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SPDA: Introdução

1.0 Introdução

Raios são fenômenos atmosféricos caracterizados pela formação de correntes


elétricas com milhões de volts de potencial e que atingem a superfície causando
prejuízos materiais e mesmo mortes. Normalmente, a temporada de temporais
tem inicio em Setembro e vai até Março.

Foi muito longo o caminho para se descobrir a natureza elétrica das descargas
atmosféricas e para se chegar a regras aceitáveis de proteção para propriedades,
aparelhos e principalmente pessoas.

Até hoje não se tem 100% de proteção, desde que Franklin propôs pela primeira
vez o método de proteção contra raios de um edifício até os tempos de hoje a
proteção máxima que se consegue é 98% de eficiência.

Veremos neste tutorial os métodos de Franklin, Faraday e eletromagnético e seus


componentes, pois são os únicos com base cientifica comprovada, além de ver
detalhes específicos de algumas aplicações comuns em nosso dia a dia.

Vamos ver algo sobre a corrente elétrica e seu efeito sobre o ser Humano.

1.1 Corrente Elétrica

O choque elétrico é provocado pelo contato entre um condutor vivo e a massa de


um elemento condutor (metálico), a corrente de fuga normal, ou ainda pela
deficiência ou falta de isolamento em um condutor ou equipamento.

Uma pessoa que neles venha tocar recebe uma descarga de corrente, em virtude
da diferença de potencial entre a fase energizada e a terra.

A corrente passa pelo corpo humano em direção à terra, e seu efeito será tanto
maior quanto forem o contato de superfice do ser humano com a peça energizada
e com a terra.

Um choque elétrico pode produzir na vitima o que se chama Morte Aparente, isto é
a perda dos sentidos – anoxia(falta de oxigênio no cérebro), asfixia(ausência de
respiração), anoxemia(ausência de oxigênio no sangue – conseqüência da anoxia),
parada cardíaca devido a falta de fibrilação ventricular, queimaduras superficiais
nas áreas de contato, queimaduras profundas dependendo da intensidade e
duração, atingir órgãos vitais e provocar sua destruição ( comum em choques
entre as duas mão, uma no vivo e outra na terra.

A corrente que passa pelo corpo humano pode ser calculada por:

I=U/(Rc1+Rc2+Rcorpo)

Rc1 = Resistência de contato com o condutor vivo

Rc2 = Resistência de contato com a terra

Abaixo segue uma tabela com os valores de resistência e corrente para diversas
situações comuns para 100V/60hz.

Resistência Corrente no corpo para


Situação
total ohms 100V(miliamperes)

A corrente entra pela ponta do dedo


de uma mão e sai pela ponta do 15700 6
dedo da outra mão (dedos secos)

A corrente entra pela palma da mão


de uma das mãos e sai pela palma 900 111
da outra mão (Secas)

A corrente entra pela ponta do dedo


18500 5
e sai pelos pés calçados

A corrente entra pela ponta do dedo


e sai pelos pés calçados ou 15500 6
descalços molhados

A corrente entra pela mão atravez


de uma ferramenta e sai pelos pés 600 116
calçados e molhados

A corrente entra pela mão molhada


e sai por todo o corpo mergulhado 500 200
em uma banheira

Relação entre intensidade corrente (AC) x conseqüência


Estado
Intensidade Perturbações Resultado final
após o Salvamento
da corrente durante choque mais provável
choque

1
nenhum normal - normal
miliampére

Sensação cada
vez mais
desagradável, à
1a9
medida que a normal Desnecessário normal
miliAmp.
corrente aumenta
ocorre contrações
musculares.

Sensação
dolorosa,
contrações
Morte
9 a 20 violentas, Respiração
aparent Restabelecimento
miliamp. Asfixia, Anoxia, Artificial
e
Anoxemia,
perturbações
circulatórias.

Sensação
insuportável,
todos os sintomas
Morte Restabelecimento
20 a 100 anteriores em Respiração
aparent ou morte em
miliamp. maior Artificial
e poucos minutos
intensidade,
fibrilação
ventricular.

