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FACULDADE DE ECONOMIA
DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE E GESTÃO
FEVEREIRO/2009
Universidade Agostinho Neto
Faculdade de Economia
Departamento de Gestão e Contabilidade
FEVEREIRO/2009
PREFÁCIO
iii
AGRADECIMENTOS
Contribuíram de forma substantiva através das suas valiosas ideias, apoio moral
e material, os meus pais António Nuamissuka da Silva e Nsimba Lúcia, os meus irmãos,
as minhas irmãs, o meu tio António Fuieto Sebastião e demais familiares e amigos. Um
especial reconhecimento e apreço a todos eles.
Profunda gratidão e agradecimentos vão para o Mestre Manuel João Landa pela
sábia orientação, encorajamento, ensinamentos, opiniões e total apoio que soube
demonstrar ao longo da orientação do presente trabalho.
iv
ÍNDICE PÁGS.
PREFÁCIO iii
AGRADECIMENTOS iv
ÍNDICE v-vi
LISTA DE TABELAS vii
LISTA DE FIGURAS viii
LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E SIGLAS ix
RESUMO x
ABSTRACT xi
INTRODUÇÃO 1-5
v
PARTE B – OS UTILIZADORES DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA 35-65
BIBLIOGRAFIA 68
APÊNDICE 69
ANEXO 70-71
vi
Lista de tabelas
vii
Lista de figuras
viii
Lista de símbolos, abreviaturas e siglas
ix
RESUMO
1
Decreto 38/00 de 6 de Outubro de 2000. É um decreto exarado para tratar das transgressões contra o regime
contabilístico das sociedades comerciais. O mesmo faz menção as entidades sujeitas a auditoria anuais de
forma obrigatória a partir do exercício económico de 2002.
x
SUMMARY
The study effectuated, is framed in the ambit of an investigation project towards the
importance of audit in companies management, particularly in Luanda, in order to see
the impact and effects of its utilization, that contributes to acceptance of information
produced by these companies as well as for a transparence management and in the end
advancing proposals.
Thus, necessity was felt to find a form of evaluating its results. Therefore, the objective
of present final work inserts itself in identifying the benefits of using audit services by
companies as necessity of a reliable management for public or private companies, as
well as the acceptance of information produced to their usuaries (customers, suppliers,
partners, shareholders, workers and the state).
However, only with deep knowledge, where all the involved variables are known, will
be able to continue adopting transparent management, which seeks the acceptance of its
actions in order to provide to all usuaries of its information confidence while taking
decisions.
It’s common hearing about audit, as result of economic growth registered in the country.
The companies are seen obliged to justify how they manage goods, rights and
obligations. Audit appears at this moment, as a crucial tool to convince the financial
information usuaries that companies’ financial information presents in a reasonable base
their financial image.
The great concern is related to national companies, in contrast with the foreigners, are
not worried in contracting these services.
They do not recognize the crucial role these services can play while managing their
assets, because most of them are tutored by the state who until certain moment did not
demand the publication of audited financial statements.
With current state’s legal requirement, most of these companies turn over obliged to
contract these services, but merely as an accomplishment of current requirement.
Majority of them, question the role audit can play in their management.
In attempt to reach the previously stipulated objectives, there was a necessity to find
first a theoretical frame which should allowed the achievement of information capable
to cover the scope of this work.
In the first part is described the concept of audit, its types, advantages, successes and the
current position in Angola. Through this perspective, were analyzed different types of
audit as well as the situation before and after the Angola’s independence identifying its
characteristics.
It´s also described the relation between financial accountancy and audit as well as some
companies’ characteristics.
In the second part, are presented trends and proposals about the role audit plays in
companies’ management as well as areas of the economy which will promote the search
of financial information acceptance, which will contribute for audit’s growth in the
country. References to audits carried out by KPMG – Angola, Audit and advisory, S.A.
are made throughout the work.
xi
INTRODUÇÃO
1. Delimitação e problema
Em função da nova conjuntura, cresce a procura dos serviços de auditoria por parte
de empresas e instituições afins.
2
Lei n.º 11/03 de 13 de Maio, Lei de base do investimento privado, que estabelece a igualdade de
tratamento dos investidores privados nacionais e estrangeiros bem como o acesso dos mesmos aos
incentivos e facilidades nela previstos.
3
Anuário Angola, edição 2005/2006.
4
TAVARES, Leonardo Moreira dos Santos, Manual de elaboração de demonstrações contábeis nos
modelos internacionais US GAAP e IFRS, pág. 9.
1
organizações, facto ainda não percebido pelas congéneres angolanas. Torna-se
necessário a abordagem deste problema no sentido de apresentar a importância da
auditoria.
2
2. Justificativa
A nível mundial verifica-se uma maior procura dos serviços de auditoria como
resultado da sua diversificação e utilização em várias áreas da vida económica e social.
Não obstante a maior parte das empresas perceber o papel que a auditoria externa
exerce na produção de uma imagem boa para as entidades com interesses nelas, muitas
empresas no país não solicitam estes serviços. Deste modo não é possível quantificar o
número de empresas que fazem uso da auditoria.
5
TAVARES, Leonardo Moreira dos Santos, Manual de elaboração de demonstrações contábeis nos
modelos internacionais US GAAP e IFRS, pág. 9.
6
São as Normas Internacionais de Auditoria (ISA) emitidas pelo International Federation of Accountants
(IFAC) no sentido de homogeneizar a forma de apresentação das demonstrações financeiras ao nível
mundial tendo em conta a constante necessidade das empresas multinacionais apresentarem as suas contas
em obediência aos princípios de contabilidade geralmente aceites.
7
Os bancos comerciais em Angola, a partir do exercício económico de 2009, deverão produzir as
informações financeiras em função das IFRS além do Plano Geral de Contas, KPMG Angola, Agosto de
2008.
8
Decreto-lei n.º 9/2005. Foi o documento legal que criou a Comissão de Valores Mobiliários e de
Capitais de Angola.
9
Lei n.º 12/2005 de 23 de Setembro, é a lei que regula as operações de capitais realizadas no país.
3
3. Metodologia
10
Uma joint venture entre a BHP BILLITON e a ESCOM do Grupo Espírito Santo, empresa sediada nas
Ilhas Virgens Britânicas conforme consta no Diário da República IIIª Série – N.º 88 de 25 de Julho de
2005, tem como objecto social a prestação de serviços à indústria de prospecção e exploração mineira.
