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Nota da autora:

Obrigada a todos vocês que estão seguindo essa história – Eu adoro todos os comentários e
críticas! Esse capítulo é bem longo, eu espero que vocês gostem. Eu tenho que mandar mais
beijos e abraços para o meu beta team – o que eu faria sem vocês?

Esse capítulo faz uma vaga referência a “As Bella Sleeps” (“Enquanto Bella Dorme”) – outra
história minha de Midnight Sun.

Eu tenho uma playlist de “O Lado Escuro da Lua”... e para esse capítulo, a música que me
deixou no humor para escrever foi “Let Me Go” (“Me Deixe ir”) do 3 Doors Down. Eu também
gosto de “Cold as Ice” (“Frio Como Gelo”) do Foreigner... Provavelmente antiga demais para a
maioria de vocês!

DECISÃO

As árvores passaram voando à medida que eu entrei correndo pela entrada da garagem,
forçando a picape de Bella ao máximo. Como se me apressar para dizer adeus a Bella fosse
tornar isso mais fácil.

“Diga alguma coisa,” ela disse desesperada.

Eu não consegui esconder minha irritação enquanto respondia. “O que você quer que eu
diga?” Que eu me odeio por quase te matar... De novo?

Pelo canto do meu olho eu a vi se encolher contra a porta do carro, e me critiquei


severamente. “Diga que você me perdoa.” Sua voz era serena, mas seu olhar me machucou
fundo.

“Perdoar você? Pelo que?” Não era possível que ela estivesse tentando assumir a
responsabilidade por essa situação apavorante. Absurdo.

“Se eu tivesse sido mais cuidadosa, nada teria acontecido,” ela disse.

De jeito nenhum ela iria levar a culpa por isso – fui eu quem a arrastou para lá, forçando-a
agüentar uma festa que ela não queria, rodeada de monstros sedentos por sangue. “Bella, você
se cortou com um papel... Isso não é motivo para pena de morte.” Se ela estivesse em qualquer
outro lugar, isso não seria um problema. De repente, minha mente se encheu com uma imagem
da festa que Bella deveria ter tido...

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“Continua sendo minha culpa,” ela pressionou.

Sua insistência só aumentou minha culpa, e as palavras saíram sem controle. “Sua culpa? Se
você tivesse se cortado na casa de Mike Newton, com Jessica e Angela e seus outros amigos
normais, qual seria a pior coisa que poderia acontecer? Talvez eles não achassem um Band-Aid.
Se você tropeçasse e caísse sozinha em uma pilha de pratos de vidro... sem que ninguém a
atirasse nela... mesmo assim, qual seria a pior conseqüência? Você teria sangrado no banco do
carro enquanto eles a levavam para o pronto socorro? Mike Newton poderia ter segurado sua
mão enquanto eles a suturavam... E ele não teria que lutar contra o impulso de matá-la
enquanto estivesse lá. Não tente assumir a responsabilidade por nada disso, Bella. Só vai me
deixar mais revoltado comigo mesmo.” O volante rangeu por causa da força com que eu o
apertava, e eu quase não consegui evitar estraçalhá-lo com as minhas mãos.

“Como é que Mike Newton veio parar nessa conversa?” ela exigiu.

“Mike Newton veio parar nessa conversa porque Mike Newton seria uma companhia muito
mais saudável para você,” eu rosnei. Mike Newton era uma criança ignorante que quase não
estava ciente do mundo ao redor dele... Mas ele era infinitamente melhor para Bella. Ele nunca
iria ser impelido a machucá-la – a matá-la. Mesmo que meu estômago se embrulhasse ao
imaginá-lo com Bella em seus braços, Mike Newton – ou alguém como ele – era quem deveria
ficar com Bella... Não eu.

“Eu prefiro morrer a ficar com Mike Newton! Eu prefiro morrer a ficar com alguém que não
seja você.”

Você queria que eu te matasse?

A visão de Alice de minha Bella com olhos vermelhos cor de sangue como uma recém
nascida me mostrava à terrível resposta. “Não seja melodramática, por favor,” eu disse a ela,
tentando conter minha raiva auto direcionada. Eu tinha que sufocar essas emoções, trancá-las
longe junto com amor e o desejo que eu tinha por ela. Nós estávamos próximos de sua casa
agora. Eu tinha que dizer adeus.

“Então não seja ridículo,” ela rosnou por entre os dentes.

Eu não tinha como responder. Quando a picape parou na frente da casa dela, eu continuei a
encarar o para brisas, tentando me fazer dizer as palavras. As palavras que iriam arrancar fora
meu coração. Adeus, Bella.

Mas tudo que eu consegui fazer foi ficar em silêncio.

“Você vai ficar hoje à noite?” ela perguntou timidamente. Seu simples pedido acabou com o
pouco de força que eu tinha.

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Eu permaneci paralisado, olhando para longe. Não, eu não vou, eu tentei dizer, mas meu
coração me traiu. “Eu deveria ir para casa.” E nunca mais voltar. Isso é o certo a fazer.

“É meu aniversário,” ela implorou, e eu sabia que tinha perdido. Com apenas algumas
palavras ela havia destruído meu plano, puxando-me, e o perigo que eu representava para mais
perto dela, quando na verdade ela deveria estar me mandando para longe. Mas estava claro
que eu não poderia deixá-la... não agora. Uma parte de mim se alegrava, ansiando por estender
a mão e tocá-la. A outra parte de mim estava envergonhada. Eu iria protegê-la, isso eu jurei.

“Você não pode ter as duas coisas… ou você quer que as pessoas ignorem o seu aniversário,
ou não. Ou uma coisa, ou outra.” A discussão era tão fraca quanto a minha decisão. Por que eu
não podia simplesmente dizer não!

“Tudo bem.” Ela ouviu meu tom de rendição, e o alívio em sua voz destruiu minha vontade.
“Eu decidi que não quero que você ignore meu aniversário... Te vejo lá em cima.” Com sua mão
boa, ela abriu a porta e pulou para fora. Eu não me movi – na última tentativa de me retirar de
sua vida. Ela se virou para trás e pegou seus presentes desajeitadamente.

