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TEORIA GERAL DO PROCESSO A unificagao dos estudos dos prineipios gerais, dos fandamentos ¢ dos temas comuns aos varios ramos do Direito Processual (Civil, Penal, Trabalhista te.) encontra nesta obra uma perfeita realizagao, Dai o sucesso ea receptividade de suas sucessivas edigdes e tiragens. CARLOS DE ARAUJO CINTRA ANTO A PELLEGRINI GRINOVER CANDIDO RANGEL DINAMARCO TEORIA. GERAL DO PROCESSO 25* EDICAO Ao Ido dos fundamentos constitucionais e dos prinefpios gerais, os Au- ‘ores oferecem um estudo pormenorizado sobre a jurisdigdo, a ago, a defesa do réu, a classificagiio das agbes, a natureza juridica do processo, as partes, os atos processuais, a prova, os procedimentos etc., sempre de forma a embasar lum estudo mais aprofundado a ser feito, posteriormente, nas especializagdes de cada ramo processual, tendo em vista objetivos cfinalidades mais ou menos comuns, Obra indispensdvel para quem deseja se introduzir nos temas provessuais, ou para quem pretende obter uma visio atualizada e completa do moderna Direito Processual. MALHEIROS. EDITORES TEEN §8-7420-9: til 2885 7ul2093351 Teoria Geral do Processo © Antonio Carlos de Araiijo Cintra ‘Ada Pellegrini Grinover Candido Rangel Dinamarco 9% edigio, 1+ tiragem: 08,1992; 2+ tiragem: 01.1993; 3 tiragem: 07.1993; 10* edicdo, 1994; I1* edigio, 1995, 124 edigdo, 1996; 13* edigio, 1997; 144 edicao, 1998; 15 edigio, 1999; 16% edigGo, 2000; 174 edigao, 2001; 18* edicdo, 2002; 194 edigdo, 2003; 208 edigao, 2004; 21* edigéo, 2005; 22# edicdo, 2006; 23 edigio, 2007; 244 edigdo, 2008, ISBN 978-85-7420-931-9 Dircitos reservados desta edigao por MALHEIROS EDITORES LTDA. Rua Paes de Araiijo, 29, conjunto 171 CEP 04531-940 - Sao Paulo - SP Tel.: (11) 3078-7205 — Fax: (11) 3168-5495 URL: www.malheiroseditores.com.br ‘e-mail: malheiroseditores@terra.com.br Composigéo PC Editorial Lida Capa Nadia Basso Innpresso no Brasil Printed in Brazil 01.2009 PREFACIO DA I* EDICAO Os jovens mestres de direito Ada Pellegrini Grinover, Candido Rangel Dinamarco ¢ Anténio Carlos de Araiijo Cintra acabam de dar, ‘com 0 preparo de seu curso de Teoria Geral do Processo, cumprimen- tando a um dos principais deveres do professor. A Faculdade de Direito de S80 Paulo sempre teve a ventura de contar, para seus alunos, com excelentes compéndios de direito pro- cessual. Desde meados do século passado até o presente foram eles dos melhores que jé se publicaram no Brasil. Muito poucos livros de caréter institucional, no campo do processo, deixam de filiar-se a nos- sa escola. Se prescindirmos dos consagrados cursos de Paula Baptista no século passado ¢ de Lopes da Costa no presente, nenhum manual ade, a seu tempo, ombrear-se com os de Jodo Mendes Jinior, Jotio Monteiro, Manuel Aureliano de Gusmao, Gabriel de Rezende Filho, José Frederico Marques e Moacyr Amaral Santos, A cringdo da nova disciplina de Teorie Geral do Processo veio dar aos novos mestres 0 incentivo que faltou a seus antecessores. A exceléncia dos compéndios existentes atenua, se nao justifica, a falta de muitos, em que se inclui, vexado, 0 subscritor destas linhas. A unificacdo, em uma s6 disciplina, dos estudos de direito pro- cessual civil e penal, foi defendida, na Europa ¢ no Brasil, por dois ddos mais profundos e originais pensadores da matéria: Francesco Car- nelutti e Joaquim Canuto Mendes de Almeida. Debateu-se o primeiro, ao longo de sua fecunda existéncia, pela unificaglo, sem quebra de seu sistema de congruéncia monumental Seo processo tem por escopo a composicao da lide, ¢ preciso caracte- Fiear a lide e sua composigdo no processo penal, Que tarefe ingratal ‘Quais sdo as partes nesse contflito de imteresses? O indiciado de um lado, a vtima, de outro? O indiciado e o Estado? A vitima e o Estado? A lustiga Pablica ¢ 0 indicindo? 4 ‘TEORIA GERAL DO PROCESSO ‘Quais so os interesses em antagonism? O interesse do indicia- {do em sua liberdade e do Estado em seu encarceramento? O interesse da. vitima em obter reparagao civil e moral e o do indiciado em nao tha conceder? O do Estado em proteger a liberdade do cidadao e 0 do criminoso a querer purificar-se pela pena?” ‘Todas as variantes foram exaustivamente estudadas e debatidas, a lembrar a deticiosa fibula do lavrador, Filho © o burro, Os jovens autores deste livto poueo se detiveram ~ ¢ fizeram muito bem — nessas indagagdes. O fato inegavel é que hi inimeras ratérias que so comuns ao processo civil ¢ a0 processo penal Sem falar nas nogGes fundamentas, a que os autores, em exce- Jente introdugdo, deram especial atengdo, ¢ que muito bem se desti- nam a estudantes do segundo ano juridico, cuidaram da natureza, fou tes, eficdcia no tempo € no espago, interpretagao da lei processual. Na segunda parte do livro, tratando da jurisdigao, ds competéacia, dos servigos auxiliares da justiga, do Ministério Piblico e do advogado, nao se afastaram um instante de sua visio unitéria do proceso, O mes: mo se pode dizer da parte final, dedicada ao processo, as formas pro- cessuais, os atos processuais¢ as provas. No capitulo referente as agdes, os jovens mesires mantém-se uni- taristas. Sustentam que a lide se caracteriza, no processo penal, pela pretensio punitiva do Estado em contraposigdo a pretensio do indicia- do a sua liberdade. Em todas as matérias versadas 0 novo compéndio mantém-se em alto nivel cientifico. Os mestres que o elaboraram, que tdo cedo se demonstram dignos dos mais altos postos da carreira universitéria te- +80, estou certo, na consagracdo de seus alunos ¢ no respeito de seus colegas o justo prémio pelo bem empregado esforgo em pro! do ensi= no de sua disciplina ‘Sto Paulo, 1974 Prof. Luis Bulélio de Bueno Vidigal SUMARIO preficio da edigao. 8 reforma constitucional do Poder Judi apresentasio da 22 edigdo 0 (apresentagao da 21*edigso) 3 5 10. UL 12. 3B. PRIMEIRA PARTE ~ INTRODUGAO. Capitulo 1 - SOCIEDADE E TUTELA JURIDICA sociedade e direito conilites¢ insatisfagoes 4a autotutela 8 jurisdiggo a fungo esata pacificadora (jurisdigio) efos alternatives de pacificagée social autetutcla,autocomposiglo earbitragem no direito moderno controle jurisdicional indispensivel (a repra milla poena sine juticio) acesso justiga Capitulo 2~ © PROCESSO E 0 DIREITO PROCESSUAL as fungdes do Estado madera legislagdoe jurisdigao, sieito material ¢ dveto processual 4 instrumentalidade do processo linhas evelusivas| Capitulo 5 ~ DENOMINAGAO, POSICAO ENCICLOPEDICA E DIVISAO DO DIREITO PROCESSUAL, denoninaso Popo eniopica do dito procesual divisio do direito processual ® 25 26 26 30 31 3s cd a “4 46 a 48 2 3 sa 6 TEORIA GERAL DO PROCESO. Capitulo 4 ~ PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL 17, conccito 56 18. prinsipio da imparciaiidade do juiz 58 19 principio da igualdade 39 20. prncipios do contraditrio e da ampla defesa 6 21. principio da agdo ~ processos inquisitive e acusatério 8 22. prncipios da disponibitidade e da indisponibilidade 66 23. principio dispostivoe principio da livre investigagao das proves Verdade formal e verdade real 70 24. principio do impulso oficial... n 25. principio da oraidade B 26, principio da persuasto racional do juz 3B 27. a-exigéncia de motivagéo das devises judiciis m4 28, principio da publicidate oon 5 29. principio da lealdade process n 30. prinpios da economia ¢ da instumentalidade das formas nD 31. principio do duplo grau de jutisdigao 80 Copituto 5 DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL 32. processo © Constituigo 84 33, dreito processual constitucional 35 34: tute constitucional do processo. 36 235, acesso 8 justiga (ou garantias da ago c da defesa) 87 36. as garantias do devido processo legal 88 36-A. as gazantias processuais da Convengiio Americana sobre Direltos Humanos (Pacto de Sio José de Costa Rica} ot ‘Capitulo 6 - NORMA PROCESSUAL: OBJETO E NATUREZA 37. norma material ¢ norma instrumental . 94 38. objeto da norma processual 95 39, natureza da norma processual 96 Capitulo 7 FONTES DA NORMA PROCESSUAL 40. fontes de dieito em geral o 98 41, fontes abstratas da norma processual 98 42, fontes concretas da norma processusl 100 Capitulo 6 ~ EFICACIA DA LEI PROCESSUAL NO ESPACO E NO TEMPO 43. dimensbes da norma processual 103 44 efcécia da norma processual no espago 103, 45, efieiia da nonma processual no tempo 7 los SUMARIO Capitulo 9 INTERPRETAGAO,DA LEI PROCESSUAL 107 108 "109 inerpretagfo dale, seus métodos e resultados: 47. interpretagio e integracéo.. 448. inerpretagioe integragdo dale Capito 10~ EVOLUGAO HISTORICA DO DIREITO PROCESSUAL BRASILEIRO 49. eoatinuidade da legislagio I a 50. 0 Regulament0 737 rns co a3 51. insitnigio dss normas SB 52. competéncia para legisla aa ‘53. reforma legisiativa us ‘54, Céigo de Processo Civil nT 55, areforma provessual penal wrcsnvue-rurnn met 56: et mses dos Cg vgetes—a8“mininefornas® do Céigo de Process0 Civil sever ven 51, leis modificativas dos Cédiges vigentes ~ Cdigo de Processo Penal 126 ST-A, modifieagbes no processo irabalhista sesenses WD 58, a Constituigto de 1988 o direito anterior . oe 132 59. evolugio dovtringria éo direto processual no Bras 0 papel de Liebman e a tendéncia instrumentaista modema .... 135 59-A. linhas evolutivas do dreito processual no Brasil. 139 59-B, diteito processual COIeV0 «ono ws Ho 59-C, o regime do cumprimento de sentenga ~_SEGUNDA PARTE - JURISDIGAO Capitulo 11 ~ JURISDIGAO: ‘CONCEITO E PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS 60. conceit de jutisdig50 nn ~ 147 (61. carhier substitutivo . ug scope juridico de atuagao do dieita 14 ~ 2 150 63. outras caracteristicas da jurisdigto (lide, née'a, def 64, jrisdigao, legislagho, administra wn nnn 65. prinfpios increntes 3 jurisdigio 6, dimensées da jurado. — 136 S57. podetes increntes juts ov 157 Copiulo 12 -ESPECIES DE TURISDICAO 8. unidae da juisaigao 158 65, jursdgo penal on Cll 1s 70. elacionamento ents furs penal e cil 139 me ~ 162, ‘7, jutisigio especial ou eomum, 8 ‘TEORIA GERAL DO PROCESSO. 72, jutisdigdo superior ou inferior ~ 73, jutisigto de direito ou de equidade Capitwio 13 - LIMITES DA JURISDICAQ_ 74, generalidades . sot 75. limites internacionais 76. limites internacionais de carter pessoal 77. Timitesinternos Capitulo 14 — JURISDIGAO VOLUNTARIA 178. administragdo piblica de interesss privad a. 179. jutisdipdo voluntiria 80. jurisdipdo contenciosa e jurisciqdo voluntiria Capitulo 15 ~ PODER JUDICIARIO: UNGOES, ESTRUTURA E ORGAOS 81. conceito 82: fungBes do Poder Judicianiee fing jurisdicional 83. drgos da jurisdigio 83-A. érpos no junsdiconais 0 Conselno Nasional de sip 3 ‘ouvidorias de Justiga eas Escolas da Magistatura Capitulo 16 ~A INDEPENDENCIA DO PODER JUDICIARIO ESUAS GARANTIAS 84, aindependéncia do Poder Judicévio 85. as garantias do Poder Judicideio como um todo 86. as garantias das magistrados 87. garamtis de independéncia 88: impedimentos como garantia de imparcalidade Capitulo 1? — ORGANIZACAQ JUDICIARIA: CONCEITO, CONTELIDO, COMPETENCIA LEGISLATIVA 89, conceito 50. compettncialeisltva. 91. conteido da organizagao judiciéia 92, Magistatura 93. duplo grande jurisdigto 94. compsigto dos juizos 95, divistojudiciria 96. épocas para o trabalho forense - 163 165 165 166 167 169 170 173 4 176 7 180 181 182 132 183, 185 186 137 187 189 190 199 19 7. 98, 99, 100, 101 102. 103, 104, los. 106, 107 los. 109, 110, uh 112. 113. 14, Us, 16, ur us. 9. 120, 121 ia, ias. SUMARIO Capit 18 ~ ORGANIZACAO SUDICIARIA: ‘AESTRUTURA JUDICIARIA NACIONAL. a Consttuigdo ea estrutur judicidria nacional Capitulo 19 - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA gos de superposigao ‘Supremo Tribunal Federal: fungbes insttucionas _graus de jurisdigdo do Suprema Tribunal Federal ingresso, composigSo e funcionamento (STF) .. Superior Tribunal de Justga:fungdesinstitucionais © competéncia ingresso, composigto e funcionamento (ST) Capitulo 20 ~ ORGANIZAGAO DAS JUSTICAS ESTADUAIS, FoMES en o 254 143, aibuigdo das easat aos érpios 254 Capitulo 26— COMPETENCIA ABSOLUTA & RELATIVA 144, prorogatéo da competéncis on. 259 14S, causas de prorogasso da competéncia oo 251 146. prrrogasdo da competéncia¢prevengaa..... 263 14G-A. desocamento da competncia.-n-. COI 263 TRE nF oo Fee TERCEIRA PARTE -ACKO F EXCECAO Capitulo 27 - AAO: NATUREZA JURIDICA 147, conceito nn ste se 267 148, teoria imanentsta ‘stnnnnntinnnvnnnnnnn 267 149. a polémica WindscheidMuther 268 150. a agio como dizeto auténomo se 268 151, aagio como direite auténomo ¢ conereto 268 152. a ago como direito aurénomo e abstr. 269 153. a apf0 como diteto aurénomo, em outras terias 270 SUMARIO 154, a doutrina de Liebman... 155. apreciagdo critica das varias teoris. 156. naturezajuridica da ag - . 157. ago penal. sono 158, condigaes da apo . se 159, caréncia de apo. sn 160. ientificag 0 da 2980 oreo Capitulo 28 CLASSIFICACAO DAS AGOES 161. elasificago das goes. ~ 162, elassificagdestradiionais, 163. elassfcagdo da apo penal rite subjetivo, 164, classificagdo das agdestrabalistas: os disidioscoletivos Capitulo 29 - EXCECAO: A DEFESA DO REU 165, bilateralidade da agdo e do processo 166, exces’. se 167, naturezajuriea da excesio . 