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MEMORIAS “Ay DAS PRINCIPAES ~PROVIDENCIAS, QUE SE DERAO NO TERREMOTO, que padeceo a Corte de Lisboa no anno de 1755, ORDENADAS, E OFFERECIDAS O FD, an | A’MAGESTADE FIDELISSIMA DEELREY \wot D. JOSEPH I. . NOSSOSENHOR POR AMADOR PATRICIO DE LISBOA. 'E eu nad confagrafe eftas Me- muorias ao Nome fempre Augufto de V. Mageftade Fidelifima , certamente violaria todas as leys da juf: tiga. Nad haveria idade, em que nad appareceffe ef- eH i te te Livro fujeito a huma jufla cenfura; € a parte , que ~ Leu tenho nelle, ou feria defprezada , ou lida com dif favor , fe faltafe a efta indifpenfavel obrigagad. Os Ejeritores , que no nobre commercio da publicacad de fuas Obras negocead com a gloria, para melhor a. per- petuarem a feus nomes , bufcad o amparo daquelles , aos quaes a mageftade fax parecer produzidos de ef- pecie mais nobre. Acertad no meyo feguro de honra- rem feus Efcritos ; mas no juizo dos Criticos nem fem. pre acertad em fua idéa; porque fe animad a offerecer a Perfonagens Reacs Obras que ou nab fab dignas, ou nab dizem relagad alguma & grandeza de tab alto Patrono. Se os eferupulos defta Critica fad bem fundados , certo effou eu, que levarey, nad a cenfura, mas os applaufos do Mundo, agora, que offerecendo a V. Mageflade efte Livro , 0 reviflo de huma immortal honra , ¢ grandeza. Pela fua materia verad todos , que em mim efta acgad nem he effeito de vaffallagem devida , nem de voluntaria efcolha ; he indifpenfavel infpiracad da Juftiga , porque nenhum outro Nome , que nab foffe 0 de,Vs,Mageftade , deveria honrar ef- tas Memorias. Dellas todo o fublime Argument fad qquelles inexplicaveis efeitos da Religiad, da Pieda- de, da Beneficencia, edo Amor, com que V. Magef: tade falvou o feu Povo conflernado por kum grande terremoto, € logo o reftituto ao feu antigo focego. To- da efta Efcritura he hum vivo retrato da heroica Al- “ abe ina sma de V. Mageftade; e quem nad dird, que he ine ° “difpenfavel refituigad , e nad voluntaria offerta por ex gfie Livro naquellas mefinas Reaes méos , que afina- rai Decretos tad provides , e faudaveis , que fab os Documentos, em que elle funda toda a fua verdade? Animado de tab alto motivo , bufco animofo 0 “Throno de V. Mageftade, fem temer [como em qual quer outra occafiaé fuccedera] que a tenuidade do fa- crificio offenda a grandeza do altar. Porém fendo grande éfta circunftancia’, outra mayor me dobra 0 animo , para bufcar os feus Reaes pés; e he, que a elles ajoelho com huma Obra emprendida pelo zelo de bom Cidadab 5 e para hum Monarca, como V. Ma- geflade, que tanto preméa em feus vafallos efta virtu- de, que outra offerta podia eu fazer, que fof a feus benignos olhos mais agradavel , e dignat Vaffallos xelofos fab os validos de V. Mageftade , fé elles affif: tem ao feu Throno , e fad os orgdos efcolhidos , por onde fe nos communica’ os feus Reaes Decretos. Fe lices elles, que com a pratica de tad nobre virtude confeguem a rara gloria de fazer apparecer a fama 4o feu Principe em toda a fua luz, e grandeza! Mas felicifimo Portugal, que por longas idades goxard os Srutos da Reinado de hum novo Augufto , Sido da zelofa Politica do feu Mecenas! E que frutos mais merecedores de huma grativ dad eterna , do que os Documentos, com que compro- ‘v0 a verdade deftas Memorias ? Elles Jb baftaé , € * iil fo fobrad , para adorarem os vindouros em V. Magefla ‘de a memoria de hum Rey, que em selo excede aos + feus Reaes Afcendentes , 05 quaes pareciad , que nef ta virtude nunca feria’ vencidos ; mas he nobre vat- dade para huns Avéds tab celofos do bem deftes Rei- nos ferem excedidos por hum Neto tad gloriofo. Na verdade tania he, Senhor , a gloria, com que VY. Mageftade vence aos Senhores Reys feus Ante- coffores , que fobrando para éfla vantagem fo o que contém eftas Memerias , cedo efperamos , que a fia Regia magnificencia derrame luzes ainda mais glorio- fas, com as quaes fique a faa heroica fama fera compe- tidora nos Fajftos dos Monarcas Portuguezes. Ejte exceffo de gloria efté promettendo aV. Ma- geftade a reedificacad de Lisboa , da qual jd admire mos fumptuofos principios. Ja€tavafe aquelle Impera- dor antigo, de que achando a Roma de barra, a dei- wara de pedra; e V. Mageftade teré mais nobre, e jufta vaidade , quando nos ouvir dizer, que da Capital do feu Reino , jd antes grande , fizera 0 modélo para @ magnificencia das Cortes. Eu creyo, que nad feria expreffab lembrada pela lifonja , dizerfe , que fomos em noffo mal venturojos ; porque da calamidade que fentimos , tirdmos o bem de ter V. Mageftade hum amplifimo theatro, em que poo deffe affombrar ao Mundo com a fua inimitavel gran- dexa. Porém fe howver alguns animos , que penetra- dos ainda do mal, que experimentarad , nab dem a ef . ta ta reflesad todo o few jufto valor , nad tardard 0 ma- Bnifico animo de V. Mageftade a moftrarthes aos olhos, a verdade della. 20° “Verad a Lisboa fantificada com Templos fump- tuofes , ¢ ermobrecida com Palacios foberbos , com Ef tradas efpagofas , com Pragas amplifimas , para que 0 Mundo conte mais huma Maravilha, e a fama de V. Magejtade vde muito além do Templo, onde fe co- road os-Herées. Verad igualmente huma Corte mui- to mais luzida no trato, muito mais opulenta em cour mercio, € por confequencia forgofa mais abundante da- quellas preciofidades , que a terra, quafi_avarenta com outros Reinos , defentranha f3 para enriquecer Por- iuguezes. u . . oi A gratidad publica & vif)a. de tantos beneficios empenharfeha em defcobrir todos os meyos de agrade- cimento a tum Principe, que entre vafallos, ¢ filhos nab fabe fazer differenca. Parece-me, que jd eftou ou vindo os Sabios tecerem com virtuofa emulacad multi- plicados Panegyricos , em que a magnificencia de V. Mageftade appareca naguella luz, que en nad the puc de dar nefla Efcritura. Pareceme, que jd eftou ven- 40 ao Publico fahir com hum padrad eterno do fen re- conhecimento , levantando nas Pragas a heroica Efta- tua de V. Mageftade , em cujo pedeftal unicamente 0 feu Augujflo Nome exeprima methor a grandeza do Prototypo , que a Inferipgad mais eloquente. Em fim nad haverd.eftado de PPLoas, que deine de dar fince- ros ros finaes do fen animo agradecido ; porque em todas ' as cafas o retrato de V. Mageftade ferd a alfaya mais preciofas € apontando para elle os pays, enfina- 748 aos filhos a venerarem logo em feus primeiros an- nos a amavel imagem do Pay da Patria. . Oh que immenfa gloria; Senhor , frdadeV. . Mageftade, vendo-fe pela magnifica empreza da reedi- ficacad de Lisboa acclamado de todos com os mereci- ~ dos epithetos de Grande, de Reftaurador, e de Pio: Em nenhum mortal, e fd no coracad de V. Magefta- de, infinitamente mayor , que todos os elogios, he que péde caber 0 ouvir com indifferenca huma acclamagad geral, com que coftumad fer canonizadas as Almas il- i lufires. Mas ete he 0 premio anticipado, com que 0 Ceo nunca falta, a quem , como V. Mageftade , todo fe occupa no bem do publico: jd em vida he gloriofo ; adorado, ¢ tido por hum efpirito , que pertence a mais fublime Throne. A elle fuba V. Mageftade , rodea i do de fuas heroicas virtudes; mas difponha Deos , que feja pafiudos tad longos dias , que fatisfacad os defe- | jos de huns vaffallos , os mais diftinctos no Mundo pela gratidad , e amor aos feus Monarcas. . Amador Patricio de Lisboa. nt INDICE DAS PROVIDENCIAS ROVIDENCIA I. Evitar 0 receyo da pefte, que ameaca- ‘va.a corrupgad dos cadaveres, fendo innumeraveis, e nad havendo vivos para os fepultarem pela precipitada, e geral de+ fercad dos moradores de Lisboa, pag. 4, ¢ 43. PROVIDENG. HI. Evitara fome, que neceflariamente fe havia de feguir , nad £5 pelo motivo de na6 haver quem conduziife 0s viveres ; mas porque muitos Armazens delles haviad {epul- tado as ruinas , ¢ abrazado o incendio, pag. 6, ¢ 58. PROVIDENG. III. Curar os feridos , e doentes, que eflavad defamparados nas ruas em perigo certo de morrerem, pag. 9, e 87, PROVIDENG. IV. Reconduzirem-fe 0s moradores de Lit boa, que haviad defertado , para fe reftabelecer a povoagas , fem a qual nada {¢ podia fazer, pag. 11, €94. PROVIDENC. V. Evitar os roubos, e caftigar os ladrdes, que haviad metido a faco a Cidade, defpojando as Cafas, ¢ 03 Tem- plos, pag. 12, ¢ 96. PROVIDENC. VI. Evitar que pelo mar fe déife fahida aos rou- bos, epara elte effeito rondar oRio, pag.17, € 110, PROVIDENG. VIL. Remediat aneceffidade, em que eflava o Reino do Algarve , a Villa de Setubal, eos portos da Ameri- ca, eIndin, pag. 18, ¢ 127. PROVIDENC. VII. Mandar vir algumas Tropas do Reino para fecvirem a0 grande trabalho da Cidade, ¢ feu focego , pag. 20, ¢ 137. PROVIDENC. IX. Darem-fe as commodidades precifas para © alojamento interino do povo , pag. 22, € 147. _ PROVIDENC. X. Reftabelecer 0 exercicio dos Officios Divi- nos nas poucas Igrejas, que fe haviad falvado, ou em decentes accommodagbes interinas, pag. 25 , € 183. PROVIDENG. XI. Recolher as Religiofas , que vagavad dift Pertis, edarfe-lhes a-poffivel claufura, pag. 26, ¢ 217. PROVIDENC. XIE. Occorrera diverfas neceffidades , em que eflava 0 povo, as quaes por varias, ¢ avullas, fe reduzem a huma claile feparada, pag. 33 ,€293. = PRO: NC. XI. Adios deialigiad em. Mageftade para : PROVIDENG im engacee Sethe ns bent, $1. ore PRB SIBESC. XIV. BUG os meso) sis edhebentes para a reedificagad da Cidade, pag, 37 5€ 518 ; YUVACIVORG i oft sual! sobovinds % esrop Go -vshaypsT Sapa 9 peng Stich 1! wis Usb anid AGL ruionahl Oo 3 ZOHO” Alosbws ia lnrwaTs pomilysamd on olish Ty Agila SiG WS sveLasodLg alk-e\gbnibag, : 0 : + oat hns tis Ars 5, sinlyinanlen™t xe aoqas VE TRY oibosgges ON Shae, asim 6 oe sani BL ows\are 6 RR ys8h oY’ sup iy; vont . ai alg, a3 siahyga aba « j Ayah, ouean - | solo! eso" : i mt antains: aon aerwnii > U ATION AAI V.OA & wysrantierstoyglt sh supra o maqay it A ignlgioy AyRa sue oust es Asm ans aches wna apo Ak Ton sy INDI 2fN DLGE pD.OS DOCUMENTOS Sind glee alt ay { PROVIDENCIAL L.A. Vif para o Marquex Efribeiro mir fazer tirar das ruinas ‘corpo do Embaixador de ElRey Catholico, pag.43- Hi, “Avy para e Dugue Regedor au quem feu cargofervir, nomear ‘Minijires para os Bairros de Lishoa atm de fe dar fepultura aos inortoss e com autras Providencias fobre drerfas necefidades, 44. UL. Avifo a0 Brinentjfino, eReverondifime Cardeal Patriarca y pedindofere 0 feu parecer fobre o lugar para a fepultura dos mor= tos 500 . | “AV. Repota do Eminentifimo , ¢ Reverendjfimo Cardeal Patriar | Ga, uiprimeira que fe Ihe expedio,, 51. V. Avify para 0 mgjtio Eiinentifime , ¢ Reverendifimo Cardeal Pairiarca., em que fe lhe ordena exhorte aos Barocas da Cidade , efeus Suburbies , ie perfuada’ aos povos a dar fepultura aos mor= tos , $2. VI. Carta circular a todos os Prelados Regulares dos Conventos de ‘Lishoa, em que S. Mageftade thes manda lowwar , € agradecer 0 elo, e perfuadir a urgencia da fepultura dos martes, $4. VIL. Portaria para que Nicolae Luiz da Silva, ¢ Antonio Rodri- Dy gues de Lead levantem Vara, ¢ firvas com 0 Juiz do Povo € com 20s chhades Ecclefiaftico, e da Nobreza concorraé para fe dar fepul= tura aos mortos » 55. VIM. Avifa para’o Duque Regedor mandar continuar na diligem, cia dos defenculhos nos lugares, gue achar he conveniente 5 $6, PROVIDENCIA I. 1 Vifo para 0 Marquez de Alegrete encarregar aos Miniftros, qe julgaffe neceffaries, de reecberem os mantimentos ds portas da Cidade , e es repartirem pelos doze Bairros, 8. UL. Avifo circular aos doze Defembargadores, que fe ordenou ao Dm que Regedor, que nomeafje para os doze Bairros de Lisboa, $9. Ml. Avifo para o Marquez de Alegrete mandarfixar nas portas da Cidade 0 Eital porque 8. Magsflade livrou de dircites o pefeado , pf Se eende da Cac de Belem ate o de Sankar 6x. . artq IV. Carta ciréilai a todos’ os Migifros dus terras y fitas nas duas inargens do Tajo, pora que mardafeen vir roda a fariuhay e mais comeftrois para Lisboa 4 entregar do Prefideate do Senado da Ca- 62. . para o Marquez. de Alorna fazer pir em arrecadaca® to- ‘dos os celeires publices , e particulares do Terme da Villa deSanta- rem, eque delles fe nad difpozeffe coufa alguma fem fua ordem, 63. : VI. Avifo para o Marques de dlegrete mandar fixar nos arrayacs, ou campos, cm que fe achavas os moradores de Lisboa 0 Edita em que fe ordena , que os barcos , ow navios , que trousseffem man mentos , ancoraffem de{de a Ponte da Cafa da India, até 0 Caes da Pedrai ¢ que os Miniftros Infpectores dos Bairros ihe remettefiem exattas relacées de todos os comeftiveis, que houveffe nos Armazens celles, para as participar aos dous Vereadores encarregados da diftribuigad dos ditos comefliveis , 65. VIL. Avifo para o Defembargador Jofeph de Seabra da Sitva man: . dar fazer huma diftindta relagas de todas as befas de carga, € car ros, em todas as Villas, ¢ Lugares do Termo de Lisboa , ainda de * Donatarios, fazendo-as promptas para as conducdes dos mantimer tos, 68. . it VILL. Avifo para o Marquez Efribeiro mér mandar por promptas das rondas nas prayas do Terreiro do Pago, onde fe vendiaib os com, mefivcis ao povo , para evitarem nelle alguna defordem , 69. IX. Avifo para D. Rodrige Antonio de Noronha e Menezes por em arrecadacad os mantimentos , que feachroad nos navios do porto I deta Cidade, com avaliagbes dos pregos communs , fazendo-os con- : duzir para os Armazens 70. / X. Avifo para. Marquez de Abrantes mandar dar 4 ordem de Dom Rodrigo Antonio de Noronha ¢ Menexes as embarcacbes precifas | para asvifitas, e tranfportes dos mantimentes, que fe acho abor- " do dos navios , 72. ih XI._Avifo para o Duque Regedor ; em que fe lhe ordena, que os Mix niftros encarregados da Infpeca’ dos Bairros remettad ao Prejiden- te do Senado da Camera as relagies de todos os mantimentos » que defeobrifem , 73. XID. Auifo para o Marques de Alegrete mandar fivar Editaes , pa ra que.as Padeiras, Tendeivas, Artifices, e homens de gankar nad excedad os precos do mez de Outubro proximo paffaday 74. XIII. Avifo para D. Rodrigo Antonio de Noronha e Menezes fazer defearregar dos navios rodos os comefiveis pela via da Alfandega, 7. XIV, Avifo para 0 Marques Efcibeiro mor fazer vecolher it Praca de de Cafeaes 05 Artilhe'ros , qué nad ertrava de guarda na ditd Praga, 7o-m i 2008 : XV. aeip para 0 Margvex Bfribire mér fazer expedir as dil encias » a que haviad de aff os Offciaes das Ausiliares, ¢ Ore ‘enancas do Termo , a.fim de etes fe recolherem , 76. XVI. Avifo para o Marquez de Alegrete , ordenandofe-Ihe , que romettefe as Ordens , ou Eiivaes , em que fe fundou a abjelvicad geral dos direitos dos comofiiveis , 77. XVI. Aoife para o Marquez de Alogrete faner que os Minifiros encarregados da Infpeccad dos Bairros Uie enviem as relacbes dos mantimentos para as participar aos Minjfres , que deviad afftir no Terreiro do Paco ye na Rubeira , para diftributllos ao povo, 78. XVIU. Avifo para 0 Defembargador Francifco Xavier Porcille fa- er impedir as traveffias dos mantimentos » 79. XIX. Carta parao Secretario de Efado Sebaftia® Jofeph de Carva- io ¢ Mello, 80. XX, Carta do Defimbargador Francifeo Galvad da Fonfeca pare o Marquez de Alegrete, participando-le a defearga de quatro na- vies de bacalhdo , 80. XXI. -Avifo para o Marquez de Alegrete fobre o refertdo na Carta antecedente, 81. XXIL Avi para o Duque Regedor , participando-the a Refolusad de S. Mageflade fobre a alteracad , gue 0 Senado kavia feito no Edital do dia 10 de Novembro, excedendo os preses porque foras vendidos os comeftiveis no mex de Outubro, 83. XXIN. Avifo para o Marquez Efribeiro mir mandar cafigar os Affinfas defla Corte pela defordem comestida no provimento dag Tropas, 84. XXIV. Carta para o Marquez deTancos fazer levantar as guards das ofrradas do Alentejo , ¢ publicar por bandos , e editacs a liber= dade da extraccad dos feusos, como antes fe praticava, 85. PROVIDENCIA IL L.A. Vifo para 0 Monteiro mir do Reino, em que fe Ihe ordena, que com 0 Contador geral do Exercito eftabelecad no Con- vento de S.Joad de Deos a Vedoria, ¢ Hofpital para os foldados doentes, 87. Ul. Avifo parao D. Abbade do Moftciro deS. Bento daSaude, em que fe Ihe ordena , que dé faculdade para no feu Convento fe recor therem os feridos do Hofpital Real , 88. TL. Avifo para o Monteiro mér do Reino, em que fe the ordena, que one pa + pata acura dos doentes do Tofital Real, taito ade febres como eras cnfermidadesfemelhantes [2 firva doCeliro do Mftei- ro de S. Bento da Saude , 88. IV. Avila parao Duque Regedor » approvandoIhe o feu parecer fie Tre a ccchnmodacad dos enformes do Hofpital Real no Celeiro do Moflire deS. Bente, efe cubrirem as Enfermarias do dito Hefpi- « tal, 89 9 deifo para 0 Dugue Regedor » approvando-e o feu parecer fir ‘re ferecolherem os doentes do Hofpital Real para as quatro Efer- marias , que fe ackavad concluidas no dito Hofpital, 90. WI. Aoife pari 0 Monteire mér do Reino, em que fe Ihe orden, que os docates , que cftava’ nos’ Celeiros do Conde de Caftelto-Melhor y no Mofteiro de S. Bento, e nas Cafis de D. Antad de Almada, paf- folfem finente os homens para as quatro Enfermarias, gue fe acha- ‘a8 reparadas no Hefpital Real, fcando as mulheres nos Celeiros do Conde dc Caftello-Melhor , 91- VIL. Avifo para o Duque Regedor,, em que fe Ihe ordena nomee pef- ‘foas para receber as camas , que S. Mageflade mandou dar para es presas docntes do Limeciros ¢ fasa reparar a Enfermaria y que cfd na Cafa das Audiencias , 92. VIL. Avifo para 0 Duque Regedor , ordenando-ihe fuga recolher ‘as mulheres doentes doCelciro do Conde deCaftello-Melhor para as Exfermarias do Hojpital Real, 93» PROVIDENCIA ly. L Arta aoCorregedor da Comarca de Coimbra para nad dei- xar pafjar pefoa alguma pelo feu defridto , fem que levaf- Se Faficy 94 . PROVIDENCIA V. Arta ao Corregedor da Comarca de Coimbra para fazer exame nas peffoas fufpeitofas de latrocinios » que pafaf- Le por aellaConaree Togo em os dias feguintes ao Terremoto » 96. Ii. Decreto para que as pefloas comprehendidas nos roubos comettidos depois da mank do dia primeiro de Novembro foffem autuadas em procefos fimplesmente verbaes , ¢ as fentencas executadas no mej mo dia , em que fe proferigem, 98. Ill. Decreto para os Corregedores dos Bairros de Lisboa, cada hum aos feus defridtes examinarem as vidas, cofumes, e minifsrios de to- + todos os fous habitantes 5 prenderem , € autuarem os ociofas , im= pondo aos culpados a pena de trabalharems com braga nas obras pix blicas da Cidade, 99. IV. Avifo para 0 Dugue Regedor , ordenandofesthe y que as forcas, em que 0: Reos culpades nos roubos forem executados , feja’ alas quanto pofivel for , flcando nellas até as confiemir a tempo , 10%. Vi. Avifoparao Marquez, Eftribcire mér mandar convocar todos as Oftciaes dos Tergos dos Auxiliares, para com as fuas Companhias cercarem os Bairros de Lisboa , e a huma mefima hora fe prende rem todos os malfcitores, € vadios, 102. VI. Decreto para que as pefias, e joyas de ouro, ¢ prata, dos roubes comettidos depois do dia primeiro de Novembro , fejad reftituidas afeus indubitaveis donos debaixo do termo de as reporem no depafi- . ta.de que fehirem , a todo 0 tempo , que conflar 0 contrario, 104. VIL “hfe para o Defembargador Antonio Martins dos Reys fa- zerfuhirv we legoas fora da Corte os amancebados mais efeanda« Jofes , fcando nella prezas as concubinas, 105. VIL -Avifo parao Duque Regedor , em que felhe ordena , que os Siganos , que inquietavad os moradores do Termo defta Cidade, fe- jad applicados a fervirem nas obras publicas da mefma Cidade, 106. IX. Avifo para o Dugue Regedor , em que fe the ordena mande cha- mar & fiua prefenca os Miniftras encarregados da In{pecsad dos + Bairros de Lisboa , e [hes ordene prendad os authores das juggef- tes, que com apparencia de profecias efpalhara® alguns malf-ite- res, para poderem livremente cometter 08 roubos , e outras deliétos atrozes , vendo aCidade defamparada por feus moradores, 107. PROVIDENCIA VI LA. Vio para o Marquez. Efribreiro mér mandar guarnecer as Torres, eas prayas de Belem até o Bom-Succefo, aims de impedir alguma temativa dos Angelinos , que havia noticia an- darem na barra de Lisboa, 110. UL. Avifo parao Marquez Eftribeiro mér mandar dar & ordem de D. Rodrigo Antonio deNoronka e Meneres o auxilio militar, que el- Je pediffe para a execucad das Ordens de S. Magefade , 112. YL. “Edital para os Commandantes das Torres impedirem a fabida defle porto a todas as embarcagses, 112. IV. Euital para os Commandantes das Fortalezas deixarem fahir pela barra as embarcacécs , que levarem Pafe afinado por Dom Rodrigo Antonio de Noronha e Menezes, 113. V. Avifo para D. Rodrigo Antonio de Noronha e Menezes mandar ormar crmar lanchas para rondarem 0 Rio de Lishoa ; e viftar as dos sivas otrangeros , afi de evear os roubos, que ells fe reco- Thiad , W14- : . VI. sleifo para 0 Contador geral do Bsxercito Antonio Lopes Da- 0d mandar formar os ores neczffaries , em que fe langefem as cardos roubos; enomear depoftario para as ditas prezas y 1"5- vit. steifa para D. Rodrigo Antonio de Noronkae Menezes vijitar es navies, que fahifem para fora, ¢ furer aos Capicies delles o8 ncerrogataries convenientes, a fim de fe defeebriem os roubos » (gue gfivefim embarcados » 116. VIM. Aoife para D. Rodrigo Antonio deNoronka ¢ Menezes vif- tar alguns navies » que efavai a fahir para fira y X47. IX. Aa para D. Rodrigo Antonio de Norona e Menezes mandar prender ye remetter emlevas os Algarvios da Ribeira das Néas, (que hiviad defertado, 118. 