“Você não tem que levar isso,” eu disse, finalmente olhando para ela. O conteúdo deles não
era algo que ela iria precisar depois que eu fosse embora.

“Eu quero,” ela disse sem pensar, depois parou e inspecionou criticamente meu rosto.

“Não quer, não. Carlisle e Esme gastaram dinheiro com você.” E outro é o meu presente...
Ela havia deixado claro que meus presentes eram as coisas menos desejáveis em sua mente.

“Eu vou sobreviver.” Um meio sorriso passou por seus lábios enquanto ela bateu a porta do
carro, me impedindo de responder. Ela tinha controle completo sobre mim. Se ela me deixasse
ir, então não haveria nenhum problema. Mas era minha fraqueza falando – ela não era
responsável por essa situação – eu era.

Eu saí da picape e retirei os pacotes do braço de Bella. “Pelo menos me deixe carregar isso,”
eu disse em defesa. Talvez eu devesse simplesmente reconhecer minha fraqueza hoje à noite, e
tentar de novo amanhã. “Eu vou estar no seu quarto.”

“Obrigada,” ela disse com um sorriso brilhante.

“Feliz Aniversário,” eu disse com um suspiro. Havia outro jeito? Eu me abaixei incapaz de
resistir a encostar meus lábios nos dela. Ela se esforçou para manter o contato enquanto eu
tentava me afastar, quando um sorriso genuíno apareceu em meu rosto, mostrando o amor
que eu sentia por meu anjo perfeito. Mas depois eu corri, sabendo o que o amor exigia de mim.

Antes mesmo de ela abrir a porta eu já tinha passado pela janela e sentado em sua cama.
Enquanto eu esperava em seu quarto, eu questionava meu julgamento novamente. Se Carlisle

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tivesse levado Bella para casa, eu não estaria sentado aqui. Eu poderia ter desaparecido na
noite, sumido sem deixar vestígios. Ela ficaria confusa quando eu não aparecesse na escola
amanhã, mas ela iria se lembrar da última vez que eu desapareci. Ela iria esperar, na
expectativa de que eu retornasse? Ou ela iria procurar? Aonde ela iria… Alaska?

Não, era errado sair correndo como um covarde. Ela merecia paz, um ponto final. Eu não
podia simplesmente deixá-la. Eu tinha que libertá-la de mim. Eu tinha que quebrar nossa
conexão; fazê-la entender que essa despedida era diferente, que era para sempre. Eu tinha que
fazer o impossível.

Sua voz subiu pela escada, me enchendo de uma plenitude que eu sabia que eu iria suplicar
cada dia pelo resto da eternidade. Por um momento, eu cedi, lembrando da mesma satisfação
quando ela disse pela primeira vez que me amava enquanto dormia. Havia sido um sonho tanto
para mim quanto para ela; eu percebi, esse sonho estava chegando ao fim. Se o sonho somente
desaparecesse de minha memória como ele desapareceria da dela...

Eu ouvi Bella dizer um “boa noite” nervoso para Charlie enquanto ela corria para a escada.
Uma pergunta se formava na mente de seu pai, mas eu teria percebido exatamente seu
conteúdo mesmo se ele não o tivesse dito em voz alta.

“O que aconteceu com seu braço?” Charlie perguntou.

“Eu tropecei. Não é nada.” A capacidade de mentir de Bella não havia melhorado, mas
Charlie estava distraído pela televisão.

“Bella,” ele disse com um suspiro.

“Boa Noite, pai,” ela disse, e depois se apressou para chegar à escada. A porta do banheiro
se fechou com um ruído alto, e a água foi ligada. Eu peguei o presente de Carlisle para Bella e
passei meu dedo pelas dobras afiadas, tentando evitar pensar na linda mulher se trocando a
apenas alguns metros de distância... E no fato de que eu era fraco demais para deixá-la
verdadeiramente segura. Eu a amava tanto – mas eu era patético.

Momentos depois, ela entrou, percebendo obviamente meu humor.

“Oi,” eu balbuciei.

“Oi,” ela disse, afastando os presentes e se colocando em meu colo. O calor de sua bochecha
contra meu peito era eletrizante, e eu não pude resistir e coloquei meus braços ao redor dela.
Mais uma vez ela assumia o controle sobre mim, afugentando a luta da minha mente.

“Posso abrir meus presentes agora?”

“De onde veio esse entusiasmo todo?” Eu perguntei incapaz de lutar mais essa noite.

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“Você me deixou curiosa.” Ela pegou o pacote de Carlisle e Esme quase alegremente, e eu
senti uma ponta de felicidade. Ainda era seu aniversário, apesar de tudo, e se ela pudesse
finalmente achar alguma coisa boa nesse fato, não seria eu quem acabaria com isso.

Eu peguei o presente dela. “Me permita.” Não haveria mais sangue derramado esta noite. Eu
desembrulhei o presente, jogando o papel perfeitamente dentro da lixeira perto da pequena
mesa antes de devolver a caixa para seus dedos delicados.

“Tem certeza de que eu consigo levantar a tampa?” ela disse sarcasticamente. A caixa se
abriu facilmente, e Bella levantou os comprovantes brancos e os segurou para que eles
pudessem ser iluminados. Ela olhou os cartões com os olhos apertados, sua sobrancelha se
franziu em confusão. Ela leu silenciosamente, seu rosto foi relaxando, e depois se tornou
jubilante. A visão era deslumbrante.

“Nós vamos para Jacksonville?” ela quase gritou.

“Essa é a ideia.” Mas não, nós não iríamos.

“Eu não posso acreditar. Renée vai ficar louca! Mas você não se importa, não é? “É
ensolarado, e você terá de ficar entre quatro paredes o dia inteiro.” Sua excitação era adorável.
Eu não tinha que contar a verdade – que ela iria estar sozinha. Não hoje, não em seu
aniversário.

