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SBV 1 –Fev.

2000

Recomendações para o Suporte Básico de Vida


(SBV)

As recomendações para SBV foram revista (ILCOR 1997) e adoptadas para a Europa pelo ERC (Copenhaga
1998). Este
processo é dinâmico é evoluirá nos próximos anos.

O SBV é o segundo elo da cadeia de sobrevivência. A sua função essencial na reanimação é a de


ganhar tempo no sentido de maximizar as restantes intervenções / tratamentos. Contudo, quando a
causa da PCR é essencial mente relacionada com a via aérea (traumatizado, afogado, engasgamento, ...) o SBV
pode ser suficiente para salvar a vida. Esta possibilidade é tanto mais provável quanto mais precoce e
correcta for a intervenção.

Com este entendimento deve-se concluir que o alvo último da formação em SBV é o cidadão comum,
pois é quem tem maior probabilidade de se confrontar com uma vítima aparentemente inconsciente,
competindo-lhe verificar se está inconsciente, se respira e se tem sinais de circulação. Se o fizer
correctamente deve pedir ajuda em função do diagnóstico feito. Enquanto chega a ajuda o SBV
correctamente executado pode contribuir para salvar a vida dessa vítima.

Suporte Básico de Vida (SBV) inclui os seguintes elementos:

- avaliação inicial,
- manutenção de via aérea,
- ventilação com ar expirado e
- compressão do tórax.

Quando estes procedimentos se conjugam utiliza-se a designação “reanimação cárdio-respiratória


(RCR)”. O conceito de suporte básico, significa que é praticado sem recurso a qualquer equipamento
específico. A utilização de um artefacto para permeabilizar a via aérea ou de máscara facial para
ventilar com ar expirado implica a designação de, “suporte básico de vida com via aérea auxiliar”.

O SBV tem por objectivo manter a ventilação e a circulação suficientes até conseguir meios para
reverter a causa da paragem. É uma “situação de suporte”, embora em certas ocasiões, como quando a
patologia primária é falência respiratória, pode por si só reverter a causa (hipoventilação / hipóxia) e permitir
a recuperação total. Se a falência circulatória durar mais de 3-4 minutos (ou ainda menos se o doente já está
hipoxémico), o dano cerebral pode ser irrecuperável e é por isso que o atraso em iniciar SBV limita as
hipóteses de sucesso. Nunca é demais realçar a importância de iniciar precocemente o suporte básico
de vida o que exige socorristas treinados e capazes de cumprir correctamente os procedimentos
recomendados.

Os três elementos básicos de suporte de vida, depois da avaliação inicial são designados por:

ABC

AIRWAY BREATHING CIRCULATION


Via Aérea Respiração e Circulação

Avaliação

1. Verificar as condições de segurança do reanimador e da vítima

2. Verificar se a vítima responde:


- Sacudir suavemente os ombros e perguntar em voz alta: “Está bem? / Sente-se bem?” (Fig.1)
SBV 2 –Fev. 2000

Fig. 1 A vítima responde?

3. Se a vítima se move ou se verbaliza:


- Deixá-la na posição em que foi encontrada (desde que isso não represente perigo acrescido),
verificar se há sinais externos de ferimentos e pedir ajuda se necessário.
- Reavaliá-la periodicamente.

Se a vítima não responde


- Pedir ajuda (telefonar, gritar se necessário, …) mas não abandonar a vítima neste momento
- Manter a via aérea desobstruida, com hiperextensão da cabeça e elevação do queixo
(cuidado com os traumatizados)

Fig 2 Abrir a via aérea

1. Manter a vítima na posição em que foi encontrada (se possível), colocar a mão na testa, exercer pressão
para provocar a extensão da cabeça. Manter o polegar e o indicador livres para tapar o nariz, no
caso de ser necessário fazer ventilação boca a boca.

2. Com a ponta de dois dedos da outra mão, levantar o queixo. Esta manobra pode permitir reiniciar da
respiração (Fig.2).

