Febre, em especial, no lactente jovem
Pedro V. Carrancho
Médico pediatra - USB - República - Vitória - ES.
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A febre' uma manifestação comum, é muito frequente nas crianças. Apesar de causar grande angústia e preocupação aos pais, na maioria das vezes, felizmente, é resultado de doenças infantis de bom prognóstico, principalmente viróticas.
Por tratar-se de sintoma preocupante, o pediatra, quase sempre, é levado a prescrever um antitérmico, unicamente visando reduzir o desconforto, a irritação e a falta de apetite que se instalam na criança febril.
Sabe-se que a febre exerce um papel na defesa orgânica, atuando contra a multiplicação de microrganismos e associando-se à diminuição da morbidade por doenças infecciosas.
Por isso, surgem controvérsias quanto à utilização de antitérmicos em todo paciente febril, uma vez que, além de mascarar a evolução de um caso grave, podem determinar efeitos adversos.
A febre não é uma doença, é apenas reação do organismo diante de alguma agressão de natureza variada.
Teoricamente, a vigilância cuidadosa e o acompanhamento constante seriam a conduta mais lógica e acertada e não a receita precipitada de antitérmico, mas sabemos que, na prática, isso não ocorre.
Em apenas 2% a 4% das crianças, na faixa etária de seis meses aos seis anos, a febre pode ocasionar uma convulsão, geralmente autolimitada e que não deixa sequelas.
O uso de antitérmico profilático só se justifica em raros casos, como, por exemplo, na administração da vacina tríplice DPT em crianças com antecedentes pessoais e/ou familiares de convulsão.
No lactente jovem, aquele com até três meses de idade, a febre, sem nenhum sinal de localização ao exame físico, constitui-se num dilema e desafio para nós, pediatras.
Por ser uma faixa etária de risco, há de se ter um grande cuidado no manejo destes pacientes, uma vez que quanto mais jovens forem maiores serão as probabilidades de ocorrência de infecção bacteriana grave.
Diante de um lactente febril (>38ºC), cujo exame físico se apresenta, aparentemente, normal, constituem-se exames fundamentais: o sedimento urinário, o leucograma e um Rx de tórax (se houver algum sinal ou sintoma respiratório).
A conduta a ser adotada deverá levar em conta não só as alterações detectadas nesses exames, como também a idade do paciente.
A escola norte-americana costuma adotar normas de rotina, consideradas muito rígidas por muitos médicos, levando em consideração não só a idade, como também a presença ou não de estado toxêmico e o grau de facilidade que terá o pediatra em manter contato com a família da criança.
Se houver toxemia, recomendar-se-á sempre a internação e a solicitação de cultura de sangue, urina e LCR. Se não houver toxemia, para os lactentes de um a três meses, será feito tratamento domiciliar com ceftriaxona ou, havendo possibilidade, observação em casa por 24 horas e um pedido de urocultura.
Se o lactente tiver de três meses a três anos, apresentará uma febre >39ºC, mas sem toxemia, a ceftriaxona é recomendada naqueles com leucocitose >15.000 ou neutrófilos não segmentados >1.500.
Entre nós há uma tendência de se colher LCR em todo lactente jovem febril (>38ºC) e sem foco de infecção definido, sob a observação hospitalar por 24 horas, uma vez que se torna muito difícil, num serviço público, manter o contato com a família ou um controle clínico após 24 horas.
Febre, em especial, no lactente jovem
Pedro V. Carrancho
Médico pediatra - USB - República - Vitória - ES.
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A febre' uma manifestação comum, é muito frequente nas crianças. Apesar de causar grande angústia e preocupação aos pais, na maioria das vezes, felizmente, é resultado de doenças infantis de bom prognóstico, principalmente viróticas.
Por tratar-se de sintoma preocupante, o pediatra, quase sempre, é levado a prescrever um antitérmico, unicamente visando reduzir o desconforto, a irritação e a falta de apetite que se instalam na criança febril.
Sabe-se que a febre exerce um papel na defesa orgânica, atuando contra a multiplicação de microrganismos e associando-se à diminuição da morbidade por doenças infecciosas.