168, classificago das exeeges * “an am 23 278 276 279 27 283 284 285 286 290 290 291 293 = ‘QUARTA PARTE — PROCESO Capito 30 NATUREZA JURIDICA DO PROCESSO (PROCESSO, RELACAO JURIDICA, PROCEDIMENTO) 169. processo e procedimento 170. tora sobre «nara juriica do proceso TL. processo como contrat. . 172, 6 processo como quase-contato 173, @ processo como relagdo juridica, 174. @ provesso como situagBo juidica 17S, naturezajuriiea do processo sno 176, o processo como procedimento em contraditio 177. legitimagio pelo procedimento e pelo contraditirio 178. relagdojuridica processual erelaydo material 179. sujeitos da relagdo juridica processual .. 180, objeto da relagda process en BI. pressupostos da relagao processual resets Presa) 182. caracterstcas da relagdo processual ~ 183, sutonomia da telagdo processual 184, inicio e fim do proceso. 297 298 299 300 300 “301 302 305 305 306 306 308 309 ~ 310 BIL 311 2 TEORIA GERAL DO PROCESSO Capitulo 31 ~ SUJELTOS DO PROCESSO 217, atos processuais simples ¢ complexos 3S 318, documentagto do a process 185, generaidades. oe _314 186. oj : ais itd 35-Vi TO PROCESSUAL 187. autor ¢ réw ..... sss mance ws 315 Capitulo 35 -VECTOS DO ATO ‘188. litisconsércio... 316 sia da Form wn 365 189 intervengdo de tcreio 37 310 nai a forma 366 190, oadvogsdo.... 317 Zan desta da alse 368 191. Minster Piz 31 Fe aia ie 323 ineintaca ures doa prcessl 30 Capitulo 32 - PROCESSOS DE CONHECIMENTO, DE EXECUGAO 224, convalidagao do ato processual ECAUTELAR, 50.0 “aptulo 36 - PROVA: CONCETTO, DISCRIMINACKO, ONUS 192 elassticagdo dos processes a2 Capiaul VALORAGAO 193, process de conhecmento 2a 194, sentenga meramente declaateria — 305 ito de prov eos en 33 19 ena ede tenon 38 225 co der ua 196, sentenga constitutva...... ne 327 aor ood ne 374 I9G.A. sentenga mandamental e sentenga cnc lat sono 27 221 bee da prov 33 197, inicio a eiciia da semen 38 329, valoragio da pve, : cco 377 198, cob julgeda : SO 3a 199. limites objetvas da cola juga CN 3 bibliog geal enon me 200, limites subjetivs da coisa julgade a 333 201, cumprimento de sentenga e execupdo forgada (prosesso civil)... 338 202, sabre a execugdo petal co 338 1203. provesso cautelar . co 340 203-A. antecipagdo de tutela jutisdicional Mg Capitulo 33 - FORMAS PROCESSUAIS ~ PROCEDIMENTO 204, o sistema da legalidade das formas vse 345 208. as exigéncias quanto a forma . 346 206, 0 lugar dos atos do procedimento .. Ma 207, 0 tempo dos atos do procedimento M7 208. 0 modo do procedimento e dos seus atos 349 208. © modo do procedimento(linguagem): procedimiento escrito, orale M0 ssernsnnsn nannies 349 210. o mote do procediment 382 211, 0 modo do procedimente: 010 334 (Capitulo 34— ATOS PROCESSUAIS: CONCEITO E CLASSIFICACAO 22. fats © tos processus nonnnnennenen 387 213, clasifieagto dos atos processutis vos 358 214, atos processuais do juz (tos judiciais).---- 358 218, atos dos auxiliares da Justiga 360 216. atos processusis das partes 360 A REFORMA CONSTITUCIONAL DO PODER JUDICIARIO (apresenta¢so D4 214 EDI¢so) Esta vigésima-primeira edigdo vem a lume logo apés a vigéncia dda emenda constitucional n. 45, de 8 de dezembro de 2004 (publica da aos 31 do mesmo més), conhecida como Reforma do Poder Judi- cidrio e portadora de expressivas alteragoes no sistema judiciario ¢ processual do pais. Dai a necessidade de também a Teoria geral do Processo passat por ume remodslagio, com vista a sua adaptagdo aos novos preceitos constitucionais vigentes e aos seus reflexos na dind- ‘mica processual. Tais reflexos so bem mais extensos do que daria a entender @ ementa do parecer emitida pela Comissio de Constitui- ‘fo e Justiga sobre 0 projeto que resultou nessa emenda constituc nal, onde consta somente que ela “introduz modificagées na estrutu- 1a do Poder Judiciério”. Seu contetido é na realidade muito mais amplo, pois ela ao mes ‘mo tempo (a) estabelece regras sobre a estrutura funcionamento desse Poder, (b) dispde sobre principios e garantias do processo, (c) altera 5 recursos extraordinario e especial, bem como a competéncia da Supreme Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justia e (é) dita regres operacionais de direito processual, entre as quais algumas p amente técnicas, que melhor estariam na legislagdo infraconstituc nal porque nio merecem a dignidade constitucional. Diante disso, tra~ amos de alterar o que fosse necessirio para compatibilizar 2 Teoria ‘geral com os novos preceitos, ineluindo o exame de normas antes ine- xistentes, suprimindo o que se tomou superado pela emenda const tucional etc Isso foi feito a0 Tongo da obra ¢ agora, neste intidito, € Nossa intengio somente oferecer ao leitor um panorama amplo das Novidades que sobrevieram em 2004. dita on igcante ao Poder Judicidrio em si mesmo, a emenda n. 45 lta ou altera normas sobre sua autonomia financeira e orgamentéria 16 TEORIA GERALDO PROCESSO. (art. 99, §§ 3° a 5%, sobre a carreira da Magistratura (art, 93, ines. 1 © 1D, sobre as frias dos juizes das Justicas estaduais e da federal (as guais nio poderio ser coletivas porque "a atividade jurisdicional sera ininterrupta” (art. 93, ine, x1), sobre impedimentos dos juizes (art 95 inc, v)~e impte a chamada quarentena, pela qual aqucle que dexou a Magistatura ests proibido de “exercer a advocacia no juizo ot tribu- nal do qual se afastou, antes de decorridos ts atos do sastantento do argo por aposentadoria ou exoneracao” (at. 95, inc. v). Com referén. cia aos Estados do Parana, Minas Gerais e Sao Paulo, onde ainds havia Tribunais de Algada, foi também trzida ume relevantissima repra rela. lonada com a estrutura do Poder Judiciirio, que foi a extingao desses Orgios de segundo grau de jurisdigdo (EC n. 45, de 812.04, ant 48) Foi também resolvida a polémica questio do controle extero da Mogistranura, que para wns consttui penhor da dignidade e respeitatil dade desta e, para outros aimposigio de um Cavalo de Tréia mediante 8 intromissao de pessoas ligadas a priticase interesses eseusos Com a solupda intermedia que prevaleceu, o controle da Magistratuta serd sxercido par um érgio misto, 0 Conselho Nacional de lustig, come Posto de nove juizes e seis conseiheiros de outrisorigens (promotores de justiza, advozados, cidadaos indicades pelas Casas do Congresso = Const, art 92, in. mA © EC n. 43, at. 58, § 28), Esté prevsta ainda a tmplantagdo de ouvidorias de Justga, com legitimidade, inclusive, para Fepresentar diretamente perante aquele Conselho fart. 103-B, § 7 ete ~ infra, 0. 83-4} Pelo aspecto da tela constitucional do processo, a emenda de 2004 promete “a razodvel duragio do proceso ¢ os meios que garam, {am a celeridade de sua tramitagio” (art. $8, ine, Lxxvit), reeditando Aisposigao jf contida no Pacto de Sao José da Costa Rica (art 8, n. 1), « também determina que “os tratados e convenpbes intemacionais sobre direitos hamanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turmos, por trés quintos dos votos dos respectivos ‘membros, serio equivalents is emendas constitucionas” (art. 5% § 3°) Foi também determina a insalgio de ages tnerntes pe les Tribus Regions Fedaras, pelos Tribaats Regronay de take toe pelos Trbunais de Justia a qua amb se autora plana de odmanay regia "ai Ge assur pln aceso do Jursdcienado 8 justgaem todas fase do posesa"tat 10h oy e Mian 15,58 Fe Bran, 35, fede Dy O recurso extraordinério deixou de ter uma feigao pura de meca- nismo de controle da constitucionalidade das decisdes, passando a ser A REFORMA CONSTITUCIONAL DO PODER JUDICIARIO ” admitido também em relagao a acérdios que “julgarem vilida lei lo- ‘cal comtestada em face de lei federal” (art. 102, ine. m, letra d). Ficou pportanto aumentada a competéncia recursal do Supremo Tribunal Fe- eral, o mesmo se dando em relago a sua competéncia origindria, que agora abrange também “xs agdes contra 0 Conselho Nacional de Justi= «2 ¢ contra 0 Conselho Nacional do Ministério Publico” (art. 102, ine. 1, lear). E 0 recurso extraordindrio voltou a ser condicionado ao inte~ resse publico geral, mediante 2 imposigao do requisito da “repereussav .geral das questdes constitucionais discutidas no caso, nos termios da lei” (art. 102, § 3%}; esse requisito constitui reedigio da vetusta relevincia la questo federal, exigida pelo Regimento Interno com expressa auto- rlzagdo da Consttuigio da época, mas com a diferenga de que naquele {empo si se exigia a relevincia em matéria infeaconsttucional, ndo em tema de constitucionalidade (Const-67, red. EC a. 1, art 119, § IP, ele RISTF, art. 308, red. ER n. 3, de 12.6.75; RISTF-1980, ar. 325). A competéncia do Supremo Tribunal Federal ficou também au- mentada pelo significative poder, que a emenda n. 45 Ihe concedeu, de editar stimtdas vinculantes e impor sua observancia “aos demais ‘rg80s do Poder Judiciirio ¢ & administeagao publica direta e indireta, nas esferas federal, estadual ¢ municipal” (art, 103-A, caput). Essas stimula terdo por objeto “a validade, a interpretagdo a ‘eficécia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia ‘tual entre érgios judiciérios ou entre esses c a administragdo piblica que acarrete grave inseguranga juridica e relevance multiplicagao de processos sobre questo (art, 103-A, § 19); 0 poder de editie Jas constitui uma nova caracteristica da formula brasileira da separa ‘Go entre 0s Poderes do Estado, uma vez que fica um érgio do Poder Jdiciério, « Supremo Tribunal Federal, autorizado a produir verda- deiras normas juridieas com elevado grau de generalidade e abstra- ‘Ho, & semethanga das leis, infragdo is stimulas vinculantes podera dar ensejo a uma reclamacdo endereyada aquele Tribunal, 0 qual de- Sova mp rp § 16 Tne alae dla Stine nome sexta € name ss. sual civil 17:20. nant, de net proces cnn 172 Fore Sta de ain roel pea ea 64195 € 23 {Sonn ren! proces np 38 (Nome procs nel Cee erie pes. Lies pein draco Denti 2. cap. sav, ne VES. CAPITULO 7 FONTES DA NORMA PROCESSUAL 40. fontes de direito em geral Chamam-se fontes formais do ditcito os meias de produsto ou expressio da norma juridica, Tais meios so a lei (em sentido amplo, abrangendo a Consttuiggo), os usos-e-costumes, © negécio juridico, # contoverid a incuso de jrspadncia ene as fonts de dicts deum ao enconran-e aie que parndh dae de gue os lcs bins apenas deve ugar Seord cm 0 deh Exoreno po utes fre: den poe fsa de ot nd gue ern to ris uae tees esa ends dio express moras jus al non declatas por qualquer das outras fontes. ‘ nto declara © direito nfo se confunde com a lei, nem a esta se reduz aquele, fm nosso direito, contudo, adota-seo principio do primado da lei so- bre as demais fontes do direto; assim, entende-se que taisoutras fon- tes somente produzem normas jurdicas com eficdcia desde que essas normas nao violem os mandamentos expressos pelos preceitos legisla- tivos. Essa regra nio é absoluta no entanto, sendo irrealista a posigto que negue, de todo, a possbilidade do efeito ab-rogatério da lei pro- duzido por outra daquelas fontes. 41. fomes abstratas da norma processuat Conforme sejam apreciadas em seu aspecto genético ou particu- lar, as fontes das normas processuais no dizeito brasileiro podem ser ‘encaradas em abstrato ou em concreto, AAs fontes abstratas da norma processual sao as mesmas do direi- to-em geral,a saber: a lei, 05 usos-e-costumes e o negocio juridico, e, para alguns, ajurisprudéncia, ” FONTES DA NORMA PROCESSUAL ‘Como fonte abstrata da norma processual, a lei abrange, em pri- meiro lugar, as disposiges de ordem constitucional, como aqueles pre- teites da Consttuigdo Federal que criam e organizam tribunais, que tstabelecem as garantias da Magistratura, que fixam e discriminam ompeténcias, que estipulam as dizetrizes das organizagdes judiciérias éstaduais, que tutelam 0 processo como garantia individual. ‘Em sintese, pode-se dizer que sSo de és ordens as disposigses cconsttucionais sobre procesto: a) principios e garantis: b) jurisdigao ‘onsttucional das iberdades;c) orgenizagdo judiciéria (v. supra, eap. Sen. $8), ‘As Consituigdes estaduais também ato fontes da norma proces- sual, quando criam tribunais ¢ regulam as respectivas competéncias, tu rbita que Is € reservada (Const, ar. 125, § 19) Também podem ser fontes legislativas da norma processual a lei complementar (Const, art. 93, art. 121, art. 128, § 59), a ei stricto Sons (ordndra) ea ei deleyada salvo no tocante a “organizagio do Poder Idieiio e do Ministrio Publio, 4 carera e garantia de ‘seus membros” (art, 68, § I, ine. 1). ‘A Constituigto Federal exclui de modo explicit e claro ¢ admis- sibilidade da edigao de medidas provisdrias em matéria processual Essa exclusto, que jestava implicita no sistema constitucional desde 0 inicio da viggneia da Constituigdo, foi explicitada pela emenda const- tucional n 32, de TT de setembro de 2001 (Const. art. 62, § 18, inc letra 8) ‘No mesmo plano das leis em geral, so fontes legislativas da nor- ma processual as convencdes ¢ tratados internacionais. Por iltimo, ainda no plano materialmente legisltivo, embora sub- Jetivamente judicidrio, ha também 0 poder normative atribuido pela Constituigo Federal aos tribunais em geral, que, através de seus regi rmentos internos (Const., art. 96, inc. 1, a), disciplinam as chamadas {questdes interna corporis. Participam eles do processo legislativo, tam- ‘bem, mediante o envio de propostas ao Poder Legislative sobre orga- nizagio judiciéria (Const. at. 96, inc. d, inc. i), Mas, como € 6b- vio, a fonte de direito nesses casos sera a lei e nao a proposta. ‘Alei, como fonte da norma processual stricto sensu, seré em prin- cipio de origem federal (Const, art. 22, inc), Mas, além da tradicio- nal ressalva quanto as normas de organizagaio judiciéria no ambito esta- ‘dual, que deverdo ser formuladas pelos éredios estaduais (art. 125, § 18), 100 TEORIA GERAL 0 PROCESS 8 Constituigdo Federal admite a lei estadual em concorréncia com a federal quanto: a &“criagdo, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas";b) a “procedimentos em materia processual” (art. 24, ines, xx. No tocante jurisprudéncia e aos usos-e-costumes como Fontes a norma processual, basta anotar que os dltimos na maioria das vezes, resultam da propria jurispmudéncia (praxe forense ou estilas do foro). Para quem admitisse a existéncia de negéeios juridicos proces- suais (a tendéncia € negi-los ~ v. fra, n. 212), estes também pode riom ser fonte da noma processual, como ra eleiga0 da foro, na con- vvengéo sobre a distribuigao do Onus da prova, na suspensio convencio- nal do processo ete. 42. fontes concretas da norma processual As fontes coneretas da norma processual s40 aquelas através das ‘quais as fontes legislativas ja examinadas em abstrato efetivamente atuam no Brasil Tais fontes coneretas desdobram-se em fontes constitucionais, fontes da legislagto complementar & Constituigdo e fontes ordinérias| Estas iltimas, por sua vez, podem ser codificadas ou extravagantes, que se distribuem em modificativas ou! complementares de codificagto. A Constituigo Federal, como fonte concreta da norma juridica Processual, contém: a) normas de superditeito, retativas as proprias fontes formais legislativas das normas processuais; b) normas relati- vas & criagio, organizagao e funcionamento dos érgios jurisdicionais, ©) normas referentes aos direitos e garantias individuais atinentes 20 Processo} e d) normas dispondo sobre remédios processuais especi 605 (supra, n. 58). Os direitos e garantias processtais, constitucionalmente previs- tos, ainda sd integrados pelas disposigbes da Convengao Americana sobre Direitos Humanos, incorporada a0 nosso ordenamento por forea do § 28 do art. 5* da Constituigdo Federal, mediante 0 dec. n. 678, de 6 de novembro de 1992 (¥. supra, n. 36.2) Na legislagao de nivel complementar & Constituigéo assume pri= mmeiro posto o Estatuto da Magistratura (Const. art. 93), que deverd conter: a) normas sobre a carreira dos magistrados (ine. );b) normas sobre acesso 20s tribunais de segundo grau (ine. 11); ¢) “previsdo de cursos oficiais de preparacao, aperfeigoamento e promopio de ma- gistrados, constituindo etapa obtigatéria do processo de vitaliciamen- FONTES DA NORMA PROCESSUAL, 101 to a participagio em curso oficial ou reconhecido por escola nacio- nal de formagao ¢ aperfeigoamento de magistrados” (ine. 1¥, ed. EC n. 45, de 8.12.04); 6) normas sobre vencimentos dos magistrados (ine. ¥); 2} normas sobre aposentadoria com proventos integras (ine. vi); m= posigio de residéncia do juiz titular na comarea (ine, vit); g) normas sobre remosao (compulséria ou voluntéri), disponibilidade e aposen- tadoria de magistrado por interesse pablico (quorum, ampla defesa ~ ines. vin & vies); h) normas impondo publicidade nos julgamentos ¢ motivagio de todas as decisdes, inclusive administrativas (ines. 6-X); {) normas sobre a insttuigao de érgo especial nos tribunais com ni- mero superior a vinte-e-cinco membros fine, x); j) a determinagao de que “a atividade jurisdicional sera ininterrupta”, com a corresponden- te proibigto de férias forenses nos juizos inferiores e nos tribunis de segundo grav, mais a previsio de piantdes judicidrios para os dias sem expediente forense (inc. xu); k) uma regra programitica dispondo so- bre a proporcionalidade entre a quantidade de érgios judicidrios de um lado e, de outro, a efetiva demanda de servigos jurisdicionais © a populagdo da respective drea (ine, xit); ) uma regra puramente técni- ca, mandando que seja delegada aos serventudrios da Justga a pritica de atos de administragdo ou de moro expediente, sem contetido deci rio (ine. xv; v. também CPC, art. 162, § 4° automaticacdo judicidria), 1m) outra regra puramente técnica, estabelecendo que “a distribuigao de processos sera imediata, em todos os graus de jurisdigto” (ine. xv) com isso banindo a distribuigdo contida (ou represamento) antes pri- ticada nos tribunais paulistas © Estatuto da Magistratura ainda ndo foi editado. Continua par- 57-4. modificagoes no processo trabathisia A emenda con: dificagéo a0 processo do trabalho, a0 elimina impovtantissima modi Juntas de eonei gravam, subst sinc. 1). No- 957, de 12 de janei- eter elem eget » 789-B, 790-A © 790-B ca lei n ue alterou os arts. 789 © 790 da $8 a Constiwicéo de 1988 e o direito anterior Sendo a Constituigao wna cio a base de toda a ordem juridica, nela assen- A pritica ie i que ast Impede + aogio desse eit, Entende-s, por isso 'as anteriores, que nao sejam incompaiivelseng EVOLUGAO HISTORICA DO DIREITO PROCESSUALBRASILEIRO 133, ‘a nova Constituigio, persistem vigentes ¢ eficazes, em face do fend- fueno da recepedo. Renovando-2s, a neva ordem constitucional devol- Meihes de imediato a eficicia. Naturalmente, as normas precedentes Jncompativeisnio sio recebidas pela nova ordem consttucional, per dendo vigéneia ¢ cficéc Discute-s se a Constiuigso nova revoge a8 normas ateioes incompativeis. Com ov sem revagacéo, porém, € indiscutivel 0 fend- meno da petda de eficeis, por naa terem essas notmas sido recebidas pelt nova Contigo. Como jé se disse (supra, cap. 58), a Constituigéo brasileira de 1988 isp4s largamente em matétia processual, com 0 que diversos dispositivos da legislagio amterior perderam eficécia, enquanto outros demandam uma releitura em chave consttucional que 0s interprete de rmodo consentineo com a nova ordem jutidica. Assim, por exemplo, « garantia do contraditério e da ampla de- {fesa,contida no art 5, ine. Lv, ¢ enderegada a qualquer process, bem ‘como a do devido processo legal com relagio & perda dos bens (inc. Luv), pdem cobro & antiga disputa sobre 2 aplicabilidade desses princi pios & execugéo civil, com a conseqléncia da necessiria adequacio 8 Constituigde de dispestives coma o art. 653 do Codigo de Processo Civil. Ainda pata © processo civil, a restrigko do direito de consultar autos &s partes e procutadores (CPC, art. 155, par.) deve ser reexami ‘ada em Face do principio da publicidade dos atos processusis (Const, art, $2, ine. 1x). Mais profunda foi a reforma processual penal operada pela Cons- tituigo, dela decorrendo a perda de eficdcia ou uma diversa interpreta- ‘cio de imémeras disposigies ds legislagio precedente. Destacam-se os seguintes exemplos: a) titularidade absoluta da acdo penal pelo Minis- trio Pablico (Const, art. 129, inc. 1), com a aboligio dos pracessos criminais instaurados na Policia (ditos processos judicialiformes) — conseqiiéncia, a supressio do disposto no art. 17 da Lei das Contra- vvengSes Penais e nos arts. 26 e 530-531 do C&digo de Processo Penal; ») a proibico de identificagéo criminal (Const. art, $4, inc. xv, com reflexo no art. 6, inc. vit, do Cédigo de Processo Penal; ¢) a impossi bilidade de prisao pela autoridade que preside o inquérito, prevista pela Lei de Seguranga Nacional, em face do inciso Lx do art. 5* da Consti- tuigdo; d) a necesséria adequagao do isposto nos arts. 186 © 198 do Cédigo de Processo Penal a plena garantia do dircito ao silencio asse: gurada pelo art, 5%, ine, Lxnt, da Consttuigio; e) a perda de eficdcie do art. 240, {do Céigo de Processo Penal, em face di inviolabilida 134 ‘TEORIA GERAL DO PROCESO de absoluta do sigilo da correspondénci ; a ncia prevista no ine. xn do att. $e fa Constituigao; f) a releitura das normas atinentes as buscas domici Hares (CPP, arts. 240-241), em confronto com a regra do mandado ju- Aiciério,ressalvado o flagrant, do at. 5, ine, xi, da Constitigio, Acima de tudo isso e m fr ; 0 € numa visio de conjunto, é preciso ter cons- ciéncia das linkas gerais da reforma processual operada pela Cons tuiglo de 1988, salientando as tendéncias evolutivas refletidas no per. fil tragado pela Lei Maior. r Houve um reforgo das garantias do G0 das garantias do justo processo (tanto civil Sains ens, vistas nko mals exclsivamente como diretospiblicos subjetivos dos ltigantes, mas sobretudo como garantias para e exercicio da jurisdigio Simo garnt paso conrero Segura demonsraio dessa tendéncia cidade ¢ da motivagao (supra, nn. 27-28). = ’ Anda no plano geval, destaca-se a abertura a a . ,destaca-se a abertura& participagao popular 5 adniisado da Jig paras caus de menor complendade (on i, ie: 116 no mesmo campo cv, par a justi conti (4 98, © mesmo art, 98, inc. , 20 exigit 0 procedimento orale sumaris- simo para as pequenas causas coloca nilidamenteo dizeto a procedi. mmentos adequados, que sejam aderentes& realidade social e consent. eos com alg aridca matt sbjacerte pecificamente para oprocesso civil, a facilitagé aj ; fic ila facilitagao do acesso a jus- tiga (acesso “A otdem juridica just), inclusive mediante o reconhect. mento de direitos supra-individuais, dotados do instrumental adequa- o & sua viabilizagao, sio pontos fundamentais que deverio levar a Profundas modificagées de todo o sistema processual (v. supra n.38), Para o processo peral,salente- : . |, saliente-se a insuprimivel regra moral que deve presidit a0 processo, a qual repsie em questo o principio da de rominada verdade real, uma vez que esta nao pode ser buscada 4 qual. quer custo, mas sempre de acordo com rigorosos principios éticos oni toposes psa ode ini in 8) odio &ieaiaets ts wopemees pl ic pei iterogatto ins tx) safrmag ao prare Sct os 1s ince ode emunecr cdo (heat dps ned eon, nod psoas fae 29 densa ic caravan ide ord juin paras mens ean Ce dete .ule Lins Mima dade no proceso te poner aed ‘meios ilicitos (ine. 11); g) © controle externo exercido pelo Ministerio. EVOLUGAO HISTORICA DO DIREITO FROCESSUALBRASILEIRO 135 Pablico sobre a policia judiciérie (art. 129, inc. vi); ) as garantias ‘contra a tortura (rt. $f, inc. x); ) a reparagio pela pristo por tempo superior a0 da condenagéo (lac. Lxx%). Mencfone-se ainds 9 segura opgo da Constituigio por um pro ‘cesso penal de partes, ominado pelo principio acusat6rio, em que 3 relagio juriica processual é posta em relevo pelas fungSes claramente ‘delineadas do Juiz, da acusacio e da defesa. Prova dessa escolha s20 2 regia que torna privativo do Ministério Publico o exercicio da agio ‘penal pblica (a. 129, ine. 1) a que institucionaliza a figura do ad- vogado,privado e pubtico, este pelas Defensorias (arts. 131 © 134). Finalmente unva telativa disponibilidade da scéo penal, para as Infagges penais de menor potencial ofensivo (art. 98, ine. 1), constitu ‘outa importante colocagio da Constituigio de 1988; com isso alinha- ‘€ 0 sistema brasileiro as tendncias contemporincas de ondenamentos juridicos até hd pouco comprometidos, como o nesso, com o prinefpio {da obrigatoriedade em todo seu rigor (\. supra, nn. 6,7 © 22). Para concluir com uma sintese sistemética ¢ visio de conjunto, 6s inimeros dispositivos da Consttuigio de 1988 relativos ao sistema processual e aos seus valores podem ser agrupados em trés categories: a) principias e garantias constitucionais do processo, ditados ‘com explicitude e clareza (prinefpios do devido processo legal, con- tradit6rio, ampla defesa, inafastabilidade do controle jurisdicional; pr sangio de inoeéncia do acusado, dever de motivagio de todas as deci s0es judicias, proibigio das provas obtidas por meios ilfcitos et.) ) jurisdigao consttucional das liberdades: habeas-corpus, maa- dado de seguranca individual e coletivo, habeas-dara, mandado de junclo, acio popular, agdo civil pablica, agio de inconstitucionalidade Por omissio, rol de legitimados & ago direta de inconstitucionalidade; ) organizagdo judicidria: inovando na estrutura judiciétia nacio- nal criando 0 Superior Tribunal de Justica e o juiz de paz eletivo, auto- rizando a instisigio de juizados especiais para causas cfveis de menor complexidade e infragées pensis de menor potencial ofensivo etc. Lembre-se uma vez mais que as garantias processuais da Con- vengio Americana dos Direitos Humanos integram 0 rot de direitos garantias vigentes no pais, enriquecendo os principios ¢ garantias Processuais do nosso ordenamento: v. supra, n, 36a. 59. evolugio doutrindria do direito processual no Brasil ~0 papel de Liebman e a tendéncia instrumentalista moderna 0 direito processual sempre foi alvo de grande interesse entre os estudiosos brasileiras. J4 no século passado tivemos processualistas 136, ‘TEORIA GERAL DO PROCESSO ame Pinenla Bueno (process pena), o Baro de Ranalho Pat Batista (ambos, processo civil), que deram inicio a um acervo. cultural le que a erages posteroeshaveriam de opulharee