O SURFE COMO PRTICA MARTIMA: A ATUAO DOS PRIMEIROS SURFISTAS EM FORTALEZA A PARTIR DE BRUNO LATOUR E MICHEL DE CERTEAU (1969-1986)

Bruna Demes Gonalves Franco (Mestrado em Histria UECE) Orientador: Prof. Dr. Francisco Carlos Jacinto Barbosa

Este trabalho parte de uma pesquisa mais abrangente que tenta estudar a atuao dos primeiros surfistas em Fortaleza atravs de sua relao com a cidade, a natureza, o corpo e a tcnica. O que se pretende aqui analisar, a partir do conceito de Michel de Certeau, em que medida o surfe se configurou, a partir de 1969, como uma prtica martima em Fortaleza, ou seja, como a partir do surfe e da atuao dos primeiros surfistas estabelece-se uma prtica que fugia do espao geomtrico da cidade, criando relaes peculiares entre cidade, indivduo e natureza, modificando a relao que se estabelecia com o mar e com a praia at 1986, quando ele passa a se caracterizar enquanto prtica esportiva profissional, com campeonatos organizados e associaes prprias. O surfe como prtica pode ser percebida a partir do fato de que os jovens surfistas criavam trajetos e ritos de chegada praia, construam espaos, renomeavam lugares e demarcavam o mar de maneira prpria e nunca antes vista. Criavam tambm criando relaes de composio que se estabeleciam entre o surfista, o equipamento e as ondas do mar. O surfe aqui ser concebido a partir de Bruno Latour e suas concepes acerca dos hbridos. Tal prtica ser considerada como um hbrido, j que ela cultura, por que essencialmente ela se d enquanto uma prtica, datada, repleta de elementos simblicos, mas tambm natureza, na medida em que essa mesma prtica depende essencialmente de fatores ditos naturais, como a movimentao das mars, o tamanho e freqncia das ondas e dos ventos. Assim, se a praia enquanto espao marcada por esse vai e vem incessante entre cultura e natureza, a atividade dos surfistas parte desse movimento. Dos ritos de chegada s concepes acerca do mar, a atividade humana se mistura ao que tradicionalmente chamaramos de natureza. Palavra-chave: Surfe, cultura, natureza.