Asfixia imediata, Morte


fibrilação Aparent
Acima de
ventricular, e ou
100 Muito difícil Morte
Alteração morte
miliamp.
muscular, imediat
queimaduras a

Morte
Asfixia imediata, Aparent
Vários parada cardíaca, e ou Praticamente
Morte
Amperes queimaduras morte impossivel
graves imediat
a

SPDA: Raios e Trovoadas

2.0 Proteção Pessoal

Os raios podem causar a morte de pessoas e animais por vários efeitos durante a
descarga entre nuvem e terra.
Quando o líder ascendente, saindo de um solo plano, se encontra com o líder
descendente, forma-se a descarga de retorno, que é de grande intensidade,
produzindo:
• Elevação da temperatura no centro do raio e como conseqüência, uma
violenta expansão do ar, com o ruído de um estrondo, que é o trovão.
• Fortes campos eletromagnéticos, em torno do ponto central do raio que se
propagam a centenas de metros.
• Linhas radiais de corrente no solo, com origem no ponto de impacto do
raio.
• Ao longo das linhas de corrente,existirão quedas de tensão, variáveis com a
resistência do solo, formando em direção radial concêntrico linhas de
corrente e em direção de curvas concêntricas linhas equipotenciais vide
fig.1
• Incêndio de arvores se o raio for de baixa intensidade e longa duração ou
romper-se se for de alta intensidade e baixa duração.

Figura 1: Linhas de corrente e equipotenciais

3.0 Efeitos sobre os seres vivos

São os efeitos que o raio provoca sobre os seres vivos, quando atinge direta ou
indiretamente um ser vivo, podem ocorrer pela exposição ao campo
eletromagnético e suas correntes de circulação no corpo dos seres vivos.

3.1 Parada cardíaca

Provocada pela passagem de corrente no troco do ser vivo, que causa fibrilação
ventricular com parada cardíaca.

3.2 Tensão de passo

É a tensão entre os pés do ser vivo, ou seja, um passo do mesmo (com os pés
separados), com isto ele ficara com os pés em linhas equipotenciais diferentes
provocando passagem de corrente pelo seu tronco, num ser vivo bispede isto
raramente provoca a morte, pois a parcela de corrente é pequena (linhas
equipotenciais próximas), já nos quadrúpedes geralmente é fatal (linhas
equipotenciais distantes) maior diferença de potencial, logo maior corrente
passando pelo tronco do ser vivo.

3.3 Tensão de toque

É a tensão provocada pelo toque do ser vivo no condutor durante uma descarga
eletromagnética e geralmente é provocada pela alta impedância do condutor,
provocando passagem de corrente pelo ser vivo que possui uma impedância
menor que o condutor.

3.4 Descarga Lateral


É provocado pela descarga do condutor ao ser vivo próximo pelo rompimento da
resistência do ar provocada pela alta tensão na hora da descarga atmosférica,
geralmente quando as pessoas estão em baixo do ponto de descarga (Arvores ou
sofrem efeitos dos campos magnéticos no laço entre eles e a árvore).

3.5 Descarga direta

É o caso onde uma pessoa andando em campo aberto recebe diretamente o raio,
neste caso ocorre queimaduras e passagem de corrente pelo coração e cérebro
geralmente levando o ser vivo a morte. Os sobreviventes geralmente são seres
que receberam a descarga de um braço menor do raio ou ramo do mesmo, com
baixa intensidade.