agen ls professor na Faculdade do Rect, €snds hoje chads a tad els so profuds pce de robiomas ensure o cess agi, demand, exeagao cv, descninands erin descontsids na props procesialticn cuopdnth ae ean 4aDsPois haveriam de vir Estevam de Almeids, tose Monee Joo Mendes Sino, todas eateriioos de Dita ane ee Faculdade de Ditto de Sio Paulo, lem de Call Sint cs 2 proceso penal Acie de dito process seg ais Sempre exereeuverdadeitofathiosobfe os jriuce dae ee des que ocuparam e ointersse pela matin loio Moen ee usm 0s pores do jz ete), a ena da prince eo an 1 do btincpio da estbtizagio da demands, um novo conceltce we ispnibildadeobjtivaesibetva, uma maior lborde dace 05 princpios informan vas permanecem os meses do d processual m geral (supra, n. 17), mas o igual. dade também € objeto de un "aval to sibstncal. aes ums nova avaliagho sista cio do grupo. sesibs Hem bene + EVOLUGAO HISTORICA DO DIREITO PROCESSUAL BRASILEIRO 141 Mas é sobretudo no plano dos insttutos fundamentais do proces- so que 0 ditcito processtal coletivo se distingue do individual. Pasa tender a0s novos direitos ou interesses foi necessério alterar profun- Gamente os esquemas da legitimidade ad causam, uma vez que os smembros do grupo, categoria ou classe nao sio ttulares de direito sub- jetivo algum, dada a indeterminacéo ou indeterminabilidade desses direitos; age em juizo por eles um representante adequado, ou substi- tuto processual, ou soja, uma pessoa ou ente investido de legitimidade diante das caracteristicas que apresenta (Ministério Pablico, Defenso- ria Publica, sindicatos, associagbes, 6rgios publics). Os limites sub- jetivos da coisa julgada ¢ da propria eficécia da sentenca (infra, n 200) tiveram de ser profundamente alterados, ganhando uma projecSo erga omnes, as vezes de acordo com o resultado do processo (secun= dum eventum litis). Caminha-se em diregio a uma coisa julgada se- undo a prova (ou secundum probationer), que permite a reproposi tura da demanda em face de prova superveniente. Os limites objetivos da coisa julgada, embora aparentemente limitados, como no process individual, ao comando da sentengs (dispositive), acabam transcenden- 4o-0 pelo menos em relagio aos efeitos praticos, quando hé controle difuso da constitucionalidade em sede de demanda coletiva (pois os efeitos erga omnes do comando da sentenga, sobretudo quando de Ambito nacional, equivalem, na pritica, aos efeitos da deciséo de onstitucionalidade ou inconstitucionalidade nas agbes diretas de com- peténcia do Supremo Tribunal Federal). Pedido e causa de pedir po- ‘dem ser interpretados extensivamente, Com vista a agilizar a tutela jucisdicional,redefine-se a dimensdo da litispendéncia (abrangendo de- mandas em que os legitimados ativos sio diferentes), bem como a da conexidade (mais ampla, para permitir que causas semethantes sejam agrupadase julgadas conjuntamente). Na mesma linha, a competéncia tem regras proprias. Assim também, a liqgidacio da sentenea conde: nat6ria & reparagio dos danos individualmente softides pelos mem- bros do grupo. Sao revisitadas as regras sobre distribuigao do Snus da prova. E custas e honorérios tém tratamento préprio. Os poderes do juiz sio ampliados sobremancira (Irata-se da defi hing function das class actions norte-americanas), exercendo ele o controle néo s6 da legitimidade mas também da representatividade adequada, decidindo sobre outros requsitos necessitios & propositura a demanda coletiva e podendo reunir ¢ desmemirar agdes coletivas, assim como cerlfied-las como tais etc. Eas fungies do Ministério Pablico assumem feigio diversa, podendo ele ser parte parcial (como 12 ‘TEORIA GERALDO PROCESSO legitimado ativo) ou imparcial (como fiscal da lei, hipStese em que exerce 0 poder-dever de impulsionar 0 processo coletvo). Tudo isto foi 0 resultado, no Brasil, de uma posigéo de vanguar- dda assumida pela doutrina e, depois, pela legislagto. Pensar na Lei da ‘Aco Popular, com as modiicacbes iniroduzidas pela emenda const tucional n. 1/1969; na Lei da Ago Civil Pablica (lei n. 7.347, de 24,7.85); na propria Constituigio Federal de 1988; no Cédigo de De- fesa do Consumidor (ii n. 8.078, de 1.9.90) ete, Essas foram as prin. cia fontes legals do processo coletivo brasileiro, responsiveis por seu surgimento, sua evolucio e sua conceituagio doutrinsia (sem dese ‘cuidar da atuacto dos sindicatos nas dissidios coletivos trabaihistas). Novidades importantes sio sinda objeto de andlise © propostas, aqui e alhures, devendo ser lembrado 0 Cdigo Modelo de Processes Coletives para tbero-América, aprovado em Caraces em setembro de 2004 e originatio da proposta iniial de Ada Pellegrini Grinover, Kax ‘uo Watanabe e Antonio Gidi, Salieate-se ainda a proposta em anda. ‘mento de um Cédigo Brasileiro de Pracessos Coletives, iniiativa dos s-graduandos da Faculdade de Diteito do Largo de Sio Francisco, na disciplina processos coletivas, egida por Ada Pellegrini Grinover, Kozo Watanabe © Carlos Alberto de Sales. Essa proposta foi trans, formade em anteprojeto, aps teceber contrbuigbes das mais diversas origens, tendo sido apresentada 20 Ministerio da Justiga em dezemibro de 2008, 59-C. 0 regime do cumprimento de sentenca Uma ici do fim do ano de 2005, oriunda de anteprojeto elabora- do pelo Min, Athos Gusmao Carneiro, veio & impor uma transforma- ‘¢40 muito profunda em todo o processo civil brasileiro e nos conceitos até entdo aceitos pela generalidade dos estudiosos. Foi a lei n. 11.232, de 22 de dezembro daquele ano, conhecida como Lei do Cumprimen. 10 de Sentenca. Sua principal caracteristica consiste na climinagio da figura do processo auténomo de execugio fundado em sentenca civil condenatéria, generalizando também o dispasto nos arts. 461 e 461-A do Cédigo de Processo Civil; pelo que ncla se dispie, sempre a efeti- vagio dos preceitos contidos em uma sentenga civil se realizara em continuagéo a0 mesmo processo no qual esta houver sido proferida Essa unidade processual é ditada pelas disposigées segundo as uais @ provocagio do juzo para as medidas de efetivacdo da senten- a se far mediante mero requerimento do credor (arts. 461, § 5° ¢ 475-5, red. lei n, 11.232, de 22.12.05) e nao mais pelo ajuizamento de uma peticio inicial. © obrigado nao seré citado, justamente porque EVOLUGAO HISTORICA DO DIREITO PROCESSUAL BRASILEIRO 143 qo om vid um avo poe ma ines tind me de seu patrono (art. 475-5, § 19). os ‘A nova lei chama de cumprimento de sentenca, em sentido gené- con rss co pas ie. quer exis ia obrigacéo a esteem ule tsonbog execs de oa or cumprida pelo vencido (titulo executive judicial ~ art. 475-N, inc. 1). Quando se trata de dar efetividade a uma oben de past i a prt sr mene eens (ce a ree came dovede solvate A753) Oconeto de exeego nao se estende & efetivagio das obrigacdes especificas, a qual conti- Me gin esa #61 2461-8 s engin des nidate de proceso (pitt oi ners concen eeprom so pelo gual o juiz pe termo ao processo, decidindo ov nio o mérito da Marni I fd Ci ce Pre eo sas cau stra aso ado pica alga’ das stuaghespvists n08 at. 267 © 269 desi te Src nega ome cae se oa Sr tenga (art. 269); 0 mesmo, quando o juiz determinar a extinglo do pro- ‘cesso sem julgamento do mérito (art. 267). Mas, em_ razio da unicode do processo (cognigio-efetivacdo), a sentenga de mérito s6 pord fim a wives sure” ber cs le i xo Se sceelrvan eqns pce om combo oon. taeda sembrc ibtigrafia Ar Sut, Pincras asc 22 Bun apse ce Mavs” do Anup de Cp d Proceso Ci “pt en uate meso pcs amar iis de ic rosa ci, cp. Ml earn tert do procs cl ode, lh A fe 2 > Tero prc ce ater joss Cin de Proce Ce Gamer “Modes to por rll” pp. 272298 Feria i Do constcenalcmpara, 15-120. icone, rem de proces cil, s63-90 1 ma “ig de proses ‘a rasan) - Lovo tn Cont, Deventer do deo procral cl bras ¢ de terre pe, Maru Pc ep 87-8 Monet cap 3 8 “Barwa, Peo pel pp 2438 ipdcros meses dre cin ci SEGUNDA PARTE JURISDICAO CAPITULO II JURISDICAO: CONCEITO E PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS 60. conceito de jurisdigéo Da jurisdigao, jé detineada em sua finalidade fundamental no cap. 2, podemos dizer que ¢ uma das fungdes do Estado, mediante @ qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, im- parcialmente, buscar a pacificacio do conflito que os envolve, com Justiga. Essa pacificagdo é feita mediante a atuagzo da vontade do Teito objetivo que rege 0 caso epresentando em conereto para ser s0- lucionado; eo Estado desempenha essa fungio sempre mediante 0 pro- ‘cess0, seja expressando imperativamente 0 preceito (através de uma sentenga de mérito), sejarealizando no mundo das coisas o que o pre- cxito estabelece (através da execusio forgada). Que ela € uma fungto do Estado e mesmo monopélio estatal, jé f0i dito; resta agora, a propésito, dizer que a jurisdigio é, a0 mesmo ‘tempo, poder, fungdo e atividade. Como poder, é manifestagio do po~ der estatal, conceituado como capacidade de decidir imperativamente impor decisses. Como fungdo, expressa o encergo que tém os érg80s estatais de promover a pacificagio de conflitos interindividuais, medi- ante a realizagio do direito justo e através do processo. E como ativi- ‘dade ela & 0 complexo de atos do juiz no processo, exercendo 0 poder © cumprindo a fungzo que a lei the comete. O poder, a fungdo e a ati- Vidade somente transparecem legitimamente através do processo de- Vidamente estruturado (devido processo legal). Pera earacterizar a jurisdigao, muitos eritérios foram propostos Pela doutrina tradicional, apoiada sempre em premissas exclusivamen- te jurdicas ¢ despreocupada das de cariter s6cio-poltico, Hoje a pers- Pectiva € substancialmente outra, na medida em que a moderna pro- 148 TEORIA GERAL DO PROCESSO cessualistica busca a legitimidade do seu sistema na utlidade que 0 rocess0 ¢ exereicio da jurisdicdo possam oferecer naga e As suas insttuigdes. Data segura diretriz no sentido de afirmar os escopos so- ciais e politicos da jurisdigo e especialmente o escapo de pacificagio ‘com justiga, de que se falow em capitulo anterior, nesta mesma obra (supra, n. 4} ‘Mesmo assim, no deixam de ser também importantes as caracte- tisticas da jurisdigto pelo aspect jurdico. Dent os critéiosdistnti> vos propostos pela doutrina tradicional, os dois indicados por Chio- vvenda mostrantse suficientes para a earactrizayio juridie da jurisdi 8) carétr substtutivo; b) escopo de atuaga0 do diteito, Foi muito ‘importante também 3 construgdo proposta por Carnelutt, que caracte- ava a jurisdigio pela circunstincia de ser uma atividade exercids ‘sempre com relagio a uma lide: como se verd a segui, a idia de lide esta presente nos caracteres acima. Essa e outrascaracteristeas secu drias da fungfo jurisdicional serto também estudadas neste capitulo, 61. cardter substitutivo Exercendo a jurisdi¢do, o Estado substitu, com uma atividade sua, as atividades daqueles que estdo envolvidos no conflito trazido a apre: cingdo. Nio cumpre a nenhuma das partes interessadas dizer definiti- vvamente se a razdo esté com ela propria ou com a outra; nem pode, seni excepeionalmente, quem tem uma pretensio invadir a esfera ju ridica alheia para satistazer-se. A Gnica atividade admitida pela loi ‘quando surge 0 confito é, como vimos, a do Estado que substitui a das partes. Essa proposi¢do, que no processo civil encontra algumas exce- 8 (c2805 ratos de autotutela, casos de autocomposigio),é de valide- de absoluta no penal: nunca pode o direita de punir ser exereido inde- pendentemente do processo e no pode o acusado submeter-e volun tariamente@ splicagso da pena (sobre a abertura constitucional para a coneciliagao em matéria penal, v. supra, nn, 6-7) As atividades do Estado sdo exercidas através de pessoas fisicas, que constituem scus agentes, ou seus drgdos (o juz exerce a jurisdi= 0, complementada sua atividade pelas dos érgdos auxiliares da Jus tiga). E, como essas pessoas no agem em nome proprio mas como Srgios do Estado, a sua imparcialidade ¢ uma exigéncia da lei; 0 juiz ou auxiliar da Justiga (escrivao, oficial de justiga, depositério, conta- dor) que tiver interesse proprio no litigio ou razées para comportar-se de modo favorivel a uma das partes contrariamente & outra (paren- JURISDIGAO: CONCEITO E FRINCIPIOS FUNDAMENTAIS 149, tesco, amizade intima, inimizade capital) ndo deve atuar no processo: ¥. CPC, arts. 134, 135 € 312; CPP, arts, 95-103, 252, 254. 