11
Empresa sucursal da Conduril - Construtora Duriense, S.A. de Portugal no sector da construção civil e
obras públicas em Angola, autorizada pelo Governo de Angola em 25 de Fevereiro de 1994.
4
No quarto capítulo – “política financeira da BHP Billiton e a Conduril” – abordam-
se vários indicadores de gestão tomados em consideração pelos utilizadores da
informação financeira para tomarem decisões. Com efeito, são analisados dados obtidos
de auditorias realizadas pela KPMG-Angola, sobre as contas da ATS e a Conduril em
2007.
12
Actualmente, o exercício da auditoria externa é regulado pela Direcção Nacional de Contabilidade do
Ministério das Finanças (KPMG Angola, Agosto de 2008).
5
PARTE A
A AUDITORIA E A GESTÃO FINANCEIRA
CAPÍTULO I
Neste capítulo são apresentados os tipos de auditoria, destaca-se a forma como surge a
auditoria e o papel que ela desempenha na gestão das empresas.
Finalmente, enfatiza-se o êxito que estes serviços têm observado, como resultado da
globalização das economias, constituindo base para o conhecimento dos mesmos
mundialmente.
1.1. A Auditoria
Trata-se da existência nas empresas das Auditorias interna, operacional e de gestão 13 , que
surgem como uma preocupação para organização e controlo das actividades.
13
COSTA, Carlos Baptista da, Auditoria financeira: teoria e prática, pág. 41-45.
6
A par destas, existem outras classes de auditoria, nomeadamente:
9 A auditoria estratégica;
9 A auditoria informática;
9 A auditoria social;
9 A auditoria fiscal.
Dum modo geral, pode concluir-se que a procura de transparência e credibilidade para
informações produzidas pelas organizações aliada a globalização das economias, estão na
base do surgimento e crescimento da auditoria.
7
1.2. Conceito de Auditoria
Não existe conceito taxativo e consensual da auditoria. Ela «é um termo usado para
designar missões de controlo em áreas da actividade económica na perspectiva de ajudar na
obtenção de dados para à tomada de decisões, planificação e controlo» 14 .
Este conceito explica a razão dela ser usada em várias áreas da actividade económica com
ênfase para a empresarial.
A auditoria constitui “tecnologia contábil que tem por objectivo a verificação ou revisão
de registos, demonstrações e procedimentos adoptados para a escrituração, visando avaliar
a adequação e a veracidade das situações memorizadas e expostas” 16 .
Este conceito é o mais completo pois apresenta as partes que envolvem a realização do
trabalho de auditoria e a razão pela qual a mesma é levada a cabo, ou seja a emissão de uma
opinião sobre se as demonstrações financeiras apresentam ou não a posição financeira das
entidades de acordo com os princípios contabilísticos geralmente aceites.
A primeira parte considera a auditoria como «exame». Ela é uma análise, um julgamento
realizado de forma objectiva pelo auditor no uso de sua experiência e conhecimentos sobre as
demonstrações financeiras e no fim «exprime a sua opinião». Como se pode observar, a
expressão da opinião, constitui a segunda parte do conceito acima referenciado como o mais
completo.
A opinião que a mesma emite, é reflectida no «relatório de auditora», onde ele dá a sua
opinião se as demonstrações financeiras das entidades apresentam de forma razoável e
apropriada em todos aspectos materialmente relevantes a posição financeira das mesmas.
14)
LOURENÇO, João Cabrito, A auditoria fiscal, pág. 35.
15
TAVARES, Leonardo Moreira dos Santos, Manual de elaboração de demonstrações contábeis nos modelos
internacionais US GAAP e IFRS, pág. 9.
16
LOURENÇO, João Cabrito, A auditoria fiscal, pág. 37.
17
Ibid., pág. 37.
8
O American Accounting Association (AAA), publicou em 1973 o Statement of Basic
Auditing Concepts que define a “auditoria como processo sistemático de obter e avaliar
objectivamente a evidência no que toca a asserções sobre acções e acontecimentos
económicos de forma a comprovar o grau de correspondência entre aquelas asserções e os
critérios estabelecidos e comunicar os resultados aos utilizadores interessados” 18 .
18
Citado por LOURENÇO, João Cabrito, A auditoria fiscal, pág. 37.
19
COSTA, Carlos Baptista da, Auditoria financeira: teoria e prática, 2000, pág. 44.
20
LOURENÇO, João Cabrito, A auditoria fiscal, pág. 50.
21
Ibid., pág. 51;
22
COSTA, Carlos Baptista da, Auditoria financeira: teoria e prática, pág. 51.
9
9 A auditoria social. Evidencia a responsabilidade social das empresas face ao meio
em que operam. É também conhecida como “balanço social” 23 .
23
COSTA, Carlos Baptista da, Auditoria financeira: teoria e prática, pág. 51.
24
LOURENÇO, João Cabrito, A auditoria fiscal, pág. 51.
10
1.3. Vantagens da auditoria externa
Deste modo, transmitem confiança aos interessados nas informações que produzem pois
todos os riscos são tidos em conta durante as analises levadas a cabo.
A confiança que a opinião dos auditores transmite para os utentes das informações
produzidas pelas organizações, constitui a grande vantagem que estes serviços lhes
proporcionam.
Além desta vantagem, existem outras, tais como: descoberta de falhas, correcção de
sistemas informáticos, redução da carga fiscal (caso concreto da provisão aceite como
dedução a colecta na liquidação de impostos).
Este facto impulsionou a procura dos serviços de auditoria externa pois a administração
fiscal, tem exigido a apresentação do parecer dos auditores externos às contas antes da
liquidação do imposto.
Vários são os benefícios que uma empresa pode obter ao contratar os serviços de auditoria
externa, que comparados aos custos destes serviços acabam por justificar os valores que são
cobrados.
25
Sítio na internet da KPMG Auditores e Consultores, S.A.R.L. firma angolana membro da KPMG
Internacional, uma Cooperativa Suíça (www.kpmg.co.ao).
11
1.4. O êxito da auditoria
O êxito da auditoria está ligado a diversidade da sua utilização pois está presente em várias
áreas para além da Contabilidade e Finanças. A “utilização da auditoria está presente em
todos aspectos da vida social” 26 .
Um outro factor tem a ver com a publicação de demonstrações financeiras que devem estar
acompanhadas de um parecer de auditoria.
Estes factores estão na base do sucesso da auditoria a nível mundial e no país; com o
crescimento das actividades económicas a nível nacional, será ainda maior a procura destes
serviços.