4.0 Regras práticas de proteção


• Se estiver em campo aberto, procurar um abrigo fechado.
• Se não houver abrigo, abaixar-se com os pés juntos e mãos sobre os
joelhos e aguardar passar a tempestade de trovoada (aproveite para
rezar).
• Nunca ficar na praia durante uma tempestade de trovoada.
• Não permanecer na água durante a tempestade, pois pôde ocorrer
diferença de potencial e provocar ocorrência de corrente no tronco (parada
cardíaca).
• Não sair a janela para apreciar as tempestades, pois os campos magnéticos
poderão mata-lo.
• Afastar-se de peças metálicas expostas ao tempo.
• Proteger os equipamentos elétricos, se não houver proteção desliga-los da
rede de energia.
• Para Equipamentos de dados e telefonia, desligar inclusive as redes de
Internet e Telefonia.
• Aos primeiros sinais de um temporal, planeje o que fazer no caso de
ocorrência das descargas elétricas nas proximidades.
• Você pode estimar a distância de incidência dos raios usando o método
chamado "flash-to-bang" ou "relâmpago-trovão". Contando os segundos
entre o "clarão" do raio e o trovão que você ouve e multiplicando por 300
tem-se a distância em metros do local onde ocorreu a descarga. Assim, se
você ver o clarão e contar até oito, por exemplo, significa que o raio "caiu"
a 2.400 metros do local onde você se encontra. Para contar os segundos
você pode usar a seqüência...Mil e um, mil e dois, mil e três etc...
• A possibilidade de você ser atingido por um raio em um temporal inicia-se
meia hora antes e continua até cerca de meia hora após sua atividade
máxima. Mantenha-se protegido nesse tempo.
• O raio nunca avisa aonde vai "cair". A melhor proteção é se prevenir com
antecedência. Se você vir o primeiro clarão, contar cerca de 30 segundos e
depois ver outro clarão e contar menos que 30 segundos, já é hora de se
prevenir, procurando abrigo nas proximidades. Isso porque, normalmente,
um raio pode "escapar" do centro de atividade da nuvem e atingir áreas a
longas distâncias.
• Durante os temporais evite aglomeração de pessoas mantendo pelo menos
uma distância de 5 metros uma da outra.
• Se você estiver em locais abertos como campo de futebol, piscina etc, aos
primeiros sinais de um temporal abandone imediatamente o local,
procurando abrigo em prédios.
• Nunca seja o ponto mais alto da redondeza. O raio procura sempre os
pontos que se sobressaem da superfície como atrativo à descarga. Caso
você esteja em um local descampado, abaixe-se com os joelhos dobrados e
as mãos na nuca procurando tampar os ouvidos.
• Nunca procure abrigo sob árvores isoladas ou prédios rústicos como
aqueles de proteção para animais, existentes em pastagens.
• Externamente, nunca fique perto de cercas metálicas, rios, lagos, veículos
ou superfícies que conduzam eletricidade.
• Se você estiver no alto de um morro, desça para o ponto mais baixo do
terreno.
• Prédios de concreto com fiação elétrica, canalizações de água ou de outro
tipo constituem-se em excelente proteção contra as descargas.
• Se você estiver dentro de casa ou de qualquer prédio, retire os "plugs" dos
aparelhos elétricos das tomadas, não use telefone ou outros equipamentos
elétricos. Fique longe de tomadas de força ou de superfícies metálicas.
• Se você estiver em uma estrada ou na rua, a melhor proteção existente é
dentro do veículo com os vidros fechados. Não são os pneus que
promovem a proteção mas sim um fenômeno da física chamado Gaiola de
Faraday.
• Você pode ser atingido não somente pelo raio diretamente como também
por "faiscas" refletidas por objetos da proximidade.
5.0 Incidência de Trovoadas (Mapas Isocerâumico)

Uma Trovoada pode ser definida como o conjunto de fenômenos eletromagnéticos,


acústicos e luminosos que ocorrem numa descarga atmosférica.

Índice Cerâumico: numero de dias que ocorre trovoadas em uma dada localidade.

Mapa isoceurâmico: mapa com a união das localidades com seus índices
cerâumicos.

Se olharmos o mapa isocerâumico abaixo notaremos que existem regiões com


índice muito baixo (1 a 5) e outras de nível muito alto (120 a 250), notamos ainda
que na região do equador concentram-se as de maior valor e nos continentes
existem maiores concentrações que nos oceanos.

Para técnica de proteção o importante é saber a densidade de raio por km² por
ano, se este parâmetro for conhecido será fácil calcular a probabilidade de caírem
raios, por ano, em uma área.

Os especialistas e empresas de energia usam contadores de raios que são


dispositivos que possuem uma antena captora que captam as radiações
eletromagnéticas emitidas pelos raios e as registram em um dispositivo contador
(raio de ação do contador +/- 20km)

Medidor de Raios
Mapa Isocerâumico

Rindat – Projeto INPE / CEMIG/ Furnas para medição de incidência de raios


disponível pela internet.

SPDA: Níveis de Proteção


6.0 Necessidade de Proteção

A decisão de proteger uma determinada estrutura pode ser de ordem legal


(códigos de obras municipais – Brasil), uma preocupação do proprietário para
evitar prejuízos materiais e pessoais, ou exigência das seguradoras já que raios
provocam danos e incêndio.