62. escopo juridica de atuagdo do direito Ao ctiar a jurisdigdo no quacro de suas instituigdes, visou o Esta- do a garantir que as normas de direito substancial contidas no ordena- mento juridico efetivamente conduzam aos resultados enunciados, ou seja: que se obtenham, na experiéncia conereta, aqueles precisos re sultados priticos que o direito material preconiza. E assim, através do exercicio da fungao jurisdicional, 0 que busca o Estado é fazer com que se atinjam, em cada caso concreto, os objetivos das normas de direito substancial. Em outras palavras, 0 escopo juridico da jurisdi- ‘80 €a atuago (cumprimento, realizagio) das normas de direito subs- tancial (dreito objetivo). Essa ¢ a teoria de Chiovenda, Corresponde &idéia de que a nor- ‘ma conereta nasce antes e independentemente do proceso. Outra po- sito digna de nota é a de Cameluti: 6 existira um comando comple to, com referéncia a determinado caso conereto (lide), no momento em que & dada a sentenga a respeite: 0 escopo do processo seria, entio, a justa composigdo da lide, ou seja, 0 estabelecimento da norma de ‘eto material que diseiplina o caso, dando razSo a uma das partes. A afirmagio de que através da jurisdigdo 0 Estado procura a rea- lizacao do direito materia (escopo juridico do processo), sendo muito pobre em si mesma, hi de coordenar-se com a idéia superior de que os ‘objetivos buscados sto, antes de mais nada, objetivos sociais: trata-se de garantir que 0 dircito objetivo material seja cumprido, o ordena- mento jurfdico preservado em sua autoridade e a paz e ordem na sociedade favorecidas pela imposigdo da vontade do Estado. O mais, clevado interesse que se satisfaz através do exercicio da jurisdigdo é, pois, o interesse da propria sociedade (ou seja, do Estado enquanto comunidade). Isso nto quer dizer, contudo, que seja essa mesma a motivagao ‘gue leva as pessoas ao processo. Quando a pessoa pede a condenagao do seu alegado devedor, ela estd buscando a satisfagdo de seu proprio interesse € mio, altruisticamente, a atuagio da vontade da lei ou mes- tno @ paz social. Ha uma pretensio perante outrem, a qual nlo ests sendo satiseita, nascendo dai 0 conflito —e é a satisfagio dessa sua pretensio insatisfeita que o demandante vem buscar no processo. A 150 ‘TEORIA GERALDO PROCESO realizagio do ditito objetivo e a pacificagao social s20 escopos da jjurisdigdo em si mesma, nfo das partes. E 0 Estado aceita a provoca- ‘40 do interessado ea sua cooperagdo, instaurando um processo e con- dduzindo-o até ao final, na medida apenas em que 0 interesse deste emt obter a prestagdo jurisdicional coincidir com aquele interesse publico de atuar a vontade do dircito material e, com isso, pacificar e fazer justiga 63. outras caracteristicas da jurisdigdo (lide, inércia, definitividede) Do que ficou dito, resulta que a fungio jursdicional exeree-se em {grande niimero de casos (Carnet afirmava que sempre) com refe- réncia a uma lide que a parte interessada deduz a0 Estado, pedindo uum provimento a respeito. A existéncia da lide ¢ uma earacteristica cconstante na atividade jurisdicional, quando se trata de pretenses in- satisfeitas que poderiam ter sido satisfeitas pelo obrigado. Afinal, é a cexisténcia do contfito de interesses que leva o interessado a dirigir-se 420 juiz ¢ a pedirsthe uma solugdo; ¢ & precisamente contraposigao dos interesses em conflito que exige a substituicao dos sujeitos em contlito pelo Estado, ‘Quando se tata de lide envolvendo o Estado-administragd0, 0 Estado-juizcubstitai com atividades suas as atividades dos sujeitos da lide — inclusive a do administrador. Essa idgia também encontra apli= cagio no processo penal. Quem admitir que exist a lide peral (de res to, negada por setores significativos da doutrna) diré que ela se esta belece entre a pretensio punitiva e o diteito &liberdade; no curso do processo penal pode vir & cessar a situagSo ltigiosa, como quando 0 ‘rgio da acusagto pede absolvigho ou recorre em beneficio do acusa- {do imas o processo penal continua até a decisio judicial, embora lide lo exista mais. Em vez de lide penal & preferivel falar em controvér- sia penal (supra, . 8). ‘Outra caracterstica da jurisdigdo decorre do fato de que os &t- 0s jurisdicionais so, por sua propria indole, inertes (nemo judex sine actore, ne procedat judex ex officio). 0 exercicio espontineo da ativi- dade jurisdicional acabaria sendo contraproducente, pois @ finalidade que informa toda a atividade juridica do Estado & a pacificagao social ¢ isso viria em muitos casos & fomentar conflitos e discérdias, langan- do desavencas onde elas nao existiam antes. Ha outros métodos reco- hecidos pelo Estado para a solugao dos conflitos (conciliagao endo ou extraprocessual, autocomposigao e, excepcionelissimamente, au- JURISDIGAO: CONCEITO E PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS 151 {otutela ~ sobre os meios alternativos para a eliminagdo de conflitos {Gupra, n. 5) €0 melhor é deixar que o Estado s6 intervenba, mediante 60 excreicio da jurisdigfo, quando tais métodos no tiverem surtido efeitos. ‘Além disso, a experiéneia ensina que quando o proprio juiz toma a iniciativa do processo ele se liga psicologicamente de tal maneira a idéia contida no ato de iniciativa, que difcitmente teria condigbes para julgar imparcialmente. Por isso fica geralmente ao critéio do proprio interes- sado a provocagio do Estado-juiz ao exercicio da fungao jurisdicional: assim como 0s direitos subjetivos sfo em principio disponiveis, poden- do ser exercides ou ndo, também 0 acesso aos drglos da jurisdigao fica entregue 30 poder dispositive do interessado (mas mesmo no tocante 08 direitos indisponiveis a regra da inérca jurisdicional prevalece — vg. «0 jus punitionis do Estado), Em direito processual penal, titular da pretensio punitiva (Mi- nistério Pablico) nfo tem sobre ela o poder de livre disposigdo, de rmodo que pudesse cada promotor, a seu critério, propor a agao penal fu deixar de fazi-lo. Vigem ai, como regra geral, os chamades prinei- pos da obrigatoriedade e da indisponiilidade, que subtraem a0 6 ‘0 do Ministerio Piblico # apreciagdo da conveniéncia da instaura- ‘Gao do processo para a persecusan dos delitos de que tenha noticia Mesmo assim, todavia, 0 provesso ndo se instaura ex ofiie, mas me- ante a provocagda do Ministerio Piblico (ou do ofendido, nos casos texcepcionais de agdo peral de iniiative privada). Assim, & sempre uma insatisfagio que motiva a instauraglo do processo, 0 titular de uma pretenséo (penal, civil, abalhista, tributé- ria, administrativa, ete.) vem a juizo pedir um provimento que, elimi- nando a resisténcia, stisfaga a sua pretensio e com isso elimine 0 es tado de insatisfagdo; e com isso vence a ingrcia a que estio obrigados (0 6rgi0s jurisdicionais através de dispositivos como o do art. 2° do ‘Codigo de Processo Civil (“nenhiurn juiz prestard a tutela jurisdicional senido quando a parte ou o interessado a requeret, nos casos & formas legais”) ¢ 0 do art. 24 do de Processo Penal. Em casos raros ¢ especificos, a propria lei institu certas exee es & regra da inércia dos érgos jursdicionais. Assim, por exemplo, pode 0 juiz declarar ex officio a faléncia de uma empresa sob rexime fe recuperapao judicial, quando verifiea que falta algum requisito para fo prosseguimento desta (ein, 11.101, de 9.2.05, arts. 73-74) a execu (80; 2 execugio trabalhista pode instaurar-se por ato do juiz (CLT, {rt 878); 0 habeas corpus pode conceder-se de-oficio (CPP, ar. 654, § 28), A execugio penal também se instaura ex officio, ordenando © 132 ‘TEORIA GERALDO PROCESO Juiz a expedigto da carta de guia para 0 cumprimento da pena (LEP, fant. 108). Outra caracteristica dos atos jurisdicionais é que sé eles sao sus- cetiveis de se tornar inves, na0 podendo ser revistos ou modifica- dos. A Constituigdo brasileira, como a da generalidade dos paises, es- tabelece que “a lei néo prejudicard o dircito adquirido, 0 ato juridico perfeito ¢a coisa julgada’” (art. 5*, inc. xxxv1). Coisa julgada é a imu- {abilidade dos efeitos de uma sentenga, em virtude da qual nem as per- tes podem repropor a mesma demanda em juizo ou comportar-se de modo diferente daquele preceituado, nem os juizes podem voltar a decidir a respeito, nem o préprio legislador pode emitir preceitos que contratiem, para as partes, 0 que jd ficou definitivamente julgado (in- fra, n, 198), No Estado-de-Diteito s6 05 atos jurisdicionais podem che- ‘ar a esse ponto de imutabilidade, nio sucedendo o mesmo com os administrativos ou legislativos. Em outras palavras, um conflito inte- ‘individual s6 se considera solucionado para sempre, sem que se pos- sa voltar a discui-lo, depois que tiver sido apreciado e julgado pelos ‘rgios jurisdicionais: a ttima palavra cabe ao Poder Judicirio 64, jurisdigdo, legislagdo, administragao A preocupagao moderna pelos aspectos sociais e politicos do pro- cesso ¢ do exercicio da jurisdigdo torna menos importante a traicio- nal busca da distingdo substancial entre a jurisdigo ¢ as demais fun- Ges do Estado. Pensando nela como poder, v-se que nao passa de tuma das possiveis expressdes do poder estatal, io sendo um poder distinto ou separado de outros supostos poderes do Estado (o qual & substancialmente uno e ndo comporta divisdes). Mais importante & re ‘montar todas as fuapdcs estatais a um denominador comum, como é 0 poder, do que cuidar de distingui-las. Como fimgdo € que, tendo em Vista 0s objetivos do exercicio da jurisdigdo, toma-se possivel estre- mila das outtas fungSes estatais. Ela difere da legislapdo, porque consiste em pacificarsituagdes contflituais apresentadas ao Estado-juiz, fazendo justiga em casos con- eretos ~ seja afirmando imperativamente a preexistente vontade do direito (sentenga), seja produzindo os resultados que o obtigado nfo Produziv com sua conduta propria (execugio). Quanto a atividade ad- ‘inistrativa, nfo ha divvida de que também através dela 0 Estado cum- prea lei (¢ por isso nao faltou quem dissesse inexisti diferenga onto- légica entre a administragto e a jurisdigo), Mas a diferenga entre as SURISDIGAO: CONCEITO E PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS 153 duas atividades esté em que: a) embora cumpre a lei, tendo-2 como limite de sua atividade, o administrador nfo tem 0 escopo de atué-la (0 escopo é, dretamente, a realizagio do bem comum; b) quando a Ad- ministragdo PAblica pratica ato que lhe compete, é 0 proprio Estado aque realiza uma atividade relativa a uma relagao juria de que ¢ par- te, faltando portanto o cariter substitutivo; ¢) os atos administativos nio sio definitivos, podendo ser revistos jurisdicionalmente em mui- tos casos. Acima de tudo, s6 na jurisdigdo reside o cscopo social mag no de pacificar em conereto 0s conflitos entre pessoas, fazendo justiga na sociedade. ‘Tudo que ficou dito demonstra a inaceitabilidade do critério or- ‘anico, isoladamente, para distinguir a jurisdigdo: esta seria, segundo tal ertério, a fungao cometida ao Poder Judicisri Tal proposta, além de trazet em si o vieio da petigdo de principio (0 Poder Tudiciério é cencarregado de exercer a funglo jurisdicional: a fun¢o jursdicional € aguela que cabe ao Pader Judicirio), mastra-se duplamente falsa: hi fungSes jurisdicionais exercidas por outros 6rgaos (cf: Const art. $2, ine ye ha fuangSes absolutamente nio-jurisdicionsis, que os éretios jjudiidrios exercem (Const, at. 96). 65. principios inerentes & jurisdigio Et todos os paises a jurisdiglo ¢ informada por alguns prinefpios fundamentais que, com ou sem expressio na propria lei, sio univer- salmente reconhecidos. So eles: a) investidura; b) aderéncia a0 te (rio; c) indelegabilidade; d) inevitabilidade; e) inafastabilidade;f)juiz natural; g) inércia. © principio da investidura corresponde a idéia de que a jurisdi- ‘80 86 sera exercida por quem tenha sido regularmente investido na autoridade de juiz. A jurisdigdo & um monopélio do Estado e este, que € uma pessoa juridica, precisa exercé-Ia através de pessoas fisicas que sejam seus éFgios ou agentes: essas pessoas fisieas s8o 0s juizes. E claro, pois, que, sem ter sido regularmente investida, nfo seré uma pessoa a encamagio do Estado no exercicio de uma de suas fungdes primordiais ‘© mesmo sucede se o juiz ja se aposentou, cireunstincia em que se pode eorretamente afirmar que nto é mais juiz: ocorrendo a aposen- tadaria, deve ele entio, segundo preceita expresso da lei processual, [passar os autos ao sucessor (CPC, att 132). sa ‘TEORIA GERALDO PROCESSO No principio da aderéncia ao terrtério manifest-se, em primei- +o lugar, alimitagdo da prépria soberania nacional 20 teritrio do pats: assim como os drgios do Poder Executivo ou do Legislative, também ‘08 magistrados s6 tém autoridade nos limites teritoriais do Estado, Além disso, como 0s juizes so muitos no mesmo pais, distribuidos 1m comarcas(Justigas Estaduais) ou segdes judicidrias (Dustiga Fede- ral) também se infere dai que cada juizs6 exerce a sua autoridade nos limites do territério sujeito por le sus jurisdigdo. O principio de que ‘atamos é, pois, aquele que estabelece limitagdes terttoriais & autori- dade dos julzes. Em virtude desse prinefpo, todo © qualquer ato de interesse para lum processo, que deva ser praticado fora dos limites territarais em que 0 juiz exerce a jurisdigao, depende da cooperagao do juz do luger. Se, Por exemplo, ¢ preciso citar um réu que se encontra em outra comarca, Isso serd feito através de urna precetdrin: ojuiz do processo (deprecan- te) expede uma carta a0 juiz do lugar (deprécade), pedindo-lhe que faga citar 0 ru (CPC, ats. 201 ss; CPP, ats. 353 s5.). O mesmo acontece se ¢ preciso produzir alguma prova fora do tervtéri do juiz, ou mes- ‘mo prender 0 acusado em outra comarea (CPP, at. 289). prinefpio dda aderéncia 20 terstério nfo impede, em processo civil a citago pos- tal enderegada a pessoas fora da comarca (CPC, at. 22), nem a expe- digao de offcio para