“Do ano 2007 para o ano 2008, cresceu consideravelmente o volume de propostas de
trabalho às firmas de auditoria bem como o volume de trabalhos efectivados. O rácio
trabalhos efectivados e propostas de trabalho tem crescido a cada ano mas nos dois últimos
anos registou um forte crescimento, o que tem feito com que as firmas de auditoria reforcem
as suas equipas de trabalho” 27 .
O êxito da auditoria não está apenas ligado ao controlo das actividades económicas, está
ainda ligado:
26
Chadefaux, citado por LOURENÇO, João Cabrito, A auditoria fiscal, pág. 52.
27
KPMG Auditores e Consultores, S.A.R.L., firma angolana membro da KPMG Internacional, uma Cooperativa
Suíça.
12
CAPÍTULO II
Falar do papel que a auditoria externa desempenha na gestão das sociedades comerciais,
exige que seja abordado a forma como estas encaram-na, bem como a evolução desta
actividade no país.
A história económica e social de Angola está ligada a de Portugal. Como país colonizador,
optou por uma colonização de administração efectiva, fazendo com que leis e regulamentos
aprovados em Portugal fossem vinculativas na então província de Angola.
O surgimento da auditoria tal como ela é conhecida hoje na era colonial tardou a acontecer,
dando os primeiros passos quando o estado português decidira colonizar efectivamente o país.
Após seis anos de paz efectiva, a auditoria externa é um facto a semelhança do que
aconteceu na maior parte dos países desenvolvidos, surgiu com o crescimento da economia.
Neste capítulo, para além do quadro histórico sobre a evolução da auditoria externa em
Angola, apresenta-se resumidamente o seu estado actual, avançando os factores que
impulsionarão o crescimento e divulgação da actividade no país.
2.1. Antecedentes
O surgimento da auditoria remota do antigo império romano, onde fiscais eram enviados
pelo imperador para inspeccionarem as contas nas diversas províncias.
Em Angola, não existem factos que permitem precisar o surgimento da auditoria na era
colonial. Enquanto colónia portuguesa, o país (então província de Angola) foi submetido a
uma administração directa do estado colonial, como consequência, resoluções tomadas na
metrópole eram vinculativas no território nacional.
Este regime teve como objectivo satisfazer as necessidades financeiras destas sociedades,
permitindo-lhes subscrever publicamente os seus capitais.
Portugal decidiu colonizar efectivamente Angola por volta de 1849, mas é no princípio do
século XX que começou a verdadeira obra da colonização do país, impulsionado pelos
Governadores Paiva Couceiro, General José Rebelo Mendes Norton de Matos, Vicente
28
Decreto-lei 49 381, de 15 de Novembro de 1969, citado por LOURENÇO, João Cabrito, A auditoria fiscal,
pág. 44.
13
Ferreira e Filomeno da Câmara 29 , tendo resultado na construção de estradas, pontes,
caminhos-de-ferro e indústrias.
A profissão de auditoria foi regulamentada pela primeira vez em 1972 30 e tal como na
Inglaterra onde graças a revolução industrial teve seu surgimento como é conhecida hoje, em
Angola, o surgimento da mesma embora de forma rudimentar, deveu-se a crescente produção
impulsionada pela colonização efectiva.
29
NGONDA, Lucas Benghy, Comunicação sobre a sociedade angolana na véspera da independência, Luanda,
2004.
30
Decreto-Lei n.º 1/72 de 3 de Janeiro de 1972, citado por COSTA, Carlos Baptista da, Auditoria financeira:
teoria e prática, pág. 54.
14
2.2. Quadro actual
É assim que empresas como a Sonangol e o Banco Nacional de Angola, a partir do ano de
1991, começam a ser objectos de auditorias de firmas internacionais como Price Waterhouse
& Coopers e a Ernest & Young. 32
Estas firmas chegavam ao país vindo do exterior do continente africano. Com a abertura
que do país ao investimento externo, muitas empresas estrangeiras com filiais ou sucursais em
no país passaram a enviar informações nas suas sedes para a elaboração de balanços
consolidados.
31
FMI significa Fundo Monetário Internacional.
32
Dados obtidos na firma Price Waterhouse & Coopers (Angola) em 2006.
33
Fazer negócios em Angola, apresentação da KPMG – Angola, Luanda, Maio de 2008.
15
Com a criação da bolsa de valores em 2006 34 , como resultado do crescimento económico e
perspectiva de aprimoramento do sector financeiro, várias empresas têm se instalando no
mercado nacional, aproveitando as oportunidades de negócios que o país possui.
A Lei de Valores Mobiliários 35 estabelece que as empresas cotadas na bolsa devem ter as
contas auditadas. Deste modo, as empresas que perspectivam num futuro breve estarem
cotadas na bolsa, têm procurado com mais frequência estes serviços.
Como consequência das situações acima referidas, todas as grandes firmas de auditoria
externa já operam no país, destacando-se as seguintes:
9 Delloite Angola;
9 Siaron;
9 Dicparol;
9 Planiconta, Lda;
As maiores firmas de auditoria externa procurando estar preparadas para a nova situação
económica do país, continuam reforçando as suas equipas de auditoria contratando mais
colaboradores.
34
Intervenção do Secretário do Estado do Tesouro e Finanças de Portugal, no Seminário sobre o sistema
financeiro angolano, Lisboa, 2007;
35
Lei 12/05 de 23 de Setembro de 2005.
16
2.3. Conclusão
Não se pode falar de auditoria em Angola, sem mencionar Portugal, onde o surgimento da
actividade ao contrário do que aconteceu na Inglaterra levou mais tempo.
Esta fase pode ser considerada como embrionária para o surgimento da auditoria em
Angola.
As exigências efectuadas pelo Banco Mundial ao governo no sentido deste ter as contas
auditadas por seus especialistas e firmas internacionais de auditoria e o crescente número de
empresas estrangeiras a operarem no país, são factores que impulsionaram a auditoria externa
no país.
O quadro actual é de crescimento, pese embora muito há por se fazer para que a actividade
atinja níveis alcançados noutros países pois até ao presente momento olha-se para auditoria
como solução dos outros segmentos de negócio e não para ela própria.
Finalmente, a auditoria externa em Angola é uma realidade que precisa ser mais divulgada
para que o empresariado nacional compreenda as vantagens que pode obter dela. Esta situação
tende a melhorar com as exigências legais actuais da administração fiscal às empresas para
efeitos de tributação; com a entrada em funcionamento de forma efectiva da bolsa de valores,
haverá maior compreensão e divulgação do papel da auditoria na gestão das empresas.
