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INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: DESAFIOS PARA

GESTORES E PROFESSORES
Cleyton Vanut Cordeiro de Magalhães ¹, Ronnie Edson de Souza Santos ², Jorge da Silva Correia
Neto³
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST)
Serra Talhada - Brasil
{ cleyton.vanut, ronnie.gd, jorgecorreianeto}@gmail.com

RESUMO
Nos úlimos anos pode-se perceber que o computador é uma ferramenta que está revolucionando o mundo,
disponibilizando uma infinidade de utilidades que otimizam processos e ampliam horizontes. No âmbito
educacional, a informática surge como uma ferramenta capaz de tornar as aulas muito mais produtivas e
atrativas, caso seja usada de maneira adequada, e é com este intuito que o Governo Federal está equipando as
escolas da rede pública com laboratórios de informática com acesso à internet. Porém, durante esse processo
de implantação surgem algumas dificuldades, como por exemplo, a falta de conhecimento dos professores em
relação à informática. Assim, a partir de visitas realizadas em escolas públicas do sertão pernambucano,
buscou-se descobrir quais as principais dificuldades encontradas pelos gestores das escolas na implantação
dessa nova tecnologia nessas escolas.

PALAVRAS-CHAVE: Software educacional, Laboratórios de informática, Tecnologia educacional.

.
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos tem-se percebido o grande aumento da influência da informática na sociedade. Os
computadores passaram a desempenhar um papel muito importante nos diversos processos do cotidiano das
pessoas de maneira geral.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2007), do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o computador está presente em um quarto das residências brasileiras e isso se
deve, em grande parte, às facilidades para a compra. Cerca de 27% dos domicílios brasileiros possuem pelo
menos um microcomputador, o que representa 56,3 milhões de famílias brasileiras fazendo uso desta
ferramenta tão importante para os dias de hoje (FOLHA ON LINE, 2008).
Na dinâmica do trabalho a informática representa uma ferramenta valiosa para tornar alguns processos
mais rápidos e mais seguros. No entretenimento essa importância se mostra nas inúmeras opções de diversão.
Para a educação o computador pode ser visto como uma boa estratégia para a fixação das aulas teóricas, onde
age como ferramenta motivadora, uma vez que chama a atenção dos alunos para atividades mais atraentes e
muitas vezes mais claras.
O acesso dos alunos da rede pública federal a este tipo de recurso se tornou mais significativo desde os
últimos dois anos, com os investimentos do governo federal para a instalação de laboratórios de informática
em todas as escolas públicas até 2010. A informatização das escolas públicas é uma das metas previstas no
Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação (PNDE), que além dos computadores fornece diversos
conteúdos digitais para melhorar a qualidade das aulas, apoiar a inclusão digital e preparar o aluno para o
mercado de trabalho (INCLUSÃO DIGITAL, 2009)
Software Educacional é o nome que se dá aos produtos de software projetados por meio de uma
metodologia que os contextualize no processo de ensino-aprendizagem. Em outras palavras são programas de
computador desenvolvidos com a finalidade de apoiar as atividades educacionais (TAJRA, 2000).
Hoje em dia, existe uma boa quantidade de produtos de software com fins educacionais disponíveis para
todas as disciplinas ministradas no ensino fundamental e médio (Português, Matemática, Geografia, História,
Biologia, etc.). Porém, o uso do software educacional depende do preparo do professor em lidar com o
computador e em manuseá-lo como um instrumento tão comum quanto o quadro branco, um livro ou uma
calculadora.
Em Pernambuco, quase cem por cento das escolas públicas já possui laboratório de informática.
Entretanto, dados levantados1 pelos alunos do curso de Bacharelado em Sistemas de Informação da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), na sua Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST),
mostram que a grande maioria está sem uso ou é muito pouco utilizado no apoio às aulas convencionais.
Desta forma, baseando-se nas informações fornecidas pela direção das escolas e em entrevistas realizadas
com professores da região, pretende-se analisar quais as dificuldades encontradas para o uso dos laboratórios
de informática no apoio às atividades escolares.

2. MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi escrito com base nos dados levantados pelos alunos do curso de Bacharelado em
Sistemas de Informação da UFRPE/UAST para o projeto Futuro Digital¹. A pesquisa fez um levantamento do
tipo survey e avaliou os equipamentos dos laboratórios de informática de nove escolas do Sertão do Pajeú e
adjacências, bem como a disponibilidade do espaço para a realização de atividades com fins de manutenção
das máquinas e capacitação de professores.
Foram realizadas entrevistas com 15 professores do ensino fundamental e médio de quatro escolas
diferentes para analisar a posição destes profissionais em relação ao uso dos equipamentos dos laboratórios e
dos software educacionais nas atividades escolares.
Além disso, foram realizadas pesquisas na internet com o intuito de encontrar software educacionais e
sites com conteúdo educacional que auxiliem no ensino das disciplinas básicas, contribuindo para que haja
um maior aproveitamento do conteúdo trabalhado em sala de aula.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A influência da informática nas atividades escolares é uma realidade que tende a estar presente em todas
as instituições de ensino do país, como consequência positiva dos investimentos governamentais no processo
de inclusão digital. Diante dessa nova circunstância, é importante que o professor reflita sobre essa nova
realidade, começando a repensar as práticas de ensino e construindo novas maneiras de atuar. Para que isso
aconteça, deve-se visualizar o laboratório de informática como uma extensão da sala de aula, um ambiente de
apoio às atividades mais comuns.
Com base nos dados coletados em relação aos laboratórios das escolas do Sertão do Pajeú e adjacências,
pode-se concluir que o espaço fornecido pelo governo possui estrutura propícia para a realização de qualquer
tipo de atividade com os alunos. Porém, nenhuma das escolas está desenvolvendo, atualmente, atividades que
utilizem o computador, o que deixa o laboratório praticamente sem uso. A maior dificuldade das referidas
instituições é a falta de pessoas que tenham capacidade de desenvolver atividades usando as ferramentas
computacionais, que realizem a manutenção do equipamento quando necessário, ou que apenas orientem,
com instruções sobre a utilização tanto do laboratório em geral quanto dos software educacionais.
As respostas obtidas nas entrevistas com os professores revelam que a grande dificuldade destes
profissionais é o receio de se estar em um ambiente em que não se tem o total domínio. Além disto, a maioria
dos professores desconhece os programas educacionais que poderiam ser usados com sucesso nas aulas, ou
não sabem usar o sistema de forma adequada, o que acaba causando a rejeição do produto.
Para ser efetivamente um bom software educacional, o sistema deve conter o máximo de requisitos do
projeto de interface gráfica do usuário de forma a viabilizar a maior interação do aluno com o aplicativo,
juntamente com a facilidade do professor em utilizar o recurso nas atividades.
Um exemplo deste tipo de software é o PhET (PhET, 2009), criado pela Universidade do Colorado-

1
O Projeto Futuro Digital objetiva apoiar e viabilizar iniciativas de promoção da inclusão digital por meio da
“adoção” de telecentros comunitários e escolas públicas do sertão do Pajeú e adjacências. Disponível na
biblioteca da UFRPE-UAST.
EUA, que realiza simulações de eventos físicos, químicos, matemáticos e biológicos. O software roda no
navegador e possui 53 das suas simulações disponíveis em português, possibilitando aos professores e alunos
brasileiros uma maior compreensão de como as simulações ocorrem. Assim como o PhET, existe uma grande
quantidade de programas muito bem elaborados que podem ser usados para melhorar o desempenho dos
alunos, mas que muitas vezes passam despercebidos pelos olhos dos professores.
Outra poderosa ferramenta que está à disposição de muitas escolas é a internet, que é considerada uma
grande fonte de recursos onde programas e sites com conteúdo educacional estão disponíveis 24 horas por
dia, mas que muitas vezes não é utilizada da forma mais proveitosa, se tornando assim, apenas mais uma
fonte de pesquisa de informação. Sites como o Livemocha.com (LIVEMOCHA, 2009), que disponibilizam
gratuitamente cursos de uma série de idiomas, são ferramentas que poderiam tornar as aulas de Inglês, por
exemplo, muito mais dinâmicas e divertidas, uma vez que este trabalha com imagens e áudio. Além disso,
possibilitam a comunicação com pessoas de diversas partes do mundo, as quais podem ajudar na correção de
exercícios.
Outra sugestão do uso de software nas atividades escolares é a utilização de programas comuns, como
os editores de texto e os programas de pintura, para a realização de tarefas com crianças nas primeiras séries
do ensino fundamental. Um bom exemplo disto são os ditados de palavras em português ou em inglês e o
apoio às aulas de desenho e educação artística.

4. CONCLUSÃO

Sabe-se que a informática na educação deve usar os recursos que oferecem uma maior interação entre as
diversas disciplinas. Se um dos objetivos do uso do computador no ensino é o de ser um agente
transformador, o professor deve estar preparado para assumir o papel de facilitador da construção do
conhecimento pelo aluno e não um mero transmissor de informações.
Desta forma, o professor precisa estar ciente de que qualquer instrumento de apoio ao ensino só será
válido quando souber como utilizá-lo.
Nesta nova realidade é importante que a capacitação deste profissional na informática educativa esteja
ligada à sua formação no curso superior, sendo que aqueles que não foram habilitados neste momento,
precisarão de treinamento para passar a usar esse ferramental nas atividades escolares.
Cada escola que possui laboratório de informática necessita ainda de um profissional responsável pela
manutenção dos equipamentos e pelo apoio às atividades em que o professor não esteja tão seguro do uso do
sistema que irá usar.
Em relação o software educacional, é possível concluir-se que para que haja uma boa aceitação, estes
devem também ter uma interface agradável para os alunos. Além disso, devem ser de fácil manuseio pelos
professores, pois estes não estão habituados a trabalhar as aulas com auxílio de programas de computador.

REFERÊNCIAS
FOLHA ON LINE. Informática. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u446337.shtml>. Acesso em 29 jun. 2008.

INCLUSÃO DIGITAL. Governo pretende informatizar todas as escolas públicas até 2010. Disponível
em: http://www.inclusaodigital.gov.br/inclusao/noticia/governo-pretende-informatizar-todas-as-escolas-
publicas-ate-2010. Acesso em 29 jun. 2009.

TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: novas ferramentas pedagógicas para o professor da
atualidade. 2.ed. São Paulo: Érica, 2000.
PhET. Interactive Science Simulations. Disponível em: <http://phet.colorado.edu/index.php>. Acesso em
29 jun. 2009.

LIVEMOCHA – Ensino de idiomas. Disponível em: <http://ww.livemocha.com>. Acesso em: 29 jun. 2009.

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