intimagZo a devedores do executado, com sede ou Adomicitio em outro foro (an. 671) Havendo algum ato a pratcar fora dos limites teritoriais do pré= prio pais, ent € preciso solicitar a cooperagdo jurisdicional da auto- rade do Estado em que 0 ato se praticaré;e essa solicitayio se faré através da carta rogatéria (CPC, art. 201; CPP, art. 368), a qual trami- ta através do Ministézio da Justiga € enviada a0 pais estrangeiro por Via diplomatica, apés legslizada etraduzida (CPC, at. 210) principio da indelegabilidade &, em primeiro lugar, expresso através do principio constitucional segundo 0 qual é vedado a qual- quer dos Poderes delegar atribuigdes. A Constituigdo fixa 0 contetido das atribuigdes do Poder Judicidrio e no pode a lei, nem pode muito ‘menos alguma deliberagdo dos prprios membros deste, alterar 2 dis- tribuigto feita naquele nivel jutidico-positivo superior. Além disso, no Ambito do préprio Poder Judicidrio nfo pode juiz algum, segundo seu préprio critério ¢ talvez atendendo a sua propria conveniéncia, dele- gar fungdes a outro drgto. E que cada magistrado, exercendo a fungio Jurisdicional, nio o faz.em nome proprio e muito menos por um direi- to proprio: ele é, ai, um agente do Estado (age em nome deste). O Es- tado 0 investiu, mediante determinado eritério de escolha, para exer- JURISDIGRO: CONCEITO E PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS 155. ‘cer uma fungio pliblica; 0 Estado Ihe cometeu, segundo seu préprio ‘rtério de divisto de trabalho, 2 fuungdo jurisdicional referente a de- terminadas causas. E agora ndo iré o juiz, invertendo os critérios da Constituigdo ¢ da le, transferir « outro a competéncia para conhecer dos processos que elas the atribuiram. Essa rer, que nfo fem assent constiuconal expresso (sta de constr dota partir de picipios de aextao ger, fote algunas excesie, com ado at 10, fem, dt Corso {Gsegnso, pelo Supreme, de competncia para a excauo foreads) © Ss os ars 201 e 492 do Adiga de Process Chil (aves de orden), Mas através das cats prestiia nose delegayto alguna. O que ome qe, impossitado de ealzaz ato processal fra de i= tits da coma ita; er pd) oz pe cope o do org jursticioal compete: sera ui coir-senso diet, tue ola depecate dlea (ou sj, aster) um poder qu le po pro io tem, po ser incompetent. principio da inevitabilidade significa que a autoridade dos 6r- ios jurisdicionais, sendo uma emanago do proprio poder estatal so- berang, impde-se por si mesma, independentemente da vontade das pattes ou de eventual pacto pare accitarem os resultados do processo; A situagdo de ambas as partes perante o Estado-juiz (¢ paricularmente a do réu) & de sujcisdo, que independe de sua vontade e consiste na impossibilidade de evitar que sobre elas ¢ sobre sua esfera de direitos se exerga a autoridade estatal Dai a conceituagio do diteito processual (inclusive o processual civil) como rama do direto piblico ¢ o repidio as teorias privatstas sobre a natureza juridiea do processo. 0 principio da inafastabitidade (ou principio do controle jurisdi- cional), expresso na Constituigho (art. 5%, inc, xxx), garante a todos 0 acesso 20 Poder Judiciério, o qual nao pode deixar de atendet @ quem veoh a juizo deduzir uma pretensGo fundada no direito e pedir solu 0 para ela, Nao pode a lei “excluir da apreciagio do Poder Judicié- io qualquer lesio ou ameaca a direito” (art cit.), nem pode 0 juiz, a pretexto de lacuna ou obscuridade de le, escusar-se de proferir dec sto (CPC, art. 126) Esse principio ganha especial relevo na doutrina processual mo- demissima, revestindo-se da conotagio de sintese da garantie constitu canal de acesso justia (supra, n. 8), 156 ‘TEORIA GERAL DO PROCESSO E 0 principto do juiz natural, elacionado com 0 anterior, assegu- +a que ninguém pode ser privado do julgamento por juiz independente € imparcial, indicado pelas normas constitucionais ¢ legais. A Consti- tuigdo proibe os chamados tribunais de exce¢o, instituidos para o jul- gamento de determinadas pessoas ou de crimes de determinada natu- reza, sem previsio constitucional (att. 5°, in. xxv), E preciso distinguir tribunais de excepio de Justigas especiais (como a Militar, a Eleitoral e a Trabalhista); estas so instituidas pela Consttuigdo com anterioridade a prtica dos fats a serem apreciados no consttuem ultraje a0 principio em epigrafe. Entende-se que as alteragdes da competéncia introduzidas pela prépria Consttuigdo apés a prética do ato de que alguém € acusado rio deslocam a competéncia criminal para 0 caso conereto, devendo 0 Julgamento ser feito pelo drgo que era competente 20 tempo do fato {em matéria penal e processual penal, hé extrema preocupasao em evi= ‘ar que 0 acusado seja surpreendido com modificagbes posteriores 20 momento em que o fato foi praticado). Do principio da inércia dos 6rglos jurisdicionsis, sua compreen- ‘ho, sua justificapio politica, e das poucas excegies a ee, falou-se ain dda no presente capitulo (supra, n. 63), 66. dimensies da jurisdigao No direito romano, a jurisdigio (juris dietio, prontincia do dire 10) no abrangia o poder do juiz in executivis: & pouca participagao ue iniefalmente tinha 0 juiz a execuedo forgada fundava-se em outro poder (imperium) e nao na jurisdigao, No direito intermédio francés, no italiano e no alemio também se acreditava néo ser jurisdicionat 2 fungio exereida pelo juiz na exccugdo forgada (jurisdictio in sola no- tione consistit). No diteito ibérico, contudo, essas idéies munca foram predominantes e hoje prevalece largamente, na doutrina de todos os lugares, a opinito dos que consideram a execugdo auténtica atividade Jiurisdicional. Com efeito, esto ali os elementos bisicos do coneeito de funsio jurisdicional: cater substitutivo ¢ escopo de atuagio da vontade da Fei que se aplica a0 caso, para eliminar conflitos individuais¢ com isso fazer justiga em casos eoneretos. O aspecto da substituigao & até mais ito na prépria execupdo, porque a atvidade substtuida pela do jui2 € justamente aquela que condvzira &satisfagdo do eredor (e ndo uma eventual atividade das partes, de natureza cognitiva, destinada a0 acer. ‘amento); nos tempos da autctutela ndo cogitavam as partes de conhe- JURISDIGAO: CONCEITO E PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS. 157 ‘or ¢julga, mas de executar por simesmas. Também o escope juridico de atuasio da vortade dali é mas visivel na execuso, pois € ali qu a vor tade da lei seréatuada (cumprida, executads), o que no sucede no pro- ‘esso de conhecimento ~ ¢ com isso se constimard, em termos prticos, 4 integral erradicagéo do confit interindividual 67. poderes inerentes & jurisdigao 0 juiz dispoe, no exereicio de suas fungdes, do poder jurisdicio- nal e do poder de policia; este ultimo Ihe é conferido, em éltima andli- se, para que possa exercer com autoridade ¢ eficiéncia o primeiro (por exemplo, tem 0 juiz.o poder de policia das audiéncias, que 0 autoriza a manter a ordem e o ambiente de respeito ~ CPP, at. 794). Quanto aos poderes de fundo propriamente jurisdicional, é uma ‘questio de politica legislativa concedé-los em maior ou menor quanti- dade e intensidede a0 juiz; caracteriza-se 0 processo inquisitivo pelo aumento dos poderes do juiz; caracteriza-se 0 processo de ago (ou acusatério) pelo equilibrio do poder do juiz com a necessidade de pro- ‘vocagio das partes ¢ acréscimo dos poderes destas. Nosso processo & 4o tipo do processo de agdo, tanto em matéria civil como penal bibliografia ‘Amaral Sans, Primera linhas, 1 3p. Carmela, Dirio e process, n. 12 CChiovenda, Zeaion,w (ad), nn. 137 Corsini, La gjursiizion, caps. Dinamatco,Instiuges de dirt procesual ci 1 nn, 1082 Execugd0 chill, n.7. Fundamerves do proceso civil moderna, nn. 27-42 (°Os insite fanda- ‘entas de ditto process) Liebman, Manual, 2.1 Marques, Ensio sobre a jwisigto volumria, § 3 ‘Mana, ep. 1s § 8% pp Hel “Tamophi, Insinigdes, spp. 215 s. ‘Touriaho Filho, Processo penal, pp- 37. CAPITULO 12 ESPECIES DE JURISDICAO 68. unidade da jurisdigéo A jurisdigdo, como expressdo do poder estatal soberano, a rigor "do comporta divisdes, pois falar em diversas jurisdigdes num messvo Estado significaria afirmar a existénca, ai, de uma pluralidade de so, beranias, o que no faria sentido; a jutisdigdo €, em si mesma, tao una ¢ inivisivel quanto o préprio poder soberano. A douttina, poréi, fa. zendo embora tas rssalvas, costume falar em espécies de jurisdiedo, como se esta comportasseclasificagio em categoria, . Costuma-seclasicara jurist nat segunts epics) pe sttio do seu objeto, juristigo penal ov coin) soe aay ae organismosjuderios que a enercem speci ou conan noo \étio de posigao hierirquica dos dreds dotados dela, superior ow in- Zerior; 6) pelo crtério da fonte do direito com base no qual é proferi- do o julgamento, Jurisdigio de direito ou de egiidade. Es divi em epécios fase as problemas da dsigio da massa de roceses ene “hips ete jas spc ee Fetes et, bem camo a alge de eens fare coe deg {earn igi jute contovetn ec) Lace pa ve Blemica da competi no da upto em mean oe Peténcia, v. infra, cap. 25). 69. jurisdicdo penal ow civil Em todo processo as atividades j idadesjurisdicionais exercidas tem por ‘objeto uma pretensio. Essa pretensto, porém, varia de natureza, con forme o direto objetivo material em que se fundamenta. Hi, sss ‘ausas penais, civis, comercizis, administrativas, tributitas ete. Com SPECIES DE JURISDICAO 139 base nisso, é comum dividir-se 0 exercicio da jurisdieao entre os jui- zes de determinado pais, dando a uns a competéncia para apreciar as pretensdes de natureza penal ¢ a outros as demais. Fala-se, assim, em {jurisdigdo penal (casas penais, pretensbes punitivas) e jurisdicdo ci- vil (por exchusdo, causas e pretensdes ndo-penais). A expressao “juris- digo civil” ai, empregada em sentido bastante amplo, abrangendo toda a jurisdigao nto-penal, A jurisdigdo penal é exercida pelos juizes estaduais comuns, pela Justiga Militar estadual, pela Justica Militar federal, pela Justiga Fe- doral e pela Justiga Eleitoral; em suma, apenas a Justiga do Trabalho é completamente desprovida de competéncia penal. A jurisdigto civil, «em sentido amplo, é exercida pela Justiga Estadual, pela Federal, pela ‘Trabalhista e pela Eleitoral; s6 a Militar nfo a exerce. A jurisdigao ci- vil, em sentido estrito, é exercida pela Justiga Federal e pela Justiga dos Estados, 70. retacionamento entre jurisdi¢do penal e civil A distribuigdo dos processos segundo esse ¢ outros critérios aten- de apenas a uma conveniéncia de trabalho, pois na realidade no é possivel isolar-se completamente uma relaggo furidica de outra, um conflito interindividual de outro, com a certeza de que nunca havera pontos de contato entre cles. Basta lembrar que o ilicito penal no di- ere em substancia do ilicito civil, sendo diferente apenas a sango que 0s caracteriz; a ilicitude penal é, ordinariamente, mero agravamento de uma preexistente ilicitude civil, destinado a reforgar as consequén- cias da violaglo de dados valores, que o Estado faz especial empenho em preservar. ‘Assim sendo, por exemplo, quando alguém comete um furte cemergem dal duns conseqUéncas que, perants 0 ditto, o agente deve suporir: a) obrigasdo de restituir o objeto furtado (natureza civil); b) sujeigbo ds penas do a. 155 do Cédigo Penal. Ouro exemplo: a quem pina gra ojulgment & en por um 6g colegiado, seo que apenas a nsrugee {ese de rove doo materi esata tase os Ble 0 Gu edna Alona Austins Rane Re ‘ambi dc legiaens em rine nc po ode OE sssou para o sistema do giudice unico (c. art. 5 red. legsat'n St de 19.298)" {6M a S00 eds 95. divisdo judiciiria Dect dee ios nin todo oteritrio nacional, consderando gue sea sumaments cog "ova panes pares sac luca a 10 pais, surge a necessidade de dividi-lo da melhor forma possivel para smibalmine ts pace eine recon ee ‘rias quantos sio os Estados, havendo também uma o cores ponde ao Distrito Federal ); ie Sadus he So decals nie ers conn oS Eo Assim € que, dado o princi, 1 ° que, 'ipio da aderéncia ao territdrio, seg dual 0 ja € autocad a exercer a jrsdigde os linea ore toriais que Ihe s&o tragados i, s Por Iei, as leis estaduais de sa jadi aabem por inti deisvamente ma compere ORGANIZACAO JUDICIARIA: CONCEITO, CONTEUDO 19 ‘A Constituigio dé também a entender que a divisio judiciérin € ratéria distinta da organizagao judiciéria, quando, no art. 96, inc. , 4 incumbe o Supreme Tribunal Federal, Tribunais Superiores ¢ Tri- punais de Justiga de propor ao Legislativo a alterago da organizagi0 e de divisio Judicidrias. E inegdvel, contudo, quc também a divisio terstorial para o efeto de distribuigdo da justiga €nitidamente um pro- blema de administragio desta, pela influéncia que tem no funciona- mento do Poder Judicario. ‘A-comarea e a seo judicidria constituem o foro (isto & terité- rio em que o juiz exerce a jurisdigio). Num s6 foro pode haver um ou tnais juizos (varas, juntas de conciliagio ¢ julgamento etc). 