17
CAPÍTULO III
36
Citado por LOURENÇO, João Cabrito, A auditoria fiscal, pág. 38.
37
Ibid., pág. 38.
38
Ibid., pág. 38.
18
Posiciona-se como “técnica de verificação e de registo, numa linguagem quantitativa
homogénea, dos factos que traduzem uma actividade, para os guardar na memória, exprimir
a respectiva evolução e resultados e permitir o seu controlo” 39 .
Desempenha um papel crucial na gestão das empresas no curto, médio e longo prazo pois
as informações históricas por ela produzidas são utilizadas na tomada de decisões tácticas e
estratégicas, antecipando problemas que condicionariam a continuidade das empresas.
39
BERNARD, Yves e COLLI, Jean-Claude, Dicionário económico e financeiro, Iº Volume, pág. 170.
19
As empresas operam em ambientes complexos e imprevisíveis exigindo a classificação dos
factos que nelas ocorrem.
Investidores
Zona externa
Gestores
Zona interna
Fornecedores Clientes
(Produção de bens
ou prestação de
serviços)
Estado
1) Zona externa, de contacto com o ambiente pois a empresa não pode desenvolver as
suas actividades isoladamente mas sim em constante relação com o meio exterior;
20
3.1.1. A Contabilidade financeira como instrumento de gestão
Para muitos autores clássicos e contemporâneos, é vista como técnica que tem por
finalidade descrever e registar factos patrimoniais das organizações. A verdade porém é que a
Contabilidade transcendeu essa função tradicional, apresentando-se como instrumento
eficiente de gestão.
As empresas não estão só interessadas com o registo histórico dos factos patrimoniais,
estão muito mais interessadas com a previsão do futuro baseada em dados fornecidos pela
Contabilidade.
Esta nova forma de encará-la apresenta-se como política de empresas que baseiam as suas
acções na gestão moderna, preocupada constantemente com o carácter complexo e
imprevisível do meio envolvente.
40
BORGES, António et alii; Elementos de contabilidade geral, pág. 21.
21
As empresas são classificadas em grupos para melhor controlo das mesmas e da economia.
9 Grupo B, constituído por empresas cuja tributação incide sobre lucros calculados
com base numa presunção das mesmas;
9 Grupo C, constituído por empresas cuja tributação incide sobre lucros que elas
normalmente podiam obter.
São sociedades comerciais, constituídas na base de contrato social que o código civil
define como “aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou
serviços para o exercício em comum de certas actividades económicas, que não seja de mera
fruição, a fim de repartirem os lucros resultantes dessa actividade” 42 .
De acordo com a lei das sociedades comerciais 43 , elas podem adoptar os seguintes tipos:
c) Sociedade anónima;
A sociedade anónima é o tipo de sociedade que a maior parte das empresas do Grupo A
adoptam por conter um conjunto de particularidades próprias e se tratar do estádio mais
evoluído das sociedades comerciais.
41
Código do imposto industrial, art. n.º 5, Ministério das Finanças, 2004.
42
Citado por SILVA, F. V. Gonçalves e ESTEVES PEREIRA, J.M., Contabilidade das sociedades, pág. 11.
43
Lei das Sociedades Comerciais, art. 2º n.º 1.
44
Exceptuam-se as sociedades em que o Estado, directamente ou por intermédio de empresas públicas ou outras
entidades equiparadas por lei para este efeito, fique a deter a maioria do capital, as quais podem constituir-se
apenas com dois sócios (cf. art. 304. ° n. ° 2 da Lei das Sociedades Comerciais).
22
A razão destas limitações deve-se ao facto de serem sociedades de capital onde ao
contrário do que acontece nas sociedades de pessoas (sociedades onde a confiança constituí
factor fundamental para a celebração do contrato social), coloca-se de parte o aspecto pessoal
considerando em primeiro lugar o capital que as partes põem a disposição da sociedade.
Constituem o estádio mais evoluído das sociedades comerciais pois possuem existência
própria e autónoma; trata-se de sociedades onde existe total separação entre a propriedade (os
fundadores da sociedade) e a gestão das mesmas. Segundo J. G. Pinto Coelho, “a sociedade
anónima não vive da colaboração de pessoas determinadas que conseguem os seus esforços
individuais e os ponham ao serviço da empresa, antes vive do capital que a contribuição dos
sócios reuniu, da capacidade económica que lhe advém desse núcleo de bens, sendo
indiferente que as acções, que representam o capital subscrito no início da sociedade, e
através das quais ele se acumulou, estejam nas mãos de muitos, de poucos ou de um só” 45 .
45
Citado por SILVA, F. V. Gonçalves e ESTEVES PEREIRA, J.M., Contabilidade das sociedades, pág. 18.
46
The basics of the limited company, York Place Company Services Limited, Londres, 2002,
ver:‹www.yorkplace.co.uk›.
47
Ibid.
23
3.1.2. A publicação de demonstrações financeiras
Visando cumprir o decreto acima mencionado, a administração fiscal tem sido implacável
com as sociedades anónimas no pagamento dos impostos, exigindo que as mesmas
apresentem a certificação legal das contas tal como vem estipulado no presente decreto.
48
N.° 1, art. 48° do Código de imposto industrial, Ministério das Finanças de Angola, 2004.
24
3.1.2.1. Os anexos ao balanço e a demonstração de resultados
Daí ser importante divulgar tudo que directa ou indirecta pode afectar a posição financeira
da empresa. O balanço, a demonstração de resultados e os respectivos anexos constituem as
demonstrações financeiras que têm como objectivo proporcionar informação da posição
financeira da empresa, o desempenho e as alterações desta posição, úteis a um conjunto de
utentes para a tomada de decisões.
São informações que numa primeira análise não se percebe o papel preponderante que
desempenham para melhor percepção do que vem detalhado nas demonstrações financeiras.
49
LOURENÇO, João Cabrito, A auditoria fiscal, pág. 65.
25
3.2. O processo de relato de uma auditoria
Para se alcançar este objectivo, várias etapas são queimadas, a começar pelo planeamento
que é feito antes da realização do trabalho de campo.
Cada firma possui forma própria de realizar os trabalhos independentemente das normas de
auditoria serem as mesmas, denominada metodologia.
A – Planeamento;
C – Testes substantivos;
D – Trabalhos de conclusão.
Uma vez consumados os aspectos acima focados, é realizada uma reunião entre os
membros da equipa de auditoria denominada Kick off discussion, que serve como ponto de
partida do trabalho onde se discute o negócio e os riscos da organização.