7 x. if para D. Rodrigo Antonio de Noronha e Menezes, partici pandajelie haver S. Mageftade norseado 0 Backarel Jofeph Ante- Pry de Oliveira Machado para a expedicas dos proceffos verbacs y ddeque hava encarregado 0 Confelheiro Duarte Salter de Mendon ca, 118. XI. Uvifo para D. Rodrigo Antonio de Noronha ¢ Menezes , partis cipandoche haver 8, Mageflade nomeado 0 Conde de Referde pa- ra 0 fubjliwir na Infpeccad das diligencias do mary de que ¢fava encarregado, 319. Sass XU, Azifo para o Conde Almirante do Reino , participando-the ha- vello nomeado S. Magefade para fubfituir aD. Rodrigo Antonio de Noronha e Menezes na Infpecsaé das diligencias do mar, de que efava encarregado 129. XU. AvifoparaoCommandante da Fortaleza de 8, Julad daBar- ra Felix Jofoph de Azambuja nai deixar feguir viagem aos navies, que fedamoraffem nas enfeadas da barra, depois deterem pasado pela'Torre de Belem, 121. XIV. Avifo para oConde de Refende vfftar bum navio , que fe ache va por baixo daTorre de Belem: participandofe-Ihe tambem a Re~ leet de 8. Magefade fobre os furtos 5 que Je ackewad em depon fro, 122. XV. Avifo para oConde de Rofende farer huma vifita geral em to: dos os navios , e embarcacses, que fé achafem noTeo , dandofee The algumas inflrucebes fobre efta materia, 13. RVI. Avifo para o Conde de Refende , approvandalhe o feu pare- cer fobre fe evitar a introduccad dos furces nos navios , € mais em= Barcagies, 124. Arifo XVID. Avifo'pata 0 Conde de Refende ; participando-the a Refolue cad do 8. MageRade folre pagamento dos Algarvios , ¢ outras defpezas feitas com as diligencias do mar 125. XVII. Avifo para 0 Provedor das Armaxens mandar Jatisfazer 20s Algarvios, que andavas nas rondas do mar , 0 crédito que fe Wes cotumava dar na Ribeira das Ndos, 126. PROVIDENCIA VIL BA. Vifo paraDom Rodrigo Antonio de Noronha ¢ Menezes, agradecends-lhe 0 2210, com que fe offereceo a partir pax Fa oAlgarve , logoque teve a naticia do cftrago , que allifizera @ Terremoto: e que em quanta nad partiffe , remettefe para aquelle Reino as ordens, quejulgaffe necefarias, 127. ML. Avifo para o Marques de Tancos faxer marchar cinco Compas “ahias de Cavallaria para 0 Algarve @ cubrirem as Cyfas daquelle Reino, 128. MIL. Inférucgad ao Sangento mér de Batalha Pedro ide Soufa de Caf tello-branco , Governador da Praga de Setubal, fobre a calanidade daquella Villa, 129. IV. Orders expeilida aoCoronel Joa’ Alexandre de Chermont , 13%, V. Avife para 0 mefmo Coronel, 133. VI. Abifo para o mefino Coronel, ibid. VIL. Relacad dasNéos de Guerra, gue foraé para os portes do Bra “Jil India, ¢ Armadas no anno de 1736, pag. 134. PROVIDENCIA VUL i AN’ para Manoel Freire de Andrade faxer marchar para Lisboa 0 Regimento de Dragoes de Evora , 137. I. “Avifo para o Conde de Soure fazer marchar para Lisboa o few Regimento fem efperar ordem do Governador das Armas , 138. UL. Avifo para o Marquez. Efribeiro mdr mandar aprefentar ao Contador geral do Exercite Anconio Lopes Durad as Tropas, e munigSes da Provincia de Alemtgjo, 138. LV. Avifo para o Marquez Eftribeiro mir fazer marchar para Lis, boa os Regimentos de Cafeaes, Peniche , @ Setubal, 139. V. Avifo para o Marguex deTancos, no qual fe contém as Ordens de que §. Mageftade 0 encarregou no tempo do Terremoto , a ref- " peito de fazer paffar & Corte algumas Tropas do Reino para foce~ + go do publico, 149. VI. Avo para oJuiz de Féra de Aldea Gallega mandar duas bar« pa cadas ‘eadas de motano para 0 abarracamento dos foldados » 142. VIL. svifo para oContater geral do Exercito mandar tomar con ta da carga de motano referido no Avifo antecedente, 1426 VIL Avifo para 0 Marquez Francifeo de Affis de Tavora , parti« cipando-the haverthe S. Mageflade feito a merce do Governo das “Armas da Provincia da Beira 143. . 1X. Avifo para 0 Marguce Efribeiro mér , participando-the as Or« dens, que S. Magefade mondou expedir ao Confelto de Guerra patra’ e fazer prompto o Excercito na regularidade da difeiplina » € aseyo das Tropas, 144. X. Carta para 0 Arcebifpo Prima, participando-the , que nas ter ras, deque he Donatario, fe havia de levantar foldades para com plemento das Tropas 146. PROVIDENCIA ] Eereto para o defentutho da rua dos Canos » 147. . Decre'o para que todas as madeiras , que foffem tranfpor- rua do Brafil cm navios Portuguenes , gozafem do mefino reba- te dedircites de entrada, e fahida , e do mejmo favor, na firma da arrecadacad delles, gue fe achava concedido & Companhia geral do Grad Pard, eMaranhas + para afin fe faciliear mais arcedi* Freasa das propriedades arruinadas, e fe.an'mar 0 commercio, 148. LiL. Acifo para oConde Apofentador mdr nab deferir a requerimen« to algum de Apofeataorias , limitandafe-lhe 0 tempo até 0 S..Joud de 1756, pag. 149. IV. Decreto pura fe nad alterarem os precos dos alugueres das ca- vfs, logens, ¢ armazens dentro na Cidade de Lisboa , e nos feus Suburbios ; determinando ao mefino tempo os jujtos limites da Cida+ de para os futuras ed ficios , 150. LV. Avifo ao Duque Regedor para fe defembaragarem das ruinas , ¢ ‘entulhos as ruas prineipaes da Cidade de Lishoa , de forte que ef tafcaffe praticavel, 154. VI. Avifo para 0 Duque Regedor , participando-le , que para fe entrar en algumas das terres da Rainka nofia Senhora , edo Sere- nifino Senhor Infante D. Pedro, para a expedicad de algimas Giigencias, feexpedirad Avifos ao Defembargador Manoel Gomes de Carvalho como feu Secretario, 156. VIL. Avifo para oDefembargador Chanceller mér Manoel Gomes de Carvalho, participando-lhe , que para a expediced de algunas diligencias ferd precifo entrar em algumas das tervas da Rainka ofa Sinhora, 157. Avife VIL, “Avifo para o Duque Regedor, participando-Ihe oDecreto da S. Magefade para fe proceder a devafa febre 08 monopolies y ‘contrabasdos de madeiras, 158. 1X, Avila para o Provedor da Aifandega do Afucar nab impedtr j que na praya deCafeaes defearreguem as embarcagies» que all lex Jarem madeira, telha , e tijolo das fabricas defle Reino, 158. X. Alvard para que as madeiras dejles Reinos , que vierem para Lishoa , gozem do mefino rebate de direitos de entrada , efahida, concedido Companhia do Gras Pard e Marankad , 160. XI. Avifo para o Conde Apofentador mér mandar aos feus Qfieiaes fe abflenhas de proceder nas Apofentaderias » ¢ na® continuarens na tranfereffas das Reaes Ordens , 162. XIL. Avifo para o Conde Apofentador mér na deferir a requerimen- toalgum de Apofentadorias , junto por copia ao requerimento do Defemborgador do Paco Lucas de Seabra ¢ Sifva, 163. © Pecigad do Defembargador do Paso Lucas de Seabra e Silva , em que pede aS. Mageftade fej fervide ordenar ao Conde Apofenta- dor adr na Jaca obra alguma pela Apafentadoria , que Je lhe ha via pofto nas cafas que occupava , 164. XIN. Peticad de Manoel Carvatho para o Conde Apofentador mét The mandar dar vifta da Apofentadoria , que fe the havia poflo nas cafes que occupava , 166. XIV. Avife para oConde Apofentador mér conférvar inteirameme “Manoel Carvalho nas cafis que occupava , ¢ de que 0 obrigavaé a fazer defpejo, 167. XV. Avijo para 0 Marquez: Eftibeiro mér mandar y que aV edoria pafe as ordens neceffarias para nas prayas defta Cidade fe accom» ‘modarem asefancias da lenka , e carvad , 168. XVI. Avifo para Manoel de Campos ¢ Soufa, Vereador do Sena- do, definar lugar para as @Rancias de lenha, ecarvad nas prayas defta Cidade , 169. XVIL. Avifo para o mefnno Manvel de Campos ¢ Soufa fobre a mef- ma materia, 169. XVII. Avife para Duque Regedor , participando-the , que as ac~ commodacées interinas para remedio da calamidade prdente, nab devem fer comprekendidas o Juizo das Propriedades , 17°. XIX. Alvard para ferem totalmente ifentas de direitos as madeiras j que vierem para a reedificacad da Cidade, 171. XX. Alvard para fe eftabelecerem os fornos de cal da nova fabrica , que cozem com carvas, fem gafto das lenkas do Reino , vendende ehe gencro a preco moderadd 174. ¥ Condigies da Fabrica daCal, 175. Des EXE, Decree pata fe darein a GuitkeFnie Stephens, Inprezari, Sia cat, as terras de Alcantara para acaldear, 178. ni Sent icand para fe na poder embargar , ou apenar cal, thalo3 | velha, madeira, enka, obreiros, carros, barcos , e beftas de care ! fg, ue feempregaren nas fabricas ,e condustes decal, tol g zelha, e madeira, para afi haver huma grande abundancia dos dros materiaes paraa reedificacué da Cidade, de Lisboa , por preg fos jiflos » e accommodades 180,052 tik t? we XXIML Echeal para fe comprar por couta da Fazenda Real ym bee neficio do povo, toda acal, tijolo, e telha, que nad achafe com prador, para efim fe animarem tanbem eflas manufacturas , 83, CN ike is tabi Cardeal Vitihaita bm'repofla do “Avifo, que 8. Mageftad: the havia mandado para fe ref« tabelecerem na Santa Igreja Patriarcal os Oficios Divinos, 183. : ML Informacad do Tencnte Coronel Engenkeio Carlos Mardel raf eétiva & Carta acima efcrita , 186. os ree til dvife para o Emincntifino Cardeal Patriarca, panicipandolhe aRefolucad de. Mageflade fobre fe continuarem os Oficios Divi . nos da Santa Igreja Patriarcal na deS. Bento da Saude; ¢ que ! do cofre da Reverenda Fabrica fefoccorrefe es Clerigos, ¢ Off ines da mefina Santa Igreja por conta dos feus vencimentos, 187. IV. Avifo para o Excellentifimo Principal Litas , partic/pandolhe, (que as defpezas , que fe haviad de fazer nos reparas da Igrcja deS. Bento para aceommodacas da Santa Igreja Patriarcal, fe izeffm pelocofte da Reverenda Fabrica y ¢ que pelo mefmo fe foccarref: fom os Cleriges, ¢ Officiaes da mefma Santa Tgreja, 188. , V. Avifo para o'D. Abbade Geral de 8. Bento, participandothe ter 8. Mageftade mandado,, que na Lgreja do feu Mofeiro {eref- = .tabelecesfem os Officios Divinos da Santa Lgréja Patriarcal, 189.9 VIL Carta para oSecretario de Elude Sebaftias Jofeph de Carvalho Mello, reprefercando-the , que 0 exame feito na Igreja de S, Bento por Eugenio des Santos era diverfa do do Engenkciro Cars ' los Mardel, 191. °° hoe danchietS saroet ce : VIL. Asif para o Rxcellentifimo Print pal VEN pull paidis, the a Refolucal de S. MageRade fobre a obra, que fe devia faxer na Igreja deS. Bento, 152. . a ; WIM, “Azifo para oEminentifimo Cardeal Patriared ordenar veo gregusad Cameraria da Santa Igreja Patriarcal contribuife com, tude aecfario para ssrepars da Lard de. Bentoyagy- ® ae a wee Cate IX. Carta do Excellentiffimo Principal Leita’ pata 0 Secretario de Ejlado Sebaftia’ Jofeph de Carvalho e Mello , remettendo-the a conte dos Meflres da Santa Igreja Patriarcal fobre os reparos de que necefitava a Igreja de 8. Bento, 194 X.' Conta que derad 0 Arquiteéto , eMeftres 4 Excellentifima Cons ‘gregagds Cameraria, 194. XI. Carta do Excetlentifino Principal Leitad para o Seeretario de Eflado Sebafias Jofeph de Carvatho e Mello, reprefentando-the gue 0s Engenhciros, ¢ Mefres da Santa Igreja Patriarcal affentar rad dever preferir a Lgrgja de S. Bento para a mudanga da Patriar- eal, 197. XIL. Afento, e concordata dos Engenkeiros ye Meftres de que fax mena’ a Carta antecedent, 197. XII. Avifo para o Excellentiffimo Principal Leitad , participando- , Ihe a Refolugad deS. Magefiade fobre fe darem as erdens necesfan rias para fe preparar , ¢guarnccer a Igreja deS. Bento, efere/- tabelecerem nella os Offcios Divinos , eda Santa Igreja Pasriar- cal, 199. RIV. Avifo para o Eminentifimo Cardeal Patriarca, fignificandos the 0 defprazer de 8. Mageflade de fe nad terem renovado ainda os Offcios doCoro da Santa Igreja Patriarcal ; ¢ comettendo-lhe 0 mefino Senhor ao feu arbitrio tudo o que foffe pertencente a cha ma- teria, e que fobre ella nad receberia outra reprefentagad, 200 KV. Aoife para o Eminentiffimo Cardeal Patriarea fignificande-lhe approvar S. MageAade a nudanca da Santa Igreja Patriarcal da Eymida de S. Joaquim para as obras chamadas do Conde de Tarou- ca nofitio da Cotovia; efobre 0 gyro, e fincas Ecclefigfica da Sea de Corpus Cink 204. rey efi o XVI. Avifopara o Marquez de Alegrete ordenar , que 0 Senado da Camera ‘Faga as preparactes necefjarias para a Procifjas deCorpus “brifti , 205. XVIL. Avifo para o Eminentifimo Cardeal Patriarca , participan do-lhe o parecer de S. Mageftade fobre fe reftabelecer na Igreja do Menino Deos a Bafilica de Santa Maria, ¢ fe foccerrerem os Mi- niftros della, por via de empreflimo , pelo cofre da Fabrica da Sanz ta Igreja Patriarcal , 206. XVII. “Avifa para o Eminentifimo Cardeal Patriarca paffiar as ordens neceffarias para na Igreja do Beato Antonio fe reftabelece- Tem os Oficios Divinos da Bafilica de Santa Maria; ¢ fe foccorre- rem, porvia de emprefimo, os Minifros da mefma Bafilica , 208. RIX. Carta do Eminentifimo Cardeal Patriarca para 0 Secretaria de Eftado Sebaftias Jofeph de Carvalho ¢ Mello fobre 0 reftabeleci+ a mento, sins Divinos da Bafliea de Santa Maria ,'¢ empref- . ee oe tage mandava fazer pelo cofte da Fabrica da Sianta Agreja Patriarcal parafeccorro dos Minifros da mefina Ba- 2 fillea, 2095 SU218 9h aS a KX. Reprefentaza dos Minjfiros da Bofca de Santa Maria a Sva Mageftad: fobre o lugar , em que fe deviad reftabelecer os Ofiicios te Divinos da mefina Byfilica, 211. ; XI, Avife para oEminentifimo Cardeal Patriarca ordenar 5 que 2. as Officios Divinos da Byjilica deSanta Marie fe reabelecefem na ve Igreja de 8. Bento de Xabregas , como pediad os Minifiros da mef- ma Bajilica, 214 . cnn ws XXL Azifo para oDefembargador Ignacio Ferreira Souto orde} ‘a nary que a Caf de que fe forvia o Paraco de 8. Pedro de Alfama, « fetransferife para outro terreno mais decente , de donde com mayor « “decoro fe podeffem adminifirar os Sacramentos, 21$.8y'%3 REE, CHUAUNSD AURA oa aMvus cb doy " PROVIDENCTA Xhijoh 1K “ waits _ abboty 1 Opia das Cartas clrculates ; gibe ford a téfos ‘08 Prelados : mavores das Religives, que temConventos de Religiofas , © para fazerem , que as das cleufiras arruinadas fe recolhefem iis «= ‘cafas de feus pays parentes, ou ainda pefoas do feu conbecimen:o y em que pode ffem viver com decencia , 217. Hl. Para os Prelados de todas as Religives » que tem Religiofas em + fa obediencia, dandofe-the algumas inftruegses para congregarem ‘as das claufuras arruinadas , gue fe achovas difperfas , 219. LI. Para os Prelados mayores das Religiges , que tem Religiofas en “fua obediencia , mandarem as relactes , que fe Ihe haviad pedido nos wt “Avifes antecedentes , dosConventos de Religiofas das fuas Provin- ins, e fazerem congregar as que por caufa das ruinas andavad IV. Carta para o Arcebifpo de Fvara , loveande-the 0 xelo , con que foccorreo as Religiofas do Cuftello de Moura, e de Ava Cali de Atcacer' e participando-the as Ordens, que S. Magehade fez v expedir fobre a accommodacas das Religiofas da Corte, 222. V.. Avifé para o Provincial dos Menores Objervantes da Provincia 2 dos Algarves fobre a acconmodacad das Religiofas de Alcacer do Sal, 226,8WES yehoy AL ob aren: SW Tnftreccad para o Defembargador do Paso Lucas de Seabra e Sifea fobre fe reducir a claufura aCerca, e Cafas junto ao Mof- teiro da Efperanca para accommodaged das Religiofas , que nel» er recolhidas, 227. “Dew nd y ayyay, VIN. Decrete para o Defembargeidar Lucas de Seabra e Silva ferent sts srécolber as Religiofas dos Conventas de Santa Clara , Santa An ‘hs na, eCalvario Cerca do Moftsiro da Bjperanca , 229. VIL Avifo para Bilippe Rodrigues de Oliveira executar o plano y que trou para redusir a claufira a Cerca do Moficiro daBperan- ty 23 oy para o Eninentifime Cardeal Patriarca fazer redusir @ aw decente cuftodia as Religiofas, que fe achava’ abarracadas nos ct campos 4 ¢ mandar repartir pelos Convenas das foas refpectious Provincias as que nad coubeem nas Cercas da Ejperanca , eSan- ta Joann, 232. ere ait Ks doifo para o Excellentifimne, e Reverendifime Nuncio Apofol- ae co ordenar aas Preludes das Religiofas, que fe achevad abarracas das nos canipos , as faci recolher a claifara , e fe abjtenkad de qualyuer obra, que intensem fazer nos Moteiros arruinados , ¢ da lalhoacat dos efpolios das Religiofas defuneas , 235. XI. Avil para 0 Defembargador Lucas de Seabra e Silva fobre as Religiofas , que fe deviad recoller nas accommodagies interinas jeieas ds cufta da Real Fazenda, 257. LXIT. Aoife para o Defembargador Lucas de Seabra e Silva efeituat a compra da quincinka de D. Maria Francifea Ruy de Carvalho para a clanfura das Religiofas deS. Clara, 8. Anna, e Cafvario, 238. sitsboaann « KIM. Aoife para 0 Defembargador Lncas deSeabra eSifoa ,remet= tendoforlie a relagas das Rel-giofas de S, Clara , que havias defer imidadas para os Mofleros nella declarados » 239 ivy: ¥ Relacad das Religiofas do Mofliro deS. Clara de Lisboa , que vab + mudadas para es Moftciros da fia Provincia, 240. 3 RIV. Avila para 0 Duque Regedor mandar fornecer de Offciaes , e materiaes aos Mefires das obras da Cerca da Fjperausa ,¢ S. 5. Joanna para accommodaca’ das Religiofzs , 241. AxV. Aoife para 0 Defembargador Lucas de Seabra e Silva, remet- tendo-Ihe a relacab das Religiofas do Cafvario, que haviad de fer mudadas para 0s Moftziros nella dectarades , 242.¥syy-8¥..sh, * Relaga das Religiofas do Moftiro doCalvario , que vad mudadas paraos Mofteiras da Provincia » 243onisv 0 vm W XVL. Avifo para 0 Commifiaio Provincial dos Relig ofos Menores Olfercantes da Provincia de Portugal febre a partida das Religion Sas, que devia fer tranfportadas para os Conventos damefina Pron Uincia, 244. rao fy yang) ay ado mene XVII. “Avifo para o Corregedor do Crime do Bairro do Rocio coa- Jucoar ao Defembargador Lucas de Seabra e Silva notranfporte das <4. Religiofas , 245. ‘Aije me “Avlfy para o Defembargador Lucas de Seabra ¢ Silva , se erajantele terfe Ceti ordem para o Corregedor do Rocio ‘0 coadjuvar no tranfporte das Religiojas, 245. sig «eso 3 XIX. Avifo para 0 Defembargador Lucas de Seabra e Silvas det Glarande-Ihe o dia para o tranjporte das Religiofas de 8. Clara, ¢ teofe prevenido a cautela de algunas defordens , que poderiad. oc~ « correr nacccafiad da partida, 246. MAR XX. Avifo para o Marquez Eftibeiro mér pafar as ordens necefiae rias para as Religiofas de S. Clara efron expedidas.com todo 0 de~ vcore y 247. see Fahghos # enn altoh WA XXL. Portaria para a conducad das Religiofas deS. Clara de Lif, hoa, 248. vrmshad wh XXIL Avife para o Arcebifpo de Lacedemonia fobre a mudanca de algumas Retigiofas de S. Clara, 249. aagaTN TG 14H he XXILL Avifo para oVigario Provincial de 8. Francifco daCida- de fobre a expedicad das Religiofas de S.Clara, 230 i445 XXIV. Aoife para o Arcebifpo de Lacedemonia , remettendo-the d 3 relacdé das Religiofas do Cafvario, que kavidd de fer mudadas pa ra os Conventos da ua Provincia , 251. ® Relacad das Religiofas do Calvario,, que vad mudadas para os Mof’ teires da Provincia, 2$t. XXV. Portaria para a condugat das Religiofas do Calvario , 2520 XXVIL Avifo para 0 Defembargador Lucas de Seabra e Silva fom bre a mudanga das Religiofas do Cafvario para os Mofiros da jua Provincia, 254. 1D eat L XXVIL Avifo para o Arcebifpo de Lacedemonia, lovando-the o zea. do.com que obrow na expedicas das Religiofas do M gfteiro deS. Cieb ra, eintimando-the , que concorra para o tranfporte das Religion fas deS. Domingos, que fe achavas no Campo de Santa Barbara j ass. XXVIIL Avifo para o Duque Regedar mandar pir promptos os may ino, de teriaes, e Artifices para fe concluirem as obras. do Moficivo. day Efperanca, ede S. Joanna, 256. re Ps XXIX. Avifo para o Arcebifpo de Lacedemonia , remettendoclhe a relacaé das Religiofas de 8. Anna, 8. Clara, e Catvario, que ha= viad de fer mudadas para. os Mofeires das Provincias do Reino 257. | mma me. Th nb Wun vbmvomsdnoma os Gah. ® Relacad das Refigiofas de S. Anna , $. Clara, e Calvario, qua 2ué mudadas para os Moftcires das Provincias, 257. * XXX. Avifo para 0 Defembargador Lucas de Seabra e Silva fobre otranfporte das Religiofas de 8. Anna, 8. Clara, e Calvario pa- fi 03 Myjteiros das Provincias do Reino, 259. oe Pore XXIT. Alf para 0 Provedor da Alfandega Francifeo Xavier Pork, cille dar a providencia de Oficiaes para a expedi¢aa da carga das Frotas » 512. Aaah srg isn on wisi XXUL. dvifo para o Marquez Kftribetro mor, participando-lhe ter S. Mageflade mandado edificar no Caes do Tojo huma nova Cafa para a Mofa do Paco da.Madcira, 313. XXIV. Avifo para Joad Luiz de Soufa Saya, ordenando-the man- dafe fazer a Cafa, de que necefitava para a Mefa do Paco.da Madeira, 314. Ean inte XXV. Avifo para o Conde de Unhaé , participando-the terfe manda- do fazer noCaes do Tojo huma Cafa decente para a Mefa do Pago da Madeira , 314. “ Bas on XXVI. Avifo para o Defembargador Ignacio Ferreira Souto man- dar por promptos os obrciros, € materiaes para a conftruccad da Cafa do Paga da Madeira no Caes do Tojo, 315. XXVIL Avifo para Jofeph Rodrigues Bandcira, fertcpande tte, que adefpexa da Cafa para a Mcfa do Paco da Madeira, edifica- da noCaes do Tojo, havia de fer paga pelo producto do donativa dos quatro por cento , 316. XXVIIL Avifo para o Sargento mér Filippe Rodrigues de Offveira executar a planta, de que je fax mencad no Avifo Num.XX I. 317 XXIX. Aoife para Bernardo de Almada Caftro ¢ Noronka mandat “fazer hun Armazem para nelle fe recother 0 Péo Brafil, 317. Ap aethO a9 ear onal sine PROVIDENCIA XIV. anne STALE eck Ecreto , pelo qual fe manda faxer a medicad, e Tambo das Pracas , Ruas , Cafas , ¢ Edificios publicos naparte da Cidade, que ficou arruinada pelo Terremoto, para evitar futuros pleitosy e difengies na reedificagad da mefina Cidade, 318. , UL. Avifo ao Engenkeito mér do Reino Manoel da Maya para nat” mear Engenheivos , que calculafimn os declivios , que ha de(de S. Sebaftiad da Padaria , Anmunciada, Convento de Corpus Chrifli, Agreja da Magdalena, ¢ Convento da Boa-Hora , até oTerrciro do Paco, ¢Ribeira, para fe accommodarem os entulhos com regi faridade nos lugares mais baixos, 32%. 