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O HOMEM, SEUS LCOOIS - ANTONIO BRASILEIRO 1. No sei o que vale um homem. A algaravia, talvez, que o decifra e consome.

Ou a lei dos entrechoques da alma com ela prpria. No, o homem s o som que a palavra homem trescala. Jamais sabemos quem somos. Apenas no nos calamos. Mas que vale mesmo um homem? O p que cobre So Paulo e fora uma certa lgrima oxtona, paroxsmica? E a lgrima, com seus dixidos, mais dura? mais burra? Eclusas abrem-se s que, que no sossegam a carne e, guas, perdem-se em guas? Emoo, farsa, diamante: quando lcito chorar? Quando, pasto sem remorsos, nossa inteira conscincia? Tramas que nascem/esfazem-se, que cowboy cavalga tanto nos sonhos desta criana? Mas que vale, sim, um homem? Um pouco a palavra outrora? Diplodocos sonamblicos ao som de violoncelos? O corpo da amada nua a calma do nico cais? Vale o homem mais que a soma do homem h tanto empilhado? E que ntica figura somos em nenhum compndio grafada? Ou somos s isto mesmo: a solido entre lcoois, o algoz da nossa alma troncha? No, no sei o que vale o homem, se o decifro ou o traio. Sei que existe a palavra homem, como existe a palavra errado. Em mim nasceu uma flor porque sempre fui jardim. Mas quem interpreta um homem: cinco ases num baralho?

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