Antes, emite-se a carta de recomendação que é discutida com a gestão da organização que
destaca os factos apurados durante o trabalho de auditoria no sentido de serem recolhidas
respostas da gestão pois alguns destes factos podem influenciar a opinião final (opinião que
vem expressa no relatório de auditoria).
26
Existem dois tipos de relatórios emitidos pelos auditores, a saber:
b) Relatório em forma longa, diferente ao em forma breve pois “incluem detalhes dos itens
constantes das demonstrações financeiras, dados estatísticos, comentários explicativos ou
outro material informativo” 51 . Destina-se a ser divulgado apenas aos accionistas e aos
membros dos órgãos de gestão.
Para uma melhor compreensão deste último tipo de relatório, o anexo n. ° 1 - Relatório em
forma longa da Conduril – Construtora Duriense, S.A. Sucursal de 2007 apresenta todos os
aspectos abordados de forma pormenorizada e detalhada.
Quando a organização nega de forma total ou parcial os pontos levantados pela auditoria,
os auditores revêem os papéis de trabalho, recebendo documentos adicionais apresentados
pela gestão como argumento para tal negação, analisando a possibilidade de aceitar as
justificações evocadas.
Os relatórios podem ser emitidos com opiniões diferentes, em função das análises
efectuadas às contas das organizações, nomeadamente:
a) Relatório com opinião sem reservas, conhecida como opinião limpa. Acontece quando
os auditores no exame que efectuaram as contas da organização, não detectaram situações
materialmente relevantes que possam afectar as contas.
b) Relatório com opinião sem reservas mas com ênfases. Trata-se da opinião que é
emitida quando após recepção da carta de recomendações pela gestão, verificarem-se
situações que podem alterar a composição do relatório mas não afectam a opinião em si. Estes
factos são evidenciados apesar de se emitir uma opinião não qualificada.
c) Relatório com opinião com reservas por limitação do âmbito do exame. É a opinião
que é emitida quando após recepção da carta de recomendações pela gestão, verificarem-se
situações que podem alterar a composição do relatório e afectam a opinião, como resultado da
limitação do âmbito (quando os auditores não tiveram acesso a parte considerável dos
documentos solicitados ao pessoal indicado pela gestão para acompanhar a auditoria). Emite-
se uma opinião qualificada.
50
COSTA, Carlos Baptista da, Auditoria financeira: teoria e prática, pág. 567.
51
Ibid., pág. 567.
27
d) Relatório com opinião com reservas por desacordo. Opinião emitida após a obtenção
da resposta da gestão. Neste caso, existem divergências com a gestão pois são detectadas
situações que além de poderem alterar o conteúdo do relatório de auditoria, afectam também a
opinião dos auditores, emitindo-se opinião qualificada.
e) Relatório com opinião adversa. Opinião que resulta de desacordo existente entre a
equipe de auditoria e a gestão da organização quanto a base utilizada na preparação das
demonstrações financeiras.
52
COSTA, Carlos Baptista da, Auditoria financeira: teoria e prática, pág. 593.
28
3.2.1. O prazo de uma auditoria
Durante a realização dos trabalhos de auditoria procura-se obter provas suficientes que
sustentem a opinião.
Enquanto a Contabilidade parte dos documentos que suportam as operações para atingir as
demonstrações financeiras, a auditoria externa segue a direcção oposta, tal como vem
apresentado no quadro a baixo:
CONTABILIDADE
AUDITORIA
53
COSTA, Carlos Baptista da, Auditoria financeira: teoria e prática, pág. 191.
29
3.3. A opinião dos auditores independentes e as sociedades anónimas
Em auditorias contratadas, a opinião dos auditores externos não constitui surpresa para a
gestão das sociedades comerciais na medida em que estes têm acesso a carta de recomendação
onde vêm descritos os factos detectados ao longo da auditoria.
O papel da auditoria externa é visto pelas sociedades anónimas numa perspectiva mais
abrangente que transcende a simples expressão da opinião sobre as contas.
30
3.3.1. A avaliação da performance das sociedades anónimas
Tem como objectivos o conhecimento das fontes dos meios monetários das sociedades
comerciais e o destino que estas dão aos mesmos, permitindo o conhecimento das fontes que
as possibilitaram captar receitas e para onde efectuaram as despesas.
Auxilia os investidores na tomada de decisão quanto ao lugar onde podem investir os seus
recursos financeiros.
54
Apontamentos de Gestão Financeira I e II dos Docentes: Msc. Nelson Aristides Chuvica e Sérgio dos Santos,
na Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto em Luanda, 2006.
31
b) Indicadores externos, a saber:
Método que não é científico e por si só não basta para se analisar a estrutura financeira de
uma sociedade comercial, daí aconselhar-se sua complementação com o método dos fluxos
financeiro 56 .
- Método da análise da liquidez. Permite conhecer até que ponto a sociedade consegue
fazer face as suas dívidas de curto prazo.
Avalia a capacidade dos activos correntes da sociedade face aos compromissos de curto
prazo exprimindo a magnitude em que os fundos próprios conseguem fazer funcionar os bens
imobilizados.
55
SOLNIK, Bruno, Gestão financeira, pág. 51.
56
Ibid., pág. 51.
57
MENEZES, H. Caldeira, Princípios de gestão financeira, pág. 40.
32
A realização de testes de controlo e/ou procedimentos substantivos (subdivididos em testes
de detalhe e procedimentos analíticos) pelos auditores na obtenção de provas que sustentem a
opinião a emitir, exige o conhecimento do negócio e as áreas de maior risco da sociedade
comercial.
Nos procedimentos analíticos, a análise de rácios e tendência são aqueles que a par do
estudo de razoabilidade e juízo pessoal do auditor, permitem obter provas qualitativas para a
emissão da opinião.
A análise destes indicadores é muito importante para a gestão das sociedades comerciais,
permite avaliar até que ponto conseguiu alcançar os objectivos que se propôs no início das
actividades, a posição da sociedade face as concorrentes assim como a evolução observada
em relação a exercícios passados.
33
3.4. A gestão transparente das sociedades anónimas
Em Angola, a lei das sociedades comerciais estipula que o capital das sociedades anónimas
não pode ser inferior a um valor, expresso em moeda nacional, equivalente a USD
20.000,00 58 .
Várias entidades têm interesses nelas, sócios, trabalhadores, estado e o público, possuem
interesses que vão desde investimentos, emprego, impostos e o contributo social no quadro da
responsabilidade social que assumem em relação as comunidades.