O Método pode vir especificado pelo código de obras ou ser um dos existentes na
norma NBR5419.

Área de atração

É a área da vista em planta aumentada proporcionalmente a uma vez a altura da


estrutura (NBR5419) e tres vezes a altura IEC1024-I.
Fórmula de cálculo

Formação paralelepipédica: Ap = área base+2x área da base + ¶ x h ao quadrado

Com a área de proteção calcula-se a probabilidade de queda de raios.

P=Ap x Ng x 0,000001 onde: Ng = densidade de raios na região e 0,000001


ajuste de unidades.

Logo teremos a probabilidade de ocorrência de raios em uma determinada


estrutura, ou seja, de quantos em quantos anos cairá um raio na estrutura.

Com isto podemos calcular a obrigação de proteção ou não pela norma.

P0=P x A x B x C x D x E onde:

P0 = Necessidade de proteção obrigatória

Se P0 < 0,00001 será desnecessário, se P0 > 0,001 será obrigatório a proteção.

Tipo de ocupação Fator A

Casas 0,3

Casas com antenas externas 0,7

Fábricas e laboratórios 1,0

Escritórios, hotéis, apartamentos 1,2

Shopping, estádios, exposições 1,3

Escolas e Hospitais 1,7

Material de construção Fator B


Metal revestido, não metálico 0,2

Concreto Cob. n ão metálico 0,4

Metal ou Concreto cobertura metálica 0,8

Alvenaria 1,0

Madeira 1,4

Alvenaria ou madeira com cob. metálica 1,7

Cobertura de palha 2,0

Conteúdo Fator C

Comum, sem valor 0,3

Sensível a danos 0,8

Subestação, gás, Telecom. 1,0

Museu e monumentos 1,3

Escolas e hospitais 1,7

Localização Fator D

Rodeado por arvores ou estruturas 0,4

Semi-isolada 1,0

Isolada 2,0

Topografia Fator E

Planície 0,3

Colina 1,0

Montanha, 300 a 900 m. 1,3

Montanha acima de 900 m. 1,7

Fatores A,B,C,D,E de atração de raios.

7.0 Níveis de proteção

A NBR5419 relaciona 4 níveis de proteção relacionados com as estruturas como


relacionado abaixo:
• Nível I – Destinado às estruturas nas quais uma falha do sistema de
proteção pode causar danos às estruturas vizinhas ou ao meio
ambiente.Ex.: depósitos de explosivos, materiais sujeitos à explosão,
material tóxico ao meio ambiente...etc.
• Nível II – Destinados às estruturas cujos danos em caso de falha serão
elevados ou haverá destruição de bens insubstituíveis e/ou de valor
histórico, mas em qualquer caso se restringirão à estrutura e seu conteúdo,
EX.: Museus, escolas, ginásios esportivos, Estádio de futebol...etc.
• Nível III – Destinada às estruturas de uso comum, como residências,
escritórios, fábricas sem risco de explosão ou de risco, ...etc.
• Nível IV – Destinadas às estruturas construídas de material não inflamável,
com pouco acesso de pessoas, e com conteúdo não inflamável. EX.:
depósitos em concreto, e com conteúdo não inflamável, estoque de
produtos agrícolas ...etc.
8.0 – Avaliação de Risco

Para imaginar os riscos precisaremos usar um modelo de um caso prático onde


indicaremos os riscos envolvidos, abaixo temos a descrição dos riscos existentes
em uma edificação e sistema de proteção.

8.1 Falha da Blindagem direta – é quando uma descarga atmosférica consegue


passar entre os cabos e captores ou ao lado deles e chegar à área protegida,
podendo provocar incêndio ou explosão, para se evitar isto o numero de cabos
deve ser aumentado diminuindo o espaço entre eles.
8.2 Falha da auto proteção – uma descarga passa pelos captores e atinge o
teto fora do volume de proteção provocando fusão da telha com a volume
protegido que inflama a mistura da zona 1 logo abaixo do teto, pode-se evitar isto
com telhas de espessura mais grossa ou melhorando a blindagem.
8.3 Falha de dimensionamento – ocorre quando o sistema foi mal
dimensionado e se utilizou cabo de descida inferior aos mínimos recomendados,
provocando seu rompimento ao receber uma

8.4 descarga, neste caso é necessário se efetuar a troca dos condutores.

