toda leucopenia que, após
ampla investigação, não possa ser
justificada por nenhuma causa reativa
Hemograma
• Deve-se salientar que todos os
trabalhadores expostos ao benzeno,
portadores de leucopenia, são em
princípio, suspeitos de serem portadores
de lesão da medula óssea mediada pelo
benzeno. A partir desse ponto de vista, na
ausência de outra causa, a leucopenia
deve ser atribuída à toxicidade por essa
substância
Investigação de casos suspeitos
• História clínica atual e pregressa
(investigar exposição a agentes
mielotóxicos)
• História ocupacional atual e antecedentes
profissionais
• Levantamento dos dados hematológicos
de que dispõe o trabalhador
Investigação de casos suspeitos
• Exames complementares (hemograma,
enzimas hepáticas, provas de atividade
reumática e inflamatória, marcadores de
hepatite B e C, anti-HIV)
• Estudo da medula óssea
• Outros exames de acordo com o exame
clínico
Investigação de casos suspeitos

• Outras investigações:
– Avaliação sobre o SNC
– Avaliação neuropsicológica e
neurocomportamental
– Avaliação otoneurológica
Alvo de investigação
• Queda relevante e persistente da
leucometria, constatada por meio de três
exames com intervalo de 15 dias, com ou
sem outras alterações associadas
• Presença de alterações hematológicas em
hemogramas seriados, sem outros
achados que as justifiquem
Caso confirmado de toxicidade
crônica do benzeno
• Ao se realizar a avaliação clínica e
laboratorial do caso suspeito e em se
confirmando a ausência de outras
enfermidades que possam acarretar tais
alterações além da exposição ao benzeno
fica estabelecido o diagnóstico de
benzenismo
Tratamento da intoxicação
ocupacional pelo benzeno
• Não existe tratamento medicamentoso
específico para os casos de intoxicação
pelo benzeno
• O acompanhamento médico para os
casos confirmados de intoxicação deve
ser regular e a longo prazo
• As intercorrências clínicas devem ser
tratadas com precocidade
Prognóstico
• Os trabalhadores que apresentaram
alterações hematológicas devido à
exposição ao benzeno devem ser
considerados suscetíveis ou hiper-
sensibilizados sendo maior o risco de
agravamento do quadro em especial o
desenvolvimento de neoplasias
Prognóstico
• É possível a reversão do quadro
hematológico periférico que pode ocorrer
após um período longo do afastamento do
risco. Porém, a reversão para a
normalidade do quadro hematimétrico, no
sangue periférico, não deve ser
considerada como estado de cura
Prevenção
• Considerando-se as características do
produto como toxicidade e
carcinogenicidade, as ações preventivas
são as que se apresentam como sendo de
maior relevância na proteção da saúde
• Eliminação de exposições ocupacionais
• Avaliação quantitativa do nível de
benzeno no ar
• Avaliação individual da exposição
• Índice Biológico de Exposição (IBE)
Procedimentos operacionais
• Afastamento da exposição
• Emissão da Comunicação de Acidente de
Trabalho (CAT)
• Custeio pleno de consultas, exames e
pareceres necessários à elucidação
diagnóstica de suspeita de danos à saúde
provocado por benzeno
Procedimentos operacionais
• Custeio pleno de medicamentos, materiais
médicos, internações hospitalares e
procedimentos médicos de tratamento de
dano à saúde provocado por benzeno ou
suas sequelas e consequências
• Desencadear ações imediatas de
correção, prevenção e controle no
ambiente, condições e processos de
trabalho
Procedimentos de retorno
• Os casos de retorno devem ser
notificados imediatamente às comissões
regionais do benzeno e, em caso da não
existência dessas comissões, ao SUS
para os serviços de Vigilância da Saúde
do Trabalhador ou de Vigilância Ambiental
ou de Vigilância Sanitária e ao Ministério
do Trabalho e Emprego, às Delegacias
Regionais do Trabalho para
acompanhamento e verificação do local
de retorno
Procedimentos de intervenção
• Os serviços de saúde do trabalhador
realizarão a vigilância dos ambientes e
processos de trabalho, compreendendo a
análise, investigação, orientação,
fiscalização e aplicação de penalidades
nas empresas, por meio de inspeções
sanitárias
• A notificação, intimação, autuação, multa,
suspensão de atividades e interdição,
seguirão legislação da área de
abrangência do serviço, de acordo com as
legislações e portarias pertinentes
Notificação
• Todo caso diagnosticado de intoxicação
por benzeno no trabalho são passíveis de
notificação compulsória por meio do
Sistema de Inmação de Agravos de
Notificação (Sinan)
Histórico
• Em São Paulo, em 1983, iniciam-se
experiências de organização de atenção à
saúde dos trabalhadores em algumas
regiões. Uma forte demanda se verificou
na Baixada Santista, vinda do Sindicato
de Trabalhadores Metalúrgicos de Santos.
Essa categoria denunciava a existência
de intoxicações crônicas por exposição ao
benzeno na indústria siderúrgica de
Cubatão
Histórico
• Esse município era um dos mais
problemáticos do Brasil em relação à
poluição industrial. Até então o sistema de
vigilância epidemiológica de doenças em
nosso país era restrito às doenças infecto-
parasitárias. No período de 1983 a 1995,
mais de mil trabalhadores da siderúrgica
no município de Cubatão, SP, foram
afastados do trabalho por apresentarem
alterações hematológicas decorrentes da
exposição ambiental e ocupacional ao
benzeno
Caso Clínico
• MDF, feminino, 45 anos, leucodérmica,
casada, natural de Santa Luzia, frentista
há 15 anos
• Apresenta há 1 ano dificuldade de
concentração, déficit de memória,
diminuição de raciocínio lógico,
embaçamento visual e sinais de
depressão
Caso Clínico
• Exame físico sem alterações
• Exames laboratoriais:
– leucopenia com neutropenia
– plaquetopenia
– anemia
Caso Clínico
• HD: intoxicação crônica por benzeno
• Conduta:
– notificação (Sinan)
– afastamento da exposição
– emissão da CAT
– encaminhamento para controle periódico
Referências Bibliográficas
• BRASIL. Scielo. Ação médico-social no caso do
benzenismo em Cubatão, São Paulo: uma abordagem
interdisciplinar [on line] março 2005. www.scielo.br
• BRASIL. Ministério da Saúde. Risco Químico, Brasília:
protocolos de complexidade diferenciada. 2006
• RUIZ, M. A. O problema da leucopenia em Cubatão.
Bol. Soc. Bras. Hematol. Hemot., [S. I.], v. 9, n. 144, p.
129. 1987
• Martins HS, Neto AS, Velasco IT. Emergências
clínicas baseadas em evidências. 1ed., São Paulo: Ed.
Atheneu, 2006.
• Burgess, WA. Possíveis riscos à saúde do trabalhador.
1ed., Belo Horizonte: Ergo editora, 1999.

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