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LIVIA TIRONE FALAR DE AMBIENTE

Democratização do Sol
APESAR DE AS MEDIDAS DE OPTIMIZAÇÃO DE DESEMPENHO ENERGÉTICO-AMBIENTAL OBRIGAREM A UM INVESTIMENTO INICIAL, ESTÁ MAIS DO QUE
COMPROVADO QUE REPRESENTAM O PRIMEIRO PASSO A DAR, POR AUMENTAREM O CONFORTO E A SALUBRIDADE DOS ESPAÇOS QUE HABITAMOS E POR
REDUZIREM A NOSSA DEPENDÊNCIA DE FONTES DE ENERGIA POLUIDORAS.
DR

LIVIA TIRONE (Lisboa, 1961) Estu-


dou Arquitectura na Universidade de
Westminster, em Londres. Em 1989,
criou, com Ken Nunes, a empresa de
projecto e de promoção imobiliária
Tirone Nunes. A Torre Verde, na zona
norte do Parque das Nações, é um
dos seus projectos mais emblemáti-
cos, e o Parque Oriente, quarteirão
sustentável, o mais ambicioso dos
projectos em curso. Entre 2000 e
2005, presidiu ao grupo de trabalho
na área da Arquitectura Sustentável
do Conselho dos Arquitectos da Eu-
Com as condições climáticas e de radiação O alargamento de boas práticas na construção
ropa. Em 2003, foi convidada pela Co-
solar mais favoráveis na Europa, Portugal precisa é, hoje, promovido também pelo Governo que
missão Europeia para presidir ao
de desencadear o processo necessário para tornar (transpondo a Directiva Europeia...) introduziu a
grupo de trabalho “Construção Sus-
o Sol, para além de fonte de conforto, uma fonte de obrigatoriedade da certificação energética de edi-
tentável”, com o objectivo de definir
rendimento para todos os portugueses. fícios. A certificação energética identifica de forma
as medidas para o alargamento da
Hoje, já estão disponíveis as tecnologias explícita qual o grau de desempenho da nossa
prática da construção sustentável na
necessárias para transformar os raios solares em casa e indica, ainda, quais as medidas a implemen-
Europa. Desde 2004, é administrado-
calor útil para as nossas casas (tecnologias sola- tar para o melhorar. Muitas das medidas de optimi-
ra-delegada da Agência Municipal de
res passivas e colectores solares térmicos) e em zação de desempenho energético-ambiental
Energia de Lisboa, pela Câmara Mu-
energia eléctrica (painéis fotovoltaicos e colecto- podem, também, ser incorporadas na reabilitação
nicipal de Lisboa. É, ainda, autora do
res solares térmicos através de vapor de água). dos nossos edifícios.
livro Construção Sustentável (2007).
Estas tecnologias devem ser implementadas Apesar de estas medidas obrigarem a um
de uma forma alargada no nosso país, para con- investimento inicial, está mais do que comprovado
www.tironenunes.pt
seguirmos tirar o melhor proveito das nossas que representam o primeiro passo a dar, por
www.construcaosustentavel.pt
excelentes condições climáticas, tornando-nos, aumentarem o conforto e a salubridade dos espa-
todos os dias, um pouco mais ricos do que no dia ços que habitamos e por reduzirem a nossa depen-
anterior. dência de fontes de energia poluidoras (bem como
O primeiro e mais simples passo, rumo ao os nossos custos).
nosso enriquecimento, passa por introduzirmos Mas, se quisermos ir mais longe e tornar o Sol
as melhores tecnologias disponíveis (tecnolo- uma fonte de rendimento para todos os portugue-
gias solares passivas) na construção, de modo a ses, o desafio está, agora, na integração técnica e
atingirmos condições de conforto no interior das estética adequada dos sistemas de energias reno-
nossas casas, para que beneficiem do melhor váveis relevantes no meio edificado e, ainda, na
que o clima nos oferece e não, como acontece na facilitação da sua interacção activa e passiva com
realidade, do pior: quando está frio, as nossas a rede eléctrica e, eventualmente, outras redes.
casas conseguem estar mais frias e, quando está Aqui, os nossos interlocutores são as câmaras, na
calor, as nossas casas conseguem estar mais sua componente de planeamento urbano, e as
quentes. concessionárias, que gerem as redes.

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