8 Wl. Avifo ao Engenheiro mir Manoel da Maya para mandar pelos QSiciaes Engenheiros abuilizar o terreno , que jaz emtre a Rua Nova do Almada, ¢ a Padaria, ¢ demarcar os terrenas , gue fe Aowverem de entulkar, € altura aque nelles ba de fubir 0 entulho para ficar livelata o'Terreiro do Pago com 0 mefino terreno, 322- TY. Avifo ao Dugue Regedor para fe livelar a parte da Cidade, que o . : Fr eh efi entre a RuaNova do Atnada se a Padaria 5 ¢ para fe poren See cn ce balizas nas coves, ¢ declivios , aim de fe encherem eats defentultes , eficar Evelado 0 Terreiro do Pago com as mej son Taae Ruas em beneficio da reedifeagad da Cidade, 525. vy Blical do Dugue Regedor para fe nab levantar propriedude al- ‘guma nos Bairros da Cidade , que padecera® ruina y nem fe ree~ ‘ifcarcm as que forad abrazadas pelo incendio fubfequente ao Ter- remota , até-a conclafisb dos Tombos , ¢ nova Ordem de S. Magef- tade, 324 VI. Avifo ao Marques. Efribeiro mir para mandar empregar no def- entulho dos Bairros do Rocio , Rua Nova, e Remolares mais cento ecinccenta foldadas, além dos que havia , para gue fendo ao todo freventos , trabalhem com em cada hum dos ditos Bairros ; ¢ qué focvitem confitos dejurifdigbes entre elles, ¢ os Oficiaes de Juf- tiga) 325. . VIL" Edu do Dugne Regedor, em gue fe declara , que at cofas $ qi fe acharem edificadas depois do outro Ecdital de 30 de Dezen- yo de 1755, encontrando os planes da Cidade , Jeja’ demolidas no mefing ato 2 cufta de feus donos, 327+ VIL. Atvard porque S. Mageftade gabelecco os direitos publices ce particulares da reed ficacaé da Cidade de Lishoa, ¢ os beneficios dspefoas, que para ella concerrerem com dinheiro , materiaes , ou mitos de obreirasy 328. IX, Plano, que S. Mageftade mandou remetter ao Duque Regeder para fe regular o allinkamento das Ruas, ¢ reedjfcacad das ca- Jas, que fe had de erigir nos terrenos , que jaxem entre @ Rua, ‘Nova do Almada, e Padaria, ¢ entre a extremidade Septenitris nal do Rocio, até oTerreiro do Paco excluficamente , 337- X. Decreso , pelo qual S. Mageflade amplia ao Duque Regedor a jue rifdicad em todas as materias concernentes areedificacad da Cida- dede Lisboa, ¢ 4 nomeacad dos Miniftros , que devem expedir as diligencias pertenccntcs 0 dita reedificaca’ , 351. XI. Carta para o Duque Regedor , remettendo-Ihe 0 Decreto, € Plano antecedentes, 354+ See? MEMORIAS DAS PRINCIPAES PROVIDENCIAS, "que fe derad no Terremoto , ese QUE PADEGEO “A CORTE DE LISBOA No primetro de Novembro de 1755. = save a j AMOR da Patria, virtude que ha muito anda mais engrandeci- da, que praticada, he que nos faz pegar na penna, para orde- narmos humas Memorias , as ‘All| quaes dé laftimofo Argumento o Terremoto, que no anno de = 1755 padeceo a Capital defte Reino. Fizemos reflexaé , em que fora6 muitos og Efcritores, que fe empenharaé em informar a Pot teridade dos effeitos deploraveis de hum cafo tad horrorofo; e que ninguem houve, que défle a ler aos vindouros as grandes Providencias, que fahirad, para nad fe dobrar a noffa calamidade , fentindofe de tanto mal os feus naturaes effeitos, Nos 2 Providencias . Nos agora movidos do zelo de bom Cidadad a favor dos que depois de nés vierem, he que emen- daremos efta falta , inflruindo-os em tudo o que na- quelles dias de confufad obrou a piedade de ElRey, affiftido do feu Minifterio Politico. Deos queira por fua Mifericordia, que eftas Memorias nao Jhes firvad de exemplo em cafo femelhante; mas feo Senhor for feryido tornar a vifitar eftes Reinos com tad grave tribulacad , tenhad ao menos os foturos nefta nofla Efcritura o prompto remedio , para nad fazerem mais pezada a fua calamidade. Entre tan- Yo os prefentes moftrem-fe com publicos lonvores agradecidos ao feu Principe , que tanto obrou em noffo bem, para que na6 fentiffemos as miferias , que fad confequencias quafi infalliveis do mal, que experimentamos. No dia primeiro de Novembro de 1755, anno eternamente fatal na Hiftoria Portugueza, as nove horas, ¢ quatro minutos da manha, eftando o Ceo limpo, o ar fereno, ¢ 0 mar em calma, fe vio Lif boa furprendida com hum Terremoto dos mais hor- rorofos , que ow a tradicaé conferva, ou defcrevem cs livros. Seus efeitos provaé efta verdade ; por que em ta6 breve tempo deixou reduzidos a ruinas quafi todos os edificios da mefma Cidade , fepultan- do nos eftragos hum grande numero de feus habita- dores , efpecialmente nos Templos, que por fer dia de tanta folemnidade, todos fe achavaé afliftidos de numerofo povo. Ao mefino tempo embraveceofe © mar com tanta furia, que levantandofe em montes de agua, entrou pela fos do Tejo; ¢ de repente fez com que jnundafie as fuas duas margens em diftancia até on sed oy de fobre oTerremotodeLishoa. 3 de nunca havia chegado. O povo, que fugindo da terra, efperava afylo nefte elemento, achou nelle a fua perdigad; porque a refaca, mais ligeira em 0 acometter, do que elle em fugir, arrebatou a mui- tos, ¢ improvifamente os fubmergio em fuas aguas. O efpanto caufado por eftes dous efpectaculos de maneira confternou aos que haviaé efcapado de huma, e outra defgraca , que ficarad todos fem acordo, ¢ por falvarem fuas vidas, deixara ao def- amparo a Cidade, fugindo para os campos. A cir cunftancia do dia, e da hora concorreo muito para fazer extrema a geral confternaga6; porque naquel- Ie tempo nad fo eftavad todas as Igrejas illumina- das para o culto Divino, mas tambem accezo o fogo de todas as cafas, para fervir ao alimento do povo. = Daqui veyo atearfe improvifamente em alguns edificios fagrados , e profanos hum incendio tad ar- rebatado , que fazendo-fe irremediavel em huma Ci- dade deferta, devorou della todo o Bairro mais bai- xo, e grande parte do Alto. Ainda fe nad foube exprimir os diverfos effeitos, que fazia em todos, o verem ao longe arder os Templos, os Conventos, os Palacios, os publicos Thefouros, e as Tiquezas particulares de huma Corte , que baftava a fazer opulentas a muitas Cidades. Pranteavaé todos tan- ta defgraca; mas as lagrimas era6 inuteis, em huns pela falta de animo , ¢ meyos para impedir 0 incen- dio , em outros pelo jufto amor a humas vidas, que tinhad por milagrofas. _, Huma unica, mas grande confolacaé nos fua- vifou tanta amargura, ¢ foy vermos prefervadas do mais leve damno as preciofiflimas vidas de Suas Ma: Aii geftades, ou. Providencias geftades, e de toda a fua Real Familia, achando-fe ainda a Corte no Paco de Belem. Detta efpecial mifericordia do Senhor irado claramente conhece- mos, que 0 feu Decreto efpantofo nao fora para nos aniquilar, mas para nos advertir , falyando-nos aquelles , os quaes {6 era6 inftrumentos proporcio- nados da noffa confervacad. Dobrada prova defte beneficio do Ceo era 0 obfervar o magnanimo co- raca6 de ElRey em dias de tanto defacordo, nad perdendo aquella heroica , ¢ immutavel conflan- cia, que tanto fe diftingue entre as fuas Reaes vir tudes. . Por ifio defde logo como Rey [ que entre nds he finonymo de Pay] principiou a cuidar no reme- dio As noffas infelicidades com tal fenhorio em feu animo, como fe naé eftiveffe vendo , nem fentin- do vivamente na perda de tantas vidas, e fazendas hum efpectaculo da mayor laftima. Diftinguia com refignacad religiofa o mal, que era irremediavel , daquelle, que ‘podendo-fe ainda impedir , devia fer 0 objecto da fua paternal Providencia ; e aflim ao mefimo tempo, que adorava a ma6 de Deos irrita- do, na6 perdia inftante em foccorrer feus vaflallos, impedindo os funeftos effeitos do primeiro mal, a que os mortaes a6 podiad dar remedio. . 6 L Uem naquelles dias vifle Lisboa com as fuas Eee 0 reeee de ruas alaftradas de mortos , e cubrindo com fuas ruinas a outro mayor numero de cada- veres, juftamente devia temer, que pela corrupcad deftes fe feguifle ao terremoto o flagello da pefte. oe c Muito a Sobre oTerremoto de E ishoa. 5 Muito mais fe augmentava o temor com a confide- racad do tempo invernofo; porque na6é podendo as aguas ter a fahida para o mar, facilmente fe fariad contagiofas as que fe eftagnavaé , impedidas pelas ruinas. ue A hum, e outro mal occorreo logo a piedofa Providencia de ElRey, mandando expedir diver fas Ordens, para fe evitar ta6 jufto receyo. Orde. nou ao Duque Regedor das Jufticas , (Senhor do fangue , e das virtudes da Cafa Real) que fem de+ mora nomeafle Defembargadores , os quaes diftri- buidos pelos Bairros da Cidade , deflem prompto remedio a enterrar os mortos, ora obrigando (fe precifo foffe) ora perfuadindo a todos hum officio tad recommendado pela Religiad. Ao Eminentifit- mo Cardeal Patriarca , que defcanga em gloria , foy igual Avifo, para que mandaffe a todos os Parocos da Corte , e feus Suburbios , que fahindo logo em Procifsdes publicas , tomaffem nellas por motivo de fuas Praticas perfuadirem ao povo hum exercicio ta6 piedofo para os mortos, como util para os vi- vos. Porém como para huma neceffidade tal, e que eftava pedindo o mais prompto remedio, nad pode- tia baftar hum poyo, a quem a perda de tudo o que mais amaya , reduzira a confufaé extrema; orde- noufe, que as Tropas eftiveffem promptas a preflar © auxilio , que pediffem as peffoas encarregadas ou de dar fepultura aos cadaveres, ou fahida as aguas mortas, defentulhando as pracas, e ruas. _ Refpondeo a efta Providencia o defejado ef feito; porque em brevés dias nos vimos defaffom- brados do fulto, vendo’ os lugares publicos ja fem 0 horror , que caufava 0 efpedtaculo de tantos mor- > Aili * - tos. i i PROVIDENCIA 1 Boitafa 0 reayo da fone. 6 Providencias tos. Tanto que o fogo extinéto, ¢ a terra mais fo- cegada fez tratavel a Cidade, entrowfe a revolver as cinzas, e ruinas para enterrar com feguranga aquel- les, que nellas primeiro acharad a fepultura, que a morte. O numero certo dos cadaveres, em cujo en- terro fe occupou a piedade Chrifté , nunca pode conftar; porém devemos a diligencia dos que mais © inquirirad , as fortes conjedturas de nao fer fua quantidade tad excefliva, como fe figurava 4 efpan- tada imaginagaé do povo. - Tad grande beneficio deveo-fe efpecialmente aos Religiofos, defempenhando bem nefla acgad tad pia as indifpenfaveis obrigacdes do feu Minitte- rio. Com effeito tanto trabalharaé todas as Fami- lias Religiofas, fem dellas haver quem fe valeffe ou da authoridade, ou dos annos, para fe dar por ef cufo , que ElRey a cada huma dellas houve por bem louvar por huma Carta tad honrada, que af fas remunerado ficaria feu fervico a efte Reino, fe © premio parafle fo no agradecimento dos homens. § IL Atisfeita a ReligiaS com a fepultura aos mor- tos, entrou logo a caridade a foccorrer os vi- vos, para que a fome em tempo de tal perturbaqad, e penuria nad fizefle acabar aquelles , que vendo-fe com vida, fe julgavad felices entre tantas miferias. Naé6 houve idéa de commiferacad , e economia nee ponto, que ElRey naé praticafle com Ordens ta6 faudaveis , como promptas. Mandou logo ao Marquez Prefidente do Senado da Camera, que nomeafle Vereadoses, os quaes affiftifiem as portas : -* da lle — ll Sobre oTerremoto de Lisboa. % da Cidade, a receber os mantimentos, que vieflem de fora, ou fe achaffem nos entulhos, e diftribuil- Jos com tal jufliga, que a pobreza. para fe alimen- tar na necefiitafle das recommendagées de. yale: dores. bento Para efte effeito forad poftos Editaes publicos abeneficio do quotidiano aliniento do povo, man dando-fe nelles, que naé fe alteraflem os precos dos viveres, que corriad antes da calamidade. E porque efta eftava pedindo ainda mayores Providencias , naé fo deu ElRey livre de quaefquer direitos todo ‘0 pefcado , mas enviou diverfos Fidalgos a varias terras, a fim de que dellas remetteflem mantimen- tos, para cuja condugadé facil, e prompta mandou dar todos os meyos pofliveis , aflinando até os lu. gares certos da venda delles em fitios favoraveis & grande difperfad do povo. Porém como naé coftue maé baftar todas as cautelas, para na6 negociarem com as miferias do proximo aquelles homens, pefte ° da Republica, que vivem de monopolios, chegan- do aos ouvidos de S. Mageftade as extorfées , que nifto {upportavad os pobres, gemendo 4 violencia de commercio tad iniquo, nad houve remedio, que nefta materia efquecefle , e remedio , que cuftou _ 208 culpados pezado , mas merecido cafligo. De tanta providencia fe feguio , nad f nad haver fome, mas nem falta de mantimentos , antes abundancia mayor, do que aquella, que fe podia efperar de tempo, em que o fuftento precifamente neceffario para a vida jé fe tem por fartura. Nad fe poderia dar por fatisfeita a grande piedade de El Rey, fe unicamente paraffe neflas Providencias, e nad abrifle feus thefouros a remediar os famintos. ab 2 Por (a 8 ~ Providencias Por iffo mandou diftribuir por elles copiofiffimas ef molas em generos, e em efpecie com huma liberae lidade igual 4 ternura, € grandeza do feu coracaé : fe fora poffivel faberfe ao certo o numero dellas ; poupavamos exprefsdes, que por mais que force. jem, nunca pintad ao natural as grandes Almas. Como as acces dos Reys fad a viva regra; por onde coftumad governarfe feus vallallos , foy. Jogo imitado tad fanto exemplo ; de maneira que todo 0 eftado de pefloas, que entad fe virad na rar ya fortuna de menos pobres , abrindo fuas cafas, € celleiros, detad abrigo , ¢ fuftento aos miferaveis famintos: conhecerad, e praticarad bem naquelles tempos , que na6 erad fenhores , mas depofitarios de feus bens, quando delles precifava a neceflidade alheya. Para gloria das Familias Religiofas efcrevamos agradecidos , que nefta caridade fe diftinguirad en- tre todos, ou foffem nellas mayores as pofles, ou as wirtudes. Derad em fuas portarias quanto tinhad ; ¢ fabemos de certo, que para valerem aos pobres, cortarad muito por feu proprio fultento ; e cada hum fe alegrava, vendo que para obra tad fanta The faltava o precifo alimento. Em fim fe houve renovacad daquelles bons feculos da Igreja primi- tiva, foy certamente naquelle tempo; e 0 favore- cernos logo Deos com maé tad benigna , deve- mos attribuillo a huma caridade ta6 geral, e arden: Sobre oT erremoto'de Lisboa. / 9 6 mL , Vito havia a que acudir em dias de tanta Provincia in. calamidade; mas a tudo fatisfazia o Pills cuitado na cure dos mo coracad de ElRey, e 0 zelo incomparayel do"? °°" feu Minifterio. Entre todas as neceffidades, a dos feridos , ¢ doentes , que Deos prefervara da mor- te entre tantas ruinas, eflava chamando, mais que outras, pelo prompto remedio. Naé tardou efle; porque © cuidar dos mortos, dos famintos, e dos enfermos foy tudo hum tempo. Logo fe deftinaraé os celleiros do magnifico Mofteiro dos Monges Benediétinos , os do Con- de de Caftello-Melhor, ¢ 0 Palacio de D. Antad de Almada para publicas enfermarias, além daquel- Jas, a quem perdoara o incendio no Hofpital Real de todos os Santos. Naé foraé tumultuarias (quaes foffreriad aquelles tempos) as Providencias, que fe ~ deraé a efta neceflidade ; antes fe paflarad com tan- ta prudencia , e acordo, que na fe confundirad em hum mefmo lugar os fexos , os feridos, ¢ os en- fermos de diverfo mal. Todos experimentarad com liberalidade a pie- dofa grandeza de ElRey, fendo affiftides de prom- ptos remedios, Cirurgides , e Enfermeiros. A tan- to cuidado deve hoje fuas vidas hum confideravel numero de peffoas, que fad outros tantos pregoei- xos da liberaliflima caridade do feu Soberano. Até amefma Rainha com fuas Reaes Filhas quizeraé ter parte em tanto merecimento; porque com fuas mefmas mios (nunca mais illuftres] trabalharad em. desfiar pannos, e cozer roupa para remedio , e abri- he B go ) Jo Providencias go dos mefmos doentes. Quando nas Vidas de Santas Princezas lemos acqées femelhantes, a huns cauf26 vergonha ; a outros edificacad, e a todos ef panto : deveriad tambem agora caufar os mefmos effeitos. Hum exemplo taé raro, como era para fax zex fanta emulagad, teve logo quem o feguiffe em todas as Senhoras da Corte , occupandofe, como Acontenda, em tad piedofo exercicio. Os Religiofos empenhados {como ja vimos ] em nao perder occafiad de agradar ao bom Senhor, a quem fervem, e de moftrar igualmente o quanto fad uteis 20 publico em todos os tempos, com ef pecialidade nos calamitofos , praticarad tambenr nefla parte caritativos extremos. Vimos a huns le- var a feus hombros muitos feridos As publicas en- fermarias, ¢ a outros fervir nellas com a cuidadofa affiftencia , que eftavad pedindo as leys da fraterni- dade , € as circunftancias da occafiad. Religides houve, que fantificaraé mais feus Conventos , re- cebendo nelles, e curando a hum grande numero de taes necefiitados: defte modo falvarad & Repu- blica muitos homens, que lhe feriad pezados, € inuteis, fe depois viveffem ociofos fem 0 ufo de feus membros. Nefte tempo, em que a rara piedade de El- Rey fe occupava em mandar expedir remedios tad providos , para livrar aquelles, a quem as ruinas deixaraé maltratados, mas vivos; teve noticia, de que aos prezos das cadéas publicas , que eftavad enfermos, faltavaé camas, que lhes fuavifaflem o mal de fuas doengas. Promptamente mandou 20 Tenente General da Artilharia do Reino, que das barracas , e camas, que fe achavad nos Armazens us da, fobre oTerremoto deLisboa. 11 da Milicia, défe 4 ordem do Duque Regedor todas as que foflem neceffarias; piedade que evitou muitas mortes, e confolou aquelles miferaveis, vendo que, nad obftante fuas culpas, até elles erad objeto do caritativo coragadé do feu Principe, enternecido com fuas laftimas. § Iv. ‘Ara bem fe executarem as Providencias , que rrovipencta tv: deixamos defcriptas, neceflitavate de gente de Facer reir cite trabalho , efpecialmente daquella , que compoem 0 #452170, infimo corpo da plebe; porém quali toda havia de- fertado da Cidade , bufcando fuas patrias, huns pe- Jo temor de novo caftigo Divino , outros por fe pouparem ao trabalho, que em taes circunftancias previad Ihes havia de fer mais pezado, que util, pe- da pobreza , a que viad reduzida Lisboa. Promptamente fe occorreo a efte mal, expe- dindo-fe Cartas Circulares a todos’ os Corregedores das Comarcas do Reino , para que fizeffem guardar as eftradas, e barcas de paffagem com tal aperto , que nenhuma peffoa de qualquer qualidade, e con- dicad que foffe , podeffe avancar feu caminho, e menos fahir do Reino, ou ainda dentro delle pat far de huma para outra Provincia, fem levar Pafe , que Ihes franqueaffe as eftradas; ¢ que entre eftes aquelles homens, que antes viviad de feu infimo fervigo ao povo, effes vieflem logo reconduzidos em levas, até ferem entregues nefta Corte 4 ordem do Duque Regedor das Jufticas. Efta Providencia, bem avaliada pela Politica mais fina, parece, que por fua efpecial utilidade leva entre todas a prima- Zia. Bi = = PROVIDENCIA V. Cefigs ones, ops pecan, os vadios. Providencias 6 Vv. Onfolava-fe 0 povo contternado , experimen- tando em feu beneficio effeitos tad uteis da vigilancia do feu Principe ; mas ao mefmo tempo vivia em continua confufad, e fufto , caufado pelos facinorofos, que fahindo das cadéas arruinadas, co- mettiad aquellas acgdes deshumanas , que em dias de tanta reconciliagad com Deos nad fe deviad ef perar até das furs cauterifadas contciencias. Porém elles, como. gente habituada em iniquidades, ven- do os Templos, e as cafas defertas, taes roubos, € facrilegios executarad, que defcarregaria o Ceo no- vamente 0 acoute, fe 0 nad applacaffe a juftica de ElRey com.o mais grato facrificio. - Conftou, que a mayor parte deftes malvados tinha fugido com os roubos; ¢ logo no dia 4 de Novembro fe expedirad Cartas Circulares aos Cor- regedores das Comarcas do Reino , nas quaes fe Thes mandava , que fizeflem, toda a diligencia por examinar os viandantes, que paflaffem pelas terras da {ua jurisdicad. E porque muitos deftes ladrées, efacrilegos entenderad, que achavaé bom afylo na mefina geral confulad da Cidade , e por iffo nad quizeraé fugir , fizerad-fe em todos os Bairros della as diligencias mais exa¢tas para os achar , e prender. Confeguiofe 0 defejado effeito , e deveo-fe nad fo ao cuidado dos Miniftros de Juftica, mas ao foc- corro das Tropas, que para o mefmo fim poz prom- ptas o Marquez Eftribeiro mor por ordem efpecial, que para iffo teve. . Fora6 defcubertos muitos roubos , e prezos a - feus fobre oT errenoto de Lisboa. 