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Francesco Carnelutti

Um pedao de caminho, pois. Mas de caminho que se fez, no de caminho que se pode fazer. Saber se um fato ocorreu ou no quer dizer voltar atrs. ste !oltar atr"s # o que se chama fazer a hist$ria. %o # um mist#rio que no processo, e no so& mente no processo penal, se faz hist$ria. 'i(o) no # um mist#rio para os *uristas, os quais desde h" muito tempo puseram nele sua ateno+ mas pode surpreender o p,blico em (eral, ao qual meu discurso est" diri(ido. -sto ocorre porque estamos habituados a e.aminar a hist$ria dos po!os, que # a (rande hist$ria+ mas e.iste tamb#m a pequena hist$ria, a hist$ria dos indi!/duos+ inclusi!e no e.istiria aquela sem esta, de i(ual maneira que no e.istiria a corda sem os fios que nela esto enrolados. 0uando se fala de hist$ria, o pensamento !olta para as dificuldades que se apresentam para reconstruir o passado+ mas so, se se tem em conta a medida, as mesmas dificuldades que se de!em superar no processo. Com isto de pior) o delito # um pedao do ca&

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minho, do qual quem o percorreu trata de destruir as pe(adas. Sucede o contr"rio do que ocorre, normalmente, quanto ao contrato) quando um compra, e ainda mais se a coisa tem !alor importante, conser!a, em (eral mediante um documento, a pro!a de ter comprado+ quando rouba, destr$i, o melhor que pode, as pro!as de ter roubado. 1s pro!as ser!em, precisamente, para !oltar atr"s, ou se*a, para fazer ou, melhor ainda, para reconstruir a hist$ria. Como faz quem, tendo caminhado por meio dos campos, quer percorrer em sentido contr"rio o mesmo caminho4 Se(ue as pe(adas de seu passo. 5em 6 mente a fi(ura do cachorro policial, o qual !ai fare*ando aqui e ali para se(uir, por meio do olfato, o caminho do malfeitor perse(uido. 7 trabalho do historiador # este. Um trabalho de habilidade e paci8ncia, so& bretudo, no que colaboram a pol/cia, o Minist#rio 2,blico, o *uiz instrutor, os *uizes da audi8ncia, os defensores, os peritos. 2rescindindo da cr9nica dos peri$dicos, os li!ros policiais e os cinemato(r"ficos t8m apai.onado, mais que informado, o p,blico a respeito deste trabalho. 1

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!anta(em desta literatura, sob o aspecto da ci!ilidade, est" em ter difundido a impresso, para no dizer a e.peri8ncia, das dificuldades da in!esti(ao, em razo da falibilidade das pro!as. 7 risco # o de errar o caminho. o dano # (ra!e quando se erra o caminho, e quando a hist$ria se faz por meio de li!ros, porque ainda quando os historiadores no se

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