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/2008
Diniz Filho
titular
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/ Ana Terêsa Nóbrega
Procuradora Geral
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te N° 06607/01
RELATÓRIO
o presente processo trata de denúncia formulada por Vereadores do Município de Cacimba de Dentro,
no exercício de 2001, contra o Senhor Edmilson Gomes de Sousa, ex-Prefeito do citado Município, referente a
atos de nepotismo e descaso administrativo.
A Auditoria, ao analisar a matéria, inclusive com diligência in loco e análise de defesas apresentadas,
considerou procedente a denúncia quanto à existência de nepotismo, entretanto, não vislumbrou qualquer
dispositivo legal que proibisse tal prática.
Concluiu a Auditoria que, independentemente da relação de parentesco, restaram evidenciadas
irregularidades praticadas pela Administração Municipal no que tange a situação funcional dos servidores,
Adeilde Soares de Melo, Glória de Fátima Sousa Santos, Carlos Egberto de Sousa, Solange Cristina Gomes,
Fátima Maria de S. Guimarães, Isabel Beatriz de Sousa e Mônica Lúcia Gomes de Sousa, sendo alguns
comissionados e outros efetivos.
Ressalte-se que os documentos que serviram de base para a Auditoria fazer a análise, se referem ao
exercício de 2003.
A douta Procuradoria, em Parecer da lavra do Procurador Marcílio Toscano Franca Filho, afirma que a
prática do nepotismo, embora corriqueira na administração pública, envereda na contramão da moralidade.
No que tange às irregularidades apontadas pelo órgão técnico, a Procuradoria observa que:
• a situação funcional das servidoras Aldeide Soares de Melo e Mônica Lúcia Gomes de Sousa não é
irregular, pois, estão acobertadas pela legislação municipal que permite o recebimento de remuneração
diferenciada, através de gratificação, aos servidores que cumpram, em dois turnos, quarenta horas
semanais de trabalho.
• O cargo ocupado pela servidora Glória de Fátima Sousa Santos está amparado pela Lei n" 21198 que,
em seu artigo 8°, prevê que os departamentos serão dirigidos por diretores.
• Os servidores Carlos Egberto Gomes de Sousa e Solange Cristina Gomes receberam vencimentos
cumulativos do cargo efetivo com os de Secretários Municipais, devendo o Município ser ressarcido de
todo salário pago, desde o dia da nomeação nos respectivos cargos de secretários até a data que cessou
a acumulação.
• A irregularidade relativa a Senhora Fátima Maria de Souza Guimarães se refere a uma denominação
errônea dos seus vencimentos, tratado no caso de gratificação, que facilmente pode ser corrigida.
• Constatou-se que a Secretária de Administração e Finanças, Senhora Isabel Beatriz Gomes de Sousa,
ocupou cumulativamente o cargo de Defensora Pública da Comarca de Araruna, devendo também o
erário ser ressarcido dos valores indevidamente pagos.
É o relatório
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te N° 06607/01
VOTO
Assim, devem ser repostos aos cofres municipais, os valores recebidos indevidamente. No
caso, é de se imputar as quantias referentes aos cargos de menor remuneração. Cabem
recomendações, caso a situação esteja perdurando, para que o funcionário faça a opção pela
remuneração que lhe convier, sem prejuízo da devolução a que estará obrigado, se a irregularidade
persistir.
A Secretária de Administração e Finanças, que acumulou remuneração com a do cargo de
Defensora Pública da Comarca de Araruna, teve sua situação regularizada no exercício de 2001.
Todavia, durante o período em que vigorou o acúmulo a servidora recebeu do Município a quantia de
R$ 67.719,57 que devem ser repostos aos cofres municipais.
As demais observações da Auditoria não configuram irregularidades como bem demonstrou a
Procuradoria.
Face ao exposto, VOTO no sentido que o Tribunal: a) considere procedente, em parte a
denúncia, b) impute débito de 122,281,57 ao Senhor Edmílson Gomes de Sousa, ex-Prefeito de
Cacimba de Dentro pelo pagamento de vencimentos cumulativos a servidores que acumularam
ilegalmente cargos públicos; c) assine ao mesmo o prazo de 60 (sessenta) dias para efetuar o seu
recolhimento ao Tesouro Municipal; d) aplique ao Gestor a multa de R$2.805,10, nos termos do que
dispõe o inciso III do art. 56 da LOTCE; e) assine ao mesmo o prazo de 60 (sessenta) dias para
efetuar o seu recolhimento ao Tesouro Estadual, à conta do Fundo de Fiscalização Orçamentária e
Financeira Municipal, cabendo ação a ser impetrada pela Procuradoria Geral do Estado, em caso do
não recolhimento voluntário devendo-se dar a intervenção do Ministério Público, na hipótese de
omissão da PGE, nos termos do § 4° do art. 71 da Constituição Estadual; f) comunique a decisão aos
interessados.