96. épocas para o trabalho forense ‘Com vista a implantar a continuidade dos servicos judiciérios, os quais devem ser ininterruptas para que a tutela jurisdicional nfo seja to demorada como vem sendo, a emenda constitucional n. 45, de 8 de dezembro de 2004, pds fim as tradicionais frias forenses que antes ‘vigoravam em ambos os graus das Justicas dos Estados. Assim esta redigido o ar. 93, inc. xu da Constituico Federal, com a redago dada por essa emenda: “a atividade jurisdicional seré ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juizos e tribunais de segundo grau, funcio- nando, nos dias em que nio houver expediente forense normal, juizes cm plantio permanente”. [sso significa que, a partir de agora, somente podera haver férias forenses no Supremo Tribunal Federal e nos Tri- bbunais Superiores da Unio ~ uma vez que, claramente, a emenda n. 45 nio as quis proibir, Ndo ha mais as férias forenses nos juizos esta- ‘duais de primeiro grau, que foram objeto das legislagSes de todos os Estados, nem hi mais a férias de janeiro ¢ julho nos Tribunais de Sus- tiga, como constava do art. 66, § 1" da Lei Orginica da Magistrtura ‘Nacional; na primeira instincia da Justiga Federal jé nfo havia férias (dei n, 5.019, de 30.5.66, art. 51, par.) [As ferlas dos juizes, que S80 um diceto de cada um deles no pla- no administrative, nfo interferem no funcionamento dos drgios juris- dicionais. Como 3 Consttuigio proibe que elas sejam coletivas, cada {qual gozatd as suas segundo escalas a serem organizadas pelos respec- tivos tribunais. ‘No Supremo Tribunal Federal consideram-se férias os meses de janeiro e julho (RISTF, art. 78, eapute § 19), assim também, no Tribu- nl Superior do Trabalho (RITST, at. 11). No Superior Tribunal de Josti- 82 ‘TEORIA GERALDO FROCESSO 52 € no Superior Tribunal Militar, elas recaem nos perfodos entre 23) de janeito e entre 2 e 31 de julho (RISTI, art. 81; RISTM, art. 43), __Nasituaglo agora vigente, perdem grande parte de sua importén- cia as disposigdes do Cédigo de Processo Civil e do Cédigo de Pro. ‘esso Penal sobre processos e afos que se realizam ou que ndo se realicamt nas ferias forenses (CPC, arts. 173-174; CPP, art. 797). Essa Siro ou pode, as dover, coniguando a cbigato de dg Sido jsccol par oko dos cones. 154, a doutrina de Liebman 1c destaque € a concepgio de Liebman, processualista ita- liana pemancrey caren dato psd Segui Gur Mondial intuenetando profindament a evolugie da cinca basi 1 (oypra,a. 88). O ator dei como dirt subjetivo instrumental ~€; mais do que um dtite um poder ae qual ato correspond obi: gagto do Estado, iguelmente imereseado na intibuiedo da este: esse correlato com 2 sujeicdo ¢ instrumentalmente conexo a Praca mtr latent diode ones lentil emanto d ste cr), es extea s eo egeneralidade, no pode ter nenhurna relevncia para o proces, Constuinge o simples fandament ox pressuposto sobre o quel se ba- seia a aed em sentido processul. Pr imo, d por exreda a une 0 jurisdicional somente quando o juiz pronuncie uma seen 0- bre 0 mérito (isto €, decisio sobre a pretensio material deduzi juizo), favordvel ou desfavoravel que soja — doutin, gue destruta de ntivelinterese no Brasil do, nterese deat legimiad af conan), colada come ve dadeiro ponto de contato entre a agao e a situagdo de dire (infra, n. 158) 158, apreciagéo critica das virias teorias é ition ista. As principais bjesBes Nao é diffi ertica & teoria imanentisa : suo a tian 3 ao nfandade apd declare. Quanto Pe mei, verifies qu amit ages sf olndasimprosedents por aque a sentexga julga infundada a pretensio do autor: ouside iene do eto sev oe inci, Ma, ae de éncia do direito, howe exercicio da agio, improcedéncia:Fouve, em outs palaras,agao sem dito materi Quanto segunda objeg ~a apt declratra negative ~€ euro a mento para afrmat a autonomia do direito de apo, de vez que ne Sup de ago o autor visu enatamentea ober a declrago da inxis 2m TEORIA GERAL D0 PROCESSO téncia de uma relagio juridice ¢, portanto, da inexisténcia de um ditei- to subjetivo material. Assim sendo, o pedido do autor no tem por base lum direito subjetivo mas o simples interesse a declaragdo de sua exis- téncia. A agi &, portanto, autdnoma, Mas seri “abstrata” ou “concre- 0 A teoria da ago como direito concreto & tutela juridica ¢ inacei- ‘vel; para refuté-la, basta pensar nas agGes julgadas improcedentes, onde, pela teoria concreta, nio seria possivel explicar saisfatoriamen. le 0 atos processus praticados até 4 sentenga. A mesma situagao corre quando uma decisio injusta acolhe a pretensio infundada do autor. Quanto aos direitos potestativos (que configurariam uma exce- so & concepelo clissica de que a todo direito corresponde uma obri ‘gaco corzelata), parecem caracterizar mais meras faculdades ou po- eres — aos quais, por definiedo, no corresponde nenhuma obrigagao ~ do que direitos. Em iltima andlise, a construgio de Chiovenda nfo difere substancialmente, em suas conclusdes, da teoria conerete quan- to 4 agdo como dizeto & sentenca favoravel Restam a teoria da ago como diteito abstrato e as outras terias Nao se pode aceitar a teoria do juiz. como titular passive da ago, porque ele 6 mero agente do Estado, Nem tem procedéncia a doutrina dda aeZ0 como manifestacio do diteito de petigfo, porque tal remédio constitucional visa a levar aos drgas publicos representagdes contra abusos do poder e porque no configura, com a mesina clareza do di- reito de agdo, o dever de resposta do Estado. A construgio de Pekelis resulta na negagio da propria autonomia da ago (como direito subje- tivo ou como poder). Por outro lado, conceber a ago como exercicio privado de uma fungdo pablica significa exesperar a concepgao publi- cistica do processo, nio podendo evidentemente o poder funcional ser confiado ao arbitrio do particular. Nem é admissivel a ago como de- ver, send ela, quando muito, um nus (ou seja, a faculdade cujo exer- cicio & posto como condigde para obier certa vantagem): © 0 Gnus faz parte do direito subjetivo ou do poder ou faculdade, nunca do dever. A doutrina dominante, mesmo no Brasil, conceitua a ago como um direito subjetivo. Os que entendem ser ela um poder, e nao diteito, Partem da premissa de serem o direito subjetive e a obrigagio duas situagdes juridicas necessariamente opostas (de vantagem e de desvan- {agem), presente um contfito de interesses; c, inexistindo contfito de interesses entre o autor ¢ 0 Estado, nfo se poder falar em direito sub- Jativo, sendo em poder. AAO: NATUREZAJURIDICA 2 Os que sustentam 0 contririo (ago como direito subjetivo) ad- rmitem que também o Estado tem interesse no exercicio da fungi ju riscicional, mas no véem nisso qualquer incoeréneia com a afirma- 60 de existir uma verdadeira obrigagao de exercé-la. Nao aceitam que 4 configuragio do conflito de interesses seja esseneial & nogao de obri- ge¢do. O ordenamento juridico, a0 atribuir direitos e obrigagies,tute- la determinados interesses, estabclecendo previamente qual seré 0 s4- bordinante na hipétese de surgir 0 conflito. Mas entendem ser 0 con- Alito irrelevante para consubstanciar a obrigagao. O abrigado pode {er interesse em eumprir sua obrigagdo © nem por isso ficard isento dela 156, natureca juridica da ago Caracteriza-se a agdo, pois, como uma situagdo juridica de que desfruta o autor perante o Estado, seja ela um dircito (direito piblico subjetivo) ou um poder, Entre os direitos piblicos subjetivos, caracte- riza-se mais especificamente como direito civico, por ter como objeto ‘uma prestagdo positiva por parte do Estado (obrigagio de dare, face- re, praestare) 3 facultas agendi do individuo & substituida pela facul- 1a exigendi ; Nessa concepgéc, que & da doutrina dominant, a agdo é dirigida apenas ao Estado (embora, uma vez. apreciada pelo juiz, vé ter efeitos na esfera juridica de outra pessoa: o réu, ou executado). Negé-se, por- tanto, ser ela exercida contra adversério isoladamente, contra este © © Estado ao mesmo tempo, ou contra a pessoa fisica do juiz. Diversa no € a opiniio da maioria dos processualistas brasiei- ros eontemporineos. Sendo um direito (ou poder) de natureza piblica, que tem por contetido 0 exereicio da jurisdigao (existindo, portanto, antes do pro- cesso), a ago tem inegivel natureza constitucional (Const. art, 5° ine 2oxxv), A garantia constitucional a agdo tem como objeto o direito a0 processo, assegurando as partes ndo somente a resposta do Estado, mas ainda o direto de sustentar as suas razbes, 0 direito a0 contraditio, 0 direito de influir sobre a formagdo do convencimento do juiz ~ tudo através daquilo que se denomina tradicionalmente devido processo le- ‘gal (at. S®, inc, Lv). Dai resulta que o direito de agao nao € extrema- mente genérico, como muitos 0 configuram, Trata-se de direito a0 provimento jurisdicional, qualquer que seja a natureza deste ~ favordvel ou desfavoravel, justo ou injusto ~e, por- 274 TEORIA GERALDO PROCESSO tanto, direito de natureza absirata. E, ainda, um direito auténomo (que independe da existéncia do diteito subjetivo material) e instrumental, porque sua finalidade é dar solugdo uma pretensio de direito material Nesse sentido, é conexo a uma situagdo juridica concreta ‘A Goutrina dominante distingue, porém, a ago come dirsito ou poder consttucional ~ oriundo do status civtats econsistindo na exi ‘éncia da prestagao do Estado ~ garantido a todos e de earater extre- tmamente genérico ¢ abstrato, do diteto de a¢do de natureza proces. Sua, 0 nico ate relevéncia no processo:o direito de agdo de nature- 22 consttucional seria o fundamento do diteito de agdo de natureza Processual 157. agao penal © estudo da natureza juridica da ago, com as conclusdes a que chegamos, aplica-se nfo somente ao processo civil, como também 20 processo penal, Através de normas penais, o ordenamento juridico impée a todos © dever de comportar-se de certa maneira, estabelecendo sangSes para 0s inftatores. Com a evolugdo do direito penal surgiu o principio da reserva legal (nullum crimen, nulla poena sine lege), impondo a regra de que nenhuma conduta humana seria punida se nao fosse enquadri- vel na tipificagdo penal. Ao mesmo tempo, o Estado avocou 0 dircito de punir, para reintegrar a ordem juridica profundamente violada atra. vés da infragéo da Tei penal O jus punienai do Estado permanece em abstrato, enquanto @ lei penal nio é violada. Mas com a pritica da violagto, caracterizando-se © descumprimento da obrigayao preestabelecida na lei por parte do transgressor, 0 dieito de punir sai do plano abstrato ese apresenta no concreto. Assim, da violacdo efetiva ou aparente da norma penal nasce a Pretensdo punitive do Estado, que se opée & pretensio do indigitado infrator liberdade, A pretensio punitiva x pode ser atendida mediante sentenga judicial precedida de regular instrugio e com observincia do devido processo legal e participasio do acusado em contraditorio. Com ou sem a resisténcia do infrator, ainda que ele aceitasse a imposigao dda pena, © processo é sempre indispensével, em face das garantias consttucionais da ampla defesa, devido processo legal e presungio de nio-culpabilidade, das quais decorre 0 prineipio nulla poena sine jue dicto (Const. art. 5°, ines. iv, wv e ev). E isso se dé porque constitui AAO: NATUREZAJURIDICA 25 dogma do Estado de direito 0 veto ao poder repressivo exereido de forma arbitrria: assim como os individuos no podem fazer justipa com as proprias mdos (supra, n. 3), assim também o Estado no pode exercer seu poder de punir sendio quando autorizado pelo drei ju risdicional. . Esse principio nao € posto somente como autolimitagao a0 poder punitivo do Estado, mas também como limite & vontade do infrator (a0 qual se nega @ faculdade de sujeitar-se & pena) e da vitima (@ qual se nega a possibilidade de’perdo com efeitos penais, com excegao dos enominados crimes de acéo privada, onde existe wm residuo de auto- composigao ¢ de disponibitidade. A Constituigfo de 1988 —e, com base nela;a Lei dos Juizados, Espocisis (Iein. 9.099, de 26.9195) ~ atenuaram a rigidez desses prineipios, pela previsto de transagio para as denominadas “infra- ‘gbes penais de menor potencia} ofensivo” (art. 98, ine. 1~ v. supra im. 5-1) Desse modo, se o Estado ndo pode auto-executar a sua pretensio punitive, deverd fazé-lo dirigindo-se a seus juizes, postulando a atua- ‘eo da vontade conereta da lei para a possivel satisfapio daquela, O direito de pedir 0 provimento jurisdicional nada mais € sendo a pré- pria acao. sont ro 0 Estado, portanto, através do 6rga0 do Ministério Pablico, exerce ao, aim de ava usd penal 0 Estado-administrago deduz ‘ua pretensio perante 0 Estido-juiz, de forma andloga & que ocorre quando o Estado-administragdo se dirige ao Estado-juiz para obter um provimento jurisdicional nao-penal ‘Assim como a proibigdo da autodefesa criou o direito de agio para os partcculares (facultas exigendi), a proibigao da auto-executorieds de do direito de punir fez nascer 0 direito de agir para o Estado. acdo penal, portanto, ndo difere da aco quanto a sua natureza, iat smenls quay 2 a cone: 60 ao pubic sno 8 ‘um provimento do éredo jurisdicional sobre & pretens3o punitiva, Ener tina tenderers xr eo rocesso penal gia fern, consegdntene,unproceso Spa Es. Arguments como ato de qu no haveria doa intersex em Confit, mas dl dieses moos de apreciat unio irs, por ‘que o interesse do Ministério Publico ¢ de que se faca justiga, sendo pio npr Tol afoot ut ting coe {encls por auces que etendem Inxs process quand Mo hi 276 TEORIA GERALDO PROCESSO. lide, implicaia concluir que nfo hé processo penal, mas provedimento administrative. No tocante a exposigdo acim, quem afimmar a existéncia de lide penal itd que a a¢30 penal se destina a sua “Justa composigo” ‘© que aquela ora se caracteriza como lide por pretensio contestad (réu ‘que opie resisténcia & pretens4o punitiva, defendendo-se)e ora como lide por pretensto meramente insatisteita (nulla poena sine judicio) Diante dessa diverpéacis doutrinia, nesta cra fala-se em controversia penal e nd0 em tide penal (v. supra, n. 63). 