Você está na página 1de 1

O QUE APRENDI COM UM ATEU

Postado por Fatyma Rodrigues em 20 julho 2012 s 22:40 Enviar mensagem Exibir blog Certa noite, eu estava numa lanchonete com um amigo ateu (uma das melhores pessoas que conheo, diga-se de passagem). Nossa mesa estava prxima calada e uma senhora idosa tentava, sem sucesso, atravessar a avenida de pista dupla. Carros acelerados passavam feito vulto em direo norte-sul, sul-norte. E a senhora aguardava, estancada beira do meio-fio, com sua sacolinha de mercado no brao. Sem sinaleiro, com uma iluminao precria e a alta velocidade dos carros, dificilmente seria notada por algum motorista. Os minutos passavam e meu amigo comeou a se incomodar com a situao. At que, no se contendo mais, ele retirou de dentro da mochila uma lanterna, dessas de acampamento, poderosa (no, no sei por que cargas d'gua ele portava uma lanterna tira colo), e foi na direo da mulher. Ento, ele apontou a lanterna para ela e comeou a ligar e desligar semelhante ao piscapisca. Para minha surpresa, os carros comearam a diminuir a velocidade. Talvez por curiosidade de ver uma luz piscando, talvez por acharem que era um aviso de que alguma coisa estava errada mais adiante. S sei que meu amigo pegou no brao da tal senhora e a transportou para o outro lado sob o piscar da lanterna. Quando retornou nossa mesa, sentou-se como se nada demais tivesse acontecido. E eu, admirada, brinquei: - Nossa, hoje voc colocou mais um tijolinho no Cu! - Que Cu, o qu, Jacque! Morreu acabou... A vida toda me questionei sobre o que era necessrio fazer para receber a Graa Divina. Eu vi o embarao daquela senhora, assim como todos que estavam na lanchonete. Mas, para minha vergonha, s uma pessoa foi em seu auxlio: um ateu! Naquele dia, fui para casa pensando nas muitas pessoas que se dizem ateias, como meu amigo, mas que todos os dias so capazes de atos altrustas sem esperarem recompensa divina. Nem uma morada especial no Paraso, nem uma vida melhor na prxima encarnao. Apenas so boas porque isso natural delas. Unicamente, porque acreditam que o certo a se fazer. Simples assim! A descrena de meu amigo nunca abalou minha f. Mas o seu corao generoso e sua aes desinteresseiras me ensinaram muito: A passagem pelo mundo, antes de tudo, uma oportunidade de se doar em prol da humanidade e no um ato de barganha com o Plano Espiritual...

FATYMA RODRIGUES

Você também pode gostar