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CONSIDERAGOES SOBRE UM MODELO DETERMINISTICO CHUVA-VAZAO APLICADO A BACIAS DO SEMI-ARIDO NORDESTINO * Marcos Airton de Sousa Freitas ** Adonai de Sousa Porto No presente trabalho s40 apresentadas diversas particularidades do uso de madelas hidraligicos determinésticos chuva-vazdo. A seguir, sao apresentados os resultados e perspectiva do uso do modelo CN—3S (Curve Number with Three Steps Antecedent Precipitation), em bacias do semi-drido nordestino, Abstract The work reported in this paper concentrates on several particularities in the of rainfall-runoff deterministic hydrologic models. After the results and perspective o the use 0 the CN-35 (Curve Number with Three Steps Antecedent Precipitation) model, when it is applied to northeart semi-arid watersheds, are presented. 4 mmranucia Um aspecto de relevante interesse em hidrologi aplicada diz respelto a modelagem do ciclo hidrolé- hu. Dey Jesse perspective, a determinagae dao vaz6es de rios a partir de certos parametros fisicos, tais como, precipitagao, evaporacao, vegetacto, solo © outros é vital para o estudo de cheias, estudo dos efeitos de mudancas na bacia e para o gerenciamento dos recursos hidricos, de manelra geral. Durante a primeira metade do século XIX foram publicadas registros de medicoes de vazoes de varios rigs europeus, doravante usados para 0 desenvol- vimento dos modelos de processo hidrolégico (LINS- VEY, 1981) * nyo. Chl «Prof. ds UNIFOR + Eng Cle denico ca SIRAC REVISTA TECNOLOGIA- OUTUBRO/S0 Com a incorporacéo do uso de computadores digitais, na decade de 60, 0s modelos chuva-vazao tiveram enorme progresso até atingirem o estado- de-arte atual. Para uma perfeita excoiha de madela, ohidrélaga deveria obsorvar, afora, & claro, a disponibilidade do modelo, dois aspectos: (1) 0 objetivo do uso do modelo e (2) a confiabilidade dos resultados como um todo: dados, modelo, calbragao, valkdayao w aplicayao. Como 03 modelos s4o representagdes simy cadas do sistema real (natureza), nem sempre o que incorpora maior complexidade ¢ o mais indicado para determinada utiizagao, haja visto que se deve consi derar a disponibilidade de dados. Por tanto, & mpres- cindivel ter-se en mente a finalidade do uso do mo- dole 2, ASPECTOS RELACIONADOS AO USO DE MODE- LOS CHUVA-VAZAO Sendo 0 modelo uma representacdo simplista da complexa realidade, é notério o aparecimento de im- perfeigdes. Urge, portanto, atentarmos para as diver sas fontes de incerteza. O'DONNELL CANEDO (1980) relacionaram as principals fontes de incerteza, uais sejam: registros de dados hidrometereolégicos, da bacia hidrogrética, estruturas dos modelos chuva- vazio © calibragto de modelos chuva-vazio. RETNAM e WILLIAN (1988) relatam estudos de erros decorrentes do uso de medigdes pontuals de uma variével de entrada continua no espaco. WOOD fet al. (1988) estudam 0s efeltos da variablidade espa cial e problema de escala em se tratando de modelos hidrolégicos. DELHOMME (1979), SEVEN et al (1989) @ SMITH @ HEBBERT (1979) fazem andlise da variablidade espaciale incertezas dos parémetros. Problemas relacionados a estrutura dos modelos ‘chuva-vazéo derivam, principalmente, dos imperfeitos, Sonhecimentoo da fioioa doo procoaces hidrelégioce. ©s processos de infiltragao e percolagéo do solo so (08 que, geralmente, impedem 2 obtencao de melhores, resultados no uso de modelos chuva-vazdo. Tucet et al. (198%) procurando sanar esse probie- rma relacionado com a infitrac8o, propdem algoritmos {que consideram a variablidade espacial da capacida- ‘Ao do infiltracho A aque podem ser incomporados a ‘modelos chuva-vazéo. Outro aspecto interessante levantado por SO- ROOSHIAN @ GUPTA (1965) trata da identiicabi- lidade estrutural de modelos. O artigo enfoca um pro: cedimento para determinar se a estrutura do modelo € um auxtlo ou um obstéculo para a determinacao dos valores 6timos dos parametros. GUPTA e SOROOSHIAN (1985) travam uma ais- cusso acerca dos parametros "threshold" os qui levam 0 modelo a operar em diferentes modos de Vizinhancs denenonda Ae sata. ‘CANEDO, SILVA e XAVIER (1989) amenizaram ‘esse probleme com o uso