A gestão objectiva deste tipo de sociedades devido aos vários interesses que nelas
convergem, revela-se de extrema importância pois o contributo delas na economia é
imensurável.
Na maior parte dos países, as empresas do sector primário, secundário e terciário, adoptam
este tipo de sociedade que constitui a razão do crescimento e desenvolvimento de suas
economias.
O benefício que a economia pode obter quando as sociedades anónimas são geridos de
forma transparente, científica e objectiva consubstancia-se na divulgação de informações
financeiras periódicas, proporcionando aos cidadãos a possibilidade de formarem as suas
opiniões e tomarem decisões sobre onde aplicar as suas poupanças com menos riscos 59 .
58
N.º 3 do art. 305.º Lei das sociedades comerciais, Imprensa Nacional, 2004;
59
Revista electrónica Valor Acrescentado, edição de Junho/Julho de 2006, n.º 4, Luanda, ver:
<www.valoracrescentado-online.com>.
34
PARTE B
OS UTILIZADORES DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA
CAPÍTULO IV
A emissão da opinião dos auditores sobre as contas das empresas confere aos utilizadores
destas informações confiança para tomarem decisões.
Quanto a BHP Billiton, analisam-se dados da “joint-venture” ATS, que é resultado da sua
política internacional de actuação.
As duas empresas solicitam a auditoria externa não só para certificação de contas mas
também como forma de controlo e avaliação das actividades.
Neste capítulo, destaca-se a relevância que a actividade vai assumindo no país, sendo mais
solicitada por empresas estrangeiras e calcula-se vários indicadores de gestão fundamentais
para os utentes de informações financeiras tomarem decisões com confiança.
Pese embora muitas empresas contratarem estes serviços como obrigação das empresas
mães, em Angola, a legislação vigente obriga-as a terem as contas anuais auditadas.
35
Este facto demonstra a relevância que a auditoria externa vai assumindo no mercado
nacional, como pode ser visto nos quadros a baixo, que apresentam algumas empresas e
organismos afins que têm solicitado nos últimos dois anos (2007 e 2008) os serviços de
auditoria externa, a saber:
60
Fonte: Jornal de Angola, Semanário Angolense, Price Waterhouse & Coopers (Angola), Ernst & Young
Angola, KPMG, Auditores e Consultores, S.A. (Angola) e a Delloite Angola.
36
b) Empresas e organismos privados:
Como se pode observar, o número de empresas que nos últimos anos têm solicitado os
serviços da actividade vem crescendo substancialmente. A maior parte das solicitações são
feitas por empresas estrangeiras.
61
Fonte: Jornal de Angola, Semanário Angolense, Price Waterhouse & Coopers (Angola), Ernst & Young
Angola, KPMG, Auditores e Consultores, S.A. (Angola) e a Delloite Angola.
37
Estas entidades solicitavam estes serviços mesmo quando a legislação não o exigia, como
resposta as políticas das empresas mães.
A tabela 4-2, apresenta uma amostra que supera a apresentada na tabela 4-1 em 50%, o que
demonstra claramente que são empresas estrangeiras que mais solicitam a actividade.
38
4.2. Indicadores de gestão da ATS e a Conduril
9 Análise da Rentabilidade
39
Rentabilidade Comercial
2007 2006
USD'000* USD'000*
Resultados Operacionais (1) 21 214 7 697
Vendas (2) 294 704
A Conduril Construtora Duriense, S.A. Sucursal (Conduril), teve um resultado melhor que
a Angola Technical Services, Limited (ATS).
A ATS ao ter começado as actividades em Angola em 2005, não poderia apresentar uma
rentabilidade comercial substancial. No ano seguinte (2006), obteve uma rentabilidade
comercial melhor, como resultado das actividades comerciais desenvolvidas.
Este indicador, é utilizado pela auditoria externa ao analisar o risco que as actividades de
exploração podem apresentar no grosso das demonstrações financeiras, o que permite planear
a extensão dos procedimentos a usar para validar os saldos destas contas.
40
Margem Líquida após encargos
2007 2006
USD'000* USD'000*
Resultados Líquidos (1) 13 271 6 457
Vendas (2) 294 704
Esta situação, mostra que a Conduril em 2007, embora tendo observado poucas vendas,
teve muita prestação de serviço, o que permitiu o aumento dos resultados líquidos.
62
Relatório de auditoria da Angola Technical Services, Limited (ATS), para o ano findo a 31 de Dezembro de
2006, nota 13, pág. 11.
41
b) Rentabilidade económica (R.E.)
Este indicador resulta da necessidade que as empresas têm em medir a rentabilidade obtida
pois é o conjunto dos activos que lhes garante os resultados. É a rentabilidade dos
investimentos realizados pelas empresas.
2007 2006
USD'000* USD'000*
Resultado líquido (1) 13 271 6 457
Activo total (2) 71 106 52 810
Os dados mostram que a ATS no início das actividades, teve rentabilidade negativa, o que
é normal.
A Conduril, por operar no mercado nacional a 14 anos, adoptou uma estratégia menos
agressiva quanto ao aumento de activos, o que permitiu alcançar rentabilidade económica na
ordem de dois (2) dígitos. Essa estratégia deveu-se ao facto dela ser empresa de construção
civil, sector onde é pouco frequente ocorrerem grandes aumentos de activos pois os
equipamentos podem ser utilizados para várias obras 64 .
Este indicador é muito importante pois permite aos auditores analisarem a influência dos
activos da empresa em relação ao resultado líquido. Assim, podem a partida ter uma
63
Informação obtida na BHP Billiton – Angola, Luanda, em Março de 2008.
64
Informação obtida na Conduril Construtora Duriense, S.A., Sucursal de Angola, Luanda, em Fevereiro de
2008.
42
percepção do valor das adições que foram feitas ao activo e procurar realizar procedimentos
analíticos que permitem provar a existência e a propriedade dos mesmos.
Por ser muito sensível a manipulações com objectivos fiscais e não ser calculado a partir
dos fluxos de fundos (cash-flows), ele permanece muito distante da realidade financeira das
empresas.
2007 2006
USD'000* USD'000*
Capacidade de autofinanciamento (1) 18 480 9 383
Activo total (2) 71 106 52 810
43
Quanto maior for a capacidade de autofinanciamento da empresa, maior são os elementos
que a compõem. O seu cálculo, permite aos auditores indagarem a gestão sobre a base
utilizada para a constituição das provisões e as taxas utilizadas na amortização dos bens.