8.5 Falha na proximidade – isto ocorre porque os condutores e captores estão


muito próximos das estruturas do volume protegido, pode-se evitar esta falha
distanciando mais os componentes do sistema das paredes e tetos da estrutura.

8.6 Geração de descargas laterais – ao ocorrer uma descarga a corrente que


passa nos condutores de descida causam quedas de tensão ao longo desses
componentes e podem dar origem a descargas laterais às pessoas que estejam
em sua proximidade, esta tensão é a resultante da queda indutiva nos condutores
e a queda de tensão no sistema de terra, a solução é melhorar o numero de
condutores de descida e melhorar o sistema de aterramento.

8.7 Geração de tensões de passo – as correntes ao se dispersarem no solo,


produzirão tensões de passo perigosas às pessoas que estiverem na vizinhanças
do sistema de proteção, tensões geradas pela diferença de potencial a cada metro
do ponto de impacto, solução é colocar uma grossa camada de concreto e/ou
melhorar o sistema de aterramento de forma a diminuir as tensões de grade em
torno do aterramento e ponto de impacto.

8.8 Geração de tensão de toque – uma pessoa pode tocar nos condutores de
descida no qual naquele exato momento está sendo gerada uma tensão indutiva +
diferença de potencial pela descarga atmosférica, solução é colocar materiais
isolantes até a altura de 2,5 mts e/ou obstáculos que mantenham as pessoas
afastadas destes pontos.

9.0 Eficiência do sistema de proteção / Níveis


É importante primeiro vermos algumas definições importantes referentes a
eficiência.
• Eficiência da interceptação: é a relação entre o número de descargas
atmosféricas recebidas pelo sistema de captores e o numero médio
esperado de descargas sobre a área de atração da estrutura.
• Eficiência do dimensionamento: é a relação entre o número de descarga
captada pelo sistema e que não provocaram danos e o numero de descarga
captada pelo sistema de proteção.
• Eficiência global de um sistema de proteção: é a relação entre o numero de
descargas que caem sobre o sistema de proteção ou sobre a estrutura e
não produzem danos a ela e o numero médio esperado de descargas sobre
a área de proteção da estrutura.
• Eficiência pela norma NBR5419

Nível de proteção Eficiência

I 98%

II 95%

III 90%

IV 80%

SPDA: Métodos de Proteção


10.0 Métodos de Proteção

Uma vez feita a análise de necessidade de proteção de uma determinada


estrutura, e determinado o nível de proteção necessária, o primeiro passo é se
escolher o sistema de proteção (Gaiola de faraday, Franklin, modelo
eletromagnético) ou mixto, nesta hora o correto é o engenheiro Eletricista sentar
junto com o arquiteto e definir o sistema mais adequado à estrutura e nível de
proteção definido.

Uma vez definido o sistema de proteção, pe necessário se efetuar o calculo dos


componentes que compõem o sistema de forma se assegurar a eficiência do
mesmo, assim como, se evitar os danos e falhas poddiveis de ocorrem.

Qualquer que seja o sistema de proteção escolhido, sempre existirão os três


componentes a seguir:

10.1 Sistema de Captores – Tem como função receber os raios, reduzindo ao


mínimo a probabilidade da estrutura receber diretamente o raio, deve ter a
capacidade térmica e mecânica suficiente para suportar o calor gerado no ponto
de impacto, bem como os esforços eletromecânicos resultantes, alem disto o
ataque por poluentes deve ser levado em conta na hora de seu dimensionamento;

10.2 Sistema de descida – Tem como função conduzir a corrente de descarga do


raio recebido pelo captor até o sistema de aterramento, reduzindo ao máximo a
incidência de descargas laterais e de campos eletromagnéticos no interior do
volume protegido, deve ainda ter a capacidade térmica e mecânica suficiente para
suportar o calor gerado pela passagem da corrente, e boa suportabilidade à
corrosão.
10.3 Sistema de Aterramento – Tem como função dispersar no solo a corrente
recebida pelos captores e conduzidas pelos condutores até o solo, reduzindo ao
mínimo o risco de ocorrência de tensões de passo e de toque, deve resistir ao
calor gerado e deve resistir ao ataque corrosivo dos diversos tipos de solos.