de técnicas de suavizagéo. Com relacao a influéncia de tamanho da série, CANEDO (1979) nustiou que & anos seria o tamanho recomendado, desde que houvesse disponbiidade pa- 1a us0 no processo de calbracao. PILGAIM ot al, (1982) apresentaram um impor- tante estudo dos efeitos do tamanno da bacia nas relagbes de escoamento, ‘Quanto a funcdo objetivo, segundo SOROO- SHIAN, GLIPTA » FULTON (1983). deve sor tal aue abstraia de forma eticiente as informacdes contidas nos dedos. DISKIN @ SIMON (1977) propuseram um procedi- unto sistematico para selecdo de fungées objetivas, porém envolvendo bastante subjetividade. ‘Os métodos de otimizacéo podem ser classifi cados em métodos ditotos @ indiretos. Os métodos Indiretos podem, ainda, serem subdivididos em méto- dos de 1! ordem e métodos de 2: ordem. Discusséo sobre o uso de um outro método pode ‘cor oncontrado om KUESTER @ MIZE (1974). GUPTA ‘@ SOROOSHIAN (1983) e BARD (1974). 3. © MODELO CN-38 Dentro dessa abordagem, anteriormente citada, © uso de modelos de maior complexidade em estudos de bacias do semi-érdo nordestino esbarra,principal- mente, nas séries do vazbes observades, A aplicacto atual de modelos chuva-vaz6o, recal, ‘em maior intensidade na goracao de séries sintéticas Usadas.nasimulacio de onerachn de reservatérios no projeto de barragens de irigacéo. ‘© modelo CN-3S (Curve Number Three Steps) fol desenvoWido com o intuit inicial de simular a lamina monsal de escoamento, ou seja, @ soma das laminas de escoamentos diretos e de base (TABORGA ¢ FREITAS, 1967). © nidlels Lascla-se sias wwlayoes desenvolvidas pel U.S. Conservation Service das curves CN (Curve Number) e 6 composto de sels parémetros de calibra- gem. A descricdo completa, incluindo, fhxogrema do odele pode ser encontrada em TABORGA e FREI TAS (1987). As sérles de precipitacées utlizedas como entra- a para v modelo, correapendem a9 série de proolph tacbes médias mensais ponderadas, através dos pol gonos de Thiessen, dos diversos postos pluviomé- tricos pertencontes as bacias utiizadas, Os dados de vazdes correspondem as séries de vazbes médias mensais na seco de controle. N4o So usados dados de evaporacéo ov evepotranspi- ragdo pols tle pordae eetto mplicltas no modelo. Conver ressaltar que a discretizagao temporal dos dados de vazto e precipitagao bem como. varia- A. APLICAGAO DO MODELO CN-98 ‘© madelo foi aplicado a diversas bacias de varios estados do nordeste brasileiro. Tanto as séres de precpitacao quanto as ce @ nivel mensal. ‘Dados de area, nimero de postos phuviométricos, etiodo. bem como. os valores otimos dos partmetros, estatisticas podem ser encontradas na tabela 1 Na figura 1 pode-se ver as séries de vazées observadas e calculadas para as bacias. 5. CONCLUSOES Nota-se que, devido a simplicidade do modelo associada a razodvel disponibiidade dos dados de entrada e faciidade de calibracéo, o modelo CN-38 atende sobremaneira aos obietivos para os quais fol desenvolvido. REVISTA TECNOLOGIA - OUTUBRO/IO TABELA 1 RESULTADOS DA APLICAGAO DO MODELO CN-3S PEDRA ‘ANTENOR : NOME DA BACIA REDONDA GROARAS MATRIZ NAVARRO ALDEIA PAJEU ‘Area (m2) 3340 (2759 468 125733406170 Estado Phu Ceara. Pernambuco Paraba = — —Ceard Periodo estudado 176m3 9776 = = = Nz de postos utiizados 3 - 1 = = - ‘Chuva média anual no periodo 6368 . mM B108 = 5644 «7208. PARAMETRO NNICIAL Lencol treético 09 09 09 00 op op PARAMETROS CALIBRADOS Nt 249 265 aia 155 305 168 ALFA og on 0236 oa 02 02 BETA 000300 0,00135 000260 0.00390 000120 0.00600 KO 057 0,88 40 0,69 0g9 025 Ki 00105 00110 0,080 0180 © 0,080 0.0600 ka uaz uy us ao 050 Oso SERIE OBSERVADA Média. (mm) 202 850 219 459 188 620 Dasvio Padrao (mm) 601 31.2 740 1598 = 6192008 Agsemetria 413 609 Bat 434 442569 ‘SERIE CALCULADA Média (mm) 205 833 215 459 189 686 Doavio padrdo (mm) 583 3t43 724 1275 S67 18.98 ‘Assemetria| 398 592 529 385 34684 COEFICIENTES DE CORRELACAO Correlacdo mensal ote ogs3 = 0g2t 08980956 ‘Correlagao anual 0,804 og = 0g84 840.980 Correlagao das médias mensais 0,982 = 098709870907 tay Figure 1 ~ Vatbes Obwervadt oCalevlodet REVISTA TECNOLOGIA - OUTUBRO/90 a

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