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A teoria dos encontros

Já se imaginou pilotando um Mirage? Ou, quem sabe célebre por tornar-se o


maior amestrador de pulgas de todos os tempos?
Eis uma teoria interessante, como saber se você é, ou pode vir a ser o melhor
em qualquer area e destacar-se nela sem nunca ao menos ter tentado? Como
saber se aquele aborígene não seria o melhor guitarrista de todos os tempos se
ele nunca segurou uma guitarra?
O nosso cérebro é engraçado. Por ser econômico ao extremo, acaba criando
certos bloqueios de aprendizado. Unha-de-fome, não libera com facilidade os
hormônios necessários ao virtuosismo. A não ser quando o ato repetitivo é
constante, ou seja, o treino torna-se hábito e prazer! Por isso alguns “tocam
mais” que outros. O cérebro colabora, liberando e aceitando a ordem de
aprender, e a guitarra encontra o sujeito que por sua vez encontra a guitarra.
É amor à primeira vista!
Uma curiosidade quanto a isso, diz respeito a um amigo meu. Na nossa antiga
turma de colégio, passávamos horas tocando violão e cantando, meu amigo,
por sua vez, resignava-se apenas a admirar, não tocava instrumento algum, não
cantava, mas parecia gostar e pediu-me para ensinar-lhe alguns acordes
básicos (não me considero bom músico, “arranho” um violão nas horas vagas
e gosto muito), assim o fiz, ensinei-lhe Dó, Ré, Mi, Fá... e só!
Pouco menos de uma semana depois, este aparece sorridente:
- Vê se está certo... – Mordendo a língüa no canto da boca.
Admirei-me pois todos os acordes que eu ensinara-lhe poucos dias atrás saíam
facilmente. Ensinei-lhe outros, alguns solinhos famosos e nada mais.
Poucos meses depois encontrei-o:
- Tocando muito violão?
- Vai indo bem, escuta:
Para minha total admiração, ouvi de seus dedos (que encontraram um violão
que encontrou seus dedos), a complicada WAVE do eterno TOM JOBIM,
dedilhada e muito bem dedilhada por sinal. Música a qual nunca tive a ousadia
de tentar tirar de ouvido:
- Está bom? – Modesto e ruborizado:
- Bom? Está... está... - Sem palavras.
Nessa e em outras passagens semelhantes vi comprovada esta teoria um tanto
quanto simplória. Todos têm a mesma capacidade, só que alguns cérebros são
um pouco mais generosos do que outros. Isto aliado a um pouco de repetição e
esforço e Voilá, temos um gênio!!!!
Oribes Neto

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