Ao invés disso eu respondi, ”Eu acho que posso lidar com isso.” Então eram mesmo apenas
os meus presentes que ela rejeitava. Eu franzi a testa. “Se eu fizesse alguma idéia de que você
iria reagir de modo tão adequado a um presente, eu a teria feito abrir o presente na frente de
Carlisle e Esme. Eu pensei que você fosse reclamar.” Mesmo agora, depois de tanto tempo
passado com ela, eu não conseguia prever suas reações.

“Bom, é claro que é demais. Mas eu vou levar você comigo!”

Sua alegria era contagiosa, e eu ri de verdade. “Agora eu queria ter gastado dinheiro com
seu presente. Não percebi que você era capaz de ser razoável.”

Ela pegou o último presente, o pacote quase fatal, mas eu o peguei de volta. De jeito
nenhum ela iria colocar os dedos nesse papel outra vez. Uma vez desembrulhado, eu entreguei
a ela seu cd feito em casa. O disco prateado brilhou na luz fraca.

“O que é isso?” ela perguntou genuinamente confusa.

Em resposta, eu peguei o cd player na mesa ao lado de sua cama e coloquei o disco dentro
dele. Será que ela iria gostar desse presente, ou ela iria achá-lo infantil comparado com as
passagens de avião em sua cama? Eu apertei ‘play’ e olhei para ela ansiosamente.

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A música preencheu o quarto, e ela ficou congelada. Mesmo sem uma visão muito clara,
Alice tinha me assegurado que Bella iria amar esse presente, mas sua reação era curiosa. Eu me
lembrava da primeira vez que ela havia ouvido a música, sentado no banco de meu piano. A
expressão era a mesma, e ela havia estado tão silenciosa quanto agora. Aquela imagem fora
permanentemente estragada pela mancha vermelha brilhante no carpete ao lado do
instrumento.

Quando ela saiu do transe dessa vez, ela esfregou seu rosto. Quando eu percebi que era
porque lágrimas jorravam de seus olhos, meu coração se partiu – será que a musica a lembrava
do trauma de somente uma hora atrás? Do quão descuidadamente eu a havia ferido?

Eu olhei para seu braço e para mancha amarela que rodeava as bandagens brancas. O efeito
do anestésico deveria estar passando – isso deveria estar causando as lágrimas. Eu continuava
machucando-a.

“Seu braço está doendo?” Eu sabia onde o Tylenol estava; eu deveria ter pegado algo mais
forte antes de ter saído de perto de Carlisle

“Não, não é o meu braço. É lindo, Edward. Você não poderia ter me dado nada que eu fosse
gostar mais. Eu nem acredito.” Ela pressionou seus lábios um contra o outro firmemente, e se
abaixou para ficar um pouco mais perto do cd player.

Outra resposta imprevisível de meu amor… Minha música a havia feito chorar. Ela havia
ouvido aquela melodia tantas vezes emanando de meus lábios, e mesmo assim essa
reprodução tocava seu coração, provavelmente porque ela estaria aqui quando eu não
estivesse. Ela iria ouvir e chorar depois que eu fosse embora? Deixá-la não iria ser tão fácil
quanto desaparecer na calada da noite. Eu podia perceber isso agora.

Mas esse momento era sobre ela, não sobre mim. “Eu não achei que você me deixaria
comprar um piano para eu tocar para você aqui.”

“E tem razão.” Ela tocou sua bandagem cautelosamente, provavelmente sem perceber.

“Como está o seu braço?”

“Bem,” ela disse, é claro, mas eu podia ver seu rosto ficando vermelho de estresse ou de
desconforto.

“Eu vou pegar um Tylenol para você.” Eu podia arranjar uma prescrição para algo mais forte
com Carlisle amanhã. Havia algo errado com esse pensamento, mas quando Bella fez outra
careta, somente uma coisa importava. Ela estava machucada.

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“Eu não preciso de nada,” ela disse, mas não conseguia esconder a dor em seus olhos
enquanto eu a coloquei gentilmente na cama ao meu lado. Os comprimidos estavam no
banheiro, e ela iria precisar de água também.

Quando eu cheguei à porta ela sibilou, ”Charlie,” e eu tive que esconder minha risada. Eu
podia correr descendo a escada e sair pela porta da frente sem Charlie me ver... Eu poderia até
ter estado em outro estado, dando uma passadinha aqui.

“Ele não vai me pegar.” Em duas das batidas de seu coração eu estava de volta ao seu lado,
lhe entregando os comprimidos. Graças a Deus ela não discutiu – seu braço deveria estar
doendo de verdade. Essa tinha que ser a última vez.

“É tarde,” eu disse. Com a música ainda tocando, eu cuidadosamente a levantei de cima do


cobertor e a coloquei embaixo dele. Tolamente, eu sentei ao lado dela. Só mais uma última vez,
eu disse para mim mesmo. Ela se aconchegou contra mim, descansando sua cabeça em meu
ombro e suspirando contente. E eu queria que isso durasse para sempre.

“Obrigada de novo,” ela sussurrou.

After everything that’d happened, she was thankful. “You’re welcome.” She fit so perfectly
against me, like she was made just for me. So right.

Depois de tudo que havia acontecido, ela estava agradecida. “De nada.” Ela se encaixava
perfeitamente contra mim, como se ela tivesse sido feita especialmente para mim. Tão
perfeita.

Não. Isso não era certo, era egoísta. Tomar essa vida vibrante e quente e corrompê-la com
minha escuridão era um pecado imperdoável. Mas era certo simplesmente desaparecer? Ir
embora iria protegê-la do constante dano físico que eu causava a ela... Mas e a angústia
mental? Não havia dúvidas de que ela me amava, e que minha partida iria partir seu coração.
Como isso poderia ser certo? E o meu coração?

O CD ficou silencioso por um momento, e em seguida a música de Esme começou. Eu


lembrava como minha mãe havia aceitado Bella inquestionavelmente em nossa família. Meus
sentimentos eram sua única preocupação – como Bella havia melhorado minha vida – mas ela
prestava atenção na felicidade de Bella tanto quanto na de qualquer um de nós. Eu esperava
que Esme pudesse perceber que meus sentimentos não causariam mais nenhum dano. Até
pensar em como eu iria me sentir indo embora era errado. Uma vez eu disse a Bella que eu a
deixaria mesmo que isso me machucasse se isso fosse deixá-la segura. Palavras nobres no
momento... Mas será que eu conseguiria sobreviver a elas?