3. Se houver dificuldade em executar estas manobras, mobilizar a vítima pondo-a em decúbito dorsal e
proceder como recomendado em 1. e 2..

Se houver suspeita de traumatismo cervical, fazer protusão do queixo sem mobilizar nem flectir a
cabeça
SBV 3 –Fev. 2000

Fig. 3 e 4 Protusão da mandíbula sem hiperextensão do pescoço

4. Ver, Ouvir e Sentir: VOS a respiração (mais do que um movimento de “gasping”) (Fig.5):

Ver os movimentos do tórax;

Ouvir os sons respiratórios junto da boca;

Sentir o ar na face;

Fig.5 – VOS - Ver Ouvir e Sentir se a vítima respira

- desapertar a roupa á volta do pescoço


- verificar se há corpos estranhos dentro da boca, incluindo próteses dentárias soltas,
removendo-os (Fig. 9). As prótese dentárias bem fixas devem ficar na sua posição normal.

Ver, Ouvir e Sentir – VOS - durante dez segundos, antes de concluir pela ausência de respiração.

5. Depois destas manobras reavaliar a situação e verificar se a vítima respira:


Se a vítima respira (mais do que um “gasping ocasional”)

- colocá-la em posição lateral de segurança


- observar antes de concluir definitivamente que não respira

Se a vítima não respira:

- mandar pedir ajuda e


- se estiver só abandonar a vítima para ir pedir ajuda
- voltar para junto da vítima e iniciar a ventilação
- se necessário colocar a vítima de costas (Fig. 6 e 7)
- Fazer duas insuflações com ar expirado:
- assegurar-se que a cabeça está em extensão e o queixo levantado;
- ocluir o nariz apertando as asas entre o polegar e o indicador;③ inspirar profundamente,
colocar os lábios à volta da boca da vítima, certificar-se de que não há fuga de ar;

Fig. 6 e 7 Flectir a cabeça, elevar o queixo e abrir a boca


SBV 4 –Fev. 2000

- soprar para o interior da boca da vitima, verificando se o tórax expande. A insuflação


completa deve demorar cerca de 1,5 a 2 segundos;
- manter a cabeça em extensão e o queixo levantado afastar a boca da vítima para permitir a
saída do ar;

Fig. 8 Expirar e Fig. 9 Retirar obstáculos da via aérea

- inspirar profundamente e repetir a sequência. Se tiver dificuldade em ventilar confirmar se


a cabeça está na posição recomendada e verificar se há corpos estranhos na via aérea.
- ⑦ devem-se fazer até cinco tentativas para conseguir duas ventilações eficazes.
- se não conseguir passe ao passo seguinte: pesquisar sinais de circulação.

6. Pesquisar sinais de circulação.


- Pesquisar movimentos, incluindo movimentos de deglutição ou de ventilação;
- Verificar o pulso carotídeo demorando até de 10 seg. se necessário (caso não se palpe pulso)
- Para as pessoas que se estão a iniciar no SBV e em condições de emergência o melhor
local para sentir o pulso é ao nível da carótida. Recomenda-se a seguinte técnica:
o Certificar-se de que a cabeça está inclinada;
o Localizar a “maçã de Adão” ao nível da linha média do pescoço e deslizar dois
dedos lateralmente até encontrar o músculo esternocleidomastoideu. Logo por
baixo palpa-se o pulso carotídeo (Fig.10);
o Palpar durante dez segundos antes de concluir pela ausência de pulso.