Capacidade de autofinanciamento
2007 2006
USD'000* USD'000*
Resultado líquido (1) 13 271 6 457
Amortizações (2) 2 813 1 770
Provisões (3) 2 396 1 156
Capacidade de autofinanciamento (4) = (1+2+3) 18 480 9 383
44
c) Rentabilidade Financeira (R.F.)
Este indicador resulta da necessidade das empresas de proporcionar boa rentabilidade aos
accionistas 65 e é analisada através dos capitais próprios.
Rentabilidade Financeira
2007 2006
USD'000* USD'000*
Resultado líquido (1) 13 271 6 457
Capitais próprios (2) 39 896 30 425
A ATS, devido aos custos que suportou em 2005 fortemente influenciados pelos estudos
de prospecção, teve resultado líquido negativo, o que resultou numa situação de capital
próprio negativo assim como rentabilidade financeira negativa de 104,40%. No ano seguinte,
com as explorações feitas nas minas, foi possível realizar vendas, o que permitiu a
rentabilidade financeira positiva de 48,99%, devido a confiança que os accionistas
depositaram a empresa aumentado significativamente o seu capital.
65
SOLNIK, Bruno, Gestão financeira, pág. 55.
45
Os auditores usam este indicador para compreenderem até que ponto os accionistas
confiam ou não na gestão aumentando ou diminuindo o capital das empresas.
Ao ser positiva a resposta, estes procuram perceber a razão que esteve na base da variação.
2007 2006
USD'000* USD'000*
Capacidade de autofinanciamento (1) 18 5480 9 383
Capitais próprios (2) 39 896 30 425
Os três (3) níveis de rentabilidade devem ser entendidos como política da empresa. A
rentabilidade económica depende da rentabilidade dos investimentos das empresas que resulta
da margem comercial realizada pelas vendas assim como dos investimentos que são
realizados nos activos imobilizados 66 .
66
SOLNIK, Bruno, Gestão financeira, pág. 56.
46
Margem Líquida
2007 2006
USD'000* USD'000*
Resultados Líquidos (1) 13 271 6 457
Vendas (2) 294 704
2007 2006
USD'000* USD'000*
Vendas (1) 294 704
Activo total (2) 71 106 52 810
47
Utilizando artifício de cálculo na fórmula da rentabilidade económica, multiplicando e
dividindo ao mesmo tempo pelas vendas, encontramos a margem líquida apresentada na
tabela 4-10 e a rotação dos investimentos apresentada na tabela 4-11.
Tudo isso é possível pois a rentabilidade económica pode ser modificada pela gestão
através da política de endividamento.
2007 2006
USD'000* USD'000*
Vendas (1) 294 704
Activo total (2) 71 106 52 810
Capitais próprios (3) 39 896 30 425
Resultado Líquido (4) 13 271 6 457
Resultado Líquido/Vendas (5) = (4/1) 4513,95% 917,19%
Vendas/Activo Total (6) = (1/2) 0,41% 1,33%
Activo Total/Capitais Próprios (7) = (2/3) 178,23% 173,57%
Rentabilidade Financeira (8) = (5*6*7) 33,26% 21,22%
68
SOLNIK, Bruno, Gestão financeira, pág. 56.
48
Para melhor percepção das informações apresentadas e melhor visão dos factos
apresentados em tabelas, eis que abaixo apresentam-se figuras que permitem ter melhor
conclusão das situações abordadas relativas a rentabilidade das empresas em análise.
49
Figura 4-3 Gráfico sobre a evolução da rentabilidade financeira da ATS
50
9 Estrutura financeira
As tabelas que vêm a seguir mostram a comparação entre estes elementos. São indicadores
que os bancos e outras instituições de crédito ponderam antes de tomarem a decisão de
emprestar fundos as empresas.
Rácio de endividamento
2007 2006
USD'000* USD'000*
Dívidas (1) 20 688 18 318
Passivo total (2) 31 210 22 385
Rácio de endividamento (3) = (1/2) 66,29% 81,83%
A Conduril fez mais recurso a fundos alheios para realizar as actividades, apresentando
nos dois (2) anos em análise resultados significativos em relação a ATS relativamente ao
rácio de endividamento.
51
A seguir, são apresentados indicadores de estrutura financeira que permitem avaliar o
impacto dos financiamentos externos na gestão da ATS e a Conduril.
2007 2006
USD'000* USD'000*
Endividamento a M/L Prazo (1) 10 522 4 067
Capitais próprios (2) 39 896 30 425
Taxa de endividamento a M/L Prazo (3) = (1/2) 26,37% 13,37%
52
O peso dos encargos financeiros sobre os resultados operacionais
2007 2006
USD'000* USD'000*
Encargos financeiros (1) 1 923 751
Resultado operacional (2) 21 214 7 697
Peso dos encarg. fin. s/ os result. operacionais (3) = (1/2) 9,06% 9,76%
Tabela 4-15 O peso dos encargos financeiros em relação aos resultados operacionais da
ATS e a Conduril
53
A capacidade do auto financiamento em reembolsar os empréstimos a M/L prazo
2007 2006
USD'000* USD'000*
Endividamento a M/L Prazo (1) 10 522 4 067
Capacidade de auto financiamento (2) 18 480 9 383
Reembolso dos empréstimos a M/L prazo pelo auto
financiamento (3) = (1/2) 56,94% 43,34%
54
No início do trabalho de auditoria, realizam-se análises analíticas as contas do balanço e da
demonstração de resultados, que permitem obter informações adicionais sobre o desempenho
financeiro da empresa pois “os índices não esgotam a análise e isolados, não reflectem
situações favoráveis ou desfavoráveis na operação ou administração da empresa” 69 .
Activo Corrente
Capital e reservas
Passivo corrente
69
FURTADO, Wilter, Análise contábil; Um enfoque voltado para a gestão das empresas, pág. 37.
70
Ibid., pág. 39.
55
Análise analítica do balanço da Conduril
2007 2006
USD'000* USD'000*
ACTIVOS
Imobilizado
Activo Corrente
Capital Próprio
Passivo corrente
56
Figura 4-5 Gráfico sobre a evolução das contas do balanço da ATS
57
Análise analítica dos proveitos
58
Figura 4-8 Gráfico sobre a tendência dos proveitos da Conduril
59
Figura 4-9 Gráfico sobre a tendência dos custos da ATS
60
CAPÍTULO V
TENDÊNCIAS E PROPOSTAS
Com o alcance da paz efectiva em 2002, a economia nacional tem crescido muito, com
taxas de dois (2) dígitos, influenciado em grande medida pela procura internacional de
recursos energéticos.