13 feus authores , achados nas ruinas da Cidade, onde fe acolhiad, para dellas tirarem as preciofidades , que eftavaé fepultadas, ¢ poderem improvifamente affaltar aos que paflavad pelas ruas. Merecia tad efcandalofa iniquidade hum digno caftigo, e logo oachou na juftica de ElRey , como Principe, que com a mefma mad, com que liberalmente preméa feus vaffallos benemeritos, caftiga aos nocivos. Mandou por hum Decreto ao Duque Rege- rdor, que todos os prezos comprehendidos nos cri- mes deroubos , fofflem logo autuados em proceffos « verbaes, e fem demora fentenciados , e punidos , para que o publico exemplo do prompto caftigo fervifle de freyo aos mdos , e de tranquillidade aos bons. Muitos fora6 os que padeceraé a ultima pe na, morrendo fufpenfos em diverfos patibulos, que para omefmo fim fe levantarad em varios fitios da Cidade ; efpectaculo, fe lattimofo a piedade , agra- davel a juftica. Com eftas execucgdes ceffarad os roubos, e violencias , porque os cadaveres dos pu- nidos, como ficavaé no mefmo lugar do fupplicio até os confumir 0 tempo, foraé difcurfo bem per- fuafivo, que avifava os vivos a na cometterem in- fultos, fe amavaé fuas vidas. Chamava efta Providencia por outra nad me- nos precifa , que era a de fe reftituir a feus donos as jeyas, pecas, e¢ alfayas roubadas. A efte fim baixou jogo hum Decreto, em que S. Mageftade manda- va, que aquelles roubos , de cujos donos notoria- mente conftafle pela evidencia dos factos, nad ha- vendo parte , que fe oppozefle, foffem fem demora entregues a feus legitimos fenhores , fem preceder cutra figura de juizo, Aquelles roubos porém, em . . Biii que ii 14 Providencias que houvefie qualquer duvida de facto, ou de Di- reito, effes foffem remettidos ao Duque Regedor com as juftificagGes de quem os requereffe, para eF tas ferem fummariamente julgadas na Relagaé em huma {0 inftancia pela verdade fabida , fem outra forma de proceflo; porque as circunftancias do tear po, e a neceffidade do povo fariad infopportavel outra qualquer demora. Purificada a Cidade defta pefte politica, paf fou-fe alivralla de outros contagios, que fendo fem-s pre nas Republicas enfermidades perigofas , fad mortaes em tempos calamitofos. Vagava por Lit boa hum numero confideravel daquelles homens ; que para haverem de fubfiftir, naé bufcaé pelo feu honetto , e louvavel trabalho os meyos conducen- tes; antes vivem em ocio viciofo no officio de men- digos, e vadios, fiados ou na compaixaé de huns, ou na fimplicidade de outros, que nad alcanqad os dolos, ¢ cavilagées de fuas artes. Precifo fe fazia feparar com incifad violenta ef- tes membros corruptos do corpo fad da Republica; ¢ logo em 4 de Novembro defceo outro Decreto , em que fe mandaya aos Miniftros dos Bairros, que inquiriffem com toda a exaccaé do officio, ¢ coftu- mes dos habitadores de feus deftri@tos; e que achan- do nelles vagabundos, e mendigos com idade, e faude capaz de fervir ao publico, fofem prezos, ¢ mandados trabalhar com braga nos defentulhos, ¢ mais obras da Cidade: com a declaragad porém , que efta pena, nad obftante fer vil por Direito, em nenhum tempo 0s faria infames. Daqui fe vé 0 co- mo em ElRey facilmente dad entre fi as mios a piedade, e a juftiga, : - : Nad fobre oTerremotode Lisboa. 15 Naé era para efperar, que em dias de tanta re- conciliagad com Deos houveffe quem nad humi- Thaffe a cabega 4 poderofa mad do Senhor indigna- do ; antes profeguiffe em fua rebeldia, fomentando © publico efcandalo com a confervagaé de fuas con- cubinas. Apenas foou com horror tanta iniquidade nos ouvidos de hum Principe , que por Portuguez tem afolida Religiad em heranga, nad foflreo de- mora em defaggravar a Deos, mandando fahir lo- go vinte legoas fora da Corte a huns taes efcanda- Jofos, e prender as complices de fua depravada vi- da. : Porém ao mefino paffo, que a paternal vigi- Tancia de E!Rey tanto fe empenhava em reftituir a feus vaflallos a publica tranquillidade, maquinava a malicia dos fediciofos novos eflratagemas, com que fe perturbafle 0 focego , em que ja vivia 0 po- vo no anno feguinte ao da fatal calamidade. Der- ramou-fe pela Corte , e feus Suburbios huma noti- cia tad efpantofa, que na6 era menos, que hum novo terremoto de confequencias ainda mais funef- tas, e effe no mefmo dia, em que o primeiro com- pletaffe o anno. Vinha efta voz authorifada com o nome efpe- ciofo de profecia, e ifto baftou, para dar fé a fug- geftad hum povo pio, e que ainda na6 tinha cerra- da a primeira ferida. O Minifterio fempre vigilante vio logo ao longe , que eftas vozes era6 efpalhadas por efpiritos fediciofos , que affim fe queriaé valer da credulidade do vulgo , para que _defamparando todos fuas cafas, ¢ Igrejas vifinhas, elles entaé a feu falvo as podefiem faquear: idéa, de que ja tinhad vito bom effcito nos primeiros dias do terremoto, ae quan "t6 * Providencias quando efpalharad, que o refto da Cidade, e feus contornos voaria 4 violencia da polvora, que fe guardava no Caftello. Para malograr o certo effeito defte impio ef tratagema , mandou ElRey , que contra os autho- res delle fe procedeffe logo a huma exactiflima de- vaifa, e que todo aquelle , que nella fe achaffe com- prehendido , fofle fem demora ptezo ,"e caftigado com a pena devida A graveza de feu crime. E pa- ra evitar todo o damno, que j4 havia6 caufado nos animos credulos as ditas fuggeltées, fixarad-fe Edi- taes nas portas da Cidade, para que nos dias 30, € 41 de Outubro, e no primeiro de Novembro de 1756 nenhuma peffoa fahiffe della com a commina- gad de graves penas contra os tranfgreflores. Para a execugad deftas Ordens foy Avifo ao ‘Marquez Eftribeiro mor, em que fe lhe mandava, que diftribuifle pelos doze Bairros de Lisboa os Regimentos de Infantaria, e Cavallaria da Corte. Com Providencias taé promptas, além da prizad ‘de diverfos amotinadores , forad prezos muitos la- ‘drdes , que jA tornavaé a furgir , efquecidos do hor- rorofo exemplo, que havia pouco lhes dera a jufti- ¢a nas mortes de feus companheiros. O povo ven- do com feus olhos trocadas as profecias em embuf tes, conheceo a leveza de fua credulidade, alegrou- fe com o caftigo aos maquinadores, ¢ nad fabia co- mo engrandeceffe a provida vigilancia do feu Mo: marca. . Sobre oTerremoto de Lisboa. 17 § VI. . Ordem da efcritura, que vamos feguindo , Provivencia vt faz, com que demos em claffes feparadas Evitaefe a renlos Providencias, que fe executarad a hum mefmo tem-”” po. Tal he a que vamos a efcrever, porque nos mefmos dias, em que fe defaffombrava de ladroes a terra, fe faziad pelo mar iguaes diligencias , entre. gues a actividade de D. Rodrigo Antonio de No- ronha e Menezes, do Conde de Refende, Almiran- te do Reino, e outros, a cujo zelo nad deve pouco a nofla gratidaé , trabalhando muito pelo noffo fo- cego, quando mais nos opprimia a efpantofa cala- midade. Juftamente fe temeo , que fe tranfportaffem os roubos para os navios, ou para a outra parte do Rio nas embarcacées da carreira, e nellas os ladrées, e facinorofos efcapaffem as maos da vigilante Jufti- ga. Porém evitoufe todo efte receyo com hum publico Edital , em que ElRey mandou , que os Officiaes Commandantes das Fortalezas naé dei- xaflem fahir do Rio, nem paflar para a banda dalém algum barco, ou navio, fob pena de morte; exces ptuando f aquelles, que aprefentaffem feu Pafe, o qual teria vigor unicamente para o mefmo dia, em que foffe expedido. Com efta cautela paffou-fe logo a fazer diver- fas diligencias por todos os navios , que fe achavaé ancorados, inquirindo-fe com exaccad, que equipa- gem trouxeraé, que carga receberaé até a manh& do primeiro dia de Novembro , e que fato tinha ca- da hum de feus Officiaes, ¢ Marinheiros , 0 gual . 0+ ah 18 Providencias logo diftinéta , ¢ feparadamente fe faria aprefentar, para ver fe com elle fe confundiria algum roubo. ‘Ao mefmo tempo fe armarad diverfas embarcagdes a rondar o Rio, e vifitar todos quantos botes, ¢ lan- chas fahiad das ndos eftrangeiras, ow para ellas fe encaniinhavad. Os muitos roubos , que com efta providencia fe defcobriraé , fora poftos em todaa arrecadacaé , ¢ langados em livros, para afim fe poderem entregar a feus donos. Effeito de tanta vigilancia foy igualmente mandarfe notificar a todos os Meftres dos navios ancorados no Tejo, para na6 principiarem a rece- ber carga alguma fem bilhete do Conde Almirante do Reino, fob pena de ficar confifcada toda a que fe thes achafle: ¢ que no cafo de ferem alheyas as fazendas carregadas, ficariad eftas falvas a feus do- nos, € pagaria o Meftre do navio a importancia dellas, parte da qual fe applicaria ao Fifco, e par- te premearia ao denunciante. Deftas, e de todas as demiais Refolugdes, que tem dado Argumento a eftas Memorias, claramente fe vé, que a Politica, a Piedade, ¢ a Jullica, fendo virtudes, que raras vezes fe unem nos Minifterios , hoje vivem no go- yerno deftes Reinos em amifade eftreita. § VII. As na6 era 6 Lisboa a que gozava os fru- Seccrrese a Cos do tos igilancia; i . sere acs de tanta vigilancia; igualmente parti de Setubal em jus ca- ciparaé [ ea hum mefmo tempo] de quantas Provi- dencias deixamos expendidas, outras muitas terras, que conftou eftavaé no mefmo defamparo , e con ternagad da Corte. Porém como 4s maritimas po- * dia Sobre oT erremoto de Lisboa. 19 dia fer mais prompto o remedio, effas forad as pri- meiras a experimentar 0 alivio. Soube-fe, que no Reino do Algarve fizera horrorofo eftrago o mefino terremoto, que affolara a Lisboa; e logo por hum Avifo a D. Rodrigo Antonio de Noronha, Gover: nador do mefmo Reino , ordenou ElRey , que por hum Correyo de pofta mandaffe todas as ordens, que lhe pareceffem mais accommodadas A urgentif fima neceffidade daquelles povos, em quanto elle nao hia em peffoa animallos, e foccorrellos. Entre todas as neceflidades era a mayor a pre- cifad , em que eftavad feus portos de ferem defendi« dos das invas6es de Mouros, em cuja barbaridade cabia muy bem o aproveitarenrfe da confternacad alheya. Para evitar efte juflo receyo teve ordem o General Marquez de Tancos de mandar logo logo cubrir as Coftas daquelle Reino com cinco Compa- nhias de Cavallaria, animando affim os habitantes delle, dos quaes grande parte havia defertado, efpa- vorida com os effeitos laftimofos de hum tad gran- de trabalho. , wines a Para a Villa de Setubal, onde igualmente o terremoto fizera impreffad femelhante a de Lisboa, fe expedirad ao mefmo tempo Avifos ao Sargento mor de Batalha Pedro de Soufa de Cattello-branco, com a inflruccaé de tudo o que fe praticava na Cor. te, para que na dita Villa fizeffe executar o mefino, affim pelo que tocava ao receyo de pefte, e fome, como pelo que pertencia ao caftigo de ladrées, ¢ defercad de gente, no cafo naé efperado , que hu- ma, ¢ outra coufa houvefle. Nefte mefino tempo previo-e, que a noticia danoffa calamidade, tanto que chegafle aos Domi- 2 Cii nios 20. »Providencias nios Ultramarinos, appareceria tad avultada, ¢ en- carecida com circunftancias ainda mais horrorofas, que os Negociantes daquellas partes affombrados com a novidade, defamparariad feus Correfponden- tes no Reino, e thes negariad as remeflas de feus generos, dando por perdido o commercio com Lit boa. Afte mal de confequencias tad graves , que feria a nofla total perdicad , occorreo o cuidado femmpre folicito de S.Mageftade, logo que 0 foffreo o tempo calamitofo, Expediradfe diverfas ndos a focegar na America, e India Oriental os animos efmorecidos; e foy para admirar a prodigiofa acti- yidade , com que na forga da mayor confternagad , quando todos os Arfenaes, e Armazens eftayad re- duzidos a total ruina, e os homens de mariagem haviaé defertado , fahirad para as Conquiftas treze navios de guerra, e fe defpachara6 as coftumadas Frotas. Se no Minifterio Politico tambem ha feus milagres, nad fey, que a huma tal Providencia com- pita outro nome. Na6 nos demoremos mais nefta Providencia, por nad nos fazermos faftidiofos, re- petindo miudamente o mefmo, que ja deixamos efcrito; e tornemos a informar os vindouros de ou- tros muitos effeitos da provida vigilancia, com que ElRey foccorreo a Capital do feu Reino. § VOL PrOMDECIA Vi f\ Promptiffima execugad de todas quantas Maas vt alte Providencias deixamos apontadas , deveo- : fe em grande parte & Politica refolugaé de fe man- dar vir para a Corte algumas Tropas das Provincias, como gente , nad menos foffredora de trabalho , so que Sobre oT erremoto de Lisboa. 21 que accommodada a reftituir o publico focego a hama Cidade confternada, ¢confafa. Logo no dia feguinte ao fatal do terremoto fe ordenou a Ma- noel Freire de Andrade, que fem demora fizefle marchar para Lisboa o Regimento de Dragées da Praga de Evora, ou ametade delle, no cafo lafti- mofo , em que aquella Cidade eftiveffe em tribula: gad. No mefo dia, em que foy expedida efta Or- dem, fe paffou igualmente outra para 0 Marquez Eftribeiro mdr, ordenandofe-the , que fem demora mandafle marchar para a Corte os Regimentos das Pragas de Cafcaes, Peniche, e Setubal. Eflas Re- folugdes mereceraé ( como todas) hum geral ap. plaufo ; pois fe via, que na forca da confufad de hum povo defanimado , e difperfo, e a vifta de hhuma Cidade reduzida a cinzas, {6 no Minifterio Politico he que havia a actividade , eo acordo. Com o tempo foraé mandados vir outros Re- gimentos de diverfas Pragas do Reino , para pode- rem defcancar, e recolherfe os primeiros , a quem tanto devemos nos deploraveis dias da noffa def graca. No principio experimentarad aquelles mef mos incommodos, que fofitia na6 {6 0 povo,, mas a mefma Nobreza; porém depois fe lhes fizeraé alo- jJamentos em diverfos fitios com as commodidades , que merecem vaffallos taé dignos. Com a vinda deftas Tropas foy precifo com pletar , e reencher algumas , efpecialmente as que ficaraé em fuas Pracas, na menos para fe reftituir a Difciplina militar a huma exacta regularidade, que para fe poderem reparar brevemente as rninas, que © terremoto fizera em quafi todas as Fortalezas do Reino. Para efte fim, depois de fe recommendar na a tii por a9 sue Providencias’ ** hum Avifo ao Marquez Eftribeiro mor a exadif fima obfervancia defta Difciplina , a qual com a ca- ~ Jamidade tranfoendente por todos poderia affroxar , - efcreveo ElRey a todos os Donatarios , avifando-os ‘ de fer precifo , para completar o feu Exercito , le- yantar gente dentro em fuas Terras. i As 2G g 1+ provinancta 1 Affada a forca da grande confternagaé , como Facilirai-fo_ 08 meyes 0 povo fe via animado com tantos effeitos da Pan ian pigdade , ¢ amor do feu liberaliflimo Principe , cui darad todos em fe reftabelecer , huns com ainduf tria,, outros com os bens, que falyarad. A efte fim entrou ElRey a darlhes todos os meyos conducen- i tes para o feu alojamento interino , facilitando-lhes tudo o que para elle conduziffe , e com maé tad li- S beral, ¢ pia, que na Hiftoria defte Principe fera hu- ma tal Providencia a parte mais gloriofa. Naé paffava dia, em que naé fahiffem Ordens, e Leys, cheyas de huma ta6 fanta Politica, que as oo Nages eftranhas ao lellas neftas Memorias , con- : feflarad, que em pontos de zelo, ¢ vigilancia a favor j do publico naé temos prefentemente coufa, que in- yejar dellas, Bem merece nefta claflé o primeiro lu- ! gar a prohibicad interina das Apofentadorias , para que & violencia dos Privilegiados na6 padecefiem aquelles , cujas cafas, em que viviad, quizera Deos confervar fem ruina. " coreinb oars + Chamava efta Providencia por outra , que lo- go fe executou; ¢ foy mandarfe, que dentro da Ci- dade, e feus Suburbios na6 fe podeffem alterar as cafas , logens, e armazens os pregos dos alugueres , : em febre oTerremoto de Lisboa. 23 em que antes andavad , e menos fazer deltas pro- priedades, ou de terreno para barracas exorbitante afforamento , comminando-fe penas graviflimas con- tra todos os que concorreflem para huns contratos indignos daquella caridade fraterna, que devia ef pecialmente reluzir em tempos tad calamitofos. Foraé igualmente prohibidos todos os mono- polios , e contrabandos de madeiras, feitos por al- guns, que com deprayada confciencia queriad a cut ta da neceflidade alheya engroffar feu commercio; porém as exactas devaffas, que fe tirarad, e os caf tigos, que fe derad, emendaraé a huns, ¢ refrearad a outros. Para moftrar EiRey o quanto 4 fua pa- ternal piedade erad abominaveis humas taes violen- cias, franqueou todas as madeiras do Reino, que vieffem para a Corte , mandando, que gozaffem do mefino privilegio concedido a Companhia geral do Graé Para , e Maranhad, affim nos direitos de en- trada , como de fahida. E porque nefte ponto du- vidou a Mefa do Pago da Madeira dar livre da Di- zima o fobredito genero, foy o mefmo Senhor fer- _ vido dallo totalmente ifento de qualquer direito , com tanto que ferviffe para a reedificacad da Cida- de. A’ vifta de tad util, e liberal Providencia ale- grava-fe o povo em feus males, vendo que aflim poderia com muito mayor commodidade fazer feus alojamentos; porém em quanto naé vifle eftabele- cidos novos fornos de cal, na6 chamava completo ao beneficio; porque os que tinha Lisboa, na6 po- dia contentar a neceflidade de tantos, como bem enfinara a experiencia, no muito que nefta parte fe padecera nos primeiros tempos da geral confterna- a . gad. 24 Providencias gad. Por outra parte faziafe impraticavel a arma. a0 de tantos fornos, quantos eftavad pedindo as rainas de huma grande Cidade , ¢ o alojamento de hum povo infinito. Porém a evitar efta falta , que parecia irreme- diavel , porque fe nos fobeja pedra , faltad-nos lee nhas, fe offereceo Guilherme Stephens, homem de Negocio, com quem feriaé eftas Memorias liberaes de louvores, fe o fofireffe a brevidade , que fegui- mos; pois nad {6 eftabeleceo novos fornos, que em incrivel abundancia, e a prego moderado daé cal para todas as obras, mas obrigou-fe a nad gaftar le- nha alguma do Reino. O povo ruftico, guiado por outros exemplos, chamaya a efte arbitrio idéa ef- trangeira; e cremos, que naé feria ouvido, fe fora propofto a Minifterio de outro reinado. A experi- ~ encia veyo a defenganar os incredulos, de forte que fe trocarad em louvores as murmuragées da inveja. Effabelecida efta Fabrica com Real Privilegio, a ella fe feguiraé outras de telha, ¢ tijolo , cujos ge- neros, paflados tempos , mandou ElRey , que nin- guem embargafle, ou apenafle, e menos feus obrei- ros, ou carros , e barcos de {ua condugad, fem ain- da exceptuar as mefinas obras Reaes. E porque os fabricantes poderia6 defanimarfe , naé vendo logo acftes generos o defejado confumo, quiz S. Maget tade animallos, mandando comprar por conta da fua Real Fazenda toda a telha, tijolo , e cal, que nad achaffe compradores. Com eftes foccorros entrou 0 povo a fazer fuas accommodacées interinas, as quaes forad ifentas da jurifdigad do Juizo das Propriedades , procedendo- fe a refpeito dellas de plano , e fem cuftas, Era pas : ra fobre oT etehiote de Lisboa. ¥% ra caufar jufta admiracad , ver o breve tempo, em que fe levantaraé mais de nove mil barracas, mui- tas dellas edificios nobres , acabados com groflas defpezas. Igualmente foy confideravel o numero de cafas arruinadas, que fe concertarad na Cidade’, e feus Suburbios , nas quaes entraé Palacios, cuja grandeza nos alivia a faudade de Lisboa, quando opulenta. moo bE A forca da a@ual tribulagad deraé os Portd: rrovinencta x: abeltofe nas lee guezes huma viva prova daquella folida pie- Rel dade com Deos, que nelle he tad antiga como 0” Reino. Cuidaraé logo, em que fe celebraflem com a decencia , entaé poffivel, os Officios Divinos, em Acca6 de Gragas aquelle Senhor, cuja mad fe mot trava naquelles dias ainda mais admiravel na miferi- cordia, do que fevera no caftigo. Serviraé de Paro- chias os Templos , que ficarad illefos , facilitando ElRey , e o Eminentiffimo Prelado todas as diffi- culdades , que obftavaé a prompta execugad dos Jouyores de Deos. O zelo deS. Mageftade nefta parte affas fica provado com os Documentos , que langaremos fo- bre o reftabelecimento da Santa Igreja Patriarcal, e da Bafilica de Santa Maria. Nelles fe ver4 em clafie determinada como logo no mez da fatalidade fe paflaraé fobre tad ponderavel materia diverfos Avifos, e fe fizerad as mais zelofas diligencias, man- dando-fe para efte fim examinar varias Igrejas, que o Ceo preferyara, para nellas receber o feu devido culto. . 