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Morrer para Nascer - Teoria do Transverso

Um verso por mais solto que se encontre l-se sempre no reverso do pensamento transverso no limiar da imaginao do poeta, esse ser tanto aqum e alm da palavra, que colhe e semeia uma verborreia dispersa, condensando ideias que chegam at ele em estado bruto. Rudeza que se intenta lapidar, e mais tarde a crtica especializada teorizar. A poesia parte fugidia das mos desse ora alquimista ora profeta anmico, porque socialmente envolvido, que tece em torno a si alm do manto evidente das palavras, um certo estatuto enigmtico, que o separa dos comuns, sem nunca o apartar totalmente. Por conseguinte, quando este produz e lana terra a sua colheita divina espera que esta seja consumada, e evidentemente d os frutos mais suculentos e desejados. Esquece-se porm que o poema morre, ao sair do seu ventre criativo, numa espcie de aborto induzido, para se emancipar, num horizonte completamente hostil e vazio, que o do social. O poema morre para nascer, e ser j outro enteado, puxado a fio, e voltando a pgina, ele ganha um novo vigor, existindo por si na transversalidade. Porque ele nico, nunca sendo o mesmo, o reverso de uma morte, e o transverso de um nascimento.

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