61
ElovuçãodoPIBdeAngola(2001– 2006)
PrevisõesdoPIBde2007e2008
OGE2007e2008– Previsões
TaxaInflação 10% 10%
TaxaCresc. PIB 19,8% 16,2%
. sector petrolífero 13,6% 13,3%
. sector nãopetrolíf. 27,9% 19,5%
2007– ValoresReais
TaxaInflação 11,5%
TaxaCresc. PIB 24,4%
62
Em 2007, o país alcançou o PIB mais alto na zona austral de África, como resultado do
crescimento do investimento privado estrangeiro o que se pode ver na tabela abaixo.
TaxasdeCrescimentodoPIBnaÁfricaaustral em2007
©2008KPMGAuditoreseConsultores, SARL émembrodacooperativainternacional Suiça KPMGInternational daqual são membros todasasfirmasKPMG. Todos os direitosreservados.ImpressoemAngola.
5
73
Apresentação da KPMG – Angola, Fazer negócios em Angola, Maio de 2008.
74
Lei 11/03 de 13 de Maio de 2003.
75
Lei 13/05 de 30 de Setembro de 2005.
76
Lei 12/05 de 23 de Setembro de 2005.
63
5.1.1. A bolsa de valores
Foi aprovada a lei dos valores mobiliários e a entidade reguladora do sector, no caso a
comissão do mercado de capitais.
Tal facto provocará de forma indirecta um aumento da procura destes serviços pois “as
empresas que estiverem e as que quiserem estar cotadas na bolsa devem ter as suas contas
auditadas durante um período a ser definido pela comissão do mercado de capitais” 78 .
77
Jornal Afrol, ver: www.afrolnews.com
78
Estratos da entrevista concedida ao Jornal de Angola pelo Presidente Executivo da Comissão do Mercado de
Capitais de Angola, António Cruz Lima.
64
5.2. Propostas para o crescimento da auditoria externa em Angola
Nestes países existe a entidade reguladora do exercício da actividade, que realiza estudos
para avaliar normas internacionais que podem ser implementadas a nível local assim como
supervisiona os trabalhos das firmas quanto a qualidade.
O quadro legal para o exercício da actividade de auditoria externa tem sido aprovado mas
sente-se a ausência da entidade que regulará o exercício desta actividade pois a Direcção
Nacional de Contabilidade a quem está acometida a função dada a complexidade da auditoria,
uma entidade independente constituída por técnicos conhecedores da actividade e do mercado
exerceria melhor tal função.
A criação desta entidade permitiria melhor controlo dos trabalhos efectuados pelas firmas,
evitando situações onde as mesmas podem desempenhar o papel de “jogador e árbitro ao
mesmo tempo” pois ao acontecer viciará os pareceres emitidos.
Um outro elemento que importa aqui frisar, prende-se com a regulamentação da lei 38/00
de 6 de Outubro, lei que define as entidades obrigadas a apresentarem as contas anuais
auditadas, para que empresas principalmente nacionais percebam o papel que a opinião de
uma pessoa colectiva independente pode exercer sobre suas contas e o papel social que a
mesma desempenha na sociedade.
Toda a legislação existente de forma avulsa que ainda não foi promulgada deve sê-lo para
que o exercício da actividade seja efectuado de acordo com as especificidades do mercado
nacional.
65
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Diante dos factos e evidências apresentadas sobre os indicadores de gestão abordados para
se perceber a influência que os mesmos têm da auditoria externa, olhando para o problema
inicial se a auditoria influencia a gestão das sociedades comerciais, a resposta ao problema é
positiva. A auditoria influencia a gestão das sociedades comerciais, conferindo lhes mais-
valias.
Desempenha papel crucial sobre os indicadores de gestão pois certifica-os, conferindo lhes
valor adicional para que os diversos utentes das informações financeiras possam confiar nos
dados e indicadores apresentadas pela gestão das empresas.
Isto tende a melhorar pois a realização de operações de capitais no país nas fusões e
aquisições de empresas exige que as mesmas possuam as contas auditadas.
66
Em função dos factos apresentados, urge a necessidade de recomendar o seguinte:
67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9 COSTA, Carlos Baptista da, Auditoria financeira: teoria e prática, Rei dos Livros, 7ª edição,
Lisboa, 2000.
9 NABAIS, Carlos e NABAIS Francisco, Prática financeira: II-gestão financeira, Lidel, Lisboa,
2005.
9 TEPA, Capela D., Contabilidade analítica pormenorizada, Grupo Editorial Nexus, Luanda,
2004.
9 BORGES, António et alii; Elementos de contabilidade geral, Áreas Editora, 21ª edição,
Lisboa, 2003.
9 FURTADO, Wilter, Análise contábil; Um enfoque voltado para a gestão das empresas,
Ituiutaba, Brasil, 2001.
9 ESTEVES PEREIRA, João Manuel, Contabilidade geral, Plátano Editora, Lisboa, 1980.
68
APÊNDICE
ESTUDOS
9 OJO, Marianne, The Role of the External Auditor in UK Bank Regulation and supervision,
September 2006, ver: ‹http:// mpra.ub.uni-muenchen.de/6828/MPRA Paper No. 6828, posted
22. January 2008/ 18:02›.
9 OJO, Marianne, The Role of External Auditors and International Accounting Bodies in
Financial Regulation and Supervision, UNSPECIFIED, March 2006, ver: ‹http:// mpra.ub.uni-
muenchen.de/354/MPRA Paper No. 354, posted 07. November 2007/ 00:58›.
9 The basics of the limited company, York Place Company Services Limited, Londres, 2002 ver:
‹www.yorkplace.co.uk›.
9 Relatório de contas do exercício 2007, BHP Billiton, Melbourne - Austrália, 2007, ver:
‹www.bhpbilliton.com›.
APONTAMENTOS
9 Apontamentos de Gestão Financeira I e II, Docentes: Msc. Nelson Aristides Chuvica e Sérgio
dos Santos, Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto em Luanda, 2006.
9 Apontamentos de Auditoria e Revisão de Contas I e II, Docente Msc. Manuel João Landa,
Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto em Luanda, 2007.
REVISTAS
69
A N E X O
70
QUADRO HISTÓRICO
Deste modo, em anexo estão dois relatórios de auditorias conduzidas pela KPMG –
Auditores e Consultores, S.A. (Angola), nomeadamente:
71
SAÚDE, GOVERNO E INFRA ESTRUTURAS