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Entre Marx e Adam Smith


Digitalizado e adaptado por: Paulo Afonso Para as pessoas que nasceram nas dcadas de 1940, 1950 e 1960 e, portanto, viveram a juventude no perodo mais agudo da Guerra Fria, a fragilidade da vida se mostrava em toda a sua intensidade pelas mortes causadas nas muitas guerras da poca, mas, principalmente, pela possibilidade sempre presente da destruio total do planeta em decorrncia de uma guerra nuclear. Sabia-se que havia armas suficientes para isso e, em muitos momentos, a tenso entre soviticos e norte-americanos mostrava que poderia haver motivao. Para essas geraes formadas sob as expectativas da vitria das teses marxistas, caso a Unio Sovitica sasse vitoriosa, ou da vitoria do capitalismo liberal, caso os Estados Unidos fossem os vitoriosos a sombra ameaadora das batalhas nucleares, como mostra o texto a seguir, foi uma realidade muito concreta, mesmo que no tenha se efetivado. Isso o que talvez explique as grandes mudanas culturais da segunda metade do sculo XX e a ruptura quase absoluta com os valores das geraes anteriores. *...+ Geraes inteiras se criaram sombra de batalhas nucleares globais que, acreditava-se firmemente, podiam estourar a qualquer momento e devastar a humanidade. Na verdade, mesmo os que no acreditavam que qualquer um dos lados pretendia atacar o outro achavam difcil no ser pessimistas, pois a Leis de Murphy uma das mais poderosas generalizaes sobre as questes humanas (Se algo pode dar errado, mais cedo ou mais tarde vai dar). medida que o tempo passava, mais e mais coisas podiam dar errado, poltica e tecnologicamente, num confronto nuclear permanente baseado na suposio de que s o medo da destruio mtua inevitvel (adequadamente expresso na sigla MAD, das iniciais da expresso em ingls mutually assured destruction) impediria um lado ou outro de dar o sempre pronto sinal para o planejado suicdio da civilizao. No aconteceu, mas por cerca de quarenta anos pareceu uma possibilidade diria. HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos. So Paulo: Companhia das Letras, 1997. P 224.

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