“Em que você está pensando?” ela perguntou por do som da música.

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“Na verdade, eu estava pensando sobre o que é certo e o que é errado.” E em o quão fraco
eu era, sabendo qual era o caminho certo, mas incapaz de me forçar a aceitá-lo.

Ela ficou tensa debaixo do cobertor fino. “Lembra de quando eu decidi que queria que você
ignorasse meu aniversário?”

O que ela estava tramando? “Sim.”

“Bem, eu estava pensando, já que ainda é meu aniversário, eu queria que você me beijasse
de novo.” Meu coração congelado tremeu em resposta. Eu não deveria...

“Você está gananciosa essa noite,” eu disse para nós dois.

“Bem, eu estou – mas por favor, não faça nada que você não queira,” ela disse, sua voz
misturada com irritação.

Eu ri. Sua tentativa de usar psicologia reversa era tão patética quanto suas mentiras. Mas é
claro que eu queria beijá-la. Eu nunca queria parar de beijá-la. Era ir embora que eu não queria.
Mas não havia uma escolha de verdade. Eu suspirei. “Os céus me proíbam de fazer algo que eu
não queira.” Eu coloquei minha mão em baixo de seu queixo e a puxei para perto de mim.

Sua boca estava quente, e como sempre, ansiosa por mais. O calor de seu desejo encontrou
o fogo de minha sede, atiçado pelo doce gosto que permeava, mesmo através de meus lábios
selados. A força que eu havia procurado desapareceu, e meu coração voou para minha
garganta quando eu percebi que essa seria a última vez que eu iria beijá-la. Eu puxei-a para
mais perto, tentando fazer transparecer todo meu amor por ela através desse ultimo contato. À
medida que seu corpo se pressionava contra o meu, meu peito se rasgou, e eu entendi que
coração partido não era um termo metafórico. Meu coração se partiu em pedaços... Eu não
conseguia respirar por causa da profundidade da agonia, e meus olhos tentaram inutilmente
produzir lágrimas. Não, eu não podia fazer isso... Eu não podia ir embora... Ela era minha vida.

Uma voz fraca na minha cabeça, por detrás da minha decisão, disse algumas palavras de
uma simplicidade cortante. Deixe-a viver.

Eu não sei como, eu consegui afastá-la, e o primeiro pedaço de meu coração foi embora
junto com ela. Ela deitou em cima de seu travesseiro arfando, como eu, mas minhas
respirações elaboradas eram uma tentativa de suprimir minha tristeza, não de controlar meu
desejo. Era seu aniversário – eu não podia sujeitá-la a essa dor nesta noite. “Me desculpe, isso
estava fora dos limites.”

“Eu não me importo,” ela disse sem fôlego. Quando seus olhos se abriram, eles brilhavam
felizes e cheios de vida para mim.

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Eu te amo tanto, Bella… Essas eram as palavras que estavam sempre na ponta de minha
língua, mas eu as ignorei. Também não era justo encorajá-la. “Tente dormir, Bella.”

“Não, eu quero que você me beije de novo.” Seu rosto corado era tão lindo; eu tive que
fechar minha mão atrás de sua cabeça para não passá-la em sua bochecha. Tantos motivos para
ficar...

“Você está super estimando meu autocontrole.” De tantas maneiras...

“O que te tenta mais, meu sangue ou meu corpo?” Ela tentou fazer pouco da maneira que
ela me atraía... Literalmente como uma mariposa era atraída para uma chama.

Eu considerei a pergunta em minha mente, tentando comparar a chama em minha garganta


com a dor em meu peito. No começo havia sido seu sangue que me atraía, mas agora, havia
muito mais. Quando eu me lembrava da suavidade de seus lábios, a excitação que me
preenchia não era por causa da sede, mas por causa do desejo. O calor se seu corpo atraía o
meu, convidado minha pele a se encontrar com a dela... Mas também me lembrava do prazer
radiante de seu sangue fluindo sobre minha língua. Para cada tentação que seu sangue
representava, havia outra igualmente sedutora oferecida por sua carne. Tudo a seu respeito
parecia ter sido criado com os desejos de minha mente.

“Está empatado,” eu disse, sorrindo apesar de mim mesmo. “Agora, por que você não para
de forçar sua sorte e vai dormir?” Se simplesmente eu tivesse sido criado para amá-la, e não
para destruí-la. O Destino era um vilão cruel.

“Tudo bem.” Ela deslizou para perto de mim novamente, colocando seu braço machucado
sobre meu ombro. Sua respiração começou a desacelerar quase imediatamente, se espalhando
ao meu redor com seu perfume tentador. O caroço em minha garganta queimou com a sede,
como sempre iria. Era a realidade chamando.

Eu tinha que ir embora – todos nós tínhamos que ir. Só assim Bella poderia ficar a salvo de
mim mesmo, do perigo que eu havia trazido à sua vida. Mas como eu poderia deixá-la? A
determinação que eu havia sentido em seu beijo estava evaporando rapidamente enquanto eu
a segurava. Eu não podia simplesmente desistir. Ela era uma parte de mim tanto quanto as
minhas mãos, minha pernas, ou meu coração.

Bella respirou fundo e tremeu à medida que ela relaxava. Eu arrumei o cobertor um pouco
mais apertado ao redor dela, tentando reter mais um pouco do seu calor contra o frio da minha
pele gelada. Mais uma razão para separá-la de mim.

Eu sinto tanto, meu amor. O braço enfaixado dela agora ficou relaxado em cima do meu
ombro, não precisando mais do alívio frio que ela havia sutilmente procurado. Eu havia causado
tanta dor, minha cabeça doía.

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Mas eu a protegi. Ela vai ficar bem, meu coração respondeu.

