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Processo Te N° 06607/01

Denúncia contra o Senhor Edmilson Gomes de Sousa,


Prefeito do Município de Cacimba de Dentro.
Procedência, em parte, da denúncia. Imputação de
débito. Comunicação da decisão aos interessados.

ACÓRDÃO APL - TC •
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/2008

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do processo TC N° 06607/01, referente à


denúncia contra o Prefeito Municipal de Cacimba de Dentro, Senhor Edmilson Gomes de Sousa,
ACORDAM os integrantes do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, por unanimidade, em sessão
plenária realizada hoje em: a) considerar procedente, em parte a denúncia, b) imputar débito de
122.281,57 ao Senhor Edmilson Gomes de Sousa, ex - Prefeito de Cacimba de Dentro pelo
pagamento de vencimentos cumulativos a servidores que acumularam ilegalmente cargos públicos; c)
assinar ao mesmo o prazo de 60 (sessenta) dias para efetuar o seu recolhimento ao Tesouro
Municipal; d) aplicar ao Gestor a multa de R$2.805,1O, nos termos do que dispõe o inciso III do art.
56 da LOTCE; e) assinar ao mesmo o prazo de 60 (sessenta) dias para efetuar o seu recolhimento ao
Tesouro Estadual, à conta do Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, cabendo
ação a ser impetrada pela Procuradoria Geral do Estado, em caso do não recolhimento voluntário
devendo-se dar a intervenção do Ministério Público, na hipótese de omissão da PGE, nos termos do §
4° do art. 71 da Constituição Estadual; f) comunicar a decisão aos interessados.
Assim decidem, tendo em vista que ficou comprovado o acúmulo ilegal de vencimentos, pelos
Servidores Carlos Egberto Gomes de Sousa e Solange Cristina Gomes.
Conforme Estatuto dos Servidores Públicos do Município, os cargos em comissão serão
preenchidos por livre escolha e nomeação do Chefe do Poder Executivo, obedecidas às exigências
previstas em Lei.
A legislação municipal prevê a perda do vencimento, do cargo efetivo, para o servidor que
exerça cargo em comissão. Assim devem ser repostos aos cofres municipais, os valores recebidos
indevidamente. No caso, é de se imputar as quantias referentes aos cargos de menor remuneração.
Cabem recomendações, caso a situação esteja perdurando, para que o funcionário faça a opção pela
remuneração que lhe convier.
A Secretária de Administração e Finanças, que acumulou remuneração com a do cargo de
Defensora Pública da Comarca de Araruna, teve sua situação regularizada no exercício de 2001.
Todavia, durante o período em que persistiu o acúmulo a servidora recebeu do Município a quantia de
R$ 67.719,57 que deve ser reposta aos cofres municipais.
De acordo com os autos, não há nenhuma legislação que proíba a nomeação de parentes do
Prefeito para exercer cargos públicos. Também não foi questionada a competência dos servidores
nomeados, para o exercício dos cargos ou funções.
As gratificações atribuídas a alguns servidores por jornada diferenciada estão previstas no
Plano de Cargos e Remuneração do Magistério Municipal, não havendo nenhuma irregularidade no
fato.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.


TC - PLENÁRIO JOÃO AGRIPINO, em de ~ '1' de 2008.

Diniz Filho
titular

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/ Ana Terêsa Nóbrega
Procuradora Geral
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo Te N° 06607/01

RELATÓRIO

o presente processo trata de denúncia formulada por Vereadores do Município de Cacimba de Dentro,
no exercício de 2001, contra o Senhor Edmilson Gomes de Sousa, ex-Prefeito do citado Município, referente a
atos de nepotismo e descaso administrativo.
A Auditoria, ao analisar a matéria, inclusive com diligência in loco e análise de defesas apresentadas,
considerou procedente a denúncia quanto à existência de nepotismo, entretanto, não vislumbrou qualquer
dispositivo legal que proibisse tal prática.
Concluiu a Auditoria que, independentemente da relação de parentesco, restaram evidenciadas
irregularidades praticadas pela Administração Municipal no que tange a situação funcional dos servidores,
Adeilde Soares de Melo, Glória de Fátima Sousa Santos, Carlos Egberto de Sousa, Solange Cristina Gomes,
Fátima Maria de S. Guimarães, Isabel Beatriz de Sousa e Mônica Lúcia Gomes de Sousa, sendo alguns
comissionados e outros efetivos.
Ressalte-se que os documentos que serviram de base para a Auditoria fazer a análise, se referem ao
exercício de 2003.
A douta Procuradoria, em Parecer da lavra do Procurador Marcílio Toscano Franca Filho, afirma que a
prática do nepotismo, embora corriqueira na administração pública, envereda na contramão da moralidade.
No que tange às irregularidades apontadas pelo órgão técnico, a Procuradoria observa que:
• a situação funcional das servidoras Aldeide Soares de Melo e Mônica Lúcia Gomes de Sousa não é
irregular, pois, estão acobertadas pela legislação municipal que permite o recebimento de remuneração
diferenciada, através de gratificação, aos servidores que cumpram, em dois turnos, quarenta horas
semanais de trabalho.
• O cargo ocupado pela servidora Glória de Fátima Sousa Santos está amparado pela Lei n" 21198 que,
em seu artigo 8°, prevê que os departamentos serão dirigidos por diretores.
• Os servidores Carlos Egberto Gomes de Sousa e Solange Cristina Gomes receberam vencimentos
cumulativos do cargo efetivo com os de Secretários Municipais, devendo o Município ser ressarcido de
todo salário pago, desde o dia da nomeação nos respectivos cargos de secretários até a data que cessou
a acumulação.
• A irregularidade relativa a Senhora Fátima Maria de Souza Guimarães se refere a uma denominação
errônea dos seus vencimentos, tratado no caso de gratificação, que facilmente pode ser corrigida.
• Constatou-se que a Secretária de Administração e Finanças, Senhora Isabel Beatriz Gomes de Sousa,
ocupou cumulativamente o cargo de Defensora Pública da Comarca de Araruna, devendo também o
erário ser ressarcido dos valores indevidamente pagos.