Estes componentes básicos podem ainda ser divididos em:

10.4 Componentes Naturais: São aqueles existentes na estrutura e que não só


podem como devem ser utilizados no sistema de proteção; esta utilização não só
para ser mais eficiente como mais econômica, deve ser prevista durante fase de
projeto, se os elementos não forem visíveis e não havia previsão na fase inicial
deve-se evita-los.

10.5 Componentes especiais: são aqueles colocados na estrutura com


finalidade explicita de receber, conduzir ou dispersar a corrente provocada pela
descarga atmosférica.

10.6 Proteção isolada: são aquelas onde o sistema de proteção é colocado


acima e ao lado da estrutura sem contato com a mesma de forma isolada
(mantendo uma distancia segura) evitando
descargas captor – teto e descidas pela estrutura da parede do volume.

10.7 Proteção não isolada: é aquela onde não existe espaçamento entre o
sistema de proteção e a estrutura do volume protegido, ou seja, colocado
diretamente sobre a estrutura do volume protegido.

OBS: quanto maior o uso de componentes naturais, mais estético fica o projeto,
alem de mais econômico.

As variações nos métodos de proteção se devem pelo fato de termos mais de uma
maneira de captar os raios, temos as seguinte maneiras:
• Principio usado pelo Método Franklin e eletromagnético: utiliza hastes
verticais (chamados de pára-raios ou terminais aéreos) ou horizontais
suspensos (solução análoga das linhas de transmissão).
• Principio usado pelo Método Faraday: condutores horizontais não suspensos
formando uma malha sobre a estrutura.
A diferença entre o método Franklin e o Eletromagnético esta no modelo
matemático de dimensionamento, o eletromagnético é mais completo e
comprovado pelas linhas de transmissão de energia, é inclusive o mais
recomendado pelos projetistas de SPDA.

10.8 Método Eletromagnético (EGM)

É considerada a mais completa ferramenta para proteção de estruturas, e baseado


em métodos científicos de observação e medição dos parâmetros dos raios, e
ensaios de laboratórios de alta tensão.

No modelo eletromagnético considera-se que o líder descendente caminha na


direção vertical em direção à terra em degraus dentro de uma esfera cujo raio
depende da carga da nuvem ou da corrente do raio e será desviado da trajetória
original por algum objeto aterrado,

A descarga se dará no ponto onde a esfera tocar este objeto ou na terra aquele
que for primeiro alcançado pela esfera; O raio da esfera é considerado o raio de
atração.

Distância de atração: Ra = 10 x I(corrente) elevada à 0,66

Se considerarmos um captor como uma haste vertical de altura H sua zona de


proteção será definida pela equação de uma esfera que define a superfície de
proteção.

(X-x)²+(Y-y)²= R²

onde x e y são coordenadas de um ponto genérico da superfície, X e Y são as


coordenadas do centro da esfera e R é o raio da esfera(distancia de atração)
conforme figura a seguir.

Pela norma NBR5419 o Ra – Raio de atração é o seguinte:

Nível I II III IV

Raio da esfera em mts 20 30 45 60

Toda estrutura a ser protegida tem que estar dentro do volume formado pelo
deslocamento da esfera pelo condutor.
10.9 Método Franklin

Este método se baseia no uso de captores pontiagudos colocados em mastros


verticais para se aproveitar os efeitos das pontas, quanto maior a altura maior o
volume protegido, volume este que tem a forma de um cone formado pelo
triangulo retângulo girado em torno do mastro.

No caso de condutores horizontais suportados por hastes verticais, será obtido


pelo deslocamento horizontal do cone de proteção desde a posição de uma haste
até a posição da outra haste.
Volume de proteção de haste vertical

A linha curva entre h1 e h2 tem


forma de parábola e, assim, a
equação genérica da sua altura
h em relação ao solo será:

h = ax² + bx + c onde x é a
distância horizontal em relação
a h1.

E os coeficientes são dados por:

a = (h2-h1)d**2 + raiz_q (3)


/ 3d
b = -raiz_q(3) / 3
c = h1

onde raiz_q: raiz quadrada


Volume de proteção de haste com condutor horizontal.

O ângulo de proteção e o raio de esfera admitido pela norma NBR5419 é:


Nível\H < 20m < 30m < 45m < 60m

I 25° * * *

II 35° 25° * *

III 45° 35° 25° *

IV 55° 45° 35° 25°

Entre dois captores próximos pode-se aumentar em 10° o ângulo na parte interna
entre eles e na externa vale o da tabela acima.