Por isso, surgem controvérsias quanto à utilização de antitérmicos em todo paciente febril, uma vez que, além de mascarar a evolução de um caso grave, podem determinar efeitos adversos.
A febre não é uma doença, é apenas reação do organismo diante de alguma agressão de natureza variada.
Teoricamente, a vigilância cuidadosa e o acompanhamento constante seriam a conduta mais lógica e acertada e não a receita precipitada de antitérmico, mas sabemos que, na prática, isso não ocorre.
Em apenas 2% a 4% das crianças, na faixa etária de seis meses aos seis anos, a febre pode ocasionar uma convulsão, geralmente autolimitada e que não deixa sequelas.
O uso de antitérmico profilático só se justifica em raros casos, como, por exemplo, na administração da vacina tríplice DPT em crianças com antecedentes pessoais e/ou familiares de convulsão.
No lactente jovem, aquele com até três meses de idade, a febre, sem nenhum sinal de localização ao exame físico, constitui-se num dilema e desafio para nós, pediatras.
Por ser uma faixa etária de risco, há de se ter um grande cuidado no manejo destes pacientes, uma vez que quanto mais jovens forem maiores serão as probabilidades de ocorrência de infecção bacteriana grave.
Diante de um lactente febril (>38ºC), cujo exame físico se apresenta, aparentemente, normal, constituem-se exames fundamentais: o sedimento urinário, o leucograma e um Rx de tórax (se houver algum sinal ou sintoma respiratório).
A conduta a ser adotada deverá levar em conta não só as alterações detectadas nesses exames, como também a idade do paciente.
A escola norte-americana costuma adotar normas de rotina, consideradas muito rígidas por muitos médicos, levando em consideração não só a idade, como também a presença ou não de estado toxêmico e o grau de facilidade que terá o pediatra em manter contato com a família da criança.
Se houver toxemia, recomendar-se-á sempre a internação e a solicitação de cultura de sangue, urina e LCR. Se não houver toxemia, para os lactentes de um a três meses, será feito tratamento domiciliar com ceftriaxona ou, havendo possibilidade, observação em casa por 24 horas e um pedido de urocultura.
Se o lactente tiver de três meses a três anos, apresentará uma febre >39ºC, mas sem toxemia, a ceftriaxona é recomendada naqueles com leucocitose >15.000 ou neutrófilos não segmentados >1.500.
Entre nós há uma tendência de se colher LCR em todo lactente jovem febril (>38ºC) e sem foco de infecção definido, sob a observação hospitalar por 24 horas, uma vez que se torna muito difícil, num serviço público, manter o contato com a família ou um controle clínico após 24 horas.
Direitos autorais:
Attribution Non-Commercial (BY-NC)
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Febre, em especial, no lactente jovem
Pedro V. Carrancho
Médico pediatra - USB - República - Vitória - ES.
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A febre' uma manifestação comum, é muito frequente nas crianças. Apesar de causar grande angústia e preocupação aos pais, na maioria das vezes, felizmente, é resultado de doenças infantis de bom prognóstico, principalmente viróticas.
Por tratar-se de sintoma preocupante, o pediatra, quase sempre, é levado a prescrever um antitérmico, unicamente visando reduzir o desconforto, a irritação e a falta de apetite que se instalam na criança febril.
Sabe-se que a febre exerce um papel na defesa orgânica, atuando contra a multiplicação de microrganismos e associando-se à diminuição da morbidade por doenças infecciosas.
Por isso, surgem controvérsias quanto à utilização de antitérmicos em todo paciente febril, uma vez que, além de mascarar a evolução de um caso grave, podem determinar efeitos adversos.
A febre não é uma doença, é apenas reação do organismo diante de alguma agressão de natureza variada.
Teoricamente, a vigilância cuidadosa e o acompanhamento constante seriam a conduta mais lógica e acertada e não a receita precipitada de antitérmico, mas sabemos que, na prática, isso não ocorre.
Em apenas 2% a 4% das crianças, na faixa etária de seis meses aos seis anos, a febre pode ocasionar uma convulsão, geralmente autolimitada e que não deixa sequelas.
O uso de antitérmico profilático só se justifica em raros casos, como, por exemplo, na administração da vacina tríplice DPT em crianças com antecedentes pessoais e/ou familiares de convulsão.