Fig. 4.8 Palpar o pulso carotídeo

7. Se há sinais de circulação
- Continuar a ventilar até a vítima conseguir respirar sem ajuda.
- Reavaliar a situação ao fim de cada minuto, pesquisando a presença de sinais de
circulação, sem demorar mais de 10 seg.
- e a vítima retomar respiração espontânea mas continuar inconsciente colocá-la em posição
lateral de segurança.
- Pedir ajuda.
- Reavaliar periodicamente a respiração e a circulação preparado para retomar a posição
inicial e recomeçar o SBV se tal for necessário
SBV 5 –Fev. 2000

Se NÃO há sinais de circulação


Iniciar compressões torácicas:

- com o dedo médio identificar o bordo inferior da grade costal (Fig. 11);. Localizar o ponto
de reunião da grade costal esquerda e direita: o apêndice xifóide (Fig. 12);. Com o dedo
médio no apêndice xifóide, colocar o indicador ao lado e logo acima, no corpo do esterno;

Fig. 11 Localizar a grade costal e

Fig. 12 Localizar o apêndice xifóide e, logo acima, colocar o dedo médio e indicador lado a lado sobre o esterno

- Colocar a base da outra mão junto do indicador, apoiada na porção média da metade inferior do esterno (Fig.
13);
- Colocar a base da primeira mão sobre a outra e entrelaçar os dedos das duas mãos para
assegurar que a pressão não é exercida sobre as costelas. Não exercer pressão sobre o
abdómen ou sobre o apêndice xifóide. Debruçar-se sobre a vítima, com os braços bem
esticados, exercendo pressão sobre o esterno e provocando uma depressão de 4-5
centímetros (Fig. 14).

Fig. 13 apoiar a mão no esterno

Fig. 14 compressão torácica fazendo


uma depressão de 4 – 5cm

- libertar a pressão e repetir a manobra a um ritmo de aproximadamente 100 compressões


por minuto; a compressão e relaxamento devem ter a mesma duração. Sincronizar a
ventilação / compressão torácica.

Quando o eanimador está só:


- Após 15 compressões inclinar a cabeça, elevar o queixo e fazer 2 insuflações.
- Reposicionar as mãos no esterno e fazer 15 compressões.
- Manter a sequência de compressões / ventilações com uma relação de 15: 2.

8. As manobras uma vez iniciadas devem continuar até que:


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- a vítima recupere,
- chegue ajuda ou
- o reanimador esteja exausto

9. Quando pedir ajuda?


É essencial ter ajuda o mais rapidamente possível porque a probabilidade de um reanimador só,
recuperar uma paragem cárdio-respiratória é mínima.

✓ Quando estão presentes dois ou mais socorristas, um deve ir pedir ajuda enquanto outro inicia a
reanimação.

O reanimador único tem de começar por decidir se inicia SBV ou vai pedir ajuda.

Quando a vítima é:
- criança
- traumatizado ou
- afogado

primeiro deve-se fazer SBV durante um minuto e só depois, se necessário, deixar a vítima para ir
pedir ajuda

Se vítima é adulto e não está em nenhuma das situações mencionadas o reanimador único deve assumir
que a causa da paragem é de origem cardíaca e por isso a prioridade passa a ser a desfibrilhação
precoce, devendo pedir ajuda antes de tudo o mais.

Quando há dois reanimadores


Decidir rapidamente quem se ocupa da ventilação. Essa pessoa deve:

- assegurar a permeabilidade da via aérea fazer a extensão da cabeça e elevar do


queixo;
- fazer uma insuflação (em 1,5 a 2seg) de ar expirado, entre cada cinco compressões
torácicas;
- manter a cabeça em extensão e o queixo levantado enquanto se efectua a compressão
torácica que deve ser reiniciada sem esperar que a expiração se complete;
- repetir uma insuflação entre cada 5 compressões. O ciclo regular de compressões
torácicas só é interrompido o tempo suficiente para fazer a insuflação, retomando as
compressões de imediato;
- é preferivel que os dois reanimadores estejam em lados opostos da vítima para não se
atrapalharem e mobilizarem mais à vontade;
- se mudarem de posição devem fazê-lo o mais depressa e ordenadamente possível. O
reanimador que faz as compressões orienta a troca em voz alta, deslocando-se para fazer a
insuflação no fim de um dos ciclos, enquanto o outro reanimador se posiciona para fazer
as compressões torácicas;
- o reanimador que faz as compressões torácicas deve contá-las em voz alta para marcar o
ritmo e orientar as sequências

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