2 E 26 Providencias . E porque nefta parte os animos ainda aterra- : dos do futto faziad , com que o effcito na6 refpon- deffe ao anciofo defejo de ElRey, repetiadfe os Avifos, em que eftavad reluzindo as religiofas qua- : lidades , que fad 0 caracter mais vivo de hum Prin cipe Portuguez. Defte modo com as poucas Igre- : jas, a quem perdoara 0 terremoto, ¢ 0 incendio, fe hiaé remediando as deftruidas. Porém apenas fe vio na Cidade a abundancia de materiacs, que acima | deixamos deforipta , logo fe entrou a tracar edificios mais amplos, ¢ feguros, em que os Miniftros Eccle- 1 fiafticos podeffem fem futto exercer feu officio. Foy, aprimeira a Santa Igreja Patriarcal, leyantando no fitio, em que hoje a vemos, hum edificio accom: ‘ modado a taé illuftre, e numerofo Corpo. Segui- yaé4e diverfas Parochias , e Communidades Reli-. giofas, que antes fe remediavad com eftreitas , ¢ moleftas accommodacées de madeira. Fomentava EiRey eftas Obras , e a fua Regia liberalidade as . foccorria , de forte , que cremos, na6 havera hoje 5 Igreja, ou Convento, que defte Senhor naé expe- rimentafle a piedofa grandeza. | & XL . ean ™ Ps quem defta virtude recebeo mais copio: Pen fee fos effeitos , forad as Religiofas, efpecialmen- devas dijpefass te das Ordens Francifcana, e Dominica. Sabia ef- te religiofo Principe , que por fe ter arruinado , ou reduzido a cinzas grande parte dos Conventos da Corte, andava difperfo , e correndo a mefma def- graca do povo, hum confideravel numero de Efpo- oe de Chrifto. Entre tanta miferia publica nenhu- ma he Sobre oTerremotode Lisboa. 27 ma foy tanto objecto da fua paternal Providencia , como o remediar efte forgofo efcandalo , reftituin- do a claufura, que entaé era poffivel , aquellas, que ja haviaG renunciado o Mundo. Com a promptidad, que pedia a gravidade da materia , fe efcreverad Cartas Circulares aos Prela- dos das Religides, que tem em fua obediencia Mot teiros de Religiofas, para que fem demora evitaflem o publico efcandalo , recolhendo todas as fuas fub- -ditas a hum lugar claufurado , onde com a obfer- vancia da fua Regra ferviflem a extinguir, ¢ nad a provocar a indignacaé do Senhor , a quem fe dedi- carad. E que aquellas , que tiveffem parentes, ou peffoas de feu conhecimento , de cuja louvavel vi- da conftaffe ao certo , effas poderiad interinamen- te ficar em fua companhia , fazendo de fuas cafas claufura, em quanto na6 tornaffem para feus Con- ventos. + A extrema confufaé, em que todos fe viad , fez com que naé fe podefle obfervar promptamen- te efta Real Ordem; mias eftimulados alguns Pre- Jados com fegundo Avifo, deraé logo as Providen- cias neceffarias para fe recolherem ou em claufura, ou em cafa de feus parentes as Religiofas da fua fi- liagad. Porém como impoffivel era aos Prelados Mendicantes confeguir a total execucad delta Or dem, fem os foccorrer a liberal piedade de ElRey; facilmente acharaé na grandeza defte Senhor o niais prompto foccorro. Baixou hum Decreto , que mandaya, que to: das as Rcligiofas dos Conventos de Santa Clara, San- ta Anna, e Calvario, fitos nefta Cidade , as quaes nad efliveffem na companhia de feus pays, parentes, : Dii ou 28 ~~ Providencias ; / ou peffoas de Jouvavel , e provado procedimento > fe recolheffem logo 4 Cerca do Mofteiro da Efpe- ranga, e cafas a ella adjacentes , onde fem demora formariad verdadeira, rigorofa claufura. E por: que em damno della havia algumas cafas vilinhas , que perturbaria6 0 indifpenfavel recato Religiofo , ordenou o mefmo Senhor, que fe allugaffem a cufta ‘da fua Real Fazenda, encarregando a execugad de todas eftas diligencias a Lucas de Seabra da Silva, feu Defembargador do Paco, ¢ Miniftro, que unia ahuma grande literatura igual zelo , ¢ prudencia. De tad fantas, e precifas Refolucées fe deu no met mo tempo parte ao Eminentiflimo Cardeal Patriar- ca, eao Excellentiffimo Nuncio Apottolico , para que onde foffe neceffario intervirem fuas jurifdi- oes, fe applicaflem ao total effeito de tad impor- tante negocio. . Tragou-fe logo hum amplo, ¢ regular edificio para accommodagaé das ditas Religiofas; e como cra grande o cuidado do Miniftro , a quem fe encar- xegara a obra, em breves mezes luzio de maneira o trabalho , que caufaria efpanto , fe outro foffe o Fundador de tad grandiofo edificio. Porém naé obf- tante a grande capacidade delle , como era imprati- cavel, que podefle receber em fi todas as Religiofas Francifcanas de tres grandes Conventos da Corte, a ifto deu logo Providencia aquella Regia liberalida- de, que em beneficio do publico naé fabe ter limite. Em virtude de diverfas Relagdes, que fe mandaraG tirar das tendas , e numero de Religiofas, que ti had osConventos do Reino da Ordem de S. Fran- cifco, ordenou ElRey, que por elles fe diftribuif fem vinte e quatro Religiofas de Santa Clara. . Fen sobre oTerremotodeLisboa. 29 Fez-fe efta nvudanca na {6 com todas as cau- telas, e commodidades , que eftava pedindo o ef tado, e fexo das Conduzidas, mas com a piedofa grandeza de quem as mandava ; porque a cada hu- ma das Religiofas mandou S. Mageftade dar vinte mil reis de tenga no rendimento da Obra Pia, da qual logo cobrara6 ametade; mercé, que a penuria daquelles tempos fez mais avultada , e grandiofa. De huma, e outra graca participarad as Religiofas do Calvario, e de Santa Anna, que na6 tinhad ten- ¢a; pois de todos os tres Conventos {6 eftas forad as mudadas, ficando na Efperanga as que tinhad , com que fe podeffem alimentar. Nomeados os Religiofos, que deviaé acom- panhar, e por em execucadé efta mudanca, no dia 9 de Junho de 1756, deftinado para a jornada, ter ve ordem 0 Marquez Eftribeiro mor de por nelle prompto o Regimento do Coronel Manoel de Be- ga e Antas, aimpedir qualquer indecencia, a que poe deria ficar expofto o decoro das Religiofas pela con- currencia do povo ao efpectaculo da fua partida. Mandou-e igualmente ao mefmo General , que ti- veffe prompta huma Companhia de Cavailaria As or dens do fobredito Coronel, naé {6 para as diligen- cias, que neceflitaflem de mayor promptidad , mas tambem para acompanhar as Religiofis até & diftan- Cia de duas legoas fora da Cidade. Do mefmo modo forad ordens aos Miniftros das terras, pelas quaes fe devia fazer efla jornada, af fim para darem todo o auxilio , que foffe precifo, a te{pcito do alojamento decente as Conduzidas, co- mo para as acompanharem com os feus Officiaes , até ferem entregues aos Miniftros immediatos de ou- . Diii tra ° Providencias tra jurifdigad , 208 quaes avifariad com tempo, para eftarem promptos, ¢ nad haver demora culpayel na dita condugad. “Em quanto fe executavad eftes providos effei- tos do piedofo animo de S. Mageflade , como era advo, ¢ zclofo 0 Miniftro encarregado das obras da Cerca da Efperanga, ¢ para ellas a grandeza de ElRey naé tinha limite, acabou-fe grande parte das | ditas accommodagdes. Procedeo-fe logo a effeituar a defejada claufura , e tiverad Avilo 0 Commiflario Provincial dos Obfervantes da Provincia de Portu- gal, ¢ o Defembargador do Paco Lucas de Seabra da Silva, para fazer recolher a ella no dia 20 de Ou. tubro de 1756 todas as Religiofas de Santa Clara ; affim as que fe achavaé fora , como as que prefifti- rad abarracadas em feu antigo Convento. Ja em outro lugar deixamos prevenido , que ‘o methodo , que feguimos neftas Memorias , faz com que feparemos humas Providencias de outras, fendo certo, que quali todas fe derad, e executarad ahum mefmo tempo. Com efta cautela efcrevere- mos agora , que ao mefmo paffo,, que S. Mageltade mandou fazer as Jargas accommodagoes para as Re- ligiofas Francifcanas , ordenou, que fe levantaffe hom igual edificio para as Dominicas na Cerca de Santa Joanna. Encarregou-e efta obra a0 Chanceller mor do Reino o Defembargador Manoel Gomes de Car- valho, Miniftro refpeitado em letras, e em todas aquellas qualidades , que pedem os negocios mais graves. Por nad cangarmos a quem nos ler com hu- ma faftidiofa repeticad de coufas entre fi femelhan- tes, leafe o que deixamos efcrito a refpeito das Re- : ligiofas fobre oT erremoto de Lisboa. 3x ligiofas Francifcanas; que em tudo fe praticou o mefmo com as Dominicas dos Conventos do Sal- ‘-yador, e da Rofa, ou fofle na nova claufura, que fe lhes fez , ou no ferem recolhidas em diverfos Mofteiros da fua Provincia com a mefma Real libe- ralidade, e cautelas tocantes ao decoro, e recato Religiofo. Com a mefma vigilancia de Pay extendeo El- Rey fua Providencia a bem das Religiofas do ma- gnifico Mofteiro de Odivellas, que 4 maneira das antecedentes, ou eftavad abarracadas fem decen- cia, ou difperfas vagavaé a feu livre arbitrio. Im- pedio efta efcandalofa defordem , ordenando ao mefino Chanceller mér, que mandaffe fazer com toda a brevidade o que precifo fofle , para que as di- tas Religiofas fe claufuraffem na Cerca do feu Mof teiro, € naquella parte delle, que eftivefle habita, vel. Igual beneficio experimentou o obfervantifii- mo Convento das Capuchas do Santo Crucifixo ; mandandofe-lhe concertar affim a Igreja, como o dormitorio , que padecera ruina, para nelle fe reco Therem; convidando a efta prompta piedade 0 fan- to exemplo, que derad ao povo [4 maneira dos outros Conventos reformados ] em naé largar fua claufara na forca do mayor fulto, e defordem, Pd- de neilas mais o amor a obfervancia , que 4 vida, foffrendo com o mayor recato dentro de feus mu- . Fos as incommodidades do Inverno; que faziad mais penofa a geral confternagad. Mas fempre confeffe- mos, que o exemplo tad generofo, que nos derad todos os Conventos reformados, fora em grande parte fomentado pelo zelo de ElRey, concorrendo com 25 ° | Providencias com promptas, © largas efmolas para fuas accont modacées. Boas teftemunhas defta verdade {a6 igualmente as Religiofas de S.Bernardo , as quaes , porque no feu Mofteiro , fito no Mocambo , nad deixaradé as ruinas lugar algum para fe poderem ac- commodar, mandou ElRey comprar por vinte mil cruzados huma Quinta no Campo pequeno, onde © fe Ihe fez hum Convento, que em grandeza excede muito ao que perderad. Grande piedade por certo; e por iffo grandes fiadores para as futuras felicida, des de taé religiofo Monarca. Em igual divida de perpetuas oragées pelo prot _ pero Reinado de S. Mageftade eftad as illuftres Relit giofas do Real Mofteiro de Santos; porque conftan« do ao mefmo Senhor, que neceffitavad de accom: modagaé , por ter padecido o Convento alguma auina, avifoufe ao Marquez Prefidente da Mefa da Confciencia,, para que foccorreffe aquella urgente neceflidade , mandando fazer no fitio chamado do Prado huma decente accommodacad. Em fim por fervirmos 4 brevidade, deixamos outras muitas Cafas Religiofas da Corte , e do Rei- no, as quaes favoreceo naquelle tempo a liberal ma6 defte piedofo Monarca: mas a fua merecida gloria naé fica defraudada com o noffo filencio ; porque cada hum dos Conventos favorecidos he pregoeiro mais fincero da fua Real grandeza. En- tre todos daraé mayor brado os Recolhimentos do Caftello , c de Santa Maria Magdalena das Conver. tidas ; porque a gratidaé dos pobres, quando fe vem. abundantemente remediados em fuas neceffidades ; como coftuma fer fuccefliva, nad a fabe apagar 0 tempo. : * §, SOL Sobre oT erremoto de Lisboa. 33 § XII 4 Omo naé nos foy facil reduzirmos As claffes , proviwencta xt em que vad divididas eftas Memorias, outras Re/lucces dverfas fem ds pov yacen muitas Providencias, que fe deraé logo nos primei- ros dias, ¢ nos mezes feguintes a fatal confternacad; damoslhes agora no fim efte lugar , comprehen- dendo em huma claffe diftincta diverfas Refolucdes avulfas, paffadas em beneficio, e commodidade do publico , para lhe fuavifar (quanto poflivel fofle) 0 mal extremo, que padecia. Ainda o incendio lavrava, e os tremores fuc- ceffivos arrazava6 muitos edificios, e ja fe expediad os Avifos, chamando-fe ao Paco os Prefidentes dos ‘Tribunaes , e Vedores da Fazenda Real, e intiman- do-lhes as ordens neceffarias , para que com 0 foc- corro das Tropas, gente do troco, artilheiros, e int trumentos precifos podeffem dar 0 poffivel remedio & confternacad de Lisboa , falvando os feus edifi- cios mais neceffarios ao governo da Republica, aos quaes o fogo ou ja tinha perdoado, ou ainda nad havia acomettido. Com a promptidaé dette auxilio fez-fe quanto cabia em tempos de tanto fufto, e defacordo. Foy logo defentulhada , e cuberta a cafa, e armazens dos Depofitos publicos da Corte, e da Cidade, e¢ abatera6-e as paredes arruinadas de diverfos Bairros, efpecialmente do Rocio, impedindo-fe ao fogo o fazer mayores eflragos. Salvarad-fe os cofres, affim do Erarie Real , como dos particulares ; alguns Ar- chivos , efpecialmente o importantiflimo do Sena- do, 0 qual depois fe paffou e lugar feguro. um 5 ) 1 lamidade, 34 * Providencias fim nad fe perdia inftante em valer ao povo por meyo de outras muitas Providencias , as quaes por nao fermos nimiamente miudos, deixamos em f- Jencio, remettendo 0 leitor para as Provas deftas Memorias. . ° Porém devendo o publico tanto cuidado ao Minifterio Politico, em nada lhe ficou tad devedor, como no prompto reftabelecimento dos Tribunaes, eno daquelles lugares , fem os quaes nem 0 povo poderia continuar em feu trafico, nem os commer: ciantes em feu negocio. Bem fe fabe , que quere- mos comprehender aqui as ampliflimas obras da no- va Cafa da Alfandega , do Paco da Madeira , e de tantos armazens, que fe pozera6 promptos para o Commercio interior do Reino, e carga das Frotas, affim no fitio de Belem, como em outros lugares da Cidade. Nad he {6 efta a obrigacad, {a6 infini- tas, asque deveo entad o Commercio ao Minifte- rio prefente ; mas entre todas merece efpecialidade © cuidado, com que logo lembrou dar livres de di- yeitos , aflim os generos molhados , como as fazen- das fecas; e que eftas correffem fem fellos debaixo da cautela de guias, para que o Negocio, como ef pirito da Republica, nad perdeffe feu antigo vigor. . Com 0s olhos no mefmo bem publico fe man- daraéd tirar exactas relagdes , nad {6 de todos os ar- tifices de Bandeira, mas dos que fem ferem exami- nados , tinhad feus arruamentos, para fe deflina- rem 4 todos ruas de fua habitagad, e fe Ihes guarda- rem feus antigos privilegios. Ultimamente para 0 bom regimen da Cidade tambem fe mandou logo proceder & eleicad da Cafa dos Vinte e quatro, a qual naé deixara fazer a publica calamidade ; e por . que ( Sobre oTerremotode Lisboa. 35 que em tempos de tantas , e tad urgentes neceflida- des na6 baftaria hum {6 Juiz do Povo, fe ordenou, que mais dous leyantaflem vara com a mefma au- thoridade, do que novamente fahiffe eleito. §. XIIE Endo todo o argumento deftas Memorias retra+ rxovmencta xm tar a folida Religiad de hum Rey Portuguez,, rez.je we putizo, ¢ tempo he ja de darmos a efte retrato os toques mais" 5" vivos, moftrando defta virtude huma prova de ma- yor pezo. Deveria efta por fua grandeza fer a pri- meira na ordem da efcritura; porém advertidos thes demos efte lugar, para que nelle Acca6 taé religio- fa fervifle como de coroa as demais, que deixamos {6 apontadas em fuas claffes diftinétas. Ceffados os ’ funettos effeitos daquelles calamitofos dias, como S. Mageftade claramente via, que o piedofo Senhor ainda olhava para o feu Imperio com olhos beni- gnos, prefervando de tanto eftrago, na6 fo afua importante vida, e de toda a fua Real Familia, mas a quafi todos aquelles vaffallos, cuja morte fa- tia 4 Republica mais fenfivel feu golpe; quiz agra- decido render a Deos as gracas devidas. Para fegu- rar dellas 0 defejado effeito , dobrou o merecimen. to, offerecendo-as ao Filho mifericordiofo pela po- derofa ma6 de fua grande May. Publicara o Eminentiffimo Prelado huma piif: fima Paftoral, promovida pelo religiofo efpirito de ElRey , na qual mandava, que em reconhecimen- to do alto favor, em que eftava efte Reino a protec- 26 da Santiflima Virgem , foffe dejejum perpetuo em toda a fua Diocefe a vefpera do dia confagrado Lo Ei 20, 6 Providencias ao feu poderofiffimo Patrocinio; para com efte obfe- quio devido nad {6 agradecer a mercé paffada, mas fegurar a futura. ‘Acompanhou logo ElRey tad fanta determi nagad, como quem a tinha infpirado, e ordenou 20 Senado da Camara , que em nome da Cidade The confultafle o voto perpetuo de huma Prociffad fo- lemne, 4 maneira das outras votivas , eftabelecidas por publicas calamidades. Logo na Dominga f~ gunda de Novembro do mefmo fatal anno fe effei- tuou efta piiffima Refolucad , a qual fe extendeo naé fo As Camaras do Reino, mas a todos os Bifpos delle , recommendandofe-lhes, que em femelhante dia mandaffem todos os annos fazer a mefma Pro- ciflaé, precedendo jejum na fua vefpera; obfequio, que feria perpetua teftemunha da gratidad Portue gueza , e fiador feguro das felicidades do Reino. Como para todos os males, que os mortaes padecem , tem 0 Ceo Santos, aos quacs communis cou Deos a graca de ferem contra elles efpeciaes Defenfores , fendo S. Francifco de Borja hum dos particulares contra os terremotos , quiz S. Magefta- de fazer igualmente hum obfequio diftinéto, a quem pelas eftreitas razdes do fangue tinha mais hum for- te motivo para fer Patrono da Cafa Real Portugue- za. Mandou por feu Miniftro na Corte de Roma fupplicar a S. Santidade , que Ihe nomeafle a efte Santo por Protector de feus Reinos, ¢ Dominios , obrigando a todas as Tgrejas delles, onde houveffe Coro, acantar no dia da faa Fefta huma Mifia fo: Jemne. Defta fupplica avifou 0 mefmo Senhor ao Senado da Camara defta Cidade, ordenando-lhe , - gue 1% yt Sobre oTerrenwoto de Lisboa. 37 gue em quanto o Mundo duraffe, affiftiffe indefe- ctivelmente 4 Miffa folemne , e Serma6 do dito Santo na Igreja da Cafa’ profeffa de S. Roque. Re- folveo no mefmo tempo, que em nome da fua Real Pefloa, de feus Succeffores, e do feu Povo fe offe- recefle ao novo Patrono a offerta coftumada aos Santos Padroeiros; ¢ que 4s Camaras do Reino fe paflaffem Cartas Circulares , para que nefta parte imitaflem em tudo 4 da Corte. § XIV. Ufto he que demos fim a eftas Memorias , on- rrovinsxcta xv. ‘eB de pozerasé termo as principaes Providencias Dai meer cnden do noffo incomparavel Monarca. Era em feu Real jui‘a Gane animo ardentiflimo o defejo de fe proceder A reedi- ficaga6 da Cidade por huma nova planta, digna da Capital do feu Reino; mas a mefma gravidade do negocio fe oppunha & prompta execugad dos de- fejos. Para fe dar principio a efta grande obra ja no mefmo anno fatal, e¢ nos feguintes haviad baixado diverfos Decretos , pelos quaes a Pofteridade ao lellos honrara com elogios fucceflivos a heroica fa- ma de ElRey, e a memoria do feu fabio Minifterio, a cujas zelofas meditagGes os devemos. Entre ou tros merece diftincto agradecimento 0 de 29 deNo- vembro de 1755, em que fe mandou fazer a medi- gad, e tombo das pragas, ruas, cafas, e mais edifi- cios publicos na parte da Cidade, que padecera rui- na: Providencia utiliffima, e exaamente executa- da, porque { por efte meyo fe podiad evitar os fue turos pleitos, ¢ diffencdes, que fem duyida haveria Kit ao 8 Providencias ao reedificar huma Cidade, a quem feus mefmos ha- Ditadores j4 nad conheciad. ‘A beneficio da regular fituagaé da mefma Ca- pital fe paffou igualmente hum Avifo ao Engenhei- ro mor, para nomear quem calculaffe os declives , que ha defde S, Sebaftiad da Padaria, fitio da An- punciada , Convento de Corpus Chrifti, Igreja da Magdalena , e Convento da Boa-Hora, até o Ter- reiro do Pago, ¢ Ribeira, para affim fe accommo- darem com regularidade os entulhos nos Ingares mais baixos. A efta Ordem fe feguio outra ao mefmo Enge- pheiro mor, para mandar abalizar o terreno , que ha entre a rua nova d’Almada, e a Padaria, de- marcar naé {6 os fitios, que houveffem de fer entu- Thados, mas a altura, a que nelles havia de fubir o entulho, para ficar nivellado o Terreiro do Paco com o mefmo terreno. Ao tempo, que os Officiacs Engenheiros fe occupavad neftas medigdes, traba- Ihava hum grande numero de obreiros a fazer tra- taveis as ruas principaes da Cidade, entulhadas com as ruinas; e porque fe vio, que a gente era pouca para tad difficultofo trabalho , accrefcentando mui- tos mais foldados , fe poz prompto hum grande nu- mero de trabalhadores, todos occupados fo naquel- les Bairros, de que mais precifava 0 trafico do povo. E porque poderia haver quem movido da ne- ‘ceffidade de alojamento , ou da ambigaé de lucro , Jevantaffe cafas nos fitios abrazados, ou demolidos, por ordem de ElRey publicou o Duque Regedor no mefmo mez de Novembro hum Edital, em que fe prohibia o leyantar alguma propriedade em qual- quer dos Bairros , onde o terremoto, e incendio fi- zerad Sobre oT erremotodeLisboa. 