Desta vez…

Bella respirou fundo novamente, interrompendo meus pensamentos. Seu coração batia
forte no meu abraço, e eu tentei me concentrar em seu ritmo calmante e esquecer a discussão
na minha mente. Meu caminho estava claro, e eu tinha que aproveitar ao máximo estes últimos
minutos com ela.

Cuidadosamente eu afaguei seu cabelo e aproveitei o restante do cheiro fraco e artificial de


morango que havia neles. Por muito tempo o cheiro do shampoo de Bella esteve totalmente
escondido atrás do poder supremo do perfume do sangue dela, mas agora eu podia distinguir
cada aroma separadamente. Eu ainda podia distinguir o perfume de frésia e lavanda
separadamente do perfume incrivelmente doce do seu delicioso sangue. Meus pulmões se
enchiam com o buquê, e eu lentamente guardava cada minuto na minha memória.

Seu cabelo era tão macio, e meus dedos deslizavam sem esforço entre as mechas escuras.
Na última vez, um simples fio de cabelo ficou preso em meus dedos, e eu levantei-o
cuidadosamente e fiz uma careta. Mesmo agora, quase sem me mover, eu havia causado um
dano. Era tão errado tentar me impor em sua vida. Isto tinha que parar, e havia apenas um jeito
para isso. Eu tinha que ir embora.

Todas as minhas decisões tinham sido a respeito do que eu queria. Eu queria protegê-la. Eu
queria tocar sua pele quente. Eu queria beijar seus lábios sedutores. Eu queria que ela tivesse
uma festa de aniversário, enquanto ela não queria ter nada disso. E eu queria passar o resto da
vida dela ao seu lado. Tudo que eu queria era tão errado. E então o maior mal de todos, o único
desejo que definia o monstro que havia em mim mais ainda do que o assassino sedento por
sangue que eu era. A imagem de minha Bella com uma aparência fria de vampira e a egoísta
criatura que eu era dizendo na minha mente. Você poderia tê-la para sempre...

Não. Este demônio não irá vencer e condenar Bella e sua perfeição a uma noite eterna. O
fato de ela concordar com o meu lado demoníaco somente tornava a situação pior, mas eu lutei
contra ambos.

Eu olhei para o meu amor, agora dormindo em paz. Como uma vampira, ela não iria mais
aproveitar este conforto – nunca houve este tipo de paz para mim. Quantas coisas ela poderia
perder somente para satisfazer meu egoísmo.

Cuidadosamente eu enrolei o fio de cabelo entre os meus dedos. Esta seria a última vez, a
última noite que eu estaria com ela. Ela tinha que ficar segura. Eu nunca mais a colocaria em
perigo novamente. A coisa certa para mim era deixá-la, levar meu mundo para longe dela, para
que ela pudesse viver uma vida humana normal como ela estava destinada; e depois ascender
para a vida pós-morte a qual ela merecia. Não poderia haver mais discussões.

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Eu segurei Bella pela última vez, e deixei todo o peso de minha decisão cair sobre mim.
Minha presença não seria a única coisa a ser removida da vida dela; todos os vestígios do meu
mundo amaldiçoado deveriam ser eliminados. Minha família teria que ir embora também.
Somente Alice tentaria discutir – ela havia desenvolvido uma amizade com Bella e ela nunca
havia tido uma amiga humana. Ela se apegou as visões de uma Bella que se tornaria imortal,
mas aquilo iria mudar. Eu não olhei para frente para ver o que o futuro me reservava agora.

Era praticamente hora de recomeçar novamente, portanto não seria tão difícil para Carlisle
lidar com esta mudança. No passado eu nunca tinha pedido muito para minha família, e eu
havia desistido de muitas coisas por eles. Eles me fariam este único favor – na verdade eles
provavelmente iriam abraçar esta ideia.

Meus pulmões se encheram novamente com o perfume de Bella, aumentando a queimação


na minha garganta, e eu ouvi Charlie subindo as escadas. Eu poderia dizer pelos seus
pensamentos nebulosos que ele estava feliz com o resultado do que ele havia assistido na TV, e
que ele estava exausto, Ele iria para cama logo. Eu tinha que ir. Eu tinha que deixá-la ir.

Apenas com aquele pensamento eu fui tomado pela dor. Era tempo. Gentilmente eu puxei
minha Bella adormecida o mais perto possível e enterrei meu rosto em seus cabelos. Sua
respiração não mudou, e ela apertou seus braços ao redor de mim.

“Eu te amo tanto Bella, por favor, me perdoe,” Eu sussurei. Ela respirou fundo,

“Edward,” ela disse, ainda dormindo. Aquela palavra me cortou como uma faca, e eu tremi
com um soluço sem lágrima. Eu nunca seria o mesmo sem ela.

“Bella, eu engasguei. Eu ouvi os pesados passos de Charlie no começo da escada, eu sabia


que eu tinha que deixá-la. Uma vez feito isto, eu nunca mais a seguraria deste modo
novamente. “Durma bem, meu amor,” eu sussurrei, mas as palavras falharam ao sair dos meus
lábios. Quando eu inalei meu peito tremeu, e meus braços ficaram fracos. Eu tirei um braço
debaixo do seu corpo frágil, e ela rolou para longe de mim. Se apenas ela me deixasse ir tão
facilmente quando ela estivesse consciente.

Charlie estava do lado de fora da porta, e eu corri para o canto contrário, o mais longe
possível de Bella. A luz do corredor iluminou-a por um momento enquanto eu olhava para o
meu anjo. “Durma bem, querida,” ele disse suavemente, como ele dizia toda noite. Ele tomaria
conta dela quanto eu fosse embora. Seria ele quem a confortaria depois de que eu a
machucasse uma última vez.

A porta se fechou, e Charlie se dirigiu para o banheiro. Bella não havia se movido, e estava
de costas para mim, dormindo calmamente. Meus braços imploraram para abraçá-la mais uma
vez, mas ao invés disso eu grudei-os ao redor do meu peito. A decisão estava tomada. Eu tinha
que começar a viver com ela.

