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O cinema sempre teve na performance dos corpos filmados um grande elemento de modulao de sua escrita.

Fosse nos gestos e expresses potentes do perodo silencioso, que codificaram uma grande variedade de sentimentos e sensaes. Ou em atuaes prosaicas de movimentos e momentos realistas, onde a identificao e o sentido de verdade foram alvos prioritrios. Ou ainda em estratgias particulares de certos autores, como o estranhamento advindo da hiper-expressividade dos corpos de Jean Epstein, ou ainda o esvaziamento expressivo de Robert Bresson apontando para a dimenso do transcendental. Neste sbado, 14 de julho, o Cineclube Dissenso exibe dois filmes, cada um deles com estratgias singulares de articulao da performance: o curta Chumlum, de Ron Rice (EUA, 1964) e o longa Johan, de Philippe Valois (Frana, 1976). Rice insere-se entre os diretores do cinema underground americano dos anos 1960, junto com Jack Smith, Ken Jacobs e Andy Warhol. A exemplo de outros filmes do grupo, Chumlum leva a performance ao paroxismo, inspirando-se no cinema narrativo clssico no que ele tem de mais popular, mas extraindo dele somente a superfcie, o efeito, removendo quaisquer traos de narratividade. O contedo a performance em si. J Vallois no nega a herana roucheana. Buscando conhecer o ex-amante, Johan, presena ausente que assombra toda a durao do filme, ele parte em busca de um ator que consiga captar-lhe a essncia a partir de lembranas e pistas deixadas para trs. Performance como descoberta. Ou, ainda, performance como pretexto para novos encontros e novas experincias, que constroem novos mistrios.

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