Por fim, opina a Procuradoria pela:


I. procedência, em parte da denúncia no tocante à acumulação ilegal de cargo público e
nepotismo;
2. imputação de débito ao ex- Prefeito pelo Prejuízo causado ao erário;
3. aplicação de multa;
4. recomendação à atual gestão no sentido de sanar a falha formal, inerente a situação funcional
da servidora Fátima Maria de Souza Guimarães;
5. representação à Procuradoria Geral de Justiça para providências cabíveis.

Após o pronunciamento da Procuradoria, o órgão de instrução levantou o montante recebido pelos


serviid ores que acumu I'aram In d eVIid amente cargos purblíICOSmUnICIpaIS, con forme ta b e Ia a seguir:
.
Servidor Vene. Carzo Comissionado (R$) Vene. Cargo efetivo (R$)
Carlos Eaberto Gomes de Sousa 55.000,00 13.650,00
Solange Cristina Gomes 54.000,00 21.600,00
- ,
Informa a Auditoria que a acumulaçao Ilegal de cargos cessou no mes de Junho de 2004.

Servidora Vene. Defensora úbliea estadual Vene. Prefeitura Munici ai


Isabel Beatriz Gomes de Souza 63.424,30 67.719,57
Remuneração cumulativa de 03 de janeiro de 1997 a O 1 de agosto de 2001.

É o relatório

CONSEmHUl.o.I'q",.i,W~~~-FE1RNANDES
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo Te N° 06607/01
VOTO

Conforme o Estatuto dos Servidores Públicos do Município, os cargos em comissão serão


preenchidos por livre escolha e nomeação do Chefe do Poder Executivo, obedecidas as exigências
previstas em Lei. De acordo com os autos, não há nenhuma legislação que proíba a nomeação de
parentes do Prefeito para exercer cargos públicos. Também não foi questionada a competência dos
servidores nomeados, para o exercício dos cargos ou funções.
A legislação municipal prevê a perda do vencimento do cargo efetivo, para o servidor que
exerça cargo em comissão, nos seguintes termos:

Art. 143 - Perderá o vencimento do cargo efetivo o Servidor:


I - quando no exercício do cargo em comissão;

Assim, devem ser repostos aos cofres municipais, os valores recebidos indevidamente. No
caso, é de se imputar as quantias referentes aos cargos de menor remuneração. Cabem
recomendações, caso a situação esteja perdurando, para que o funcionário faça a opção pela
remuneração que lhe convier, sem prejuízo da devolução a que estará obrigado, se a irregularidade
persistir.
A Secretária de Administração e Finanças, que acumulou remuneração com a do cargo de
Defensora Pública da Comarca de Araruna, teve sua situação regularizada no exercício de 2001.
Todavia, durante o período em que vigorou o acúmulo a servidora recebeu do Município a quantia de
R$ 67.719,57 que devem ser repostos aos cofres municipais.
As demais observações da Auditoria não configuram irregularidades como bem demonstrou a
Procuradoria.
Face ao exposto, VOTO no sentido que o Tribunal: a) considere procedente, em parte a
denúncia, b) impute débito de 122,281,57 ao Senhor Edmílson Gomes de Sousa, ex-Prefeito de
Cacimba de Dentro pelo pagamento de vencimentos cumulativos a servidores que acumularam
ilegalmente cargos públicos; c) assine ao mesmo o prazo de 60 (sessenta) dias para efetuar o seu
recolhimento ao Tesouro Municipal; d) aplique ao Gestor a multa de R$2.805,10, nos termos do que
dispõe o inciso III do art. 56 da LOTCE; e) assine ao mesmo o prazo de 60 (sessenta) dias para
efetuar o seu recolhimento ao Tesouro Estadual, à conta do Fundo de Fiscalização Orçamentária e
Financeira Municipal, cabendo ação a ser impetrada pela Procuradoria Geral do Estado, em caso do
não recolhimento voluntário devendo-se dar a intervenção do Ministério Público, na hipótese de
omissão da PGE, nos termos do § 4° do art. 71 da Constituição Estadual; f) comunique a decisão aos
interessados.

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