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Eu fiquei lá, parado, por um longo tempo, incapaz de tomar o passo final e saltar pela janela.
Tudo que eu conseguia pensar era sobre ela, no quanto ela havia me mudado nestes últimos
meses. Apenas essa garota humana tinha de algo modo expulsado o monstro que havia em
mim, e se enrolado ao redor do meu frio e silencioso coração. Ela havia me trazido tanta
felicidade, e eu em troca eu havia lhe trazido apenas sofrimento. Bella merecia muito mais. Eu
tinha que a ela a chance de achar a vida que ela estava destinada a ter.

Mas eu não pude ir embora.

Entrelaçado a cada pensamento meu, estava o desejo ardente de tomá-la em meus braços.
Meu ser inteiro almejava estar perto dela, e até mesmo essa pequena separação me dilacerava
por dentro.

Quando o sol começou a aparecer, minha garganta doía por causa do caroço que havia
estado lá a noite toda. Eu tentei me forçar a ir embora, mas eu não pude. Durante as horas de
sono dela eu me convenci que haviam algumas coisas que tinham que ser feitas antes de eu me
retirar da sua vida, e minha família precisava de algum tempo para fazer esta mudança de um
jeito tão suave quanto fosse possível. Egoísticamente, eu havia me dito que eu iria sair da vida
de Bella suavemente, mas isso era apenas uma desculpa pobre para o fato de que eu era muito
fraco para simplesmente ir embora. E com a minha covardia havia a chance de eu machucá-la
ou matá-la.

As luzes verdes do relógio marcavam 6:30 – hora de Bella acordar. Normalmente eu estaria
segurando-a, e a acordaria com um beijo, mas não esta manhã. Eu respirei de novo, mas o ar
não encheu meus pulmões. Lentamente eu me ajoelhei do lado da cama e toquei seu braço
quente, seu ombro descoberto. No momento que eu fiz isso um arrepio correu pela minha
coluna. Quantos toques ainda me restavam?

“Bella, hora de levantar,” eu disse suavemente. Esta era outra última vez – eu não ficaria
com ela esta noite. Não se eu tinha alguma esperança de ir embora para sempre.

Ela virou para poder olhar para mim, seus lindos olhos se abrindo. Lentamente ela fixou o
olhar no meu rosto. “Bom dia,” ela disse, e sorriu sonolenta.

Bella levantou a mão para tocar na minha bochecha, e recuou o braço sentindo dor. Eu
causei isso, eu me lembrei, e segurei sua mão antes que ela pudesse tocar meu rosto. “Cuidado,
Bella, os pontos....,” eu disse.

Ela me olhou cautelosamente e fez uma careta. Eu precisava ir embora. Quanto mais eu
ficasse, mais eu questionaria minha decisão.

“Eu vou deixar você se arrumar para escola. Te vejo lá.” Ela fez uma careta de novo, e
esfregou a outra mão na sua testa – era claro que a cabeça dela doía, também. Eu abaixei para
beijá-la evitando pressionar meus lábios no dela, ao invés disso eu beijei rapidamente sua testa.

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Ainda tão egoísta. Mesmo com esse beijo inocente, seu perfume se tornou um gosto na minha
língua, sua pulsação latejando gentilmente contra os meus lábios. Eu usei todas as minhas
forças para me afastar do calor do corpo dela enquanto eu me virava e pulava pela janela.

Minha cabeça se virou automaticamente para trás e eu dei uma olhada rápida no quarto
dela antes de ir embora para casa. O primeiro laço havia sido quebrado.

Enquanto eu corria, minha mente começou a criar uma lista de tarefas que acompanhariam
uma mudança deste tamanho, esperando achar uma distração da dor no meu peito. Já que
Rosalie, Emmett e Jasper já haviam realmente se mudado, pelo menos aos olhos humanos ao
redor de nós, o peso da mudança iria cair sobre os ombros de Carlisle. Ele havia feito isto
muitas vezes, então não deveria ser uma carga muito grande. Esme seguiria Carlisle não
importasse para onde ele fosse... E então havia Alice.

Sem dúvida nenhuma a indecisão da noite passada tinha feito com que Alice ficasse
observando e tentando adivinhar o que eu estava planejando, e eu sabia que ela iria resistir.
Sua amizade, sua versão de amor por Bella tinha obscurecido seu julgamento sobre o que era
certo e errado. Ela estava tão convencida que Bella estava destinada a se tornar imortal que
isto era irritante. Alice não tinha memória alguma de sua vida como humana, então ela não
tinha nenhuma referência do custo que isso teria para Bella. Ela iria sentir como se eu estivesse
privando-a de sua irmã. Eu não estava ansioso para encontrar com ela de frente.

A casa estava perto.

“Alice, você tem certeza? Ele quer deixá-la? “A voz de Emmett ficava mais alta
demonstrando sua descrença.

“Sim, eu tenho certeza. Ele parece estar decidido, por agora.” Uma imagem de mim mesmo
subindo as escadas da varanda passou pelos pensamentos dela. Você é um idiota, você sabe
disso? Minha irmã pensou, para o meu benefício, sabendo que eu estava bem perto.

“Estava na hora.” Rosalie estava irritantemente feliz.

Não, Edward não pode jogar tudo fora deste jeito. Pobre Bella, isso irá acabar com ela. Estes
últimos pensamentos vindos de minha mãe foram os que mais doeram em mim. A parte mais
difícil de deixá-la era saber ela sofreria novamente por minha causa. Provavelmente ela iria me
odiar por fazê-la desperdiçar tanto tempo de sua curta vida.

Não, ela não iria me odiar. Ela não guardava rancor, não fica brava por muito tempo. Eu a
conhecia muito bem e não poderia esperar nada diferente. Bella passava por cima dos próprios
sentimentos por causa dos outros – eu a tinha visto fazer isto muitas vezes. Portanto, sua
memória humana curta e seu jeito fácil de perdoar iriam permitir que Bella me esquecesse,
iriam permitir que ela facilmente achasse alguém que a fizesse sorrir novamente. Eu tentava

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achar alguma esperança no fato de que ela teria uma vida normal sem mim, mas eu sentia
apenas tristeza e inveja do meu substituto.