10.10– Método Gaiola de Faraday

Este método consiste em instalar um sistema de captores formado por condutores


horizontais interligados em forma de malha, quanto menor for a distancia entre os
condutores da malha melhor será a proteção obtida.

Dimensões fixadas pela norma NBR5419

Nível Malha

I 5X7,5

II 10X15

III 10X15

IV 20X20

É prática se utilizar ainda pequenos captores Verticais, com 30 a 50 cm de altura,


separados por uma distancia de 5 a 8 mts ao longo dos condutores da malha, isto
se originou da norma inglesa BS 6651.

É bom lembrar que não se deve colocar condutores elétricos paralelos aos
condutores da malha na parte interior da estrutura e próximo aos mesmos.

Volume protegido por malha 5X10 em método Faraday.

11.0 – Comparação entre os três métodos


Na comparação entre os três métodos levando em conta o nível de proteção,
eficiência e custo, verificamos que, o método Gaiola de Faraday leva vantagens em
pequenas construções já em edificações de grande porte o método
eletromagnético é o de melhor relação custo beneficio.

SPDA: Considerações Finais


12.0 – Materiais e seu dimensionamento

12.1 – Captores

Os captores podem ser utilizados para sua fabricação o Cobre e suas ligas, o
Alumínio e suas ligas, o aço inoxidável e o aço galvanizado a quente, a escolha
quanto a estes materiais fica a critério do projetista que deve levar em conta os
poluentes da região.

O Sal presente em regiões litorâneas (NaCl) ataca materiais ferrosos e o enxofre


existente em fabricas e locais poluídos ataca o cobre.
Componentes utilizados em um SPDA Típico

12.2 Condutores (Cabos de descida)

Uma vez ter sido captada pelo captor a descarga atmosférica deverá ser conduzida
ao sistema de aterramento pelos condutores de descida (Cabo de descida) onde o
numero de condutores utilizados, o distanciamento entre eles e a respectiva seção
transversal deverão ser escolhidos de maneira que :
• Os Condutores suportem térmica e mecanicamente as correntes e os
respectivos esforços;
• Não hajam descargas laterais;
• Os campos eletromagnéticos sejam mínimos;
• Não haja risco para as pessoas próximas;
• Não haja danos às paredes;
• Os materiais usados resistam as intempéries e a corrosão.
Para isto devemos de preferência utilizar os caminhos mais curtos e retilíneos
possível para conduzir a descarga atmosférica, alem disto deve ser utilizado
condutores de cobre, alumínio ou aço galvanizado a quente.
Deve-se ainda tomar cuidado com o contato de materiais diferente como
Cobre/Alumínio e Cobre/aço galvanizado, colocando-se uma proteção extra nestes
contatos para proteger da corrosão.

A seção transversal mínima especificada pelas normas é a calculada pelos efeitos


térmicos e eletrodinâmicos causados pela passagem da corrente das descargas
atmosféricas. A temperatura limite considerada foi de 500°C, levados em
consideração os maiores valores de corrente e a resistência dos condutores.

Para edificações até 20m as seções mínimas são: 16mm² de cobre, 35mm² para
alumínio e 50 mm² para o aço galvanizado.

Para edificações superiores a 20m as seções mínimas são: 35mm², 50 mm² e 70


mm² respectivamente.

12.3 Número de descidas e Espaçamento

O Numero de descidas deve seguir o espaçamento médio máximo exigido pelo


nível de proteção:

Nível Espaçamento Máximo

I 10 m

II 15 m

III 20 m

IV 25 m

Sendo que o numero mínimo de descidas exigido pela norma é de 2. Lembramos


que o perímetro do prédio dividido pelo espaçamento da tabela acima resulta no
numero mínimo de descidas.

12.4 Encaminhamento das Descidas

A corrente do raio tem como tendência, ir para a terra pelo lado externo da
estrutura e pelo caminho mais curta possível (menor indutância), portanto as
descidas não devem formar laços que aumentem sua indutância e possam dar
origem a descargas perigosas, principalmente em locais de risco (sujeitos a
incêndio).

