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Eu namoro o vento. Vezenquando ele me tira pra danar. Vezenquando ele me faz cime levantando as saias das meninas.

Vezenquando ele sopra pra longe uma tristeza minha. Vezenquando ele me traz uma saudade. Eu namoro o vento, rio. Vezenquando a gente tira a tarde inteira s pra ventar... (...) No rio daqui, enquanto a gua namorava o barco, eu namorava o vento. Um dia ganhei um presente do rio: aquele pedao de cu cheio de passarinhos voando e um punhado de estrelas para quando anoitecesse. (Nunca mais ningum me deu nada to grande). Quando eu rompi o meu namoro com o vento, o rio no entendeu. Tive que explicar: "namorar o vento to difcil porque no se pode dormir abraado!" O vento, desorientado, levou o barco pras guas do mar... E ficamos to solteiros e desconsolados que eu dormia ali, naquela margem do rio, s pra gente se abraar.O resultado disso tudo que, daqui a pouquinho, quase agorinha mesmo, a gente vai se casar! Marla de Queiroz

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