Eu alcancei os degraus, e a porta se abriu. “Alice,” eu disse, nada surpreso do jeito que ela
me encarava.

“Isso não vai dar certo, você sabe,” ela zombou, e uma imagem clara de minha Bella vestida
com um longo vestido branco preencheu sua mente. Eu estava lá também, segurando a mão de
Bella, deslizando um anel no dedo do meu amor.

“Pare Alice, isso é só a sua imaginação.” Ela vinha tendo essa mesma visão desde o final do
verão, por que isso era uma fantasia minha. Uma vez eu havia brincado com a ideia de pedir
Bella em casamento, mas eu nunca havia feito isso. A imagem apenas fortaleceu minha decisão.
Ela iria se casar algum dia, mas ela se casaria com um humano. Eu cerrei os dentes só de pensar
em Mike Newton ocupando o meu lugar. “Este não é o meu futuro – e nunca foi.”

“Vamos ver,” ela disse num tom insolente. Ela fechou os olhos, se concentrando em mim. Eu
me encolhi de medo do que ela poderia ver.

As primeiras imagens foras exatamente o que eu temia. Eu estava na escola com Bella, aula
após aula olhando para os professores, mas com a minha longe. Quantos dias eu levaria para
finalmente fazer o que tinha que ser feito? A cena mudou, e ficava borrada. Uma figura
encolhida no chão, mas não havia como dizer quem era.

“Você não está tão seguro de si mesmo como você gostaria que nós acreditássemos,” ela
murmurou quando eu passei por ela.

Eu rosnei, à medida que eu passava por ela pisando duro em direção à sala. Os sofás
estavam lotados – estava faltando apenas Jasper. Todos os olhos se moveram na minha direção
enquanto eu andava na direção da parede de vidro. No começo eu não os encarei, me dando
um tempo para me recuperar após o massacre de Alice.

“Eu presumo que Alice já tenha contado a todos o que eu estou planejando.” Eu tomei
fôlego, me virei e olhei para Carlisle. Todos os outros estavam esperando pela liderança dele,
aguardando para ver que ele diria.

Sua face estava tensa. “Sim. Sua intenção é deixar Bella. Você não acha que sair da vida dela
é uma atitude muito radical? O aperto na minha garganta voltou.

“Bella nunca deveria ter tido contato com o nosso mundo. Isso quase já matou-a várias
vezes. Ela precisa ter o direito de viver a vida humana a que ela esta destinada.” Eu mantive
minha voz normal, sem emoção nenhuma.

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“Ela te faz tão feliz, Edward, Vocês são tão felizes juntos. Você tem certeza que não há outro
jeito? Esme disse. O aperto na minha garganta aumentava, eu tentei sem sucesso reprimí-lo.

“Não, não há outro jeito, Esme. Não é justo que Bella continue sempre em perigo, e não é
justo que eu continue fingindo ser algo que eu não sou."

Esme abaixou os olhos. Ela tinha tanta dificuldade de ficar perto de Bella e lutar contra sua
sede quanto o resto de nós.

“Eu ainda digo que isso não vai dar certo, Edward. Você está tão apegado a ela de um modo
que até você não pode entender. Você não é forte o suficiente para deixá-la – eu te disse desde
o começo. Eu vi como o futuro deveria ser.” Alice se recusava a aceitar a minha sábia decisão,
olhando apenas para seus desejos egoístas. Sua teimosia apenas me empurrava mais para o
caminho que eu sabia que eu tinha que tomar.

“É mesmo? Na última primavera você só viu dois futuros para Bella – imortalidade ou a
morte. Parece que suas visões não estão mais como costumavam ser.” Eu me recusei permitir
que a memória daquele dia horrível retornasse.

“Você vai voltar, isso se você conseguir se arrastar para longe daqui,” ela disse
confiantemente.

“Olhe,” eu rosnei. De muitas maneiras minha irmã era tão teimosa quanto Bella, e isso era
apenas o começo da argumentação que ela faria.

Carlisle não disse nada, ficou quieto ouvindo nossa conversa, analisando minhas reações e
tentando perceber o quão decidido eu estava com esse plano. Ele me conhecia bem.

Eu suspirei, retornando de novo para a lógica. “Alice, deixando suas visões de lado, eu não
posso apenas ficar parado e ver Bella continuamente se machucar por nossa causa. Eu tenho
que protegê-la, nós somos a coisa mais perigosa na vida dela,” Alice olhou para mim e levantou
o queixo; eu não seria capaz de convencê-la. Havia mais de um jeito de mudar isso...

“E quanto ao Jasper?” eu perguntei calmamente.

Sua face mudou, eu ouvi os pensamentos dos outros se voltando para o meu irmão. Ele não
havia voltado, desde daquela noite que ele praticamente quase matara Bella, mas Alice sabia
onde ele estava lutando ainda contra sua vergonha.

“Ele está bem, ele só precisa de algum tempo,” ela falou bem baixo. A mentira dela não
enganou ninguém.

“Você deveria estar com ele. Talvez vocês dois pudessem ficar com os Denali. A caça é
abundante lá nessa época do ano.” Toda vez que Jasper tinha uma crise como essa, levava

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tempo, Alice, e uma boa dose de distração para trazê-lo de volta para a família. Agora tirar Alice
da vida de Bella seria fácil para mim também – ela não queria mentir para Bella, provavelmente
apenas incitá-la a tornar minha partida impossível. Eu senti outra pontada de dor no meu peito
apenas ao pensar em Bella me implorando para ficar.

“Eu vou depois da escola,” ela disse. Bella não vai te deixar fazer isso. Ela te ama – ela ama
muito todos nós também.

“Não, você não deveria ir. Isso é entre Bella e eu, sua presença vai apenas complicar as
coisas.” Tristemente eu olhei para ela. "Não torne isso mais difícil para Bella ou para o Jasper.”

Alice arregalou os olhos. “Você quer que todos nós vamos embora,” ela sussurrou.

Eu olhei para Carlisle de novo. “Sim.”

O clima na sala ficou pesado. Cada membro da minha família considerava as implicações do
meu pedido, e o fato de que essa era a primeira vez que eu havia pedido algo desta magnitude
para eles. Até Rosalie não conseguiu chegar à outra conclusão.