O calculo da possibilidade de descarga é o mesmo usado para o calculo da


distancia de segurança. As descidas devem ainda passar eqüidistantes de toda
Tubulação de cabo interna da estrutura, pois pode provocar indução nos mesmos,
lembramos ainda que os eletrodutos devem passar a uma distancia segura das
descidas.

A fixação dos condutores de descidas, desde a década de 70 já se utiliza a fixação


direta na parede sem distanciador, pois se verificou que o dano provocado na
parede com ou sem distanciador é praticamente o mesmo e a estética é melhor,
permitindo o uso de condutores de descida em forma de barra chata, cantoneiras,
ou outros perfis existentes na estrutura.

12.5 Aterramento
O aterramento, em uma instalação SPDA tem como finalidade de dissipar no solo a
corrente do raio, sem provocar tensões de passo perigosas e mantendo baixa a
queda de tensão na resistência de terra, Os condutores de um sistema de terra
são denominados eletrodos e podem ser introduzida nas posições VERTICAL,
HORIZONTAL ou INCLINADA.

13.0 Resistividade do Solo

É a característica do solo que vai determinar sua resistividade, que pode ser
definida como a resistência entre faces opostas de um cubo de aresta unitária
construído com material retirado do local (para laboratório) ou podemos medir
com instrumento chamando TERROMETRO (Método de Wenner) com 4 terminais
(duas de corrente e duas de tensão), separadas eqüidistantes uns dos outros e
podemos calcular a resistividade pela formula a seguir:

p = 2. ¶. a . R

Quando a distância a for pequena, a resistividade corresponde às primeiras


camadas do terreno, à medida que a distancia entre as hastes vai sendo
aumentada, vão sendo incluídas as camadas inferiores, para efeito de
padronização são utilizadas distancias de 2,4,8,16,32,64 e 128 metros e são
realizadas medições em varias direções no terreno, e o resultado é tratado por
Sws através de processos gráficos.

14.0 A medição da Resistência

A resistência de terra pode ser medida por um instrumento desenvolvido para isto
chamado TELURIMETRO ou Termômetro como é mais conhecido.

Estes equipamentos existem em duas versões, com três ou quatro terminais, para
medirem resistência e resistividade respectivamente, eles têm uma fonte de
tensão própria e a leitura pode ser analógica ou digital.

A medida é feita colocando-se as hastes a distancias padronizadas pelo fabricante


do equipamento (geralmente dentro da relação 30/50 ou 40/60 metros) estas
distancias são grandes para se levar em conta às camadas inferiores do terreno,
depois se medem a escala de tensão, em seguida o valor ôhmico do terreno.

O Valor medido deve estar dentro do máximo pedido pela norma (Em Telecom e
informática < 6 ohms).

Caso o valor medido seja superior deve-se tentar redução por um dos métodos
estudados a seguir.

15.0 Redução da Resistência de terra

Para se reduzir a resistência de terra usamos um dos seguintes métodos, a saber:


• Hastes profundas: Existem no mercado, hastes que podem ser prolongadas
por buchas de união; o instalador vai cravando as secções através de um
martelete e medindo a resistência até chegar ao valor desejado. Alem do
efeito do comprimento da haste tem-se uma redução da resistência pela
maior umidade do solo nas camadas mais profundas, sendo que não devem
ultrapassar a 18 mts de profundidade, pois causariam indutância elevada.
• Sal para melhorar a condutividade do solo: Este método permite obter
resistências mais baixas; o inconveniente é que o sal (normalmente o Nacl)
se dissolve com a água da chuva e o tratamento que ser renovado a cada 2
ou 3 anos ou ainda menos dependendo do tipo de terreno.
• Tratamento Químico: neste método o eletrodo é mantido úmido por um
GEL que absorve água durante o período de chuva e a perde lentamente no
período de seca, deve-se tomar cuidado no uso deste método com o uso de
hastes de aço galvanizado devido o ataque corrosivo, no Brasil é conhecido
pelo nome do Fabricante + gel EX: Aterragel, Ericogel, Laborgel,...Etc.
Uso de eletrodos em paralelo: quando os eletrodos são verticais pode-se colocar
hastes a uma distancia no mínimo igual ao comprimento, em disposição triangular,
retilínea, quadrangular ou circular. A distancia mínima esta relacionada com a
interferência entre o mesmo e sua redução.

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