39 zeraé mayor eftrago. E logo em 10 de Fevereiro « de 1756 fe feguio a efta Real Determinacaé outra, em que fe ordenaya, que foffem fem demora demo- Jidas 4 cufta de feus donos as cafas, que fe achaffem edificadas depois do primeiro Edital, Foy juftiflima huma, e outra Refolugad; por- que deixada a fabrica dos cdificios 4 liberdade do povo, commummente barbaro em feus goftos , e defprezador do que naé Ihe he util, em breve tem- po a Capital do Reino , que podia com a fua nova reedificagaé tirar proveito da mefma defgraca, ver- fehia fem aquella devida regularidade , e grandeza , que lhe eftaé promettendo os magnanimos efpiritos do fen Principe. Delles ja vamos gozando os effeitos, nad (6 nas fabricas do novo Arfenal, e Praca do Commer« cio , de que ja admiramos principios magnificos ; mas na Ley publicada em 12 de Mayo defte pre- fente anno, em que fe eftabelece a favor da reedifi- caca6 da Cidade, affim os feus direitos publicos, e particulares , como os beneficios as pefloas, que pax ra ella concorrerem, Efla Ley por fer cheya de equidade, ¢ pela materia alegrar a todos, foy lida com applaufos da politica, e da juftica, avaliando- fe por huma das gracas de mayor pezo , que até agora fizera ElRey ao feu povo. Eftas forad as principaes Providencias , que ElRey deu para fuavifar ( quanto coubefle em for- gas humanas ) aquelle extremo mal , que padecera feu povo. Dellas forad executores 0 Duque Re- gedor das Jufticas, pelo que pertencia ao Civil, e Criminal; 0 Marquez de Marialva D. Diogo de No- ronha, Eftribeiro mor, pelo que tocava ao Militar; . eo ‘4o Providencias © 0 Marquez de Alegrete Fernaé Telles da Silva; Prefidente do Senado da Camara , no que refpeita- va ao Politico; todos Senhores de experimentadas qualidades para nos foccorrerem em tad extremofo, aperto. Fez ElRey cumulativas as jurifdigdes dos refe- ridos tres Chefes, para que todos reciprocamente fe coadjuvaffem em beneficio da fua Patria. Efta muito tem , que agradecer a tad illuftres Perfona- gens, e com efpecialidade Aquelle, que diftinguin- do-e no zelo da {ua Nagad, e no amor afolida glo- sia do feu Principe, deixar de feu Minifterio huma fama, que fempre fera dos bons inyejada, ao lerem a Hiftoria defte Reinado. Para aconfeguir, fobe- jad os Documentos defta Efcritura , os quaes agora Yancamos , como as melhores teftemunhas do que efcreyemos, COLLEC: _ COLLECGAG Dos - DOCUMENTOS, Com que fe comprovad eftas MEMORIAS ih: Jobre oT erremotode Lisboa. 43 PROVIDENCIA IL Evitar a pefte, que ameagava a corrupgaé dos ca: daveres , fendo innumeraveis , e nad havendo vivos para os fepultarem pela precipitada, e ge ral deferga6 dos moradores de Lisboa. I Aviso para 0 Marquez Eftribeiro mér fazer tirar das ruinas o corpo do Embaixador de ElRep Catholico. ITLL.” E EX" SENHOR: A Sua Mageftade chega a noticia, de que 0 Embaixador de ElRey Catholico fe acha debaixo das ruinas das fuas cafas ; e me ordena diga a V. Excellencia queira dar toda a pro- videncia neceffaria a fim de fer tirado das mefmas ruinas, Deos guarde a V. Excellencia. Paco de Belem, o primeiro de Novembro de 1755. = Sebaf tiad Jofeph de Carvalho e Mello. Fi. Avifa ‘a4 . Providencias IE Avifo para 0 Duque Regedor, ou quem feu cargo fervir, nomear Minifiros para os Bairros de Lisboa, a fire de fe dar fepultura aos mortos; @ com ou tras Providencias fobre diverfas necef- Sidades. TLL” E EX.” SENHOR: Ua Mageftade manda remetter a V. Excellen* cia minutados os Avifos inclufos , para que V. Excellencia os diftribua com amayor brevidade pe- Jos Defembargadores dos Aggravos , ¢ Cafa da Sup- plicagad, que julgar mais capazes : encarregando 'V. Excellencia a cada hum delles hum dos Bairros ‘deffa Cidade, e fubordinando-the naé fo os Minit tros ordinarios dos mefmos Bairros, mas tambem os mais Bachareis, que forem neceflarios para fe vencer dividido taé laftimofo trabalho, de forte que fe faga com a mayor brevidade poffivel. Tambem ordena o mefmo Senhor, que V. Ex- cellencia nomee logo outro Miniftro para cada hum > dos Julgados do Termo, e os mais que forem ne- ceffarios , para logo partirem a eftabelecerem-fe nos ~-mefmos Julgados ; e fazendo nelles fixar em todas as partes publicas o Edital inclufo, obriguem por coaccad os que fendo moradores de Lisboa fe acha- rem aufentes no campo. Ao mefino tempo encarregara V. Excellencia aos ditos Miniftros de fazerem recolher os Moleiros, Padeiros, e Forneiros dos referidos Julgados, e de . the Jobre oT erremoto deLisboa. 45 Ihe fazerem continuar os feus minifterios, ¢ 0 carre- todo pad, e mais comeftiveis 4 Cidade, na forma em que antes o praticavad , fem demora, porque a nad admitte a confternagad, em que fe acha a Capi- tal do Reino. . E julgando V. Excellencia , que he neceffario mais alguma providencia aos ditos refpeitos, V. Ex- cellencia a dara fem dilagaé , fazendo-a depois pre- fente aS. Mageflade. Deos guarde a V. Excellen- cia. Pago de Belem, a2 de Novembro de 1755. PS. . Ao Marquez Eftribeiro mér tem S. Mageftade © ordenado, que mande coadjuvar os refpectivos Mix niflros por Deflacamentos , commandados pelos Officiaes de Guerra mais dignos de confianca, que achar no fervico Real. Tambem accrefcento, que o mefmo Senhor he fervido, que V. Excellencia ordene aos Minif= tros, que os bens, que fe acharem nas ruinas, e nad forem logo entregues aos feus refpedctivos donos, . ou habitantes das cafas, e feus notorios herdeiros , fe ponhaé em outro depofito com a guarda , que permittem as circunftancias de tad calamitofo fuc- ceflo. No mefmo dia acima. = Sebattiad Jofeph de Carvalho e Mello. PS. . Se houver modo de fazer eftampar logo oEdi- tal inclufo, S. Mageftade acha, que efte fera o meyo de o divulgar mais promptamente , deixando com tudo a V. Excellencia tomar o partido , que lhe petmittirem as circunftancias do tempo. ll 46 ~ Providencias " EDITAL LRey noffo Senhor mandou expedir ao Du que Regedor da Cafa da Supplicagaé para fo yem executadas pelos Defembargadores dos Aggra- vos, ¢ Extravagantes da mefma Cafa, € pelos ou- tros Miniftros, que neceffarios forem , as Ordens, cujo teor he o feguinte: S. Mageftade he fervido , que logo que Vim. receber efte, dividindo a fua laftimofa commiffad com os Miniftros , e Bachareis , que no feu Bairro - achar mais capazes da Real confianga em hum tad urgente negocio, pafle a occorrer ao defentulho das cafas, que fe achad em tuinas, de forte que del- las fe poffad extrahir os cadaveres para fe fepulta- rem , antes que a fua corrupgad em toda a Cida- de produza outra calamidade igual & que pela Mi- fericordia Divina parece eftar fufpenfa. O mefmo Senhor manda fixar Editaes, em que fe publicad eftas religiofas diligencias , para que todas as peffoas dos refpectivos Bairros, e Ree gulares delles fejaé convidados a concorrer para el- las, ou pela piedade chrifta, que os dirigir , ou pelo intereffé proprio de parentes , amigos, e cabedaes, que fe achad envoltos nas mefmas ruinas : tendo ‘V.m. entendido, que no cafo de fer neceffaria coac- a6, nad deve exceptuar peffoa alguma; porque nad admitte excepgdes hum cafo de tad grande: neceflidade publica. Ao Marquez Eftribeiro mor fe tem avifado , para que faca coadjuvar a V.m. com as Tropas, que couberem no poflivel por ora, tendo-fe mandado vir fobre oTerremoto de Lisboa. 47 vir mayor numero dellas da Provincia do Alentejo, e de Cafcaes, Peniche , e Setubal. Tambem S. Mageftade manda advertir a. V.m.; que no modo, em que o permittir huma tad gran- de calamidade, faga V.m. eftabelecer no feu Bair- ro hum lugar fechado , ou guardado com fentinel- Jas, no qual fe ajuntem todos os mantimentos, que fe forem achando nas ruinas para do mefmo depo- fito fe repartirem , de forte que remedeem até on- de chegarem, a neceffidade de mantimentos , que fe deve precayer neftes primeiros dias: advertindo ‘V.m., que primeiro fe deyem repartir os ditos aos que trabalharem. Tambem V.m. dard providencia , para que com os materiaes das yuinas fe fabriquem logo no feu Bairro os fornos, que fe puderem fabricar, pon- do:nelles Forneiros, e Padeiras, que facad cozer pad com as farinhas, que fe defcobrirem, e com as mais a que S. Mageftade manda dar providencia. Ecomo para enterrar hum tad grande nume- ro de cadaveres de forte, que cefle o perigo, que deixo indicado, fera neceflario naé {6 eleger luga- res diftantes da Cidade , mas ainda tomar a refpeito delles huma precaucaé muito mayor, do que ordi- nariamente fe pratica em femelhantes cafos, fe avi- fara a V.m. fobre efta materia , depois de fe receber a repofta, que fe efpera do Eminentiffimo, ¢ Reve- rendiflimo Cardeal Patriarca. Deos guarde a V.m. Pago de Belem, a 2 de Novembro de 1755. IL- 48 Providencias TLL” E EX” SENHOR: Ua Mageftade manda remetter aV.Excellen- cia minutados os Avifos inclufos,-para que V. Excellencia os diftribua com amayor brevidade pe- Jos Defembargadores dos Aggravos, € Cafa da Sup- plicagad , que julgar mais Capazes : encarregando 'V. Excellencia a cada hum delles hum dos Bairros deffa Cidade, ¢ fubordinandolhe nad {0 os Minif * tros ordinarios dos mefmos Bairros, mas tambem os mais Bachareis, que forem neceffarios para fevencer dividido ta6 laftimofo trabalho, de forte que fe faca com a mayor brevidade poffivel. © _ Tambem ordena o mefimo Senhor, que V.Ex- cellencia nomee logo outro Miniftro para cada hum dos Julgados do Termo, ¢ os mais que forem ne- ceflarios , para logo partirem a eftabelecerem-fe nos mefmos Julgados ; e fazendo nelles fixar em todas as partes publicas o Edital inclufo , obriguem por coaccad os que fendo moradores de Lisboa fe acha- yem aufentes no campo. ‘Ao mefmo tempo encarregara V. Excellencia aos ditos Miniftros de fazerem recolher os Moleiros, Padeiros, e Forneiros dos referidos Julgados, e de the fazerem continuar os feus minifterios, ¢ 0 carre- to do pad, e mais comeltiveis 4 Cidade , na forma em que antes 0 praticavaé , fem demora, porque a nad admitte a confternagad, em que fe acha a Capi- tal do Reino. Ejulgando V. Excellencia , que he neceffario mais alguma providencia aos ditos refpeitos, V. Ex- cellencia a dard fem dilagaé , fazendo-a depois pre- . fente . fobre oTerremoto deLishoa. 49 fente a 8. Mageftade. Deos guarde a V. Excellen- cia. Paco de Belem, a2 de Novembro de 1755. S. Ao Marquez Eftribeiro mér tem 8, Mageflade ordenado , que mande coadjuvar os refpectivos Mi- niftros por Deftacamentos , commandados pelos Officiaes de Guerra mais dignos de confianga , que achar no fervico Real. Tambem accrefcento, que o mefo Senhor he fervido, que V. Excellencia ordene aos Minif= tros, que os bens, que fe acharem nas ruinas, e nad forem logo entregues aos feus refpectivos donos, ou habitantes das cafas , e feus notorios herdeiros , fe ponhad em outro depofito com a guarda , que permittem as circunftancias de. tad calamitofo fuc- ceffo. No mefmo dia acima. = Sebattiad Joteph de Carvalho e Mello. = Senhor Duque Regedor, ou quem feu cargo fervir. E nefta conformidade exhorta S. Mageftade a todos os feus vaffallos de todo, e qualquer eftado que feja6, para que imitando a religiofiffima pieda- de, com que o dito Senhor tem procurado 0 reme+ dio das calamidades, que tanto tem ferido o feu pa- ternal , e piiflimo coracad., fe recolhad logo aos feus refpectivos Bairros, para nelles cooperarem ao feu proprio remedio, e aos fufliagios dos feus met: mos conjunctos por parentefcos, e vilinhancas: con- fiando de tad ficis , e catholicos vaflallos, que nao feja neceffaria a coaccaé para os obrigar a cumpri- rem tad fantas , ¢ indifpenfaveis obras de mifericor- dia. Belem, a 2 de Novembro de 1755. = Sebaltiad Jofeph de Carvalho e Mello. : : G Avifo 50 Providencias Ti. Avifo ao Eminentifimo , e Reverendifimo Cardeal Pa triarca, pedindofe-the o feu parecer fobre o lugar, para a fepultura dos mortos. EM”? E R.° SENHOR. Ua Mageftade manda remetter aV. Eminen: cia as copias das Ordens , que acabo de expe- _ ‘dir ao Duque Regedor. Nellas vera V. Eminen- cia, que falta a eleicad das fepulturas, que fe nad podem retardar fem outro graviffimo perigo. Lem- bra mandarem-fe abrir foffos de grande altura, onde fe lancem os cadaveres, como fe praticou em diffe- rentes Paizes, quando forad caftigados com 0 flagel- Jo da pefte ; ao mefmo tempo occorre porém, que confiderandofe huma grande parte do povo de Lit boa entre as actuaes ruinas , ¢ fendo tad numerofo oreferido povo, he muito para temer , que em to- daa circumferencia da Capital do Reino exhale tad nocivos vapores. Nefta confternagad lembra tam- bem deftinar batelées, ou barcos grandes, os quaes, fazendo-fe primeiro os neceffarios Affentos dos obi- tos, e cumprindo-fe com os mais, que a piedade chrifta pratica em femelhantes cafos, levem os cor- pos algumas legoas fora da Barra, € 0s lancem no mar, com pezos que os confervem no fundo até fe confumirem, como fe pratica com os que fallecem abordo dos navios, em outro cafo de neceffidade menos grave , € de remedio menos difficultofo. So- bre o que tudo efpera S, Mageftade o parecer de Y: Sobre oT erreiioto de Lisboa. 51 V. Eminencia, para fe expedirem as Reaes Ordens. Deos guarde a V. Eminencia. Paco de Belem, a2 de Novembro de 1755. = Sebaftiad Jofeph de Car yalho e Mello. . oy eo, Iv. Repofta do Eminentifimo , e Reverendifimo Cardeal Pa- triarca , & primeira, que fe the ecepedio, como fe vé retro, ILL.” E EX. SENHOR. Odas as precaugées, que em taé laftimofa cas - Jamidade lembraé a ElRey mieu Senhor, fad muito proprias da fua Real clemencia, e piedade; perém como o mefino Senhor me manda interpor © meu parecer, digo que o efcolherfe embarcacées para conduzir os cadayeres ao mar, he o mais pro- prio , e prompto , que fe deve efcolher ; porque de outra forma ferd mais morofa a prompta execu- gad, que pede o prefente cafo. E quanto aos cof tumados Affentos, e mais providencias, que fe cof tuma6 praticar em femelhantes cafos , fe mandard dar a devida providencia, fe acafo 08 proprios Pa. . rocos dos defuntos puderem dar prompta expedicad de modo, que fe nad demorem. Deos guarde a V. Excellencia, Campolide , em 2 de Novembro de 1735. = J. Patriarca de Lisboa. = Illuftriffimo, e Excellentiffimo Senhor Sebaftiad Jofeph de Carva- Iho e Mello, ° Gi Avifo 52 Providencias Vv. L Avifo para o mefino Eminentigimo ; ¢ Reverendifimo Cardeal Patriarca, em que fe the ordena, eohorte aos Parocos da Cidade , ¢ feus Suburbios , que perfuadad aos povos a dar fepultura aos mortos. 4 EM” ER” SENHOR. Endo S. Mageftade informado da inteira defer- cad, que tem abandonado a Cidade de Lisboa aos efieitos da prefente calamidade : ¢ confideran- do, que prudentemente fe pode recear, que nad pattem todas as Providencias, que 0 mefmo Senhor tem dado pelos feus Miniftros, e Officiaes de Guer- ya, para vencerem 0 terror , de que fe achaé pene- trados os habitantes da mefima Cidade para volta. rem aella com as mais peffoas, que alias feriad con- duzidas pela piedade chrifla a cooperarem para fe vencer o mayor perigo, que nos eftd ameacando a falta de fepultura dos cadaveres ; principalmente naquelles edificios , que nad forad abrazados por in- cendios: Me manda o mefmo Senhor participar a -V.Eminencia, que fera muito do fervico de Deos, ede S. Mageftade, ¢ muy util, ¢ efficaz , ou pode fer que o unico remedio para nos prefervarmos de outra igual confternacaé , mandar V. Eminencia or- denar a todos os Parocos da Corte , Suburbios, ¢ yilinhancas della , que fahindo logo com Procifsées publicas, tomem nellas por motivo para as fuas Pra- ticas, perfuadirem aos povos, que parecendo, que Deos noffo Senhor tem fufpenfo o caftigo , com Agere poy que Sobre oT erremotodeLishoa. 33 que nos avifou, he neceffario, que procuiemos con- fervar eftes effeitos da fua Divina Mifericordia, far zendo as obras della , que forem mais agradaveis ao miefino Senhor: E que entre todos os actos de pie- dade chrifta , com que podemos applacar a Divina Juftiga, na6 pode haver outro, que feja tad meri- torio, como o de fe recolherem & Cidade todos os feus moradores, que Deos confervou vivos, para ajudarem a Nobreza, os Miniftros mais graduados , ¢ os Officiaes de Guerra mais diftin@os, no trabalho fanto , e pio, de concorrerem para fe dar promptif dima fepultura aos mortos, e fe prefervarem ailim Os que ficarad vivos: fendo eftas obras ta6 chriftis, e heroicas, que ainda no cafo de haver nellas o pe- rigo de algumas peffoas , que ja fe nad péde recear prudentemente , deveria cada hum de nds naé fo expor, mas facrificar voluntariamente a vida para applacar a Deos , contribuindo para falvar a Patria. O mefmo confidera S. Mageftade, ¢ que ferd conves niente, que V. Eminencia o faga perfuadir pelos Mi- niftros mais graduados da S. Igreja Patriarcal, inclu- indo os Principaes della; e que V.Eminencia mande exhortar na mefma conformidade os Prelados Re- gulares de todas as Religides, para.cada hum delles acudir aos feus refpectivos Bairros. Ultimamente me manda S. Mageftade participar a V. Eminencia, que tambem confidera , que para a efficacia defte re- medio contribuira muito prohibir V. Eminencia as Exhortacées , que livremente, e¢ fem licenga andaé fazendo muitos Clerigos Seculares, e alguns Regu- lares por termos, que augmentad a confternagad , fem perfuadirem os Povos ao remedio della, antes lhe rendem os animos de forte , que os impoflibili- eo: Giii . 1ad Providencias tad parao trabalho , ¢ os affugentad para os lugares defertos. Deos guarde a V. Eminencia. Paco de Belem, a 3 de Novembro de 1755. = Sebattiad Jofeph de Carvalho ¢ Mello. Vi Carta Circular atodos os Prelados Regulares dos Cow ventos de Lisboa, em que S. Mageftade thes man- da lowvar , e agradecer 0 zelo, € perfuadir a urgencia da fepultura dos mortos. Endo prefente aS. Magettade 0 zelo do fervi- co de Deos, ¢ do mefmo Senhor , com que 08 Religiofos da obediencia de V. P. R. tem edifi- cado a Cidade de Lisboa nas obras de mifericordia; exercitadas na publica , ¢ indifpenfavel neceflidade, em que nos achamos, de dar fepultura aos cadave- yes humanos, € aos corpos de irracionaes, que fe achaé entre as laftimofas ruinas da mefima Cidade , antes que acorrupc¢ad delles, inficionando o ar, dif funda por elle hum contagio, que conflitua outra mayor confternagad: _E fabendo o mefmo Senhor, * que com eftes fantos fins fe tem vifto os Religiofos mais authorifados com enxadas As coftas, ¢ nas ~ mos , trabalhando com deyotiflimo fervor: Me manda S. Mageftade louvar, ¢ agradecera V.P.R. © muito que eftas religiofas, ¢ utiliffimas diligencias tem edificado aos feus vaffallos dos outros eftados , éncatregados pelo mefino Senhor de fe applicarem 4 imitacaé precifa de taé religiofos exemplos: EF perando das virtudes, e obfervancia da Communi- dade, aque V.P. RB. prefide, que nad {0 naé afiro- : j xara . Sobre oTerremoto de Lisboa. 55 xara no fervor, de que S. Mageftade foy informa- do, mas que efte crefcerd mais, e mais, até que de todo ceffem as duas urgentes calamidades da falta de fepultura dos mortos, e do progreflo, que ainda eftad fazendo os incendios : dirigindo-fe a mefma Communidade dentro dos limites da Paroquia, em que he fituada , a foccorrer as neceflidades, que re« quererem de mais prompto remedio: e cooperando para iffo de acordo com os Miniftros , Officiaes de Guerra, e Fidalgos, que em caufa commua fe exer citad louvavelmente nos mefinos religiofos exerci- cios. Deos guarde a V.P.R. Paco de Belem, a 5 de Novembro de 1755. = Sebaltiad Jofeph de Carvalho e Mello. VII. Portaria, para que Nicoldo Luiz da Silva, ¢ Antonio Rodrigues de Lead levantem vara, e firvad como Juiz do Povo; e com os Eftados Ecclefiaftico, € daNobreza, concorrad para fe dar fe- pultura aos mortos. Mk ElRey noffo Senhor, que Nicolio Luiz da Silva, que ferve de Efcrivaé do Povo, e Antonio Rodrigues de Lead, que ja fer vio o lugar de Juiz do Povo, levantem ambos vara para como Juiz do Povo actual convocarem a fim os Vinte ¢ quatro actuaes, como os que tiverem fer- vido na mefma Cafa dos Vinte e quatro , encarre- gando-os de convocar cada officio os feus refpecti- ‘Vos artifices, ao fim de concorrerem em caufa com mua com os Eftados Ecclefiaitico , ¢ da Nobreza nas 6 Providencias nas obras de mifericordia , e de indifpenfavel necef fidade publica de fe dar fepultura aos mortos, © pre- fervar os vivos do contagio , que Thes ameaga a corrupgad dos mefmos corpos mortos. E da fideli- dade, e zelo do Real fervico , que tem moftrado 0 Povo de Lisboa, confia o mefmo Senhor, que fe nad deixaré exceder dos outros Eftados em huma occafiad tad importante. Porém havendo alguns particulares, que fe moftrem remiflos a ta6 urgentes obrigagées, os fobreditos poderad proceder contra elles até pena de prizad, dando depois conta aS. Mageftade. E 0 mefmo Senhor ordena a todas as Jutticas, e Milicias, que dem aos fobreditos Juizes do Povo todo o auxilio , que lhes for neceflario. Belem , a 7 de Novembro de 1755. = Scbattiad Jofeph de Carvalho ¢ Mello. VII. Avifo para 0 Duque Regedor mandar contimar na dili- gencia dos defentulhos nos lugares , que achar he conveniente. ILL.© E EX. SENHOR. V.Excellencia de 7 do corrente , em que fe contém a relacad dos uteis trabalhos , que fe haviad feito pelas ordens de V. Excellencia nos defentu- Thos da Cidade até o referido dia: Foy ao mefmo Senhor muito agradavel o adiantamento , em que vio os referidos trabalhos com ta grande beneficio dos feus vaffallos. E ha por bem, que V. Excellen- ‘ cia Bye prefente a S. Mageftade o Avifo de Sobre oTerreivioto de Lisboa. 57 cia mande continuar ta6 proveitofas obras, nad nos lugares apontados por V. Excellencia » mas tambem nos outros, que V. Excellencia achar, que he conyeniente. Ficando §, Mageftade na intelli- gencia do bem , que 0 tem fervido o Tenente Ma- noel da Cofta Matos e Brito, debaixo da Infpeccad de V. Excellencia. Deos guarde a V. Excellencia, Paco de Belem, a 8 de Mayo de 1756, = Sebatti Jofeph de Carvalho e Mello. - . 