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Portugus

Textos de carcter autobiogrfico

10.ano

O amor
Anlise do soneto "Amor um fogo que arde sem se ver"
O soneto "Amor um fogo que arde sem se ver" representa uma das mais conhecidas tentativas de definir o que o amor. Nas duas quadras e no primeiro terceto, o poeta tenta definir este conceito atravs de frases declarativas realadas pela repetio anafrica do verbo ser. Mas a construo desta definio de amor conseguida, sobretudo, atravs de antteses (di/ no se sente; contentamento/descontente; dor/sem doer; no querer/bem querer; andar solitrio/entre a gente; nunca contentar-se/contente; ganha/perder) que caracterizam os efeitos contraditrios do amor. As relaes de oposio estabelecidas so reforadas pela abundncia de vocabulrio com conotaes negativas (sem, ferida, di, no, descontente, dor, desatina, doer, no, solitrio, nunca, perder, preso, servir, mata). Para alm disso, a estrutura bipartida dos versos tambm reala essas relaes de oposio e sublinha o efeito contraditrio do amor ( um fogo/ que arde sem se ver; ferida que di,/ e no se sente; um contentamento/ descontente; dor que desatina/ sem doer; um no querer/ mais que bem querer; um andar solitrio/ entre a gente; nunca contentar-se/ de contente; um cuidar/ que ganha em se perder; querer estar preso/ por vontade; servir a quem vence/ o vencedor; ter (...) lealdade /com quem nos mata). Estas caractersticas contribuem para a circularidade do poema, que inicia e termina com a mesma palavra Amor, e salientam a dificuldade de definir este sentimento, j anunciada na repetio do artigo indefinido um. No ltimo terceto, o poeta constata a impossibilidade de o homem se furtar ao Amor e s suas contradies, uma ideia-chave que introduzida atravs da conjuno adversativa mas e que encerra com a interrogao retrica como causar pode seu favor/nos coraes humanos amizade,/se to contrrio a si o mesmo Amor? significativa do espanto e perplexidade do sujeito potico perante a dimenso do amor.

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