No lactente jovem, aquele com até três meses de idade, a febre, sem nenhum sinal de localização ao exame físico, constitui-se num dilema e desafio para nós, pediatras.
Por ser uma faixa etária de risco, há de se ter um grande cuidado no manejo destes pacientes, uma vez que quanto mais jovens forem maiores serão as probabilidades de ocorrência de infecção bacteriana grave.
Diante de um lactente febril (>38ºC), cujo exame físico se apresenta, aparentemente, normal, constituem-se exames fundamentais: o sedimento urinário, o leucograma e um Rx de tórax (se houver algum sinal ou sintoma respiratório).
A conduta a ser adotada deverá levar em conta não só as alterações detectadas nesses exames, como também a idade do paciente.
A escola norte-americana costuma adotar normas de rotina, consideradas muito rígidas por muitos médicos, levando em consideração não só a idade, como também a presença ou não de estado toxêmico e o grau de facilidade que terá o pediatra em manter contato com a família da criança.
Se houver toxemia, recomendar-se-á sempre a internação e a solicitação de cultura de sangue, urina e LCR. Se não houver toxemia, para os lactentes de um a três meses, será feito tratamento domiciliar com ceftriaxona ou, havendo possibilidade, observação em casa por 24 horas e um pedido de urocultura.
Se o lactente tiver de três meses a três anos, apresentará uma febre >39ºC, mas sem toxemia, a ceftriaxona é recomendada naqueles com leucocitose >15.000 ou neutrófilos não segmentados >1.500.
Entre nós há uma tendência de se colher LCR em todo lactente jovem febril (>38ºC) e sem foco de infecção definido, sob a observação hospitalar por 24 horas, uma vez que se torna muito difícil, num serviço público, manter o contato com a família ou um controle clínico após 24 horas.
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A febre pode ser benéfica ou prejudicial, dependendo das situações. Quando
moderada, pode acelerar mecanismos imunológicos contra algumas bactérias e vírus, entretanto, quando muito alta, poderá ter efeito contrário, prejudicando a resposta imune e, também, precipitar convulsões em crianças susceptíveis.
Sabe-se que a temperatura corporal é variável entre indivíduos, entre
grupos etáreos e durante o período das 24hs. A atividade física, a alimentação, a ingesta de líquidos quentes, etc...tendem a elevar a temperatura.
Em geral, considera-se febre uma temperatura retal acima de 38ºC ou axilar
acima de 37ºC. Além destas, podem ser medidas, ainda, as temperaturas oral e timpânica.
A criança exposta a um ambiente superaquecido poderá ter sua temperatura
elevada, sem ter febre. Neste caso, a temperatura do pé e do abdômen serão similares, contudo, se houver febre, a temperatura será mais baixa na extremidade(pé), devido à vasoconstricção.
Como pediatra, costumamos observar que os pais, com frequência, atribuem a
febre à erupção dentária, porém, isto não é verdadeiro, em que pese poder ocorrer um elevação na temperatura durante o episódio.
Geralmente, o risco de bacteremia(presença de bactérias no sangue) aumenta
com a magnitude da febre, sobretudo em crianças mais jovens, abaixo dos 2 anos de idade. Cerca de 10% dos lactentes febris, com menos de 2 meses de idade, têm infecções bacterianas graves, por isso, há uma tendência a hospitalizá-los. Já nas crianças maiores febris, há de se distinguir entre uma infecção por virus(virose) ou uma bacteremia oculta, quando não se tem uma fonte identificável de origem. Se, associada à febre, surgem pequenos pontos vermelhos(petéquias) na pele, que não se limitem à área acima da linha mamilar, teremos que afastar uma infecção bacteriana sistêmica grave.
Há casos em que o pediatra se depara com uma criança com febre
persistente, com duração de 7 ou mais dias, com exames clínico e laboratoriais normais, caracterizando o que chamamos de febre de origem obscura. Nessas situações, são úteis alguns testes simples, como a verificação da VHS(velocidade de hemossedimentação) e a relação A/G (albumina/globulina), para afastarmos uma doença mais séria.