38 « ° Providencias Oe PROVIDENCIA IL Eyitar a fome, que neceffariamente fe havia de fe- guit , nad {0 pelo motivo de nad haver quem conduziffe os viveres, mas porque muitos arma zens delles haviad fepultado asruinas, ¢ abraza- do o incendio, L Avifo para o Marquez, de Alegrete encarregar aos Mi nifiros , que julgafe neceffarios, de receberem 0S ‘mantimentos as portas da Cidade, € os re partirem pelos doze Bairros. TLL.” E EX" SENHOR. cia encarregue os Defembargadores Vereado- res do Senado, ¢ os mais Miniftros, que V- Excellencia julgar , que £46 neceffarios, de recebe- yem as portas da Cidade todos os mantimentos, que vierem de fora della: fazendo no modo poffivel , com que os ditos mantimentos fejad diftribuidos pe- Jos doze Bairros por hum rateyo , que os ditos Minit tros devem logo ajuftar em conferencia , conforme as povoagées, ou os eftados prefentes de cada hum dos ditos Bairros: obrando a efte refpeito de acor do com os Defembargadores, que S. Mageftade en- carrega das ontras diligencias declaradas nos Aviles . , a S= Mageftade he fervido , que V. Excellen: Sobre oT erremotode I isboa. 59 da copia incluf& Deos guarde a V. Excellencia, Paco de Belem, a 2 de Novembro de 1755. = Se baftiad Jofeph de Carvalho e Mello. Ir. Abifo Circular aos doze Defembargadores, que fe orde: nou ao Duque Regedor, que nomeaffe para os doze Bairros de Lisboa. S Ua Mageflade he fervido , que logo que V.m. receber efte, dividindo a fua lattimofa commit {20 com os Miniftros , e Bachareis, que no feu Bair- ro achar mais capazes da Real confianga em hum ta6 urgente negocio, paffe a occorrer 20 defentu- tho das cafas, que fe achaé em ruinas » de forte que dellas fe poffa6 extrahir os cadaveres para fe fepul- tarem, antes que a fua corrupcad em toda a Cida- de produza outra calamidade igual A que pela Mife- ticordia Divina parece eftar fufpenta. O mefmo Senhor manda fixar Editaes, em que fe publicad eftas religiofas diligencias, para que to- das as pefloas dos refpectivos Bairros, e Regulares delles, fejad convidados a concorrer paraellas, ou pela piedade chrifta, que os dirigir , ou pelo intere= fe proprio de parentes , amigos, e cabedaes, que fe acha6 enyoltos nas mefmas ruinas: Tendo V.m. entendido , que no cafo de fer neceffaria coacgad , naé deve exceptuar peffoa alguma ; Porque na6 ad- mitte excep¢des hum cafo de tad grande neceflida: de publica, Ao Marquez Eftribeiro mér fe tem avifado pa- ra coadjuvar a V. m, com as Tropas , que couberem Hii no wy 6 «| «Providencias no poffivel por ora, tendofe mandado vit mayor numero dellas da Provincia de Alentejo, Cafcaes , Peniche , e Setubal. ‘Tambem S. Mageftade manda advertir a Vv: m., que no modo, em que o permittir huma tad grande calamidade , faga eftabelecer no feu Bair- ro hum lugar fechado , ou guardado com fenti- nellas, no qual fe ajuntem todos os mantimentos , ue fe forem achando nas ruinas, para do mefmo depofito fe repartirem de forte, que remedeem, até onde chegarem, a neceflidade de mantimentos, que fe deve precaver neftes primeiros dias: advertindo aV.m., que primeiro fe devem repartir os ditos mantimentos aos que trabalharem. : Tambem V. m. darA providencia , para que com os materiaes das ruinas prefentes fe fabriquem logo no feu Bairro os fornos, que fe puderem fabri- car, pondo nelles Padeiros , e Padeiras , que facad cozer pad com as farinhas , que fe defcobrirem, e com asmais, aque S. Mageftade manda dar provi: dencia. : E como para enterrar hum taé grande nume- yo de cadaveres , de forte que ceffe o perigo, que deixo indicado , ferd neceffario naé fo eleger Ingares diftantes da Cidade, mas ainda tomar a refpeito del- les huma precaugaé muito mayor , do que ordina- riamente fe pratica em femelhantes cafos , fe avifas ra Vim. fobre efla materia, depois de fe receber a repofta , que fe efpera do Eminentiflimo , e Reve- rendiffimo Cardeal Patriarca. Deos guarde a'V.m. Paco de Belem, a2 de Novembro de 1755. = Se- baftiad Jofeph de Carvalho ¢ Mello. , : Avifo Sobre oT erremoto de Lisboa, 61 II. cos Avifo para 0 Marquez de Alegrete mandar fixar nas portas da Cidade 0 Edital porque 8. Mageftade lie vreu de direitos 0 Pefeado, que fe vendeffe do Caes de Belem até o de Santarem. ILL” E EX.” SENHOR. Ua Mageftade manda remetter a V. Excellen: cia o Edital inclufo, para que V. Excellencia © mande fixar logo nas portas daCidade, e diffun- dir nella, e no feu Termo pelo mayor numero de copias , que couber no poflivel , em quanto nad - houver meyo para fe eftampar, attendendo o me mo Senhor a brevidade , que requer a urgencia da actual calamidade. Deos guarde a V. Excellencia. Paco de Belem ,a 3 de Novembro de 1755. = Ses baftiaé Jofeph de Carvalho e Mello. EDITAL Me ElRey noffo Senhor, que todo o Pe cado, que for vendido defde 0 Caes de Bee lem até o de Santarem, feja livre de dizima, fiza, e de todos os mais direitos, e emolumentos de todos 0s Officiaes, que até agora pagarad, fem excepcad alguma; porque a incomparavel, e paternal clemen- cia de $. Mageflade fufpende todos os referidos di« Teitos, ¢ emolumentos em beneficio dos feus vaffale los afflictos, em quanto durar a prefente neceffida- de, € 0 mefino Senhor naé mandar o contrario. Hiii EX. 62 Providencias Extendendo tambem por ora o mefmo beneficio 4 refpectiva fufpenfa6 de todos os outros direitos , € emolumentos, que até aqui fe pagavaé de todos os comettiveis, que entraé pelas portas da Cidade. Be- Jem, a 3 de Novembro de 1755. = Scbattiad Jo- feph de Carvalho e Mello. - IV: Carta Circular a todos 0s Miniftros das terras, fitas nas duas margens do Tejo, para que mandafem vir to. da a farinha, ¢ mais comejtiveis para Lisboa + a entregar ao Prefidente do Senado da Camara. Ua Mageftade he fervido ordenar, que Vim? mande vir todos os barcos, que puder achar promptos, excepto dous, que deixara neffe porto, com toda a farinha, e mais mantimentos cometti- veis, fazendo-os tranfportar nos barcos de pefcar , trazendo os barqueiros tambem mantimento para a fua fuftentacad, os quaes fe aprefentarad na Cida- de de Lisboa ao Marquez de Alegrete, Prefidente do Senado da Camara, com os referidos mantimen- tos, que trouxerem; € todos os outros mais barcos do deftridto de V.m., fe aprefentarad ao Marquez de Abrantes , Védor da Fazenda dos Armazens, comminando graviffimas penas a todos os que frau- darem a referida ordem. Deos guarde a'V.m. Be- lem, a 3 de Novembro de 1755, = Sebaftiad Jo: feph de Carvalho e Mello. Carta i. | | Sobre oT erremoto de Lisboa. 63 Vv. Avifo para 0 Marque de Alorna fazer pdr em arreca: dacaé todos os Celeiros publicos , e particulares do Dermo daVilla de Santarem, e que delles Senad difposefe coufa alguma fem fua ordem. ILL.” E EX” SENHOR., Ua Mageftade he fervido encarregar a V. Ex cellencia de fazer por em arrecadagaé por re- Jac6es exactas todos os Celeiros publicos, e parti- culares, que fe acharem no Termo da Villa de San- tarem, ou os ditos Celeiros fejad de Seculares , ou de Ecclefiafticos , e ainda que eftejaé em lugares ifentos, remettendo-me V. Excellencia as fobreditas relagGes aflim como fe forem expedindo , ¢ deixan- do notificados os fenhores , e adminiftradores dos referidos Celeiros para delles naé difporem coufa al- guma fem ordem de V. Excellencia, a quem o mef mo Senhor confere por efte a mais ampla jurifdicad, que neceflaria for fobre os Miniftros , e Officiaes de Jufliga , Auxiliares , e Ordenancas do referido Ter- mo, para executarem tudo o que aos ditos refpeitos lhe for ordenado por V. Excellencia , fervindo efte Avifo de Portaria, que V. Excellencia lhes fara in- timar a todos, para que naé poffaé allegar efcufas, que S. Mageftade na6 efpera delles , defde que lhes conftar a grande confianga , que o mefmo Senhor faz da pefloa de V.Excellencia para hum negocio tanto do fervico de Deos, e feu, como he foccor- ‘ rer 64 Providencias rer a calamidade do Povo da Capital doReino, de« pois da confternagad, a que foy reduzido no dia priv meiro do corrente. Deos guarde a V. Excellencia. Belem , a 3 de Novembro de 1755. =i Sebaltiad Jofeph de Carvalho e Mello. : Nefta conformidade fe efcreveo a0 Conde de Caftello-Melhor para pér em arrecadagad os frutos do deftriéto de Villa-Nova da Rainha. Ao Vifcon- de de Villa-Nova da Cerveira D. Thomas de Lima para o deftricto de Alenquer. A Nuno da Silva Tel Jes para o deftri&to de Torres-Vedras. Ao Vifcon- de Thomas da Silva Telles para 0 de Mafra. A Pau Jo de Carvalho de Mendoga para Cintra , Cafcaes, eOeiras. Ao Marquez de Tancos , pelo que per- tencia a toda a Provincia de Alentejo. No dia 24 do referido mez de Novembro, ha- vendo ceffado 0 receyo da fome , fe permittio aos donos dos Celeiros venderem a terga parte dos feus frutos. E conftando depois , que no Reino nad £6 nad havia falta, mas grande abundancia, fe deu in- teira liberdade a eftes generos. . : Sobre oT erremoto de Lisboa. 65 VI. * Avifo para 0 Marquez de Alegrete mandar ficar nos arrayaes , ou campos , em que fe achavad os morado- res de Lishea , 0 Edital-em que fe ordena , que os bar- 60S 5 ou navios , que trouxeffem mantimentos , anco- rafem defde aPonte da Cafa da India, até 0 Caes da Pedra: e que 0s Miniftros Infpectores dos Bairros the remetteffem ewactas relagies de todos os comefti- veis, que houveffe nos Armazens delles, para as par. ticipar aos dous V ereadores encarregados da diftribui- Gab dos ditos comeftiveis. ILL.” E EX. SENHOR: S Ua Mageftade he fervido, que V. Excellencia mande fixar nos arrayaes, ou campos, em que fe acha6 os moradores da Cidade de Lisboa, o Edé- tal inclufo, para que todas as pefloas, que tiverem neceflidade de comprar pad, e os mais mantimen- tos, que coftumaé vir & borda da agua , concorrad nos lugares declarados no mefino Edital, e nos Ar- mazens, que nelles fe achad declarados, E para que o mefmo Edital feja feguido do ef feito, que fe faz indifpenfavel affim para remedio da neceflidade , em que o mefmo povo efté de manti- mentos , como para defterrar delle a idéa , ou ap- prehenfaé de fome, fem para iffo haver jufto moti- vo; mandara V. Excellencia faber logo dos Minif= tros, que fe achad encarregados dos refpectivos Bairros, de todos os Arsmazens, que nelles houver, de trigos, farinhas , arroz , manteiga , bacalhdo , le- 5 I gumes, 66 Providencias umes ; e mais viveres , ordenando-lhes, que logo fe remettad de tudo o referido exactas relacdes , as uaes V- Excellencia participara, affim como as for recebendo, a dous Vereadores do Senado da Cama: ra, que deve nomear para affiftir hum delles no Ter reiro do Paco, ¢ 0 outro na Ribeira, futtentados pe- Jas rendas Militares, que 0 mefmo Senhor tem or denado naquellas duas Pragas; e para que nad ha- vendo nos navios, e barcos, que S.Mageflade tem mandado portar, e ancorar naquellas duas prayas , e fuas vilinhangas , 0s generos que forem procura- dos , poflad dirigir as partes aos re{pectivos Arma- zens , para nelles acharem os viveres, de que necef fitarem. Bem vilto , que had de fer taxados todos de forte , que nad excedaé os pregos communs por- que forad vendidos no mez de Outubro proximo precedente. Tambem S. Mageftade he fervido , que V. Ex. cellencia nomee outro Vereador, o qual examine todo o pad, e legumes, que fe acharem nas Terce- nas, fazendo delle arrecadagad para os mefmos fins. Eem todas as Villas, e Jurifdicdes das vilinhancas de Lisboa, e do Riba-Tejo, e Provincia do Alen- tejo, tem S. Mageftade ordenado, que fe facad as ontras relagdes, que participarey a V- Excellencia para o mefino effeito. : A’s Saloyas, pefloas do Termo mandara V. Excellencia ordenar, que feiad dirigidas tambem as referidas duas Pracas, ¢ 4 do Rocio, fe nella hou- yer lugar para as receber. E como para tudo fer neceffario fegurar os tranfportes, tem $. Mageftade nomeado para fer- yir de Superintendente de Carruagens nefta urgen~ ee 2 te ae fobre oTerremoto deLishoa. 67 te occafiad o Defembargador da Cafa da Supplica- gad Jofeph de Seabra da Silva; ao qual V. Excel- lencia pode encarregar as condugées , que forem necefiarias. Deos guarde a V. Excellencia, Paco de Belem, a 4 de Novembro de 1755. = Sebattiad Jofeph de Carvalho e Mello. EDITAL Me ElRey noffo Senhor ; que todos os barcos, e navios, que trouxerem pad, le gumes , arroz, manteiga , farinhas, pefcados feces , peixe frefco, e mais mantimentos, vad ancorar, ¢ portar defde a Ponte da Cafa da India até o Cacs da Pedra; e que toda a peffoa, que quizer comprar osreferidos generos, concorra as {obreditas prayas, € pracas a ellas adjacentes , para onde o mefmo Se- nhor tem mandado dous Defembargadores Verea- dores do Senado da Camara a repartirem os met mos generos, taxados pelos precos communs, que valeraé no mez de Outubro proximo precedente. Paco de Belem , a 4 de Novembro de 1755. = See battiad Jofeph de Carvalho ¢ Mello. = Lugar % do Sello. Ao mefmo tempo mandou S. Magettade avi- fat o Marquez Eftribeiro mor, Governador das Ar. mas, para mandar poftar duas guardas grandes nas referidas Pracas, a fim de obyiarem as defordens do poyo, li Avifa 68 Providencias Vu. Avifo para 0 Defembargador J ‘ofeph de Seabra da Silva mandar fazer Inuna diftinéta relacad de todas as bef. tas de carga, e carros, em todas as Villas, e Luga- res do Termo de Lisboa, ainda de Donatarios , fa- zendo-as promptas para as condugbes dos mantimentos. Ua Mageftade he fervido ordenar, que Vim mande logo fazer huma diftincta relagaé de to- das as beftas de carga, e carros , que houver em to- das as Villas, e Lugares do ‘Termo de Lisboa, € fete legoas ao redor da mefma Cidade , paffando °V.m. as ordens neceffarias para 0 dito effeito a to- das as Jufticas das mefimas terras, pofto que algu- mas dellas fejaé de Donatarios, ainda que dignos de nota efpecial; porque 0 mefmo Senhor em be neficio da aétual urgencia, e da faude publica tem feito cumulativas por ora todas as jurifdigées. Em cuja certeza podera V.m. tambem entrar em todas, e quaefquer terras , onde julgar que he neceflaria a fua prefenca para fe fazerem as relacdes exactas , € fe guardar nos tranfportes na6 fo a igualdade , mas tambem aquella attencad , que fe deve ter com os Lavradores emtempo, no qual andaé louvavel, e utilmente occupados nas fuas fementeiras. E das re- feridas bettas , e carruagens , que V. m. tiver prone ptas, applicard aquellas, que julgar mais competen- tes aos carretos , que lhe forem indicados pelo Mar- quez de Alegrete , Prefidente do Senado 6a Cama- za, aquem S. Mageftade encarregou de fazer diftri- buir o pad, e viveres , que devem fer tranfportados para fobre oTerremoto deListoa. 69 para o fuftento do povo de Lisboa. Deos guarde a 'V.m. Pago de Belem, a 4 de Novembro de 1755. = Sebaftiad Jofeph de Carvalho e Mello. VIL Avifo para 0 Marquez Eftribeiro mér mandar por prom- ptas duas rondas nas prayas doTerreiro do Pago, on- de fe vendiad os comeftiveis ao povo , para evitarem neile alguma defordem. ILL.” E EX. SENHOR. Ua Mageftade manda remetter a V. Excellen- cia a copia do Avifo inclufo , que acabo de fa- zer ao Senhor D. Rodrigo Antonio de Noronha e Menezes, para que V. Excellencia mande pér duas rondas as mais numerofas, que as circunflancias do tempo permittem, nas prayas do Terreiro do Pago, , eda Ribeira, onde S. Mageftade manda vender o ° “ pad, e todos os outros comeftiveis ao povo, para evitarem alguma defordem, que nelle fe pofla origi- nar da concorrencia , em que querera6 todos com- prar ao mefino tempo: ordenando V. Excellencia aos Commandantes das fobreditas rondas, que pro- curem exhortar 0 mefmo povo , fignificandolhe , que naé tem neceffidade de fe apreflarem, e de faze- rem confufad ; porque S. Mageftade tem dado taes Providencias, que a abundancia dellas fe extender atodos: E que no cafo, em que ifto nad bafte, te- nhaé grande cuidado em prenderem, e remetterem para o lugar, que V.Excellencia lhes deftinar, o pri- meiro,, Ou primeiros, que fe atreverem a levantar lili a VOL; 70 Providencias a yor; tendo efpecialiffimo cuidado em Siganos , Caftelhanos, ¢ Defertores eftrangeiros , que conf ta tem fido os Reos dos facrilegos roubos , de que foa o efcandalo em toda efta Corte. Deos guarde aV.Excellencia. Paco de Belem, a 4 de Novene bro de 1755. = Sebaftiad Jofeph de Carvalho e Mello. Ix: Avifo para D. Rodrigo Antonio de Noronha e Mene- zes por em arrecadacad os mantimentos, que fe acha- ‘vad nos navios do porto defta Cidade, com as avalia- goes dos pregos communs , fazendo-os conduzir para os Armazens. Endo prefente a S. Mageftade , que nefte por- to de Belem, e delle até o de Lisboa, fe achad diferentes navios carregados de comettiveis , ou delles providos em quantidades, que excedem a ne- ceffidade do fuflento das fuas equipagens: He o mefimo Senhor fervido , que V. Senhoria mandan- do-os vifitar, ¢ pondo-fe em arrecadacaé todos os mantimentos , que nellas fe acharem com as avalia- Odes dos precos communs , e ordinarios , que até agora valerad , os faga extrahir para os Armazens , que puder fazer promptos para a guarda dos mefmos mantimentos , os quaes fe hirad dando por efcritos de Joaé Lucas de Barros, Efcrivad da Cozinha do mefmo Senhor, na parte que delles vier para a Real Oxaria, refervando-fe o mais para delle fe difpor as ordens de S. Mageftade. Sendo tambem prefente ao mefmo Senhor a facti- fobre oT erremoto de Lisboa. 7% facrilega impiedade , com que diverfos malfeitores tem fahido de bordo de navios a defpojar as car fas, e os Templos, recolhendo-fe abordo dos met mos navios com os roubos, e refugiando-fe nelles outros malfeitores com os cabedaes, que puderad roubar: He S. Mageftade outrofim fervido, que V. Senhoria mande dar bufca em todos os referidos na- vios , fem excepgad de peffoa alguma, das que nelle fe acharem ; e que encontrando-{e roubos, fejad pot tos em arrecadagad, e os Reos delles prezos, ¢ re- mettidos ao lugar feguro , que V. Senhoria lhe det tinar , para delle ferem entregues 4 ordem do Du- que Regedor das Jufticas. Para as referidas diligencias tem S. Mageflade ordenado ao Marquez de Abrantes, que mande fa- zer promptas 4 ordem de V. Senhoria as embarca- ges, que forem neceflarias, e permittir o tempo; fobre o que fe entenderd V. Senhoria com o dito Marquez. ‘Tambem o mefmo Senhor nomeou para as vi- fitas , e para formar os proceffos verbaes , e fumma- rios, que fo permitte a urgencia da a@tual calami- dade, hum Miniftro do Confelho da Fazenda, que fe aprefentara a V. Senhoria. Para formar os livros da arrecadacad, e diftri- buicaé dos referidos mantimentos, ¢ roubos, tem o mefmo Senhor nomeado o Contador geral do Exer- cito , e Provincia de Alentejo Antonio Lopes Du- rao. Sendo certo, que V. Senhoria naé poderd dei- xar de neceflitar de alguns Militares para a feguran- ga das referidas diligencias , os pedira ao Iluftriffi- mo, ¢ Excellentiffimo Senhor Marquez Eftribeiro . mor, 2: Providencias mor; aquem fe avifa, que tambem fe entenda com ‘V. Senhoria nefta materia. ‘Ultimamente concede S. Mageftade a V. Se- nhoria toda a jurifdicad , que lhe for neceffaria pa- ya conttituir todos os Officiaes , que lhe parece yem competentes, e uteis para a expedigad das taes diligencias ; ainda que fejaé de jurifdigdes diverfas; porque o dito Senhor em foccorro de huma tad ur- gente, e laftimofa neceffidade publica tem feito cu- mulativas todas as jurifdicGes dos Chefes encarrega- dos por S. Mageftade até fegunda ordem. O mefino Senhor manda remetter a V. Senho* ria a copia da Portaria junta, para que V. Senhoria na conformidade della, e precedendo as diligencias de vifitas, e bufcas, mande defembaracar os navios, e barcos de pefcadores , que achar neffes termos. Deos guarde a V. Senhoria. Paco de Belem, a 4 de Novembro de 1755. = Sebaftiad Jofeph de Carva: Iho e Mello. » x. Avifo para 0 Marquez, de Abrantes mandar dar @ ordem de D. Rodrigo Antonio de Noronha e Menexes as ” embarcagées precifas para as vifitas , e tranfportes hi q dos mantimentos , que fe achavaé abordo dos navios, ILL” E EX.° SENHOR. Ua Mageftade he fervido , que V. Excellencia mande dar 4 ordem de D. Rodrigo Antonio de Noronha e Menezes as embarcacées, que elle pedir , ¢ couberem no aperto do tempo , para as a vifi: Sobre oT erremoto de Lisboa. 73 vifitas, e tranfportes dos mantimentos > que fe achaé abordo dos navios , que eftad nefte porto ; cujas diligencias o mefmo Senhor tem encarregado ao cuidado do mefno D. Rodrigo Antonio de No- ronha e Menezes. Deos guarde a V. Excellencia. Paco de Belem, a 4 de Novembro de 1755. = Se baftiaé Jofeph de Carvalho e Mello, XI Avifo para 0 Duque Regedor , em que fe the ordena ; que os Miniftros encarregados da infpeccad dos Bair- ros remettad ao Prefidente do Senado da Camara as relagées de todos os mantimentos 1 gue defcobrifem. ILL?” E EX.” SENHOR. Ua Mageftade he fervido, que V. Excellencia ordene aos Miniftros , que fe achaé encarrega- dos na infpeccad dos Bairros de Lisboa , que logo que nelles forem defcobrindo mantimentos, vaé re« mettendo as relacdes de todos os que acharem ao Marquez de Alegrete , Prefidente do Senado da Camara. Deos guarde a V. Excellencia. Paco de Belem, a 6 de Novembro de 1753. = Sebattiad Jofeph de Carvalho ¢ Mello. 