158. condi¢ées da agio Embora abstrato ¢ ainda que até certo ponto genérico, o direito de ago pode ser submetido a condigdes por parte do legislador ordi- nivio. Sao as denominadas condigdes da aedo (possibilidade jucidica, interesge de agir, legitimagdo ad causam), ou seja, condigoes para que legitimamente se possa exigir, na espécie, o provimento jurisdicional A exigéncia da observancia das condigdes da ago deve-se ao prin pio de economia processual: quando se percebe, em tese, segundo a afirmagio do autor ta petigdo inicial ou os elementos de convicgao ji trazidos com cla, que a tulela jurisdicional requerida nfo poders ser concedida, a atividade estatal seré inutil, devendo ser imediatamente negada, Mas ainda que a resposta do juz se exaura na prontincia de caréncia da ago (porque nio se configuraram as condigdes da aedo), teri havido exercicio da fungo jurisdicional. Para uma corrente, as condigdes da ago sfo condigtes de existéncia da prépria aso; para outra, condigdes para o seu exercico. ___ Do mesmo modo que a agio civil, a penal esta sujeita a condi 498s. Em principio iata-se das mesmas acim; mas a doutrina costuma crescent, as genéricas, outras condigées que considera especificas para o processo penal e que denomina condicées especificas ile proce dibtidade (exemplo: representagdo e requisigao do Ministro da Justi= 68, na agdo penal publica condicionada). Possibilidade juridica do pedido— As vezes, determinado pedi- do nao tem a menor condigdo de ser apreciado pelo Poder Judiciario, porque jé excluido a priort pelo ordenamento juridico sem qualquer considerago das peculiaridades do caso concreto. Nos paises em que no ha o divéreio, seré juridicamente impossivel um pedido de sen- tenga com o efcito de dar as partes o status de divorciado; essa de- manda seré desde logo repelida, sem que o juz chegue a considerar quaisquer alegagies feitas pelo autor ¢ independentemente mesmo da Prova dessas alegagécs. Outro exemplo comumente invocado pela AGAO: NATUREZA JURIDICA am doutrina € 0 das dividas de jogo, que 0 art. 814 do Cédigo Civil exclui dda apreciaglo judicidria, Nesses exemplos, vé-se que o Estado se nega 1 dara prestegao jurisdicional, considerando-se, por isso, jurdicamente impossivel qualquer pedido dessa natureza> Constitui tendéncia contemporinea, inerente acs movimentos pelo acerso« justiga, a tedugao dos casos de impossibilidade juridica 4 pedido (tendéneia & universalizagio da jurisdigao). Assim, p. ex, cconstituindo dogma a incensurablidade judiciria dos atos administra tivos pelo mérito, a jurisprudéncia caminha no sentido de ampliar a cextensdo do que considera aspectos de lepalidade desses tos, com a Conseqigncia de que os tribunais os examinam, ‘No processo penal o exemplo de impossbilidade juridica do pe- ido é, na doutrina dominante, a auséncia de tipiidade. Esse pensa- ‘mento associa-se & teoria da apresentagao (prospetiarione, assercio), segundo a qual as condigdes da agio se aferem em face do pedido do autor, senda de mérito a sentence que em momento ulterior dectara a inexisténcia de uma delas. Mas, a no se acolher essa teoria, entenden- ddo-se que essas condigfes devem ser aferidas em si mesmas ¢ nfo de aacordo com © momento em que 0 juiz depara com a falta de uma ‘elas, atipicidade da conduta do acusado sera sempre matéria preli- ‘minar, quet quando aferida logo de inicio, quer 20 longo do fer proce- dimertal cu mesmo no momento final do processo. Nessa visto, sem- pre falta de tpicidade caracteriza impossibilidade juidica do pedido, Interesse de agir ~ Essa condigao da ‘agao assenta-se na premissa de que, tendo embora o Estado o interesse no exercicio da jurisdigao (funedo indispensvel para manter a paz ¢ a otdem na sociedade), nao The convém acionar o aparato judicidrio sem que dessa atividade se possa exirait algum resuitado itil. & preciso, pois, sob esse prisma, que, em cada caso concreto, a prestagao jurisdicional solicitada seja necessaria ¢ adequada, Repousa a necessicade da tutelajurisdicional na impossibitidede de obter a satisfagio do alegado direito sem a intercessio do Estado ~ ‘ou porque @ parte contriria se nega a satisfazé-lo, sendo vedado a0 autor o uso da autotutela, ou porque a prépria lei exige que determina- dos direitos 86 possam ser exercidos mediante prévia declaragao juli cial (so as chamadas ages constitutivas necessatias, no processo c' vile a agdo penal condenatéria, no processo penal ~ supra, a. 7). Adequagéo & a relagho existente entre a situagdo lamentada pelo autor a0 vir a juizo ¢ o provimento jurisdicional concretamente solic tado, O provimento, evidentemente, deve ser apto a.corrigir o mal de que 0 autor se queixa, sob pena de nio ter razio de ser. Quem alegar, por exemplo, 0 adultério do conjuge no poder pedir a anulago do 78 TEORIA GERAL DO PROCESO casamento, mas o divércio, porque aquela exige a existéncia de vicios que inquinem o vinculo matrimonial logo na sua formagio, send inte. levantes fatos posteiores. O mandado de seguranga, ainda como exene, Plo, ndo & medida habil para a cobranga de créditos pecuniarios. ourNt BOSS el enpo la es gm loan dominant stor € dopa meee ase ok Sade pttca dre sleaio (ome Sonos) Ak ana its obs pola lenarsscon coe megi oe xa a prec deo no doen eee an tai, como needa, wldade ou adeprpsoo eee tea Eco, ra pena pea cone wc oe io de tees de ge ees pads ganesh ye ‘quagdo do provimento, " . on ae Legitimidade ad causam ~ Ainda como desdobramento da iddia (2 utildade do provimento jurisdicional pedido, temos a regra que ¢ Cdigo de Processo Civil enuncia expressamente no at. “ninguém Poderd pleitear, em nome préprio,dircito alheio, salvo quando autor. Zao por le. Assim, em principio, ¢ titular de ago apenas a prépria Pessoa que se diz titular do direito subjetiva material eujatutela pede {legiimidade ativa), podendo ser demandado apenas aguele que stie titular da obrigapdo correspondente(legitimidade passiva) Aigo > S885 &xcepeionals,prevstos na pate final do art, 6 do Cé igo de Processo Civil, caracterizam a chamadla legitimaydlo exmaor dinéria, ou substituigdo peocessual HA certs situaydes em que o die reito permite a uma pessoa o ingresso em juizo, em nome propo (e Portanto, ndo como mero representante, pois este age etm rome do se, Presentado, na defesa de drit aheio. £0 caso, por exemplo, da apto Popular, er que o cidadio, em nome préprio, defende 0 mntcresse da ‘Adiministragao Publica; ou da acdo penal priveda, em que o ofendide ode postular a condenagao critninal do agente eriminoso, ou se, pode ostular o reconhecimento de um fut punitionis que no & seu, mas do A Constituigdo Federal, contudo, ampliou sobremaneira os esttei- {0s limites do art. 6° do Cédigo de Processo Civil, que vinha sendo stiticado pela doutrina por impedir, com seu individualismo, o avesso 30 Poder Judiciatio (sobretudo para a defesa de interesses difusos ¢ {oletives). © caminho evolutivo havia se iniciado pela implantagay legislativa da denominada acdo civil piblica em defesa do meio am. tiente © das consumidores, & qual lein. 7.347, de 24 de julho de 1985, legitimou, além do Ministério Publico e de outros érgios do AGAO: NATUREZAJURIDICA 29 Poder Piblico, as associagdes civis representativas; ¢ foi depois incre- mentado pela Constituigio de 1988, que abriu a legitimagdo a diver- sas entidades para a defesa de direitos supra-individuais (art. 5°, ines, Xxt€ LXx; art 129, inc. me § 19, art. 103 etc). O Cédigo de Defesa do ‘Consumidor seguiu a mesma orientagao (ar. 82, ee art. 81, par). 159. caréncia de ago Quando fultar uma sé que seja das condigdes da agfo, diz-se que 0 autor € carecedor desta, Doutrinariamente ha quem digs que, nessa situagio, ele n&o tem o direito de ago (ago inexistente); e quem sus- tente que Ihe falta 0 dieito ao exercicio desta (v. consideragées a res- peito, no inicio desta exposicio). A conseqiigncia € que o juiz, exer- ceendo embora o poder jurisdicional, nao chegaré a apreciar 0 mérito, ‘ou seja, 0 pedido do autor (em outras palavras, nlo chegard a declarar 2 agdo procedente, nem improcedente).. © Cédigo de Processo Civil faz referéncias expressas & caréncia da agdo, ditando o indeferimento liminar da petigao inicial (at. 295, incs. n-ute pat, ine, ul) owa ulterior extingio do processo em virtude dela (art. 267, in. vi, e/e art, 329), Tais conceitos aplicam-se da mes- ‘ma maneira a0 processo trabalhista e ao penal, ndo-obstante a fala da ‘mesma clareza dos textos legisativos a respeito. E dever do juiz a ve- rificaglo da presenca das condigdes da agdo 0 mais cedo possivel no procedimento, e de oficio, para evitar que o processo caminhe inutil- ‘mente, com dispéndio de tempo e recursos, quando jd se pode antever « inadmissibilidade do julgamento do mérito. ‘Sea inexisténcia das condigdes da apo, todavia, for aferida sé a final, diante da prova produzida (e n&o h4 preclusto nesta matéria, podendo o juizrever sua anterior manifestagdo), duas posigdes podem ser adotadas: para a primeira (eoria da apresentag3o), mesmo que ve- na a final, a decisdo seré de caréncia da ag%0; para a segunda (teoria da prospectasao), a sentensa nesse caso seré de mérito. A segunda des- ‘sas teorias prevalece na douttina brasileira, ndo-obstante a existéncia {de vozes em contriio (Cindido Rangel Dinamarco), 160. identificagio da acido Cada agéo proposta em juizo, considerada em particular, apresen. ‘a intrinsecamente certos elementos, de que se vale a doutrina em ge- ral para a sua identificagdo, ou seja, para isoli-la e distingui-la das ddemais ages jé propostas, das que venham a sé-lo ou de qualquer outra 280 TTEORIA GERAL DO PROCESSO ‘agdo que se possa imaginar. Esses elementos sto as partes, a causa de pedir ¢ 0 pedido.E tho importante identiticar a agl0, que @ lei exige a clara indicagao dos elementos identicadores logo na pega inicial de ‘mento liminar da petigio inicial, por inépeia (CPC, arts. 284 e 295, par, inc. 1), ° Partes ~ Sio as pessoas que participam do contraditério perante © Estado-juiz. £ aquele que, por si proprio ou através de representan. te, vem deduzir uma pretensio & tatela jurisdicional, formulando pedi. do (autor), bem como aquele que se vé envolvide pelo pedido feito (0), de maneira que uma sua situagdojuridica seré objeto de aprecia. ‘0 judiciéria. A qualidade de parte implica sujeigdo § autoridade do Juiz ea titularidade de todas as situagtes juridicas que caracterizam a ‘elo juridica processual (infra, nn. 175 ¢ 179), No processo penal, artes sto 0 Ministério Piblico ou o querclante (no lado ativo) e o acusado, ou querelado (no lado passivo). © conecito de parte no interfere com ode parte legitima. A ode ser legttimaouiegima, nem por so perdendo sun condo de Tarte (Supra, n. 158. ‘Adola-s aqui, como ¢ da douttina coment, um concito pura ‘mente processual de pate. As partes de direito material sf os tuts: Fes de relagdo juriica controvetda no processo (resin jlctum de. dicta) e nem sempre coincidem com as partes deste Causa de pedir (ou causa petendi) ~ Vindo a juieo, 0 autor narra 0s fatos dos quais deduz ter o direito que alega. Esses fatos constiutt. ¥0s, a que se refere o art, 282, ine. m, do Cédigo de Processo Civil, ¢ ue sio 0 fato criminoso mencionado no art. 41 do Cédigo de Proves 0 Penal, também concorrem para 2 identificagio da agio proposta Duas ages de despejo, entre as mesmas partes e referentes a0 mesino imével, serio diversas entre si se uma delas se fundar na falta de pa {gamento dos aluguéis ¢ outra em infragZo contratual de outra nature~ Za. O mesmo, quando contra a mesma pessoa pesam acusagdes por Geis delitos da mesma natureza (ng, fata) cometdos mediante agbes iversas. © fato que o autor alega, seja no crime ou no civel, recebe da lei eterminada qualifcapto juridica Por exemplo, o mataralguém capi fula-se como crime de homcidio (CP, art 121); forgaralguém, mediante AGAO: NATUREZA JURIDICA 2a Violéncia fisica ou ameaca, a celebrar um contrato configura coagio (sicio do consentimento, CC, at 98, feat. 147, incu). Mas 0 que constitu a causa petendi & apenas a exposigo dos fates, no a sua qualficayto juries, Por isso & que, se a qualficasao jucidica estiver crrada, mas mesmo assim 0 pedido formulado tiver relagdo com os fe tos narados,o juiz no negiréo provimentojurisicinal (manifest. {0 disso ¢0 af, 383 CPP). O dieito brasileiro adota, quanto & causa de pit, achamada doutrita da substanciagdo, que difere da indiv-

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