QUANTO VALE OU POR QUILO. Direo: Srgio Bianchi.

. O filme tem como tema central o financiamento da solidariedade, a qual retratada sob o prisma da dinmica das ONGs retratadas no filme. Estas faturam sobre a misria alheia: lavagem de dinheiro, reduo de impostos, movimentao de recursos. Mostra a hipocrisia da doao, uma vez que esta, muitas vezes, se confunde com o sentimento de poder. Critica a superexposio de seres humanos em degradantes situaes de vida, mostrando que isto tambm pode servir como uma forma de captao de recursos, uma vez que estas cenas fazem extravasar sentimentos e emoes. Sente-se nojo, espanto, piedade, carinho, felicidade e, por fim, alvio. E ainda faz uma boa dieta na conscincia. Os projetos sociais so encarados, por muitos, como formas de limpar os pecados, uma vez que se proporcionam apenas migalhas, no havendo uma luta real pelas melhorias e garantias individuais. Percebese que o filme est sempre fazendo um paralelo do passado (escravocrata) com o presente (ainda escravocrata, mas agora sob outra tica). Desde as primeiras cenas so apresentadas as semelhanas entre a escravido de outrora e a escravido dos dias atuais: se antes o problema era do no reconhecimento da dignidade da pessoa humana, hoje o problema da dignidade esvaziada. O capito do mato e o assassino de aluguel, ambos servios terceirizados com o objetivo de proteger a propriedade e manter o poder, alcanam, por meio de seus trabalhos, condies financeiras de criar seus filhos com dignidade. Sobre a misria de uns, se alicera o futuro de outros. Outra comparao apresentada no filme, diz respeito aos presdios e aos navios negreiros. Estes transportavam escravos para serem vendidos como mquinas que eram foradas a trabalhar de graa, enquanto aqueles aprisionam escravos sem donos, onde o sistema de consumo paga para eles ficarem presos. Em sntese, possvel inferir, a partir da leitura do filme, que esta a dinmica de um sistema capitalista que confirma a omisso do poder pblico para com os menos favorecidos, corroborando com uma limpeza social.