“Por mim sem problema,” minha irmã menos favorita disse com desdém. Já era hora de você
deixar essa fantasia para trás, ela pensou. Ela tinha boicotado Forks por um tempo, arrastando
Emmett para os confins da terra porque ela se sentia ressentia com a presença de Bella.
Primeiro, eu pensei que a culpa era minha, porque que eu havia me apaixonado por uma mera
humana, mas depois todos aceitaram Bella tão facilmente, e foi aí que Rosalie entrou em greve.

Depois do meu anúncio o humor dela ficou animado. Embora ela fosse sentir falta deste
canto chuvoso do mundo, e seus dias infindáveis de clima sem sol, ela já estava celebrando sua
volta à nossa família. Rosalie estava feliz por se ver livre da humana que eu amava, mesmo que
isso significasse se mudar.

“Rose, se acalme,” Emmett censurou-a. Eu sinto muito que isso não deu certo. Ela parecia ser
tão perfeita pra você. Ele desejou rapidamente que eu tivesse transformado Bella no Arizona,
mas eu sabia que meu amor por Bella teria sido contaminado para sempre com
arrependimento. Enquanto ele se recordava de como eu a havia salvado, ele refletiu. Você é
mais forte do que qualquer um de nós, você sabe não é? “Se você acha que isso é a coisa certa,
Edward, eu farei o que você pedir.” Ninguém poderia pedir por um irmão mais dedicado.

O humor de Alice ficou sombrio, percebendo que não poderia ver Bella de novo antes de
irmos embora.

“E quanto a mim, Edward? Eu também a amo.” Seus olhos brilharam com traição.

“Então você deveria entender melhor do que ninguém como partir é a coisa certa a ser feita.
Ela tem sofrido muito por nossa causa, por minha culpa.”

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“Você é tão teimoso para dar a ela o que ela quer, para deixá-la segura,” Alice respondeu
vendo Bella em sua cabeça como sua irmã imortal.

Eu cerrei meus dentes. “É tão fácil pra você querer tirar a humanidade dela – algo que você
não tem memória nenhuma, Bella não tem ideia do que ela está abrindo mão, e nem você.” Ela
revirou os olhos. “E quanto ao Charlie? Era você quem estava preocupada com ele no começo –
como matar Bella iria matá-lo também. Isso mudou?

Alice parou, lembrando daquele primeiro dia desastroso e como ela havia me avisado que
Charlie iria reagir se Bella sumisse da vida dele. A expressão dela se suavizou. Ela tinha ficado
tão ligada ao pai de Bella também, e não queria magoá-lo. Quando ela começou a discutir de
novo Carlisle decidiu entrar no assunto, nos silenciando com um simples levantar de mão.

"A humanidade de Bella não está em discussão aqui,” ele disse duramente.

“Nossa partida irá deixá-la segura,” eu disse por entre os dentes.

“Mas eu não posso ao menos dizer adeus para ela?” ela sussurrou, e eu fechei os olhos,
vendo apenas tristeza em seu rosto.

“Você sabe que Bella não vai deixar você ir também, Alice. Será mais fácil pra vocês duas
desse jeito.” eu disse calmamente. Ela não podia entender o presente que eu estava dando
para ela – não ter que olhar nos olhos de Bella quando ela dissesse a pior palavra... Adeus.

A expressão do rosto de Alice mudou de novo e ela me encarou. “Eu pensei que você a
amasse. Como você pode tratá-la desse modo?”

Minha raiva tomou conta de mim. “Eu a amo de verdade – mais do que você pode imaginar.
Por que você acha que eu estou fazendo isso? Isso não é sobre mim ou você – é sobre o que é
certo para Bella. Isso é tudo. É certo que ela possa viver uma vida humana. É certo que ela
tenha amigos que não tenham que lutar o tempo todo contra a vontade de matá-la. É certo ela
poder dormir, sonhar e ter uma família. Isto sim é certo para Bella. Ponto final!” Eu gritei.

“Não, não é não,” ela gritou de volta, depois virou e foi embora. Eu sabia que ela estava indo
encontrar Jasper, e já estava na hora de eu ir para escola. Alice tinha mais sorte do que podia
imaginar – eu não queria nem pensar na dor que eu teria que suportar nos próximos dias... e
pelo resto da minha existência.

O silêncio foi preenchido com perguntas na cabeça de Esme e Emmett, e com a satisfação de
Rosalie. Eles olharam para Carlisle, que estava olhando para as suas mãos. Seus pensamentos
eram uma mistura de memórias do passado, segundas suposições e preocupação. Ele queria
mais tempo.

“Carlisle, de quanto tempo você precisa?” eu perguntei.

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Meu pai olhou tristemente para mim. Para se mudar? Eu concordei com a cabeça. “Nós
podemos ir embora hoje, se é isso que você deseja,” ele disse. Quanto tempo você precisa? Ele
estudou meu rosto intensamente enquanto eu tentava dizer as palavras corretas.

Eu falhei.

“Eu gostaria de algum tempo para me despedir.” Como um viciado incapaz de admitir sua
dependência eu tentei esconder debaixo de desculpas minha necessidade de estender o prazo.

Carlisle franziu as sobrancelhas, vendo facilmente a fraqueza em meus olhos. Você ainda não
tem certeza, eu posso ver. “Eu entendo, muito bem, dois dias a mais seriam suficientes?

“Sim.” Minha mente calculou instantaneamente o número de horas, minutos e segundos


que eu poderia ter com Bella numa agenda como essa. Era mais do que eu tinha direito de
pedir.

Nós vamos conversar sobre isso esta noite Edward. Carlisle não estava convencido da minha
decisão, eu sabia que isto não era um pedido. Ele iria entender também. Depois de ouvir a
conversa dele com Bella, ele não poderia deixar de concordar comigo.

Com um aceno rápido de cabeça, eu fui para o meu quarto. Eu tinha que me trocar, e ficar
pronto para encarar Bella... e começar a me despedir.

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