74 Providencias XIL sAvifo para 0 Marquez de Alegrete mandar ficar Edi- taes , para que as Padeiras, Tendeiras , Artifices, € homens de ganhar, nab excedad os pregos do mex de Outubro proximo paffado. ILL” E EX.” SENHOR. Hegando Anoticia de S. Mageftade, que as Padeiras , Tendeiras , Astifices, e homens de ganhar , abuzando impiamente da calamidade actual, tem extorquido ao povo pregos exorbitam tes pelos gencros de indifpenfavel neceffidade , que The vendem , ¢ pelos fervigos que lhe fazem, obran- do em tudo 0 referido contra a Ley de Deos, € do Reino, ¢ contra a Providencia, com que 0 mefimo ‘Senhor tem ordenado , que em nada fe alteraffem os pregos correntes no mez de Outubro proximo paflado: He o mefmo Senhor fervido , que V. Ex- cellencia com toda a brevidade poffivel , ¢ antes que a impiedade de femelhantes homens faga ma- yor extorfad, mande fixar Editaes em todos 0s ar- rayaes dos fuburbios de Lisboa , e lancar nelles pregdes, pelos quacs eftabelega, que todos, ¢ cada hum dos fobreditos , que excederem os preqos do mez de Outubro proximo paffado , nad fo pagardd anoviado o que extorquirem a favor de cada huma das partes, a quem fe fizerem as extorsOes , mas tambem ferad condemnados a trabalharem em fer- ros por tempo de quatro mezes nas obras dos def entulhos da Cidade, nad excedendo aextorfad de : . det 6 Sobre oT erremotode Lisboa, “73 dez toftdes, ¢ que dahi para cima crefcerd a pena corporal 4 mefina proporcad. Deos guarde a V. Excellencia. Pago de Belem, a 10 de Novembro .de 1755. = Sebaliad Jofeph de Carvalho e Mello. be XI. Abvifo para D. Rodrigo Antonio de Noronha e Menexes JSazer defcarregar dos navios todos os comeftiveis, pela via da Alfandega. S$ Ua Mageftade he fervido, que V. Senhoria faca fufpender todo 0 defembarque de comeftiveis dos navios para a terra immediatamente , fazendo defcarregar todos pela via da Alfandega, vifto ha- ver ceflado a neceflidade , que deu motivo a fe pre- terir a referida Alfandega. Deos guarde a V.Senho- ria. Paco de Belem, a 14 de Novembro de 1733. = Sebaftiad Jofeph de Carvalho e Mello. XIV. Avifo para 0 Marquez Eftribeiro mér fazer recother & Praga de Cafcaes os Artilheiros , que nad entravab de guarda na dita Praga. ILL© E EX” SENHOR. Endo prefente a S. Mageftade, que a Praca de Cafcaes tem huma Companhia de Artilheiros, que confta de oitenta homens, e que {6 quatro en- trad de guarda: He o mefo Senhor fervido orde- nar, que V. Excellencia os mande recolher, para fe Kii far 6 “" Providencias fazer 0 fervico da dita Praca mais regular, por fe achar ametade do feu Regimento nefta Corte , ¢ fe poder aliviar as Ordenangas, para que os Lavrado- res poflaS melhor trabalhar em tempo , que he tad neceffario o feu minifterio. Deos guarde a V. Ex- cellencia. Paco de Belem,.a 14 de Novembro de 1735. =1 Sebaftiad Jofeph de Carvalho ¢ Mello. XV. Avifo para 0 Marquez Eftribeiro mor fazer expedir as diligencias , a que haviad de afiftir os Officiaes dos —Auxiliares , e Ordenancas do Termo, a fim de oftes fe recolherem. ILL.” E EX”° SENHOR. Ua Mageftade he fervido, que as diligencias , a que had de affiftir os Officiaes dos Ausiliares, e Ordenangas do Termo, f{ejad expedidas com toda a poffivel brevidaile , entendendo-fe V. Excellen- cia com o Duque Regedor das Jufticas , em razaé de ter chegado o tempo das fementeiras , e de ferem grande parte dos foldados dos referidos Ter- mos Lavradores, e Seareiros, que na6 podem dila- tarfe nefta Corte fem irreparavel prejuizo. Deos guarde a V. Excellencia. Pago de Belem, a17 de Novembro de 1755. = Sebaftiaé Jofeph de Carva- Iho e Mello. * Sobre oTerremoto deLishoa. 77 XV Avifo para 0 Marquez de Alegrete, ordenandofe-lhe gue remettefe as Ordens ,ou Editaes , em que fe fundou aabjolvicad geral dos direitos dos comeéftiveis, ILL? E EX SENHOR. S Ua Mageftade he fervido , que V. Excellencia me remetta asOrdens, ou Editaes,em que fe fundou a abfolvicaé geral dos direitos dos comefti- veis, e até do bacalhao: reduzindo-fe as Ordens do mefimo Senhor expreffas no Edital por mim aflinado em 3; no outro Edital, e Avifo de 4; eno outro Avifo de 10 do corrente fomente a abfolvicad do pefcado, que foffe vendido do Caes de Belem, até ode Santarem , onde nunca ja mais fe vendeo fe- naé o peixe frefco, que trazem os Pefcadores, que portad nos referidos Caes; ¢ a fufpenfad dos direi- tos daquelles comeftiveis, que entrad pelas portas da Cidade, para affim fe animarem, e favorecerem os pobres do Termo, e vifinhangas de Lisboa, que os coftumaé conduzir ; ¢ na6 havendo a mefma ra- za6 para fe abfolver dos mefmos direitos os outros generos , que cafualmente entrarem pela barra; e que para entrarem naé neceflitad de outro eftimulo, que naé feja o feu proprio intereffe. Deos guarde a V. Excellencia. Paco de Belem, a 22 de Novem bro de 1755. = Sebaftiad Jofeph de Carvalho e Mello. Kiii Ania 8 Providencias XVIL Avifo para 0 Marquez de Alegrete fazer, que os Mi- niffros encarregados da infpeccad dos Bairros the en- viem as relagbes dos mantimentos, para as participar aos Miniftros , que deviad affftir no Terreiro do Paz go, ena Ribeira para diftribuillos ao povo. ILL’ E EX.” SENHOR. ‘(Ua Mageftade me manda remetter a V. Excel- lencia a copia inclufa das Ordens, que o met _ mo Senhor me mandou expedir ao Defembarga- dor Provedor da Alfandega ; para que fendo pre- fentes ao Senado, fe regulem por ellas os Mini ros, que devem affiftir no Terreiro do Pago, ena Ribeira ; os quaes S. Mageftade ordena, que até fegunda ordem refidad indefectivel , e continua mente nas referidas Pracas, aflim de manha, co- mo de tarde, defoccupando-e para efle effeito de toda, e qualquer outra diligencia, ¢ tendo cada, hum delles lugar certo, e invariavel, onde os poffad achar os Officiaes, que Ihe levarem as relagdes dos mantimentos, ¢ as partes, que tiverem que reque- rer fobre elles. Eno cafo em que os Miniftros en- carregados da infpecqad dos Bairros nad tenhad mandado a V. Excellencia as relagdes ordenadas no meu Avifo de 4 do corrente: He o mefmo Se- nhor fervido, que V. Excellencia lhes ordene, que logo Ihas enviem fem mayor dilagad, para V. Ex: cellencia as participar aos referidos Vereadores em beneficio do povo, como foy ordenado pelo ae es Jobre oT erremotode Lisboa. 79 Senhor , ¢ ao Provedor da Alfandega a bem da ar- recadaga6 dos Direitos Reaes, conftando que entra- ra por fraude os generos, que forem achados nos sefpectivos Armazens. Deos guarde a V. Excellen- cia. Pago de Belem , a 22 de Novembro de 1755. = Sebaftiad Jofeph de Carvalho e Mello. XVII. Abifo para 0 Defembargador Francifco Xavier Porcille fazer impedir as traveffias dos mantimentos. Endo prefente a S. Mageftade , que de bordo dos navios fe eftad continuadamente fazendo traveffias dos mantimentos contra as Leys Divinas, e Humanas, e fem arrecadacaé dos Direitos, que fe devem pagar dos ditos mantimentos , ¢ que os Guardas , que efta6 nos ditos navios, nad impedern a extracgaé: He o mefmo Senhor fervido ordenar, que V.m. faca ir todos os navios, que trouxerem comettiveis, para a Ribeira de Lisboa, e que abor- do delles fenaé vendaé os ditos comettiveis, fem fer por ordem dos Vereadores , que fe achaé encarre- gados da reparticad dos mefmos mantimentos, e do Juiz do Povo daquella reparticad , mandando V. m. para ter conta dos Direitos hum Official da Al fandega , que melhor the parecer , e mandar pro- ceder contra os que continuarem em femelhantes tranfgrefsées, Deos guarde a V.m. Paco de Be- lem, a 22 de Novembro de 1755. = Sebattiad Jofeph de Carvalho e Mello. Para Bo Providencias x: Para o Secretario de Eftado Sebaftiad Jofeph de Carvas Iho e Mello. ILL”* E EX,” SENHOR: Emetto a V. Excellencia a conta, qué deu o Defembargador Francifco Galvaé da Fon feca, para que pondo-a na prefenca de EIRey meu Senhor , refolva o que for fervido fobre a materia de que trata. Deos guarde a V. Excellencia. Sena do, 26 de Novembro de 1755, = Marquez de Ale- ete, ar xx, Carta do Defembargador Francifco Galvad da Fonfeca para o Marquez de Alegrete , participando-the a defcarga de quatro navios de bacalhao. ILL.” E EX.° SENHOR. Ontem 25 do corrente naé veyo bacalhao al- A gum 4 Ribeira , em que havia muito povo a procurallo : conftou , que dos quatro navios defte genero, que fe achaé no Rio, hum defcarregou pa- za 0 Poco do Bifpo, ou Marvilla : dous forad def- carregar para Alcochete, e Aldea Gallega, donde Jogo paflara para Alentejo , ¢ Caftella, e fe ven- dera pelo prego, que feu dono quizer; ¢ para vir para efta Cidade ja tem de mais a defpeza do feu tranfporte. O outro efta em fer, mas fem defcarre- & gar: Sobre oT erremoto deLishoa. 81 gar: os mais ancoraé aonde lhes parece, enaé no lugar determinado ; ¢ eu nad pofio, nem obrigar a ancoragem , nem a defcarga, por na6 ter embarca- ga, nem gente; além de que ifto pertence ao Pro- vedor da Alfandega, que deve obfervar as Ordens de S. Mageftade , communicadas a V. Excellencia. Tambem me dizem, que para a Junqueira, e Belem fe tem defcarregado parte defte comeftivel. O que participo a V. Excellencia para fer certo do que pat fa na minha commiffa6 , e afliftencia na Ribeira. Deos guarde a V. Excellencia. Ribeira, 26 de No- vembro de 1753. = Francifco Galyaéd da Fonfeca. XXI. Para o Marquez de Alegrete fobre o referido na Carta antecedente. ILL. ® E EX.° SENHOR. FE Azendo prefente a S. Mageftade 0 Avifo, que V. Excellencia me dirigio no dia de hontem com o do Vereador do Senado da Camara Fran- cifco Galvaé da Fonfeca, em que referio a V. Ex- cellencia no mefmo dia, que na6 havia bacalhao na Ribeira; e que os quatro navios do mefmo gene- ro tinhad pela mayor parte defcarregado fora da poftura ao feu livre arbitrio: Me manda o mefmo Senhor refponder a V. Excellencia , que ambos ef. tes dous cafos haviaé tido muito anticipadas Provie dencias nas fuas Leys, e Ordens. O primeiro cafo, no Avifo de 4 do corrente, no qual para que 0 po- vo nad achaffe efta, € femelhantes faltas, nem na $3 Providencias Ribeira, nem no Terreiro do Pago, avifey aV. Ex. cellencia , que ordenaffe a todos, e cada hum dos Miniftros , que fe achaé principalmente encarrega- dos da infpeccad dos Bairros de Lisboa, que lhe re- metteflem as relacdes de todos os generos comefti- veis, que cada hum delles achaffe no feu deftritto, para affim os poderem os ditos Vereadores manifef tar As partes; que os neceflitaflem : accrefcendo as outras Providencias do dia 22, e 26, conteudas nos ‘Avifos expedidos no dia 22 do corrente, ¢ no de ho- je, cujas copias remetto a V. Excellencia. O fegun- ‘do cafo; porque além de naé hayer nunca S. Mage tade difpenfado as Leys, que prohibem os navios romperem as fuas cargas fem bilhetes da Alfandega, ¢ fora da poftura , fendo-lhe prefentes as tranfgref sdes , com que fe cftavaé vendendo os generos a pordo dos mefmos navios, havia mandado obviar efta defordem pelo fobredito Avifo de 22 do corren- te. Deos guarde a V. Excellencia. Pago de Belem, a27 de Novembro de 1755. = Sebaftiad Jofeph de Carvalho ¢ Mello. Jfobre oT erremoto deLisboa. 83 Pe XXIL : Avifo para 0 Duque Regedor , participando-the a refolu: gad de 8. Mageftade fobre a alteragab, que 0 Senado havia feito no Edital do dia 10 de Novembro, exce- dendo os pregos porque foraé vendidos os comeftiveis, no mex de Outubro. : ILL.” E EX.° SENHOR. FE Azendo prefente a S. Mageftade 0 Avifo, que V. Excellencia me dirigio na data de 22 do corrente fobre a alteraga6, que o Senado da Cama- ra havia feito no Edital do dia 10, pelo pregaé com que excedeo os precos, a que forad vendidos os ge- neros comettiveis no mez de Outubro proximo pre- terito , e principalmente o bacalhao , ¢ a manteiga: E havendo o mefino Senhor mandado , que o refe- tido Senado lhe confultaffe, como confultou, a ra- za6, que teve para o fobredito procedimento: Foy S. Mageftade fervido refolver , que o Senado da Ca- mara na6 podendo interpretar, ou alterar as prece- dentes Ordens Regias , fem pedir declaracaé dellas ao mefimo Senhor, no cafo que neceflaria fofle; mui- to menos 0 podia fazer a refpeito dos ditos generos alfandegados , que nad [a0 fujeitos as pofturas da Camara para Ihe alterar os precos definidos pelo Edi&o Regio ; ordenando-lhe S. Mageftade , que revogando o nullo pregad, que fez lancar na fo- bredita forma , fizeffe logo Jancar outro , reduzi- do As identicas, e precifas palavras do Edital de ro do corrente, para que por elle procedeffe fem duvi- Li da Providencias daa Cafa da Supplicagad , com a jurifdigad cumula- tiva, que 0 mefmo Senhor lhe tem concedido ao dito refpeito em commum beneficio. O que S. Mageftade me manda participar a V. Excellencia , para que affim o fique entendendo , com adeclaracaé de que contra as pefloas, que de- linquirad depois do dito pregaé nullo, e antes de fer retratado pelo novo pregad , que fe deve langar , na haja procedimento fenad em termos habeis; at- tendendofe 4 fé publica, que o referido pregad nul. Jo deve ter para 0 povo, em quanto nad ouvir ou- tro bando contrario. Deos guarde a V. Excellencia.’ Paco de Belem ,a 29 de Novembro de 1755. 4 Sebattiad Jofeph de Carvalho e Mello. , XXL Abvifo para 0 Marquez Eftribeiro mér mandar caftigar, os Affentifias defta Corte , pela defordem comettida no provimento das Tropas. ILL’? E EX.° SENHOR. tas defta Corte tem continuado no mao provi- mento das Tropas, fazendo 0 pad incapaz de fe re- ceber , nem de o poderem comer os foldados fem grave prejuizo de fuas vidas, ¢ faltando com palha a feus tempos devidos, de forte que tem ficado fem ella os cavallos por muitas vezes, nao lhes feryindo de emenda as advertencias de V. Excellencia , ¢ as mais que fe lhe tem feito : He o mefmo Senhor fer- vido, que V. Excellencia os mande caitigar com to 3 a S Endo prefente a S. Mageflade, que os Affentif- Sobre oT erremoto de Lishoa. 85 da a demonftracaé, que Ihe parecer merece tad ef: candalofo provimento em desfervigo do mefino Se- nhor, ¢ das fuas Tropas: mandando V. Excellen- cia adyertir ao Vedor geral , para que repetidas ve- zes faca vifitar o Aflento, e fornos, como tem de obrigagad ; e declarandolhe , que fera refponfavel de qualquer outra defordem, que comettaé os ditos Affentiftas, Deos guarde a V. Excellencia. Paco de Belem, a 11 de Dezembro de 1755. = Sebattiad Jofeph de Carvalho e Mello. XXIV. Carta para 0 Marquez de Tancos fazer levantar as guardas das eftradas do Alentejo, e publicar por bandos , e editaes aliberdade da extracgaé dos Srutos , como antes fe praticava, TLL* E EX. SENHOR. Ua Mageftade attendendo a haverem ceffado os motivos das guardas, que até agora veda- ya0_as eftradas deffa Provincia: He fervido , que 'V. Excellencia ordene a todos os Miniftros, e Of ficiaes de Guerra, que levantem as ditas guardas; € que 0 tranfito dos viandantes fe reduza ao eftado antecedente até fegunda ordem do mefmo Senhor. O qual fendo informado de que em algumas terras defla Provincia fe difficulta a extracga6 dos trigos, fevadas, ¢ mais grios, com o pretexto das primeiras Providencias refpectivas A calamidade do dia primei- ro de Novembro proximo preterito, depois de hae ver 86 Providencias ver S. Mageftade permittido, que todos os teferidos frutos foflem extrahidos da mefma forte, que fe pra- ticava antes do referido dia, fo com a differenca de fahirem com guias para os Magiftrados dos luga- res, onde fe dirigirem , para aflim fe evitarem mo- nopolios: He o mefmo Senhor outrofim fervido , que efta liberdade fe publique por bandos, e edi- taes, para que por meyo delles cefle todo o abu- 20, que fe pretende fazer da prohibigad anteceden- te. O que participo a V. Excellencia de ordem de S. Mageftade, para affim o ficar entendendo , ¢ fa. ger executar. Deos guarde a V. Excellencia. Be- Jem, 27 de Janeiro de 1756. = Sebaftiad Jofeph Carvalho e Mello. Outra femethante Carta fe efereveo as peffoas abaieco declaradas. O Conde de Coculim; a Antonio Carlos de Caftro , a Miguel Joa Botelho , a Bernar- do Duarte de Figueiredo, ¢ ao Corregedor da Co- marca de Coimbra. , Jobre oTerremoto de Lisboa, 83. PROVIDENCIA IIL Curar os feridos , e doentes , que eftavad defampa- xados nas ruas, em perigo certo de morrerem. ~ ii i I i : ' Avifo para 0 Monteiro mér do Reino, em que fe the or- dena, que com o Contador geral do Exercito eftabe- legab no Convento de S.Joad de Deos a Vedoria, ¢ Hofpital para os foldados doentes. ‘ S Ua Mageftade tem refoluto, que o Hofpital para fe curarem os Militares fe erija no Con- vento de S. Joao de Deos, de que fe fez Avi- fo ao Marquez Eftribeiro mér; e da mefma forma baixou refolugaéd a Junta para no mefmo Conven- to fe fazer 0 expediente das Vedorias: E he o met mo Senhor fervido , que V. Senhoria pafle ao met mo Conyento com o Contador geral do Exercito ; € que com o Vilitador, Provincial, e Prior elejad o melhor cdmodo affim para affiftencia dos enfermos , como para areferida Vedoria, fem com tudo fe fa- zer oppreffad ao mefmo Convento: dando V. Se- nhoria as Providencias neceflarias, para que com o Almoxarife , Efcrivad , e Serventes fe pofla logo tra- they tar de materia tad importante. E do que V. Se: ‘ nhoria encontrar, dara conta por efta Secretaria, como tamber o fara prefente na Junta para as mais Proyidencias, que por ella fe devem expedir, Deos guar 88 Providencias guarde a ‘V. Senhoria. Paco de Belem, 423 de No- vembro de 1755. = Sebaftiad Jofeph de Carvalho e Mello. . IL Abvifo para oD. Abbade do Mofteiro deS. Bento da Sau- de, em que fe lhe ordena , que dé faculdade para no feuConvento fe recolherem os feridos do Hofpital Real. Ua Mageftade fendo informado da impoffibili- S dade, que ha no Hofpital Real de todos os Santos para receber os muitos doentes, que nelle concorrem ; e da difpofigad, que fempre fe acha no religiofo animo de V.P. para exercitar os aétos me- ritorios aos olhos de Deos: Me manda fignificar a ‘V.P., que ferd do feu Realagrado, que V. P. per- mitta ao Enfermeiro mor recolher no Celeiro defle ‘Mofteiro os feridos do dito Hofpital , em quanto nelle fe naé concluem as commodidades interinas , que fe acha6 proximas a findarfe. Deos guarde a V. P. Paco de Belem, a 28 de Fevereiro de 1756. =, Sebaftia6 Jofeph de Carvalho e Mello, ‘ UL. Avifo para 0 Monteiro mér do Reino, em que fe the orde- na, que para acura dos doentes do Hofpital Real, tan- to de febres como de outras enfermidades femelhantes, fe firva do Celeiro do Mofteiro de 8. Bento da Sande. Ua Magelftade attendendo A falta, que V. Se- nhoria reprefentou, que havia no Hofpital Real de todos os Santos, para fe recolherem os doentes , . gue Sobre oT erremotodeLishoa. 89 que nelle fe curad com o reparo neceffario: He fer- vido, que V. Senhoria, confervando, e recebendo no dito Hofpital , e mais lugares , que aGtualmente fe occupaé por conta delle, os doentes de febres ,e de outras enfermidades femelhantes, fe firva para a cura de todos os feridos prefentes, e futuros, du Ce- ieiro do Mofteiro de S. Bento da Saude, que ja fe oce cupou na occafiaé do Terremoto; 0 que o mefmo Senhor mandou fignificar ao D. Abbade do dito Mofteiro, que fomente ferviria para fe curarem feri- dos. Com 0 que ficaraé livres os lugares, que efles occupavad, para a accommodacad dos outros enfer- mos. Deos guarde a V. Senhoria. Paco de Belem, a 28 de Kevereiro de 1756. = Sebattiad Jofeph de Carvalho ¢ Mello. Iv. Aoife para 0 Dugue Regedor ,-approvandothe 0 fen pa: recer fobre a accommodagaé dos enfermos do Hofpitat Real no Celeiro do Mofteiro de S. Bento 2 fe cubri- rem as Enfermarias do dito Hofpital. ‘ ILL. E EX.” SENHOR: Endo prefente a S. Mageftade 0 Avifo, que V: Excellencia me dirigio em 18 do corrente fo- bre a falta de commodos para fe curarem os enfer- mos do Hofpital Real: Foy o mefino Senhor fervie do approvar o parecer de V. Excellencia, e na cone formidade delle mandou avifar a0 Monteiro mor do Reino, e ao D. Abbade do Mofteiro de S, Bento da Saude, para que os feridos prefentes , 'e futuros M fe- 90 Providencias fejad tranfportados para o Celeiro do dito Mofteiro: ‘Tambem 8. Mageftade fe conformou com 0 pare- cer de V- Excellencia, pelo que pertence a fe cur brirem as Enfermarias do referido Hofpital com a te- iha , que fe acha nas ruinas das cafas, que fervirad de Thefouro no Caftello de S. Jorge. Deos guarde aV. Excellencia. Pago de Belem , a 28 de Feve- reiro de 1736. = Sebaftiaé Jofeph de Carvalho e Mello. v. Avifo para 0 Duque Regedor , approvando-lhe o feu pa- recer fobre fe recolherem os doentes do Hofpital Real para as quatro Enfermarias , que fe achavad conclui- das no dito Hofpital. JLL.” E EX.° SENHOR. Azendo prefente a S. Mageftade 0 Avifo, que V. Excellencia me dirigio na data de 24 do Corrente , fobre fe acharem concluidas as quatro Enfermarias terreas: Foy 0 mefino Senhor fervido conformarfe com o parecer de V. Excellencia, ¢ em virtude delle mandou efcrever ao Monteiro mor do Reino, 0 que confla da copia do Avifo; que remetto a V. Excellencia , para lhe fer prefen- te oque S. Mageftade determinou. Deos guarde a V.Excellencia. Paco de Belem, a 26 de Mayo de 3756. = Sebattiad Jofeph de Carvalho e Mello. _ Asi oN fobre oTerremoto de Lisboa. 91 VL » Avifo para 0 Monteiro mor do Reino , em que fe the or- dena, que os doentes, que

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